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Bonetti - LIVRO BATISMOS Saindo dos Extremos Procurando o Equilíbrio

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BATISMO

Saindo dos extremos,

procurando o equilíbrio

Podemos batizar valorizando a graça sem

rebaixar as doutrinas e praxes da igreja

Edson Menegheze Bonetti


BATISMO

SAINDO DOS EXTREMOS,

PROCURANDO O EQUILÍBRIO

Capa:

ADOS

Diagramação: ADOS

Supervisão de texto: Kênia Ismara Alves Tillvitz

1ª edição

Ano 2009

IMPRESSO NO BRASIL

Printed in Brazil

Editora ADOS Ltda.


SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................ 4

INTRODUÇÃO ...................................................................... 4

1. BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO

O EQUILÍBRIO ...................................................................... 9

2. BATISMO: ANALISANDO QUESTIONAMENTOS ....... 19

2.1 Batismo: conservadores e liberais ............................................................. 21

2.2 Batismo: ex-adventistas, fumantes e juvenis ............................................. 23

2.3 Batismo: oportuniza a ceia do Senhor ....................................................... 35

2.4 Batismo: sentimento de pertencer ............................................................. 46

3. BATISMO: A ATITUDE DE JESUS, JOÃO BATISTA,

PEDRO, FILIPE E PAULO ................................................. 50

3.1 Critérios que eles usavam ao batizar ......................................................... 50

3.2 Quem eles batizavam ................................................................................ 61

3.3 Como eles tratavam os pecadores e os ingressavam na igreja através do

batismo ........................................................................................................... 63

3.4 Lutero e a graça ........................................................................................ 66

4. DEUS PERMITE JOIO NO MEIO DO TRIGO ................ 69

4.1 Compaixão pelos que erram ...................................................................... 70

4.2 Condições para o crescimento .................................................................. 73

5. O CONTEXTO TEOLÓGICO EM QUE SURGIU NOSSA

IGREJA ............................................................................... 78

6. OS NÚMEROS E O BATISMO ....................................... 81

6.1 O Jogo dos Números ................................................................................. 81

7. A IGREJA NÃO VOTA BATISMO, VOTA ACEITAÇÃO

DE MEMBRO ...................................................................... 88

7.1 Batismos... Quem decide? ......................................................................... 90

7.2 Rebatismo, uma prática bíblica .................................................................. 92

CONCLUSÃO ..................................................................... 98


AGRADECIMENTOS

Como ocorre em todo projeto de redação,

muitas pessoas colaboraram para que este trabalho

se concretizasse.

Agradeço:

A Deus, pela forma maravilhosa com que Ele

conduziu esta obra;

À minha esposa Lesley, que é uma pessoa

muito importante em minha vida e em meu trabalho.

A meus queridos filhos, Aislan, Kelber e

Layana.

A todos os meus amigos que colaboraram para

a elaboração desta literatura. Entre eles, Kênia

Ismara Alves Tillvitz que fez a correção.

Sou muito grato a todos.

Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

INTRODUÇÃO

Alguns batizandos dessem às águas feridos

pela vida, magoados pelas circunstâncias,

derrotados, sentindo-se farrapos humanos.

Sentimentos de culpa ferem seus corações

causando uma tristeza tal, que seu maior desejo é

“lavar a alma” em Cristo através do batismo.

O batismo é uma das santas instituições

criadas por Deus para amenizar a dor e encaminhar

à paz todo sincero que das águas se aproxima.

Como resultado deste mundo de pecado e

decisões tomadas erroneamente ao longo dos anos,

esses filhos de Deus sofrem. No entanto, Deus os

ama e quer resgatá-los da amargura, da dor, das

noites mal dormidas e afagar o “coração que

sangra”.

Eles são a razão da existência da igreja e um

dos principais motivos que fez Jesus vir a esta Terra

e morrer na cruz. São filhos com os quais Jesus se

preocupa.

Como igreja, devemos amar essas pessoas, a

exemplo de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Amar sem rebaixar ou esquecer das leis implantadas

pelo próprio Senhor Jesus, que entendemos ser um

cerco de proteção a todos os que nelas se

enquadram. Foi para esses pecadores que Deus

4- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

deixou tantas leis, a fim de salvaguardá-los do

pecado e da dor.

Estamos seguros de que nossa igreja tem sido

dirigida por Deus e vive uma de suas fases mais

completas e equilibradas no que se refere às nossas

doutrinas, normas e praxes, que gradativamente

foram tomando forma baseadas na Bíblia Sagrada,

no Espírito de Profecia, e hoje prescritas no Manual

da Igreja e nos demais manuais que formam o grupo

de leis, as regras, e detalhes das normas que regem

nossa organização.

No entanto, tem infiltrado no meio da igreja

pessoas que, consciente ou inconscientemente, não

conseguem pôr em prática o equilíbrio doutrinário,

principalmente no tocante à lei e à graça. Acabam

sendo extremistas. Complicam as coisas por lhes

faltarem informações, e a nós cabe ajudá-los com

amor, “pois eles são a coisa mais linda que Deus

tem”.

Essa atitude estranha tem obscurecido

algumas alegrias na igreja, dentre elas a festa

espiritual do batismo, uma das mais ricas em

significados e também uma das mais importantes na

vida de um pecador.

Em nossos dias parece ficar claro que aquilo

que seria motivo de festa na igreja de Cristo (a

cerimônia espiritual do batismo), tem sido alvo para

uma “mistura de gente” 1 (alguns poucos e não reflete

o caráter da igreja como um todo) conseguir tornarse

motivo de discórdia. Conservadores e liberais,

ambos extremistas, tiram a harmonia. Não vemos

maldade em nenhuma das partes. O que vemos é

falta de orientação. Um clima pesado tem surgido

5- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

em dias de batismos. Entre alegrias e tristezas, a

última parece prevalecer.

O que está acontecendo? Qual é o problema?

Como resolver essa questão para acabar com as

divergências?

Sendo o nosso principal foco “levar o

evangelho ao mundo”, temos que solucionar essas

indagações para avançarmos no cumprimento da

missão.

Situação como batizar uma ex-adventista,

conhecedora da verdade, que repentinamente deu

prova de fé, crendo em Cristo Jesus (Marcos 16:16),

respondendo ao apelo de um pastor, ancião, obreiro,

familiar ou um irmão missionário, mas que viveu na

prostituição, é o suficiente para dividir essa “mistura

de gente”, envolvendo toda a igreja em discórdia,

dando margem à influência do mal no corpo de

Cristo, ou seja, Sua igreja. No afã de defender uma

ideia, tudo acontece despercebidamente, sem

maldade, mas acontece e é sério.

Ou, o que diríamos de um fumante que já

recebeu todos os estudos, frequenta as reuniões de

culto e guarda “toda a lei”, e hoje pede ou concorda

com a necessidade de ser batizado com a promessa

(fé) de nunca mais fumar? Não seria essa situação

um bom motivo para essa minoria se digladiarem

trazendo pânico à comissão e a toda igreja?

O que fariam Jesus, João Batista, Pedro, Filipe

e Paulo, em casos semelhantes? Batizariam ou não?

“Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os Seus

discípulos” (João 4:2). Onde está o extremo? Onde

está o equilíbrio e como aplicá-lo?

Lembre-se: se errarmos em não batizá-la (o),

estamos correndo o risco de atrapalhar a vida de

6- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

alguém por quem Jesus morreu. Estamos

atrapalhando a vida de quem foi tocado (ou não,

Deus o sabe) pela fé e crê que essa é sua grande

oportunidade de abandonar o tabaco ou a

prostituição.

No entanto, se batizarmos erroneamente,

podemos cair no desagrado de Deus e de Sua

vontade, estando contra a Sua Palavra, o que não é

pecado de pouca monta, pois estamos tratando de

um ritual sagrado de um Deus Santo e Justo. Ambas

as situações nos oferecem responsabilidades e

perigos. No entanto, uma vez acertada, será uma

bênção para nós como pessoa, para a igreja e para

os batizandos em evidência.

O que dizer de um filho da igreja que tem idade

suficiente para o batismo (8 anos – cf. Manual da

Secretaria, p. 28 e Orientação da Criança, p. 490,

491), mas que, pedindo seu batismo, é impedido por

não ter concluído uma classe bíblica?

Como usar o bom senso ao lidar com essas

questões?

O que nos motiva: o amor acima das praxes?

Ou as praxes/leis acima do amor? Deve haver

aplicação diferenciada entre os filhos da igreja e os

filhos cujos pais não pertencem ao rol de membros

da igreja quando aplicamos essas regras?

Quais as vantagens e desvantagens no

sentimento de urgência do batismo? Talvez o senso

de pertencer? Seria a participação na Ceia do

Senhor um dos pontos importantes, visto que eles

“não” podem participar da Ceia por não serem

batizados? (os filhos da igreja são orientados a

aguardar o batismo para então tomar a Ceia –

Manual da Igreja, p. 83).

7- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Essas e outras perguntas serão trabalhadas

neste manual, no anseio de manter em alta a graça

e os mandamentos, as regras, e detalhes das

normas.

Uma busca de solução se faz necessária neste

momento tão crítico da igreja de Deus que, minada

por essa “mistura de gente” inocente, não pode

permitir que aqueles que Jesus tanto amou sejam

prejudicados.

Equilíbrio sempre foi necessário, e é possível

que hoje esteja em falta em nosso meio. Ora um

extremo, ora outro. Aliás, extremos sempre foram

mais seguidos, pois dentre outras razões, eles

“promovem” o nosso “eu”. Nosso orgulho é

massageado com o “óleo” da vaidade, e é a igreja

de Deus que tem pago o preço ao longo dos anos.

O assunto é delicado e certamente trará

confusão na mente de alguns, mesmo porque

quebra de paradigmas e transição sempre foram

questões para controvérsia. No entanto, nosso maior

desejo é amá-los e ajudá-los. Ajudar alguns a

fazerem as transições necessárias sem ferir a

Palavra de Deus, e as regras de nossa Igreja, nem

tampouco ferir conservadores e liberais, mas que

tudo ocorra dentro de um consenso.

Que Deus o ajude nesta leitura, pois nós e os

batizandos necessitamos desse equilíbrio.

8- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

1. BATISMO: SAINDO DOS

EXTREMOS, PROCURANDO O

EQUILÍBRIO

Permita-me uma curta história que elucidará os

temas seguintes. Na década de quarenta, meu avô

vendeu uma propriedade rural no Estado de São

Paulo e comprou outra no Estado do Paraná.

Quando veio desbravar as novas terras, trouxe os

quatro filhos mais velhos, dos doze que ele tivera.

Exceto um (dos quatro), todos os demais eram

casados. Quando os filhos chegaram ao local, após

percorrerem e conhecerem toda a propriedade,

observarem e apreciarem, deixaram então de ser

expectantes para começarem o trabalho.

Vendo a necessidade de construírem a casa do

pai, e outras para eles, perguntaram ao pai onde

deveriam construir as casas e em seguida deram

uma sugestão:

– Pai, que tal próximo àquela paineira? No alto

da propriedade? Que acha o senhor? Temos ali uma

linda baixada, que pensa o senhor?

Para surpresa daqueles filhos, o pai respondeu:

– Não construiremos casa nem para mim, nem

para vocês. Vamos construir primeiro a Casa de

Deus e depois as demais. – E assim foi.

9- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Como se percebe, meu avô foi um fiel seguidor

e amante das coisas de Deus. Observador da lei

(inclusive a do sábado), deixou esse legado aos

seus doze filhos e a todos seus descendentes, os

quais somos muito agradecidos.

A igreja cresceu naquele lugar e logo tínhamos

uma liderança forte e ativa.

Fui criado nesse contexto em que religião, e

principalmente a lei, eram tudo. Lembro-me de ver,

quando criança, muitas vezes meus amigos e uns

poucos primos sendo “corrigidos” por não terem feito

“isso” ou “aquilo” que “condizia com a Palavra de

Deus”, principalmente no sábado.

O que seria esse “isso” ou “aquilo”? Vejamos:

quando nossos desejos infantis, que por vezes

afrontavam a palavra de Deus (disso sempre

tivemos consciência), vinham à tona, era o suficiente

para que a comissão no “arraial dos santos” fosse

acionada.

Atividades como chutar uma bola no sábado,

tomar banho no rio ou cavalgar, eram o suficiente

para criar confusão em nossa igreja na colônia da

fazenda. (Abro um parêntese para dizer que não

estamos defendendo que essas atividades ocorram

no sábado. Estamos apenas relatando fatos).

Tínhamos consciência que não era bom para

nós. Até pensávamos que o fato de sermos vigiados

pelos nossos pecados criava uma auréola de

santidade na cabeça daqueles nossos “guardiões”

espirituais. Lembra-se dos filactérios 1 (tiras de

pergaminho onde continha os mandamentos dado a

Moisés supondo dar aos que usavam um ar de

devoção e santidade) nos dias de Cristo? Quanto

mais, “mais santidade...”.

10- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Onde estava o problema? Eram os “caçadores

de pecadores” que se excediam ou os pecadores

que atropelavam em demasia a Lei de Deus?

Essas atitudes dentro da igreja parecem criar

uma situação semelhante quando temos batismos

nos dias atuais. “Caçadores de pecadores” não têm

faltado em nosso meio, ou será o caso de termos

pecadores demais querendo invadir nossa “colônia”?

Por outro lado, esses zelosos da lei ajudam na

conservação e bom andamento doutrinária da igreja.

A eles foram dados esse dom e necessitamos

orientá-los, a fim de fazerem um trabalho produtivo e

nunca destrutivo.

Resultados

Fico feliz em saber que meus pais, e os pais de

muitos outros amigos e primos, não procediam

assim. No entanto, querem saber o que aconteceu

com os filhos dos que assim procediam?

Infelizmente hoje estão afastados, contrários às

coisas de Deus; alguns ateus, entre outras práticas

libertinas como: prostituição, bebedeiras, furtos e

outras mais. Literalmente contrários às coisas

santas, devido a uma aversão adquirida na infância

por conta daqueles que não souberam discernir e

ministrar a vontade de Deus a Seus filhos e

paroquianos, inclusive os infantis, o que é muito

sério aos olhos de Cristo.

Simplesmente estão afastados, pois nunca

sentiram alegria nas coisas de Deus, e nunca lhes

foi ensinada a alegria de servir a Deus por amor a

Jesus e Sua misericórdia. “Fazer coisas” da lei era a

11- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

única tônica que pairava em meus dias de infância.

A lei estava acima do amor de um Cristo crucificado.

Graça? A título de relatar fatos e nunca julgar, diria

que muitos nunca souberam o que é isso.

Sabemos que eles faziam tudo para ajudar,

mas não percebiam que estavam atrapalhando.

Eram irmãos comprometidos, sérios e queridos, o

que necessitavam era de orientação em todos os

seus esforços.

A alegria que a instituição do sábado deveria

nos proporcionar, muitas vezes terminava em

tristezas na igreja da fazenda. Na verdade, como

crianças, amávamos mais o domingo do que o

sábado. Que pena!

Havia mais alegria entre os jovens no pôr do

sol de fim do santo sábado, do que no pôr do sol da

sexta-feira. Qual a razão? Não é porventura o

sábado um dia feliz? Sem dúvida! O problema é que

a beleza do sábado era abafada, e isso tudo em

nome da lei. Faltava equilíbrio. Se me permitem,

esse fato de amar mais o pôr do sol que dá entrada

ao domingo do que o que dá entrada ao sábado,

parece ainda ocorrer em nossos dias.

A lei nunca foi um fardo, pois foi Deus quem a

criou, e tudo o que Deus faz é muito bom, mas a

maneira como aplicavam a lei é que estava pesando.

Quão profundas são as palavras de Augusto

Cury ao dizer que “a rigidez é o câncer da alma. Ela

não apenas fere os outros, mas pode se tornar a

mais drástica ferramenta autodestrutiva do homem.” 2

Mantendo o erro

12- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Para compreendermos a questão do batismo e

suas implicações, necessitamos não só

compreender a Lei e a Graça, mas ter também a

capacitação do Espírito Santo ao aplicar ambas as

leis na preparação do batizando e na mente de cada

crente a fim de resolver toda controvérsia.

Não estamos ao longo de nossa história como

igreja, permitindo que alguns ensinem os recémconvertidos

a amar mais o sábado do que o Senhor

do sábado? Mais a lei do que o Cristo da lei? Não

seria o caso de estarmos honrando as leis, o que é

perfeitamente correto, coerente, bíblico e agradável

a Deus, mas esquecendo-nos de edificar o Corpo de

Cristo, amando e investindo pela fé no pecador?

Não seria o caso de falarmos na mesma proporção

sobre a lei, e a misericórdia de Deus?

Cristo, nossa salvação

“Não há um ponto que necessite ser realçado

com mais diligência, repetido com mais frequência

ou estabelecido com mais firmeza na mente de

todos, do que a impossibilidade de o homem caído

merecer alguma coisa por suas próprias e melhores

boas obras. A salvação é unicamente pela fé em

Jesus Cristo.” 3

Não existe uma lei que lhe garanta a salvação,

nem mesmo a Lei dos Dez Mandamentos. A

salvação é garantida a todos os seres humanos

gratuitamente pela fé em Jesus Cristo. Você não

está salvo por guardar a lei; você está salvo por

Cristo, unicamente por Cristo.

13- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

“O que é justificação pela fé? – É a obra de

Deus ao lançar no pó a glória do homem e fazer por

ele aquilo que ele, por si mesmo, não pode fazer.” 4

Se a salvação fosse por alguma boa obra ou

por guardar algum mandamento, Jesus Cristo teria

morrido “em vão”. “Não anulo a graça de Deus, pois

se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo

morreu em vão” (Gálatas 2: 21). O texto é claro: “[...]

se a justiça [salvação] provém da lei, segue-se que

Cristo morreu em vão”. Se é pela lei, para que serviu

Cristo?

Observe o que diz Gálatas 5:4 “[...] de Cristo

vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na

lei; da graça decaístes”. Volte ao texto e medite nas

palavras: “desligar de Cristo” e “cair da graça”.

Justificar na lei significa “desligar de Cristo e cair da

graça.” Que esperança pode existir para um cristão

desligado de Cristo e caído da graça? Nada,

absolutamente nada. Os que esperam ter morada no

Céu por guardar a lei precisam rever seus conceitos

teológicos.

Querido, a prática da lei é o fruto na vida de

alguém que já foi salvo, e nunca deve ser praticada

para se obter salvação.

“Aqueles que esperam para ser batizadas até

depois de terem provado que podem viver a vida

cristã, na verdade acabam negando o evangelho. O

batismo em si significa que não podemos viver por

nos mesmos, que precisamos de Jesus, por isso nos

juntamos a Ele por meio do batismo. Provar por mim

mesmo que posso viver como Cristo e então ser

batizado é uma contradição e geralmente resulta em

legalismo.” 5

14- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Todo salvo obedece à lei

Ou estamos permitindo que outros ensinem

mais a graça do que a lei que nos conduz a Cristo

“de maneira que a lei nos serviu de aio [condutor],

para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé

fôssemos justificados” (Gálatas 3:24), e isso que é a

verdadeira graça? Ou talvez estamos enaltecendo

somente a graça e atropelando a lei que nos mostra

o pecado?

“Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo

nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão por

intermédio da lei. Pois eu não conheceria a

concupiscência se a lei não dissesse: Não

cobiçarás” (Romanos 7:7).

Sendo salvos unicamente pela misericórdia e

nunca por obras meritórias, por que devemos

guardar os mandamentos? “Pois os que ouvem a lei

não são justos diante de Deus, mas os que praticam

a lei hão de ser justificados” (Romanos 2:13).

Sendo a salvação pela fé, não devemos mais

guardar a lei? Paulo diz: “Anulamos, pois, a lei pela

fé? De maneira nenhuma! Antes confirmamos a lei”

(Romanos 3:31).

O que diz Tiago aos que não guardam a lei?

“Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar

em um só ponto, torna-se culpado de todos. Pois

aquele que disse: Não adulterarás, também disse:

Não matarás. Ora, se não adulteras, mas matas,

tornas-te transgressor da lei” (Tiago 2:10, 11).

Um fato

15- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Devemos continuar firmados na Palavra, mas

não nos esquecermos de algo importante: a

edificação do corpo de Cristo, se quisermos cumprir

a missão a nós confiada.

Se nós, como igreja, tivéssemos a habilidade

de inculcar na mente de cada converso ao

adventismo, o senso de “missão e pregação do

evangelho”, como temos o de inculcar os dez

mandamentos, ou o sábado, nossa realidade seria

outra. Teríamos “incendiado o mundo com a

pregação” do adventismo e Cristo seria honrado.

Somos peritos no sábado, aprimorados na lei.

Quando começamos (alguns) um estudo bíblico, não

vemos o momento de falarmos do sábado, da lei.

Não seria o caso de transferirmos toda essa

ansiedade para Cristo, e falarmos primeiro do Seu

amor?

É uma pena que nosso foco, às vezes, tem

apenas uma ou outra asa sagrada e sarada, a saber:

ou somente a asa da “lei” ou somente a asa da

“graça”. Bom seria que ambas fossem sagradas e

saradas no coração de cada membro adventista.

Outras asas, como a “missão e a pregação do

evangelho”, em muitos casos, estão feridas,

machucadas, e por isso voam baixo, pouco, quase

nada e, às vezes, nem voam. Em muitos casos,

essas asas já nem existem, a não ser a asa da lei ou

da graça extremada.

Quando funciona uma asa apenas, o máximo

que podemos fazer é voar rodeando em torno de

nós mesmos, mas nunca avançar. Isso nos faz

lembrar de um povo no deserto que não ouviu Deus

16- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

através de um líder chamado Moisés. Todos

sofreram.

Nosso primeiro dever é apresentar a Cristo,

não como uma mera cunha para introduzirmos o

sábado e a lei, mas como Aquele que morreu na

cruz do Calvário por nós, que somos “a menina dos

olhos”, independente da lei e do sábado.

A lei tem seu lugar, e ai daquele que pisar nela.

O problema é que estamos (alguns) focados no

papel. Somos cônscios de que na praxe está tudo

correto; somos perfeitos no Manual da Igreja, mas

quando entramos no campo da prática, percebemos

que estamos desfocados. A lei toma o lugar de

Cristo e as normas tomam o direito de alguém que

quer avançar pela fé através do batismo. Não é

assim que a Bíblia ensina. O mesmo se dá quando

pensamos apenas em batizar sem ensinar o

batizando nos caminhos do Senhor.

Falamos de fé e do poder de Deus, no entanto,

às vezes, não avançamos pela fé nem pelo poder de

Deus, e muito menos pelo amor às almas pelas

quais Jesus morreu. Se eu ou você, por alguma

razão, nos enquadramos nessa realidade, por amor

a Deus, à Sua Palavra e ao pecador que tanto sofre,

digo: temos que mudar.

Veja o conselho de Paulo: “Porque, sendo livre

para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar

ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus,

para ganhar os judeus; para os que estão debaixo

da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar

os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem

lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei

para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para

ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco

17- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo

para todos, para por todos os meios chegar a salvar

alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para

ser também participante dele” (I Coríntios 9:19-22).

“Podemos fruir o favor de Deus. Não devemos

estar ansiosos acerca do que Cristo e Deus pensam

de nós, mas do que Deus pensa de Cristo, nosso

Substituto. Vós sois aceitos no Amado.” 6

Queridos, todos nós que trabalhamos na igreja,

fazemos por amor. Oh! Como temos amado essa

igreja. Uns zelam por uma área e outros por outra.

São os dons distribuídos por Deus a cada um, e

temos aceitado e desenvolvido com presteza, no

entanto, necessitamos mais e mais aprender a

“como conviver com os outros”. O pecado que para

um é fácil vencer, para outro é extremamente difícil.

Tenhamos calma e paciência ao lidarmos com cada

um, principalmente com os batizandos e os novos na

fé. Pense nisso!

18- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

2. BATISMO: ANALISANDO

QUESTIONAMENTOS

Pense comigo: a mesma lei, a saber, a lei da

graça, que salvará um cristão que se alimenta da

carne de porco e “transgrida” o sábado por não ter a

oportunidade de conhecer os reclamos da lei,

condenará o irmão A ou B que se voltar contra a lei

de Deus voluntariamente. Concluímos que, para

Deus, a lei da graça é tão necessária ao ser humano

(cf. Efésios 2:8), como é a Lei dos dez

mandamentos, “santa, justa e boa” (Romanos 7:12).

A Lei de Deus, ao mesmo tempo que é graça para o

que não a conhece, é condenação e justiça para o

que a conhece e não a pratica. Por não praticar a lei

(voluntariamente), fica claro que a pessoa é contrária

a Deus, pois quem ama a Deus faz a Sua vontade.

Queridos, a matemática é simples: às vezes

nós queremos limpar o peixe antes de pescá-lo. Não

sejamos um ferrenho defensor dos pequenos

detalhes com quem está apenas começando, pois

ele não suportará o peso. Tão somente amemos. O

amor dele por Jesus e Sua bondade já pode salválo.

Devemos batizá-lo, se ele já é conhecedor das

principais doutrinas como sábado, abstinência às

carnes impuras e outras normas. No entanto, não

deixemos de, aos poucos, introduzir a vontade de

19- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Deus em seus pormenores, que também são santos,

justos e bons.

Veja que o quadro se reverte quanto ao

conhecedor maduro na fé que não quer praticar.

Teve oportunidades, mas não quis mudar de vida,

então, a mesma Bíblia irá condená-lo com a mesma

lei da graça que ele não aceitou, e a maior prova é a

transgressão espontânea dos Mandamentos.

Devemos alertá-lo que sua vida cristã está em

perigo, e embora jamais possamos julgar quem se

enquadra no verso a seguir, ele existe e sua

declaração é forte: “O que desvia os seus ouvidos de

ouvir a lei, até sua oração é abominável” (Provérbios

28:9).

Conhecimento sem prática

Podemos estar pensando: “Quanto a isso não

temos dúvidas, conhecemos e sabemos fazer

diferença entre a lei da graça e a lei dos dez

mandamentos”. Que sabemos fazer essa diferença

não temos dúvidas, mas a questão não é essa. O

detalhe é que esse conhecimento existe no campo

da teoria (como já mencionamos), pois no campo da

prática, ou só funciona a lei da graça, batizando

qualquer um, ou só funciona a lei dos dez

mandamentos e seus pormenores. Ou seja: tem que

ser santo para se batizar, tem que estar tudo

certinho, perfeito. Essa atitude se aproxima e muito

das atitudes dos líderes de Israel nos dias de Jesus:

extremados...

Quanto ao primeiro exemplo (apenas a graça),

soa algo como: Hofni e Finéias (I Samuel 1:17) sem

20- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

nenhum compromisso com as coisas sagradas; Uzá

(II Samuel 6:7) que não respeitou o que era santo;

Ananias e Safira (Atos 5:1-11) que amaram mais as

coisas deste mundo que as celestiais; entre outros

personagens bíblicos que não perceberam que as

coisas de Deus são santas e devem ser tratadas

com toda santidade. Quanto ao segundo exemplo (a

lei e seus pormenores), soa farisaísmo puro no mais

alto grau da palavra. Não conseguem amar nem ver

a bondade de Deus. Quanto a esses, percebe-se

que suas vidas são amargas, e com facilidade

transmitem essa atitude à igreja e aos novos

conversos. Ambos necessitam de nossas orações,

paciência de todos e muita instrução para que

possam ser equilibrados. Tanto conservadores como

liberais devem ser amados para que aconteça uma

transição e a igreja cresça. Sigamos o conselho

bíblico que diz: “amemo-nos uns aos outros” (I João

4:7).

2.1 Batismo: conservadores e liberais

O liberal extremista tem uma paixão linda pelas

pessoas. Percebe-se nele uma vontade muito

grande de que todos se salvem. No entanto, nem

Deus, pela Sua misericórdia, ou pelo sacrifício de

Jesus no Calvário e todo Seu sofrimento, vai salvar

um transgressor que liberalmente transgride a lei, e

nunca imagine que a graça, por ser graça, se

21- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

sobrepõe à lei. Penso que aqueles que creem ser

isso possível terão que rever seus conceitos

teológicos sobre a graça e a lei.

O conservador extremista é zeloso, amante do

correto, do perfeito, do belo. Normalmente são filhos

de pais exageradamente exigentes, que criaram nos

filhos uma atitude perfeccionista. São críticos e

severos, com pouca misericórdia. Por conta dessa

criação distorcida, imaginam um Deus severo e

exigente. Quando contrariados ou seu zelo é ferido,

colocam em dúvida a decisão tomada pela igreja de

batizar alguém.

Deus não fica feliz com tal conservadorismo

extremo. E a situação ainda se agrava se esse

conservadorismo for acompanhado de críticas aos

administradores, evangelistas, pastores, obreiros,

irmãos e comissões de igreja, ou ao próprio

batizando por ser ele alguém que fumava ou bebia,

mas que agora requer o batismo na fé que nunca

mais vai voltar a tais práticas. Se por “zelo extremo”

alguém tem atrapalhado batismos, é bom saber que

Deus não se agrada dessa obra “zelosa”.

George R. Knight disse: “Ora, se eu fosse o

diabo, daria a vocês adventistas a verdade bíblica,

mas tornaria vocês e suas igrejas mais frios do que

uma fôrma de gelo no inverno da Sibéria. Por outro

lado, eu daria a alguns cristãos alegria na igreja e na

vida cristã, mas confundiria de tal forma sua teologia

que eles não saberiam distinguir Gênesis de

Apocalipse”. 1

22- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

2.2 Batismo: ex-adventistas, fumantes e

juvenis

Vamos rever situações criadas na introdução

deste material e buscar soluções para o problema.

Como já dissemos, batizar uma ex-adventista é

o suficiente para dividir conservadores e liberais,

envolvendo toda a igreja em discórdia, briga e

confusão.

Para os que exigem uma nova série de estudos

a tal pessoa, fica a pergunta: é necessário ministrar

uma série de estudos bíblicos para que ela esteja

preparada novamente para o batismo?

Visto se tratar de uma pessoa conhecedora da

verdade, não seria o caso de, nesse momento, estar

necessitando de amor, aceitação, carinho,

compreensão, amizade? Por natureza, ela tem sede

de justiça, de caminhos retos; está cansada de

pecar, está sofrendo, coração pesado, chorando,

ferida e magoada.

Com certeza buscará caminhos corretos

naturalmente, pois já conhece a verdade e está

cansada da mentira. Foi assim com a pecadora que

levaram aos pés de Jesus. Não é o momento de

dizer o que precisa fazer. Ela já ouviu no passado,

quando criança, talvez. Já conhece a lei.

Batize essa sofredora como sinal de aceitação,

sinal de alegria por parte da igreja. Solte bombas,

rojões, faça festas, convoque a banda da cidade,

toque trombetas, diga aos vizinhos, ao bairro, à

cidade, ao mundo, e coloque um tapete vermelho

23- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

em toda a igreja com rosas coloridas por todos os

lados e diga a essa filha pródiga: filha querida, isso é

para dizer o quanto você é querida e amada em

nosso meio. Seja bem-vinda!

Deixemos definitivamente de ser resmungões.

Divulguemos o dia do batismo, um dia de

reconhecimento da conversão de um pecador e de

alegria para Deus e para a igreja.

Desculpe, foi apenas um insight, talvez um

sonho de uma realidade bem distante. O que temos

na verdade é confusão, pela simples razão de ser

uma “ex-pecadora” que está se batizando. Que

pena! Onde chegamos!

O medo

O que perderemos se a “pecadora” se

apostatar novamente? Nossa reputação? Não! Não

perderemos nada. Aliás, já ganhamos, e muito, por

ter acreditado mais uma vez, e quantas vezes forem

necessárias, em alguém desacreditada pelos pais,

pelos amigos, pela sociedade, e até por ela mesma.

Os que falam de fé, de aceitação, de

irmandade em Cristo, de religião, de um Cristo

crucificado em favor dos pecadores, não podem

recusar um batismo como esse. Como disse Madre

Teresa: “Se você julgar as pessoas, não terá tempo

para amá-las.” Ela não tinha lei, a não ser a lei que

sobrepõe a todas, a saber, a lei do AMOR. “Agora,

pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes

três; porém o maior destes é o amor” (I Coríntios

13:13).

24- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Se você der amor e aceitação incondicional às

pessoas, ficará surpreso com o que acontecerá a

elas. As pessoas respondem melhor à lei do amor.

Voltemos à hipótese de um fumante que já

recebeu todos os estudos, frequenta as reuniões de

culto e guarda “toda a lei”, e hoje pede ou concorda

com a necessidade de ser batizado com a promessa

(fé) de nunca mais fumar. Teríamos que esperar até

que sua fé se transformasse em obras (Tiago 2:18),

ou seria justo, pela nossa fé, realizar a obra do

batismo crendo que Cristo há de libertá-lo e crendo

na fé do pecador de que vai deixar o vício?

Quando seu filho disser que vai fazer algo,

duvide dele, e assim ele mesmo nunca confiará em

si próprio. Mas, se acreditar nele e se acaso cair,

ajude-o a se levantar, e a obra do amor será o ponto

vital para que ele se levante. E caso não se levante?

Nós somos o povo da esperança, da paciência,

daqueles que creem no poder de Deus. Continue

tentando “setenta vezes sete” (cf. Mateus 18:22) e

se for o caso sete mil vezes sete. Não lhe faz bem

pensar assim?

Oito em cada dez fumantes, ao tomarem a

decisão pelo batismo deixam de fumar. Dois em

cada dez fumantes que não tomam a decisão do

batismo, deixam de fumar. O percentual é grande e

isso nos faz pensar. Embora possa não ser uma

estatística precisa na vida de cada ministro, é

precisamente essa a média que tem ocorrido em

meu ministério. Nunca insisti ou ofereci o batismo a

fumantes, no entanto, todos aqueles que pela fé

pedem o batismo crendo que Jesus pode libertá-lo,

repito, de dez, oito deixam o vicio. Essa é a

estimativa mais linda que conheço, é o poder de

25- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Deus. Lembrando que esta declaração não tem o

propósito de incentivar nenhum fumante ao batismo,

ou realizar o batismo de nenhum viciado ao tabaco

sem que a iniciativa seja dele e tão somente dele, e

com uma promessa convincente de que confia na

libertação e no poder de Cristo. A Bíblia e o Espírito

de Profecia não autorizam batizar nenhum viciado

sob influencia de outros que não seja a do Espírito

Santo. Creio que não devemos batizar tal viciado,

assim como não é prerrogativa nossa negar o

batismo daquele que sob a influência do Espírito de

Deus quer avançar pela fé. O detalhe é que todo

convertido é apaixonado por salvação de gente e

não perde oportunidades, e quando o risco/índice é

mais positivo que negativo, não deixamos de

acreditar no poder de Jesus avançando pela fé,

atendendo ao pedido do moribundo sofredor, e

nunca atropelando a Bíblia e o Espírito de Profecia.

Isso é fé.

Creio que todo pastor e igreja têm testemunhos

de pessoas que fumaram na semana do batismo,

mas que uma vez batizados, nunca mais fumaram.

Nosso propósito com esse exemplo, o do

tabaco, é usá-lo por ser extremo, a fim de fazermos

um balanço de posições que temos tomado diante

das comissões neste ou em outros casos, para que

na próxima oportunidade, façamos nossas

observações com mais equilíbrio.

O que dizer de um filho da igreja que tem idade

suficiente para o batismo (8 anos – cf. Manual da

Secretaria, p. 28 e Orientação da Criança, p. 490,

491), mas que, pedindo seu batismo, é impedido,

por não ter concluído uma classe bíblica muitas

vezes negligenciada pela igreja? Temos que reprimir

26- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

o ímpeto de seu desejo “do hoje” e aguardarmos

quatro meses, em média, até concluirmos uma

classe bíblica? Na verdade, esse filho de adventista

fez mais que uma série de estudos, pois sua

frequência aos departamentos infantis desde seu

nascimento, os cultos realizados em sua casa, e as

demais atividades espirituais em que certamente ele

se envolveu ao longo de sua vida, somam-se mais

em conhecimento do que qualquer série de estudos.

Pensar o contrário seria menosprezar todo o

trabalho da mãe que desde o ventre trabalha com

todo amor a fim de educar seu filho nos caminhos do

Senhor.

Veja essa declaração de Ellen G. White: “Sei

que alguns têm perguntado se os filhinhos, mesmo

de pais que creem, hão de ser salvos, pois não

tiveram nenhuma prova de caráter, e todos precisam

ser provados, e seu caráter tem de ser determinado

pela prova. É feita a pergunta: ‘Como podem as

criancinhas ter este teste e prova?’ – Respondo que

a fé dos pais que creem protege os filhos, como

sucedeu quando Deus enviou Seus juízos sobre os

primogênitos dos egípcios.” 2

Alguns chegam ao extremo de questionar o

fato de o juvenil não ter feito o apocalipse e,

portanto, não está preparado. Ora, amigo! Seria

esse o melhor caminho, embora nobre a intenção?

Todos os estudos que pudermos ministrar, devemos

ministrar, no entanto, não devemos nos escandalizar

quando isso não acontece, pois se trata de um filho

da igreja. Todo cuidado é pouco para não impedir ou

permitir que um juvenil seja batizado triste ou

duvidoso de seu batismo.

27- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

No entanto, não queremos dizer com isso que

esquecemos o que o Manual da Igreja diz

claramente: “Só os que dão prova de haver

experimentado o novo nascimento e de estar

desfrutando uma experiência espiritual no Senhor

Jesus se acham preparados para ser aceitos como

membros. A todo candidato à qualidade de membro,

antes que seja batizado e recebido na comunhão da

Igreja, deve-se ministrar esmerada instrução sobre

os ensinos fundamentais e as práticas da Igreja

relacionados com eles. Toda pessoa que procura ser

admitida na Igreja merece estar informada sobre os

princípios defendidos por ela.” 3

A ideia não é abandonar nenhum preparo

possível, mas tomarmos o máximo cuidado para não

criarmos nenhuma dificuldade aos que desejam o

batismo, e amarmos mais e mais a todo o “pecador”

que se aproxima da lei. Com amor, a lei de Cristo

fica “suave e leve” (Mateus 11:30).

Se não, o que nos motiva: o amor acima das

leis? Ou as leis acima do amor?

Para pensar

E por último, gostaria de criar um quadro

imaginário que constantemente vemos na vida real.

Enquanto que nos demais casos criados até aqui

cremos em uma minoria discordante, neste vemos

uma maioria. Vejamos:

Imagine você batizarmos um juvenil que já

frequenta a nossa igreja. Ele recebeu estudos,

compreendeu os mandamentos e aceita o batismo,

mas, por alguma razão, seus pais nunca vieram à

28- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

igreja. No entanto, gostam e apoiam a frequência do

filho em nossa igreja. Veem nela o único meio de

salvar seu filho das drogas e demais males.

A família, todavia, faz uso de carnes imundas e

vive num ambiente de prostituição, bebidas

alcoólicas, fumantes por todos os lados e até alguns

usuários de outras drogas.

O que acha você? Vamos batizá-lo? Se você

respondeu sim, alguns vão lhe dar os parabéns. No

entanto, quero lhe dizer que esses parabéns são de

uns poucos e, desses poucos, é possível que em

alguns casos seja somente no campo da teoria. Na

prática, o falatório é grande. É um “prato” perfeito

para discórdia. Na comissão, ao votarmos, os braços

se erguem timidamente e à meia altura. Quão triste

para um pastor ver essa realidade.

E se esse juvenil apostatar por não suportar a

pressão do ambiente em que vive? Bom, nesse

caso, pense comigo só por um instante no exemplo

de um clube: você já foi a um clube onde não é

sócio, mas que por razão de um convite de um

associado você está ali? Como se sente?

Confortável? Não. A liberdade de usufruir desse

ambiente não é a mesma que a de um associado.

O mesmo se dá com a pessoa (juvenil em

questão) que foi batizada na igreja. Essa lhe

pertence por direito, não emprestada, não

passageira; é sua, tem direito de ir e vir pois foi

batizado, e agora lhe pertence o direito de “sócio”.

Ao lhe perguntarem, mesmo depois de sua

apostasia: “Qual a sua igreja”? Responderá:

“Adventista do Sétimo Dia”. Percebe a importância

do batismo mesmo acompanhado de apostasia?

29- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Lembremos que muitos dos batismos que

realizamos hoje são rebatismos de pessoas que um

dia, na condição de juvenil, foram batizadas em

nossas igrejas, mas que, por razões da vida,

apostataram. No entanto, chegou a idade, os filhos

vieram, e é a vez de Deus novamente entrar em

cena dizendo: “Querido, as vaidades já passaram.

Você tem que educar seus filhos e a melhor opção é

voltar para Deus com sua família, e isso se dá

através da volta para a igreja.”

Pensando nesse apelo divino, ele quer

retornar. Retornar para onde? “Para a igrejinha

amada”. Aquela de sua infância, na qual fora

batizado. Voltar para a Igreja Adventista do Sétimo

Dia. “Ensina a criança no caminho em que deve

andar, e, ainda quando for velho, não se desviará

dele” (Provérbio 22:6). Isso não é uma profecia, é

um provérbio. Não quer dizer que tem que ser assim.

No entanto, os provérbios também são a palavra de

Deus para nós e, na maioria dos casos, se cumprem

em nós.

Uma criança não sabe o que faz. Ela é criança.

No entanto, os pais não deixam de recebê-la como

filho por não saber o que faz, mas a registram em

seu nome, a amam e, aos poucos, vão ensinando os

caminhos da vida. Há filhos que aprendem e outros

que não aprendem. No entanto, mesmo os que não

aprendem, continuamos amando, pois são nossos

filhos. Amamos os filhos não pelas suas atitudes,

mas porque são filhos. Os que não aprendem agora

poderão aprender no futuro.

É bem verdade que a situação é diferente com

relação à igreja. Não é correto batizarmos uma

pessoa sem nenhum doutrinamento. Mas, não seria

30- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

importante, em alguns aspectos da vida eclesiástica,

tomar como exemplo os nossos filhos? Veja: não

seria mais pedagógico “registrar (batizar) em nosso

nome” e educá-lo na condição de “filho” (membro) ao

invés de querer ensiná-lo sendo ainda visitante? E

caso não se comporte como um “bom filho”,

continuemos amando e cuidando como cuidamos de

nossos filhos. Ou acaso se esquece alguma mãe de

visitar seu filho na cadeia, ou de orar por ele?

“Pedindo-lhe peixe, lhe dará uma cobra?” (Mateus

7:10). Não é o caso de estarmos tão desprovidos de

amor para com o pecador, como ele está desprovido

de amor para as coisas de Deus? Louvado seja

Deus que pela sua misericórdia perdoa tanto um

quanto o outro.

Veja o que a Bíblia nos diz: “Naquela hora

chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram:

Quem é o maior no reino dos Céus? Jesus,

chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e

disse: Em verdade vos digo que se não vos

converterdes e não vos fizerdes como crianças, de

modo algum entrareis no reino dos Céus. Portanto,

quem se tornar humilde como esta criança, esse é o

maior no reino dos Céus. E qualquer que receber em

meu nome uma criança tal como esta, a mim me

recebe. Mas qualquer que fizer tropeçar um

destes pequeninos que creem em mim, melhor

lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma

pedra de moinho, e se submergisse na

profundeza do mar” (Mateus 18:1-6).

“Vede, não desprezeis a nenhum destes

pequeninos; pois eu vos digo que os Seus anjos

nos Céus sempre veem a face de meu Pai, que está

nos Céus. Porque o Filho do homem veio salvar o

31- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

que se havia perdido. Que vos parece? Se alguém

tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não

deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar

a que se extraviou? E, se acontecer achá-la, em

verdade vos digo que maior prazer tem por esta do

que pelas noventa e nove que não se extraviaram.

Assim também não é da vontade de vosso Pai que

está nos Céus, que venha a perecer um só

destes pequeninos” (Mateus 18:10-14).

Temos falhado? Até um tempo que não sei

divisar, diria que não! A maneira como temos

trabalhado até aqui, teve o seu lugar e aprovação de

Deus. A questão é que vivemos em outros tempos e

se faz necessária uma transição, não de Leis, mas

na maneira de nos portarmos e nos relacionarmos

diante do pecador atual. O que funcionava até

ontem, pode não funcionar hoje. A Bíblia diz que “há

tempo para todo propósito debaixo do céu” (cf.

Eclesiastes 3:1), e nós temos que estar atentos às

mudanças do comportamento humano através das

eras.

Na Bíblia vemos Deus suportando nações,

pessoas e fatos que no tempo de Jesus não foram

aceitos por Ele (exemplo: as muitas mulheres como

esposas [cf. Gênesis 16:3]). O contrário também é

verdadeiro. Jesus aceitou uma nação (gentios, cf.

Romanos 9-11) como eleita que no passado

pertencia à outra (Israel, cf. Gênesis 12:1, 2).

Temo que um mesmo método para todos os

tempos enfade até os anjos. Vivemos em um tempo

em que as pessoas estão carentes de aceitação, e

se esta for forte, poderemos introduzir regras que

elas aceitarão, pois vivem em um mundo sem lei e

estão ávidas pela lei.

32- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Analisando o Manual

Contudo, alguém pode dizer: Nós não

batizamos juvenis com menos de 13 anos 4 cujos pais

não são membros da igreja.

Esta observação procede e tem base no

Manual Para Secretaria de Igreja, página 28,

conforme fonte citada. No entanto, ao olharmos de

forma mais detalhada no mesmo parágrafo e nos

parágrafos anteriores, vemos algo que não vemos

em uma leitura rápida.

Vou descrever os referidos parágrafos e grifar e

(observar em parênteses) detalhes que passamos

por alto, e que podem prejudicar grandemente a vida

espiritual de um juvenil.

A referida citação contém cinco votos, vou

descrever apenas o terceiro, quarto e quinto, o

primeiro e o segundo estão fora de nosso contexto

e, portanto, não vou descrever aqui. Vejamos:

Batismo de Juvenis – Voto 2004-103 da DSA.

3. Que os pastores adventistas só poderão

batizar juvenis quando um dos pais, ou responsáveis

diretos (que pode ser um ancião, ou o instrutor

bíblico, professor dos departamentos, ou alguém

que possa dar um suporte espiritual até que tal

juvenil se firme na fé), for membro da igreja e que o

candidato tenha recebido a devida instrução.

4. Que as fichas batismais dos juvenis e

adolescentes, até 16 anos, sejam assinadas pelos

respectivos pais ou responsáveis diretos (ancião,

instrutor bíblico, professor dos departamentos ...).

33- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

5. Que os juvenis, cujos pais não forem

adventistas, sejam batizados normalmente a partir

dos 13 anos, após receber a devida instrução. Nos

casos especiais, (observe que há casos especiais)

em que um juvenil é aluno da Escola Adventista ou

participa do clube de desbravadores ou outras

atividades da igreja (veja que a uma abertura para

alunos de nossas escolas, desbravadores e outros.

O que seria esse “outros”? Pode ser aluno da Escola

Sabatina (o que normalmente eles são) por vários

anos, serão analisadas pela Comissão da Igreja a

seu critério (isso significa que a comissão da igreja

pode votar receber um batizando com menos de

treze anos).

Este voto foi tomado para salvaguardar os

batismos em pequeno ou grande porte (normalmente

em evangelismo) em que muitos juvenis poderiam

ser batizados sem um responsável direto (padrinho

espiritual) que participa do “antes”, “durante” e

“depois” do batismo.

Normalmente, nos casos de evangelismo, o

obreiro participa do “antes” e “durante” o batismo,

mas, por conta de seu trabalho, fica impossibilitado

de participar do “depois”, a não ser que se faça um

arranjo para que fique mais tempo (depois) como

temos visto atualmente.

Se este juvenil tem um responsável direto, ou

seja, um irmão, irmã, que acompanha sua conversão

e se compromete ser seu guardião na fé, ele está

apto ao batismo e dentro de nossas praxes.

Queridos, não facilitar um juvenil ao batismo é

sério. Intimidá-lo ao batismo pelo fato de não ter

nenhum parente batizado, é ir contra as orientações

de Cristo em Mateus 18:1-14. É oportunizá-lo ao

34- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

fracasso espiritual duas vezes: a primeira por não ter

tido o privilégio de ser filho desta igreja, e a

segunda, é não facilitarmos a fazer parte da igreja

através do batismo pelo simples fato de alguém não

querer adotá-lo, ou seja: ser seu responsável direto.

Nunca nos esqueçamos de que também

carecemos da graça ainda que sejamos adventistas

por dez gerações. Na verdade todos são adotados, e

pensar assim, nos dá empatia.

É possível que vá ferir o sentimento de um

juvenil (de seu pai ou mãe), ao ficar sabendo que

acorrerá o batismo da primavera e que dez juvenis

de 8 anos se batizarão, mas que ele não poderá

enquanto não completar 13 anos por não ser filho de

adventista.

Que Deus o abençoe no trato com estas

crianças, que aos olhos de Deus são tão santas e

queridas.

2.3 Batismo: oportuniza a ceia do Senhor

Embora às vezes pensemos que certos

pormenores na Bíblia não tenham significado

teológico e pedagógico para os nossos dias,

devemos, ainda assim, considerar com toda a

seriedade a função didática do Livro Sagrado.

Levando em consideração que “tudo o que dantes

foi escrito, para nosso ensino foi escrito” (Romanos

15:4), podemos chegar a uma compreensão

35- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

razoável do significado mais amplo de certos

aspectos fundamentais de alguns sistemas que

apontam além deles mesmos, para outra realidade

em nossos dias. Deus instituiu algumas ordenanças

que, por mais que as estudemos, nunca vamos

descobrir tudo o que elas podem fazer por nós.

Veja o que diz Ellen White em relação àqueles

que tomam a Ceia do Senhor. Ela destaca os

benefícios dos que participam e prejuízos dos que

não participam: “É nessas ocasiões, indicadas por

Ele mesmo, que Cristo Se encontra com Seu povo,

e o revigora por Sua presença. Corações e mãos

indignos podem mesmo dirigir a ordenança; todavia

Cristo ali Se encontra para ministrar a Seus filhos.

Todos quantos ali chegam com a fé baseada nEle,

serão grandemente abençoados. Todos quantos

negligenciam esses períodos de divino privilégio,

sofrerão prejuízo.” 5

Atente para as palavras: “encontra”, “revigora”,

“abençoados” e “prejuízo”:

Encontra (com Cristo)

Nossa maior necessidade é de encontrarmos

com Jesus. Na ocasião da Ceia, o membro batizado

tem a oportunidade de se encontrar com Jesus.

Esse encontro é mais uma oportunidade de se

firmar, se fortalecer. Mas há pessoas que

frequentam nossa igreja e não usufruem dessa

oportunidade por não serem batizadas. O que mais

dói é saber que, dentre elas, estão alguns dos filhos

da igreja que não podem participar, pois, segundo

seus pais, têm que completar dez ou doze anos, e

36- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

só então estarão aptos para serem batizados e

terem um encontro com Jesus através da Ceia do

Senhor.

Seria um “zelo” julgar que um filho da igreja

com oito anos é novo demais para o batismo e por

conta disso fica impedido de tomar a Ceia do

Senhor? Ou se trata de um zelo estremado do qual

Deus não se agrada?

Espere seu filho completar dez, onze, doze ou

treze anos, e não se surpreenda se ele não quiser

mais o batismo e a Ceia. A essa altura ele já estará

anêmico espiritualmente por não participar da Ceia

do Senhor, e robusto nos interesses mundanos, pois

normalmente, com dez ou doze anos, os atrativos do

mundo já lhe foram apresentados e é possível que

experimentados. Já sabe o que é “ficar”, já tem gosto

pelas joias, novelas e danças, entre outras práticas.

Como o batismo o impede desses prazeres – que

até os oito anos não são tão fortes, mas que agora

aos dez ou doze anos tem aguçado seus desejos,

ao ser indagado sobre o batismo, provavelmente sua

resposta será NÃO. Isso não é uma suposição, pois

convivo com essa realidade.

Meus queridos, se vocês querem ver seus

filhos firmados na igreja, incentivem-nos ao batismo

desde pequenos, coloquem em suas mentes infantis

que a partir dos oito anos, querendo, já estão aptos

para o batismo e que Jesus ficará muito feliz com a

decisão deles.

Incentive o juvenil ao batismo aos oito anos

para que possa participar da Ceia do Senhor (após o

batismo) e receber Suas bênçãos para que,

chegando a fase dos desejos carnais (a partir dos

dez anos começam ficar mais fortes), eles estejam

37- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

alimentados e fortes para resistir ao pecado pelo

poder do Espírito Santo recebido na Ceia do Senhor.

“As crianças de oito, dez, ou doze anos, já têm

idade suficiente para ser dirigidos ao tema da

religião individual”. 6

Queridos, quero compartilhar uma história

escrita por Russell Burrill, um dos mais bem

sucedidos e experientes evangelistas públicos

(jubilado) da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e isso

em apenas um parágrafo, onde ele apóia e incentiva

as crianças a se batizarem ainda com idade muito

tenra. Vejamos:

“... Conduzi um evangelismo no qual um jovem

(juvenil) de 7 anos comparecia toda noite e sempre

sentava na primeira fileira. Ele teve uma experiência

com Jesus muito além de sua idade e desejava ser

batizado. Quando abordei os pais dele, eles estavam

inflexíveis; ele não pode ser batizado até que tenha

12 anos, disseram. O garoto sentiu a convicção do

Espírito Santo e seus pais estavam, de forma

indireta, dizendo a ele para ignorar o que o Espírito

estava dizendo. Alguns anos depois, novamente

conduzi um evangelismo próximo desse mesmo

lugar e os pais do garotinho se aproximaram

pedindo para que eu o visitasse e o preparasse para

o batismo, agora que ele tinha 12 anos, mas ele não

estava aberto ao batismo. Anos sufocando a

convicção do Espírito Santo acabou levando o

garoto a rejeitar Jesus. Foi uma tragédia, pois não

pude fazer nada para persuadi-lo.” 7

Quando recebo informações desta natureza, ou

vivo em meu ministério situações tal como esta,

chego à conclusão que o ato de inibir ou proibir uma

criança (juvenil) ao batismo, é um dos ataques mais

38- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

cruéis que podemos fazer a vida religiosa de uma

criança (juvenil). É um atentado espiritual. Um terror

no mais alto grau da palavra a um ser tão inocente

chamado criança (juvenil), cuja intenção é pura e

inocente, ou seja: querer se aproximar Salvador

Jesus. Aproximar de Jesus é um direito que Deus

oportunizou a todos os seres humanos. Privar

alguém desta graça é pecado, e quando se trata de

pequeninos, a coisa fica mais séria, pois estamos

privando alguém que por conta de sua idade não

pode se defender.

Se você acha que eu estou exagerando, olhe

mais uma vez nas declarações de Jesus quanto ao

“fazer tropeçar a um destes pequeninos que creem

nEle” (veja Mateus 18:1-14). Nesta passagem, Jesus

afirma que recebemos a Ele mesmo quando

recebemos uma criança. Contudo, Ele afirma que

“melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço

uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na

profundeza do mar.” Talvez Jesus nunca fosse tão

duro, ou levasse a coisa para um lado tão dramático

quando fez referência a salvação de crianças.

É sério porque muitos destes pequeninos, não

vêem nos pais um padrão de vida que lhes dê

estabilidade espiritual, e em busca deste padrão, a

fim de receberem paz, cujo coraçãozinho embora

tenro já sente tristeza por conta de uma família

problemática, e que agora poderiam oportunizar a

paz que tanto busca, são os primeiros a inibi-lo de

alcançar a paz que só Jesus pode dar através do

batismo. Oh! Senhor tende misericórdia destas

crianças que querem ingressar nas fileiras da paz,

paz que só Jesus pode lhes dar.

39- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Revigora (alimento do cristão)

Veja esta declaração de Ellen White: “E quão

mais verdadeiras são as palavras de Cristo quanto a

nossa natureza espiritual! Declara Ele: ‘Quem come

a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida

eterna’. É recebendo a vida por nós derramada na

cruz do Calvário, que podemos viver a vida de

santidade. E essa vida transmite-se-nos ao receber

Sua palavra, fazendo as coisas que Ele ordenou.

Tornamo-nos então um com Ele. ‘Quem come a

Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em

Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me

enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim, quem de Mim se

alimenta, também viverá por Mim’ (João 6:54, 56 e

57). Esta escritura aplica-se, em sentido especial, à

santa comunhão. Quando a fé contempla o grande

sacrifício de nosso Senhor, a alma assimila a vida

espiritual de Cristo. Essa alma receberá vigor

espiritual de cada comunhão. O serviço forma uma

viva conexão pela qual o crente é ligado a Cristo, e

assim ao Pai. Isso forma, em especial sentido, uma

união entre os dependentes seres humanos, e Deus.

Ao recebermos o pão e o vinho simbolizando o

corpo partido de Cristo e Seu sangue derramado,

unimo-nos, pela imaginação, à cena da comunhão

no cenáculo.” 8

A palavra profética é clara: “Recebemos vigor

espiritual”. Fica claro que a participação de todo

aquele que necessita ser mudado é importante, e

todos necessitamos; temos que participar da Ceia do

Senhor.

40- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Abençoados (para dar frutos)

Muitas vezes queremos os frutos quando os

galhos não estão ligados à videira. Vejamos João

15:1, 4, 5, contrastando com Ezequiel 15:1-5: João

15:1: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o

lavrador”.

Veja como Deus, em Ezequiel 15:1-5, nos

compara com a madeira da videira que, entre as

árvores dos bosques, não serve para nada, a não

ser para ser queimada e desprezada. Observe o

texto: “De novo veio a mim a palavra do Senhor,

dizendo: Filho do homem, que mais do que qualquer

outro pau é o da videira, o sarmento que está entre

as árvores do bosque?

Toma-se dele madeira para fazer alguma obra?

ou toma-se dele alguma estaca, para se lhe

pendurar algum traste?

Eis que é lançado no fogo, para ser consumido;

o fogo devora ambas as suas extremidades, e o

meio dele fica também queimado; serve para alguma

obra?

Ora, quando estava inteiro, não servia para

obra alguma; quanto menos, estando consumido ou

carbonizado pelo fogo, se faria dele qualquer obra?”

Observe que Ezequiel compara o ser humano à

videira, cuja madeira não serve para nada a não ser

para ser queimada e jogada fora. Observe o tronco

de uma videira: é todo torto e não dá aproveitamento

algum; realmente, só serve para ser queimada. No

entanto, observe o texto de João 15:4: “Estai em

mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não

41- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

pode dar fruto, se não estiver na videira, assim

também vós, se não estiverdes em mim.”

Veja que Jesus confirma a Palavra de Deus em

Ezequiel: se estivermos ligados nEle seremos boa

madeira e produziremos bons frutos.

Os ritos que Jesus instituiu, a saber, batismo e

santa ceia, são formas que Ele mesmo instituiu para

estarmos ligados à Videira Verdadeira e produzirmos

frutos. Assim sendo, pode alguém que não está

ligado produzir frutos?

“Eu sou a videira, vós as varas; quem está em

mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim

nada podeis fazer” (João 15:5).

Veja que a Palavra é clara: “porque sem mim

nada podeis fazer”.

Muitas vezes queremos que as pessoas

(aquelas de que estamos tratando aqui, ou seja, que

já deveriam ser batizadas) produzam frutos e até

mesmo que nossos filhos produzam frutos, quando,

na verdade, não estão ligados na videira através do

batismo e da participação na Ceia do Senhor.

Batismo e santa ceia não são apenas figuras

pedagógicas para nos ensinar alguma realidade

passada, presente ou futura. São ritos que Jesus

instituiu para alimentar Seu povo, e quem não

participa fica com fome, anêmico e morre

espiritualmente. Quando participamos, somos

abençoados. “Todos quantos ali chegam com a fé

baseada nEle, serão grandemente abençoados.” 9

Prejuízo (espiritual)

42- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

“Todos quantos negligenciam esses períodos

de divino privilégio, sofrerão prejuízo.” 10

No campo material, por natureza, sempre

gostamos de levar vantagens em tudo. No entanto,

no campo espiritual não deveria ser diferente.

Devemos desejar tudo aquilo que nos leva para

perto de Deus e de Sua força para podermos levar

vantagem espiritual, e nunca “prejuízo”. Devemos

ser facilitadores para que outros façam parte

também. Quando negligenciamos a ceia do Senhor,

sofremos grande “prejuízo” e ficamos em

desvantagens.

É possível que nossos irmãos em Cristo, ao

tomarem a ceia do Senhor, não o façam como Fonte

de Poder, mas como rotina, tradição, costume. Se

assim o é, necessitam ser reeducados em um

caminho mais excelente.

Batismo (recebimento do Espírito Santo)

É bom lembrar que a primeira atitude de Jesus

antes de iniciar seu ministério foi permitir ser

lavado/batizado para ficar apto para o trabalho e não

sofrer “prejuízo”. Jesus tinha que levar vantagem,

vencer em Seu ministério, e o batismo foi

fundamental no Seu preparo para o trabalho e no

recebimento do Espírito Santo para vencer Suas

batalhas contra Satanás. O mesmo é proposto a nós

em Atos 2:38 “Disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e

cada um de vós seja batizado em nome de Jesus

Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o

dom do Espírito Santo”.

43- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Sabendo que enfrentaríamos muitas lutas, não

só deixou o exemplo do batismo, mas também a

Ceia que Ele próprio instituiu – ambos para

recebermos o dom do Espírito Santo para levarmos

vantagens frente ao pecado, e nunca “prejuízo”. Se

quisermos que nossos filhos e aqueles que a nós se

agregam sejam vitoriosos, devemos incentivá-los a

participarem desses dois ritos sagrados. Eis então a

necessidade do batismo nas águas.

“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e

eis que se lhe abriram os Céus, e viu o Espírito de

Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.

E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o

meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus

3:16, 17).

Ao ser batizado, ficou cheio do Espírito Santo

e, consequentemente, apto para ser provado e

aprovado no serviço do Senhor diante dos homens e

do próprio Satanás. Veja também que, ao ser

batizado, mais uma vez é proclamado por Deus

como Seu próprio Filho. Não somos nós também

proclamados como filhos de Deus ao sermos

batizados? Não somos registrados no Livro da Vida?

Não está Deus preocupado em nos moldar a

semelhança de Seu próprio Filho? Não fará isso por

nós? Estou certo que sim. Lembre-se que esse nós,

é também aquela que se prostituiu, aquele que era

fumante e a criança cujos pais não são adventistas.

A esses Deus os tem como filhos, e por esses Jesus

também deu a Sua vida.

Não foi diferente com Seus discípulos: “Disselhe

Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe

Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo”

(João 13:8).

44- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

“Não tens parte comigo”, nesse contexto,

significa não ter parte em todas as graças a que

esse rito nos capacita, inclusive no ministério da

pregação e da purificação de nossos pecados.

Somos lavados (como os sacerdotes) para o serviço

e purificação. Não é tão somente um rito de

humildade.

Um cristão que não é batizado pode não estar

completo para fazer a obra da pregação ou para ser

purificado de seus pecados. Observou a gravidade

de não incentivarmos alguém ao batismo?

Lembre-se de que Jesus não fez nada

extraordinário antes de Seu batismo. Somente após

o batismo é que Ele desenvolveu Seu ministério,

ficando claro que lava-pés e batismo não são

apenas ritos de humildade, mas a entrada de todos

os crentes para o santo ministério.

Russell Burrill escreveu que: “De acordo com a

missão de Jesus, as pessoas são primeiramente

levadas a um discipulado inicial. Então são

batizadas no corpo de Cristo, que o Novo

Testamento claramente define como a igreja de

Jesus (I Coríntios 12:1). Nesse sentido, é impossível

ser batizado sem se tornar membro da igreja. [...] Os

que forem batizados sabem que entrarão num

relacionamento em que serão discipulados por

Jesus.

Adiar o batismo até que se tenha evidência do

discipulado inicial na vida da pessoa é contrário à

maioria dos planos atuais de crescimento. Contudo,

parece que seria melhor ter o sólido crescimento que

o ato de fazer discípulos garante do que o fraco

crescimento que os outros planos permitem. A

ordem da Grande Comissão é fazer discípulos, e

45- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

não produzir números de membros na igreja. Porém,

se a igreja for fiel à Grande Comissão, os que são

feitos discípulos devem imediatamente ser

batizados. A maioria dos exemplos de batismos no

Novo Testamento indica que as pessoas eram

batizadas logo após entrarem nesse discipulado

radical que faz de Jesus o Senhor total e absoluto de

sua vida. Dois exemplos são o eunuco etíope (Atos

8:26-40) e o carcereiro filipense (Atos 16:22-34).

Eles indicam que o batismo não era questão de

tempo, mas de conversão completa a Jesus como

Senhor.

Este capítulo não é um pedido para que se dê

tempo às pessoas antes que sejam batizadas. Não é

um pedido para que elas sejam aperfeiçoadas antes

do batismo. Tampouco é um pedido para que sejam

batizadas prematuramente antes que tenham sido

levadas ao discipulado inicial. Em vez disso, a

missão de Cristo é cumprida quando a igreja segue

a prescrição dAquele que nos ordenou que

fizéssemos discípulos. Assim, aqueles que nós

batizamos precisam ter os requisitos do discipulado

inicial conforme delineados por Jesus.” 11

2.4 Batismo: sentimento de pertencer

Voltemos ao exemplo do clube. Você já

experimentou aceitar o convite de ir a um clube onde

você não é sócio? Por mais que queiramos ficar à

46- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

vontade, o comum é não ficarmos. A sensação é de

que não temos a liberdade de um sócio, a liberdade

do pertencer.

Quando passa a ser sócio, você abre a

geladeira, entra na piscina, vai ao campo de futebol,

sem nenhum constrangimento ou com a

necessidade de pedir favores. Tudo fica mais fácil.

O batismo é a porta de entrada do pertencer,

do sentimento de que agora também sou “sócio”. Dá

liberdade de expressão, crescimento, ação. Você

pertence a um grupo; fez uma declaração pública e

isso o faz prosseguir, não regredir. É psicológico, e

funciona.

Hoje, em um mundo individualista, muitos

gostariam de ingressar em uma igreja só pelo senso

de pertencer, de ser aceito, amado. Quando

descobrem que a igreja pode oferecer muito mais

que isso – a salvação –, ficam maravilhados e nunca

mais querem sair desse cerco de proteção chamado

igreja.

Permita-me contar-lhe uma curta história: certa

ocasião, ao oferecer o batismo a uma pessoa que

frequentava a igreja, ela me disse: “Até que enfim

alguém está me convidando para fazer parte dessa

igreja. Tive que esperar um ano, frequentando todos

os cultos, para só então ser disponibilizado a mim o

convite de pertencer. Na verdade, o silêncio era tão

grande, que imaginei ter que esperar mais um ano

ou mais. Aceito o batismo. Aliás, – concluiu – é o

que eu mais quero.”

Parece ser mais fácil se associar a um clube

que a uma igreja, mas não deveria ser assim. É bem

verdade que o clube não corta privilégios, não

requer de você uma resposta moral, honesta, um

47- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

compromisso com Deus. No entanto, não sejamos

radicais, pois, não seria o caso de os “filhos das

trevas” estarem sendo mais prudentes que os “filhos

da luz”?

Uma história inspirada

Veja como Ellen G. White ilustra isso que

queremos dizer: “Eu sonhara que alguém me trouxe

uma peça de um tecido branco e me incumbiu de

cortar dele vestes para pessoas de todos os

tamanhos, de todas as condições de vida e de todas

as modalidades de caráter. Foi-me ordenado que as

cortasse e as deixasse preparadas para serem

feitas, quando reclamadas. Tive a impressão de que

muitos daqueles para os quais fora incumbida de

cortar vestes, não as mereciam. Indaguei então se

esta era a última peça de tecido que tinha a cortar,

ao que me foi respondido que não; que tão depressa

houvesse acabado essa, havia ainda outras para

cortar.

Senti-me desanimar ante o acúmulo de

trabalho que vi diante de mim; verifiquei que estivera

empenhada em talhar vestes para outros durante

mais de vinte anos e que o meu trabalho não fora

apreciado; também não podia ver que houvesse sido

de grande benefício. Falei então à pessoa que me

trouxera os tecidos, aludindo particularmente a uma

mulher, para a qual tinha sido incumbida de cortar

um vestido. Observei-lhe que não saberia apreciar o

vestido e que presenteá-la com o mesmo seria

perder tempo e tecido. Era muito pobre, de pouca

cultura, desordenada nos hábitos, de sorte que havia

48- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

de sujá-lo muito breve. A pessoa respondeu-me:

Corta o vestido. É esse o teu dever. O prejuízo não é

teu senão meu. Deus não vê conforme os homens

veem. Ele distribui o trabalho que deseja ver feito, e

não sabes qual deles prosperará, se este ou aquele.

Ver-se-á que muitas dessas pobres almas entrarão

no reino, enquanto outros, favorecidos com todas as

bênçãos da vida, tendo todas as vantagens para o

aperfeiçoamento, serão deixados fora.” 12

Esta declaração é tão forte que deveria ser alvo

de nossa atenção e estudo profundos. Ler e reler

esta declaração fortalecerá nossa visão de como

tratar o pecador e abrirá possibilidades a muitos em

que hoje, segundo nosso entendimento, não vemos

futuro espiritual.

49- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

3. BATISMO: A ATITUDE DE JESUS,

JOÃO BATISTA, PEDRO, FILIPE E

PAULO

Como Jesus encarou esses dilemas em seus

dias? Como foram os batismos desses homens de

Deus chamados João Batista, Pedro, Filipe e Paulo?

“Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus

discípulos” (João 4:2), realizaria Jesus, João Batista,

Pedro, Filipe ou Paulo um batismo de alguém que se

prostituiu e fumou, mas que agora pede o batismo

com a promessa de nunca mais repetir tais atos?

Quais seriam suas respostas a essas e outras

perguntas tão intrigantes em nossos dias?

3.1 Critérios que eles usavam ao batizar

Jesus, ao batizar alguém, (“ainda que Jesus

mesmo não batizava, mas os seus discípulos” João

4:2), dava ênfase na aceitação, na fé, no crer

dizendo: “ [...] quem não nascer de novo, não pode

50- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

ver o reino de Deus” (João 3:3 up.). Não queremos

com isso atestar que devemos batizar qualquer

pessoa que aparece na igreja sem que antes tenha

ao menos uma noção do “caminho”, através de

estudos bíblicos. Não é isso que queremos dizer.

A ideia que queremos transmitir é que a maior

preocupação de Jesus era com o pecador, que

sofre, chora e tem sentimentos. As regras não

sofrem, não choram, nem tampouco têm

sentimentos, pois são papéis, sem vida, inanimados.

Não foi pela lei, as regras, e detalhes das

normas que Jesus morreu, mas pelo pecador. As

regras têm seu lugar, e aplicadas com amor e na

hora certa, são bênçãos de Deus. Aplicadas na hora

errada, ou seja, sem a graça, podem atrapalhar o

crescimento da igreja e a salvação de quem sofre.

Corremos o risco de apenas fazer a transição de

“pecador” para “guardador da lei”. Isso se parece

mais com legalismo do que com salvação de

pessoas. Ou seja, uma transição sem sucesso.

Se não banharmos a Lei com o Sangue de

Jesus, ela se torna seca, áspera, rígida e, por mais

sincera que seja, o observador da mesma perceberá

que ela é pesada demais para uma geração

propensa ao pecado como a nossa. Observe e verá

que de Gênesis a Apocalipse, cada página Sagrada

está banhada com o Sangue de Jesus.

Os mandamentos de Deus são indispensáveis,

intocáveis e inegociáveis, e isso para o nosso

benefício e para o bom andamento da igreja de

Deus nesta Terra. No entanto, em face de uma

situação tão importante, a salvação de pessoas,

deveríamos avançar pela fé quando alguém

51- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

demonstra e aceita que Jesus pode fazer tudo por

ela.

Se o pecador crê que Jesus pode purificá-lo no

batismo, quem pode crer ou supor diferente? E se,

por ventura, a fé do pecador não for suficiente para

viver o que declarou no dia de seu batismo, não

teremos perdido nada, pois agimos como uma

organização que confiou, acreditou, investiu e teve

fé nAquele que tudo pode: Jesus Cristo.

Lembre-se de que avançar pela fé, em nosso

contexto, não é batizar um desconhecido que

aparece na igreja em dias de batismo. Avançar pela

fé é apostar, acreditar naquele que conhece a

doutrina e que pela fé se compromete a segui-la.

Nosso dever é calçá-lo com nossa experiência até

que ele ande sozinho. Certamente nesse trajeto

haverá muitos fracassos. No entanto, sejamos

pacientes com aquele que está iniciando uma vida

com Deus assim como temos paciência com nosso

filho quando ainda bebê.

Focados no erro

Quando Jesus estava para curar um homem da

mão mirrada no sábado, os líderes religiosos de sua

época O estavam observando com toda atenção e

preocupação. Estavam com muito “zelo”, mas não

para com o miserável doente, nem tampouco com

sua doença e dor. Não! Longe disso! Eles estavam

preocupados com o sábado, a letra (Marcos 3:2);

eram zelosos com a lei, o que fez deles frios e

indiferentes para com o que há de mais precioso

para Deus nesta Terra: o doente físico ou espiritual.

52- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Para eles a letra tinha mais valor que o pecador. Já

viu algo assim em nossos dias? Não nos parece

familiar e rotineiro em nossas igrejas?

É certo que existem momentos em que a letra

tem mais valor que o pecador (somente quando o

pecador não quer abandonar o pecado) e então são

aplicados os juízos, a saber, dois: um, aplicado pela

igreja, quando o pecador promete à igreja e a Deus

abandonar seus pecados e não cumpre, então a

igreja aplica a disciplina por conta do “abandono da

fé”. E outro momento de juízo, ocorrerá no juízo de

Deus, em que o pecador será condenado e

consumido da face desta Terra na condenação final,

e isso pela própria letra (lei) que não morre, mas que

permanecerá para sempre. É bom lembrar que isso

é prerrogativa de Deus, não nossa. Assim sendo,

avance pela fé, e se a pessoa batizada continuar no

pecado, ela certamente cairá no juízo da igreja, e, se

escapar desse por esconder seu pecado ou por

qualquer outra razão, certamente não escapará do

juízo divino, onde nem Deus vai condená-la, mas a

lei. Deus apenas vai dar a sentença baseado na lei

que Ele próprio criou. “E assim a lei é santa, e o

mandamento santo, justo e bom” (Romanos 7:12).

Fica claro que “não devemos nos preocupar

com o pecado”, mas sim, com o pecador. O pecado

é como a fruta madura, “mais dias ou menos dias,

ela cai do pé”. O pecador é semelhante, então

batize-o. Caso não seja uma conversão verdadeira,

logo, na maioria dos casos, o próprio pecador cairá.

Lembre-se de que, caindo, de todo não está

perdido, pois uma vez batizado, criou-se uma raiz

que, no futuro, poderá tornar a dar tronco, galhos,

folhas e, pelo poder de Deus, frutos. O medroso que

53- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

não avança pela fé, nunca poderá ver isso

acontecer, nunca terá experiências para contar. Vai

trabalhar sempre com a razão da letra e nunca dará

espaço para o milagre que também é bíblico. “No

amor não há medo. Antes o perfeito amor lança fora

o medo, porque o medo produz tormento. Aquele

que teme não é aperfeiçoado em amor” (I João

4:18).

Relembramos que, para aqueles líderes

religiosos, a lei estava acima da dor, do sofrimento,

das lágrimas, de uma possível cura acompanhada

de uma conversão. Eram escravos da palavra, da

letra. Não temos dúvidas de que a letra tem seu

lugar, e ai daquele que dela fizer descaso.

Lembremo-nos de Uzá (I Crônicas 13:9, 10) que,

desprezando a Lei de Deus, colocou a mão na arca

e o resultado foi a morte. “Então se acendeu a ira do

SENHOR contra Uzá, e o feriu, por ter estendido a

sua mão à arca; e morreu ali perante Deus” (v. 10).

Em nenhum momento devemos rebaixar as

normas; pelo contrário, o que devemos é exaltar a fé

em nossos corações na mesma proporção em que

exaltamos a lei, e isso pela fé, ao acreditar no

pecador que, pela crença em um poder superior a

ele, solicitou o batismo.

Houve apostasia na igreja apostólica

Dentre a multidão que veio para ser batizada

por João Batista, ou entre as multidões convertidas

relatadas no livro de Atos, será que todos, no dia

anterior ou mesmo no próprio dia, se portaram bem?

Será que encontraríamos uma indicação bíblica de

54- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

que eles rejeitaram alguém ao batismo por não ter

tido um bom comportamento? Todos que vieram a

eles foram batizados. Ficaram todos firmes na igreja

primitiva? Não houve nenhuma apostasia? Não

houve apostasia nos batismos que Jesus permitiu

que fossem batizados pelos Seus discípulos? Ou

nos batismos relatados em Atos ou nos dos dias de

Filipe e Paulo?

Houve apostasia 1 na igreja apostólica, pois

dentre outras razões, os batismos eram em massa.

Veja: “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram

batizados, havendo um acréscimo naquele dia de

quase três mil pessoas” (Atos 2:41). “Enquanto isso,

acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam

sendo salvos” (Atos 2:47). “Muitos [...] aceitaram,

subindo o número de homens a quase cinco mil”

(Atos 4:4). “E crescia mais e mais a multidão de

crentes, tanto de homens como mulheres” (Atos

5:14). “Crescia a Palavra de Deus, e, em Jerusalém,

se multiplicava o número dos discípulos, também

muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (Atos 6:7).

“A igreja [...] crescia em números” (Atos 9:31). “A

mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo,

se converteram ao Senhor” (Atos 11: 21). “Assim, as

igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia,

aumentavam em número”, (Atos 16:5).

Não foram batizados pela obra do Espírito

Santo? Por haver apostasia, poderíamos dizer que o

Espírito Santo errou em convencê-los ao batismo?

Não é possível que João tenha batizado ali no

Jordão alguém por puro impulso do momento e que

horas depois, acabada a emoção da pregação

convincente de João, tenha voltado ao repulsivo

pecado?

55- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Tudo isso foi possível, mas nem por isso Jesus,

Seus discípulos, João Batista e Paulo, foram

questionados ou tidos como relaxados com a Lei do

Senhor e, muito menos, reprovados por terem

batizado tanta gente. O que vemos nos batismos

desses homens é pregação, apelo e crença nAquele

que tudo pode.

O futuro pertence a Deus. Limpar o peixe é

prerrogativa de Deus, pescar o peixe é nossa. Não

queira fazer aquilo que você nunca vai conseguir e

“ainda que te laves com salitre, e uses muito sabão,

a mancha da tua iniquidade está diante de mim, diz

o Senhor Deus” (Jeremias 2:22).

Se pensarmos na graça como pensamos na lei,

e esse é o plano de Deus, é possível que façamos

uma grande obra em nossa casa, igreja, bairro,

cidade, país e mundo.

Se for uma mulher que se prostituiu no dia do

batismo e que nunca havia ouvido falar do

adventismo, damos a mão à palmatória ao zeloso

irmão que levantar a proposta e sugerir que essa

candidata receba os estudos e só então, consciente

de sua decisão, seja levada ao batismo. Mas se a

mulher que se prostituiu já tenha recebido os

estudos no passado e conhece o “caminho”, seria

prudente excluir, rejeitar ou criticar tal pessoa por ter

sido batizada? Por ter ela avançado pela fé? Por

termos, como igreja, acreditado que ela pode, pelo

poder de Deus, deixar todo pecado para trás e

avançar pela fé que Cristo há de libertá-la?

Rejeitaria Jesus um pedido de batismo da

mulher que “sete vezes ouvira ela Sua repreensão

aos demônios que lhe dominavam o coração e a

56- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

mente?” 2 Ela era a pessoa mais indicada ao batismo,

e eu quero crer que Jesus não a rejeitaria.

“As almas que a Ele se volvem em busca de

refúgio, Cristo erguerá acima da acusação e da

contenda das línguas. Nenhum homem ou anjo mau

pode incriminar a essas almas. Cristo as liga à Sua

própria natureza humano-divina. Acham-se ao lado

dAquele que tomou sobre Si os pecados, na luz que

procede do trono divino. ‘Quem intentará acusação

contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os

justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem

morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os

mortos, o qual está à direita de Deus, e também

intercede por nós’” (Rom. 8:33, 34). 3

Empatia

Um pastor está no tanque de batismo. Vamos

imaginar que sua filha se desviou da igreja, optou

pelo mundo da prostituição, e agora chega à igreja

sem que ele saiba e diz:

– “Pai, pequei contra o Céu e perante ti” (Lucas

15:18) e hoje quero me reconciliar com Deus e com

o senhor. Por favor, me batize.

O que pensa você? Ficaria triste esse pastor e

pai e diria:

– Filha, aguarde um pouco, vamos fazer uma

série de estudos e então você será batizada. – Ou

com lágrimas nos olhos abriria os braços de boasvindas

e diria:

– Filha, papai te ama, e “você é a coisa mais

linda que Deus tem”. Vem filha, vem para os braços

do incomensurável amor do Pai, e eu te batizarei.

57- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Amigo, sabe qual é nosso problema? Não

consideramos (alguns poucos) os pecadores como

filhos de nossa família cristã e, por isso, fazemos

tanta confusão para batizar alguém. O que

necessitamos é de ter filhos das entranhas do nosso

coração. Só então tudo vai dar certo. O sentimento

de pai para filho, o amor aí contido, apaga todas as

fraquezas passadas e impossibilidades futuras. No

amor há esperança, no medo há fracasso. Ame, tão

somente ame o pecador e verá maravilhas não só na

sua igreja, mas principalmente no seu próprio

coração.

Comentando o referido assunto da mulher pega

em adultério, veja o que Ellen White escreveu: “Não

ousava levantar os olhos para o rosto do Salvador,

mas aguardava em silêncio a condenação. Atônita,

viu os acusadores partirem mudos e confundidos;

então, chegaram-lhe aos ouvidos as palavras de

esperança: ‘Nem Eu também te condeno; vai-te, e

não peques mais’ (João 8:11). Comoveu-se-lhe o

coração, e ela se atirou aos pés de Jesus, soluçando

em seu reconhecido amor e confessando com

amargo pranto os seus pecados.

Isso foi para ela o início de uma nova vida, vida

de pureza e paz, devotada ao serviço de Deus. No

reerguimento dessa alma caída, operou Jesus um

milagre maior do que na cura da mais grave

enfermidade física; curou a moléstia espiritual que

traz a morte eterna. Essa arrependida mulher tornouse

um de Seus mais firmes seguidores. Com

abnegado amor e devoção, retribuiu-Lhe a

perdoadora misericórdia.

Em Seu ato de perdoar a essa mulher e animála

a viver vida melhor, resplandece na beleza da

58- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

perfeita Justiça o caráter de Jesus. Conquanto não

use de paliativos com o pecado, nem diminua o

sentimento da culpa, procura não condenar, mas

salvar. O mundo não tinha senão desprezo e

zombaria para essa transviada mulher; mas Jesus

profere palavras de conforto e esperança. O

Inocente Se compadece da fraqueza da pecadora, e

estende-lhe a mão pronta a ajudar. Ao passo que os

fariseus hipócritas denunciam, Jesus lhe recomenda:

‘Vai-te, e não peques mais’ (João 8:11).

Não é seguidor de Cristo aquele que,

desviando os olhos, se afasta do transviado,

deixando-o sem advertência prosseguir em sua

degradante carreira. Os que são mais prontos a

acusar a outros, e zelosos em os levar à justiça, são

frequentemente em sua própria vida mais culpados

que eles. Os homens aborrecem o pecador, ao

passo que amam o pecado. Cristo aborrece o

pecado, mas ama o pecador. Será esse o espírito de

todos quantos O seguem. O amor cristão é tardio em

censurar, pronto a perceber o arrependimento,

pronto a perdoar, a animar, a pôr o transviado na

vereda da santidade e a nela firmar-lhe os pés.” 4

Oh, querido! Até quando vamos ficar nos

digladiando em dias de batismo?! Que bom seria se

tivéssemos todas as noites batismos de irmãos

nossos que um dia se prostituíram, fumaram, se

drogaram, mas que se comprometem a nunca mais,

pelo poder do Espírito Santo, voltar às práticas do

pecado!

“Ide, porém, e aprendei o que significa:

Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não

vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao

arrependimento” (Mateus 9:13).

59- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Os dois critérios que João Batista pregou a

seus candidatos ao batismo foram: crer em Jesus e

confessar os pecados (Mateus 3:6). Provavelmente

eles já conheciam as demandas da lei. No entanto,

conhecer não quer dizer praticar e, possivelmente,

houve batismo de quem era apenas conhecedor da

lei e não praticante.

Crer

Veja que o crer era exigido por Jesus tanto

para batizar (Lucas 16:16) como para curar (Marcos

5:34).

João Batista pregava sobre os pecados de

seus ouvintes e os convidava ao arrependimento e

ao batismo. No entanto, não vemos nenhum indício

de exclusão ao batismo, ou especulação se as

pessoas estavam preparadas ou não. A verdade é

que todos eram batizados (Mateus 3:5, 6), e quando

os pecadores (fariseus e saduceus) vieram para ser

batizados, não foram impedidos ao batismo, mas

orientados a “produzirem frutos dignos de

arrependimento” (Mateus 3:8).

Não tenho dúvidas que muitos dos que foram

batizados por João junto ao Jordão, fracassaram em

continuar seguindo a Jesus, mas não vemos menção

ou preocupação quanto às apostasias. O que vemos

é uma preocupação em batizar (pescar). Quanto ao

permanecer, e permanecer com qualidade (limpar o

peixe), é algo muito pessoal, diferente e próprio de

cada pessoa. “Mas a vereda do justo é como a luz

da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia

perfeito” (Provérbios 4:18).

60- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

3.2 Quem eles batizavam

Quem eles batizavam? Fariseus e saduceus

(Mateus 3:8); a multidão (Lucas 3:10); publicanos

(Lucas 3:12); soldados (Lucas 3:14); possíveis

prosélitos do judaísmo (Atos 16:15); carcereiros

(Atos 16:33); um alto oficial tesoureiro de reinos

(Atos 8:27), e muitos outros. Eles batizavam, em

muitos casos, a escória da sociedade. No entanto,

não vemos discussão, mas amor e ação em favor

desses sofredores dos mais diversos níveis, das

mais diversas nações, profissões e credo.

Partindo da crença de que eles iriam ser fiéis à

nova luz que agora receberam, eram encorajados e

batizados por tais homens de Deus aqui

mencionados.

A essa altura devemos continuar tendo em

mente duas verdades importantes: a primeira é que

temos o Manual da Igreja e ali se encontram todas

as orientações de como proceder com o batizando, e

isso para o bom andamento da igreja e para

salvaguardar os bons princípios de Deus. Por

exemplo, examinando o capítulo seis de nosso

Manual, veremos que todo candidato ao batismo

deve passar por uma “esmerada instrução sobre os

ensinos fundamentais e as práticas da Igreja

relacionadas com eles. [...] Importa não só dizer

‘creio’ mas também praticar a verdade.” 5

61- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

A segunda verdade é que estamos em

conformidade com o Manual da Igreja, pois em

momento algum estamos incentivando o batismo de

alguém que não tomou conhecimento de nossas

verdades ou Crenças Fundamentais. O que estamos

tratando aqui é de aceitação, amor, fé e apoio ao

pobre moribundo que já conhece a verdade, enfrenta

dificuldades, mas está cansado de tentar e nunca

conseguir.

Jesus não iria aplicar o capítulo seis de nosso

Manual ao ladrão da cruz. Se ele pedisse o batismo

ali mesmo, certamente seria batizado “pelo” nosso

Senhor e Salvador Jesus Cristo. O ladrão já

conhecia o judaísmo. O que ele precisava era de

aceitar Jesus, e isso ele fez na cruz.

O referido capítulo é aplicado aos que estão

vindo para a igreja sem nenhum conhecimento da

verdade. A esses cabe esperar enquanto tomam

conhecimento dos caminhos do Senhor, e o

conteúdo do capítulo seis serve para dar ao pecador

um parâmetro da vontade de Deus para cada filho

Seu.

O adventismo não é como o judaísmo nos dias

de Jesus, conhecido por todos. Daí se faz

necessário um doutrinamento para que se tenha

uma coerência de pensamentos diante da igreja,

comunidade, da Bíblia e de Deus.

Quanto ao se portar bem, certamente o ladrão

da cruz teria dificuldades, e uma grande verdade é

que o desejo herdado ou adquirido de roubar,

certamente viria à tona, mas que pela sua fé em

Jesus, pela obra do Espírito Santo, seria sublimada

para que vivesse uma vida santa diante de Deus.

Isso não quer dizer que até chegar a este estágio,

62- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

não cairia, talvez, “sete vezes”. “Pois sete vezes

cairá o justo, e se levantará” (Provérbios 24:16).

“Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor

o sustém com a Sua mão” (Salmos 37:24). Amém!

3.3 Como eles tratavam os pecadores e os

ingressavam na igreja através do batismo

Estude a vida de Paulo e você vai ficar

surpreso em ver quantas pessoas foram batizadas

através de seu ministério, sem passar pelo crivo dos

questionamentos de suas vidas particulares no

tocante aos seus pecados.

A função de Paulo era pregar e apelar para que

cressem na sua pregação (da lei e da graça) e,

crendo, eram batizados: (1) “Depois de ser batizada”

(Lídia de Tiatira – Atos 16:15); (2) “Naquela mesma

hora da noite, cuidando deles, lavou-lhes os vergões

dos açoites. A seguir, foi ele batizado, e todos os

seus” (o carcereiro de Filipos e sua família – Atos

16:30-34); (3) “Mas Crispo, o principal da sinagoga,

creu no Senhor, com toda a sua casa; também

muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram

batizados” (Crispo com toda a sua casa e os crentes

em Corinto – Atos 18:7-11); (4) “Eles, tendo ouvido

isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus”

(doze 6 crentes em Éfeso – Atos 19:3-5).

Todos foram batismos rápidos e talvez

acontecessem num primeiro contato com Paulo e

63- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

com a ideia do batismo. Muita demora enfada anjos.

Com isso, percebemos que Paulo aproveitava as

oportunidades e nunca deixava para depois. Tinha o

bom senso, a visão e o equilíbrio de perceber que

esses eram cristãos em potencial. Neles apostava e

pela fé avançava com o batismo. Pregava Cristo

(discipulado inicial), batizava-os, introduzia-os no

caminho e os pastoreava (discipulado contínuo). Ou

seja: ensinando, batizando e ensinando.

Penso que nunca deveremos batizar alguém se

o Espírito Santo não estiver primeiro convencendo a

nós mesmos desse batismo. Mas, sentindo que

temos que avançar pela fé que vem de Deus,

deixemos que Ele mesmo se encarregue de fazer

cumprir as praxes e as leis na vida do batizando. Ou

temos dúvidas de que Deus pode? “No amor não há

medo. Antes o perfeito amor lança fora o medo.

Aquele que teme não é aperfeiçoado em amor” (I

João 4:18). Talvez seja esse o grande segredo do

sucesso de Paulo: o amor, amor que gera coragem.

No caso da mulher pega em adultério conforme

o relato de João capítulo 8, Jesus nos dá uma

grande lição de como devemos tratar um pecador e

ingressá-lo à igreja.

“Em Jerusalém, o baluarte do judaísmo,

milhares declararam abertamente sua fé em Jesus

de Nazaré como o Messias. Os discípulos estavam

assombrados e sobremodo jubilosos com a

abundante colheita de almas.” 7

Apostasia.

64- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Nessa abundante colheita de almas, eu quero

entender que nem todos eram “santos”, ou estavam

totalmente preparados para a colheita. No entanto,

não vemos nenhum verso referindo-se aos que “não

estavam preparados”, ou que aparentemente

deveriam ficar de fora, como se fosse uma “seleção”.

Pelo contrário, o que vemos são os discípulos de

Jesus “sobremodo jubilosos com a colheitas de

almas”.

Interessante notarmos que a Bíblia não faz

menção direta dos discípulos discutindo sobre a

apostasia pós-colheita (batismo), ou fazendo disso

um “cavalo de batalha”. Por haver pouco relato (cf.

Hebreus 6:4-6) de apostasia, parece deixar

entendido que eles compreendiam que a apostasia

faz parte do processo de salvar pessoas.

A razão dessa compreensão natural de

apostasia é que o foco deles não era a evasão “pela

porta dos fundos”, mas sim, a salvação das pessoas.

Quanto à apostasia ou “evasão pela porta dos

fundos” (que com certeza foram muitas), eles devem

ter se preocupado e feito algo para ajudar as

pessoas. No entanto, seu foco principal, pelo que

percebemos, era salvar pessoas através do batismo.

“O coração do homem fremia de interesse ao

serem-lhe explicadas as Escrituras; e, ao terminar o

discípulo, estava pronto para aceitar a luz

proporcionada. Ele não fez de sua elevada posição

mundana uma desculpa para recusar o evangelho.

‘Indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma

água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede

que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês

de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio

que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar

65- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe

como o eunuco, e o batizou.’” 8

O pecador foi jubiloso e Filipe foi transladado

para outros lados a fim de continuar seu ministério.

Tudo deu certo porque Filipe não ficou preocupado

em saber como era a vida do Eunuco. Sua

preocupação foi explicar a Palavra e com alegria

atender ao pedido de batismo de seu estudante.

Quando assim procedemos, ambos ficamos felizes:

professor (Filipe= eu e você) e estudante (eunuco=

pecadores que Deus põe em nossas mãos).

3.4 Lutero e a graça

Visto que este capítulo trata de grandes

homens, permita-me relembrar e usar umas poucas

palavras sobre o precursor da reforma protestante,

Martinho Lutero.

Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero

afixou suas noventa e cinco teses na porta da capela

do Castelo de Wittenberg, a fim de protestar contra

uma teologia baseada nas obras salvíficas. Doutor

em teologia, ele defendeu o evangelho da graça até

o fim de sua vida. Em suas noventa e cinco teses,

em seu famoso livro The Freedom of the Christian (A

liberdade do Cristão), dedicado ao papa Leão X, e

em todos seus escritos e atos, fica claro e patente na

vida desse precursor da reforma que ele acreditava

66- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

que somos salvos em Cristo e tão somente pela Sua

graça (Sola Gratia).

Foi Lutero, usado por Deus, que tirou o jugo do

“fazer para merecer”, sendo um facilitador na vida do

crente e ajudando-o em sua peregrinação rumo à

Canaã celestial.

Não estamos nós, como pessoa (alguns

poucos), tendo o mesmo comportamento da igreja

medieval? Ou seja, querendo ser salvos por nossas

obras meritórias? Não está ocorrendo em nosso

meio, o fato de as obras e Cristo estar concorrendo

para ver quem realmente salva? Temos, ao longo

dos anos, dado tanta ênfase na guarda da lei e,

imperceptivelmente, colocado as leis como base

para nossa salvação? Devemos sempre lembrar que

somos salvos pela fé, e tão somente pela fé. A lei

mostra o pecado, não provê solução para ele.

É possível que todos aqueles que estão

crescendo na graça sejam salvos, pois santos são

aqueles que estão a caminho da santificação e não

apenas aqueles que já atingiram um estágio elevado

de obediência. Lembramos que muitos que estão

crescendo em Cristo, ainda fazem pouco ou quase

nada de Sua vontade, mas estão crescendo, têm o

desejo, entregam a Deus este desejo e a cada dia

acontece um milagre de transformação. Como diz

Salomão: “A vereda dos justos é como a luz da

aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia

perfeito” (Provérbio 4:18). Uns brilham do dia para a

noite, outros dão muito trabalho (como pastor, eu

que o diga!), no entanto, são filhos também,

merecem paciência, carinho e toda atenção.

Devemos nos gloriar em uma única coisa: a

cruz de Cristo. Não nos gloriemos pelo que estamos

67- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

fazendo; gloriemos-nos pelo que Ele tem feito por

nós. Nenhum de nós está pronto, todos estão em

fase de “acabamento” espiritual até àquele dia em

que Cristo há de completar a “boa obra em nós” (cf.

Filipenses 1:6). “Calma e paciência” uns com os

outros; penso ser este um bom conselho.

68- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

4. DEUS PERMITE JOIO NO MEIO DO

TRIGO

Jesus era um facilitador. Nunca complicava as

coisas. Onde chegava, levava paz, perdão, amor,

aceitação e, quando saía, deixava pessoas felizes,

animadas, com esperança e um ambiente de alegria.

Neste mundo de dores, corações rasgados

pelos traumas e frustrações da vida, olhos cheios de

lágrimas, medo do futuro, medo da vida, da velhice,

da morte, do câncer, medo de perder quem ama, de

perder um filho para as drogas... enfim, as pessoas

estão em busca de um lugar, talvez um único lugar,

no qual esperam e creem encontrar aceitação e paz

em seu coração, enquanto o mundo ao redor se

afasta das pessoas para não se envolver com seus

problemas. Que lugar é esse? Esse lugar se chama

Igreja.

Se as pessoas se frustrarem ali, perderão suas

esperanças. Definitivamente a igreja deve ser esse

lenitivo que todo o mundo espera que seja,

lembrando que a igreja sou eu, é você. As quatro

paredes, ou seja, sua estrutura física é fria, mas nós

temos sentimentos, amor, calor humano para

partilhar, palavras doces para dizer. A parede de

uma igreja não tem lágrimas para compartilhar, nós

69- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

temos; podemos chorar com os que choram e amar

os menos amados.

Jesus era um facilitador, sejamos um também.

“Quando a alma que errou se arrepende e se

submete à disciplina de Cristo, cumpre dar-lhe outra

oportunidade. E mesmo que se não arrependa e

venha a ficar colocada fora da igreja, os servos de

Deus têm o dever de tentar esforços com ela,

buscando induzi-la ao arrependimento. Se se render

à influência do Espírito de Deus, dando evidência do

seu arrependimento, confessando e renunciando ao

pecado, por mais grave que tenha sido, deve

merecer o perdão e ser de novo recebida na igreja.

Aos seus irmãos compete encaminhá-la pela vereda

da justiça, e tratá-la como desejariam ser tratados

em seu lugar, olhando por si mesmos para que não

sejam do mesmo modo tentados.” 1

4.1 Compaixão pelos que erram 2

Todavia, entre nós se tem feito notar uma falta

de simpatia e amor, profundo e sincero, em prol dos

que são assediados por tentações ou que vivem no

erro. Muitos têm revelado aquela frieza glacial e

negligência pecaminosa que Cristo figurou no

indivíduo que passa de largo, guardando a maior

distância possível dos que mais necessitam de sua

ajuda. A alma recém-convertida sustenta, muitas

vezes, lutas tremendas com hábitos arraigados ou

70- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

tentações especiais e, se sucede ser vencida por

uma paixão ou uma de suas inclinações mais fortes,

incorre naturalmente na culpa de imprudência ou

real injustiça. Nessas circunstâncias é preciso que

os irmãos desenvolvam energia, tato e sabedoria, a

fim de ser-lhes restituída a saúde espiritual. É a

esses casos que se aplica a admoestação divina:

“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido

nalguma ofensa, vós, que sois espirituais,

encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando

por ti mesmo, para que não sejas também tentado”

(Gálatas 6:1). “Mas nós, que somos fortes, devemos

suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a

nós mesmos” (Romanos 15:1). Quão pouco, porém,

os discípulos professos revelam desse amor

compassivo de Cristo! Quando alguém comete uma

falta, outros não raro tomam a liberdade de agravar

tanto quanto possível o caso. Indivíduos que

provavelmente cometem faltas da mesma gravidade,

embora de natureza diversa, ousam tratar seu irmão

com cruel severidade. Faltas que foram cometidas

por ignorância, inadvertência ou fraqueza, são

transformadas em pecados propositais e

premeditados. E quando almas chegam a apostatar,

há indivíduos que, cruzando os braços, solenemente

declaram: “Pois não dizia eu? Sabia perfeitamente

que com essa gente não se podia contar”. Desse

modo adotam a atitude de Satanás, e em seu

espírito rejubilam porque suas malignas suposições

se provam certas.

É natural encontrarmos, nos que são moços e

inexperientes, grandes imperfeições que devemos

estar dispostos a suportar. Cristo nos ordenou

encaminhar os que são espiritualmente fracos, e nos

71- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

torna responsáveis se, por nossa conduta, forem

levados ao desânimo, desespero e ruína. A menos

que cultivemos diariamente a tenra e preciosa planta

do amor, correremos o risco de tornar-nos egoístas,

apáticos, pessimistas e críticos, tendo-nos na conta

de justos, quando estamos longe de ser aceitos aos

olhos de Deus. Alguns são indelicados, ríspidos e

severos. São como as cascas ouriçadas das

castanhas, ferem ao mais leve toque, e fazem muito

mal por isso que representam falsamente o caráter

do amoroso Salvador.

Temos de atingir um padrão mais elevado ou

seremos indignos do nome de cristãos. Cumpre

cultivarmos o espírito que Cristo manifestou em Seu

esforço para salvar os que erram. Estes Lhe são tão

caros como nós, e podem igualmente tornar-se

troféus de vitórias de Sua morte e herdeiros de Seu

Reino. Mas estão expostos às ciladas de um inimigo

astuto, ao perigo e corrupção, e sem a mão

salvadora de Cristo, caminham para a ruína certa.

Pudéssemos ver isto em sua plena realidade, quanto

nosso zelo seria estimulado e nossos esforços

redobrados para atingir essas pessoas que estão

necessitando de nosso auxílio, orações, simpatia e

amor!

72- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

4.2 Condições para o crescimento 3

Quero compartilhar com você alguns

pensamentos sobre o “ambiente” que, na intenção

de Cristo, deve ser mantido em nossas igrejas – um

ambiente acolhedor e que ofereça segurança para

os indivíduos crescerem. Meus comentários são

sobre a história contada por Jesus e que está

registrada em Mateus 13:24-30, uma história que

você conhece bem. É sobre o campo que está

quase pronto para a colheita, mas a inevitável erva

daninha aparece e complica tudo. Quem é

responsável por esse joio e o que deve ser feito com

ele? O Dono do campo (e o campo, nessa história, é

a igreja ou a comunidade de fiéis) não tem culpa. O

joio está lá; e assim é a vida – são assim as pessoas

– e a mesma coisa acontece na igreja.

Então, o que devemos fazer com essa mistura

de trigo e joio? Devemos investigar e determinar o

que é o quê, e arrancarmos o joio? Jesus disse: –

“Não, essa não é uma boa ideia” – E essa é Sua

decisão final sobre o assunto. – “Por enquanto,

deixe como está”, – diz Ele – “Eu mesmo vou cuidar

disso, a Meu tempo”.

Entretanto, nosso impulso natural é arrancar o

joio e, de algum modo, nos livrarmos dele. Mas o

Senhor da colheita diz: – “Não! Agora não”.

Essa parábola fala muito sobre como o Senhor

vê a humanidade e sobre a realidade da vida na

73- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

igreja. Ele está dizendo que a igreja é formada de

solos muito distintos, e essa é simplesmente a

realidade em que vivemos.

Creio que, pela presença e ação do Espírito

Santo, a igreja pode tornar-se uma comunidade

melhor; podemos crescer em nosso compromisso e

devoção, podemos nos tornar mais úteis a Ele,

podemos aprender com nossos erros do passado.

Não tenho qualquer simpatia para com os que têm a

tendência de realizar uma purificação pré-advento

da igreja, impulsionados pela mentalidade de “vamos

arrancar tudo o que se parece com joio”.

Quando o Dono da Terra diz: – “Deixe o joio

por enquanto”, – Ele não está questionando se na

igreja há pessoas que são estranhas ao Senhor.

Pode ser que em algum período O tenham

conhecido, mas por alguma razão tornaram-se

fracos em sua caminhada. Mesmo assim, acham

conveniente e seguro permanecer; possivelmente há

um emprego em jogo, ou isso envolva questões

familiares importantes. Para essa realidade, o

Senhor diz: – “Deixe que fiquem. Não é uma boa

ideia deixar essas pessoas no ostracismo ou como

responsáveis pelo terreno; não façam uma limpeza

geral. Eu mesmo irei realizá-la quando achar melhor.

É muito arriscado deixar que você faça isso”.

Podemos perguntar: – “Certamente é bom

fazer uma limpeza. Que risco há nisso?”

O risco é muito alto por causa de minha

própria humanidade. Não seria possível que eu

cometesse um engano ao avaliar outra pessoa?

Tenho certeza, realmente, de que conheço completa

e apuradamente o que há no interior da outra

pessoa? Certamente, Deus sabe. E se uma pessoa

74- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

se torna difícil na igreja, especialmente se for um

adolescente, não é possível que tal comportamento

seja assim porque Deus, de algum modo, está

lidando com ele ou tocando em sua vida? Só Deus

sabe o que é necessário para nosso crescimento

pessoal; eu não sei.

O risco é muito alto porque hoje ainda é o dia

de salvação. Pode ser que sejamos capazes de

identificar e rotular o “joio”, mas não podemos nos

esquecer de que Deus ainda não terminou Seu

trabalho. Não estou falando sobre aqueles, em

nossas igrejas, que abertamente abusam ou

desobedecem aos ensinos da Palavra de Deus.

Essas pessoas devem ser disciplinadas pela igreja,

para sua própria salvação. A Bíblia dá à igreja a

autoridade e a responsabilidade de responder a tais

situações. Mas estou falando de um número maior

de pessoas que podem estar gastando seu tempo à

margem do reino de Deus. Temos muitos jovens que

desaparecem da igreja porque se sentem indignos e

rejeitados. Fazemos com que se sintam

espiritualmente fracassados. Nós presumimos a

mente de Deus muito facilmente. Não é possível que

Ele seja mais generoso do que eu?

Vejam as palavras vindas [...] de Ellen White:

“Conquanto em nossas igrejas, que pretendem crer

em verdades avançadas, haja pessoas em faltas e

erros, como o joio em meio do trigo, Deus é

longânimo e paciente. [...] Ele [...] não destrói os que

são vagarosos em aprender a lição que lhes quer

ensinar; [...] Não devem os membros da igreja tomar

alguma resolução espasmódica, zelosa, precipitada,

ao excluir os que eles porventura considerem de

caráter defeituoso.” 4

75- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

O risco é demasiado elevado, porque a própria

igreja é prejudicada por pessoas que se

intrometem, mesmo que levemente, na vida e

opiniões de outras pessoas. E o estrago pode se

espalhar rapidamente; o ambiente pode se deteriorar

de tal modo que as pessoas boas podem ser

levadas a se sentir inseguras em seu lar espiritual. O

ambiente da igreja torna-se desagradável e

indesejável, em vez de um lugar onde as pessoas se

sintam confortáveis e desejadas, salvas e seguras,

aceitas e livres.

Arrancar as ervas daninhas do jardim é muito

perigoso porque eu, o investigador, prejudico a

mim mesmo com essas atividades. Minha missão

equivocada altera meu caráter e minha

personalidade se torna sem atrativos. Sou lembrado

pelas palavras de um dos meus ex-professores,

falando a alguém que, por algum motivo, se

vangloriava de seus feitos e criticava as realizações

dos outros: “Então, você se acha perfeito, mas tem

que ser hostil por causa disso?”

Nossas congregações devem ser lugares de

cura e renovação. Devem ser lugares atrativos para

receber os infiéis. Devem ser lugares onde os

infiéis se sintam em casa, valorizados e aceitos.

Não devem ser campos de batalha, mas Cidades de

Refúgio. Será que a igreja onde você e eu adoramos

pode receber tal título? Que tipo de ambiente

espiritual estamos criando? Se sua igreja não é a

sociedade espiritual mais atrativa e convidativa de

sua comunidade, o que você fará para mudar esse

quadro?

Nossas igrejas não são clubes exclusivos para

os que são bons e merecedores. Deus

76- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

constantemente está justificando pecadores; eles

devem ser calorosamente recebidos em nossas

igrejas, pois ela é o seu legítimo lar. Serei franco

com você: detestaria gastar meu tempo circundado

por pessoas que pensam que tudo o que fazem é

perfeito. Elas se tornam arrogantes, frias e judiciosas

para com aqueles que ainda necessitam crescer.

Cristo nos aceitou a todos “quando ainda éramos

pecadores” (Romanos 5:8). A aceitação é o fôlego

da humanidade. Onde ela é negada, nossa

respiração vacila. O ar se torna rarefeito e a vida

insuportável!

Está ao nosso alcance criar e modelar o

ambiente espiritual de nossas comunidades para o

futuro. Meu apelo é que criemos um lugar feliz,

familiar, acolhedor, no qual as pessoas possam

comunicar-se, compreender-se mutuamente,

respeitar-se e reconhecer que o Senhor está sempre

em ação, tornando melhor aquilo que, em nossa

opinião, pode não estar perfeito.

77- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

5. O CONTEXTO TEOLÓGICO EM

QUE SURGIU NOSSA IGREJA

Homens e mulheres de várias denominações

compunham o corpo de líderes nos primórdios de

nossa igreja.

Tiago White (Conexão Cristã), Ellen White

(Metodista) e José Bates (Conexão Cristã) foram os

cofundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia. 1

João Nevins Andrews (Milerita) 2 , “teólogo

capaz, fez importantes contribuições para o

desenvolvimento de várias doutrinas da Igreja,

inclusive o tempo de iniciar-se e encerrar-se o

sábado.” 3

A maioria de nossos pioneiros veio de religiões

que não observavam a lei. Não guardavam o

sábado, não criam na doutrina do Santuário e

tampouco faziam abstinência do tabaco e alimentos

imundos como a carne do porco e outras.

Depois de muita oração e estudo da Palavra de

Deus, eles começaram a descobrir essas doutrinas e

ficaram maravilhados com as novas verdades.

Como tinham que defender a nova fé,

aprimoraram então seus conhecimentos bíblicos e

tornaram-se especialistas na lei, principalmente no

sábado.

78- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Ellen G. White chegou a declarar que “como

um povo, pregamos a lei até que ficamos secos

como as colinas de Gilboa, que não tinham orvalho

nem chuva. Devemos pregar Cristo na lei.” 4

Preocupados em viver e pregar as verdades a

respeito da lei, acabaram colocando a lei como

sendo um meio para nossa salvação. 5 Viam Cristo

como um Salvador do passado e, uma vez salvos

por Ele, deveriam, a partir de então, guardar a lei se

quisessem ser salvos. A fé tinha seu lugar até à

conversão; dali para frente tinha que haver obras.

Na verdade, até os dias de hoje, muitos

adventistas estão equivocados quanto à forma pela

qual somos salvos.

Veja que esse pensamento perdura em nosso

meio, fruto de uma herança adquirida e herdada de

nossos pioneiros.

Não está sendo fácil tirar de nosso meio essa

herança teológica em que as obras meritórias têm

lugar em nossa salvação. Nem parece que somos

evangélicos protestantes, que um dia protestamos

contra as rezas como um meio para perdão de

pecados.

Esse pensamento de salvação pelas obras

ainda permeia em nosso meio, consciente ou

inconscientemente, tem alguma influência no

trabalho missionário e na razão de termos tão

poucas pessoas envolvidas na obra do Senhor hoje.

Os números comprovam que a maioria dos

adventistas não está envolvida no trabalho de salvar

pessoas. Para que salvar gente? Já estou

salvo/perdoado por guardar o sábado, ou seja: por

rezar (guardar a lei) X vezes (toda minha vida fui

“fiel”).

79- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Quando pensamos que nossa salvação é pelas

obras, que guardamos os mandamentos e estamos

seguros de nossa salvação, então a tendência é não

nos preocuparmos com a salvação de outros. Somos

egoístas por natureza e isso se torna mais evidente

quando se refere a algo meritório. É possível, pois a

lei, sem a graça, nos deixa indiferentes para com as

pessoas. A lei não nos constrange na missão. O que

nos constrange é Cristo, Seu perdão e Seu amor

para com todos. No entanto, quando a lei está

envolvida com o amor, nos preocupamos com as

pessoas. Levamos a graça e a lei. A graça, porque é

o único meio de salvação, e a lei por ser um cerco

de proteção.

Temos um objetivo: transição de pensamentos,

de ideias, de atitudes e nunca de princípios. Razão:

salvar gente que sofre... Que chora... Que... Só Deus

sabe quanta dor nós podemos amenizar se fizermos

uma transição em nossas vidas.

80- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

6. OS NÚMEROS E O BATISMO

Os números devem fazer parte no trabalho de

Deus? É correto contar o número de pessoas que

são batizadas? Preocupar-se em atingir uma meta

(alvo) proposta é correto? A essa altura, outras

perguntas poderiam ser feitas, mas vamos ao ponto:

devemos ter alvo de batismo ou não? Novamente

vemos conservadores e liberais se digladiando

também nesse ponto, quando o equilíbrio, palavra

tão escassa, resolveria tudo. Lembramos que o

equilíbrio tem um endereço, ele mora no coração

convertido.

6.1 O Jogo dos Números 1

Em seu livro Leading Your Church to Growth

(Levando Sua Igreja a Crescer), Peter Wagner

descreve seu encontro com um indivíduo que lhe

manifestou um desgosto relacionado à consideração

aos números no trabalho pastoral. “Minha Bíblia diz

81- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

que devo alimentar as ovelhas, não contá-las”, disse

ele.

Posteriormente, Wagner leu o livro de Phillip

Keller, intitulado A Shepherd Looks at Psalm 23 [Um

Pastor, Segundo o Salmo 23]. Keller, um criador

profissional de ovelhas, diz que “para um pastor

cuidadoso, é essencial examinar seu rebanho todo

dia, contando-o, para assegurar-se de que todas as

ovelhas estejam bem”. Então, Wagner concluiu que

“contar as ovelhas é uma parte tão natural da vida

pastoral, que Jesus quis que Seus seguidores

soubessem disso. É bíblico alimentar as ovelhas,

assim como é bíblico contá-las”.

Na verdade, a única maneira pela qual o Bom

Pastor ficou sabendo que uma ovelha se havia

extraviado das demais foi contando-as até chegar ao

número 99. Peter Wagner comenta: “O próprio Deus

faz contas. Ele tem contados os cabelos da cabeça

de todas as pessoas. Quando alguém, pela fé,

aceita a Cristo, tem o nome escrito no livro da vida

do Cordeiro. Mesmo a menor de Suas criaturas é

importante no Céu e é individualmente reconhecida.

Existe alegria no Céu por um pecador que se

arrepende (Lucas 15:7), de modo que todos devem

ser mantidos registrados”.

Segundo percebo, as pessoas que se opõem

aos números, normalmente estão tentando evitar a

superficialidade no compromisso cristão. [...] Eu

estou vitalmente interessado em não perder homens

e mulheres que, pela fé, nasceram de novo em

Cristo Jesus. Estou interessado em verdadeiros

discípulos que tomam sua cruz diariamente e

seguem a Jesus. Estou interessado em súditos do

reino que fazem de Cristo o Seu Senhor, estou

82- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

interessado em indivíduos cheios do Espírito,

pessoas que experimentaram Seu poder e utilizam

os dons espirituais recebidos. Estou interessado em

crentes responsáveis que continuam perseverando

“na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir

do pão e nas orações” (Atos 2:42), como faziam os

crentes da igreja de Jerusalém. Quando os números

representam esse tipo de pessoas, eles são mais

que mero “jogo de números”. Na verdade, tornam-se

um jogo de vida ou morte, tempo ou eternidade.

Quando Cristo ordenou que Seus discípulos

fossem a todo o mundo e fizessem discípulos, Ele

estava pensando em números – a quantidade de

indivíduos que se tornariam discípulos. E, aos

críticos, Bailey Samith tem uma resposta apropriada:

“Não nos esqueçamos de que todos os números são

múltiplos de um. Cem é uma centena de um. Mil é

um milhar de um. Assim, é possível estar

sinceramente preocupado com cada um de cem ou

mil. Necessitamos nos preocupar com todos”.

Na grande comissão, está claro que a igreja

deve multiplicar-se, não simplesmente manter-se. O

livro de Atos é a história do crescimento da igreja, e

isso nos fala de números. “Então, os que lhe

aceitaram a palavra foram batizados, havendo um

acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas”

(Atos 2:41). “Enquanto isso, acrescentava-lhes o

Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (Atos

2:47). “Muitos... aceitaram, subindo o número de

homens a quase cinco mil” (Atos 4:4). “E crescia

mais e mais a multidão de crentes, tanto de homens

como mulheres” (Atos 5:14). “Crescia a Palavra de

Deus, e, em Jerusalém. Multiplicavam-se o número

dos discípulos, também muitíssimos sacerdotes

83- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

obedeciam à fé” (Atos 6:7). “A igreja... crescia em

números” (Atos 9:31). “A mão do Senhor estava com

eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor”

(Atos 11: 21). “Assim, as igrejas eram fortalecidas na

fé e, dia a dia, aumentavam em número” (Atos 16:5).

A mensagem é óbvia. Se a igreja deve estar

interessada no que Jesus estava, também terá

interesse em números de pessoas atraídas para Seu

reino.

De acordo com Tom Stebbins, “alguém sugeriu

que, antes de podermos ganhar uma pessoa para

Cristo, devemos ganhá-la para nós mesmos.

Partilhar o evangelho é algo muito pessoal. Estamos

invadindo as áreas mais privativas da vida de uma

pessoa. Assim, primeiramente, devemos ganhar a

confiança dessa pessoa, e construir algum laço de

amizade”.

Portanto, nossos métodos evangelísticos

devem transformar descrentes em amigos, amigos

em crentes, e crentes em discípulos. Sim, grande

número de discípulos.

O jogo dos números – conclusão

Assim como os pontos de vista acima, a

conclusão também é simples, ou seja: o alvo tem

seu lugar para nos mensurar, nortear, organizar.

Exceto a isso, nenhuma ansiedade nos deve

motivar. Nosso “negócio” é salvar gente, muita

gente. Estamos atrelado a Deus e a salvação de

homens, coisa contrária, é fazer do alvo uma escada

para sustentar desígnios errados.

84- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Uma vez alcançado, o alvo denota trabalho

cumprido, iniciativa, luta, desprendimento, garra,

perseverança, e outros. Porém, alvo é muito mais

que isso; é poder mensurar aqueles que estão ao

nosso alcance e salvá-los quando ninguém se

preocupa com eles. Se nosso alvo é coerente e

determinado em “X”, deveríamos nós atingir menos?

Lutar por um ideal (alvo) é ter na vida um ponto de

partida e um de chegada, saber onde estávamos,

onde estamos, e onde queremos chegar. Significa

gostar de vencer, e ver pessoas salvas.

“Decidir antecipadamente o que fazer é uma

das atividades nobres da inteligência. Trabalhar com

o acaso é menosprezar a inteligência. Planejar

requer grande esforço mental, muitos dados e

imaginação. Com base em informações e na

experiência, a pessoa planeja o que deve ser feito

para corresponder às necessidades que ainda

virão.” 2

“É espantoso como bem poucas igrejas têm um

plano diretor pelo qual possam acompanhar seu

desempenho e medir seu progresso. [...] Esse é um

erro fundamental. [...] Jesus tinha um plano e

obedeceu a ele fielmente. [...] Um plano faz com que

você assuma o controle sobre suas energias e

atividades. Você se torna pró-ativo e não reativo.” 3

Observe que as adições à igreja apostólica

eram uma constante, dando-nos o exemplo de que

devemos crescer em números diariamente, “pois

tudo o que outrora foi escrito, para o nosso ensino

foi escrito” (Romanos 15:4).

No dia de pentecostes: “Os que de bom grado

receberam a sua palavra foram batizados, e naquele

dia agregaram-se quase três mil almas”, (Atos 2:41).

85- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Adições diárias: “E todos os dias acrescentava

o Senhor à igreja aqueles que iam sendo salvos”,

(Atos 2:47, ú.p.).

Número aumentado após o Pentecoste:

“Muitos, porém, dos que ouviram a palavra, creram,

e chegou o número desses a quase cinco mil”, (Atos

4:4).

Veja mais adição no livro de Atos e em relação

à pregação de Paulo em Atos 5:14; 9:31; 11:24;

14:1; 16:5; 17:4; 18:8.

“A ordem quádrupla de ir... ensinar... batizar...

fazer discípulos ressoa em todos os lugares em que

os adventistas do sétimo dia trabalham ou se

reúnem.

[...] Esse desafio requer uma abordagem franca

e analítica na determinação de onde a Igreja se

encontra em relação com a ordem do Senhor. Não é

suficiente medir o sucesso por padrões seculares,

não é suficiente dar prioridade a esses padrões. O

compromisso total para com Deus envolve,

essencialmente, a total aceitação dos princípios do

cristianismo apresentados na Bíblia e apoiados pelo

Espírito de Profecia. As congregações, instituições,

obreiros e membros da Igreja podem facilmente se

satisfazer com os alvos alcançados, com os fundos

levantados, com as construções concluídas, com os

balanços equilibrados, com as autorizações

conseguidas e renovadas e ainda deixar de cumprir

sua responsabilidade diante de Deus com respeito à

Comissão Evangélica. A primeira e constante

prioridade da Igreja deve ser a ordem do Senhor:

Ide... ensinai... batizai... fazei discípulos.” 4

Diante de tal declaração, chegamos

definitivamente à conclusão que nosso objetivo não

86- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

é números como um fim em si mesmo, mas um meio

para cumprirmos nossa fidelidade a ordem do

Mestre expressa na Comissão Evangélica.

87- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

7. A IGREJA NÃO VOTA BATISMO,

VOTA ACEITAÇÃO DE MEMBRO

É bom lembrar que a igreja vota o

recebimento de membro na igreja local e não o

batismo. A orientação do Manual da Igreja, do Guia

Para Ministros, e da Associação Ministerial da

Divisão Sul-Americana assim declara:

“Depois de os candidatos, na presença dos

membros da igreja ou de outra corporação

devidadamente designada, responderem

afirmativamente às perguntas do voto, ou ter sido

assegurado à igreja que tais respostas já foram

dadas, deve-se pedir aos membros da igreja que

votem sobre sua aceitação na mesma, mediante o

batismo, que não deve ser indevidamente

retardado.” 1

Veja a seguir um modelo de votação contido no

Guia Para Ministros. Observe que não existe

nenhuma indicação ao voto batismal, mas tão

somente ao voto de recebimento de membro.

“A votação dos candidatos como membros

da igreja pode ser feita antes ou depois do batismo.

Líder:

Como uma congregação, estais dispostos a

abrir o coração, o lar e vossos recursos espirituais e

88- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

emocionais para estes novos membros da família

que hoje estão sendo recebidos?

Congregação:

Sim, estamos.

Todos:

Agora somos todos membros do corpo de

Cristo. Vocês são nossos irmãos e irmãs. O Espírito

Santo é o nosso Confortador e Sustentador.

Aceitamos e comemoramos o ingresso de vocês

na família de Deus.

Pode ser solicitado que os candidatos venham

à frente ao ser feita a votação deles como

membros. Depois do voto, o pastor e os anciãos

que estão na plataforma geralmente descem,

entregam um certificado de batismo a cada um dos

que foram batizados e, em nome de toda a

congregação, estendem a mão direita da comunhão,

recebendo-os na família da igreja.” 2

“Não há embasamento no Manual da Igreja

nem no Guia Para Ministros para a prática de votar

batismos. O correto é votar o recebimento do

candidato como membro, e não o seu batismo.

[...] Talvez a prática não correta tenha

começado pela expressão “voto batismal”. Mas o

voto é um compromisso solene expresso pelo

candidato, é o nome dado a sua profissão de fé.

Após o candidato comprometer-se publicamente

com as doutrinas adventistas, a igreja toma um voto

de recebimento como membro e não um “voto

batismal.” 3

Concluímos que não é correto uma comissão,

líder ou membro de igreja dizer: “Eu não vou votar o

batismo desse candidato”. O que uma comissão,

líder ou membro de igreja tem o direito de votar ou

89- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

não votar, é a aceitação dessa pessoa como

membro de igreja. No caso, ele poderá dizer: “Eu

não vou votar o recebimento dessa pessoa em

nossa igreja”. Em outras palavras, “eu não quero

aceitar esse batizando na condição de membro”.

Essa conclusão pode ser tomada ao fazermos o

Exame Público por ocasião do batismo, conforme

orienta o Manual da Igreja na página 31.

Nesse caso, se o pastor julgar necessário

batizá-lo, para o bom andamento de sua vida

espiritual, ele o faz, então, o batizando passa a fazer

parte de outra igreja do Distrito que o queira receber

na condição de membro, ou fazer parte da igreja 4 da

Associação/Missão. No entanto, desconheço um

pastor que tenha feito uso de tal recurso, mas ele

existe e pode ser usado, contudo, estamos trazendo

esta informação não como incentivo à prática, mas

como informação e crescimento da igreja.

7.1 Batismos... Quem decide?

O pastor, depois de considerar todos os fatos,

inclusive aqueles que só ele pode vivenciar e

conhecer por conta de seu chamado e trabalho,

então, deve ele decidir se uma pessoa vai ser

batizada ou não (exceto os casos especiais que são

votados pela Mesa Diretiva da Associação/Missão).

Ele, é que foi preparado e chamado para isso, e está

90- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

autorizado pela igreja e por Deus para tal. A nenhum

irmão, comissão ou igreja compete tal decisão.

“É necessário levar todos os nomes para o

conselho da igreja aprovar antes do batismo? A

resposta é clara: “não”. Nada no Manual da Igreja

sugere que esta prática seja seguida. Os membros

do conselho nem sempre estão familiarizados com

os candidatos ao batismo, a não ser que eles

estejam envolvidos no evangelismo. Eles não sabem

nada sobre as experiências dos indivíduos, mas o

pastor que os batiza deve saber, e é por isso que a

decisão pertence a ele. Um pastor sábio mantém

seu conselho informado sobre as pessoas que estão

se preparando para o batismo, mas nenhum voto

formal deles é necessário... Quando alguém

examina o batismo nas escrituras, como os de

Cornélio ou do carrasco filipino, pode ver que não há

registro de um conselho da igreja aprovando o

batismo.” 5

Mesmo porque, é muito perigoso um irmão,

comissão ou igreja, tomar em suas mãos uma

responsabilidade tão importante e complexa, não

estando preparados e comissionados para isso.

Pode ser que, agindo assim, se esqueça, ou perca o

foco das suas próprias responsabilidades.

Considerando que você, líder/membro de

igreja, já tem muitas tarefas que Deus e a igreja

comissionaram, seria bom deixar esta ao pastor.

Como disse a esposa de Pilatos: “Não entres na

questão desse justo [...]” (Mateus 27:19). Pilatos não

ouviu o sábio conselho de sua esposa e o seu fim foi

tirar “a própria vida não muito depois da crucifixão de

Cristo” 6 por tomar uma decisão que não tinha

necessariamente que tomar em suas mãos.

91- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Meu querido, permita-me relatar um fato: há

irmãos queridos dizendo: “Eu não voto esse

batismo”, “eu não concordo com aquele batismo”.

Particularmente, creio que tais declarações são

perigosas. Deixe essa responsabilidade a cargo do

pastor. A ele compete. Este é um parecer pastoral

escrito com carinho a fim de ajudar. Longe de

qualquer outra razão, queremos pastorear o leitor

para que não tenha problemas com Deus no dia do

juízo.

Atente para isso, vai ser bom para você, o

batizando e a igreja.

7.2 Rebatismo, uma prática bíblica

Milhares estão buscando o batismo. No

entanto, alguns dos muitos que estão ingressando

em nossas igrejas, ao serem convidados a fazê-lo

através do rebatismo, têm questionado a

necessidade de passar pelas águas novamente.

Baseados no verso de Efésios 4:5 “Um só Senhor,

uma só fé, um só batismo...” e, em vista de já terem

sido batizados em outras denominações por

imersão, creem não ser necessário passar pela

experiência novamente.

Embora não seja nosso propósito fazer uma

exegese deste verso, é bom ter em mente também o

verso de I Coríntios 12:13 “Pois todos nós fomos

batizados em um só Espírito, formando um só

92- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

corpo...”, que nos dá a ideia de um só tipo de

batismo, ou seja, aquele que é bíblico e correto em

que todos são acolhidos em um só Espírito, o

espírito de união. É neste contexto que Paulo faz

menção de um “só batismo” no livro de Efésios,

aquele realizado nas águas por imersão e selado

pelo Espírito Santo, o que pode acontecer em um

segundo batismo após quebrar os votos do primeiro.

O que Paulo queria dizer no referido texto de

Efésios, é que existe um só batismo de união em

Cristo e não uma única experiência de passar pelas

águas, ainda que seja esta a primeira impressão que

o verso apresente.

Ser rebatizado não rebaixa o sentido espiritual

do batismo, pelo contrário, eleva, pois o rebatizando

está reconhecendo mais uma vez a gravidade de

suas faltas e quer ser “lavado” por Cristo, e nenhum

outro símbolo pode exemplificar melhor que um novo

batismo. Sempre digo que o ato de passar pela

experiência das águas na forma de batismo ou

rebatismo, é só para pessoas humildes, de muita fé

e corajosas de abandonar o pecado.

É bom lembrar que a prática do rebatismo é

bíblica: “Então, Paulo, perguntou: Em que, pois,

fostes batizados? Responderam: No batismo de

João. Disse-lhes Paulo: João realizou o batismo do

arrependimento, dizendo ao povo que cresse

naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus.

Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome

do Senhor Jesus” (Atos 19:3-5).

O rebatismo também tem base no Espírito de

Profecia: “O Senhor requer decidida reforma. E

quando uma alma está verdadeiramente

reconvertida, seja ela rebatizada. Renove ela seu

93- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

concerto com Deus, e Deus renovará Seu concerto

com ela. ... Importa haver reconversão entre os

membros, para que, como testemunhas de Deus,

testifiquem da autoridade e poder da verdade que

santifica a alma.” 7

“E se vocês perderam sua cristandade, meus

irmãos e irmãs, vocês nunca, poderão entrar em

comunhão com Deus até serem reconvertidos e

rebatizados. Vocês devem se arrepender e ser

batizados novamente, para que o amor, a comunhão

e a harmonia de Cristo vos envolva.” 8

Encontramos a posição da Igreja Mundial

quanto ao rebatismo exalada no próprio Manual que

rege a mesma: “O rebatismo é mencionado

especificamente em uma única passagem bíblica

(Atos 19:1-7), onde o apóstolo Paulo o endossa para

um grupo de doze pessoas. O batismo anterior delas

tinha sido o de João – o batismo do arrependimento.

Em acréscimo ao arrependimento, o batismo cristão

é associado com a clara compreensão de um

compromisso pessoal em relação ao evangelho e

aos ensinos de Jesus e à recepção do Espírito

Santo. Com essa compreensão e compromisso

adicionais, tornou-se aceitável o rebatismo

daquelas pessoas.

[...] Ellen G. White apoia o rebatismo quando

membros caem em apostasia e vivem de tal maneira

que a fé e os princípios da igreja são transgredidos

publicamente. Então, devem, no caso de se

converterem e solicitarem que sejam aceitos outra

vez como membros da igreja, ingressar nela como

no princípio, ou seja, mediante o batismo.” 9

Julgo necessário, também, registrar aqui a

prática que vivo no dia a dia em meu ministério

94- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

pastoral. Quando alguém é relutante ao rebatismo e

por alguma razão (baseados no Manual da Igreja)

nós recebemos esse irmão pela profissão de fé,

tenho percebido que, na sua maioria, ele não se

satisfaz emocionalmente e espiritualmente apenas

com uma profissão de fé, e em alguns casos, em

tempos posteriores, nos é solicitado o rebatismo.

Fico surpreso ao ver alguns solicitando o rebatismo,

declarando não estarem satisfeitos apenas com a

profissão de fé. Percebo que saem das águas mais

(ou tanto quanto) felizes que no primeiro batismo.

Contudo, o novo Manual da Igreja Adventista

do Sétimo Dia (edição revisada na Assembléia da

Associação Geral de 2010, p. 51-52) traz mais

orientações que não permitem pecarmos em

excessos no rebatismo. Vejamos:

“Indivíduos Vindos de Outras Comunidades

Cristãs – Com bases bíblicas, pessoas de outras

comunidades cristãs que tenham abraçado as

crenças adventistas dos sétimo dia e que tenham

sido previamente batizadas por imersão podem

solicitar o rebatismo.

Os exemplos abaixo, no entanto, sugerem que

o rebatismo podem não ser obrigatório. É evidente

que o episódio de Atos 19 foi um caso especial, pois

é relatado que Apolo tinha recebido o batismo de

João (At 18:25), e não há registro de que tenha sido

rebatizado. Aparentemente, mesmo alguns dos

apóstolos receberam o batismo de João (Jo 1:35-

40), mas não há informação de que tenham sido

rebatizados.

Se um novo crente aceitou novas verdades

importantes, Ellen G. White apóia o rebatismo a

medida que o Espírito induz o novo crente a pedido.

95- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

Isso se enquadra no padrão de Atos 19. Uma

pessoa que experimentou o batismo por imersão

avaliara sua nova experiência religiosa e decidirá se

deseja o rebatismo. Não se deve insistir nesse

ponto.

‘Isto é um assunto em que cada indivíduo

precisa conscienciosamente tomar sua atitude no

temor de Deus. Deve ser cuidadosamente

apresentado no espírito de benignidade e amor.

Portanto, o dever de insistir não pertence a ninguém

se não a Deus, dai-Lhe oportunidade de atuar por

meio de seu Espírito Santo na mente, de modo que

o indivíduo seja perfeitamente convencido e

satisfeito no que respeita a esse passo avançado’

(Evangelismo, p. 373).

Apostasia e Rebatismo – Embora tivesse

havido apostasia na igreja apostólica (Hb 6:4-6), as

Escrituras não comentam a questão do rebatismo.

Ellen G. White apóia o rebatismo quando membros

tenham apostatado e então se reconvertem e

desejam se unir novamente a igreja. (Ver p. 69, 70,

161.)

“‘O Senhor requer decidida reforma. E quando

uma alma esta verdadeiramente reconvertida, seja

ela rebatizada. Renove ela seu conserto com Deus,

e Deus renovara seu conserto com ela’ (IBID., p.

375).”

Russell Burrill em seu livro “A Proclamação da

Esperança”, concluindo uma sessão da qual trata do

mesmo assunto faz um fechamento que nos ajudará

concluir a nossa sessão também. Vejamos:

“Pode-se notar que qualquer uma dessas

declarações, usada sozinha, pode encorajar

excessos no rebatismo. É por isso que as coloquei

96- Edson Menegheze Bonetti


BATISMOS: Saindo dos extremos procurando o equilíbrio

todas juntas para você perceber o equilíbrio de Ellen

White sobre esse assunto. Pode parecer que o

rebatismo era importante para os recém-convertidos,

mas, ao mesmo tempo, que não devia ser forçado a

todos. Em uma das declarações ela parece sugerir

que o rebatismo era obrigatório para qualquer um

que já tenha guardado o domingo. Contudo, nem

ela, nem o esposo dela e nenhum dos pioneiros

foram rebatizados, e todos guardavam o domingo

antes de se tornarem adventistas. E o que ela quis

dizer quando aconselhou que se você perdeu sua

cristandade, você deve ser rebatizado? Seria

apenas com uma perda total ou com uma perda

momentânea? O contexto de todas as declarações

indicaria que é apenas com uma perda total.” 10

É bom lembrar que na Igreja Adventista do

Sétimo Dia, a readmissão dos que um dia foi

removido da condição de membros, seja feita em

conexão com o rebatismo.

97- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

CONCLUSÃO 1

Todas as relações sociais exigem o exercício

do domínio próprio, paciência e simpatia. Diferimos

tanto uns dos outros em disposições, hábitos e

educação, que variam entre si nossas maneiras de

ver as coisas. Julgamos diferentemente. Nossa

compreensão da verdade, nossas ideias em relação

à conduta de vida, não são idênticas sob todos os

pontos de vista. Não há duas pessoas cuja

experiência seja igual em cada particular. As provas

de uma não são provas de outra. Os deveres que

para uma se apresentam como leves, são para outra

mais difíceis e inquietantes.

Tão fraca, ignorante e sujeita ao erro é a

natureza humana que todos devemos ser cautelosos

na maneira de julgar o próximo. Pouco sabemos da

influência de nossos atos sobre a experiência dos

outros. O que fazemos ou dizemos pode parecer-nos

de pouca importância, quando, se nossos olhos se

abrissem, veríamos que daí resultam as mais

importantes consequências para o bem ou para o

mal.

Muitas pessoas têm desempenhado tão poucas

responsabilidades, seu coração tem experimentado

tão pouco as angústias reais, sentindo tão pouca

perplexidade e preocupação em auxiliar o próximo,

98- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

que não podem compreender o trabalho de quem

tem verdadeiras responsabilidades. São tão

incapazes de apreciar seus trabalhos, como a

criança de compreender os cuidados e fadigas do

preocupado pai. A criança admira-se dos temores e

perplexidades do pai: parecem-lhe inúteis. Mas

quando os anos de experiência forem acrescentados

à sua vida, quando tiver de carregar as próprias

responsabilidades, olhará de novo para a vida do

pai, e compreenderá então o que outrora lhe era

incompreensível. A amarga experiência deu-lhe o

conhecimento.

A obra de muitas pessoas que têm

responsabilidades não é compreendida, não são

apreciados seus trabalhos, enquanto a morte os não

abate. Quando outros retomam as funções que eles

exerciam e enfrentam as dificuldades que eles

encontraram, compreendem quanto a sua fé e

coragem foram provadas. Muitas vezes perdem de

vista, então, os erros que estavam tão prontos a

censurar. A experiência ensina-lhes a simpatia. É

Deus quem permite que os homens sejam colocados

em posições de responsabilidade. Quando erram,

têm poder para os corrigir, ou para os retirar do

cargo que exercem. Devemos acautelar-nos para

não tomar em nossas mãos o direito de julgar, que

pertence a Deus.

Ordena-nos o Salvador: “Não julgueis, para que

não sejais julgados, porque com o juízo com que

julgardes sereis julgados, e com a medida com que

tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus

7:1, 2).

Não podemos permitir que nosso espírito se

irrite por algum mal real ou suposto que nos tenha

99- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

sido feito. O inimigo que mais carecemos temer é o

próprio eu. Nenhuma forma de vício tem efeito mais

funesto sobre o caráter do que a paixão humana

quando não está sob o domínio do Espírito Santo.

Nenhuma vitória que possamos ganhar será tão

preciosa como a vitória sobre nós mesmos.

Não permitamos que nossa suscetibilidade seja

facilmente ferida. Devemos viver, não para vigiar

sobre nossa suscetibilidade ou reputação, mas para

salvar almas. Quando estamos interessados na

salvação das almas, deixamos de pensar nas

pequenas diferenças que possam levantar-se entre

uns e outros na associação mútua. De qualquer

sorte que os outros pensem de nós ou conosco

procedam, nunca será necessário que perturbemos

nossa comunhão com Cristo, nossa companhia com

o Espírito. “Que glória será essa, se, pecando, sois

esbofeteados e sofreis? Mas, se fazendo o bem, sois

afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus” (I

Pedro 2:20).

Não se vingue. Quanto puder, remova toda a

causa de mal-entendido. Evitai a aparência do mal.

Fazei o que estiver em vosso poder, sem

comprometer os princípios, para conciliar o próximo.

“Se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares

de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa

ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te

primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a

tua oferta” (Mateus 5:23, 24).

Se vos forem dirigidas palavras impacientes,

nunca respondais no mesmo tom. Lembrai-vos de

que “a resposta branda desvia o furor” (Provérbios

15:1). Há um poder maravilhoso no silêncio. As

palavras ditas em réplica a alguém encolerizado por

100- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

vezes servem apenas para o exasperar. Mas se a

raiva encontra o silêncio, e um espírito amável e

paciente, em breve se desfaz.

Sob uma tempestade de palavras ferinas e

acusadoras, conservai apoiado o espírito na Palavra

de Deus. Que o espírito e o coração sejam repletos

das promessas divinas. Se sois maltratados ou

acusados injustamente, em vez de responder com

raiva, repeti a vós mesmos as preciosas promessas:

“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal

com o bem” (Romanos 12:21).

“Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle,

e Ele tudo fará. E Ele fará sobressair a tua justiça

como a luz; e o teu juízo, como o meio-dia” (Sal.

37:5 e 6).

“Nada há encoberto que não haja de ser

descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido”

(Lucas 12:2).

Somos inclinados a procurar junto de nossos

semelhantes simpatia e ânimo, em vez de os

procurar em Jesus. Em Sua misericórdia e

fidelidade, Deus permite muitas vezes que falhem

aqueles em quem depositamos confiança, a fim de

que possamos compreender quanto é insensato

confiar nos homens e apoiar-nos na carne.

Confiemos inteira, humilde e desinteressadamente

em Deus. Ele conhece as tristezas que nos

consomem no mais profundo do ser e que não

podemos exprimir. Quando tudo nos parece escuro e

inexplicável, lembremo-nos das palavras de Cristo:

“O que Eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o

saberás depois” (João 13:7).

Estudai a história de José e de Daniel. O

Senhor não impediu as armadilhas dos homens que

101- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

procuravam fazer-lhes mal; mas conduziu todos os

planos para o bem de Seus servos, que no meio de

provas e lutas mantiveram sua fé e lealdade.

Enquanto estivermos no mundo,

encontraremos influências adversas. Haverá

provocações para ser provada a nossa têmpera; e é

enfrentando-as com espírito reto que as virtudes

cristãs são desenvolvidas. Se Cristo habitar em nós,

seremos pacientes, bondosos e tolerantes, alegres

no meio das contrariedades e irritações. Dia após

dia, e ano após ano, vencer-nos-emos a nós

próprios e cresceremos num nobre heroísmo. Tal é a

tarefa que sobre nós recai; mas não pode ser

cumprida sem o auxílio de Jesus, firme decisão, um

alvo bem determinado, contínua vigilância e oração

incessante. Cada um tem suas lutas pessoais a

travar. Nem o próprio Deus pode tornar nosso

caráter nobre e nossa vida útil, se não colaborarmos

com Ele. Quem renuncia à luta perde a força e a

alegria da vitória.

Não precisamos guardar nosso próprio registro

das provas e dificuldades, dos desgostos e tristezas.

Todas estas coisas estão escritas nos livros, e o Céu

tomará o cuidado delas. Enquanto relembramos as

coisas desagradáveis, passam da memória muitas

que são gratas à reflexão, como a misericordiosa

bondade de Deus que nos rodeia a cada instante e o

amor, de que os anjos se maravilham, com que deu

Seu Filho para morrer por nós.

Se vos não sentis satisfeitos e alegres, não

faleis dos vossos sentimentos. Não influais

negativamente sobre a vida dos outros. Uma religião

fria e sombria, jamais atrairá almas para Cristo.

Afasta-as dEle, para as redes que Satanás lança

102- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

aos pés dos perdidos. Em vez de pensar em vosso

desânimo, pensai na força de que podeis dispor em

nome de Cristo. Que vossa imaginação se fixe nas

coisas invisíveis. Que os pensamentos se dirijam

para as evidências do grande amor de Deus por vós.

A fé pode sofrer a prova, vencer a tentação, suportar

o insucesso. Jesus vive como nosso advogado.

Tudo o que nos assegura a Sua mediação nos

pertence.

Não pensais que Cristo aprecia quem vive

inteiramente para Ele? Não pensais que visita os

que, como o amado João no exílio, estão em lugares

difíceis e penosos? Deus não permite que um de

Seus devotados obreiros seja abandonado, a lutar

sozinho contra forças superiores, e que seja vencido.

Preserva, como joia preciosa, todo aquele cuja vida

está escondida com Cristo em Deus. De cada um

destes diz: Eu “te farei como um anel de selar;

porque te escolhi” (Ageu 2:23).

Falai pois das promessas; falai do desejo que

Jesus tem de abençoar. Ele não nos esquece nem

um só instante. Quando, apesar das circunstâncias

desagradáveis, repousamos confiadamente no Seu

amor e mantemos nossa comunhão com Ele, o

sentimento da Sua presença inspirará uma alegria

profunda e tranquila. De Si disse Cristo: “Nada faço

por Mim mesmo; mas falo como o Pai Me ensinou. E

Aquele que Me enviou está comigo; o Pai não Me

tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe

agrada” (João 8:28 e 29).

Se temos a compreensão da paciência de

Deus para conosco, não devemos ser achados a

julgar ou a acusar ninguém. Quando Cristo vivia na

Terra, quão surpresos ficariam os que O

103- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

acompanhavam se, depois de familiarizados com

Ele, Lhe ouvissem dizer uma palavra de acusação,

crítica destrutiva ou impaciência. Não esqueçamos

que aqueles que O amam devem reproduzi-Lo em

Seu caráter.

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com

amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos

outros” (Rom. 12:10). “Não tornando mal por mal ou

injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo,

sabendo que para isto fostes chamados, para que,

por herança, alcanceis a bênção” (I Pedro 3:9).

Exige o Senhor Jesus que reconheçamos os

direitos de cada pessoa. Devem ser tomados em

consideração seus direitos sociais e seus direitos

como cristão. Todos devem ser tratados com

amabilidade e delicadeza, como filhos e filhas de

Deus.

O cristianismo torna as pessoas bemeducadas.

Cristo era cortês, mesmo com os Seus

perseguidores; e os Seus verdadeiros seguidores

devem manifestar o mesmo espírito. Olhai para

Paulo, conduzido perante os magistrados. Seu

discurso diante de Agripa é um exemplo de

verdadeira cortesia, assim como de persuasiva

eloquência. O Evangelho não ensina a polidez

formalista corrente no mundo, mas a cortesia que

deriva de um coração cheio de bondade.

O mais meticuloso cultivo das propriedades

externas da vida não é suficiente para limar toda a

irritabilidade, aspereza nos juízos e inconveniência

nas palavras. O verdadeiro refinamento não se

revelará jamais, enquanto nos considerarmos a nós

mesmos como o objeto supremo. O amor deve

residir no coração. O cristão verdadeiro tira seus

104- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

motivos de ação do profundo amor pelo Mestre. Do

amor a Cristo brota o interesse abnegado por Seus

irmãos. O amor comunica a quem o possui graça,

propriedade e elegância de porte. Ilumina-lhe a

fisionomia e educa-lhe a voz; refina e eleva todo o

ser.

A vida compõe-se, principalmente, não de

grandes sacrifícios, ações maravilhosas, mas de

pequenas coisas. Na maior parte das vezes, é pelas

pequenas coisas que parecem indignas de menção

que grande bem ou mal é trazido à nossa vida. É

pela falta de sucesso em suportar as provas a que

somos sujeitos nas pequenas coisas, que se

adquirem os maus hábitos e se deforma o caráter; e,

quando nos assaltam as provas maiores,

encontramo-nos desprevenidos. Só agindo por

princípio nas provas da vida cotidiana, podemos

adquirir energia para ficar firmes e fiéis nas mais

perigosas e difíceis situações.

Nunca estamos sós. Quer o escolhamos ou

não, temos um companheiro. Lembrai-vos de que

onde quer que estejais, façais o que fizerdes, Deus

aí está. Nada do que se diz, faz ou pensa escapa à

Sua atenção. Para cada palavra ou ação, tendes

uma testemunha – Deus, que é santo e odeia o

pecado. Pensai sempre nisso antes de falardes ou

agirdes. Como cristãos, sois membros da família

real, filhos do Rei dos Céus. Não digais palavra

alguma, não façais nenhuma ação que traga

desonra ao “bom nome que sobre vós foi invocado”

(Tiago 2:7).

Estudai cuidadosamente o caráter divinohumano,

e inquiri constantemente: “Que faria Jesus

em meu lugar?” Esta deve ser a medida do nosso

105- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

dever. Não vos coloqueis desnecessariamente na

companhia daqueles que, por suas astúcias,

poderiam debilitar o vosso desejo de bem-fazer ou

manchar a vossa consciência. Nada façais entre os

estranhos, na rua, nos carros, em casa, que tenha a

menor aparência de mal. Fazei cada dia alguma

coisa para melhorar, embelezar e enobrecer a vida

que Cristo resgatou com Seu próprio sangue.

Agi sempre por princípio, nunca por impulso.

Temperai a impetuosidade da vossa natureza pela

doçura e bondade. Evitai toda a leviandade e

frivolidade. Que nenhum vil gracejo escape de

vossos lábios. Nem sequer aos pensamentos

permitais correr a rédeas soltas. Devem ser

dominados e conduzidos cativos à obediência de

Cristo. Que eles estejam ocupados em coisas

santas. Então, pela graça de Cristo, serão puros e

verdadeiros.

Necessitamos de ter um constante sentimento

do poder enobrecedor dos pensamentos puros. É

nos bons pensamentos que reside a única

segurança para cada alma. O homem, “como

imaginou na sua alma, assim é” (Provérbios 23:7). A

faculdade de se dominar desenvolve-se pelo

exercício. O que a princípio parecia difícil torna-se

fácil pela repetição constante, até que os retos

pensamentos e ações acabam por ser habituais. Se

quisermos, podemos afastar-nos de tudo o que é

baixo e inferior, e elevar-nos para uma alta norma;

podemos ser respeitados pelos homens e amados

por Deus.

Cultivai o hábito de falar bem do próximo.

Detende-vos sobre as boas qualidades daqueles

com quem estais associados, e olhai o menos

106- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

possível para seus erros e fraquezas. Quando sois

tentados a queixar-vos do que alguém disse ou fez,

louvai alguma coisa na vida ou caráter dessa

pessoa. Cultivai a gratidão. Louvai a Deus pelo Seu

admirável amor em dar a Cristo para morrer por nós.

Nada lucramos em pensar em nossas mágoas. Deus

convida-nos a meditar na Sua misericórdia e no Seu

amor incomparável, a fim de que sejamos inspirados

com o louvor.

Os trabalhadores ativos não têm tempo de se

ocupar com as faltas do próximo. As faltas e

fraquezas dos outros não fornecem alimento para a

vossa vida. A maledicência é uma dupla maldição,

que recai mais pesadamente sobre quem fala do

que sobre quem ouve. Quem espalha as sementes

da dissensão e discórdia colhe em sua própria alma

os frutos mortais. O próprio ato de olhar para o mal

nos outros desenvolve o mal em quem olha.

Detendo-nos sobre as faltas do próximo, somos

transformados na sua imagem. Mas contemplando

Jesus, falando do Seu amor e da perfeição de Seu

caráter, imprimimos em nós as Suas feições.

Contemplando o alto ideal que Ele colocou diante de

nós, subiremos a uma atmosfera santa e pura, que é

a própria presença de Deus. Quando aí

permanecemos, sairá de nós uma luz que irradia

sobre todos os que estiverem em contato conosco.

Em vez de criticar e condenar o próximo, dizei:

“Devo trabalhar para minha própria salvação. Se

coopero com Aquele que deseja salvar a minha

alma, devo vigiar-me cuidadosamente, afastar de

minha vida tudo o que é mau, vencer todo o defeito,

tornar-me nova criatura em Cristo. Por isso, em lugar

de enfraquecer os que lutam contra o mal, irei

107- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

fortalecê-los com palavras animadoras”. Somos

demasiado indiferentes para com os outros.

Esquecemos muitas vezes que nossos

companheiros de trabalho têm necessidade de força

e animação. Tende o cuidado de lhes assegurar

vosso interesse e simpatia. Ajudai-os pela oração e

fazei-os saber que orais por eles.

Todos os que professam ser filhos de Deus

deviam ter na mente que, como missionários, serão

postos em contato com todas as classes de

espíritos. Há os corteses e os rudes, os humildes e

os altivos, os religiosos e os céticos, os instruídos e

os ignorantes, os ricos e os pobres. Estes diferentes

espíritos não podem ser tratados da mesma

maneira; todos, porém, carecem de bondade e

simpatia. Pelo mútuo contato nosso espírito deve

tornar-se delicado e refinado. Dependemos uns dos

outros, e estamos intimamente unidos pelos laços da

fraternidade humana.

É pelas relações sociais que a religião cristã

entra em contato com o mundo. Cada homem ou

mulher que recebeu a iluminação divina deve

derramar luz na senda tenebrosa dos que não

conhecem o melhor caminho. A influência social,

santificada pelo Espírito de Cristo, deve desenvolverse

na condução de almas para o Salvador. Cristo

não deve ser escondido no coração como um

tesouro cobiçado, sagrado e doce, fruído

exclusivamente pelo possuidor. Devemos ter Cristo

em nós como uma fonte de água, que corre para a

vida eterna, refrescando a todos os que entram em

contato conosco.

108- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

“Encontraram-se a graça e a verdade,

a justiça e a paz se beijaram” (Salmos 85: 10).

__________________________________________

Contatos com o autor:

Edson Menegheze Bonetti

edson.bonetti@usb.org.br

109- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

INTRODUÇÃO

1

Ellen G. White faz menção a uma “mistura de gente” (egípcios que

acompanharam Israel na fuga) quando Israel saiu do Egito para Canaã, e as

responsabiliza por incitar a nação de Deus (Israel) a fazer motins e confusões

atrapalhando a liderança de Moisés. Veja: Ellen G. White, Patriarcas e

Profetas (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 315.

1. BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

1

Sobre filactérios cf. Mateus 23:5 e Ellen G. White, Desejado de Todas as

Nações (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1995), p. 612, 613.

2

Augusto Jorge Cury, O Mestre da Sensibilidade, vol. 2, Série: Análise da

Inteligência de Cristo (São Paulo: Academia de Inteligência, 2000), p. 56.

3

Ellen G. White, Fé e Obras (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 19.

4

____________.Testemunhos Para Ministros (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 2007), p. 456.

5

Russell Burrill, A Proclamação da Esperança (Editora Missões & Crescimento

de Igreja 2° edição, 2011), p. 230.

6

____________. Mensagens Escolhidas, vol. 2 (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 2007), p. 32, 33.

2. ANALISANDO ALGUNS QUESTIONAMENTOS

1

George R. Knight, Parousia, ano 7 – n°2 (Engenheiro Coelho: Unaspress,

2008), p. 20.

2

Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 3 (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 2007), pp. 313-315.

3

Manual da Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 29.

4

Guia Para Secretaria de Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p.

28.

5

Ellen G. White, Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1995), p. 656; grifos acrescidos.

6

____________. Orientação da Criança (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,

1995), p. 656; grifos acrescidos.

7

Russell Burrill, A Proclamação da Esperança (Editora Missões & Crescimento

de Igreja 2° edição, 2011), p. 232.

8

Ellen G. White, Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1995), p. 660, 661; grifos acrescidos.

9

____________. Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1995), p. 656; grifos acrescidos.

10

____________. Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1995), p. 656; grifos acrescidos.

11

Russel Burril, Discípulos Modernos (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,

2006), p. 37, 38.

12

Ellen G. White Serviço Cristão (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p.

63.

3. A ATITUDE DE JESUS, JOÃO BATISTA, PEDRO, FILIPE E PAULO

1

Manual da Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 43.

2

Ellen G. White, Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1995), p. 568.

110- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

3

____________. Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1995), p. 568.

4

____________. Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1995), p. 462.

5

Manual da Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 29, 30.

6

“Chegando a Éfeso, Paulo encontrou doze crentes que, como Apolo, tinham

sido discípulos de João Batista”. Veja: Ellen G. White, Atos dos Apóstolos

(Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1994), p. 282.

7

Ellen G. White, Atos dos Apóstolos (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1994),

p. 44.

8

____________. Atos dos Apóstolos (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,

1994), p. 122.

4. DEUS PERMITE JOIO NO MEIO DO TRIGO

1

Ellen G. White, Conselhos Para a Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,

2008), p. 263.

2

____________. Testemunhos Seletos, vol. II (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 2008), p. 247-249.

3

Jan Paulsen, Adventist World (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2009), abril,

p. 8.

4

Ellen G. White, Testemunhos para Ministros (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 2008), p. 45, 46.

5. O CONTEXTO TEOLÓGICO EM QUE SURGIU NOSSA IGREJA

1

C. Mervyn Maxwell, História do Adventismo (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1982), p. 115.

2

____________. História do Adventismo (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,

1982), p. 172.

3

Herbert E. Douglass, A Mensageira do Senhor (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 2001), p. 239.

4

Ellen G. White, Review and Herald, 11 de março de 1890.

5

Herbert E. Douglass trata essa questão em seu livro Mensageira do Senhor

(Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001), no capítulo 18, “Crises

Teológicas” p. 194.

6. OS NÚMEROS E O BATISMO

1

James A. Cress, Revista Ministério (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,

Mar/abr. 2008), p. 23.

2

Sikberto R. Marks, Revista Sinais dos Tempos (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, set. 2002), p. 5.

3

Parafraseado de Bob Briner, Os Métodos de Administração de Jesus (São

Paulo: Editora Mundo Cristão, 1997), p. 13.

4

Regulamentos Eclesiástico-Administrativos. Divisão Sul-Americana da

Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (2006), p. 46, 47.

7. A IGREJA NÃO VOTA BATISMO, VOTA ACEITAÇÃO DE MEMBRO

1

Manual da Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 35; grifos

acrescidos.

2

Guia Para Ministros (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1995), p. 197; grifos

acrescidos.

111- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

3

Declaração da Associação Ministerial da Divisão Sul-Americana na forma de

artigo na Revista do Ancião (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, abril-junho

2003), p. 33.

4

Quanto à igreja da Associação ou Missão, consulte o Manual da Igreja, p. 39,

40, 209, 211, 214.

5

Russel Burril, A Proclamação da Esperança (Unasp, UCB, DSA, 2011), p.

236, 237.

6

Ellen G. White, Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 1995), p. 738.

7

____________, Evangelismo (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p.

372-375; Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 2008),p. 285.

8

____________, (Sermons and Talks, vol. 1), p. 365.

9

Manual da Igreja. (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 42, 43; grifos

acrescidos.

10

Russel Burril, A Proclamação da Esperança (Unasp, UCB, DSA, 2011), p.

239.

CONCLUSÃO:

1

Ellen G. White, Como Conviver Com os Outros (Tatuí: Casa Publicadora

Brasileira, 2002).

Em nossos dias, parece ficar claro que aquilo que

seria motivo de festa (o batismo) na igreja de Cristo, tem

se tornado (em alguns casos) motivo de discórdia entre

conservadores e liberais. “Uma mistura de gente” tem

tirado o brilho dessa festa espiritual. Um clima pesado

tem surgido nos dias de batismo e, entre alegrias e

tristezas, as últimas parecem ter prevalecido.

O que está acontecendo? Qual é o problema?

Como resolver essa questão para acabar com as

diferenças teológicas e os pontos de vista divergentes?

Situações de batismos em que o batizando esteve

envolvido no passado, ou presente, em práticas como a

prostituição, o fumo, o alcoolismo, o ato de furtar,

inadimplência e outros, têm causado discórdia na igreja.

A conscientização e o ensino bíblico do que é o

batismo será um dos melhores caminhos para uma

possível solução entre conservadores e liberais.

Assim crendo, o autor propõe-se a escrever este

material na esperança de unificar ambas as ideias.

112- Edson Menegheze Bonetti


BATISMO: SAINDO DOS EXTREMOS, PROCURANDO O EQUILÍBRIO

Edson Menegheze Bonetti é casado com Lesley M.

Nanni Bonetti, com quem tem três filhos, Aislan, Kelber e

Layana. É formado em teologia pastoral e serve a

Organização Adventista do Sétimo Dia.

Autor dos livros:

-ORAÇÃO: Saindo do maçante para o prazeroso;

-DEPRESSÃO: Angústia, solidão, estresse... Uma visão

pastoral;

-DISCIPULADO: A força motriz da igreja que cresce.

113- Edson Menegheze Bonetti

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