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Cartaz Cinza e Laranja de Dia do Trabalho (1)

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MAIO 2020

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Ao se trabalhar com personagens tão

diversos, essas obras ficcionais não

centralizam sua narrativa afastando assim

uma perspectiva única de história única,

onde se conhece apenas uma forma de se

narrar, uma forma de se contar uma

história, e apenas uma perspectiva de

análise reducionista. Devemos levar em

consideração que ao se tratar da História da

África se trata de diversas realidades e que

não podemos nos ater a apenas uma, e

assim se produzirá um conhecimento plural

e que diz respeito a África.

Reescrita: um movimento endógeno

Ao se analisar os escritos a respeito da

História da África, observa-se que esses

estudos partem de lugares diversos, e quase

sempre, excetuando-se a África. Nesse sentido

é preciso que se atente as produções

historiográficas que partem do continente

africano, uma vez que as mesmas se pautam

em metodologias apropriadas e específicas

para a análise histórica das populações que

ocuparam o continente ao longo do tempo e

que ainda o fazem. Ainda que hoje se possa

contar com uma historiografia africana

extremamente rica é preciso ainda que se rea-

lize uma releitura daquilo que já foi

produzido a respeito da África em uma

perspectiva pós-colonial, como já posto,

repensando o papel de determinados

sujeitos, utilizando novas fontes e

metodologias de análise. Braúna apresenta

que a literatura ficcional traça algumas das

formas de se analisar a História da África,

onde há a necessidade de se repensar

conceitos que dizem respeito ao ocidente.

Braúna expõe que “Pepetela deslegitima a

grandiosidade que o ‘documento’ dá às

coisas do passado, repondo-as a uma

realidade menos grandiloquente; escalpela

a sacralidade que por vezes (muitas vezes)

os registros históricos são lidos” (2015, p.

43), nesse exposto braúna se refere a

narrativa de Pepetela (2011, p. 169)

apontando que “a chamada fortaleza era na

verdade um muro de taipa mal amanhado

em cima do morro” (apud BRAÚNA, 2015, p.

43). A literatura de Pepetela faz com

repensemos em como encarar os

documentos ao se analisar a História da

África, evidenciando a necessidade de

releitura dos escritos já produzidos sobre

África, a fim de que as produções sobre

África partam da África.

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