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FREUD-Sigmund.-Obras-Completas-Imago-Vol.-01-1886-1889

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narcóticas. Prescrever uma droga narcótica em caso de histeria aguda não passa de grave erro técnico. No

caso de histeria local e resistente, nem sempre é possível evitar os medicamentos internos; mas não se

pode confiar em seu efeito. Este, às vezes, surge com rapidez mágica, às vezes não surge de modo algum,

e parece depender da auto-sugestão do paciente ou da sua crença na sua eficácia. Ademais, podemos

escolher entre iniciar o tratamento direto e o tratamento indireto da doença histérica. Este último consiste

em negligenciar o problema local e visar a uma influência geral sobre o sistema nervoso, no decorrer da

qual utilizamos vida ao ar livre, hidroterapia, eletricidade (de preferência mediante o tratamento com altatensão),

e procuramos melhorar o sangue por meio de arsenicais e medicação ferrosa. Temos ainda, no

uso do tratamento indireto, que considerar a remoção de fontes de estímulos, caso exista alguma de

natureza física. Assim, por exemplo, os espasmos gástricos histéricos podem ter sua origem num catarro

gástrico benigno, ao passo que uma área eritematosa na laringe ou uma tumefação nos cornetos podem

originar uma persistente tussis hysterica. É realmente duvidoso que as alterações nos genitais realmente

constituam, com tanta freqüência, fontes de estímulo para os sintomas histéricos. Tais casos devem ser

examinados com maior senso crítico. O tratamento direto consiste na remoção das fontes psíquicas que

estimulam os sintomas histéricos, e isto se torna compreensível se buscarmos as causas da histeria na vida

ideativa inconsciente. Consiste em dar ao paciente sob hipnose uma sugestão que contém a eliminação do

distúrbio em causa. Assim, por exemplo, curamos uma tussis nervosa hysterica fazendo pressão sobre a

laringe do paciente hipnotizado e assegurando-lhe que foi removido o estímulo que o faz tossir, ou

curamos uma paralisia histérica do braço compelindo o paciente, sob hipnose, a mover o membro

paralisado, parte por parte. O efeito até se torna maior se adotarmos um método posto em prática, pela

primeira vez, por Joseph Breuer, em Viena, e fizermos o paciente, sob hipnose, remontar à pré-história

psíquica da doença, compelindo-o a reconhecer a ocasião psíquica em que se originou o referido

distúrbio. Esse método de tratamento é novo, mas produz curas bem-sucedidas, que, por outros meios,

não são alcançadas. É o método mais apropriado para a histeria, justamente porque imita o mecanismo da

origem e da cessação desses distúrbios histéricos. Isso porque muitos sintomas histéricos que resistiram a

todos os tratamentos desaparecem espontaneamente sob a influência de um motivo psíquico suficiente

(por exemplo, uma paralisia da mão direita desaparecerá se, numa discussão, o paciente sentir ímpetos de

dar um murro no ouvido do adversário), ou sob a influência de alguma excitação moral, de um susto ou

de uma expectativa (por exemplo, em um local de peregrinação), ou, por fim, quando há uma drástica

alteração das excitações no sistema nervoso, após um ataque convulsivo. O tratamento psíquico direto dos

sintomas histéricos ainda será considerado o melhor no dia em que o entendimento da sugestão tiver

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