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Homenagem
Cecília Meireles
Ou isto ou aquilo foi meu livro de
cabeceira por muito tempo. Ler Cecília me
fazia bem. Lia para meus filhos. Lia para
os alunos.
Se procurava conteúdo para as aulas,
rimas, ortografia, produção de texto,
Cecília estava lá. Perfeita, completa.
A poesia da bailarina é sobretudo mágica.
Você encontra até o balanço, o movimento
da dança em meio aquelas palavras é
silêncios.
Mas foi bem mais tarde, que a descobri
vivendo a Eternidade entre nós.
A maior poetiza brasileira foi também a
primeira voz feminina a bradar no meio
literário brasileiro sua expressão.
Seus poemas não poderiam ser
classificados em nenhum
movimento da época, porque
mostravam o interno, o que
acontecia dentro de si mesma, a
transformação da menina órfã
criada pela avó em aquela que
coloca em palavras a transitoriedade
do tempo, a dissolução do efêmero,
o reconhecimento de si mesma, a
vivência pelo Coração.
Cecília Meireles, a Cecília, aquela
que escrevia com o lápis do Amor o
que trazia dentro de si e o que via do
mundo.
"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."
(No livro Romanceiro da Inconfidência)
INSCRIÇÃO
"Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar.
Por que havemos de ser
unicamente humanos,
limitados em chorar?
Não encontro caminhos
fáceis de andar.
Meu rosto vário desorienta as
firmes pedras
que não sabem de água e de ar.
E por isso levito.
É bom deixar
um pouco de ternura e encanto
indiferente
de herança, em cada lugar.
Rastro de flor e de estrela,
nuvem e mar.
Meu destino é mais longe e meu
passo mais rápido:
a sombra é que vai devagar."
(No livro Retrato Natural)
Cecília Meireles
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