Jornal do Servidor - Praia Grande | Ed. 22 | Março 2020
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continuamente tomar remédios,
fazer exames e ter acompanhamento
médico. Mas,
internamente, também necessito
treinar e competir para
garantir meu bem-estar. Há
momentos muito ruins quando
tenho crises. Numa delas, fui
obrigado a abandonar já no
quarto ano a Faculdade de
Engenharia de Petróleo. Não
conseguia mais segurar a
caneta. E há momentos ótimos,
quando fui campeão brasileiro
de vela dingue, por exemplo”.
Natural de Santos e residente
no Bairro Japuí, em São Vicente,
Thiago resolveu fazer o concurso
público de Praia Grande
para poder continuar atuando
no Programa náutico que tanto
ama e do qual faz parte desde
a chegada em Praia Grande. A
vela foi o primeiro esporte competitivo
que praticou. Por meio
dela, conheceu todo o Brasil,
países estrangeiros e os procedimentos
da Marinha. Teve
contato com a natureza, mares
e oceanos; aprendeu a elaborar
estratégias para enfrenta correnteza,
vento, chuva e outras
adversidades.
“Resolvi encarar a vida de frente,
me superar a cada momento.
Sei que é uma doença neurodegenerativa,
que não tem
cura e que está piorando com o
tempo. Uma tia minha teve esse
mesmo problema, se entregou
e faleceu rapidamente. Não
quero isso para mim”, revelou
Thiago. “Sou o único velejador
com esta condição no
“Sou muito grato
por todas as
oportunidades
que a Prefeitura
me proporciona
por meio da vela.
Agradeço também
ao professor e
aos parceiros que
velejam comigo e
me ajudam quando
algo ocorre de
forma inesperada”
Estado. Quando as pessoas
descobrem, me consolam e
oferecem ajuda. São muito carinhosas.
Meus pais, Luzinete e
Luiz, ficam assustados e com
medo porque não conhecem
o esporte. Mas, a vela me traz
alegria e fiz muito amigos com
ela. Integrar o Programa de
Praia Grande, mesmo doente, é
motivo para sair da cama todos
os dias, vir treinar, trabalhar e
competir”.
Ao longo da carreira esportiva,
Thiago ajudou a ensinar e oportunizar
os esportes náuticos
para centenas de crianças e
jovens de Praia Grande. Competitivamente,
foi campeão
regional, paulista, sul-brasileiro,
brasileiro e de eventos
internacionais de vela nas
classes dingue, holder, open
bic e oceânica. Participou até
do Campeonato Mundial de
Open Bic, em 2012, em Miami,
THIAGO INTEGRA O NÚCLEO DO NAVE-
GA SÃO PAULO DESDE OS 14 ANOS
nos Estados Unidos. Contudo,
a verdadeira vitória dele
é estar disposto diariamente
para enfrentar uma doença que
prejudica as próprias funções
motoras.
“Sou muito grato por todas
as oportunidades que a Prefeitura
de Praia Grande me
proporciona por meio da vela
e também, ao professor Silvio
Bello que sempre me apoiou e
incentivou. Agradeço também
aos parceiros que velejam
comigo e me ajudam quando
algo ocorre de forma inesperada”,
declarou Thiago. “Não
tenho preocupação com o
futuro. Não faço planos. Vivo
cada dia de uma vez. É o hoje
que me importa, o amanhã
eu encaro amanhã. Acho que
todas as pessoas deveriam
pensar assim”.
edição 22 | março 2020
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