02.04.2021 Views

TM 40 ANOS ESPECIAL

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ESPECIAL

TRIBUNADEMINAS

ANOS

história

de

A reportagem especial “Tribuna 40 anos - do impresso ao digital” inaugura as comemorações

de aniversário da Tribuna de Minas, fundada pelo empresário Juracy Neves. Até setembro,

mês em que circulou a primeira edição do jornal, em 1981, uma série de matérias, entrevistas

e minidocumentários vai trazer um pouco da história da Tribuna ao longo dos anos. A relação

com os leitores, a parceria com as marcas e as empresas locais, as grandes reportagens e

coberturas jornalísticas, além de muitas outras histórias, estão presentes nesses especiais.

Nesta edição, o leitor poderá conhecer uma pouco da trajetória do jornal, que começou

no papel, em preto e branco, e hoje também está presente na internet e nas mais

importantes redes sociais.

A Tribuna aproveita esse importante momento de sua história para reforçar seu

compromisso com a difusão de informação confiável, isenta e opinião qualificada, norteada

pelos princípios da democracia e da liberdade de expressão, buscando contribuir para a

cidadania e o desenvolvimento social e econômico de Juiz de Fora e da região.

PARCEIROS


ANOS

história

de

ESPECIAL

Do papel ao digital

HUMBERTO NICOLINE ARQUIVO TM

“Começamos a

trabalhar dois

meses antes

da fundação

do jornal. Junto

com todos nós,

um grupo bem

relevante de

estagiários da

UFJF também

foi convidado.

Eles fizeram

teste e seleção.

A redação era

formada por mais

de 60 pessoas”,

conta Renato

Dias, então

subeditor do

jornal

“Eu fui o primeiro

funcionário

que começou

a trabalhar na

Tribuna. Dia 6 de

julho, eu já estava

à disposição. A

Tribuna ainda

não existia, mas

eu ia na redação

todos os dias”,

conta Ronaldo

Dutra, então

editor de notícias

nacionais e

internacionais

“Um jornal novo nas ideias e objetivos.”

A manchete que estampava

a edição 00 da Tribuna de Minas

apresentava o que viria a ser um

dos principais porta-vozes de Juiz

de Fora e região. Completando 40

anos em 2021, jornal continua exercendo

sua missão de se reinventar e

apresentar diferentes propostas aos

seus leitores. Ao longo desta quatro

décadas, a Tribuna se expandiu das

páginas impressas para além delas.

No papel, ao longo dos anos, seu jornalismo

acompanhou o que tinha

de mais moderno no país, sempre

se adaptando às novas demandas

sociais e tecnológicas que surgiram.

Já na década de 1990, deu os primeiros

passos no mundo digital e, desde

então, ampliou seu alcance e está o

tempo todo presente com aqueles

que buscam informação de qualidade

sobre Juiz de Fora e região.

Quando a Tribuna foi inaugurada,

em 1º de setembro de 1981, o jornalismo

de Juiz de Fora era ditado pelos

veículos do antigo grupo Diários Associados

- Diário Mercantil e Diário

da Tarde . Era um época em que o

juiz-forano tinha preferência pelos

jornais do Rio de Janeiro. Antes do

lançamento, a Tribuna realizou uma

pesquisa em bancas da cidade, em

julho de 1981. A preferência era para

os jornais “O Globo” e o “Jornal

do Brasil”. Para se inserir neste mercado,

o médico e empresário Juracy

Neves - que já tinha adquirido um

ano antes o controle acionário da

Rádio Sociedade de Juiz de Fora, na

ocasião Super B-3 - movimentouse

em busca do melhor para o novo

jornal, desde montar uma equipe

comprometida até adquirir um maquinário

próprio e de alta eficiência

que daria vida às páginas impressas.

Nos primeiros passos para a fundação

da Tribuna, Juracy adquiriu a

Esdeva Empresa Gráfica para atender

as demandas do jornal. A ideia

também envolvia a busca por uma

sede. A compra da gráfica - que realizava

a impressão do jornal “Lar

Católico” - ocorreu a partir de uma

negociação com os padres da Congregação

do Verbo Divino. A nova

redação e a gráfica passaram a trabalhar

onde hoje se situa a Biblioteca

Esdeva (acrônimo de Verbo Divino).

Com o espaço, Juracy comprou

também a rotativa “Goss Community”,

de Chicago (EUA). O equipamento

era novidade na época, sendo

capaz de reproduzir 14 mil exemplares

por hora, tanto que uma das

promessas do jornal era nunca ter

menos de 16 páginas. Em 1983, com

o então encerramento das atividades

do Diário Mercantil e do Diário da

Tarde, um novo maquinário Goss foi

adquirido pela Tribuna.

Para a nova equipe do jornal, o

trabalho também se iniciou meses

antes da inauguração, em 1º de setembro

de 1981. Muitos profissionais

vieram, inclusive, dos Diários Associados.

Os jornalistas Ivanir Yazbeck,

Heloísio Furtado e José Carlos de

Lery foram os responsáveis por unir

os profissionais que viriam a atuar

na Tribuna.

“Começamos a trabalhar dois meses

antes da fundação do jornal. Junto

com todos nós, um grupo bem relevante

de estagiários da UFJF também

foi convidado. Eles fizeram teste e

seleção e foram trabalhar conosco. A

redação era formada por mais de 60

pessoas, entre diagramadores, fotógrafos,

estagiários, editores e repórteres”,

conta Renato Dias, que foi convidado

por Heloísio para trabalhar

como subeditor geral. “Foi uma época

interessante porque havia a proposta

de um jornal de novas ideias e

objetivos, como o slogan inicial, de revolucionar

realmente a imprensa de

Juiz de Fora, com a criação, inclusive,

do diário de cultura que não tínhamos

na época”, relembra.

Enquanto a equipe se estruturava,

e antes mesmo de ser lançado nas

bancas, os profissionais já trabalhavam

madrugadas adentro em busca

das histórias que viriam a pautar a

Tribuna de Minas. “Eu fui o primeiro

funcionário que começou a trabalhar

na Tribuna. Dia 6 de julho, eu já

estava à disposição. A Tribuna ainda

não existia, mas eu ia na redação todos

os dias”, conta Ronaldo Dutra,

então editor de notícias nacionais e

internacionais. “Ficava lá até a hora

que podia. Quando era meia-noite,

uma hora da manhã, me dispensavam

e eu ia embora. Nós editávamos

páginas experimentalmente. Finalizávamos

(o jornal), mas não imprimia.

O pessoal começou a ser contratado

até formar a equipe toda, e a

primeira edição da Tribuna saiu no

dia 1º de setembro de 1981.”

NAS BANCAS, o jornal Tribuna de

Minas desperta atenção de leitores

CAPA DA EDIÇÃO 00 da Tribuna

estampa os objetivos do jornal

ARQUIVO TM

NOVIDADE TECNOLÓGICA à época,

rotativa “Goss Community” tinha

capacidade para produzir 14 mil

exemplares por hora

SEGUE P11 >>>>

DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 10


ANOS

história

de

ESPECIAL

‘Dar voz ao povo da região:

ouvir, sentir e interpretar as suas

mais legítimas reivindicações’

Na solenidade de inauguração da Tribuna,

em 8 de setembro de 1981, Juracy

Neves já ressaltava o principal propósito

do novo jornal: “ (...) dar voz ao povo da

região: ouvir, sentir e interpretar as suas

mais legítimas reivindicações. Conscientizar

esse conjunto de comunidades de que

a união em torno dos mesmos, e maiores

objetivos, pode e deve dar resultados práticos

a curto prazo”. A fala do fundador

do jornal foi extraída do livro “O homem

da planície - vida, obra e ideias de Juracy

JURACY NEVES e o então governador Newton

Cardoso cortam a fita de inauguração da nova

sede do jornal em junho de 1988. Ao fundo, o

ex-prefeito Tarcísio Delgado

Neves”, escrito pelo editor-geral da Tribuna,

Paulo César Magella.

Antes mesmo da inauguração da Tribuna,

nos bastidores, a informação era

de que os Diários dos Associados deixariam

de funcionar, o que trazia uma

preocupação quanto ao futuro do jornalismo

na cidade. “O Juracy tinha muito

mais informação do que nós a respeito

dos planos dos Associados de fecharem

o jornal do interior. Tinha jornal dos Diários

Associados no Brasil inteiro, e eles

HUMBERTO NICOLINE

PAULO CÉSAR MAGELLA, atual editor geral do jornal,

com Eloísio Furtado, editor geral à epoca, e o

diretor-superintendente da Tribuna, Afonso Cruz

JORGE COURI E ROBERTO FULGÊNCIO

foram fechando um por um de todos os

jornais que eles consideravam deficitários”,

explica Ronaldo. “O ideal do Juracy

era que a cidade não ficasse sem jornal.

Juiz de Fora tinha, além dos Diários, mais

alguns jornais, como a Gazeta Comercial,

a Folha Mineira, a Folha da Tarde. Eram

outros jornais que circulavam também,

mas foram fechando aos poucos porque,

para justificar o nosso apelido de ‘carioca

do brejo’, o juiz-forano tinha muito mais

preferência em comprar jornais do Rio.”

HUMBERTO NICOLINE

PRIMEIRA

REDAÇÃO DA

TRIBUNA tinha

cerca de 60

profissionais,

entre

diagramadores,

fotógrafos,

estagiários,

editores e

repórteres

Quando os Diários Associados

encerraram as atividades, a

Tribuna então assumiu o papel

de porta-voz da comunidade.

Além disso, deu espaço para

muitos profissionais juiz-foranos

atuarem na própria cidade.

“O Juracy foi responsável

por, pelo menos, naquela época,

duas gerações de jornalistas

aqui na cidade. Foram pessoas

que se formaram aqui e não

precisaram sair porque tinha

um veículo de comunicação

que dava suporte a eles”, conta

Renato. “O jornal foi crescendo,

se dinamizando e se

adaptando a essa realidade e,

com isso, muitos profissionais

dos Associados ficaram como

jornalistas efetivos da Tribuna.

Graças a ideia do Juracy de

criar a Tribuna de Minas, nós

conseguimos criar uma nova

visão de jornalismo impresso

em Juiz de Fora: moderno,

bem atualizado, dinâmico e independente.”

Com os 40 anos do jornal

em 2021, muitos da primeira

equipe também completam

40 anos de profissão. Foram

profissionais que deram os

primeiros passos, cresceram

junto com a Tribuna e encontraram

novas paixões no jornalismo.

As primeiras equipes

mantinham pluralidades de

gerações, tanto de repórteres

de texto quanto fotográficos.

Neste último grupo, se enquadra

Humberto Nicoline, que

não só entrou logo após ter se

formado pela UFJF, como foi o

primeiro fotógrafo cuja graduação

era em Jornalismo.

“Naquela época, os fotógrafos

dos jornais não eram formados.

Eram todos autodidatas,

filhos de fotógrafos, entre

outros. Eu tinha uma noção de

fotografia e fiquei sabendo que

estavam precisando de fotógrafo,

e que as vagas para repórter

de texto estavam preenchidas.

Eu me aventurei, confesso que

com o objetivo de que, no futuro,

me tornasse repórter de

texto, mas aconteceu o efeito

contrário: eu me apaixonei pela

fotografia.”

Na época, era preciso revelar

o filme em uma câmara escura,

mergulhando o papel em

três banhos - revelador, interruptor

e fixador. Depois desse

processo, as cópias das fotos

eram colocadas em chapas de

alumínio para realizar a impressão

dos jornais impressos.

Por mais que o trabalho para

revelar as fotos era mais complexo

do que atualmente - onde

as câmeras digitais facilitam

o trabalho -, de acordo com

Humberto, a essência da fotografia

e a capacidade de transmitir

informações por meio de

uma imagem se mantém, independente

do meio utilizado.

“Existia na redação um ar de

cooperação, de nascimento de

um novo jornal e isso era um

combustível para todo mundo

ficar unido. Existia uma cooperação

de todos para aprender”,

diz Humberto. “Com o tempo,

fui trabalhando e senti que estava

fazendo história. Eu sentia

isso no meu coração.”

“ (...) dar voz ao

povo da região:

ouvir, sentir

e interpretar

as suas mais

legítimas

reivindicações.

Conscientizar

esse

conjunto de

comunidades

de que a união

em torno dos

mesmos,

e maiores

objetivos,

pode e deve

dar resultados

práticos a

curto prazo”,

defendeu o

fundador da

Tribuna,

Juracy Neves

SEGUE P12 >>>>

DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 11


ANOS

história

de

ESPECIAL

A História contada pela Tribuna

MARCIO ASSIS

“O Amir Haddad

pegou um

megafone para

falar. Eu estava

fotografando

ele de uma

certa distância,

até que um

oficial da PM à

paisana retirou

o megafone

da boca dele.

Eu fotografei

isso, e o oficial

me viu. Eu corri

e consegui

esconder o

filme, colocando

um filme novo

na máquina.

Quando desci

na Rua São

João, atrás do

Cine-Theatro

Central, me

sequestraram

e ficaram

duas horas

rodando comigo

querendo ver

o filme”, relata

o fotógrafo

Humberto

Nicoline

Logo no primeiro jornal, em

1º de setembro de 1981, a manchete

que estampava a capa da

Tribuna não era tão boa para os

amantes de esporte na cidade,

mas por outro lado, trazia esperança

para o setor econômico. O

sonho de contar com um Estádio

Regional estava próximo do

fim, mas a construção de uma

fábrica de bicicletas da Monark

no terreno que iria abrigá-lo

poderia trazer cinco mil empregos

diretos e investimentos na

ordem de US$ 30 milhões. Nenhum

dos dois projetos foram

levados adiante, mas desde então,

a Tribuna esteve com o juiz-forano

para levar, diariamente,

as principais informações da cidade

e região.

Durante esses 40 anos, o juizforano

acompanhou nas páginas

da Tribuna - e posteriormente,

também no site - coberturas de

política, cidade, cultura, esportes,

entre fatos que marcaram

a história de Juiz de Fora. Para

além disso, acompanhou a luta

dos brasileiros pela democracia e

continuou exercendo sua função

de reforçar a cidadania.

Quando o jornal foi lançado, o

Brasil ainda se encontrava durante

a ditadura cívico-militar Ainda

que esta já estivesse em sua fase

final, a Tribuna sentiu o peso da

restrição à liberdade de imprensa.

Logo na primeira semana de

circulação, o fotógrafo Humberto

Nicoline foi preso enquanto fazia

a cobertura de uma manifestação

de artistas. O grupo de teatro “Tá

na Rua”, liderado pelo diretor e

teatrólogo Amir Haddad, havia

sido impedido de se apresentar

no Calçadão da Rua Halfeld.

Contrariados, os artistas foram ao

local para comunicar ao povo sobre

a censura.

“O Amir Haddad pegou um

megafone para falar. Eu estava

fotografando ele de uma certa

distância, até que um oficial da

PM à paisana retirou o megafone

da boca dele. Eu fotografei isso, e

o oficial me viu. Eu corri e consegui

esconder o filme, colocando

um filme novo na máquina.

Quando desci na Rua São João,

atrás do Cine-Theatro Central,

me sequestraram e ficaram duas

horas rodando comigo querendo

ver o filme”, relata Humberto.

O fotógrafo da Tribuna foi levado

à delegacia em Santa Therezinha

após perceberem que o filme

que estava na máquina era virgem.

“(Na delegacia), me mandaram

tirar a roupa, até que falaram

para tirar a cueca. Na hora que

comecei a tirar, o filme caiu. Eu tinha

escondido na cueca.”

Após algumas horas, Nicoline

foi liberado, entretanto, o susto

afetou toda a redação. “Para você

ter ideia, a redação parou enquanto

não havia notícia minha. Na

hora que liguei dizendo que estava

na delegacia de Santa Therezinha,

aí o pessoal ficou aliviado”,

diz Humberto.

As fotos do “Tá na Rua” se perderam

por conta da censura, mas

a Tribuna ainda registrou grandes

momentos da luta pela democracia,

como o próprio movimento

das Diretas Já. Em 29 de fevereiro

de 1984, 30 mil juiz-foranos foram

à Praça da Estação para pedir as

eleições diretas para presidente. O

comício foi um dos maiores registrados

na cidade, contando com a

participação de políticos de todos

os partidos de oposição.

Pela Tribuna, o juiz-forano

ainda viu o desenrolar da construção

e a então inauguração do

Mergulhão em junho de 1982,

após 22 meses de obras. Acompanhou

momentos de tensão quando

foragidos da Penitenciária de

Contagem causaram 12 dias de

pânico em Juiz de Fora, com reféns

e ameaças à Polícia Militar.

Aguardou por três anos a chegada

da Mercedes-Benz na cidade,

em 1999 e, atualmente, observa

as discussões sobre a permanência

da fábrica. Entre 2007 e 2008,

acompanhou também a queda

do ex-prefeito Alberto Bejani, que

chegou a ser preso - juntamente

com outros 13 prefeitos de Minas

- na Operação Pasárgada da Polícia

Federal, que desmantelou esquema

de liberação irregular de

verbas do Fundo de Participação

dos Municípios (FPM). Foram casos

que levaram dias de cobertura

e estamparam diversas edições da

Tribuna, mas que mostraram o

compromisso de prestação de serviço

e isenção da notícia.

HUMBERTO NICOLINE

INAUGURADA

DURANTE A

DITADURA

cívico-militar,

a Tribuna

cobriu grandes

manifestações

pela

democracia,

como o

movimento

Diretas Já,

em 1984

EM JUNHO DE

1982, após

22 meses

de obras, o

prefeito Mello

reis inaugura

o Mergulhão,

na Avenida

Rio branco

MARCIO ASSIS

EM SETEMBRO DE 1981, o fotógrafo Humberto

Nicoline foi preso durante manifestação de artistas

contra a censura. Levado para a Delegacia de Santa

Therezinha, ele só foi liberado depois que os policiais

acharam o filme que ele havia escondido na cueca

SEGUE P13 >>>>

DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 12


ANOS

história

de

ESPECIAL

‘A era de ouro do impresso’

A década de 1990 foi uma das mais

importantes para a expansão dos jornais

impressos brasileiros. Estudiosos

apontam que foi o período com a

circulação mais alta de toda a história

do jornalismo no país. Alguns veículos

nacionais, como a Folha de S.

Paulo e O Globo, chegaram a rodar 1

milhão de exemplares diariamente.

Essa efervescência chegou às páginas

da Tribuna que, como prometido em

sua primeira edição de apresentação,

era um jornal de novas ideias.

“Depois do Plano Real, os jornais

impressos avançaram muito. O ‘Globo’

chegou a projetar uma planta

para imprimir um milhão de exemplares

por dia, e acho que a Tribuna

‘surfou bem essa onda’. Nós treinamos

três pessoas no curso de jornalismo

na Universidade de Navarra,

houve também um momento de fasciculação

e nós optamos por ter cadernos

próprios, onde surgiu o Museu

do Mariano Procópio, o Cozinha

de Minas e vários fascículos que produzimos

com conteúdo local”, conta

Marcos Neves, diretor comercial da

Tribuna na ocasião.

Os fascículos reuniam reportagens

especiais trazendo resgates históricos

e culturais de diferentes temas. O

primeiro deles foi sobre o acervo do

Museu Mariano Procópio. Um outro

especial trouxe 12 encartes, um a cada

semana, com o tema “Juiz de Fora

em 2 tempos”, abordando os diferentes

aspectos da cidade, como suas

origens, o processo de urbanização

e locais relevantes para sua história:

Parque e Rua Halfeld, Praça da Estação,

Praça Antônio Carlos, Rio Branco,

entre outros.

A “fasciculação” ainda resultou em

projetos especiais que ultrapassaram

os limites de Juiz de Fora. De Ibitipoca,

a cerca de 90 quilômetros da cidade,

às Cavernas de Peruaçu, a quase

mil quilômetros, que abrigam inscrições

rupestres de mais de 11 mil anos,

a série “Parques de Minas”, de 1996,

veio como um brinde aos leitores de

15 anos de Tribuna. Para a iniciativa,

a repórter Patrícia Zimmermann e os

fotógrafos Roberto Fulgêncio e Antônio

Olavo Cerezo percorreram 9.317

quilômetros de estrada por quatro

meses, do norte ao sul de Minas. Como

destacado pela primeira edição

do especial, publicada em outubro

de 1996, “a aventura consumiu 120 rolos

de filme fotográfico e rendeu um

verdadeiro tratado de mais de 3 mil

linhas, onde se busca desvendar os

mistérios da natureza nos principais

redutos ecológicos do estado”.

Pouco mais de um ano depois, o

especial inspirou a elaboração de

outro sobre as “Cidades de Minas”.

“Depois de desenhar o perfil ambiental

das Gerais, como ignorar suas

outras facetas igualmente belas e

importantes?”, dizia o editorial do

projeto de janeiro de 1998. Desta vez,

a reportagem da Tribuna esteve em

Ouro Preto, Mariana, São João del

Rei, Tiradentes, Diamantina, Serro,

Congonhas, Sabará, Caeté e Santa

Bárbara.

“A Tribuna produziu (fascículos)

sobre cidades históricas, imigrantes

de Juiz de Fora, diversos aspectos relacionados

à cidade e região. Esse foi

um trabalho muito legal por causa

do ineditismo e da ousadia”, relembra

Renato Dias, então editor da Tribuna

e coordenador do primeiro fascículo

sobre o Museu Mariano Procópio.

“A Tribuna produziu muitos

fascículos semanais, livros culturais e

históricos. Foi um dos jornais do interior

pioneiro

As primeiras cores

“COZINHAS DE MINAS” E

“IMIGRANTES 150 ANOS” foram

algumas das publicações especiais

produzidas pela Tribuna

ROBERTO FULGÊNCIO

NOVA

ROTATIVA

ampliou a

qualidade e

a velocidade

da impressão,

trazendo mais

recursos para

o uso de cores

“Depois do Plano

Real, os jornais

impressos

avançaram

muito. ‘O Globo’

chegou a

projetar uma

planta para

imprimir um

milhão de

exemplares por

dia, e acho que

a Tribuna ‘surfou

bem essa onda’.

(...) nós optamos

por ter cadernos

próprios, onde

surgiu o Museu

do Mariano

Procópio, o

Cozinha de

Minas e vários

fascículos que

produzimos

com conteúdo

local”, conta

Marcos Neves,

diretor comercial

da Tribuna na

ocasião

Quando os padres da Congregação do

Verbo Divino pediram de volta o imóvel

onde se localizava a Tribuna, em 1986, o

jornal iniciou as primeiras movimentações

para mudar para Rua Espírito Santo,

região central de Juiz de Fora, onde

atualmente funciona a Gráfica Esdeva. O

então Grupo Solar foi instalado no novo

espaço em 1988, quando o maquinário foi

novamente modernizado por uma rotativa

dupla News King e Color King. Apesar

do jornal ganhar cor em 1994, tornando-o

mais atraente aos leitores, as primeiras

“brincadeiras” com imagens coloridas começaram

dois anos antes.

“Nossa aventura começou em 92, na

pré-impressão. Foi um processo em que

se pegava uma foto que era impressa em

papel, então você produzia um filme e

com esse filme, você gravava uma matriz

de alumínio. A matriz de alumínio era

usada na News King”, explica Marcos

Neves. “Nós começamos a fazer uma foto

por dia, que era o possível fazer nessa

separação de cores manual. Alguém que

pegava essa foto, separava quatro cores

nela, manualmente. Era como refotografar

a foto, mas era um processo moroso,

que gastava de cinco a seis horas.”

As páginas coloridas que vieram em

1994 foram graças ao processo de informatização

da Tribuna. Os primeiros

scanners foram adquiridos, bem como

outros equipamentos mais modernos

que permitiram a impressão colorida.

Com o tempo, este processo foi se ampliando,

acompanhando as reformas gráficas

e editorias que o jornal passou ao

longo dos anos.

Em 2009, a Esdeva importou uma nova rotativa

da empresa americana Dauphin Graphic

Machines Inc. (DGM). O equipamento,

que seria exclusivo para impressão da Tribuna,

ampliou a qualidade e velocidade na

impressão, permitindo até oito páginas coloridas

em cadernos de 16 páginas. Isto representava

o dobro da capacidade de cor da rotativa

News King, até então em uso. “Adquirimos

a nova rotativa para acompanharmos

as grandes mudanças da tecnologia. Ela oferece

alto padrão de qualidade gráfica, com

mais cores e recursos de última geração”,

ressaltou na época o diretor-presidente do

Grupo Solar, Juracy Neves.

SEGUE P14 >>>>

DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 13


ANOS

história

de

ESPECIAL

Uma nova Tribuna

“Nós alteramos

a concepção

editorial,

mudamos a

hierarquização

das notícias

e passamos

a trabalhar

com mais

planejamento,

apostando em

manchetes

exclusivas

do jornal”,

conta Denise

Gonçalves,

então editora-

-executiva,

que coordenou

a mudança

editorial da

Tribuna

Com páginas coloridas e diversos

projetos pioneiros entre os jornais

do interior, a Tribuna também deu

um grande passo em sua história

na década de 1990. A fim de mudar

o conceito do jornal e retomar

as propostas de reportagens especiais

e investigativas do editor-geral,

Eloísio Furtado de Mendonça, que

faleceu em 1995, a Tribuna buscou

uma renovação que ocorreu desde

o desenho gráfico do jornal à linha

editorial.

“Quando digo que talvez tenha

sido a época de ouro da Tribuna é

porque foi um momento que a Tribuna

virou adulta. Ela deixou de

ser o jornal do Juracy e começou a

ser o jornal Tribuna de Minas”, diz

Marcos Neves. “Acho que para a

Tribuna, como instituição, esse foi

o grande rito de passagem de ser

expressão como veículo.”

Filho de Juracy e diretor comercial

e superintendente da Tribuna

à época, Marcos explica que a mudança

veio a partir de um curso da

Universidade de Navarra, no Campus

da cidade de São Paulo, quando

três jornalistas trouxeram novas

visões a partir do que observaram,

também, em outros veículos nacionais.

“Nós já tínhamos tecnologia,

já tínhamos cores, então elas fizeram

esse curso porque queríamos

fazer uma mudança de conceito.”

A jornalista Denise Gonçalves,

que assumiu o cargo de editora-executiva

em 1997, foi uma das

profissionais capacitadas pelo curso.

A partir das propostas, o jornal

ganhou nova identidade, novo desenho

e novo perfil. “Nós alteramos

a concepção editorial, mudamos

a hierarquização das notícias

e passamos a trabalhar com mais

planejamento, apostando em manchetes

exclusivas do jornal”, conta

Denise.

Na edição anterior à mudança, de

10 de dezembro de 1997, a Tribuna

apresentava sua nova fase. O jornal

era “novo como o mundo que você

quer”. A concepção gráfica era

moderna e buscava um tratamento

dinâmico às notícias. As capas dos

cadernos mudaram, com mais cores

e logotipos maiores, bem como

no caso das editorias, a fim de facilitar

o fluxo de leitura. O projeto

foi elaborado pelo designer gráfico

Luiz Adolfo Lino de Souza, professor

de Planejamento Gráfico na

PUC-RS e responsável pela reforma

gráfica de jornais como a “Zero

Hora”, de Porto Alegre. Luiz Adolfo

veio a ser também o responsável

pelo projeto gráfico desenvolvido

posteriormente em 2009, quando

o jornal adquiriu a nova rotativa e

teve a possibilidade de incluir mais

páginas com cores.

Pela parte editorial, a proposta

era de um “jornalismo cidadão”,

com maior fiscalização das políticas

públicas e a necessidade de

estabelecer um diálogo com os

leitores, retratando-os nas páginas

do jornal. Com isso, as pautas

relacionadas à cidade foram cada

vez mais valorizadas, sendo que

os repórteres da Tribuna também

passaram a ter um papel ativo nas

sugestões de matérias.

EM 1997, as páginas do jornal passaram por uma reformulação gráfica, de

concepção mais moderna e atraente. As capas dos cadernos mudaram,

ganharam mais cores e logotipos maiores. Acima, as capas da Tribuna antes e

depois da mudança

Maior integração com leitores

Na primeira edição da reforma

editorial, publicada em 14 de dezembro

de 1997, a capa trazia a

manchete “Partidos vivem esvaziamento”,

com discussões de como os

partidos políticos de Juiz de Fora só

se reuniam e procuravam mobilizar

a militância nos meses anteriores às

eleições. A reportagem exemplifica

o quanto a reforma também modificou

as editorias, especialmente a de

política.

“A reforma editorial foi muito marcante

na área de política, porque nós

mudamos a forma de cobertura das

eleições. Acredito que foi a ‘cereja do

bolo’ da reforma. Até então, nós cobríamos

a agenda dos políticos”, explica

Denise. “Com a reforma, veio o

‘Voto e Cidadania’, que inverteu essa

lógica. Nós passamos a pautar os políticos,

questionar o que queríamos

saber a partir de pesquisas. Fizemos

levantamentos junto à população para

saber o que ela queria e o que esperava

do novo prefeito, bem como

quais eram as questões relevantes na

cidade.”

A maior integração com os leitores

sempre foi perseguida pela Tribuna.

Uma nova etapa da reforma

do jornal, em 2001, priorizou as

reportagens exclusivas e grandes

coberturas, e convidou o leitor a se

integrar, a partir da criação de um

canal direto de contato para perguntas,

sugestões ou desabafos. A

partir de 15 de julho daquele ano,

a Tribuna se tornou um jornal

mais interativo, dinâmico e completo.

“A prioridade pelo noticiário

local - agora de acordo com

a importância das matérias - foi

uma opção lógica de um jornal

que também vem mudando no

curso de sua história. O leitor ficará

mais perto das notícias e terá

espaço para maior interatividade

com a redação, outra exigência do

mercado. Os veículos de comunicação,

além de revelar o dia-a-dia

de uma cidade, precisam se abrir

para os seus leitores”, destacou o

editorial daquela data.

“A proposta era trazer o leitor para

o centro da discussão. Ouvi-lo.

Saber como ele poderia contribuir

para o jornal, que pauta poderia

sugerir que nós”, explica Denise

Gonçalves. “Essa mudança de foco

na cobertura jornalística contribuiu

para consolidar a Tribuna com um

grande veículo.”

SEGUE P15 >>>>

DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 14


Do estático ao interativo

ANOS

história

de

ESPECIAL

A informatização da Tribuna em 1994,

quando o jornal passou a imprimir as primeiras

páginas coloridas, também abriu

portas para a entrada do veículo no meio

digital. Começou com a introdução de,

pelo menos, cinco computadores - os antigos

Gepetos. Eles seriam usados para a

diagramação do jornal, mas os jornalistas,

especialmente os mais novos, gostaram de

utilizar as novas máquinas para digitar.

Com o tempo, novos computadores com

recursos melhores foram sendo incluídos

na rotina do jornal.

“Tinha aquela coisa legal na redação do

barulho da máquina, ainda mais no final

da tarde, quando estava todo mundo lá.

Parecia que tinha uma metralhadora na

redação, e um som como se fosse uma orquestra,

da digitação e do papel da máquina.

Era algo meio romântico para todos

nós”, conta Renato Dias, antigo editor da

Tribuna. “Só sei que, de repente, aqueles

aparelhos estranhos começaram a aparecer

na redação, em uma mesa, depois em

outras mesas, até que toda a redação foi

composta de computadores, já efetivando

a modernidade do jornal.”

O que era manual passou a ser digital.

Anteriormente aos computadores, os repórteres

faziam suas reportagens pela máquina

de escrever. Em seguida, os editores

realizavam seu trabalho para a matéria

passar por um outro processo de digitação

na gráfica, único local que até então contava

com informatização. Com os computadores

nas redações, esse modelo de trabalho

se tornou mais eficiente.

Logo em seguida, a Tribuna resolveu

marcar presença também na internet, no

final da década de 1990, mas os conteúdos

ainda eram limitados. Uma das primeiras

publicações foi o fascículo sobre o Museu

Mariano Procópio. O “Juiz de Fora em 2

tempos” também foi disponibilizado no

site. O conteúdo era estático, com a navegação

a partir de poucos hiperlinks que

levavam a páginas que não poderiam ser

atualizadas.

Entre os anos de 1997 e 1998, todo o conteúdo

do jornal passou a ser publicado no

site, mas ainda nesse modelo. A reforma

editorial daquela época contribuiu também

para essa mudança. Na edição de 14

de dezembro de 1997, o endereço on-line

da Tribuna apareceu pela primeira vez na

capa do jornal. “A ideia inicial era ter mais

uma maneira de disponibilizar o material,

porque, na época, os debates eram sobre

a necessidade de o jornal expandir do impresso”,

conta Carlos Pernisa Júnior, que

foi um dos primeiros jornalistas a assumir

o cargo de editor de internet.

A maneira que as notícias eram publicadas

na internet eram muito diferentes

das facilidades de hoje em dia. A edição

era disponibilizada, geralmente, à meianoite,

e poderia ser visualizada no site

durante uma semana. Se algo fosse publicado

equivocadamente, a página deveria

ser carregada por inteira novamente, visto

que não era possível realizar edições.

O tempo para upload dos conteúdos

também era demorado. O cabo de conexão

era ligado a um modem e, mesmo

após a troca do fio, que passou a ligar o

computador diretamente com a internet,

havia alguns empecilhos. Nesta época, a

redação da Tribuna se já se localizava na

Rua Espírito Santo, juntamente com a Esdeva,

e o local, próximo à linha do trem,

Suporte do futuro

influenciava em fatos curiosos quanto aos

primórdios do jornal na internet.

“Eu lembro que esse cabo passava por

baixo da linha do trem. Quando o trem seguia

pelo local, esse cabo dava uma alteração

e, às vezes, eu não conseguia mandar

as coisas porque tinha uma interferência.

Eu tinha que mandar e torcer para não

passar nenhum trem naquele momento”,

brinca Pernisa. “Se desse interferência, eu

tinha que enviar tudo de novo. Eram arquivos

que nós mandávamos um por um,

por FTP, que é protocolo de transferência

de arquivo”.

Mesmo com as limitações tecnológicas

da época, a Tribuna chegou aos seus leitores

juiz-foranos que, por algum motivo,

não estavam na cidade. Nos primeiros

passos do jornal no ambiente digital, torcedores

do Tupi ou pessoas que acompanhavam

o César Romero, por exemplo,

contatavam a Tribuna para informar que,

graças ao site, estavam acompanhando as

notícias da cidade.

“Eu fiz uma pesquisa no Brasil e me

lembro que, dos maiores jornais e jornais

de capitais, praticamente todos tinham

a versão on-line em 96 e 97, mas

a Tribuna foi um dos primeiros jornais

de interior a ter essa versão na internet,

até porque, de 95 para 96 é que se começa

a ter site comercial no Brasil”, explica

Carlos Pernisa que, atualmente, é professor

e pesquisador da Universidade

Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Antes

disso, não havia internet, então era ainda

novidade. O que tinha de internet

era em universidades, em centros de

pesquisa, mas não era algo divulgado,

pelo menos no Brasil.”

“Fiz uma

pesquisa no

Brasil e me

lembro que,

dos maiores

jornais e jornais

de capitais,

praticamente

todos tinham a

versão on-line

em 96 e 97, mas

a Tribuna foi um

dos primeiros

jornais de interior

a ter essa versão

na internet”,

conta Carlos

Pernissa Júnior,

primeiro editor

de internet da

Tribuna

Ao longo dos anos 2000, a Tribuna seguiu

as modificações e tendências do

mercado jornalístico, com novos modelos

de visualizações do site cada vez mais

modernos e atendendo às demandas dos

leitores. A interface foi se adaptando, trazendo

as informações de maneira mais

facilitada. Mas era preciso ir além da disponibilização

das páginas do impresso

diariamente. O desenvolvimento da internet,

com ampliação da velocidade, fez

com que o jornal, também, se tornasse

mais ágil. Em abril de 2011, os impressos

da Tribuna informavam sobre o novo site:

“moderno, com muito mais conteúdo,

dinâmico, interativo e em tempo real, para

que você esteja sempre ligado em tudo

que se passa em Juiz de Fora e região”.

“Naquele momento, os jornais já estavam

muito presentes na internet, nesse

esquema de postar em tempo real. Esse

mercado estava aberto e bem consolidado.

Já dava para perceber que isso não

teria volta”, conta Gabriela Gervason, que

assumiu o cargo de editora de internet

com o novo formato de atualização em

tempo real. “Naquele momento, nós percebemos

que precisávamos começar a nos

preparar porque esse suporte é o futuro.”

Uma nova equipe se formou para iniciar

o projeto. Além de trabalhar nas pautas

dos momentos, os jornalistas de internet

procuraram se aprimorar e aprender

a lidar com as novas ferramentas. Não só

a forma de trabalhar era nova, como os

próprios leitores eram diferentes do que

os do jornal impresso. Era preciso conhecê-los

e entender o que buscavam.

“Foi um aprendizado nosso de muito

tempo, juntamente com o leitor, porque

nesse processo, tivemos eles como parceiros.

Eles se adequaram à mudança da Tribuna,

e nós tentamos acertar ao máximo

para continuar atendendo os leitores nessa

nova demanda que era via site”, explica

Gabriela. Mesmo os leitores do impresso

passaram a acompanhar também o novo

site. “A medida que nós fomos acertando

a questão técnica e facilitando o acesso

à informação no site, os leitores foram

acompanhando cada vez mais. E quando

tinha um acontecimento de cobertura

CAPAS DO

SITE DA

TRIBUNA

nos anos

de 2003 e

2006

que tinha um apelo maior, nós víamos

que, realmente, estávamos sendo referência.”

Um desses casos foi o da explosão de

um paiol da Indústria de Material Bélico

do Brasil (Imbel), no Bairro Araújo, Zona

Norte, na noite de 16 de agosto de 2016.

Mais de 160 famílias registraram prejuízos

com a ocorrência, que levou pânico

aos moradores da região. Como relembrado

por Gabriela, o número de acessos

no site da Tribuna foi relevante e, além

disso, a própria população contribui com

a construção das reportagens, enviando

fotos, vídeos e depoimentos sobre o

ocorrido, o que exemplifica, também, o

quanto a proximidade com o leitor foi

intensificada ainda mais pela internet. “A

Tribuna foi procurada como referência

para saber o que realmente estava acontecendo

e qual o desfecho e andamento

daquilo tudo, que tinha sido um grande

acidente. Aconteceu de noite, então começamos

com a apuração naquele mesmo

momento e seguiu por alguns dias de

cobertura”.

“No site, era

um ritmo

completamente

diferente. Você

chegava da rua

ou acabava

a apuração e

já tinha que

escrever e

atualizar aquela

informação,

então mudou

drasticamente

a rotina do

repórter”,

destaca

Guilherme Arêas,

um dos primeiros

repórteres a

integrar a equipe

do on-line do

jornal

SEGUE P16 >>>>

DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 15


Novo perfil profissional

ANOS

história

de

ESPECIAL

“O desafio

hoje, não só da

Tribuna, mas

das grandes

empresas de

mídia é você

adequar a

sua redação

para uma nova

realidade. Os

leitores talvez

não saibam

o que está

por trás, mas

temos um

servidor para

alcançar todo

esse acesso

de site - que é

muito grande -,

tem servidor de

imagem, temos

programadores,

temos técnico

de servidor

para cuidar da

estrutura, para

que possamos

ter um pico de

acesso e o site

se mantenha”

explica o editor

de internet

da Tribuna,

Eduardo Valente

Quando o site da Tribuna passou a trazer

atualização em tempo real, a redação

contava com equipes distintas, sendo parte

para o on-line e parte para o impresso.

Com o tempo, os jornalistas foram se

adaptando e percebendo que o mercado

exigia profissionais versáteis. A própria

rotina de trabalho se modificou com a

integração da internet cada vez mais presente.

“No site, era um ritmo completamente

diferente. Você chegava da rua ou acabava

a apuração e já tinha que escrever e

atualizar aquela informação, então mudou

drasticamente a rotina do repórter”,

conta Guilherme Arêas, um dos primeiros

repórteres do jornal impresso que passou

a integrar a equipe do on-line. “Não era

mais como antes, quando tinha só o impresso,

e a matéria chegava pronta para

o leitor no dia seguinte na banca. Depois

que passamos a implementar o site com

atualização em tempo real, o leitor acompanhava

a matéria sendo construída ao

longo dia.”

A mudança no processo do “fazer jornalismo”

mudou o profissional em si. O

repórter começou a pensar em diferentes

conteúdos, desde o texto e fotos, a vídeos

e outras ferramentas digitais que poderiam

agregar valor à reportagem on-line.

“Antes, o repórter saía para rua com bloquinho

e caneta, acompanhado de um

fotógrafo que fazia as fotos estáticas. Depois,

o repórter começou a sair com o próprio

celular, a fazer a própria foto, a fazer

seu próprio vídeo, então começou a exercer

o que a gente chama de jornalismo

multiplataforma”, explica Guilherme.

Os vídeos, por exemplo, foram ganhando

cada vez mais espaço no trabalho da

Tribuna. Uma das primeiras reportagens

em vídeo de destaque foi sobre a cobertura

do processo de pacificação dos complexos

do Alemão e da Penha no Rio de

Janeiro, em dezembro de 2011. Durante

cerca de 24 horas, Guilherme Arêas, juntamente

com a repórter Sandra Zanella

e o fotógrafo Leonardo Costa, acompanhou

a tropa comandada pela 4ª Brigada

de Infantaria Motorizada de Juiz de Fora.

A equipe visitou espaços como a antiga

residência de um traficante e a Serra da

Misericórdia, caminho usado como rota

de fuga por bandidos da Vila Cruzeiro na

ocupação dos complexos em 2010.

“Foi um processo de tentar capturar como

aquela comunidade estava vivendo

depois do processo de pacificação, então

nós pegamos depoimento de moradores.

O tráfico havia sido expulso a pouquíssimo

tempo, e alguns ainda estavam com

medo de gravar. Mas o nosso objetivo

eram dois: primeiro mostrar como a comunidade

estava depois do processo de

pacificação; e o segundo era mostrar como

os militares de Juiz de Fora estavam

encarando aquilo, porque é um complexo

de favelas enormes e violento. A criação

das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora)

e a expulsão do tráfico do Rio foi um

momento bastante comentado na época”,

relembra Guilherme.

Em 2019, a Tribuna investiu ainda mais

no jornalismo multiplataforma e na integração

entre os veículos impresso e

digital. A iniciativa trouxe novos cadernos

especiais, com textos mais analíticos

e aprofundados, além de contarem com

uma interface gráfica diferenciada tanto

no jornal impresso como no formato digital.

A redação ganhou também o Departamento

de Imagens, responsável por

abastecer a TMTV - canal da Tribuna no

YouTube -, com programas dos mais diversos

conteúdos e reportagens em vídeo

diferenciadas.

12 milhões de visualizações

Estando em diferentes canais no meio digital

- Twitter, Instagram e Facebook -, o novo

objetivo tornou-se descobrir a melhor maneira

de trabalhar com cada um deles. Mesmo com

alcance elevado, ainda é possível chegar a mais

leitores e ampliar o acesso à informação. “O desafio

hoje, não só da Tribuna, mas das grandes

empresas de mídia, é você adequar a sua redação

para uma nova realidade. Os leitores talvez

não saibam o que está por trás, mas temos um

servidor para alcançar todo esse acesso de site -

que é muito grande -, tem servidor de imagem,

temos programadores para o site, temos técnico

de servidor para cuidar da estrutura, para que

possamos ter um pico de acesso e o site se mantenha”

explica o editor de internet da Tribuna,

Eduardo Valente.

Em um primeiro momento, o trabalho buscou

traçar o público dessas mídias, não só do site da

Tribuna, mas de cada rede social em que o jornal

está presente. Com essa identificação, tornou-se

possível dirigir aos diferentes usuários

da melhor forma, abrindo cada vez mais espaço

para que esses também possam manter um

maior contato com a redação. Além de desenvolver

ainda mais a interação pelas redes sociais,

a Tribuna também conta com dois canais no

WhatsApp, sendo um para conversar com os leitores

e receber sugestões, e outro para deixá-los

informados sobre os principais acontecimentos

do dia.

Todo este processo vem modificando o modo

de trabalho da redação, de forma que os leitores

têm atuado lado a lado com os repórteres na fiscalização

dos problemas de Juiz de Fora e região.

Além disso, a busca por informação de qualidade

tem ganhado relevância também: atualmente,

a Tribuna recebe, em média, 12 milhões de

visualizações de páginas no site por mês.

“As pautas eram muito discutidas internamente

entre os editores e os repórteres, e essas

pautas viravam os assuntos que eram abordados

no jornal. Hoje, nós somos muito mais ‘de

fora para dentro’. Isso tem um peso a mais em

razão das redes sociais e do uso das tecnologias,

mas nós recebemos muita demanda, sugestão

de pauta dos nossos leitores, e tentamos

atendê-los e construir o jornal dentro daquilo

que identificamos como relevante e o que está

sendo pedido com frequência”, explica Eduardo

Valente.

FERNANDO PRIAMO

FERNANDO PRIAMO

PRESENTE

EM DIFEREN-

TES canais

do meio

digital, a

Tribuna tem

hoje como

desafio

descobrir

a melhor

maneira de

chegar ao

leitor em

cada um

deles. Para

isso, acompanha

em

tempo real as

estatísticas

de acesso às

notíciais

DO

BLOQUINHO

E CANETA

aos celulares

e câmeras, a

reportagem

ganhou

movimento

com a

produção

cada vez

maior de

vídeos

>>>>

EXPEDIENTE

ANOS

história

Juracy Neves: Fundador | Márcia Neves e Suzana Neves: Diretoria Geral e Comercial | Marcos Neves: Diretoria de Edição

de

Paulo Cesar Magella: Editor Geral

Luciane Faquini: Editora Executiva de Integração

Leticya Bernadete: Reportagem

Fernando Priamo: Fotos e edição de fotografia

Lena Sperandio: Projeto gráfico e diagramação

Luciane Faquini: Coordenação geral e edição

DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!