You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
BATISMO
Saindo dos extremos,
procurando o equilíbrio
Podemos batizar valorizando a graça sem
rebaixar as doutrinas e praxes da igreja
Edson Menegheze Bonetti
BATISMO
SAINDO DOS EXTREMOS,
PROCURANDO O EQUILÍBRIO
Capa:
ADOS
Diagramação: ADOS
Supervisão de texto: Kênia Ismara Alves Tillvitz
1ª edição
Ano 2009
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil
Editora ADOS Ltda.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................ 4
INTRODUÇÃO ...................................................................... 4
1. BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO
O EQUILÍBRIO ...................................................................... 9
2. BATISMO: ANALISANDO QUESTIONAMENTOS ....... 19
2.1 Batismo: conservadores e liberais ............................................................. 21
2.2 Batismo: ex-adventistas, fumantes e juvenis ............................................. 23
2.3 Batismo: oportuniza a ceia do Senhor ....................................................... 35
2.4 Batismo: sentimento de pertencer ............................................................. 46
3. BATISMO: A ATITUDE DE JESUS, JOÃO BATISTA,
PEDRO, FILIPE E PAULO ................................................. 50
3.1 Critérios que eles usavam ao batizar ......................................................... 50
3.2 Quem eles batizavam ................................................................................ 61
3.3 Como eles tratavam os pecadores e os ingressavam na igreja através do
batismo ........................................................................................................... 63
3.4 Lutero e a graça ........................................................................................ 66
4. DEUS PERMITE JOIO NO MEIO DO TRIGO ................ 69
4.1 Compaixão pelos que erram ...................................................................... 70
4.2 Condições para o crescimento .................................................................. 73
5. O CONTEXTO TEOLÓGICO EM QUE SURGIU NOSSA
IGREJA ............................................................................... 78
6. OS NÚMEROS E O BATISMO ....................................... 81
6.1 O Jogo dos Números ................................................................................. 81
7. A IGREJA NÃO VOTA BATISMO, VOTA ACEITAÇÃO
DE MEMBRO ...................................................................... 88
7.1 Batismos... Quem decide? ......................................................................... 90
7.2 Rebatismo, uma prática bíblica .................................................................. 92
CONCLUSÃO ..................................................................... 98
AGRADECIMENTOS
Como ocorre em todo projeto de redação,
muitas pessoas colaboraram para que este trabalho
se concretizasse.
Agradeço:
A Deus, pela forma maravilhosa com que Ele
conduziu esta obra;
À minha esposa Lesley, que é uma pessoa
muito importante em minha vida e em meu trabalho.
A meus queridos filhos, Aislan, Kelber e
Layana.
A todos os meus amigos que colaboraram para
a elaboração desta literatura. Entre eles, Kênia
Ismara Alves Tillvitz que fez a correção.
Sou muito grato a todos.
Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
INTRODUÇÃO
Alguns batizandos dessem às águas feridos
pela vida, magoados pelas circunstâncias,
derrotados, sentindo-se farrapos humanos.
Sentimentos de culpa ferem seus corações
causando uma tristeza tal, que seu maior desejo é
“lavar a alma” em Cristo através do batismo.
O batismo é uma das santas instituições
criadas por Deus para amenizar a dor e encaminhar
à paz todo sincero que das águas se aproxima.
Como resultado deste mundo de pecado e
decisões tomadas erroneamente ao longo dos anos,
esses filhos de Deus sofrem. No entanto, Deus os
ama e quer resgatá-los da amargura, da dor, das
noites mal dormidas e afagar o “coração que
sangra”.
Eles são a razão da existência da igreja e um
dos principais motivos que fez Jesus vir a esta Terra
e morrer na cruz. São filhos com os quais Jesus se
preocupa.
Como igreja, devemos amar essas pessoas, a
exemplo de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Amar sem rebaixar ou esquecer das leis implantadas
pelo próprio Senhor Jesus, que entendemos ser um
cerco de proteção a todos os que nelas se
enquadram. Foi para esses pecadores que Deus
4- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
deixou tantas leis, a fim de salvaguardá-los do
pecado e da dor.
Estamos seguros de que nossa igreja tem sido
dirigida por Deus e vive uma de suas fases mais
completas e equilibradas no que se refere às nossas
doutrinas, normas e praxes, que gradativamente
foram tomando forma baseadas na Bíblia Sagrada,
no Espírito de Profecia, e hoje prescritas no Manual
da Igreja e nos demais manuais que formam o grupo
de leis, as regras, e detalhes das normas que regem
nossa organização.
No entanto, tem infiltrado no meio da igreja
pessoas que, consciente ou inconscientemente, não
conseguem pôr em prática o equilíbrio doutrinário,
principalmente no tocante à lei e à graça. Acabam
sendo extremistas. Complicam as coisas por lhes
faltarem informações, e a nós cabe ajudá-los com
amor, “pois eles são a coisa mais linda que Deus
tem”.
Essa atitude estranha tem obscurecido
algumas alegrias na igreja, dentre elas a festa
espiritual do batismo, uma das mais ricas em
significados e também uma das mais importantes na
vida de um pecador.
Em nossos dias parece ficar claro que aquilo
que seria motivo de festa na igreja de Cristo (a
cerimônia espiritual do batismo), tem sido alvo para
uma “mistura de gente” 1 (alguns poucos e não reflete
o caráter da igreja como um todo) conseguir tornarse
motivo de discórdia. Conservadores e liberais,
ambos extremistas, tiram a harmonia. Não vemos
maldade em nenhuma das partes. O que vemos é
falta de orientação. Um clima pesado tem surgido
5- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
em dias de batismos. Entre alegrias e tristezas, a
última parece prevalecer.
O que está acontecendo? Qual é o problema?
Como resolver essa questão para acabar com as
divergências?
Sendo o nosso principal foco “levar o
evangelho ao mundo”, temos que solucionar essas
indagações para avançarmos no cumprimento da
missão.
Situação como batizar uma ex-adventista,
conhecedora da verdade, que repentinamente deu
prova de fé, crendo em Cristo Jesus (Marcos 16:16),
respondendo ao apelo de um pastor, ancião, obreiro,
familiar ou um irmão missionário, mas que viveu na
prostituição, é o suficiente para dividir essa “mistura
de gente”, envolvendo toda a igreja em discórdia,
dando margem à influência do mal no corpo de
Cristo, ou seja, Sua igreja. No afã de defender uma
ideia, tudo acontece despercebidamente, sem
maldade, mas acontece e é sério.
Ou, o que diríamos de um fumante que já
recebeu todos os estudos, frequenta as reuniões de
culto e guarda “toda a lei”, e hoje pede ou concorda
com a necessidade de ser batizado com a promessa
(fé) de nunca mais fumar? Não seria essa situação
um bom motivo para essa minoria se digladiarem
trazendo pânico à comissão e a toda igreja?
O que fariam Jesus, João Batista, Pedro, Filipe
e Paulo, em casos semelhantes? Batizariam ou não?
“Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os Seus
discípulos” (João 4:2). Onde está o extremo? Onde
está o equilíbrio e como aplicá-lo?
Lembre-se: se errarmos em não batizá-la (o),
estamos correndo o risco de atrapalhar a vida de
6- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
alguém por quem Jesus morreu. Estamos
atrapalhando a vida de quem foi tocado (ou não,
Deus o sabe) pela fé e crê que essa é sua grande
oportunidade de abandonar o tabaco ou a
prostituição.
No entanto, se batizarmos erroneamente,
podemos cair no desagrado de Deus e de Sua
vontade, estando contra a Sua Palavra, o que não é
pecado de pouca monta, pois estamos tratando de
um ritual sagrado de um Deus Santo e Justo. Ambas
as situações nos oferecem responsabilidades e
perigos. No entanto, uma vez acertada, será uma
bênção para nós como pessoa, para a igreja e para
os batizandos em evidência.
O que dizer de um filho da igreja que tem idade
suficiente para o batismo (8 anos – cf. Manual da
Secretaria, p. 28 e Orientação da Criança, p. 490,
491), mas que, pedindo seu batismo, é impedido por
não ter concluído uma classe bíblica?
Como usar o bom senso ao lidar com essas
questões?
O que nos motiva: o amor acima das praxes?
Ou as praxes/leis acima do amor? Deve haver
aplicação diferenciada entre os filhos da igreja e os
filhos cujos pais não pertencem ao rol de membros
da igreja quando aplicamos essas regras?
Quais as vantagens e desvantagens no
sentimento de urgência do batismo? Talvez o senso
de pertencer? Seria a participação na Ceia do
Senhor um dos pontos importantes, visto que eles
“não” podem participar da Ceia por não serem
batizados? (os filhos da igreja são orientados a
aguardar o batismo para então tomar a Ceia –
Manual da Igreja, p. 83).
7- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Essas e outras perguntas serão trabalhadas
neste manual, no anseio de manter em alta a graça
e os mandamentos, as regras, e detalhes das
normas.
Uma busca de solução se faz necessária neste
momento tão crítico da igreja de Deus que, minada
por essa “mistura de gente” inocente, não pode
permitir que aqueles que Jesus tanto amou sejam
prejudicados.
Equilíbrio sempre foi necessário, e é possível
que hoje esteja em falta em nosso meio. Ora um
extremo, ora outro. Aliás, extremos sempre foram
mais seguidos, pois dentre outras razões, eles
“promovem” o nosso “eu”. Nosso orgulho é
massageado com o “óleo” da vaidade, e é a igreja
de Deus que tem pago o preço ao longo dos anos.
O assunto é delicado e certamente trará
confusão na mente de alguns, mesmo porque
quebra de paradigmas e transição sempre foram
questões para controvérsia. No entanto, nosso maior
desejo é amá-los e ajudá-los. Ajudar alguns a
fazerem as transições necessárias sem ferir a
Palavra de Deus, e as regras de nossa Igreja, nem
tampouco ferir conservadores e liberais, mas que
tudo ocorra dentro de um consenso.
Que Deus o ajude nesta leitura, pois nós e os
batizandos necessitamos desse equilíbrio.
8- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
1. BATISMO: SAINDO DOS
EXTREMOS, PROCURANDO O
EQUILÍBRIO
Permita-me uma curta história que elucidará os
temas seguintes. Na década de quarenta, meu avô
vendeu uma propriedade rural no Estado de São
Paulo e comprou outra no Estado do Paraná.
Quando veio desbravar as novas terras, trouxe os
quatro filhos mais velhos, dos doze que ele tivera.
Exceto um (dos quatro), todos os demais eram
casados. Quando os filhos chegaram ao local, após
percorrerem e conhecerem toda a propriedade,
observarem e apreciarem, deixaram então de ser
expectantes para começarem o trabalho.
Vendo a necessidade de construírem a casa do
pai, e outras para eles, perguntaram ao pai onde
deveriam construir as casas e em seguida deram
uma sugestão:
– Pai, que tal próximo àquela paineira? No alto
da propriedade? Que acha o senhor? Temos ali uma
linda baixada, que pensa o senhor?
Para surpresa daqueles filhos, o pai respondeu:
– Não construiremos casa nem para mim, nem
para vocês. Vamos construir primeiro a Casa de
Deus e depois as demais. – E assim foi.
9- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Como se percebe, meu avô foi um fiel seguidor
e amante das coisas de Deus. Observador da lei
(inclusive a do sábado), deixou esse legado aos
seus doze filhos e a todos seus descendentes, os
quais somos muito agradecidos.
A igreja cresceu naquele lugar e logo tínhamos
uma liderança forte e ativa.
Fui criado nesse contexto em que religião, e
principalmente a lei, eram tudo. Lembro-me de ver,
quando criança, muitas vezes meus amigos e uns
poucos primos sendo “corrigidos” por não terem feito
“isso” ou “aquilo” que “condizia com a Palavra de
Deus”, principalmente no sábado.
O que seria esse “isso” ou “aquilo”? Vejamos:
quando nossos desejos infantis, que por vezes
afrontavam a palavra de Deus (disso sempre
tivemos consciência), vinham à tona, era o suficiente
para que a comissão no “arraial dos santos” fosse
acionada.
Atividades como chutar uma bola no sábado,
tomar banho no rio ou cavalgar, eram o suficiente
para criar confusão em nossa igreja na colônia da
fazenda. (Abro um parêntese para dizer que não
estamos defendendo que essas atividades ocorram
no sábado. Estamos apenas relatando fatos).
Tínhamos consciência que não era bom para
nós. Até pensávamos que o fato de sermos vigiados
pelos nossos pecados criava uma auréola de
santidade na cabeça daqueles nossos “guardiões”
espirituais. Lembra-se dos filactérios 1 (tiras de
pergaminho onde continha os mandamentos dado a
Moisés supondo dar aos que usavam um ar de
devoção e santidade) nos dias de Cristo? Quanto
mais, “mais santidade...”.
10- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Onde estava o problema? Eram os “caçadores
de pecadores” que se excediam ou os pecadores
que atropelavam em demasia a Lei de Deus?
Essas atitudes dentro da igreja parecem criar
uma situação semelhante quando temos batismos
nos dias atuais. “Caçadores de pecadores” não têm
faltado em nosso meio, ou será o caso de termos
pecadores demais querendo invadir nossa “colônia”?
Por outro lado, esses zelosos da lei ajudam na
conservação e bom andamento doutrinária da igreja.
A eles foram dados esse dom e necessitamos
orientá-los, a fim de fazerem um trabalho produtivo e
nunca destrutivo.
Resultados
Fico feliz em saber que meus pais, e os pais de
muitos outros amigos e primos, não procediam
assim. No entanto, querem saber o que aconteceu
com os filhos dos que assim procediam?
Infelizmente hoje estão afastados, contrários às
coisas de Deus; alguns ateus, entre outras práticas
libertinas como: prostituição, bebedeiras, furtos e
outras mais. Literalmente contrários às coisas
santas, devido a uma aversão adquirida na infância
por conta daqueles que não souberam discernir e
ministrar a vontade de Deus a Seus filhos e
paroquianos, inclusive os infantis, o que é muito
sério aos olhos de Cristo.
Simplesmente estão afastados, pois nunca
sentiram alegria nas coisas de Deus, e nunca lhes
foi ensinada a alegria de servir a Deus por amor a
Jesus e Sua misericórdia. “Fazer coisas” da lei era a
11- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
única tônica que pairava em meus dias de infância.
A lei estava acima do amor de um Cristo crucificado.
Graça? A título de relatar fatos e nunca julgar, diria
que muitos nunca souberam o que é isso.
Sabemos que eles faziam tudo para ajudar,
mas não percebiam que estavam atrapalhando.
Eram irmãos comprometidos, sérios e queridos, o
que necessitavam era de orientação em todos os
seus esforços.
A alegria que a instituição do sábado deveria
nos proporcionar, muitas vezes terminava em
tristezas na igreja da fazenda. Na verdade, como
crianças, amávamos mais o domingo do que o
sábado. Que pena!
Havia mais alegria entre os jovens no pôr do
sol de fim do santo sábado, do que no pôr do sol da
sexta-feira. Qual a razão? Não é porventura o
sábado um dia feliz? Sem dúvida! O problema é que
a beleza do sábado era abafada, e isso tudo em
nome da lei. Faltava equilíbrio. Se me permitem,
esse fato de amar mais o pôr do sol que dá entrada
ao domingo do que o que dá entrada ao sábado,
parece ainda ocorrer em nossos dias.
A lei nunca foi um fardo, pois foi Deus quem a
criou, e tudo o que Deus faz é muito bom, mas a
maneira como aplicavam a lei é que estava pesando.
Quão profundas são as palavras de Augusto
Cury ao dizer que “a rigidez é o câncer da alma. Ela
não apenas fere os outros, mas pode se tornar a
mais drástica ferramenta autodestrutiva do homem.” 2
Mantendo o erro
12- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Para compreendermos a questão do batismo e
suas implicações, necessitamos não só
compreender a Lei e a Graça, mas ter também a
capacitação do Espírito Santo ao aplicar ambas as
leis na preparação do batizando e na mente de cada
crente a fim de resolver toda controvérsia.
Não estamos ao longo de nossa história como
igreja, permitindo que alguns ensinem os recémconvertidos
a amar mais o sábado do que o Senhor
do sábado? Mais a lei do que o Cristo da lei? Não
seria o caso de estarmos honrando as leis, o que é
perfeitamente correto, coerente, bíblico e agradável
a Deus, mas esquecendo-nos de edificar o Corpo de
Cristo, amando e investindo pela fé no pecador?
Não seria o caso de falarmos na mesma proporção
sobre a lei, e a misericórdia de Deus?
Cristo, nossa salvação
“Não há um ponto que necessite ser realçado
com mais diligência, repetido com mais frequência
ou estabelecido com mais firmeza na mente de
todos, do que a impossibilidade de o homem caído
merecer alguma coisa por suas próprias e melhores
boas obras. A salvação é unicamente pela fé em
Jesus Cristo.” 3
Não existe uma lei que lhe garanta a salvação,
nem mesmo a Lei dos Dez Mandamentos. A
salvação é garantida a todos os seres humanos
gratuitamente pela fé em Jesus Cristo. Você não
está salvo por guardar a lei; você está salvo por
Cristo, unicamente por Cristo.
13- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
“O que é justificação pela fé? – É a obra de
Deus ao lançar no pó a glória do homem e fazer por
ele aquilo que ele, por si mesmo, não pode fazer.” 4
Se a salvação fosse por alguma boa obra ou
por guardar algum mandamento, Jesus Cristo teria
morrido “em vão”. “Não anulo a graça de Deus, pois
se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo
morreu em vão” (Gálatas 2: 21). O texto é claro: “[...]
se a justiça [salvação] provém da lei, segue-se que
Cristo morreu em vão”. Se é pela lei, para que serviu
Cristo?
Observe o que diz Gálatas 5:4 “[...] de Cristo
vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na
lei; da graça decaístes”. Volte ao texto e medite nas
palavras: “desligar de Cristo” e “cair da graça”.
Justificar na lei significa “desligar de Cristo e cair da
graça.” Que esperança pode existir para um cristão
desligado de Cristo e caído da graça? Nada,
absolutamente nada. Os que esperam ter morada no
Céu por guardar a lei precisam rever seus conceitos
teológicos.
Querido, a prática da lei é o fruto na vida de
alguém que já foi salvo, e nunca deve ser praticada
para se obter salvação.
“Aqueles que esperam para ser batizadas até
depois de terem provado que podem viver a vida
cristã, na verdade acabam negando o evangelho. O
batismo em si significa que não podemos viver por
nos mesmos, que precisamos de Jesus, por isso nos
juntamos a Ele por meio do batismo. Provar por mim
mesmo que posso viver como Cristo e então ser
batizado é uma contradição e geralmente resulta em
legalismo.” 5
14- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Todo salvo obedece à lei
Ou estamos permitindo que outros ensinem
mais a graça do que a lei que nos conduz a Cristo
“de maneira que a lei nos serviu de aio [condutor],
para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé
fôssemos justificados” (Gálatas 3:24), e isso que é a
verdadeira graça? Ou talvez estamos enaltecendo
somente a graça e atropelando a lei que nos mostra
o pecado?
“Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo
nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão por
intermédio da lei. Pois eu não conheceria a
concupiscência se a lei não dissesse: Não
cobiçarás” (Romanos 7:7).
Sendo salvos unicamente pela misericórdia e
nunca por obras meritórias, por que devemos
guardar os mandamentos? “Pois os que ouvem a lei
não são justos diante de Deus, mas os que praticam
a lei hão de ser justificados” (Romanos 2:13).
Sendo a salvação pela fé, não devemos mais
guardar a lei? Paulo diz: “Anulamos, pois, a lei pela
fé? De maneira nenhuma! Antes confirmamos a lei”
(Romanos 3:31).
O que diz Tiago aos que não guardam a lei?
“Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar
em um só ponto, torna-se culpado de todos. Pois
aquele que disse: Não adulterarás, também disse:
Não matarás. Ora, se não adulteras, mas matas,
tornas-te transgressor da lei” (Tiago 2:10, 11).
Um fato
15- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Devemos continuar firmados na Palavra, mas
não nos esquecermos de algo importante: a
edificação do corpo de Cristo, se quisermos cumprir
a missão a nós confiada.
Se nós, como igreja, tivéssemos a habilidade
de inculcar na mente de cada converso ao
adventismo, o senso de “missão e pregação do
evangelho”, como temos o de inculcar os dez
mandamentos, ou o sábado, nossa realidade seria
outra. Teríamos “incendiado o mundo com a
pregação” do adventismo e Cristo seria honrado.
Somos peritos no sábado, aprimorados na lei.
Quando começamos (alguns) um estudo bíblico, não
vemos o momento de falarmos do sábado, da lei.
Não seria o caso de transferirmos toda essa
ansiedade para Cristo, e falarmos primeiro do Seu
amor?
É uma pena que nosso foco, às vezes, tem
apenas uma ou outra asa sagrada e sarada, a saber:
ou somente a asa da “lei” ou somente a asa da
“graça”. Bom seria que ambas fossem sagradas e
saradas no coração de cada membro adventista.
Outras asas, como a “missão e a pregação do
evangelho”, em muitos casos, estão feridas,
machucadas, e por isso voam baixo, pouco, quase
nada e, às vezes, nem voam. Em muitos casos,
essas asas já nem existem, a não ser a asa da lei ou
da graça extremada.
Quando funciona uma asa apenas, o máximo
que podemos fazer é voar rodeando em torno de
nós mesmos, mas nunca avançar. Isso nos faz
lembrar de um povo no deserto que não ouviu Deus
16- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
através de um líder chamado Moisés. Todos
sofreram.
Nosso primeiro dever é apresentar a Cristo,
não como uma mera cunha para introduzirmos o
sábado e a lei, mas como Aquele que morreu na
cruz do Calvário por nós, que somos “a menina dos
olhos”, independente da lei e do sábado.
A lei tem seu lugar, e ai daquele que pisar nela.
O problema é que estamos (alguns) focados no
papel. Somos cônscios de que na praxe está tudo
correto; somos perfeitos no Manual da Igreja, mas
quando entramos no campo da prática, percebemos
que estamos desfocados. A lei toma o lugar de
Cristo e as normas tomam o direito de alguém que
quer avançar pela fé através do batismo. Não é
assim que a Bíblia ensina. O mesmo se dá quando
pensamos apenas em batizar sem ensinar o
batizando nos caminhos do Senhor.
Falamos de fé e do poder de Deus, no entanto,
às vezes, não avançamos pela fé nem pelo poder de
Deus, e muito menos pelo amor às almas pelas
quais Jesus morreu. Se eu ou você, por alguma
razão, nos enquadramos nessa realidade, por amor
a Deus, à Sua Palavra e ao pecador que tanto sofre,
digo: temos que mudar.
Veja o conselho de Paulo: “Porque, sendo livre
para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar
ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus,
para ganhar os judeus; para os que estão debaixo
da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar
os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem
lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei
para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para
ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco
17- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo
para todos, para por todos os meios chegar a salvar
alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para
ser também participante dele” (I Coríntios 9:19-22).
“Podemos fruir o favor de Deus. Não devemos
estar ansiosos acerca do que Cristo e Deus pensam
de nós, mas do que Deus pensa de Cristo, nosso
Substituto. Vós sois aceitos no Amado.” 6
Queridos, todos nós que trabalhamos na igreja,
fazemos por amor. Oh! Como temos amado essa
igreja. Uns zelam por uma área e outros por outra.
São os dons distribuídos por Deus a cada um, e
temos aceitado e desenvolvido com presteza, no
entanto, necessitamos mais e mais aprender a
“como conviver com os outros”. O pecado que para
um é fácil vencer, para outro é extremamente difícil.
Tenhamos calma e paciência ao lidarmos com cada
um, principalmente com os batizandos e os novos na
fé. Pense nisso!
18- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
2. BATISMO: ANALISANDO
QUESTIONAMENTOS
Pense comigo: a mesma lei, a saber, a lei da
graça, que salvará um cristão que se alimenta da
carne de porco e “transgrida” o sábado por não ter a
oportunidade de conhecer os reclamos da lei,
condenará o irmão A ou B que se voltar contra a lei
de Deus voluntariamente. Concluímos que, para
Deus, a lei da graça é tão necessária ao ser humano
(cf. Efésios 2:8), como é a Lei dos dez
mandamentos, “santa, justa e boa” (Romanos 7:12).
A Lei de Deus, ao mesmo tempo que é graça para o
que não a conhece, é condenação e justiça para o
que a conhece e não a pratica. Por não praticar a lei
(voluntariamente), fica claro que a pessoa é contrária
a Deus, pois quem ama a Deus faz a Sua vontade.
Queridos, a matemática é simples: às vezes
nós queremos limpar o peixe antes de pescá-lo. Não
sejamos um ferrenho defensor dos pequenos
detalhes com quem está apenas começando, pois
ele não suportará o peso. Tão somente amemos. O
amor dele por Jesus e Sua bondade já pode salválo.
Devemos batizá-lo, se ele já é conhecedor das
principais doutrinas como sábado, abstinência às
carnes impuras e outras normas. No entanto, não
deixemos de, aos poucos, introduzir a vontade de
19- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Deus em seus pormenores, que também são santos,
justos e bons.
Veja que o quadro se reverte quanto ao
conhecedor maduro na fé que não quer praticar.
Teve oportunidades, mas não quis mudar de vida,
então, a mesma Bíblia irá condená-lo com a mesma
lei da graça que ele não aceitou, e a maior prova é a
transgressão espontânea dos Mandamentos.
Devemos alertá-lo que sua vida cristã está em
perigo, e embora jamais possamos julgar quem se
enquadra no verso a seguir, ele existe e sua
declaração é forte: “O que desvia os seus ouvidos de
ouvir a lei, até sua oração é abominável” (Provérbios
28:9).
Conhecimento sem prática
Podemos estar pensando: “Quanto a isso não
temos dúvidas, conhecemos e sabemos fazer
diferença entre a lei da graça e a lei dos dez
mandamentos”. Que sabemos fazer essa diferença
não temos dúvidas, mas a questão não é essa. O
detalhe é que esse conhecimento existe no campo
da teoria (como já mencionamos), pois no campo da
prática, ou só funciona a lei da graça, batizando
qualquer um, ou só funciona a lei dos dez
mandamentos e seus pormenores. Ou seja: tem que
ser santo para se batizar, tem que estar tudo
certinho, perfeito. Essa atitude se aproxima e muito
das atitudes dos líderes de Israel nos dias de Jesus:
extremados...
Quanto ao primeiro exemplo (apenas a graça),
soa algo como: Hofni e Finéias (I Samuel 1:17) sem
20- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
nenhum compromisso com as coisas sagradas; Uzá
(II Samuel 6:7) que não respeitou o que era santo;
Ananias e Safira (Atos 5:1-11) que amaram mais as
coisas deste mundo que as celestiais; entre outros
personagens bíblicos que não perceberam que as
coisas de Deus são santas e devem ser tratadas
com toda santidade. Quanto ao segundo exemplo (a
lei e seus pormenores), soa farisaísmo puro no mais
alto grau da palavra. Não conseguem amar nem ver
a bondade de Deus. Quanto a esses, percebe-se
que suas vidas são amargas, e com facilidade
transmitem essa atitude à igreja e aos novos
conversos. Ambos necessitam de nossas orações,
paciência de todos e muita instrução para que
possam ser equilibrados. Tanto conservadores como
liberais devem ser amados para que aconteça uma
transição e a igreja cresça. Sigamos o conselho
bíblico que diz: “amemo-nos uns aos outros” (I João
4:7).
2.1 Batismo: conservadores e liberais
O liberal extremista tem uma paixão linda pelas
pessoas. Percebe-se nele uma vontade muito
grande de que todos se salvem. No entanto, nem
Deus, pela Sua misericórdia, ou pelo sacrifício de
Jesus no Calvário e todo Seu sofrimento, vai salvar
um transgressor que liberalmente transgride a lei, e
nunca imagine que a graça, por ser graça, se
21- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
sobrepõe à lei. Penso que aqueles que creem ser
isso possível terão que rever seus conceitos
teológicos sobre a graça e a lei.
O conservador extremista é zeloso, amante do
correto, do perfeito, do belo. Normalmente são filhos
de pais exageradamente exigentes, que criaram nos
filhos uma atitude perfeccionista. São críticos e
severos, com pouca misericórdia. Por conta dessa
criação distorcida, imaginam um Deus severo e
exigente. Quando contrariados ou seu zelo é ferido,
colocam em dúvida a decisão tomada pela igreja de
batizar alguém.
Deus não fica feliz com tal conservadorismo
extremo. E a situação ainda se agrava se esse
conservadorismo for acompanhado de críticas aos
administradores, evangelistas, pastores, obreiros,
irmãos e comissões de igreja, ou ao próprio
batizando por ser ele alguém que fumava ou bebia,
mas que agora requer o batismo na fé que nunca
mais vai voltar a tais práticas. Se por “zelo extremo”
alguém tem atrapalhado batismos, é bom saber que
Deus não se agrada dessa obra “zelosa”.
George R. Knight disse: “Ora, se eu fosse o
diabo, daria a vocês adventistas a verdade bíblica,
mas tornaria vocês e suas igrejas mais frios do que
uma fôrma de gelo no inverno da Sibéria. Por outro
lado, eu daria a alguns cristãos alegria na igreja e na
vida cristã, mas confundiria de tal forma sua teologia
que eles não saberiam distinguir Gênesis de
Apocalipse”. 1
22- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
2.2 Batismo: ex-adventistas, fumantes e
juvenis
Vamos rever situações criadas na introdução
deste material e buscar soluções para o problema.
Como já dissemos, batizar uma ex-adventista é
o suficiente para dividir conservadores e liberais,
envolvendo toda a igreja em discórdia, briga e
confusão.
Para os que exigem uma nova série de estudos
a tal pessoa, fica a pergunta: é necessário ministrar
uma série de estudos bíblicos para que ela esteja
preparada novamente para o batismo?
Visto se tratar de uma pessoa conhecedora da
verdade, não seria o caso de, nesse momento, estar
necessitando de amor, aceitação, carinho,
compreensão, amizade? Por natureza, ela tem sede
de justiça, de caminhos retos; está cansada de
pecar, está sofrendo, coração pesado, chorando,
ferida e magoada.
Com certeza buscará caminhos corretos
naturalmente, pois já conhece a verdade e está
cansada da mentira. Foi assim com a pecadora que
levaram aos pés de Jesus. Não é o momento de
dizer o que precisa fazer. Ela já ouviu no passado,
quando criança, talvez. Já conhece a lei.
Batize essa sofredora como sinal de aceitação,
sinal de alegria por parte da igreja. Solte bombas,
rojões, faça festas, convoque a banda da cidade,
toque trombetas, diga aos vizinhos, ao bairro, à
cidade, ao mundo, e coloque um tapete vermelho
23- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
em toda a igreja com rosas coloridas por todos os
lados e diga a essa filha pródiga: filha querida, isso é
para dizer o quanto você é querida e amada em
nosso meio. Seja bem-vinda!
Deixemos definitivamente de ser resmungões.
Divulguemos o dia do batismo, um dia de
reconhecimento da conversão de um pecador e de
alegria para Deus e para a igreja.
Desculpe, foi apenas um insight, talvez um
sonho de uma realidade bem distante. O que temos
na verdade é confusão, pela simples razão de ser
uma “ex-pecadora” que está se batizando. Que
pena! Onde chegamos!
O medo
O que perderemos se a “pecadora” se
apostatar novamente? Nossa reputação? Não! Não
perderemos nada. Aliás, já ganhamos, e muito, por
ter acreditado mais uma vez, e quantas vezes forem
necessárias, em alguém desacreditada pelos pais,
pelos amigos, pela sociedade, e até por ela mesma.
Os que falam de fé, de aceitação, de
irmandade em Cristo, de religião, de um Cristo
crucificado em favor dos pecadores, não podem
recusar um batismo como esse. Como disse Madre
Teresa: “Se você julgar as pessoas, não terá tempo
para amá-las.” Ela não tinha lei, a não ser a lei que
sobrepõe a todas, a saber, a lei do AMOR. “Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes
três; porém o maior destes é o amor” (I Coríntios
13:13).
24- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Se você der amor e aceitação incondicional às
pessoas, ficará surpreso com o que acontecerá a
elas. As pessoas respondem melhor à lei do amor.
Voltemos à hipótese de um fumante que já
recebeu todos os estudos, frequenta as reuniões de
culto e guarda “toda a lei”, e hoje pede ou concorda
com a necessidade de ser batizado com a promessa
(fé) de nunca mais fumar. Teríamos que esperar até
que sua fé se transformasse em obras (Tiago 2:18),
ou seria justo, pela nossa fé, realizar a obra do
batismo crendo que Cristo há de libertá-lo e crendo
na fé do pecador de que vai deixar o vício?
Quando seu filho disser que vai fazer algo,
duvide dele, e assim ele mesmo nunca confiará em
si próprio. Mas, se acreditar nele e se acaso cair,
ajude-o a se levantar, e a obra do amor será o ponto
vital para que ele se levante. E caso não se levante?
Nós somos o povo da esperança, da paciência,
daqueles que creem no poder de Deus. Continue
tentando “setenta vezes sete” (cf. Mateus 18:22) e
se for o caso sete mil vezes sete. Não lhe faz bem
pensar assim?
Oito em cada dez fumantes, ao tomarem a
decisão pelo batismo deixam de fumar. Dois em
cada dez fumantes que não tomam a decisão do
batismo, deixam de fumar. O percentual é grande e
isso nos faz pensar. Embora possa não ser uma
estatística precisa na vida de cada ministro, é
precisamente essa a média que tem ocorrido em
meu ministério. Nunca insisti ou ofereci o batismo a
fumantes, no entanto, todos aqueles que pela fé
pedem o batismo crendo que Jesus pode libertá-lo,
repito, de dez, oito deixam o vicio. Essa é a
estimativa mais linda que conheço, é o poder de
25- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Deus. Lembrando que esta declaração não tem o
propósito de incentivar nenhum fumante ao batismo,
ou realizar o batismo de nenhum viciado ao tabaco
sem que a iniciativa seja dele e tão somente dele, e
com uma promessa convincente de que confia na
libertação e no poder de Cristo. A Bíblia e o Espírito
de Profecia não autorizam batizar nenhum viciado
sob influencia de outros que não seja a do Espírito
Santo. Creio que não devemos batizar tal viciado,
assim como não é prerrogativa nossa negar o
batismo daquele que sob a influência do Espírito de
Deus quer avançar pela fé. O detalhe é que todo
convertido é apaixonado por salvação de gente e
não perde oportunidades, e quando o risco/índice é
mais positivo que negativo, não deixamos de
acreditar no poder de Jesus avançando pela fé,
atendendo ao pedido do moribundo sofredor, e
nunca atropelando a Bíblia e o Espírito de Profecia.
Isso é fé.
Creio que todo pastor e igreja têm testemunhos
de pessoas que fumaram na semana do batismo,
mas que uma vez batizados, nunca mais fumaram.
Nosso propósito com esse exemplo, o do
tabaco, é usá-lo por ser extremo, a fim de fazermos
um balanço de posições que temos tomado diante
das comissões neste ou em outros casos, para que
na próxima oportunidade, façamos nossas
observações com mais equilíbrio.
O que dizer de um filho da igreja que tem idade
suficiente para o batismo (8 anos – cf. Manual da
Secretaria, p. 28 e Orientação da Criança, p. 490,
491), mas que, pedindo seu batismo, é impedido,
por não ter concluído uma classe bíblica muitas
vezes negligenciada pela igreja? Temos que reprimir
26- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
o ímpeto de seu desejo “do hoje” e aguardarmos
quatro meses, em média, até concluirmos uma
classe bíblica? Na verdade, esse filho de adventista
fez mais que uma série de estudos, pois sua
frequência aos departamentos infantis desde seu
nascimento, os cultos realizados em sua casa, e as
demais atividades espirituais em que certamente ele
se envolveu ao longo de sua vida, somam-se mais
em conhecimento do que qualquer série de estudos.
Pensar o contrário seria menosprezar todo o
trabalho da mãe que desde o ventre trabalha com
todo amor a fim de educar seu filho nos caminhos do
Senhor.
Veja essa declaração de Ellen G. White: “Sei
que alguns têm perguntado se os filhinhos, mesmo
de pais que creem, hão de ser salvos, pois não
tiveram nenhuma prova de caráter, e todos precisam
ser provados, e seu caráter tem de ser determinado
pela prova. É feita a pergunta: ‘Como podem as
criancinhas ter este teste e prova?’ – Respondo que
a fé dos pais que creem protege os filhos, como
sucedeu quando Deus enviou Seus juízos sobre os
primogênitos dos egípcios.” 2
Alguns chegam ao extremo de questionar o
fato de o juvenil não ter feito o apocalipse e,
portanto, não está preparado. Ora, amigo! Seria
esse o melhor caminho, embora nobre a intenção?
Todos os estudos que pudermos ministrar, devemos
ministrar, no entanto, não devemos nos escandalizar
quando isso não acontece, pois se trata de um filho
da igreja. Todo cuidado é pouco para não impedir ou
permitir que um juvenil seja batizado triste ou
duvidoso de seu batismo.
27- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
No entanto, não queremos dizer com isso que
esquecemos o que o Manual da Igreja diz
claramente: “Só os que dão prova de haver
experimentado o novo nascimento e de estar
desfrutando uma experiência espiritual no Senhor
Jesus se acham preparados para ser aceitos como
membros. A todo candidato à qualidade de membro,
antes que seja batizado e recebido na comunhão da
Igreja, deve-se ministrar esmerada instrução sobre
os ensinos fundamentais e as práticas da Igreja
relacionados com eles. Toda pessoa que procura ser
admitida na Igreja merece estar informada sobre os
princípios defendidos por ela.” 3
A ideia não é abandonar nenhum preparo
possível, mas tomarmos o máximo cuidado para não
criarmos nenhuma dificuldade aos que desejam o
batismo, e amarmos mais e mais a todo o “pecador”
que se aproxima da lei. Com amor, a lei de Cristo
fica “suave e leve” (Mateus 11:30).
Se não, o que nos motiva: o amor acima das
leis? Ou as leis acima do amor?
Para pensar
E por último, gostaria de criar um quadro
imaginário que constantemente vemos na vida real.
Enquanto que nos demais casos criados até aqui
cremos em uma minoria discordante, neste vemos
uma maioria. Vejamos:
Imagine você batizarmos um juvenil que já
frequenta a nossa igreja. Ele recebeu estudos,
compreendeu os mandamentos e aceita o batismo,
mas, por alguma razão, seus pais nunca vieram à
28- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
igreja. No entanto, gostam e apoiam a frequência do
filho em nossa igreja. Veem nela o único meio de
salvar seu filho das drogas e demais males.
A família, todavia, faz uso de carnes imundas e
vive num ambiente de prostituição, bebidas
alcoólicas, fumantes por todos os lados e até alguns
usuários de outras drogas.
O que acha você? Vamos batizá-lo? Se você
respondeu sim, alguns vão lhe dar os parabéns. No
entanto, quero lhe dizer que esses parabéns são de
uns poucos e, desses poucos, é possível que em
alguns casos seja somente no campo da teoria. Na
prática, o falatório é grande. É um “prato” perfeito
para discórdia. Na comissão, ao votarmos, os braços
se erguem timidamente e à meia altura. Quão triste
para um pastor ver essa realidade.
E se esse juvenil apostatar por não suportar a
pressão do ambiente em que vive? Bom, nesse
caso, pense comigo só por um instante no exemplo
de um clube: você já foi a um clube onde não é
sócio, mas que por razão de um convite de um
associado você está ali? Como se sente?
Confortável? Não. A liberdade de usufruir desse
ambiente não é a mesma que a de um associado.
O mesmo se dá com a pessoa (juvenil em
questão) que foi batizada na igreja. Essa lhe
pertence por direito, não emprestada, não
passageira; é sua, tem direito de ir e vir pois foi
batizado, e agora lhe pertence o direito de “sócio”.
Ao lhe perguntarem, mesmo depois de sua
apostasia: “Qual a sua igreja”? Responderá:
“Adventista do Sétimo Dia”. Percebe a importância
do batismo mesmo acompanhado de apostasia?
29- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Lembremos que muitos dos batismos que
realizamos hoje são rebatismos de pessoas que um
dia, na condição de juvenil, foram batizadas em
nossas igrejas, mas que, por razões da vida,
apostataram. No entanto, chegou a idade, os filhos
vieram, e é a vez de Deus novamente entrar em
cena dizendo: “Querido, as vaidades já passaram.
Você tem que educar seus filhos e a melhor opção é
voltar para Deus com sua família, e isso se dá
através da volta para a igreja.”
Pensando nesse apelo divino, ele quer
retornar. Retornar para onde? “Para a igrejinha
amada”. Aquela de sua infância, na qual fora
batizado. Voltar para a Igreja Adventista do Sétimo
Dia. “Ensina a criança no caminho em que deve
andar, e, ainda quando for velho, não se desviará
dele” (Provérbio 22:6). Isso não é uma profecia, é
um provérbio. Não quer dizer que tem que ser assim.
No entanto, os provérbios também são a palavra de
Deus para nós e, na maioria dos casos, se cumprem
em nós.
Uma criança não sabe o que faz. Ela é criança.
No entanto, os pais não deixam de recebê-la como
filho por não saber o que faz, mas a registram em
seu nome, a amam e, aos poucos, vão ensinando os
caminhos da vida. Há filhos que aprendem e outros
que não aprendem. No entanto, mesmo os que não
aprendem, continuamos amando, pois são nossos
filhos. Amamos os filhos não pelas suas atitudes,
mas porque são filhos. Os que não aprendem agora
poderão aprender no futuro.
É bem verdade que a situação é diferente com
relação à igreja. Não é correto batizarmos uma
pessoa sem nenhum doutrinamento. Mas, não seria
30- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
importante, em alguns aspectos da vida eclesiástica,
tomar como exemplo os nossos filhos? Veja: não
seria mais pedagógico “registrar (batizar) em nosso
nome” e educá-lo na condição de “filho” (membro) ao
invés de querer ensiná-lo sendo ainda visitante? E
caso não se comporte como um “bom filho”,
continuemos amando e cuidando como cuidamos de
nossos filhos. Ou acaso se esquece alguma mãe de
visitar seu filho na cadeia, ou de orar por ele?
“Pedindo-lhe peixe, lhe dará uma cobra?” (Mateus
7:10). Não é o caso de estarmos tão desprovidos de
amor para com o pecador, como ele está desprovido
de amor para as coisas de Deus? Louvado seja
Deus que pela sua misericórdia perdoa tanto um
quanto o outro.
Veja o que a Bíblia nos diz: “Naquela hora
chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram:
Quem é o maior no reino dos Céus? Jesus,
chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e
disse: Em verdade vos digo que se não vos
converterdes e não vos fizerdes como crianças, de
modo algum entrareis no reino dos Céus. Portanto,
quem se tornar humilde como esta criança, esse é o
maior no reino dos Céus. E qualquer que receber em
meu nome uma criança tal como esta, a mim me
recebe. Mas qualquer que fizer tropeçar um
destes pequeninos que creem em mim, melhor
lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma
pedra de moinho, e se submergisse na
profundeza do mar” (Mateus 18:1-6).
“Vede, não desprezeis a nenhum destes
pequeninos; pois eu vos digo que os Seus anjos
nos Céus sempre veem a face de meu Pai, que está
nos Céus. Porque o Filho do homem veio salvar o
31- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
que se havia perdido. Que vos parece? Se alguém
tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não
deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar
a que se extraviou? E, se acontecer achá-la, em
verdade vos digo que maior prazer tem por esta do
que pelas noventa e nove que não se extraviaram.
Assim também não é da vontade de vosso Pai que
está nos Céus, que venha a perecer um só
destes pequeninos” (Mateus 18:10-14).
Temos falhado? Até um tempo que não sei
divisar, diria que não! A maneira como temos
trabalhado até aqui, teve o seu lugar e aprovação de
Deus. A questão é que vivemos em outros tempos e
se faz necessária uma transição, não de Leis, mas
na maneira de nos portarmos e nos relacionarmos
diante do pecador atual. O que funcionava até
ontem, pode não funcionar hoje. A Bíblia diz que “há
tempo para todo propósito debaixo do céu” (cf.
Eclesiastes 3:1), e nós temos que estar atentos às
mudanças do comportamento humano através das
eras.
Na Bíblia vemos Deus suportando nações,
pessoas e fatos que no tempo de Jesus não foram
aceitos por Ele (exemplo: as muitas mulheres como
esposas [cf. Gênesis 16:3]). O contrário também é
verdadeiro. Jesus aceitou uma nação (gentios, cf.
Romanos 9-11) como eleita que no passado
pertencia à outra (Israel, cf. Gênesis 12:1, 2).
Temo que um mesmo método para todos os
tempos enfade até os anjos. Vivemos em um tempo
em que as pessoas estão carentes de aceitação, e
se esta for forte, poderemos introduzir regras que
elas aceitarão, pois vivem em um mundo sem lei e
estão ávidas pela lei.
32- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Analisando o Manual
Contudo, alguém pode dizer: Nós não
batizamos juvenis com menos de 13 anos 4 cujos pais
não são membros da igreja.
Esta observação procede e tem base no
Manual Para Secretaria de Igreja, página 28,
conforme fonte citada. No entanto, ao olharmos de
forma mais detalhada no mesmo parágrafo e nos
parágrafos anteriores, vemos algo que não vemos
em uma leitura rápida.
Vou descrever os referidos parágrafos e grifar e
(observar em parênteses) detalhes que passamos
por alto, e que podem prejudicar grandemente a vida
espiritual de um juvenil.
A referida citação contém cinco votos, vou
descrever apenas o terceiro, quarto e quinto, o
primeiro e o segundo estão fora de nosso contexto
e, portanto, não vou descrever aqui. Vejamos:
Batismo de Juvenis – Voto 2004-103 da DSA.
3. Que os pastores adventistas só poderão
batizar juvenis quando um dos pais, ou responsáveis
diretos (que pode ser um ancião, ou o instrutor
bíblico, professor dos departamentos, ou alguém
que possa dar um suporte espiritual até que tal
juvenil se firme na fé), for membro da igreja e que o
candidato tenha recebido a devida instrução.
4. Que as fichas batismais dos juvenis e
adolescentes, até 16 anos, sejam assinadas pelos
respectivos pais ou responsáveis diretos (ancião,
instrutor bíblico, professor dos departamentos ...).
33- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
5. Que os juvenis, cujos pais não forem
adventistas, sejam batizados normalmente a partir
dos 13 anos, após receber a devida instrução. Nos
casos especiais, (observe que há casos especiais)
em que um juvenil é aluno da Escola Adventista ou
participa do clube de desbravadores ou outras
atividades da igreja (veja que a uma abertura para
alunos de nossas escolas, desbravadores e outros.
O que seria esse “outros”? Pode ser aluno da Escola
Sabatina (o que normalmente eles são) por vários
anos, serão analisadas pela Comissão da Igreja a
seu critério (isso significa que a comissão da igreja
pode votar receber um batizando com menos de
treze anos).
Este voto foi tomado para salvaguardar os
batismos em pequeno ou grande porte (normalmente
em evangelismo) em que muitos juvenis poderiam
ser batizados sem um responsável direto (padrinho
espiritual) que participa do “antes”, “durante” e
“depois” do batismo.
Normalmente, nos casos de evangelismo, o
obreiro participa do “antes” e “durante” o batismo,
mas, por conta de seu trabalho, fica impossibilitado
de participar do “depois”, a não ser que se faça um
arranjo para que fique mais tempo (depois) como
temos visto atualmente.
Se este juvenil tem um responsável direto, ou
seja, um irmão, irmã, que acompanha sua conversão
e se compromete ser seu guardião na fé, ele está
apto ao batismo e dentro de nossas praxes.
Queridos, não facilitar um juvenil ao batismo é
sério. Intimidá-lo ao batismo pelo fato de não ter
nenhum parente batizado, é ir contra as orientações
de Cristo em Mateus 18:1-14. É oportunizá-lo ao
34- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
fracasso espiritual duas vezes: a primeira por não ter
tido o privilégio de ser filho desta igreja, e a
segunda, é não facilitarmos a fazer parte da igreja
através do batismo pelo simples fato de alguém não
querer adotá-lo, ou seja: ser seu responsável direto.
Nunca nos esqueçamos de que também
carecemos da graça ainda que sejamos adventistas
por dez gerações. Na verdade todos são adotados, e
pensar assim, nos dá empatia.
É possível que vá ferir o sentimento de um
juvenil (de seu pai ou mãe), ao ficar sabendo que
acorrerá o batismo da primavera e que dez juvenis
de 8 anos se batizarão, mas que ele não poderá
enquanto não completar 13 anos por não ser filho de
adventista.
Que Deus o abençoe no trato com estas
crianças, que aos olhos de Deus são tão santas e
queridas.
2.3 Batismo: oportuniza a ceia do Senhor
Embora às vezes pensemos que certos
pormenores na Bíblia não tenham significado
teológico e pedagógico para os nossos dias,
devemos, ainda assim, considerar com toda a
seriedade a função didática do Livro Sagrado.
Levando em consideração que “tudo o que dantes
foi escrito, para nosso ensino foi escrito” (Romanos
15:4), podemos chegar a uma compreensão
35- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
razoável do significado mais amplo de certos
aspectos fundamentais de alguns sistemas que
apontam além deles mesmos, para outra realidade
em nossos dias. Deus instituiu algumas ordenanças
que, por mais que as estudemos, nunca vamos
descobrir tudo o que elas podem fazer por nós.
Veja o que diz Ellen White em relação àqueles
que tomam a Ceia do Senhor. Ela destaca os
benefícios dos que participam e prejuízos dos que
não participam: “É nessas ocasiões, indicadas por
Ele mesmo, que Cristo Se encontra com Seu povo,
e o revigora por Sua presença. Corações e mãos
indignos podem mesmo dirigir a ordenança; todavia
Cristo ali Se encontra para ministrar a Seus filhos.
Todos quantos ali chegam com a fé baseada nEle,
serão grandemente abençoados. Todos quantos
negligenciam esses períodos de divino privilégio,
sofrerão prejuízo.” 5
Atente para as palavras: “encontra”, “revigora”,
“abençoados” e “prejuízo”:
Encontra (com Cristo)
Nossa maior necessidade é de encontrarmos
com Jesus. Na ocasião da Ceia, o membro batizado
tem a oportunidade de se encontrar com Jesus.
Esse encontro é mais uma oportunidade de se
firmar, se fortalecer. Mas há pessoas que
frequentam nossa igreja e não usufruem dessa
oportunidade por não serem batizadas. O que mais
dói é saber que, dentre elas, estão alguns dos filhos
da igreja que não podem participar, pois, segundo
seus pais, têm que completar dez ou doze anos, e
36- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
só então estarão aptos para serem batizados e
terem um encontro com Jesus através da Ceia do
Senhor.
Seria um “zelo” julgar que um filho da igreja
com oito anos é novo demais para o batismo e por
conta disso fica impedido de tomar a Ceia do
Senhor? Ou se trata de um zelo estremado do qual
Deus não se agrada?
Espere seu filho completar dez, onze, doze ou
treze anos, e não se surpreenda se ele não quiser
mais o batismo e a Ceia. A essa altura ele já estará
anêmico espiritualmente por não participar da Ceia
do Senhor, e robusto nos interesses mundanos, pois
normalmente, com dez ou doze anos, os atrativos do
mundo já lhe foram apresentados e é possível que
experimentados. Já sabe o que é “ficar”, já tem gosto
pelas joias, novelas e danças, entre outras práticas.
Como o batismo o impede desses prazeres – que
até os oito anos não são tão fortes, mas que agora
aos dez ou doze anos tem aguçado seus desejos,
ao ser indagado sobre o batismo, provavelmente sua
resposta será NÃO. Isso não é uma suposição, pois
convivo com essa realidade.
Meus queridos, se vocês querem ver seus
filhos firmados na igreja, incentivem-nos ao batismo
desde pequenos, coloquem em suas mentes infantis
que a partir dos oito anos, querendo, já estão aptos
para o batismo e que Jesus ficará muito feliz com a
decisão deles.
Incentive o juvenil ao batismo aos oito anos
para que possa participar da Ceia do Senhor (após o
batismo) e receber Suas bênçãos para que,
chegando a fase dos desejos carnais (a partir dos
dez anos começam ficar mais fortes), eles estejam
37- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
alimentados e fortes para resistir ao pecado pelo
poder do Espírito Santo recebido na Ceia do Senhor.
“As crianças de oito, dez, ou doze anos, já têm
idade suficiente para ser dirigidos ao tema da
religião individual”. 6
Queridos, quero compartilhar uma história
escrita por Russell Burrill, um dos mais bem
sucedidos e experientes evangelistas públicos
(jubilado) da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e isso
em apenas um parágrafo, onde ele apóia e incentiva
as crianças a se batizarem ainda com idade muito
tenra. Vejamos:
“... Conduzi um evangelismo no qual um jovem
(juvenil) de 7 anos comparecia toda noite e sempre
sentava na primeira fileira. Ele teve uma experiência
com Jesus muito além de sua idade e desejava ser
batizado. Quando abordei os pais dele, eles estavam
inflexíveis; ele não pode ser batizado até que tenha
12 anos, disseram. O garoto sentiu a convicção do
Espírito Santo e seus pais estavam, de forma
indireta, dizendo a ele para ignorar o que o Espírito
estava dizendo. Alguns anos depois, novamente
conduzi um evangelismo próximo desse mesmo
lugar e os pais do garotinho se aproximaram
pedindo para que eu o visitasse e o preparasse para
o batismo, agora que ele tinha 12 anos, mas ele não
estava aberto ao batismo. Anos sufocando a
convicção do Espírito Santo acabou levando o
garoto a rejeitar Jesus. Foi uma tragédia, pois não
pude fazer nada para persuadi-lo.” 7
Quando recebo informações desta natureza, ou
vivo em meu ministério situações tal como esta,
chego à conclusão que o ato de inibir ou proibir uma
criança (juvenil) ao batismo, é um dos ataques mais
38- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
cruéis que podemos fazer a vida religiosa de uma
criança (juvenil). É um atentado espiritual. Um terror
no mais alto grau da palavra a um ser tão inocente
chamado criança (juvenil), cuja intenção é pura e
inocente, ou seja: querer se aproximar Salvador
Jesus. Aproximar de Jesus é um direito que Deus
oportunizou a todos os seres humanos. Privar
alguém desta graça é pecado, e quando se trata de
pequeninos, a coisa fica mais séria, pois estamos
privando alguém que por conta de sua idade não
pode se defender.
Se você acha que eu estou exagerando, olhe
mais uma vez nas declarações de Jesus quanto ao
“fazer tropeçar a um destes pequeninos que creem
nEle” (veja Mateus 18:1-14). Nesta passagem, Jesus
afirma que recebemos a Ele mesmo quando
recebemos uma criança. Contudo, Ele afirma que
“melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço
uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na
profundeza do mar.” Talvez Jesus nunca fosse tão
duro, ou levasse a coisa para um lado tão dramático
quando fez referência a salvação de crianças.
É sério porque muitos destes pequeninos, não
vêem nos pais um padrão de vida que lhes dê
estabilidade espiritual, e em busca deste padrão, a
fim de receberem paz, cujo coraçãozinho embora
tenro já sente tristeza por conta de uma família
problemática, e que agora poderiam oportunizar a
paz que tanto busca, são os primeiros a inibi-lo de
alcançar a paz que só Jesus pode dar através do
batismo. Oh! Senhor tende misericórdia destas
crianças que querem ingressar nas fileiras da paz,
paz que só Jesus pode lhes dar.
39- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Revigora (alimento do cristão)
Veja esta declaração de Ellen White: “E quão
mais verdadeiras são as palavras de Cristo quanto a
nossa natureza espiritual! Declara Ele: ‘Quem come
a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida
eterna’. É recebendo a vida por nós derramada na
cruz do Calvário, que podemos viver a vida de
santidade. E essa vida transmite-se-nos ao receber
Sua palavra, fazendo as coisas que Ele ordenou.
Tornamo-nos então um com Ele. ‘Quem come a
Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em
Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me
enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim, quem de Mim se
alimenta, também viverá por Mim’ (João 6:54, 56 e
57). Esta escritura aplica-se, em sentido especial, à
santa comunhão. Quando a fé contempla o grande
sacrifício de nosso Senhor, a alma assimila a vida
espiritual de Cristo. Essa alma receberá vigor
espiritual de cada comunhão. O serviço forma uma
viva conexão pela qual o crente é ligado a Cristo, e
assim ao Pai. Isso forma, em especial sentido, uma
união entre os dependentes seres humanos, e Deus.
Ao recebermos o pão e o vinho simbolizando o
corpo partido de Cristo e Seu sangue derramado,
unimo-nos, pela imaginação, à cena da comunhão
no cenáculo.” 8
A palavra profética é clara: “Recebemos vigor
espiritual”. Fica claro que a participação de todo
aquele que necessita ser mudado é importante, e
todos necessitamos; temos que participar da Ceia do
Senhor.
40- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Abençoados (para dar frutos)
Muitas vezes queremos os frutos quando os
galhos não estão ligados à videira. Vejamos João
15:1, 4, 5, contrastando com Ezequiel 15:1-5: João
15:1: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o
lavrador”.
Veja como Deus, em Ezequiel 15:1-5, nos
compara com a madeira da videira que, entre as
árvores dos bosques, não serve para nada, a não
ser para ser queimada e desprezada. Observe o
texto: “De novo veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo: Filho do homem, que mais do que qualquer
outro pau é o da videira, o sarmento que está entre
as árvores do bosque?
Toma-se dele madeira para fazer alguma obra?
ou toma-se dele alguma estaca, para se lhe
pendurar algum traste?
Eis que é lançado no fogo, para ser consumido;
o fogo devora ambas as suas extremidades, e o
meio dele fica também queimado; serve para alguma
obra?
Ora, quando estava inteiro, não servia para
obra alguma; quanto menos, estando consumido ou
carbonizado pelo fogo, se faria dele qualquer obra?”
Observe que Ezequiel compara o ser humano à
videira, cuja madeira não serve para nada a não ser
para ser queimada e jogada fora. Observe o tronco
de uma videira: é todo torto e não dá aproveitamento
algum; realmente, só serve para ser queimada. No
entanto, observe o texto de João 15:4: “Estai em
mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não
41- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
pode dar fruto, se não estiver na videira, assim
também vós, se não estiverdes em mim.”
Veja que Jesus confirma a Palavra de Deus em
Ezequiel: se estivermos ligados nEle seremos boa
madeira e produziremos bons frutos.
Os ritos que Jesus instituiu, a saber, batismo e
santa ceia, são formas que Ele mesmo instituiu para
estarmos ligados à Videira Verdadeira e produzirmos
frutos. Assim sendo, pode alguém que não está
ligado produzir frutos?
“Eu sou a videira, vós as varas; quem está em
mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer” (João 15:5).
Veja que a Palavra é clara: “porque sem mim
nada podeis fazer”.
Muitas vezes queremos que as pessoas
(aquelas de que estamos tratando aqui, ou seja, que
já deveriam ser batizadas) produzam frutos e até
mesmo que nossos filhos produzam frutos, quando,
na verdade, não estão ligados na videira através do
batismo e da participação na Ceia do Senhor.
Batismo e santa ceia não são apenas figuras
pedagógicas para nos ensinar alguma realidade
passada, presente ou futura. São ritos que Jesus
instituiu para alimentar Seu povo, e quem não
participa fica com fome, anêmico e morre
espiritualmente. Quando participamos, somos
abençoados. “Todos quantos ali chegam com a fé
baseada nEle, serão grandemente abençoados.” 9
Prejuízo (espiritual)
42- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
“Todos quantos negligenciam esses períodos
de divino privilégio, sofrerão prejuízo.” 10
No campo material, por natureza, sempre
gostamos de levar vantagens em tudo. No entanto,
no campo espiritual não deveria ser diferente.
Devemos desejar tudo aquilo que nos leva para
perto de Deus e de Sua força para podermos levar
vantagem espiritual, e nunca “prejuízo”. Devemos
ser facilitadores para que outros façam parte
também. Quando negligenciamos a ceia do Senhor,
sofremos grande “prejuízo” e ficamos em
desvantagens.
É possível que nossos irmãos em Cristo, ao
tomarem a ceia do Senhor, não o façam como Fonte
de Poder, mas como rotina, tradição, costume. Se
assim o é, necessitam ser reeducados em um
caminho mais excelente.
Batismo (recebimento do Espírito Santo)
É bom lembrar que a primeira atitude de Jesus
antes de iniciar seu ministério foi permitir ser
lavado/batizado para ficar apto para o trabalho e não
sofrer “prejuízo”. Jesus tinha que levar vantagem,
vencer em Seu ministério, e o batismo foi
fundamental no Seu preparo para o trabalho e no
recebimento do Espírito Santo para vencer Suas
batalhas contra Satanás. O mesmo é proposto a nós
em Atos 2:38 “Disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e
cada um de vós seja batizado em nome de Jesus
Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o
dom do Espírito Santo”.
43- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Sabendo que enfrentaríamos muitas lutas, não
só deixou o exemplo do batismo, mas também a
Ceia que Ele próprio instituiu – ambos para
recebermos o dom do Espírito Santo para levarmos
vantagens frente ao pecado, e nunca “prejuízo”. Se
quisermos que nossos filhos e aqueles que a nós se
agregam sejam vitoriosos, devemos incentivá-los a
participarem desses dois ritos sagrados. Eis então a
necessidade do batismo nas águas.
“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e
eis que se lhe abriram os Céus, e viu o Espírito de
Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.
E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus
3:16, 17).
Ao ser batizado, ficou cheio do Espírito Santo
e, consequentemente, apto para ser provado e
aprovado no serviço do Senhor diante dos homens e
do próprio Satanás. Veja também que, ao ser
batizado, mais uma vez é proclamado por Deus
como Seu próprio Filho. Não somos nós também
proclamados como filhos de Deus ao sermos
batizados? Não somos registrados no Livro da Vida?
Não está Deus preocupado em nos moldar a
semelhança de Seu próprio Filho? Não fará isso por
nós? Estou certo que sim. Lembre-se que esse nós,
é também aquela que se prostituiu, aquele que era
fumante e a criança cujos pais não são adventistas.
A esses Deus os tem como filhos, e por esses Jesus
também deu a Sua vida.
Não foi diferente com Seus discípulos: “Disselhe
Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe
Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo”
(João 13:8).
44- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
“Não tens parte comigo”, nesse contexto,
significa não ter parte em todas as graças a que
esse rito nos capacita, inclusive no ministério da
pregação e da purificação de nossos pecados.
Somos lavados (como os sacerdotes) para o serviço
e purificação. Não é tão somente um rito de
humildade.
Um cristão que não é batizado pode não estar
completo para fazer a obra da pregação ou para ser
purificado de seus pecados. Observou a gravidade
de não incentivarmos alguém ao batismo?
Lembre-se de que Jesus não fez nada
extraordinário antes de Seu batismo. Somente após
o batismo é que Ele desenvolveu Seu ministério,
ficando claro que lava-pés e batismo não são
apenas ritos de humildade, mas a entrada de todos
os crentes para o santo ministério.
Russell Burrill escreveu que: “De acordo com a
missão de Jesus, as pessoas são primeiramente
levadas a um discipulado inicial. Então são
batizadas no corpo de Cristo, que o Novo
Testamento claramente define como a igreja de
Jesus (I Coríntios 12:1). Nesse sentido, é impossível
ser batizado sem se tornar membro da igreja. [...] Os
que forem batizados sabem que entrarão num
relacionamento em que serão discipulados por
Jesus.
Adiar o batismo até que se tenha evidência do
discipulado inicial na vida da pessoa é contrário à
maioria dos planos atuais de crescimento. Contudo,
parece que seria melhor ter o sólido crescimento que
o ato de fazer discípulos garante do que o fraco
crescimento que os outros planos permitem. A
ordem da Grande Comissão é fazer discípulos, e
45- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
não produzir números de membros na igreja. Porém,
se a igreja for fiel à Grande Comissão, os que são
feitos discípulos devem imediatamente ser
batizados. A maioria dos exemplos de batismos no
Novo Testamento indica que as pessoas eram
batizadas logo após entrarem nesse discipulado
radical que faz de Jesus o Senhor total e absoluto de
sua vida. Dois exemplos são o eunuco etíope (Atos
8:26-40) e o carcereiro filipense (Atos 16:22-34).
Eles indicam que o batismo não era questão de
tempo, mas de conversão completa a Jesus como
Senhor.
Este capítulo não é um pedido para que se dê
tempo às pessoas antes que sejam batizadas. Não é
um pedido para que elas sejam aperfeiçoadas antes
do batismo. Tampouco é um pedido para que sejam
batizadas prematuramente antes que tenham sido
levadas ao discipulado inicial. Em vez disso, a
missão de Cristo é cumprida quando a igreja segue
a prescrição dAquele que nos ordenou que
fizéssemos discípulos. Assim, aqueles que nós
batizamos precisam ter os requisitos do discipulado
inicial conforme delineados por Jesus.” 11
2.4 Batismo: sentimento de pertencer
Voltemos ao exemplo do clube. Você já
experimentou aceitar o convite de ir a um clube onde
você não é sócio? Por mais que queiramos ficar à
46- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
vontade, o comum é não ficarmos. A sensação é de
que não temos a liberdade de um sócio, a liberdade
do pertencer.
Quando passa a ser sócio, você abre a
geladeira, entra na piscina, vai ao campo de futebol,
sem nenhum constrangimento ou com a
necessidade de pedir favores. Tudo fica mais fácil.
O batismo é a porta de entrada do pertencer,
do sentimento de que agora também sou “sócio”. Dá
liberdade de expressão, crescimento, ação. Você
pertence a um grupo; fez uma declaração pública e
isso o faz prosseguir, não regredir. É psicológico, e
funciona.
Hoje, em um mundo individualista, muitos
gostariam de ingressar em uma igreja só pelo senso
de pertencer, de ser aceito, amado. Quando
descobrem que a igreja pode oferecer muito mais
que isso – a salvação –, ficam maravilhados e nunca
mais querem sair desse cerco de proteção chamado
igreja.
Permita-me contar-lhe uma curta história: certa
ocasião, ao oferecer o batismo a uma pessoa que
frequentava a igreja, ela me disse: “Até que enfim
alguém está me convidando para fazer parte dessa
igreja. Tive que esperar um ano, frequentando todos
os cultos, para só então ser disponibilizado a mim o
convite de pertencer. Na verdade, o silêncio era tão
grande, que imaginei ter que esperar mais um ano
ou mais. Aceito o batismo. Aliás, – concluiu – é o
que eu mais quero.”
Parece ser mais fácil se associar a um clube
que a uma igreja, mas não deveria ser assim. É bem
verdade que o clube não corta privilégios, não
requer de você uma resposta moral, honesta, um
47- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
compromisso com Deus. No entanto, não sejamos
radicais, pois, não seria o caso de os “filhos das
trevas” estarem sendo mais prudentes que os “filhos
da luz”?
Uma história inspirada
Veja como Ellen G. White ilustra isso que
queremos dizer: “Eu sonhara que alguém me trouxe
uma peça de um tecido branco e me incumbiu de
cortar dele vestes para pessoas de todos os
tamanhos, de todas as condições de vida e de todas
as modalidades de caráter. Foi-me ordenado que as
cortasse e as deixasse preparadas para serem
feitas, quando reclamadas. Tive a impressão de que
muitos daqueles para os quais fora incumbida de
cortar vestes, não as mereciam. Indaguei então se
esta era a última peça de tecido que tinha a cortar,
ao que me foi respondido que não; que tão depressa
houvesse acabado essa, havia ainda outras para
cortar.
Senti-me desanimar ante o acúmulo de
trabalho que vi diante de mim; verifiquei que estivera
empenhada em talhar vestes para outros durante
mais de vinte anos e que o meu trabalho não fora
apreciado; também não podia ver que houvesse sido
de grande benefício. Falei então à pessoa que me
trouxera os tecidos, aludindo particularmente a uma
mulher, para a qual tinha sido incumbida de cortar
um vestido. Observei-lhe que não saberia apreciar o
vestido e que presenteá-la com o mesmo seria
perder tempo e tecido. Era muito pobre, de pouca
cultura, desordenada nos hábitos, de sorte que havia
48- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
de sujá-lo muito breve. A pessoa respondeu-me:
Corta o vestido. É esse o teu dever. O prejuízo não é
teu senão meu. Deus não vê conforme os homens
veem. Ele distribui o trabalho que deseja ver feito, e
não sabes qual deles prosperará, se este ou aquele.
Ver-se-á que muitas dessas pobres almas entrarão
no reino, enquanto outros, favorecidos com todas as
bênçãos da vida, tendo todas as vantagens para o
aperfeiçoamento, serão deixados fora.” 12
Esta declaração é tão forte que deveria ser alvo
de nossa atenção e estudo profundos. Ler e reler
esta declaração fortalecerá nossa visão de como
tratar o pecador e abrirá possibilidades a muitos em
que hoje, segundo nosso entendimento, não vemos
futuro espiritual.
49- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
3. BATISMO: A ATITUDE DE JESUS,
JOÃO BATISTA, PEDRO, FILIPE E
PAULO
Como Jesus encarou esses dilemas em seus
dias? Como foram os batismos desses homens de
Deus chamados João Batista, Pedro, Filipe e Paulo?
“Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus
discípulos” (João 4:2), realizaria Jesus, João Batista,
Pedro, Filipe ou Paulo um batismo de alguém que se
prostituiu e fumou, mas que agora pede o batismo
com a promessa de nunca mais repetir tais atos?
Quais seriam suas respostas a essas e outras
perguntas tão intrigantes em nossos dias?
3.1 Critérios que eles usavam ao batizar
Jesus, ao batizar alguém, (“ainda que Jesus
mesmo não batizava, mas os seus discípulos” João
4:2), dava ênfase na aceitação, na fé, no crer
dizendo: “ [...] quem não nascer de novo, não pode
50- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
ver o reino de Deus” (João 3:3 up.). Não queremos
com isso atestar que devemos batizar qualquer
pessoa que aparece na igreja sem que antes tenha
ao menos uma noção do “caminho”, através de
estudos bíblicos. Não é isso que queremos dizer.
A ideia que queremos transmitir é que a maior
preocupação de Jesus era com o pecador, que
sofre, chora e tem sentimentos. As regras não
sofrem, não choram, nem tampouco têm
sentimentos, pois são papéis, sem vida, inanimados.
Não foi pela lei, as regras, e detalhes das
normas que Jesus morreu, mas pelo pecador. As
regras têm seu lugar, e aplicadas com amor e na
hora certa, são bênçãos de Deus. Aplicadas na hora
errada, ou seja, sem a graça, podem atrapalhar o
crescimento da igreja e a salvação de quem sofre.
Corremos o risco de apenas fazer a transição de
“pecador” para “guardador da lei”. Isso se parece
mais com legalismo do que com salvação de
pessoas. Ou seja, uma transição sem sucesso.
Se não banharmos a Lei com o Sangue de
Jesus, ela se torna seca, áspera, rígida e, por mais
sincera que seja, o observador da mesma perceberá
que ela é pesada demais para uma geração
propensa ao pecado como a nossa. Observe e verá
que de Gênesis a Apocalipse, cada página Sagrada
está banhada com o Sangue de Jesus.
Os mandamentos de Deus são indispensáveis,
intocáveis e inegociáveis, e isso para o nosso
benefício e para o bom andamento da igreja de
Deus nesta Terra. No entanto, em face de uma
situação tão importante, a salvação de pessoas,
deveríamos avançar pela fé quando alguém
51- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
demonstra e aceita que Jesus pode fazer tudo por
ela.
Se o pecador crê que Jesus pode purificá-lo no
batismo, quem pode crer ou supor diferente? E se,
por ventura, a fé do pecador não for suficiente para
viver o que declarou no dia de seu batismo, não
teremos perdido nada, pois agimos como uma
organização que confiou, acreditou, investiu e teve
fé nAquele que tudo pode: Jesus Cristo.
Lembre-se de que avançar pela fé, em nosso
contexto, não é batizar um desconhecido que
aparece na igreja em dias de batismo. Avançar pela
fé é apostar, acreditar naquele que conhece a
doutrina e que pela fé se compromete a segui-la.
Nosso dever é calçá-lo com nossa experiência até
que ele ande sozinho. Certamente nesse trajeto
haverá muitos fracassos. No entanto, sejamos
pacientes com aquele que está iniciando uma vida
com Deus assim como temos paciência com nosso
filho quando ainda bebê.
Focados no erro
Quando Jesus estava para curar um homem da
mão mirrada no sábado, os líderes religiosos de sua
época O estavam observando com toda atenção e
preocupação. Estavam com muito “zelo”, mas não
para com o miserável doente, nem tampouco com
sua doença e dor. Não! Longe disso! Eles estavam
preocupados com o sábado, a letra (Marcos 3:2);
eram zelosos com a lei, o que fez deles frios e
indiferentes para com o que há de mais precioso
para Deus nesta Terra: o doente físico ou espiritual.
52- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Para eles a letra tinha mais valor que o pecador. Já
viu algo assim em nossos dias? Não nos parece
familiar e rotineiro em nossas igrejas?
É certo que existem momentos em que a letra
tem mais valor que o pecador (somente quando o
pecador não quer abandonar o pecado) e então são
aplicados os juízos, a saber, dois: um, aplicado pela
igreja, quando o pecador promete à igreja e a Deus
abandonar seus pecados e não cumpre, então a
igreja aplica a disciplina por conta do “abandono da
fé”. E outro momento de juízo, ocorrerá no juízo de
Deus, em que o pecador será condenado e
consumido da face desta Terra na condenação final,
e isso pela própria letra (lei) que não morre, mas que
permanecerá para sempre. É bom lembrar que isso
é prerrogativa de Deus, não nossa. Assim sendo,
avance pela fé, e se a pessoa batizada continuar no
pecado, ela certamente cairá no juízo da igreja, e, se
escapar desse por esconder seu pecado ou por
qualquer outra razão, certamente não escapará do
juízo divino, onde nem Deus vai condená-la, mas a
lei. Deus apenas vai dar a sentença baseado na lei
que Ele próprio criou. “E assim a lei é santa, e o
mandamento santo, justo e bom” (Romanos 7:12).
Fica claro que “não devemos nos preocupar
com o pecado”, mas sim, com o pecador. O pecado
é como a fruta madura, “mais dias ou menos dias,
ela cai do pé”. O pecador é semelhante, então
batize-o. Caso não seja uma conversão verdadeira,
logo, na maioria dos casos, o próprio pecador cairá.
Lembre-se de que, caindo, de todo não está
perdido, pois uma vez batizado, criou-se uma raiz
que, no futuro, poderá tornar a dar tronco, galhos,
folhas e, pelo poder de Deus, frutos. O medroso que
53- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
não avança pela fé, nunca poderá ver isso
acontecer, nunca terá experiências para contar. Vai
trabalhar sempre com a razão da letra e nunca dará
espaço para o milagre que também é bíblico. “No
amor não há medo. Antes o perfeito amor lança fora
o medo, porque o medo produz tormento. Aquele
que teme não é aperfeiçoado em amor” (I João
4:18).
Relembramos que, para aqueles líderes
religiosos, a lei estava acima da dor, do sofrimento,
das lágrimas, de uma possível cura acompanhada
de uma conversão. Eram escravos da palavra, da
letra. Não temos dúvidas de que a letra tem seu
lugar, e ai daquele que dela fizer descaso.
Lembremo-nos de Uzá (I Crônicas 13:9, 10) que,
desprezando a Lei de Deus, colocou a mão na arca
e o resultado foi a morte. “Então se acendeu a ira do
SENHOR contra Uzá, e o feriu, por ter estendido a
sua mão à arca; e morreu ali perante Deus” (v. 10).
Em nenhum momento devemos rebaixar as
normas; pelo contrário, o que devemos é exaltar a fé
em nossos corações na mesma proporção em que
exaltamos a lei, e isso pela fé, ao acreditar no
pecador que, pela crença em um poder superior a
ele, solicitou o batismo.
Houve apostasia na igreja apostólica
Dentre a multidão que veio para ser batizada
por João Batista, ou entre as multidões convertidas
relatadas no livro de Atos, será que todos, no dia
anterior ou mesmo no próprio dia, se portaram bem?
Será que encontraríamos uma indicação bíblica de
54- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
que eles rejeitaram alguém ao batismo por não ter
tido um bom comportamento? Todos que vieram a
eles foram batizados. Ficaram todos firmes na igreja
primitiva? Não houve nenhuma apostasia? Não
houve apostasia nos batismos que Jesus permitiu
que fossem batizados pelos Seus discípulos? Ou
nos batismos relatados em Atos ou nos dos dias de
Filipe e Paulo?
Houve apostasia 1 na igreja apostólica, pois
dentre outras razões, os batismos eram em massa.
Veja: “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram
batizados, havendo um acréscimo naquele dia de
quase três mil pessoas” (Atos 2:41). “Enquanto isso,
acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam
sendo salvos” (Atos 2:47). “Muitos [...] aceitaram,
subindo o número de homens a quase cinco mil”
(Atos 4:4). “E crescia mais e mais a multidão de
crentes, tanto de homens como mulheres” (Atos
5:14). “Crescia a Palavra de Deus, e, em Jerusalém,
se multiplicava o número dos discípulos, também
muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (Atos 6:7).
“A igreja [...] crescia em números” (Atos 9:31). “A
mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo,
se converteram ao Senhor” (Atos 11: 21). “Assim, as
igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia,
aumentavam em número”, (Atos 16:5).
Não foram batizados pela obra do Espírito
Santo? Por haver apostasia, poderíamos dizer que o
Espírito Santo errou em convencê-los ao batismo?
Não é possível que João tenha batizado ali no
Jordão alguém por puro impulso do momento e que
horas depois, acabada a emoção da pregação
convincente de João, tenha voltado ao repulsivo
pecado?
55- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Tudo isso foi possível, mas nem por isso Jesus,
Seus discípulos, João Batista e Paulo, foram
questionados ou tidos como relaxados com a Lei do
Senhor e, muito menos, reprovados por terem
batizado tanta gente. O que vemos nos batismos
desses homens é pregação, apelo e crença nAquele
que tudo pode.
O futuro pertence a Deus. Limpar o peixe é
prerrogativa de Deus, pescar o peixe é nossa. Não
queira fazer aquilo que você nunca vai conseguir e
“ainda que te laves com salitre, e uses muito sabão,
a mancha da tua iniquidade está diante de mim, diz
o Senhor Deus” (Jeremias 2:22).
Se pensarmos na graça como pensamos na lei,
e esse é o plano de Deus, é possível que façamos
uma grande obra em nossa casa, igreja, bairro,
cidade, país e mundo.
Se for uma mulher que se prostituiu no dia do
batismo e que nunca havia ouvido falar do
adventismo, damos a mão à palmatória ao zeloso
irmão que levantar a proposta e sugerir que essa
candidata receba os estudos e só então, consciente
de sua decisão, seja levada ao batismo. Mas se a
mulher que se prostituiu já tenha recebido os
estudos no passado e conhece o “caminho”, seria
prudente excluir, rejeitar ou criticar tal pessoa por ter
sido batizada? Por ter ela avançado pela fé? Por
termos, como igreja, acreditado que ela pode, pelo
poder de Deus, deixar todo pecado para trás e
avançar pela fé que Cristo há de libertá-la?
Rejeitaria Jesus um pedido de batismo da
mulher que “sete vezes ouvira ela Sua repreensão
aos demônios que lhe dominavam o coração e a
56- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
mente?” 2 Ela era a pessoa mais indicada ao batismo,
e eu quero crer que Jesus não a rejeitaria.
“As almas que a Ele se volvem em busca de
refúgio, Cristo erguerá acima da acusação e da
contenda das línguas. Nenhum homem ou anjo mau
pode incriminar a essas almas. Cristo as liga à Sua
própria natureza humano-divina. Acham-se ao lado
dAquele que tomou sobre Si os pecados, na luz que
procede do trono divino. ‘Quem intentará acusação
contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os
justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem
morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os
mortos, o qual está à direita de Deus, e também
intercede por nós’” (Rom. 8:33, 34). 3
Empatia
Um pastor está no tanque de batismo. Vamos
imaginar que sua filha se desviou da igreja, optou
pelo mundo da prostituição, e agora chega à igreja
sem que ele saiba e diz:
– “Pai, pequei contra o Céu e perante ti” (Lucas
15:18) e hoje quero me reconciliar com Deus e com
o senhor. Por favor, me batize.
O que pensa você? Ficaria triste esse pastor e
pai e diria:
– Filha, aguarde um pouco, vamos fazer uma
série de estudos e então você será batizada. – Ou
com lágrimas nos olhos abriria os braços de boasvindas
e diria:
– Filha, papai te ama, e “você é a coisa mais
linda que Deus tem”. Vem filha, vem para os braços
do incomensurável amor do Pai, e eu te batizarei.
57- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Amigo, sabe qual é nosso problema? Não
consideramos (alguns poucos) os pecadores como
filhos de nossa família cristã e, por isso, fazemos
tanta confusão para batizar alguém. O que
necessitamos é de ter filhos das entranhas do nosso
coração. Só então tudo vai dar certo. O sentimento
de pai para filho, o amor aí contido, apaga todas as
fraquezas passadas e impossibilidades futuras. No
amor há esperança, no medo há fracasso. Ame, tão
somente ame o pecador e verá maravilhas não só na
sua igreja, mas principalmente no seu próprio
coração.
Comentando o referido assunto da mulher pega
em adultério, veja o que Ellen White escreveu: “Não
ousava levantar os olhos para o rosto do Salvador,
mas aguardava em silêncio a condenação. Atônita,
viu os acusadores partirem mudos e confundidos;
então, chegaram-lhe aos ouvidos as palavras de
esperança: ‘Nem Eu também te condeno; vai-te, e
não peques mais’ (João 8:11). Comoveu-se-lhe o
coração, e ela se atirou aos pés de Jesus, soluçando
em seu reconhecido amor e confessando com
amargo pranto os seus pecados.
Isso foi para ela o início de uma nova vida, vida
de pureza e paz, devotada ao serviço de Deus. No
reerguimento dessa alma caída, operou Jesus um
milagre maior do que na cura da mais grave
enfermidade física; curou a moléstia espiritual que
traz a morte eterna. Essa arrependida mulher tornouse
um de Seus mais firmes seguidores. Com
abnegado amor e devoção, retribuiu-Lhe a
perdoadora misericórdia.
Em Seu ato de perdoar a essa mulher e animála
a viver vida melhor, resplandece na beleza da
58- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
perfeita Justiça o caráter de Jesus. Conquanto não
use de paliativos com o pecado, nem diminua o
sentimento da culpa, procura não condenar, mas
salvar. O mundo não tinha senão desprezo e
zombaria para essa transviada mulher; mas Jesus
profere palavras de conforto e esperança. O
Inocente Se compadece da fraqueza da pecadora, e
estende-lhe a mão pronta a ajudar. Ao passo que os
fariseus hipócritas denunciam, Jesus lhe recomenda:
‘Vai-te, e não peques mais’ (João 8:11).
Não é seguidor de Cristo aquele que,
desviando os olhos, se afasta do transviado,
deixando-o sem advertência prosseguir em sua
degradante carreira. Os que são mais prontos a
acusar a outros, e zelosos em os levar à justiça, são
frequentemente em sua própria vida mais culpados
que eles. Os homens aborrecem o pecador, ao
passo que amam o pecado. Cristo aborrece o
pecado, mas ama o pecador. Será esse o espírito de
todos quantos O seguem. O amor cristão é tardio em
censurar, pronto a perceber o arrependimento,
pronto a perdoar, a animar, a pôr o transviado na
vereda da santidade e a nela firmar-lhe os pés.” 4
Oh, querido! Até quando vamos ficar nos
digladiando em dias de batismo?! Que bom seria se
tivéssemos todas as noites batismos de irmãos
nossos que um dia se prostituíram, fumaram, se
drogaram, mas que se comprometem a nunca mais,
pelo poder do Espírito Santo, voltar às práticas do
pecado!
“Ide, porém, e aprendei o que significa:
Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não
vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao
arrependimento” (Mateus 9:13).
59- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Os dois critérios que João Batista pregou a
seus candidatos ao batismo foram: crer em Jesus e
confessar os pecados (Mateus 3:6). Provavelmente
eles já conheciam as demandas da lei. No entanto,
conhecer não quer dizer praticar e, possivelmente,
houve batismo de quem era apenas conhecedor da
lei e não praticante.
Crer
Veja que o crer era exigido por Jesus tanto
para batizar (Lucas 16:16) como para curar (Marcos
5:34).
João Batista pregava sobre os pecados de
seus ouvintes e os convidava ao arrependimento e
ao batismo. No entanto, não vemos nenhum indício
de exclusão ao batismo, ou especulação se as
pessoas estavam preparadas ou não. A verdade é
que todos eram batizados (Mateus 3:5, 6), e quando
os pecadores (fariseus e saduceus) vieram para ser
batizados, não foram impedidos ao batismo, mas
orientados a “produzirem frutos dignos de
arrependimento” (Mateus 3:8).
Não tenho dúvidas que muitos dos que foram
batizados por João junto ao Jordão, fracassaram em
continuar seguindo a Jesus, mas não vemos menção
ou preocupação quanto às apostasias. O que vemos
é uma preocupação em batizar (pescar). Quanto ao
permanecer, e permanecer com qualidade (limpar o
peixe), é algo muito pessoal, diferente e próprio de
cada pessoa. “Mas a vereda do justo é como a luz
da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito” (Provérbios 4:18).
60- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
3.2 Quem eles batizavam
Quem eles batizavam? Fariseus e saduceus
(Mateus 3:8); a multidão (Lucas 3:10); publicanos
(Lucas 3:12); soldados (Lucas 3:14); possíveis
prosélitos do judaísmo (Atos 16:15); carcereiros
(Atos 16:33); um alto oficial tesoureiro de reinos
(Atos 8:27), e muitos outros. Eles batizavam, em
muitos casos, a escória da sociedade. No entanto,
não vemos discussão, mas amor e ação em favor
desses sofredores dos mais diversos níveis, das
mais diversas nações, profissões e credo.
Partindo da crença de que eles iriam ser fiéis à
nova luz que agora receberam, eram encorajados e
batizados por tais homens de Deus aqui
mencionados.
A essa altura devemos continuar tendo em
mente duas verdades importantes: a primeira é que
temos o Manual da Igreja e ali se encontram todas
as orientações de como proceder com o batizando, e
isso para o bom andamento da igreja e para
salvaguardar os bons princípios de Deus. Por
exemplo, examinando o capítulo seis de nosso
Manual, veremos que todo candidato ao batismo
deve passar por uma “esmerada instrução sobre os
ensinos fundamentais e as práticas da Igreja
relacionadas com eles. [...] Importa não só dizer
‘creio’ mas também praticar a verdade.” 5
61- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
A segunda verdade é que estamos em
conformidade com o Manual da Igreja, pois em
momento algum estamos incentivando o batismo de
alguém que não tomou conhecimento de nossas
verdades ou Crenças Fundamentais. O que estamos
tratando aqui é de aceitação, amor, fé e apoio ao
pobre moribundo que já conhece a verdade, enfrenta
dificuldades, mas está cansado de tentar e nunca
conseguir.
Jesus não iria aplicar o capítulo seis de nosso
Manual ao ladrão da cruz. Se ele pedisse o batismo
ali mesmo, certamente seria batizado “pelo” nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo. O ladrão já
conhecia o judaísmo. O que ele precisava era de
aceitar Jesus, e isso ele fez na cruz.
O referido capítulo é aplicado aos que estão
vindo para a igreja sem nenhum conhecimento da
verdade. A esses cabe esperar enquanto tomam
conhecimento dos caminhos do Senhor, e o
conteúdo do capítulo seis serve para dar ao pecador
um parâmetro da vontade de Deus para cada filho
Seu.
O adventismo não é como o judaísmo nos dias
de Jesus, conhecido por todos. Daí se faz
necessário um doutrinamento para que se tenha
uma coerência de pensamentos diante da igreja,
comunidade, da Bíblia e de Deus.
Quanto ao se portar bem, certamente o ladrão
da cruz teria dificuldades, e uma grande verdade é
que o desejo herdado ou adquirido de roubar,
certamente viria à tona, mas que pela sua fé em
Jesus, pela obra do Espírito Santo, seria sublimada
para que vivesse uma vida santa diante de Deus.
Isso não quer dizer que até chegar a este estágio,
62- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
não cairia, talvez, “sete vezes”. “Pois sete vezes
cairá o justo, e se levantará” (Provérbios 24:16).
“Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor
o sustém com a Sua mão” (Salmos 37:24). Amém!
3.3 Como eles tratavam os pecadores e os
ingressavam na igreja através do batismo
Estude a vida de Paulo e você vai ficar
surpreso em ver quantas pessoas foram batizadas
através de seu ministério, sem passar pelo crivo dos
questionamentos de suas vidas particulares no
tocante aos seus pecados.
A função de Paulo era pregar e apelar para que
cressem na sua pregação (da lei e da graça) e,
crendo, eram batizados: (1) “Depois de ser batizada”
(Lídia de Tiatira – Atos 16:15); (2) “Naquela mesma
hora da noite, cuidando deles, lavou-lhes os vergões
dos açoites. A seguir, foi ele batizado, e todos os
seus” (o carcereiro de Filipos e sua família – Atos
16:30-34); (3) “Mas Crispo, o principal da sinagoga,
creu no Senhor, com toda a sua casa; também
muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram
batizados” (Crispo com toda a sua casa e os crentes
em Corinto – Atos 18:7-11); (4) “Eles, tendo ouvido
isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus”
(doze 6 crentes em Éfeso – Atos 19:3-5).
Todos foram batismos rápidos e talvez
acontecessem num primeiro contato com Paulo e
63- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
com a ideia do batismo. Muita demora enfada anjos.
Com isso, percebemos que Paulo aproveitava as
oportunidades e nunca deixava para depois. Tinha o
bom senso, a visão e o equilíbrio de perceber que
esses eram cristãos em potencial. Neles apostava e
pela fé avançava com o batismo. Pregava Cristo
(discipulado inicial), batizava-os, introduzia-os no
caminho e os pastoreava (discipulado contínuo). Ou
seja: ensinando, batizando e ensinando.
Penso que nunca deveremos batizar alguém se
o Espírito Santo não estiver primeiro convencendo a
nós mesmos desse batismo. Mas, sentindo que
temos que avançar pela fé que vem de Deus,
deixemos que Ele mesmo se encarregue de fazer
cumprir as praxes e as leis na vida do batizando. Ou
temos dúvidas de que Deus pode? “No amor não há
medo. Antes o perfeito amor lança fora o medo.
Aquele que teme não é aperfeiçoado em amor” (I
João 4:18). Talvez seja esse o grande segredo do
sucesso de Paulo: o amor, amor que gera coragem.
No caso da mulher pega em adultério conforme
o relato de João capítulo 8, Jesus nos dá uma
grande lição de como devemos tratar um pecador e
ingressá-lo à igreja.
“Em Jerusalém, o baluarte do judaísmo,
milhares declararam abertamente sua fé em Jesus
de Nazaré como o Messias. Os discípulos estavam
assombrados e sobremodo jubilosos com a
abundante colheita de almas.” 7
Apostasia.
64- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Nessa abundante colheita de almas, eu quero
entender que nem todos eram “santos”, ou estavam
totalmente preparados para a colheita. No entanto,
não vemos nenhum verso referindo-se aos que “não
estavam preparados”, ou que aparentemente
deveriam ficar de fora, como se fosse uma “seleção”.
Pelo contrário, o que vemos são os discípulos de
Jesus “sobremodo jubilosos com a colheitas de
almas”.
Interessante notarmos que a Bíblia não faz
menção direta dos discípulos discutindo sobre a
apostasia pós-colheita (batismo), ou fazendo disso
um “cavalo de batalha”. Por haver pouco relato (cf.
Hebreus 6:4-6) de apostasia, parece deixar
entendido que eles compreendiam que a apostasia
faz parte do processo de salvar pessoas.
A razão dessa compreensão natural de
apostasia é que o foco deles não era a evasão “pela
porta dos fundos”, mas sim, a salvação das pessoas.
Quanto à apostasia ou “evasão pela porta dos
fundos” (que com certeza foram muitas), eles devem
ter se preocupado e feito algo para ajudar as
pessoas. No entanto, seu foco principal, pelo que
percebemos, era salvar pessoas através do batismo.
“O coração do homem fremia de interesse ao
serem-lhe explicadas as Escrituras; e, ao terminar o
discípulo, estava pronto para aceitar a luz
proporcionada. Ele não fez de sua elevada posição
mundana uma desculpa para recusar o evangelho.
‘Indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma
água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede
que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês
de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio
que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar
65- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe
como o eunuco, e o batizou.’” 8
O pecador foi jubiloso e Filipe foi transladado
para outros lados a fim de continuar seu ministério.
Tudo deu certo porque Filipe não ficou preocupado
em saber como era a vida do Eunuco. Sua
preocupação foi explicar a Palavra e com alegria
atender ao pedido de batismo de seu estudante.
Quando assim procedemos, ambos ficamos felizes:
professor (Filipe= eu e você) e estudante (eunuco=
pecadores que Deus põe em nossas mãos).
3.4 Lutero e a graça
Visto que este capítulo trata de grandes
homens, permita-me relembrar e usar umas poucas
palavras sobre o precursor da reforma protestante,
Martinho Lutero.
Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero
afixou suas noventa e cinco teses na porta da capela
do Castelo de Wittenberg, a fim de protestar contra
uma teologia baseada nas obras salvíficas. Doutor
em teologia, ele defendeu o evangelho da graça até
o fim de sua vida. Em suas noventa e cinco teses,
em seu famoso livro The Freedom of the Christian (A
liberdade do Cristão), dedicado ao papa Leão X, e
em todos seus escritos e atos, fica claro e patente na
vida desse precursor da reforma que ele acreditava
66- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
que somos salvos em Cristo e tão somente pela Sua
graça (Sola Gratia).
Foi Lutero, usado por Deus, que tirou o jugo do
“fazer para merecer”, sendo um facilitador na vida do
crente e ajudando-o em sua peregrinação rumo à
Canaã celestial.
Não estamos nós, como pessoa (alguns
poucos), tendo o mesmo comportamento da igreja
medieval? Ou seja, querendo ser salvos por nossas
obras meritórias? Não está ocorrendo em nosso
meio, o fato de as obras e Cristo estar concorrendo
para ver quem realmente salva? Temos, ao longo
dos anos, dado tanta ênfase na guarda da lei e,
imperceptivelmente, colocado as leis como base
para nossa salvação? Devemos sempre lembrar que
somos salvos pela fé, e tão somente pela fé. A lei
mostra o pecado, não provê solução para ele.
É possível que todos aqueles que estão
crescendo na graça sejam salvos, pois santos são
aqueles que estão a caminho da santificação e não
apenas aqueles que já atingiram um estágio elevado
de obediência. Lembramos que muitos que estão
crescendo em Cristo, ainda fazem pouco ou quase
nada de Sua vontade, mas estão crescendo, têm o
desejo, entregam a Deus este desejo e a cada dia
acontece um milagre de transformação. Como diz
Salomão: “A vereda dos justos é como a luz da
aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito” (Provérbio 4:18). Uns brilham do dia para a
noite, outros dão muito trabalho (como pastor, eu
que o diga!), no entanto, são filhos também,
merecem paciência, carinho e toda atenção.
Devemos nos gloriar em uma única coisa: a
cruz de Cristo. Não nos gloriemos pelo que estamos
67- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
fazendo; gloriemos-nos pelo que Ele tem feito por
nós. Nenhum de nós está pronto, todos estão em
fase de “acabamento” espiritual até àquele dia em
que Cristo há de completar a “boa obra em nós” (cf.
Filipenses 1:6). “Calma e paciência” uns com os
outros; penso ser este um bom conselho.
68- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
4. DEUS PERMITE JOIO NO MEIO DO
TRIGO
Jesus era um facilitador. Nunca complicava as
coisas. Onde chegava, levava paz, perdão, amor,
aceitação e, quando saía, deixava pessoas felizes,
animadas, com esperança e um ambiente de alegria.
Neste mundo de dores, corações rasgados
pelos traumas e frustrações da vida, olhos cheios de
lágrimas, medo do futuro, medo da vida, da velhice,
da morte, do câncer, medo de perder quem ama, de
perder um filho para as drogas... enfim, as pessoas
estão em busca de um lugar, talvez um único lugar,
no qual esperam e creem encontrar aceitação e paz
em seu coração, enquanto o mundo ao redor se
afasta das pessoas para não se envolver com seus
problemas. Que lugar é esse? Esse lugar se chama
Igreja.
Se as pessoas se frustrarem ali, perderão suas
esperanças. Definitivamente a igreja deve ser esse
lenitivo que todo o mundo espera que seja,
lembrando que a igreja sou eu, é você. As quatro
paredes, ou seja, sua estrutura física é fria, mas nós
temos sentimentos, amor, calor humano para
partilhar, palavras doces para dizer. A parede de
uma igreja não tem lágrimas para compartilhar, nós
69- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
temos; podemos chorar com os que choram e amar
os menos amados.
Jesus era um facilitador, sejamos um também.
“Quando a alma que errou se arrepende e se
submete à disciplina de Cristo, cumpre dar-lhe outra
oportunidade. E mesmo que se não arrependa e
venha a ficar colocada fora da igreja, os servos de
Deus têm o dever de tentar esforços com ela,
buscando induzi-la ao arrependimento. Se se render
à influência do Espírito de Deus, dando evidência do
seu arrependimento, confessando e renunciando ao
pecado, por mais grave que tenha sido, deve
merecer o perdão e ser de novo recebida na igreja.
Aos seus irmãos compete encaminhá-la pela vereda
da justiça, e tratá-la como desejariam ser tratados
em seu lugar, olhando por si mesmos para que não
sejam do mesmo modo tentados.” 1
4.1 Compaixão pelos que erram 2
Todavia, entre nós se tem feito notar uma falta
de simpatia e amor, profundo e sincero, em prol dos
que são assediados por tentações ou que vivem no
erro. Muitos têm revelado aquela frieza glacial e
negligência pecaminosa que Cristo figurou no
indivíduo que passa de largo, guardando a maior
distância possível dos que mais necessitam de sua
ajuda. A alma recém-convertida sustenta, muitas
vezes, lutas tremendas com hábitos arraigados ou
70- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
tentações especiais e, se sucede ser vencida por
uma paixão ou uma de suas inclinações mais fortes,
incorre naturalmente na culpa de imprudência ou
real injustiça. Nessas circunstâncias é preciso que
os irmãos desenvolvam energia, tato e sabedoria, a
fim de ser-lhes restituída a saúde espiritual. É a
esses casos que se aplica a admoestação divina:
“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido
nalguma ofensa, vós, que sois espirituais,
encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando
por ti mesmo, para que não sejas também tentado”
(Gálatas 6:1). “Mas nós, que somos fortes, devemos
suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a
nós mesmos” (Romanos 15:1). Quão pouco, porém,
os discípulos professos revelam desse amor
compassivo de Cristo! Quando alguém comete uma
falta, outros não raro tomam a liberdade de agravar
tanto quanto possível o caso. Indivíduos que
provavelmente cometem faltas da mesma gravidade,
embora de natureza diversa, ousam tratar seu irmão
com cruel severidade. Faltas que foram cometidas
por ignorância, inadvertência ou fraqueza, são
transformadas em pecados propositais e
premeditados. E quando almas chegam a apostatar,
há indivíduos que, cruzando os braços, solenemente
declaram: “Pois não dizia eu? Sabia perfeitamente
que com essa gente não se podia contar”. Desse
modo adotam a atitude de Satanás, e em seu
espírito rejubilam porque suas malignas suposições
se provam certas.
É natural encontrarmos, nos que são moços e
inexperientes, grandes imperfeições que devemos
estar dispostos a suportar. Cristo nos ordenou
encaminhar os que são espiritualmente fracos, e nos
71- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
torna responsáveis se, por nossa conduta, forem
levados ao desânimo, desespero e ruína. A menos
que cultivemos diariamente a tenra e preciosa planta
do amor, correremos o risco de tornar-nos egoístas,
apáticos, pessimistas e críticos, tendo-nos na conta
de justos, quando estamos longe de ser aceitos aos
olhos de Deus. Alguns são indelicados, ríspidos e
severos. São como as cascas ouriçadas das
castanhas, ferem ao mais leve toque, e fazem muito
mal por isso que representam falsamente o caráter
do amoroso Salvador.
Temos de atingir um padrão mais elevado ou
seremos indignos do nome de cristãos. Cumpre
cultivarmos o espírito que Cristo manifestou em Seu
esforço para salvar os que erram. Estes Lhe são tão
caros como nós, e podem igualmente tornar-se
troféus de vitórias de Sua morte e herdeiros de Seu
Reino. Mas estão expostos às ciladas de um inimigo
astuto, ao perigo e corrupção, e sem a mão
salvadora de Cristo, caminham para a ruína certa.
Pudéssemos ver isto em sua plena realidade, quanto
nosso zelo seria estimulado e nossos esforços
redobrados para atingir essas pessoas que estão
necessitando de nosso auxílio, orações, simpatia e
amor!
72- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
4.2 Condições para o crescimento 3
Quero compartilhar com você alguns
pensamentos sobre o “ambiente” que, na intenção
de Cristo, deve ser mantido em nossas igrejas – um
ambiente acolhedor e que ofereça segurança para
os indivíduos crescerem. Meus comentários são
sobre a história contada por Jesus e que está
registrada em Mateus 13:24-30, uma história que
você conhece bem. É sobre o campo que está
quase pronto para a colheita, mas a inevitável erva
daninha aparece e complica tudo. Quem é
responsável por esse joio e o que deve ser feito com
ele? O Dono do campo (e o campo, nessa história, é
a igreja ou a comunidade de fiéis) não tem culpa. O
joio está lá; e assim é a vida – são assim as pessoas
– e a mesma coisa acontece na igreja.
Então, o que devemos fazer com essa mistura
de trigo e joio? Devemos investigar e determinar o
que é o quê, e arrancarmos o joio? Jesus disse: –
“Não, essa não é uma boa ideia” – E essa é Sua
decisão final sobre o assunto. – “Por enquanto,
deixe como está”, – diz Ele – “Eu mesmo vou cuidar
disso, a Meu tempo”.
Entretanto, nosso impulso natural é arrancar o
joio e, de algum modo, nos livrarmos dele. Mas o
Senhor da colheita diz: – “Não! Agora não”.
Essa parábola fala muito sobre como o Senhor
vê a humanidade e sobre a realidade da vida na
73- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
igreja. Ele está dizendo que a igreja é formada de
solos muito distintos, e essa é simplesmente a
realidade em que vivemos.
Creio que, pela presença e ação do Espírito
Santo, a igreja pode tornar-se uma comunidade
melhor; podemos crescer em nosso compromisso e
devoção, podemos nos tornar mais úteis a Ele,
podemos aprender com nossos erros do passado.
Não tenho qualquer simpatia para com os que têm a
tendência de realizar uma purificação pré-advento
da igreja, impulsionados pela mentalidade de “vamos
arrancar tudo o que se parece com joio”.
Quando o Dono da Terra diz: – “Deixe o joio
por enquanto”, – Ele não está questionando se na
igreja há pessoas que são estranhas ao Senhor.
Pode ser que em algum período O tenham
conhecido, mas por alguma razão tornaram-se
fracos em sua caminhada. Mesmo assim, acham
conveniente e seguro permanecer; possivelmente há
um emprego em jogo, ou isso envolva questões
familiares importantes. Para essa realidade, o
Senhor diz: – “Deixe que fiquem. Não é uma boa
ideia deixar essas pessoas no ostracismo ou como
responsáveis pelo terreno; não façam uma limpeza
geral. Eu mesmo irei realizá-la quando achar melhor.
É muito arriscado deixar que você faça isso”.
Podemos perguntar: – “Certamente é bom
fazer uma limpeza. Que risco há nisso?”
O risco é muito alto por causa de minha
própria humanidade. Não seria possível que eu
cometesse um engano ao avaliar outra pessoa?
Tenho certeza, realmente, de que conheço completa
e apuradamente o que há no interior da outra
pessoa? Certamente, Deus sabe. E se uma pessoa
74- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
se torna difícil na igreja, especialmente se for um
adolescente, não é possível que tal comportamento
seja assim porque Deus, de algum modo, está
lidando com ele ou tocando em sua vida? Só Deus
sabe o que é necessário para nosso crescimento
pessoal; eu não sei.
O risco é muito alto porque hoje ainda é o dia
de salvação. Pode ser que sejamos capazes de
identificar e rotular o “joio”, mas não podemos nos
esquecer de que Deus ainda não terminou Seu
trabalho. Não estou falando sobre aqueles, em
nossas igrejas, que abertamente abusam ou
desobedecem aos ensinos da Palavra de Deus.
Essas pessoas devem ser disciplinadas pela igreja,
para sua própria salvação. A Bíblia dá à igreja a
autoridade e a responsabilidade de responder a tais
situações. Mas estou falando de um número maior
de pessoas que podem estar gastando seu tempo à
margem do reino de Deus. Temos muitos jovens que
desaparecem da igreja porque se sentem indignos e
rejeitados. Fazemos com que se sintam
espiritualmente fracassados. Nós presumimos a
mente de Deus muito facilmente. Não é possível que
Ele seja mais generoso do que eu?
Vejam as palavras vindas [...] de Ellen White:
“Conquanto em nossas igrejas, que pretendem crer
em verdades avançadas, haja pessoas em faltas e
erros, como o joio em meio do trigo, Deus é
longânimo e paciente. [...] Ele [...] não destrói os que
são vagarosos em aprender a lição que lhes quer
ensinar; [...] Não devem os membros da igreja tomar
alguma resolução espasmódica, zelosa, precipitada,
ao excluir os que eles porventura considerem de
caráter defeituoso.” 4
75- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
O risco é demasiado elevado, porque a própria
igreja é prejudicada por pessoas que se
intrometem, mesmo que levemente, na vida e
opiniões de outras pessoas. E o estrago pode se
espalhar rapidamente; o ambiente pode se deteriorar
de tal modo que as pessoas boas podem ser
levadas a se sentir inseguras em seu lar espiritual. O
ambiente da igreja torna-se desagradável e
indesejável, em vez de um lugar onde as pessoas se
sintam confortáveis e desejadas, salvas e seguras,
aceitas e livres.
Arrancar as ervas daninhas do jardim é muito
perigoso porque eu, o investigador, prejudico a
mim mesmo com essas atividades. Minha missão
equivocada altera meu caráter e minha
personalidade se torna sem atrativos. Sou lembrado
pelas palavras de um dos meus ex-professores,
falando a alguém que, por algum motivo, se
vangloriava de seus feitos e criticava as realizações
dos outros: “Então, você se acha perfeito, mas tem
que ser hostil por causa disso?”
Nossas congregações devem ser lugares de
cura e renovação. Devem ser lugares atrativos para
receber os infiéis. Devem ser lugares onde os
infiéis se sintam em casa, valorizados e aceitos.
Não devem ser campos de batalha, mas Cidades de
Refúgio. Será que a igreja onde você e eu adoramos
pode receber tal título? Que tipo de ambiente
espiritual estamos criando? Se sua igreja não é a
sociedade espiritual mais atrativa e convidativa de
sua comunidade, o que você fará para mudar esse
quadro?
Nossas igrejas não são clubes exclusivos para
os que são bons e merecedores. Deus
76- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
constantemente está justificando pecadores; eles
devem ser calorosamente recebidos em nossas
igrejas, pois ela é o seu legítimo lar. Serei franco
com você: detestaria gastar meu tempo circundado
por pessoas que pensam que tudo o que fazem é
perfeito. Elas se tornam arrogantes, frias e judiciosas
para com aqueles que ainda necessitam crescer.
Cristo nos aceitou a todos “quando ainda éramos
pecadores” (Romanos 5:8). A aceitação é o fôlego
da humanidade. Onde ela é negada, nossa
respiração vacila. O ar se torna rarefeito e a vida
insuportável!
Está ao nosso alcance criar e modelar o
ambiente espiritual de nossas comunidades para o
futuro. Meu apelo é que criemos um lugar feliz,
familiar, acolhedor, no qual as pessoas possam
comunicar-se, compreender-se mutuamente,
respeitar-se e reconhecer que o Senhor está sempre
em ação, tornando melhor aquilo que, em nossa
opinião, pode não estar perfeito.
77- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
5. O CONTEXTO TEOLÓGICO EM
QUE SURGIU NOSSA IGREJA
Homens e mulheres de várias denominações
compunham o corpo de líderes nos primórdios de
nossa igreja.
Tiago White (Conexão Cristã), Ellen White
(Metodista) e José Bates (Conexão Cristã) foram os
cofundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia. 1
João Nevins Andrews (Milerita) 2 , “teólogo
capaz, fez importantes contribuições para o
desenvolvimento de várias doutrinas da Igreja,
inclusive o tempo de iniciar-se e encerrar-se o
sábado.” 3
A maioria de nossos pioneiros veio de religiões
que não observavam a lei. Não guardavam o
sábado, não criam na doutrina do Santuário e
tampouco faziam abstinência do tabaco e alimentos
imundos como a carne do porco e outras.
Depois de muita oração e estudo da Palavra de
Deus, eles começaram a descobrir essas doutrinas e
ficaram maravilhados com as novas verdades.
Como tinham que defender a nova fé,
aprimoraram então seus conhecimentos bíblicos e
tornaram-se especialistas na lei, principalmente no
sábado.
78- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Ellen G. White chegou a declarar que “como
um povo, pregamos a lei até que ficamos secos
como as colinas de Gilboa, que não tinham orvalho
nem chuva. Devemos pregar Cristo na lei.” 4
Preocupados em viver e pregar as verdades a
respeito da lei, acabaram colocando a lei como
sendo um meio para nossa salvação. 5 Viam Cristo
como um Salvador do passado e, uma vez salvos
por Ele, deveriam, a partir de então, guardar a lei se
quisessem ser salvos. A fé tinha seu lugar até à
conversão; dali para frente tinha que haver obras.
Na verdade, até os dias de hoje, muitos
adventistas estão equivocados quanto à forma pela
qual somos salvos.
Veja que esse pensamento perdura em nosso
meio, fruto de uma herança adquirida e herdada de
nossos pioneiros.
Não está sendo fácil tirar de nosso meio essa
herança teológica em que as obras meritórias têm
lugar em nossa salvação. Nem parece que somos
evangélicos protestantes, que um dia protestamos
contra as rezas como um meio para perdão de
pecados.
Esse pensamento de salvação pelas obras
ainda permeia em nosso meio, consciente ou
inconscientemente, tem alguma influência no
trabalho missionário e na razão de termos tão
poucas pessoas envolvidas na obra do Senhor hoje.
Os números comprovam que a maioria dos
adventistas não está envolvida no trabalho de salvar
pessoas. Para que salvar gente? Já estou
salvo/perdoado por guardar o sábado, ou seja: por
rezar (guardar a lei) X vezes (toda minha vida fui
“fiel”).
79- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Quando pensamos que nossa salvação é pelas
obras, que guardamos os mandamentos e estamos
seguros de nossa salvação, então a tendência é não
nos preocuparmos com a salvação de outros. Somos
egoístas por natureza e isso se torna mais evidente
quando se refere a algo meritório. É possível, pois a
lei, sem a graça, nos deixa indiferentes para com as
pessoas. A lei não nos constrange na missão. O que
nos constrange é Cristo, Seu perdão e Seu amor
para com todos. No entanto, quando a lei está
envolvida com o amor, nos preocupamos com as
pessoas. Levamos a graça e a lei. A graça, porque é
o único meio de salvação, e a lei por ser um cerco
de proteção.
Temos um objetivo: transição de pensamentos,
de ideias, de atitudes e nunca de princípios. Razão:
salvar gente que sofre... Que chora... Que... Só Deus
sabe quanta dor nós podemos amenizar se fizermos
uma transição em nossas vidas.
80- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
6. OS NÚMEROS E O BATISMO
Os números devem fazer parte no trabalho de
Deus? É correto contar o número de pessoas que
são batizadas? Preocupar-se em atingir uma meta
(alvo) proposta é correto? A essa altura, outras
perguntas poderiam ser feitas, mas vamos ao ponto:
devemos ter alvo de batismo ou não? Novamente
vemos conservadores e liberais se digladiando
também nesse ponto, quando o equilíbrio, palavra
tão escassa, resolveria tudo. Lembramos que o
equilíbrio tem um endereço, ele mora no coração
convertido.
6.1 O Jogo dos Números 1
Em seu livro Leading Your Church to Growth
(Levando Sua Igreja a Crescer), Peter Wagner
descreve seu encontro com um indivíduo que lhe
manifestou um desgosto relacionado à consideração
aos números no trabalho pastoral. “Minha Bíblia diz
81- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
que devo alimentar as ovelhas, não contá-las”, disse
ele.
Posteriormente, Wagner leu o livro de Phillip
Keller, intitulado A Shepherd Looks at Psalm 23 [Um
Pastor, Segundo o Salmo 23]. Keller, um criador
profissional de ovelhas, diz que “para um pastor
cuidadoso, é essencial examinar seu rebanho todo
dia, contando-o, para assegurar-se de que todas as
ovelhas estejam bem”. Então, Wagner concluiu que
“contar as ovelhas é uma parte tão natural da vida
pastoral, que Jesus quis que Seus seguidores
soubessem disso. É bíblico alimentar as ovelhas,
assim como é bíblico contá-las”.
Na verdade, a única maneira pela qual o Bom
Pastor ficou sabendo que uma ovelha se havia
extraviado das demais foi contando-as até chegar ao
número 99. Peter Wagner comenta: “O próprio Deus
faz contas. Ele tem contados os cabelos da cabeça
de todas as pessoas. Quando alguém, pela fé,
aceita a Cristo, tem o nome escrito no livro da vida
do Cordeiro. Mesmo a menor de Suas criaturas é
importante no Céu e é individualmente reconhecida.
Existe alegria no Céu por um pecador que se
arrepende (Lucas 15:7), de modo que todos devem
ser mantidos registrados”.
Segundo percebo, as pessoas que se opõem
aos números, normalmente estão tentando evitar a
superficialidade no compromisso cristão. [...] Eu
estou vitalmente interessado em não perder homens
e mulheres que, pela fé, nasceram de novo em
Cristo Jesus. Estou interessado em verdadeiros
discípulos que tomam sua cruz diariamente e
seguem a Jesus. Estou interessado em súditos do
reino que fazem de Cristo o Seu Senhor, estou
82- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
interessado em indivíduos cheios do Espírito,
pessoas que experimentaram Seu poder e utilizam
os dons espirituais recebidos. Estou interessado em
crentes responsáveis que continuam perseverando
“na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir
do pão e nas orações” (Atos 2:42), como faziam os
crentes da igreja de Jerusalém. Quando os números
representam esse tipo de pessoas, eles são mais
que mero “jogo de números”. Na verdade, tornam-se
um jogo de vida ou morte, tempo ou eternidade.
Quando Cristo ordenou que Seus discípulos
fossem a todo o mundo e fizessem discípulos, Ele
estava pensando em números – a quantidade de
indivíduos que se tornariam discípulos. E, aos
críticos, Bailey Samith tem uma resposta apropriada:
“Não nos esqueçamos de que todos os números são
múltiplos de um. Cem é uma centena de um. Mil é
um milhar de um. Assim, é possível estar
sinceramente preocupado com cada um de cem ou
mil. Necessitamos nos preocupar com todos”.
Na grande comissão, está claro que a igreja
deve multiplicar-se, não simplesmente manter-se. O
livro de Atos é a história do crescimento da igreja, e
isso nos fala de números. “Então, os que lhe
aceitaram a palavra foram batizados, havendo um
acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas”
(Atos 2:41). “Enquanto isso, acrescentava-lhes o
Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (Atos
2:47). “Muitos... aceitaram, subindo o número de
homens a quase cinco mil” (Atos 4:4). “E crescia
mais e mais a multidão de crentes, tanto de homens
como mulheres” (Atos 5:14). “Crescia a Palavra de
Deus, e, em Jerusalém. Multiplicavam-se o número
dos discípulos, também muitíssimos sacerdotes
83- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
obedeciam à fé” (Atos 6:7). “A igreja... crescia em
números” (Atos 9:31). “A mão do Senhor estava com
eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor”
(Atos 11: 21). “Assim, as igrejas eram fortalecidas na
fé e, dia a dia, aumentavam em número” (Atos 16:5).
A mensagem é óbvia. Se a igreja deve estar
interessada no que Jesus estava, também terá
interesse em números de pessoas atraídas para Seu
reino.
De acordo com Tom Stebbins, “alguém sugeriu
que, antes de podermos ganhar uma pessoa para
Cristo, devemos ganhá-la para nós mesmos.
Partilhar o evangelho é algo muito pessoal. Estamos
invadindo as áreas mais privativas da vida de uma
pessoa. Assim, primeiramente, devemos ganhar a
confiança dessa pessoa, e construir algum laço de
amizade”.
Portanto, nossos métodos evangelísticos
devem transformar descrentes em amigos, amigos
em crentes, e crentes em discípulos. Sim, grande
número de discípulos.
O jogo dos números – conclusão
Assim como os pontos de vista acima, a
conclusão também é simples, ou seja: o alvo tem
seu lugar para nos mensurar, nortear, organizar.
Exceto a isso, nenhuma ansiedade nos deve
motivar. Nosso “negócio” é salvar gente, muita
gente. Estamos atrelado a Deus e a salvação de
homens, coisa contrária, é fazer do alvo uma escada
para sustentar desígnios errados.
84- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Uma vez alcançado, o alvo denota trabalho
cumprido, iniciativa, luta, desprendimento, garra,
perseverança, e outros. Porém, alvo é muito mais
que isso; é poder mensurar aqueles que estão ao
nosso alcance e salvá-los quando ninguém se
preocupa com eles. Se nosso alvo é coerente e
determinado em “X”, deveríamos nós atingir menos?
Lutar por um ideal (alvo) é ter na vida um ponto de
partida e um de chegada, saber onde estávamos,
onde estamos, e onde queremos chegar. Significa
gostar de vencer, e ver pessoas salvas.
“Decidir antecipadamente o que fazer é uma
das atividades nobres da inteligência. Trabalhar com
o acaso é menosprezar a inteligência. Planejar
requer grande esforço mental, muitos dados e
imaginação. Com base em informações e na
experiência, a pessoa planeja o que deve ser feito
para corresponder às necessidades que ainda
virão.” 2
“É espantoso como bem poucas igrejas têm um
plano diretor pelo qual possam acompanhar seu
desempenho e medir seu progresso. [...] Esse é um
erro fundamental. [...] Jesus tinha um plano e
obedeceu a ele fielmente. [...] Um plano faz com que
você assuma o controle sobre suas energias e
atividades. Você se torna pró-ativo e não reativo.” 3
Observe que as adições à igreja apostólica
eram uma constante, dando-nos o exemplo de que
devemos crescer em números diariamente, “pois
tudo o que outrora foi escrito, para o nosso ensino
foi escrito” (Romanos 15:4).
No dia de pentecostes: “Os que de bom grado
receberam a sua palavra foram batizados, e naquele
dia agregaram-se quase três mil almas”, (Atos 2:41).
85- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Adições diárias: “E todos os dias acrescentava
o Senhor à igreja aqueles que iam sendo salvos”,
(Atos 2:47, ú.p.).
Número aumentado após o Pentecoste:
“Muitos, porém, dos que ouviram a palavra, creram,
e chegou o número desses a quase cinco mil”, (Atos
4:4).
Veja mais adição no livro de Atos e em relação
à pregação de Paulo em Atos 5:14; 9:31; 11:24;
14:1; 16:5; 17:4; 18:8.
“A ordem quádrupla de ir... ensinar... batizar...
fazer discípulos ressoa em todos os lugares em que
os adventistas do sétimo dia trabalham ou se
reúnem.
[...] Esse desafio requer uma abordagem franca
e analítica na determinação de onde a Igreja se
encontra em relação com a ordem do Senhor. Não é
suficiente medir o sucesso por padrões seculares,
não é suficiente dar prioridade a esses padrões. O
compromisso total para com Deus envolve,
essencialmente, a total aceitação dos princípios do
cristianismo apresentados na Bíblia e apoiados pelo
Espírito de Profecia. As congregações, instituições,
obreiros e membros da Igreja podem facilmente se
satisfazer com os alvos alcançados, com os fundos
levantados, com as construções concluídas, com os
balanços equilibrados, com as autorizações
conseguidas e renovadas e ainda deixar de cumprir
sua responsabilidade diante de Deus com respeito à
Comissão Evangélica. A primeira e constante
prioridade da Igreja deve ser a ordem do Senhor:
Ide... ensinai... batizai... fazei discípulos.” 4
Diante de tal declaração, chegamos
definitivamente à conclusão que nosso objetivo não
86- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
é números como um fim em si mesmo, mas um meio
para cumprirmos nossa fidelidade a ordem do
Mestre expressa na Comissão Evangélica.
87- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
7. A IGREJA NÃO VOTA BATISMO,
VOTA ACEITAÇÃO DE MEMBRO
É bom lembrar que a igreja vota o
recebimento de membro na igreja local e não o
batismo. A orientação do Manual da Igreja, do Guia
Para Ministros, e da Associação Ministerial da
Divisão Sul-Americana assim declara:
“Depois de os candidatos, na presença dos
membros da igreja ou de outra corporação
devidadamente designada, responderem
afirmativamente às perguntas do voto, ou ter sido
assegurado à igreja que tais respostas já foram
dadas, deve-se pedir aos membros da igreja que
votem sobre sua aceitação na mesma, mediante o
batismo, que não deve ser indevidamente
retardado.” 1
Veja a seguir um modelo de votação contido no
Guia Para Ministros. Observe que não existe
nenhuma indicação ao voto batismal, mas tão
somente ao voto de recebimento de membro.
“A votação dos candidatos como membros
da igreja pode ser feita antes ou depois do batismo.
Líder:
Como uma congregação, estais dispostos a
abrir o coração, o lar e vossos recursos espirituais e
88- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
emocionais para estes novos membros da família
que hoje estão sendo recebidos?
Congregação:
Sim, estamos.
Todos:
Agora somos todos membros do corpo de
Cristo. Vocês são nossos irmãos e irmãs. O Espírito
Santo é o nosso Confortador e Sustentador.
Aceitamos e comemoramos o ingresso de vocês
na família de Deus.
Pode ser solicitado que os candidatos venham
à frente ao ser feita a votação deles como
membros. Depois do voto, o pastor e os anciãos
que estão na plataforma geralmente descem,
entregam um certificado de batismo a cada um dos
que foram batizados e, em nome de toda a
congregação, estendem a mão direita da comunhão,
recebendo-os na família da igreja.” 2
“Não há embasamento no Manual da Igreja
nem no Guia Para Ministros para a prática de votar
batismos. O correto é votar o recebimento do
candidato como membro, e não o seu batismo.
[...] Talvez a prática não correta tenha
começado pela expressão “voto batismal”. Mas o
voto é um compromisso solene expresso pelo
candidato, é o nome dado a sua profissão de fé.
Após o candidato comprometer-se publicamente
com as doutrinas adventistas, a igreja toma um voto
de recebimento como membro e não um “voto
batismal.” 3
Concluímos que não é correto uma comissão,
líder ou membro de igreja dizer: “Eu não vou votar o
batismo desse candidato”. O que uma comissão,
líder ou membro de igreja tem o direito de votar ou
89- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
não votar, é a aceitação dessa pessoa como
membro de igreja. No caso, ele poderá dizer: “Eu
não vou votar o recebimento dessa pessoa em
nossa igreja”. Em outras palavras, “eu não quero
aceitar esse batizando na condição de membro”.
Essa conclusão pode ser tomada ao fazermos o
Exame Público por ocasião do batismo, conforme
orienta o Manual da Igreja na página 31.
Nesse caso, se o pastor julgar necessário
batizá-lo, para o bom andamento de sua vida
espiritual, ele o faz, então, o batizando passa a fazer
parte de outra igreja do Distrito que o queira receber
na condição de membro, ou fazer parte da igreja 4 da
Associação/Missão. No entanto, desconheço um
pastor que tenha feito uso de tal recurso, mas ele
existe e pode ser usado, contudo, estamos trazendo
esta informação não como incentivo à prática, mas
como informação e crescimento da igreja.
7.1 Batismos... Quem decide?
O pastor, depois de considerar todos os fatos,
inclusive aqueles que só ele pode vivenciar e
conhecer por conta de seu chamado e trabalho,
então, deve ele decidir se uma pessoa vai ser
batizada ou não (exceto os casos especiais que são
votados pela Mesa Diretiva da Associação/Missão).
Ele, é que foi preparado e chamado para isso, e está
90- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
autorizado pela igreja e por Deus para tal. A nenhum
irmão, comissão ou igreja compete tal decisão.
“É necessário levar todos os nomes para o
conselho da igreja aprovar antes do batismo? A
resposta é clara: “não”. Nada no Manual da Igreja
sugere que esta prática seja seguida. Os membros
do conselho nem sempre estão familiarizados com
os candidatos ao batismo, a não ser que eles
estejam envolvidos no evangelismo. Eles não sabem
nada sobre as experiências dos indivíduos, mas o
pastor que os batiza deve saber, e é por isso que a
decisão pertence a ele. Um pastor sábio mantém
seu conselho informado sobre as pessoas que estão
se preparando para o batismo, mas nenhum voto
formal deles é necessário... Quando alguém
examina o batismo nas escrituras, como os de
Cornélio ou do carrasco filipino, pode ver que não há
registro de um conselho da igreja aprovando o
batismo.” 5
Mesmo porque, é muito perigoso um irmão,
comissão ou igreja, tomar em suas mãos uma
responsabilidade tão importante e complexa, não
estando preparados e comissionados para isso.
Pode ser que, agindo assim, se esqueça, ou perca o
foco das suas próprias responsabilidades.
Considerando que você, líder/membro de
igreja, já tem muitas tarefas que Deus e a igreja
comissionaram, seria bom deixar esta ao pastor.
Como disse a esposa de Pilatos: “Não entres na
questão desse justo [...]” (Mateus 27:19). Pilatos não
ouviu o sábio conselho de sua esposa e o seu fim foi
tirar “a própria vida não muito depois da crucifixão de
Cristo” 6 por tomar uma decisão que não tinha
necessariamente que tomar em suas mãos.
91- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Meu querido, permita-me relatar um fato: há
irmãos queridos dizendo: “Eu não voto esse
batismo”, “eu não concordo com aquele batismo”.
Particularmente, creio que tais declarações são
perigosas. Deixe essa responsabilidade a cargo do
pastor. A ele compete. Este é um parecer pastoral
escrito com carinho a fim de ajudar. Longe de
qualquer outra razão, queremos pastorear o leitor
para que não tenha problemas com Deus no dia do
juízo.
Atente para isso, vai ser bom para você, o
batizando e a igreja.
7.2 Rebatismo, uma prática bíblica
Milhares estão buscando o batismo. No
entanto, alguns dos muitos que estão ingressando
em nossas igrejas, ao serem convidados a fazê-lo
através do rebatismo, têm questionado a
necessidade de passar pelas águas novamente.
Baseados no verso de Efésios 4:5 “Um só Senhor,
uma só fé, um só batismo...” e, em vista de já terem
sido batizados em outras denominações por
imersão, creem não ser necessário passar pela
experiência novamente.
Embora não seja nosso propósito fazer uma
exegese deste verso, é bom ter em mente também o
verso de I Coríntios 12:13 “Pois todos nós fomos
batizados em um só Espírito, formando um só
92- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
corpo...”, que nos dá a ideia de um só tipo de
batismo, ou seja, aquele que é bíblico e correto em
que todos são acolhidos em um só Espírito, o
espírito de união. É neste contexto que Paulo faz
menção de um “só batismo” no livro de Efésios,
aquele realizado nas águas por imersão e selado
pelo Espírito Santo, o que pode acontecer em um
segundo batismo após quebrar os votos do primeiro.
O que Paulo queria dizer no referido texto de
Efésios, é que existe um só batismo de união em
Cristo e não uma única experiência de passar pelas
águas, ainda que seja esta a primeira impressão que
o verso apresente.
Ser rebatizado não rebaixa o sentido espiritual
do batismo, pelo contrário, eleva, pois o rebatizando
está reconhecendo mais uma vez a gravidade de
suas faltas e quer ser “lavado” por Cristo, e nenhum
outro símbolo pode exemplificar melhor que um novo
batismo. Sempre digo que o ato de passar pela
experiência das águas na forma de batismo ou
rebatismo, é só para pessoas humildes, de muita fé
e corajosas de abandonar o pecado.
É bom lembrar que a prática do rebatismo é
bíblica: “Então, Paulo, perguntou: Em que, pois,
fostes batizados? Responderam: No batismo de
João. Disse-lhes Paulo: João realizou o batismo do
arrependimento, dizendo ao povo que cresse
naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus.
Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome
do Senhor Jesus” (Atos 19:3-5).
O rebatismo também tem base no Espírito de
Profecia: “O Senhor requer decidida reforma. E
quando uma alma está verdadeiramente
reconvertida, seja ela rebatizada. Renove ela seu
93- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
concerto com Deus, e Deus renovará Seu concerto
com ela. ... Importa haver reconversão entre os
membros, para que, como testemunhas de Deus,
testifiquem da autoridade e poder da verdade que
santifica a alma.” 7
“E se vocês perderam sua cristandade, meus
irmãos e irmãs, vocês nunca, poderão entrar em
comunhão com Deus até serem reconvertidos e
rebatizados. Vocês devem se arrepender e ser
batizados novamente, para que o amor, a comunhão
e a harmonia de Cristo vos envolva.” 8
Encontramos a posição da Igreja Mundial
quanto ao rebatismo exalada no próprio Manual que
rege a mesma: “O rebatismo é mencionado
especificamente em uma única passagem bíblica
(Atos 19:1-7), onde o apóstolo Paulo o endossa para
um grupo de doze pessoas. O batismo anterior delas
tinha sido o de João – o batismo do arrependimento.
Em acréscimo ao arrependimento, o batismo cristão
é associado com a clara compreensão de um
compromisso pessoal em relação ao evangelho e
aos ensinos de Jesus e à recepção do Espírito
Santo. Com essa compreensão e compromisso
adicionais, tornou-se aceitável o rebatismo
daquelas pessoas.
[...] Ellen G. White apoia o rebatismo quando
membros caem em apostasia e vivem de tal maneira
que a fé e os princípios da igreja são transgredidos
publicamente. Então, devem, no caso de se
converterem e solicitarem que sejam aceitos outra
vez como membros da igreja, ingressar nela como
no princípio, ou seja, mediante o batismo.” 9
Julgo necessário, também, registrar aqui a
prática que vivo no dia a dia em meu ministério
94- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
pastoral. Quando alguém é relutante ao rebatismo e
por alguma razão (baseados no Manual da Igreja)
nós recebemos esse irmão pela profissão de fé,
tenho percebido que, na sua maioria, ele não se
satisfaz emocionalmente e espiritualmente apenas
com uma profissão de fé, e em alguns casos, em
tempos posteriores, nos é solicitado o rebatismo.
Fico surpreso ao ver alguns solicitando o rebatismo,
declarando não estarem satisfeitos apenas com a
profissão de fé. Percebo que saem das águas mais
(ou tanto quanto) felizes que no primeiro batismo.
Contudo, o novo Manual da Igreja Adventista
do Sétimo Dia (edição revisada na Assembléia da
Associação Geral de 2010, p. 51-52) traz mais
orientações que não permitem pecarmos em
excessos no rebatismo. Vejamos:
“Indivíduos Vindos de Outras Comunidades
Cristãs – Com bases bíblicas, pessoas de outras
comunidades cristãs que tenham abraçado as
crenças adventistas dos sétimo dia e que tenham
sido previamente batizadas por imersão podem
solicitar o rebatismo.
Os exemplos abaixo, no entanto, sugerem que
o rebatismo podem não ser obrigatório. É evidente
que o episódio de Atos 19 foi um caso especial, pois
é relatado que Apolo tinha recebido o batismo de
João (At 18:25), e não há registro de que tenha sido
rebatizado. Aparentemente, mesmo alguns dos
apóstolos receberam o batismo de João (Jo 1:35-
40), mas não há informação de que tenham sido
rebatizados.
Se um novo crente aceitou novas verdades
importantes, Ellen G. White apóia o rebatismo a
medida que o Espírito induz o novo crente a pedido.
95- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
Isso se enquadra no padrão de Atos 19. Uma
pessoa que experimentou o batismo por imersão
avaliara sua nova experiência religiosa e decidirá se
deseja o rebatismo. Não se deve insistir nesse
ponto.
‘Isto é um assunto em que cada indivíduo
precisa conscienciosamente tomar sua atitude no
temor de Deus. Deve ser cuidadosamente
apresentado no espírito de benignidade e amor.
Portanto, o dever de insistir não pertence a ninguém
se não a Deus, dai-Lhe oportunidade de atuar por
meio de seu Espírito Santo na mente, de modo que
o indivíduo seja perfeitamente convencido e
satisfeito no que respeita a esse passo avançado’
(Evangelismo, p. 373).
Apostasia e Rebatismo – Embora tivesse
havido apostasia na igreja apostólica (Hb 6:4-6), as
Escrituras não comentam a questão do rebatismo.
Ellen G. White apóia o rebatismo quando membros
tenham apostatado e então se reconvertem e
desejam se unir novamente a igreja. (Ver p. 69, 70,
161.)
“‘O Senhor requer decidida reforma. E quando
uma alma esta verdadeiramente reconvertida, seja
ela rebatizada. Renove ela seu conserto com Deus,
e Deus renovara seu conserto com ela’ (IBID., p.
375).”
Russell Burrill em seu livro “A Proclamação da
Esperança”, concluindo uma sessão da qual trata do
mesmo assunto faz um fechamento que nos ajudará
concluir a nossa sessão também. Vejamos:
“Pode-se notar que qualquer uma dessas
declarações, usada sozinha, pode encorajar
excessos no rebatismo. É por isso que as coloquei
96- Edson Menegheze Bonetti
BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio
todas juntas para você perceber o equilíbrio de Ellen
White sobre esse assunto. Pode parecer que o
rebatismo era importante para os recém-convertidos,
mas, ao mesmo tempo, que não devia ser forçado a
todos. Em uma das declarações ela parece sugerir
que o rebatismo era obrigatório para qualquer um
que já tenha guardado o domingo. Contudo, nem
ela, nem o esposo dela e nenhum dos pioneiros
foram rebatizados, e todos guardavam o domingo
antes de se tornarem adventistas. E o que ela quis
dizer quando aconselhou que se você perdeu sua
cristandade, você deve ser rebatizado? Seria
apenas com uma perda total ou com uma perda
momentânea? O contexto de todas as declarações
indicaria que é apenas com uma perda total.” 10
É bom lembrar que na Igreja Adventista do
Sétimo Dia, a readmissão dos que um dia foi
removido da condição de membros, seja feita em
conexão com o rebatismo.
97- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
CONCLUSÃO 1
Todas as relações sociais exigem o exercício
do domínio próprio, paciência e simpatia. Diferimos
tanto uns dos outros em disposições, hábitos e
educação, que variam entre si nossas maneiras de
ver as coisas. Julgamos diferentemente. Nossa
compreensão da verdade, nossas ideias em relação
à conduta de vida, não são idênticas sob todos os
pontos de vista. Não há duas pessoas cuja
experiência seja igual em cada particular. As provas
de uma não são provas de outra. Os deveres que
para uma se apresentam como leves, são para outra
mais difíceis e inquietantes.
Tão fraca, ignorante e sujeita ao erro é a
natureza humana que todos devemos ser cautelosos
na maneira de julgar o próximo. Pouco sabemos da
influência de nossos atos sobre a experiência dos
outros. O que fazemos ou dizemos pode parecer-nos
de pouca importância, quando, se nossos olhos se
abrissem, veríamos que daí resultam as mais
importantes consequências para o bem ou para o
mal.
Muitas pessoas têm desempenhado tão poucas
responsabilidades, seu coração tem experimentado
tão pouco as angústias reais, sentindo tão pouca
perplexidade e preocupação em auxiliar o próximo,
98- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
que não podem compreender o trabalho de quem
tem verdadeiras responsabilidades. São tão
incapazes de apreciar seus trabalhos, como a
criança de compreender os cuidados e fadigas do
preocupado pai. A criança admira-se dos temores e
perplexidades do pai: parecem-lhe inúteis. Mas
quando os anos de experiência forem acrescentados
à sua vida, quando tiver de carregar as próprias
responsabilidades, olhará de novo para a vida do
pai, e compreenderá então o que outrora lhe era
incompreensível. A amarga experiência deu-lhe o
conhecimento.
A obra de muitas pessoas que têm
responsabilidades não é compreendida, não são
apreciados seus trabalhos, enquanto a morte os não
abate. Quando outros retomam as funções que eles
exerciam e enfrentam as dificuldades que eles
encontraram, compreendem quanto a sua fé e
coragem foram provadas. Muitas vezes perdem de
vista, então, os erros que estavam tão prontos a
censurar. A experiência ensina-lhes a simpatia. É
Deus quem permite que os homens sejam colocados
em posições de responsabilidade. Quando erram,
têm poder para os corrigir, ou para os retirar do
cargo que exercem. Devemos acautelar-nos para
não tomar em nossas mãos o direito de julgar, que
pertence a Deus.
Ordena-nos o Salvador: “Não julgueis, para que
não sejais julgados, porque com o juízo com que
julgardes sereis julgados, e com a medida com que
tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus
7:1, 2).
Não podemos permitir que nosso espírito se
irrite por algum mal real ou suposto que nos tenha
99- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
sido feito. O inimigo que mais carecemos temer é o
próprio eu. Nenhuma forma de vício tem efeito mais
funesto sobre o caráter do que a paixão humana
quando não está sob o domínio do Espírito Santo.
Nenhuma vitória que possamos ganhar será tão
preciosa como a vitória sobre nós mesmos.
Não permitamos que nossa suscetibilidade seja
facilmente ferida. Devemos viver, não para vigiar
sobre nossa suscetibilidade ou reputação, mas para
salvar almas. Quando estamos interessados na
salvação das almas, deixamos de pensar nas
pequenas diferenças que possam levantar-se entre
uns e outros na associação mútua. De qualquer
sorte que os outros pensem de nós ou conosco
procedam, nunca será necessário que perturbemos
nossa comunhão com Cristo, nossa companhia com
o Espírito. “Que glória será essa, se, pecando, sois
esbofeteados e sofreis? Mas, se fazendo o bem, sois
afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus” (I
Pedro 2:20).
Não se vingue. Quanto puder, remova toda a
causa de mal-entendido. Evitai a aparência do mal.
Fazei o que estiver em vosso poder, sem
comprometer os princípios, para conciliar o próximo.
“Se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares
de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa
ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te
primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a
tua oferta” (Mateus 5:23, 24).
Se vos forem dirigidas palavras impacientes,
nunca respondais no mesmo tom. Lembrai-vos de
que “a resposta branda desvia o furor” (Provérbios
15:1). Há um poder maravilhoso no silêncio. As
palavras ditas em réplica a alguém encolerizado por
100- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
vezes servem apenas para o exasperar. Mas se a
raiva encontra o silêncio, e um espírito amável e
paciente, em breve se desfaz.
Sob uma tempestade de palavras ferinas e
acusadoras, conservai apoiado o espírito na Palavra
de Deus. Que o espírito e o coração sejam repletos
das promessas divinas. Se sois maltratados ou
acusados injustamente, em vez de responder com
raiva, repeti a vós mesmos as preciosas promessas:
“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal
com o bem” (Romanos 12:21).
“Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle,
e Ele tudo fará. E Ele fará sobressair a tua justiça
como a luz; e o teu juízo, como o meio-dia” (Sal.
37:5 e 6).
“Nada há encoberto que não haja de ser
descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido”
(Lucas 12:2).
Somos inclinados a procurar junto de nossos
semelhantes simpatia e ânimo, em vez de os
procurar em Jesus. Em Sua misericórdia e
fidelidade, Deus permite muitas vezes que falhem
aqueles em quem depositamos confiança, a fim de
que possamos compreender quanto é insensato
confiar nos homens e apoiar-nos na carne.
Confiemos inteira, humilde e desinteressadamente
em Deus. Ele conhece as tristezas que nos
consomem no mais profundo do ser e que não
podemos exprimir. Quando tudo nos parece escuro e
inexplicável, lembremo-nos das palavras de Cristo:
“O que Eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o
saberás depois” (João 13:7).
Estudai a história de José e de Daniel. O
Senhor não impediu as armadilhas dos homens que
101- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
procuravam fazer-lhes mal; mas conduziu todos os
planos para o bem de Seus servos, que no meio de
provas e lutas mantiveram sua fé e lealdade.
Enquanto estivermos no mundo,
encontraremos influências adversas. Haverá
provocações para ser provada a nossa têmpera; e é
enfrentando-as com espírito reto que as virtudes
cristãs são desenvolvidas. Se Cristo habitar em nós,
seremos pacientes, bondosos e tolerantes, alegres
no meio das contrariedades e irritações. Dia após
dia, e ano após ano, vencer-nos-emos a nós
próprios e cresceremos num nobre heroísmo. Tal é a
tarefa que sobre nós recai; mas não pode ser
cumprida sem o auxílio de Jesus, firme decisão, um
alvo bem determinado, contínua vigilância e oração
incessante. Cada um tem suas lutas pessoais a
travar. Nem o próprio Deus pode tornar nosso
caráter nobre e nossa vida útil, se não colaborarmos
com Ele. Quem renuncia à luta perde a força e a
alegria da vitória.
Não precisamos guardar nosso próprio registro
das provas e dificuldades, dos desgostos e tristezas.
Todas estas coisas estão escritas nos livros, e o Céu
tomará o cuidado delas. Enquanto relembramos as
coisas desagradáveis, passam da memória muitas
que são gratas à reflexão, como a misericordiosa
bondade de Deus que nos rodeia a cada instante e o
amor, de que os anjos se maravilham, com que deu
Seu Filho para morrer por nós.
Se vos não sentis satisfeitos e alegres, não
faleis dos vossos sentimentos. Não influais
negativamente sobre a vida dos outros. Uma religião
fria e sombria, jamais atrairá almas para Cristo.
Afasta-as dEle, para as redes que Satanás lança
102- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
aos pés dos perdidos. Em vez de pensar em vosso
desânimo, pensai na força de que podeis dispor em
nome de Cristo. Que vossa imaginação se fixe nas
coisas invisíveis. Que os pensamentos se dirijam
para as evidências do grande amor de Deus por vós.
A fé pode sofrer a prova, vencer a tentação, suportar
o insucesso. Jesus vive como nosso advogado.
Tudo o que nos assegura a Sua mediação nos
pertence.
Não pensais que Cristo aprecia quem vive
inteiramente para Ele? Não pensais que visita os
que, como o amado João no exílio, estão em lugares
difíceis e penosos? Deus não permite que um de
Seus devotados obreiros seja abandonado, a lutar
sozinho contra forças superiores, e que seja vencido.
Preserva, como joia preciosa, todo aquele cuja vida
está escondida com Cristo em Deus. De cada um
destes diz: Eu “te farei como um anel de selar;
porque te escolhi” (Ageu 2:23).
Falai pois das promessas; falai do desejo que
Jesus tem de abençoar. Ele não nos esquece nem
um só instante. Quando, apesar das circunstâncias
desagradáveis, repousamos confiadamente no Seu
amor e mantemos nossa comunhão com Ele, o
sentimento da Sua presença inspirará uma alegria
profunda e tranquila. De Si disse Cristo: “Nada faço
por Mim mesmo; mas falo como o Pai Me ensinou. E
Aquele que Me enviou está comigo; o Pai não Me
tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe
agrada” (João 8:28 e 29).
Se temos a compreensão da paciência de
Deus para conosco, não devemos ser achados a
julgar ou a acusar ninguém. Quando Cristo vivia na
Terra, quão surpresos ficariam os que O
103- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
acompanhavam se, depois de familiarizados com
Ele, Lhe ouvissem dizer uma palavra de acusação,
crítica destrutiva ou impaciência. Não esqueçamos
que aqueles que O amam devem reproduzi-Lo em
Seu caráter.
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com
amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros” (Rom. 12:10). “Não tornando mal por mal ou
injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo,
sabendo que para isto fostes chamados, para que,
por herança, alcanceis a bênção” (I Pedro 3:9).
Exige o Senhor Jesus que reconheçamos os
direitos de cada pessoa. Devem ser tomados em
consideração seus direitos sociais e seus direitos
como cristão. Todos devem ser tratados com
amabilidade e delicadeza, como filhos e filhas de
Deus.
O cristianismo torna as pessoas bemeducadas.
Cristo era cortês, mesmo com os Seus
perseguidores; e os Seus verdadeiros seguidores
devem manifestar o mesmo espírito. Olhai para
Paulo, conduzido perante os magistrados. Seu
discurso diante de Agripa é um exemplo de
verdadeira cortesia, assim como de persuasiva
eloquência. O Evangelho não ensina a polidez
formalista corrente no mundo, mas a cortesia que
deriva de um coração cheio de bondade.
O mais meticuloso cultivo das propriedades
externas da vida não é suficiente para limar toda a
irritabilidade, aspereza nos juízos e inconveniência
nas palavras. O verdadeiro refinamento não se
revelará jamais, enquanto nos considerarmos a nós
mesmos como o objeto supremo. O amor deve
residir no coração. O cristão verdadeiro tira seus
104- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
motivos de ação do profundo amor pelo Mestre. Do
amor a Cristo brota o interesse abnegado por Seus
irmãos. O amor comunica a quem o possui graça,
propriedade e elegância de porte. Ilumina-lhe a
fisionomia e educa-lhe a voz; refina e eleva todo o
ser.
A vida compõe-se, principalmente, não de
grandes sacrifícios, ações maravilhosas, mas de
pequenas coisas. Na maior parte das vezes, é pelas
pequenas coisas que parecem indignas de menção
que grande bem ou mal é trazido à nossa vida. É
pela falta de sucesso em suportar as provas a que
somos sujeitos nas pequenas coisas, que se
adquirem os maus hábitos e se deforma o caráter; e,
quando nos assaltam as provas maiores,
encontramo-nos desprevenidos. Só agindo por
princípio nas provas da vida cotidiana, podemos
adquirir energia para ficar firmes e fiéis nas mais
perigosas e difíceis situações.
Nunca estamos sós. Quer o escolhamos ou
não, temos um companheiro. Lembrai-vos de que
onde quer que estejais, façais o que fizerdes, Deus
aí está. Nada do que se diz, faz ou pensa escapa à
Sua atenção. Para cada palavra ou ação, tendes
uma testemunha – Deus, que é santo e odeia o
pecado. Pensai sempre nisso antes de falardes ou
agirdes. Como cristãos, sois membros da família
real, filhos do Rei dos Céus. Não digais palavra
alguma, não façais nenhuma ação que traga
desonra ao “bom nome que sobre vós foi invocado”
(Tiago 2:7).
Estudai cuidadosamente o caráter divinohumano,
e inquiri constantemente: “Que faria Jesus
em meu lugar?” Esta deve ser a medida do nosso
105- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
dever. Não vos coloqueis desnecessariamente na
companhia daqueles que, por suas astúcias,
poderiam debilitar o vosso desejo de bem-fazer ou
manchar a vossa consciência. Nada façais entre os
estranhos, na rua, nos carros, em casa, que tenha a
menor aparência de mal. Fazei cada dia alguma
coisa para melhorar, embelezar e enobrecer a vida
que Cristo resgatou com Seu próprio sangue.
Agi sempre por princípio, nunca por impulso.
Temperai a impetuosidade da vossa natureza pela
doçura e bondade. Evitai toda a leviandade e
frivolidade. Que nenhum vil gracejo escape de
vossos lábios. Nem sequer aos pensamentos
permitais correr a rédeas soltas. Devem ser
dominados e conduzidos cativos à obediência de
Cristo. Que eles estejam ocupados em coisas
santas. Então, pela graça de Cristo, serão puros e
verdadeiros.
Necessitamos de ter um constante sentimento
do poder enobrecedor dos pensamentos puros. É
nos bons pensamentos que reside a única
segurança para cada alma. O homem, “como
imaginou na sua alma, assim é” (Provérbios 23:7). A
faculdade de se dominar desenvolve-se pelo
exercício. O que a princípio parecia difícil torna-se
fácil pela repetição constante, até que os retos
pensamentos e ações acabam por ser habituais. Se
quisermos, podemos afastar-nos de tudo o que é
baixo e inferior, e elevar-nos para uma alta norma;
podemos ser respeitados pelos homens e amados
por Deus.
Cultivai o hábito de falar bem do próximo.
Detende-vos sobre as boas qualidades daqueles
com quem estais associados, e olhai o menos
106- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
possível para seus erros e fraquezas. Quando sois
tentados a queixar-vos do que alguém disse ou fez,
louvai alguma coisa na vida ou caráter dessa
pessoa. Cultivai a gratidão. Louvai a Deus pelo Seu
admirável amor em dar a Cristo para morrer por nós.
Nada lucramos em pensar em nossas mágoas. Deus
convida-nos a meditar na Sua misericórdia e no Seu
amor incomparável, a fim de que sejamos inspirados
com o louvor.
Os trabalhadores ativos não têm tempo de se
ocupar com as faltas do próximo. As faltas e
fraquezas dos outros não fornecem alimento para a
vossa vida. A maledicência é uma dupla maldição,
que recai mais pesadamente sobre quem fala do
que sobre quem ouve. Quem espalha as sementes
da dissensão e discórdia colhe em sua própria alma
os frutos mortais. O próprio ato de olhar para o mal
nos outros desenvolve o mal em quem olha.
Detendo-nos sobre as faltas do próximo, somos
transformados na sua imagem. Mas contemplando
Jesus, falando do Seu amor e da perfeição de Seu
caráter, imprimimos em nós as Suas feições.
Contemplando o alto ideal que Ele colocou diante de
nós, subiremos a uma atmosfera santa e pura, que é
a própria presença de Deus. Quando aí
permanecemos, sairá de nós uma luz que irradia
sobre todos os que estiverem em contato conosco.
Em vez de criticar e condenar o próximo, dizei:
“Devo trabalhar para minha própria salvação. Se
coopero com Aquele que deseja salvar a minha
alma, devo vigiar-me cuidadosamente, afastar de
minha vida tudo o que é mau, vencer todo o defeito,
tornar-me nova criatura em Cristo. Por isso, em lugar
de enfraquecer os que lutam contra o mal, irei
107- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
fortalecê-los com palavras animadoras”. Somos
demasiado indiferentes para com os outros.
Esquecemos muitas vezes que nossos
companheiros de trabalho têm necessidade de força
e animação. Tende o cuidado de lhes assegurar
vosso interesse e simpatia. Ajudai-os pela oração e
fazei-os saber que orais por eles.
Todos os que professam ser filhos de Deus
deviam ter na mente que, como missionários, serão
postos em contato com todas as classes de
espíritos. Há os corteses e os rudes, os humildes e
os altivos, os religiosos e os céticos, os instruídos e
os ignorantes, os ricos e os pobres. Estes diferentes
espíritos não podem ser tratados da mesma
maneira; todos, porém, carecem de bondade e
simpatia. Pelo mútuo contato nosso espírito deve
tornar-se delicado e refinado. Dependemos uns dos
outros, e estamos intimamente unidos pelos laços da
fraternidade humana.
É pelas relações sociais que a religião cristã
entra em contato com o mundo. Cada homem ou
mulher que recebeu a iluminação divina deve
derramar luz na senda tenebrosa dos que não
conhecem o melhor caminho. A influência social,
santificada pelo Espírito de Cristo, deve desenvolverse
na condução de almas para o Salvador. Cristo
não deve ser escondido no coração como um
tesouro cobiçado, sagrado e doce, fruído
exclusivamente pelo possuidor. Devemos ter Cristo
em nós como uma fonte de água, que corre para a
vida eterna, refrescando a todos os que entram em
contato conosco.
108- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
“Encontraram-se a graça e a verdade,
a justiça e a paz se beijaram” (Salmos 85: 10).
__________________________________________
Contatos com o autor:
Edson Menegheze Bonetti
edson.bonetti@usb.org.br
109- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
INTRODUÇÃO
1
Ellen G. White faz menção a uma “mistura de gente” (egípcios que
acompanharam Israel na fuga) quando Israel saiu do Egito para Canaã, e as
responsabiliza por incitar a nação de Deus (Israel) a fazer motins e confusões
atrapalhando a liderança de Moisés. Veja: Ellen G. White, Patriarcas e
Profetas (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 315.
1. BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
1
Sobre filactérios cf. Mateus 23:5 e Ellen G. White, Desejado de Todas as
Nações (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1995), p. 612, 613.
2
Augusto Jorge Cury, O Mestre da Sensibilidade, vol. 2, Série: Análise da
Inteligência de Cristo (São Paulo: Academia de Inteligência, 2000), p. 56.
3
Ellen G. White, Fé e Obras (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 19.
4
____________.Testemunhos Para Ministros (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2007), p. 456.
5
Russell Burrill, A Proclamação da Esperança (Editora Missões & Crescimento
de Igreja 2° edição, 2011), p. 230.
6
____________. Mensagens Escolhidas, vol. 2 (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2007), p. 32, 33.
2. ANALISANDO ALGUNS QUESTIONAMENTOS
1
George R. Knight, Parousia, ano 7 – n°2 (Engenheiro Coelho: Unaspress,
2008), p. 20.
2
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 3 (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2007), pp. 313-315.
3
Manual da Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 29.
4
Guia Para Secretaria de Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p.
28.
5
Ellen G. White, Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1995), p. 656; grifos acrescidos.
6
____________. Orientação da Criança (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
1995), p. 656; grifos acrescidos.
7
Russell Burrill, A Proclamação da Esperança (Editora Missões & Crescimento
de Igreja 2° edição, 2011), p. 232.
8
Ellen G. White, Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1995), p. 660, 661; grifos acrescidos.
9
____________. Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1995), p. 656; grifos acrescidos.
10
____________. Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1995), p. 656; grifos acrescidos.
11
Russel Burril, Discípulos Modernos (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
2006), p. 37, 38.
12
Ellen G. White Serviço Cristão (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p.
63.
3. A ATITUDE DE JESUS, JOÃO BATISTA, PEDRO, FILIPE E PAULO
1
Manual da Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 43.
2
Ellen G. White, Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1995), p. 568.
110- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
3
____________. Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1995), p. 568.
4
____________. Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1995), p. 462.
5
Manual da Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 29, 30.
6
“Chegando a Éfeso, Paulo encontrou doze crentes que, como Apolo, tinham
sido discípulos de João Batista”. Veja: Ellen G. White, Atos dos Apóstolos
(Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1994), p. 282.
7
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1994),
p. 44.
8
____________. Atos dos Apóstolos (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
1994), p. 122.
4. DEUS PERMITE JOIO NO MEIO DO TRIGO
1
Ellen G. White, Conselhos Para a Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
2008), p. 263.
2
____________. Testemunhos Seletos, vol. II (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2008), p. 247-249.
3
Jan Paulsen, Adventist World (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009), abril,
p. 8.
4
Ellen G. White, Testemunhos para Ministros (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2008), p. 45, 46.
5. O CONTEXTO TEOLÓGICO EM QUE SURGIU NOSSA IGREJA
1
C. Mervyn Maxwell, História do Adventismo (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1982), p. 115.
2
____________. História do Adventismo (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
1982), p. 172.
3
Herbert E. Douglass, A Mensageira do Senhor (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2001), p. 239.
4
Ellen G. White, Review and Herald, 11 de março de 1890.
5
Herbert E. Douglass trata essa questão em seu livro Mensageira do Senhor
(Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001), no capítulo 18, “Crises
Teológicas” p. 194.
6. OS NÚMEROS E O BATISMO
1
James A. Cress, Revista Ministério (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
Mar/abr. 2008), p. 23.
2
Sikberto R. Marks, Revista Sinais dos Tempos (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, set. 2002), p. 5.
3
Parafraseado de Bob Briner, Os Métodos de Administração de Jesus (São
Paulo: Editora Mundo Cristão, 1997), p. 13.
4
Regulamentos Eclesiástico-Administrativos. Divisão Sul-Americana da
Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (2006), p. 46, 47.
7. A IGREJA NÃO VOTA BATISMO, VOTA ACEITAÇÃO DE MEMBRO
1
Manual da Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 35; grifos
acrescidos.
2
Guia Para Ministros (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1995), p. 197; grifos
acrescidos.
111- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
3
Declaração da Associação Ministerial da Divisão Sul-Americana na forma de
artigo na Revista do Ancião (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, abril-junho
2003), p. 33.
4
Quanto à igreja da Associação ou Missão, consulte o Manual da Igreja, p. 39,
40, 209, 211, 214.
5
Russel Burril, A Proclamação da Esperança (Unasp, UCB, DSA, 2011), p.
236, 237.
6
Ellen G. White, Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1995), p. 738.
7
____________, Evangelismo (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p.
372-375; Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2008),p. 285.
8
____________, (Sermons and Talks, vol. 1), p. 365.
9
Manual da Igreja. (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 42, 43; grifos
acrescidos.
10
Russel Burril, A Proclamação da Esperança (Unasp, UCB, DSA, 2011), p.
239.
CONCLUSÃO:
1
Ellen G. White, Como Conviver Com os Outros (Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 2002).
Em nossos dias, parece ficar claro que aquilo que
seria motivo de festa (o batismo) na igreja de Cristo, tem
se tornado (em alguns casos) motivo de discórdia entre
conservadores e liberais. “Uma mistura de gente” tem
tirado o brilho dessa festa espiritual. Um clima pesado
tem surgido nos dias de batismo e, entre alegrias e
tristezas, as últimas parecem ter prevalecido.
O que está acontecendo? Qual é o problema?
Como resolver essa questão para acabar com as
diferenças teológicas e os pontos de vista divergentes?
Situações de batismos em que o batizando esteve
envolvido no passado, ou presente, em práticas como a
prostituição, o fumo, o alcoolismo, o ato de furtar,
inadimplência e outros, têm causado discórdia na igreja.
A conscientização e o ensino bíblico do que é o
batismo será um dos melhores caminhos para uma
possível solução entre conservadores e liberais.
Assim crendo, o autor propõe-se a escrever este
material na esperança de unificar ambas as ideias.
112- Edson Menegheze Bonetti
BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO
Edson Menegheze Bonetti é casado com Lesley M.
Nanni Bonetti, com quem tem três filhos, Aislan, Kelber e
Layana. É formado em teologia pastoral e serve a
Organização Adventista do Sétimo Dia.
Autor dos livros:
-ORAÇÃO: Saindo do maçante para o prazeroso;
-DEPRESSÃO: Angústia, solidão, estresse... Uma visão
pastoral;
-DISCIPULADO: A força motriz da igreja que cresce.
113- Edson Menegheze Bonetti