Revista Contato VIP Medicina e Saúde - Outubro de 2020 - Noroeste/RS
Confira na íntegra a edição de outubro da Revista Contato VIP Medicina e Saúde, que traz reportagens especiais sobre a profissão de médicos e dentistas.
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Lucas
Poncio
da Silva
Do medo
a vitoria ` ´
Por ser um vírus rápido e traiçoeiro, a procura por ajuda
imediata é a melhor atitude a se tomar diante de suspeitas
de contaminação por coronavírus. Entretanto, nem sempre
esta prática evita a evolução do caso. Para o Coordenador
de Região Leiteira na Nestlé, Lucas Poncio da Silva, de 35
anos, mesmo a ida ao hospital logo nos primeiros sintomas,
não impediu o agravamento do seu quadro. O paciente de
Carazinho permaneceu 14 dias internado, com febre, dor no
corpo e perda de olfato. “Eu tive 14 ou 15 dias de febre consecutivos.
Eu tomava remédio, ficava duas horas sem febre e
depois voltava a febre de novo”, contou Silva.
A transferência para a UTI do Hospital de Clínicas de Passo
Fundo, que ocorreu após três dias de internação no Hospital
de Caridade de Carazinho, foi um dos momentos mais difíceis
para Silva. “Eu fiquei três dias na UTI, não foi um período
muito longo porque eu reagi ao tratamento, mas foi um
período de muita tensão, porque eu imaginava que iria ser
o próximo a ser entubado, então é muito triste, é bem difícil
você ver as pessoas naquela situação, totalmente dependentes
e sem saber se vão sair dali com vida ainda. Para mim esses
três dias lá foram dias bem difíceis, bem pesados, dias de
repensar a vida, dias que você começa a enxergar as coisas de
um jeito diferente”, refletiu.
Não poder contar com o contato próximo de familiares e
amigos durante o isolamento, tornou o momento ainda mais
custoso. “Nesse momento que você mais precisa das pessoas
próximas de você ali te dando apoio e suporte, você não ter
essa presença física, foi bem difícil, foi bem complicado”,
revelou Silva.
Como tudo na vida é aprendizado, esta experiência fez com
que ele pensasse em questões do cotidiano. “Acredito que
depois da Covid eu me tornei uma pessoa melhor, a gente
nunca acha que vai passar por uma situação dessas, e quando
vê está em uma cama, totalmente dependente dos outros, isso
foi bem impactante na minha vida. Ficar na UTI, precisar
de oxigênio para respirar e olhar aquelas pessoas entubadas,
entre a vida e a morte me fez repensar muita coisa. Passei a
ser mais tolerante, a dar mais valor para coisas mais simples,
mas principalmente dar valor e aproveitar mais os momentos
com a família, pois isso sim importa”, ressaltou Silva.
Um mar de
incertezas
As dúvidas diante deste novo vírus ainda são muitas para
os profissionais da saúde, que precisam lidar com a sobrecarga
devido ao aumento da demanda. Os casos de Angelo
e Lucas são meras exceções, em que dois pacientes jovens
e sem comorbidades, desenvolveram sintomas graves. A
médica Silvia afirma que essas são eventualidades ainda sem
explicações. “Esses casos nos desafiam, porque fogem à regra.
Inicialmente fomos orientados que as complicações ocorrem
em pacientes acima de 60 anos e portadores de comorbidades.
Muitos casos fugindo a essa regra. Pacientes jovens e
sem comorbidades evoluindo com pneumonia viral, alguns
complicando e necessitando suporte ventilatório”, declarou.
Silvia fala das suposições do que pode levar a este agravamento.
“Parece que existem algumas cepas virais mais
agressivas, ou depende muito da carga viral, quantidade de
vírus que infecta, junto com a reação individual de imunidade,
para reagir tão gravemente ao vírus, levando a quadros
de pneumonia viral extensa com necessidade de suporte
ventilatório”, esclareceu.
Ao contrário destes indivíduos, outros não desenvolvem
sintomas. Silvia diz que ainda não se sabem as razões por estas
distinções, mas o motivo é “provavelmente porque o seu
sistema imunológico reage com a exposição ao vírus dessa
forma, não desenvolvendo sintomas”.
Para ela, a melhor maneira de vencer o vírus é identificando
os sinais da doença de maneira rápida. “Precisamos ‘respeitar’
o vírus, identificar sintomas precocemente, medicar
corretamente com a intenção de diminuir replicação viral e
evitar a evolução para a fase inflamatória e acompanhar de
perto o paciente para identificar a mudança de fase, quando
necessita ajuste de medicação”, enfatizou.
No entanto, acima de tudo, a recomendação número um é a
prevenção. Para isso, é importante seguir as orientações da
Organização Mundial da Saúde: higienizar bem as mãos com
água e sabão ou com álcool gel 70%, usar máscara ao sair
de casa, não tocar nos olhos, no nariz e na boca e manter o
distanciamento social.
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