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ESPECIAL
TRIBUNADEMINAS
ANOS
história
de
A reportagem especial “Tribuna 40 anos - do impresso ao digital” inaugura as comemorações
de aniversário da Tribuna de Minas, fundada pelo empresário Juracy Neves. Até setembro,
mês em que circulou a primeira edição do jornal, em 1981, uma série de matérias, entrevistas
e minidocumentários vai trazer um pouco da história da Tribuna ao longo dos anos. A relação
com os leitores, a parceria com as marcas e as empresas locais, as grandes reportagens e
coberturas jornalísticas, além de muitas outras histórias, estão presentes nesses especiais.
Nesta edição, o leitor poderá conhecer uma pouco da trajetória do jornal, que começou
no papel, em preto e branco, e hoje também está presente na internet e nas mais
importantes redes sociais.
A Tribuna aproveita esse importante momento de sua história para reforçar seu
compromisso com a difusão de informação confiável, isenta e opinião qualificada, norteada
pelos princípios da democracia e da liberdade de expressão, buscando contribuir para a
cidadania e o desenvolvimento social e econômico de Juiz de Fora e da região.
PARCEIROS
ANOS
história
de
ESPECIAL
Do papel ao digital
HUMBERTO NICOLINE ARQUIVO TM
“Começamos a
trabalhar dois
meses antes
da fundação
do jornal. Junto
com todos nós,
um grupo bem
relevante de
estagiários da
UFJF também
foi convidado.
Eles fizeram
teste e seleção.
A redação era
formada por mais
de 60 pessoas”,
conta Renato
Dias, então
subeditor do
jornal
“Eu fui o primeiro
funcionário
que começou
a trabalhar na
Tribuna. Dia 6 de
julho, eu já estava
à disposição. A
Tribuna ainda
não existia, mas
eu ia na redação
todos os dias”,
conta Ronaldo
Dutra, então
editor de notícias
nacionais e
internacionais
“Um jornal novo nas ideias e objetivos.”
A manchete que estampava
a edição 00 da Tribuna de Minas
apresentava o que viria a ser um
dos principais porta-vozes de Juiz
de Fora e região. Completando 40
anos em 2021, jornal continua exercendo
sua missão de se reinventar e
apresentar diferentes propostas aos
seus leitores. Ao longo desta quatro
décadas, a Tribuna se expandiu das
páginas impressas para além delas.
No papel, ao longo dos anos, seu jornalismo
acompanhou o que tinha
de mais moderno no país, sempre
se adaptando às novas demandas
sociais e tecnológicas que surgiram.
Já na década de 1990, deu os primeiros
passos no mundo digital e, desde
então, ampliou seu alcance e está o
tempo todo presente com aqueles
que buscam informação de qualidade
sobre Juiz de Fora e região.
Quando a Tribuna foi inaugurada,
em 1º de setembro de 1981, o jornalismo
de Juiz de Fora era ditado pelos
veículos do antigo grupo Diários Associados
- Diário Mercantil e Diário
da Tarde . Era um época em que o
juiz-forano tinha preferência pelos
jornais do Rio de Janeiro. Antes do
lançamento, a Tribuna realizou uma
pesquisa em bancas da cidade, em
julho de 1981. A preferência era para
os jornais “O Globo” e o “Jornal
do Brasil”. Para se inserir neste mercado,
o médico e empresário Juracy
Neves - que já tinha adquirido um
ano antes o controle acionário da
Rádio Sociedade de Juiz de Fora, na
ocasião Super B-3 - movimentouse
em busca do melhor para o novo
jornal, desde montar uma equipe
comprometida até adquirir um maquinário
próprio e de alta eficiência
que daria vida às páginas impressas.
Nos primeiros passos para a fundação
da Tribuna, Juracy adquiriu a
Esdeva Empresa Gráfica para atender
as demandas do jornal. A ideia
também envolvia a busca por uma
sede. A compra da gráfica - que realizava
a impressão do jornal “Lar
Católico” - ocorreu a partir de uma
negociação com os padres da Congregação
do Verbo Divino. A nova
redação e a gráfica passaram a trabalhar
onde hoje se situa a Biblioteca
Esdeva (acrônimo de Verbo Divino).
Com o espaço, Juracy comprou
também a rotativa “Goss Community”,
de Chicago (EUA). O equipamento
era novidade na época, sendo
capaz de reproduzir 14 mil exemplares
por hora, tanto que uma das
promessas do jornal era nunca ter
menos de 16 páginas. Em 1983, com
o então encerramento das atividades
do Diário Mercantil e do Diário da
Tarde, um novo maquinário Goss foi
adquirido pela Tribuna.
Para a nova equipe do jornal, o
trabalho também se iniciou meses
antes da inauguração, em 1º de setembro
de 1981. Muitos profissionais
vieram, inclusive, dos Diários Associados.
Os jornalistas Ivanir Yazbeck,
Heloísio Furtado e José Carlos de
Lery foram os responsáveis por unir
os profissionais que viriam a atuar
na Tribuna.
“Começamos a trabalhar dois meses
antes da fundação do jornal. Junto
com todos nós, um grupo bem relevante
de estagiários da UFJF também
foi convidado. Eles fizeram teste e
seleção e foram trabalhar conosco. A
redação era formada por mais de 60
pessoas, entre diagramadores, fotógrafos,
estagiários, editores e repórteres”,
conta Renato Dias, que foi convidado
por Heloísio para trabalhar
como subeditor geral. “Foi uma época
interessante porque havia a proposta
de um jornal de novas ideias e
objetivos, como o slogan inicial, de revolucionar
realmente a imprensa de
Juiz de Fora, com a criação, inclusive,
do diário de cultura que não tínhamos
na época”, relembra.
Enquanto a equipe se estruturava,
e antes mesmo de ser lançado nas
bancas, os profissionais já trabalhavam
madrugadas adentro em busca
das histórias que viriam a pautar a
Tribuna de Minas. “Eu fui o primeiro
funcionário que começou a trabalhar
na Tribuna. Dia 6 de julho, eu já
estava à disposição. A Tribuna ainda
não existia, mas eu ia na redação todos
os dias”, conta Ronaldo Dutra,
então editor de notícias nacionais e
internacionais. “Ficava lá até a hora
que podia. Quando era meia-noite,
uma hora da manhã, me dispensavam
e eu ia embora. Nós editávamos
páginas experimentalmente. Finalizávamos
(o jornal), mas não imprimia.
O pessoal começou a ser contratado
até formar a equipe toda, e a
primeira edição da Tribuna saiu no
dia 1º de setembro de 1981.”
NAS BANCAS, o jornal Tribuna de
Minas desperta atenção de leitores
CAPA DA EDIÇÃO 00 da Tribuna
estampa os objetivos do jornal
ARQUIVO TM
NOVIDADE TECNOLÓGICA à época,
rotativa “Goss Community” tinha
capacidade para produzir 14 mil
exemplares por hora
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DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 10
ANOS
história
de
ESPECIAL
‘Dar voz ao povo da região:
ouvir, sentir e interpretar as suas
mais legítimas reivindicações’
Na solenidade de inauguração da Tribuna,
em 8 de setembro de 1981, Juracy
Neves já ressaltava o principal propósito
do novo jornal: “ (...) dar voz ao povo da
região: ouvir, sentir e interpretar as suas
mais legítimas reivindicações. Conscientizar
esse conjunto de comunidades de que
a união em torno dos mesmos, e maiores
objetivos, pode e deve dar resultados práticos
a curto prazo”. A fala do fundador
do jornal foi extraída do livro “O homem
da planície - vida, obra e ideias de Juracy
JURACY NEVES e o então governador Newton
Cardoso cortam a fita de inauguração da nova
sede do jornal em junho de 1988. Ao fundo, o
ex-prefeito Tarcísio Delgado
Neves”, escrito pelo editor-geral da Tribuna,
Paulo César Magella.
Antes mesmo da inauguração da Tribuna,
nos bastidores, a informação era
de que os Diários dos Associados deixariam
de funcionar, o que trazia uma
preocupação quanto ao futuro do jornalismo
na cidade. “O Juracy tinha muito
mais informação do que nós a respeito
dos planos dos Associados de fecharem
o jornal do interior. Tinha jornal dos Diários
Associados no Brasil inteiro, e eles
HUMBERTO NICOLINE
PAULO CÉSAR MAGELLA, atual editor geral do jornal,
com Eloísio Furtado, editor geral à epoca, e o
diretor-superintendente da Tribuna, Afonso Cruz
JORGE COURI E ROBERTO FULGÊNCIO
foram fechando um por um de todos os
jornais que eles consideravam deficitários”,
explica Ronaldo. “O ideal do Juracy
era que a cidade não ficasse sem jornal.
Juiz de Fora tinha, além dos Diários, mais
alguns jornais, como a Gazeta Comercial,
a Folha Mineira, a Folha da Tarde. Eram
outros jornais que circulavam também,
mas foram fechando aos poucos porque,
para justificar o nosso apelido de ‘carioca
do brejo’, o juiz-forano tinha muito mais
preferência em comprar jornais do Rio.”
HUMBERTO NICOLINE
PRIMEIRA
REDAÇÃO DA
TRIBUNA tinha
cerca de 60
profissionais,
entre
diagramadores,
fotógrafos,
estagiários,
editores e
repórteres
Quando os Diários Associados
encerraram as atividades, a
Tribuna então assumiu o papel
de porta-voz da comunidade.
Além disso, deu espaço para
muitos profissionais juiz-foranos
atuarem na própria cidade.
“O Juracy foi responsável
por, pelo menos, naquela época,
duas gerações de jornalistas
aqui na cidade. Foram pessoas
que se formaram aqui e não
precisaram sair porque tinha
um veículo de comunicação
que dava suporte a eles”, conta
Renato. “O jornal foi crescendo,
se dinamizando e se
adaptando a essa realidade e,
com isso, muitos profissionais
dos Associados ficaram como
jornalistas efetivos da Tribuna.
Graças a ideia do Juracy de
criar a Tribuna de Minas, nós
conseguimos criar uma nova
visão de jornalismo impresso
em Juiz de Fora: moderno,
bem atualizado, dinâmico e independente.”
Com os 40 anos do jornal
em 2021, muitos da primeira
equipe também completam
40 anos de profissão. Foram
profissionais que deram os
primeiros passos, cresceram
junto com a Tribuna e encontraram
novas paixões no jornalismo.
As primeiras equipes
mantinham pluralidades de
gerações, tanto de repórteres
de texto quanto fotográficos.
Neste último grupo, se enquadra
Humberto Nicoline, que
não só entrou logo após ter se
formado pela UFJF, como foi o
primeiro fotógrafo cuja graduação
era em Jornalismo.
“Naquela época, os fotógrafos
dos jornais não eram formados.
Eram todos autodidatas,
filhos de fotógrafos, entre
outros. Eu tinha uma noção de
fotografia e fiquei sabendo que
estavam precisando de fotógrafo,
e que as vagas para repórter
de texto estavam preenchidas.
Eu me aventurei, confesso que
com o objetivo de que, no futuro,
me tornasse repórter de
texto, mas aconteceu o efeito
contrário: eu me apaixonei pela
fotografia.”
Na época, era preciso revelar
o filme em uma câmara escura,
mergulhando o papel em
três banhos - revelador, interruptor
e fixador. Depois desse
processo, as cópias das fotos
eram colocadas em chapas de
alumínio para realizar a impressão
dos jornais impressos.
Por mais que o trabalho para
revelar as fotos era mais complexo
do que atualmente - onde
as câmeras digitais facilitam
o trabalho -, de acordo com
Humberto, a essência da fotografia
e a capacidade de transmitir
informações por meio de
uma imagem se mantém, independente
do meio utilizado.
“Existia na redação um ar de
cooperação, de nascimento de
um novo jornal e isso era um
combustível para todo mundo
ficar unido. Existia uma cooperação
de todos para aprender”,
diz Humberto. “Com o tempo,
fui trabalhando e senti que estava
fazendo história. Eu sentia
isso no meu coração.”
“ (...) dar voz ao
povo da região:
ouvir, sentir
e interpretar
as suas mais
legítimas
reivindicações.
Conscientizar
esse
conjunto de
comunidades
de que a união
em torno dos
mesmos,
e maiores
objetivos,
pode e deve
dar resultados
práticos a
curto prazo”,
defendeu o
fundador da
Tribuna,
Juracy Neves
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DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 11
ANOS
história
de
ESPECIAL
A História contada pela Tribuna
MARCIO ASSIS
“O Amir Haddad
pegou um
megafone para
falar. Eu estava
fotografando
ele de uma
certa distância,
até que um
oficial da PM à
paisana retirou
o megafone
da boca dele.
Eu fotografei
isso, e o oficial
me viu. Eu corri
e consegui
esconder o
filme, colocando
um filme novo
na máquina.
Quando desci
na Rua São
João, atrás do
Cine-Theatro
Central, me
sequestraram
e ficaram
duas horas
rodando comigo
querendo ver
o filme”, relata
o fotógrafo
Humberto
Nicoline
Logo no primeiro jornal, em
1º de setembro de 1981, a manchete
que estampava a capa da
Tribuna não era tão boa para os
amantes de esporte na cidade,
mas por outro lado, trazia esperança
para o setor econômico. O
sonho de contar com um Estádio
Regional estava próximo do
fim, mas a construção de uma
fábrica de bicicletas da Monark
no terreno que iria abrigá-lo
poderia trazer cinco mil empregos
diretos e investimentos na
ordem de US$ 30 milhões. Nenhum
dos dois projetos foram
levados adiante, mas desde então,
a Tribuna esteve com o juiz-forano
para levar, diariamente,
as principais informações da cidade
e região.
Durante esses 40 anos, o juizforano
acompanhou nas páginas
da Tribuna - e posteriormente,
também no site - coberturas de
política, cidade, cultura, esportes,
entre fatos que marcaram
a história de Juiz de Fora. Para
além disso, acompanhou a luta
dos brasileiros pela democracia e
continuou exercendo sua função
de reforçar a cidadania.
Quando o jornal foi lançado, o
Brasil ainda se encontrava durante
a ditadura cívico-militar Ainda
que esta já estivesse em sua fase
final, a Tribuna sentiu o peso da
restrição à liberdade de imprensa.
Logo na primeira semana de
circulação, o fotógrafo Humberto
Nicoline foi preso enquanto fazia
a cobertura de uma manifestação
de artistas. O grupo de teatro “Tá
na Rua”, liderado pelo diretor e
teatrólogo Amir Haddad, havia
sido impedido de se apresentar
no Calçadão da Rua Halfeld.
Contrariados, os artistas foram ao
local para comunicar ao povo sobre
a censura.
“O Amir Haddad pegou um
megafone para falar. Eu estava
fotografando ele de uma certa
distância, até que um oficial da
PM à paisana retirou o megafone
da boca dele. Eu fotografei isso, e
o oficial me viu. Eu corri e consegui
esconder o filme, colocando
um filme novo na máquina.
Quando desci na Rua São João,
atrás do Cine-Theatro Central,
me sequestraram e ficaram duas
horas rodando comigo querendo
ver o filme”, relata Humberto.
O fotógrafo da Tribuna foi levado
à delegacia em Santa Therezinha
após perceberem que o filme
que estava na máquina era virgem.
“(Na delegacia), me mandaram
tirar a roupa, até que falaram
para tirar a cueca. Na hora que
comecei a tirar, o filme caiu. Eu tinha
escondido na cueca.”
Após algumas horas, Nicoline
foi liberado, entretanto, o susto
afetou toda a redação. “Para você
ter ideia, a redação parou enquanto
não havia notícia minha. Na
hora que liguei dizendo que estava
na delegacia de Santa Therezinha,
aí o pessoal ficou aliviado”,
diz Humberto.
As fotos do “Tá na Rua” se perderam
por conta da censura, mas
a Tribuna ainda registrou grandes
momentos da luta pela democracia,
como o próprio movimento
das Diretas Já. Em 29 de fevereiro
de 1984, 30 mil juiz-foranos foram
à Praça da Estação para pedir as
eleições diretas para presidente. O
comício foi um dos maiores registrados
na cidade, contando com a
participação de políticos de todos
os partidos de oposição.
Pela Tribuna, o juiz-forano
ainda viu o desenrolar da construção
e a então inauguração do
Mergulhão em junho de 1982,
após 22 meses de obras. Acompanhou
momentos de tensão quando
foragidos da Penitenciária de
Contagem causaram 12 dias de
pânico em Juiz de Fora, com reféns
e ameaças à Polícia Militar.
Aguardou por três anos a chegada
da Mercedes-Benz na cidade,
em 1999 e, atualmente, observa
as discussões sobre a permanência
da fábrica. Entre 2007 e 2008,
acompanhou também a queda
do ex-prefeito Alberto Bejani, que
chegou a ser preso - juntamente
com outros 13 prefeitos de Minas
- na Operação Pasárgada da Polícia
Federal, que desmantelou esquema
de liberação irregular de
verbas do Fundo de Participação
dos Municípios (FPM). Foram casos
que levaram dias de cobertura
e estamparam diversas edições da
Tribuna, mas que mostraram o
compromisso de prestação de serviço
e isenção da notícia.
HUMBERTO NICOLINE
INAUGURADA
DURANTE A
DITADURA
cívico-militar,
a Tribuna
cobriu grandes
manifestações
pela
democracia,
como o
movimento
Diretas Já,
em 1984
EM JUNHO DE
1982, após
22 meses
de obras, o
prefeito Mello
reis inaugura
o Mergulhão,
na Avenida
Rio branco
MARCIO ASSIS
EM SETEMBRO DE 1981, o fotógrafo Humberto
Nicoline foi preso durante manifestação de artistas
contra a censura. Levado para a Delegacia de Santa
Therezinha, ele só foi liberado depois que os policiais
acharam o filme que ele havia escondido na cueca
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DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 12
ANOS
história
de
ESPECIAL
‘A era de ouro do impresso’
A década de 1990 foi uma das mais
importantes para a expansão dos jornais
impressos brasileiros. Estudiosos
apontam que foi o período com a
circulação mais alta de toda a história
do jornalismo no país. Alguns veículos
nacionais, como a Folha de S.
Paulo e O Globo, chegaram a rodar 1
milhão de exemplares diariamente.
Essa efervescência chegou às páginas
da Tribuna que, como prometido em
sua primeira edição de apresentação,
era um jornal de novas ideias.
“Depois do Plano Real, os jornais
impressos avançaram muito. O ‘Globo’
chegou a projetar uma planta
para imprimir um milhão de exemplares
por dia, e acho que a Tribuna
‘surfou bem essa onda’. Nós treinamos
três pessoas no curso de jornalismo
na Universidade de Navarra,
houve também um momento de fasciculação
e nós optamos por ter cadernos
próprios, onde surgiu o Museu
do Mariano Procópio, o Cozinha
de Minas e vários fascículos que produzimos
com conteúdo local”, conta
Marcos Neves, diretor comercial da
Tribuna na ocasião.
Os fascículos reuniam reportagens
especiais trazendo resgates históricos
e culturais de diferentes temas. O
primeiro deles foi sobre o acervo do
Museu Mariano Procópio. Um outro
especial trouxe 12 encartes, um a cada
semana, com o tema “Juiz de Fora
em 2 tempos”, abordando os diferentes
aspectos da cidade, como suas
origens, o processo de urbanização
e locais relevantes para sua história:
Parque e Rua Halfeld, Praça da Estação,
Praça Antônio Carlos, Rio Branco,
entre outros.
A “fasciculação” ainda resultou em
projetos especiais que ultrapassaram
os limites de Juiz de Fora. De Ibitipoca,
a cerca de 90 quilômetros da cidade,
às Cavernas de Peruaçu, a quase
mil quilômetros, que abrigam inscrições
rupestres de mais de 11 mil anos,
a série “Parques de Minas”, de 1996,
veio como um brinde aos leitores de
15 anos de Tribuna. Para a iniciativa,
a repórter Patrícia Zimmermann e os
fotógrafos Roberto Fulgêncio e Antônio
Olavo Cerezo percorreram 9.317
quilômetros de estrada por quatro
meses, do norte ao sul de Minas. Como
destacado pela primeira edição
do especial, publicada em outubro
de 1996, “a aventura consumiu 120 rolos
de filme fotográfico e rendeu um
verdadeiro tratado de mais de 3 mil
linhas, onde se busca desvendar os
mistérios da natureza nos principais
redutos ecológicos do estado”.
Pouco mais de um ano depois, o
especial inspirou a elaboração de
outro sobre as “Cidades de Minas”.
“Depois de desenhar o perfil ambiental
das Gerais, como ignorar suas
outras facetas igualmente belas e
importantes?”, dizia o editorial do
projeto de janeiro de 1998. Desta vez,
a reportagem da Tribuna esteve em
Ouro Preto, Mariana, São João del
Rei, Tiradentes, Diamantina, Serro,
Congonhas, Sabará, Caeté e Santa
Bárbara.
“A Tribuna produziu (fascículos)
sobre cidades históricas, imigrantes
de Juiz de Fora, diversos aspectos relacionados
à cidade e região. Esse foi
um trabalho muito legal por causa
do ineditismo e da ousadia”, relembra
Renato Dias, então editor da Tribuna
e coordenador do primeiro fascículo
sobre o Museu Mariano Procópio.
“A Tribuna produziu muitos
fascículos semanais, livros culturais e
históricos. Foi um dos jornais do interior
pioneiro
As primeiras cores
“COZINHAS DE MINAS” E
“IMIGRANTES 150 ANOS” foram
algumas das publicações especiais
produzidas pela Tribuna
ROBERTO FULGÊNCIO
NOVA
ROTATIVA
ampliou a
qualidade e
a velocidade
da impressão,
trazendo mais
recursos para
o uso de cores
“Depois do Plano
Real, os jornais
impressos
avançaram
muito. ‘O Globo’
chegou a
projetar uma
planta para
imprimir um
milhão de
exemplares por
dia, e acho que
a Tribuna ‘surfou
bem essa onda’.
(...) nós optamos
por ter cadernos
próprios, onde
surgiu o Museu
do Mariano
Procópio, o
Cozinha de
Minas e vários
fascículos que
produzimos
com conteúdo
local”, conta
Marcos Neves,
diretor comercial
da Tribuna na
ocasião
Quando os padres da Congregação do
Verbo Divino pediram de volta o imóvel
onde se localizava a Tribuna, em 1986, o
jornal iniciou as primeiras movimentações
para mudar para Rua Espírito Santo,
região central de Juiz de Fora, onde
atualmente funciona a Gráfica Esdeva. O
então Grupo Solar foi instalado no novo
espaço em 1988, quando o maquinário foi
novamente modernizado por uma rotativa
dupla News King e Color King. Apesar
do jornal ganhar cor em 1994, tornando-o
mais atraente aos leitores, as primeiras
“brincadeiras” com imagens coloridas começaram
dois anos antes.
“Nossa aventura começou em 92, na
pré-impressão. Foi um processo em que
se pegava uma foto que era impressa em
papel, então você produzia um filme e
com esse filme, você gravava uma matriz
de alumínio. A matriz de alumínio era
usada na News King”, explica Marcos
Neves. “Nós começamos a fazer uma foto
por dia, que era o possível fazer nessa
separação de cores manual. Alguém que
pegava essa foto, separava quatro cores
nela, manualmente. Era como refotografar
a foto, mas era um processo moroso,
que gastava de cinco a seis horas.”
As páginas coloridas que vieram em
1994 foram graças ao processo de informatização
da Tribuna. Os primeiros
scanners foram adquiridos, bem como
outros equipamentos mais modernos
que permitiram a impressão colorida.
Com o tempo, este processo foi se ampliando,
acompanhando as reformas gráficas
e editorias que o jornal passou ao
longo dos anos.
Em 2009, a Esdeva importou uma nova rotativa
da empresa americana Dauphin Graphic
Machines Inc. (DGM). O equipamento,
que seria exclusivo para impressão da Tribuna,
ampliou a qualidade e velocidade na
impressão, permitindo até oito páginas coloridas
em cadernos de 16 páginas. Isto representava
o dobro da capacidade de cor da rotativa
News King, até então em uso. “Adquirimos
a nova rotativa para acompanharmos
as grandes mudanças da tecnologia. Ela oferece
alto padrão de qualidade gráfica, com
mais cores e recursos de última geração”,
ressaltou na época o diretor-presidente do
Grupo Solar, Juracy Neves.
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DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2021 | tribunademinas.com.br | • PÁGINA 13
ANOS
história
de
ESPECIAL
Uma nova Tribuna
“Nós alteramos
a concepção
editorial,
mudamos a
hierarquização
das notícias
e passamos
a trabalhar
com mais
planejamento,
apostando em
manchetes
exclusivas
do jornal”,
conta Denise
Gonçalves,
então editora-
-executiva,
que coordenou
a mudança
editorial da
Tribuna
Com páginas coloridas e diversos
projetos pioneiros entre os jornais
do interior, a Tribuna também deu
um grande passo em sua história
na década de 1990. A fim de mudar
o conceito do jornal e retomar
as propostas de reportagens especiais
e investigativas do editor-geral,
Eloísio Furtado de Mendonça, que
faleceu em 1995, a Tribuna buscou
uma renovação que ocorreu desde
o desenho gráfico do jornal à linha
editorial.
“Quando digo que talvez tenha
sido a época de ouro da Tribuna é
porque foi um momento que a Tribuna
virou adulta. Ela deixou de
ser o jornal do Juracy e começou a
ser o jornal Tribuna de Minas”, diz
Marcos Neves. “Acho que para a
Tribuna, como instituição, esse foi
o grande rito de passagem de ser
expressão como veículo.”
Filho de Juracy e diretor comercial
e superintendente da Tribuna
à época, Marcos explica que a mudança
veio a partir de um curso da
Universidade de Navarra, no Campus
da cidade de São Paulo, quando
três jornalistas trouxeram novas
visões a partir do que observaram,
também, em outros veículos nacionais.
“Nós já tínhamos tecnologia,
já tínhamos cores, então elas fizeram
esse curso porque queríamos
fazer uma mudança de conceito.”
A jornalista Denise Gonçalves,
que assumiu o cargo de editora-executiva
em 1997, foi uma das
profissionais capacitadas pelo curso.
A partir das propostas, o jornal
ganhou nova identidade, novo desenho
e novo perfil. “Nós alteramos
a concepção editorial, mudamos
a hierarquização das notícias
e passamos a trabalhar com mais
planejamento, apostando em manchetes
exclusivas do jornal”, conta
Denise.
Na edição anterior à mudança, de
10 de dezembro de 1997, a Tribuna
apresentava sua nova fase. O jornal
era “novo como o mundo que você
quer”. A concepção gráfica era
moderna e buscava um tratamento
dinâmico às notícias. As capas dos
cadernos mudaram, com mais cores
e logotipos maiores, bem como
no caso das editorias, a fim de facilitar
o fluxo de leitura. O projeto
foi elaborado pelo designer gráfico
Luiz Adolfo Lino de Souza, professor
de Planejamento Gráfico na
PUC-RS e responsável pela reforma
gráfica de jornais como a “Zero
Hora”, de Porto Alegre. Luiz Adolfo
veio a ser também o responsável
pelo projeto gráfico desenvolvido
posteriormente em 2009, quando
o jornal adquiriu a nova rotativa e
teve a possibilidade de incluir mais
páginas com cores.
Pela parte editorial, a proposta
era de um “jornalismo cidadão”,
com maior fiscalização das políticas
públicas e a necessidade de
estabelecer um diálogo com os
leitores, retratando-os nas páginas
do jornal. Com isso, as pautas
relacionadas à cidade foram cada
vez mais valorizadas, sendo que
os repórteres da Tribuna também
passaram a ter um papel ativo nas
sugestões de matérias.
EM 1997, as páginas do jornal passaram por uma reformulação gráfica, de
concepção mais moderna e atraente. As capas dos cadernos mudaram,
ganharam mais cores e logotipos maiores. Acima, as capas da Tribuna antes e
depois da mudança
Maior integração com leitores
Na primeira edição da reforma
editorial, publicada em 14 de dezembro
de 1997, a capa trazia a
manchete “Partidos vivem esvaziamento”,
com discussões de como os
partidos políticos de Juiz de Fora só
se reuniam e procuravam mobilizar
a militância nos meses anteriores às
eleições. A reportagem exemplifica
o quanto a reforma também modificou
as editorias, especialmente a de
política.
“A reforma editorial foi muito marcante
na área de política, porque nós
mudamos a forma de cobertura das
eleições. Acredito que foi a ‘cereja do
bolo’ da reforma. Até então, nós cobríamos
a agenda dos políticos”, explica
Denise. “Com a reforma, veio o
‘Voto e Cidadania’, que inverteu essa
lógica. Nós passamos a pautar os políticos,
questionar o que queríamos
saber a partir de pesquisas. Fizemos
levantamentos junto à população para
saber o que ela queria e o que esperava
do novo prefeito, bem como
quais eram as questões relevantes na
cidade.”
A maior integração com os leitores
sempre foi perseguida pela Tribuna.
Uma nova etapa da reforma
do jornal, em 2001, priorizou as
reportagens exclusivas e grandes
coberturas, e convidou o leitor a se
integrar, a partir da criação de um
canal direto de contato para perguntas,
sugestões ou desabafos. A
partir de 15 de julho daquele ano,
a Tribuna se tornou um jornal
mais interativo, dinâmico e completo.
“A prioridade pelo noticiário
local - agora de acordo com
a importância das matérias - foi
uma opção lógica de um jornal
que também vem mudando no
curso de sua história. O leitor ficará
mais perto das notícias e terá
espaço para maior interatividade
com a redação, outra exigência do
mercado. Os veículos de comunicação,
além de revelar o dia-a-dia
de uma cidade, precisam se abrir
para os seus leitores”, destacou o
editorial daquela data.
“A proposta era trazer o leitor para
o centro da discussão. Ouvi-lo.
Saber como ele poderia contribuir
para o jornal, que pauta poderia
sugerir que nós”, explica Denise
Gonçalves. “Essa mudança de foco
na cobertura jornalística contribuiu
para consolidar a Tribuna com um
grande veículo.”
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Do estático ao interativo
ANOS
história
de
ESPECIAL
A informatização da Tribuna em 1994,
quando o jornal passou a imprimir as primeiras
páginas coloridas, também abriu
portas para a entrada do veículo no meio
digital. Começou com a introdução de,
pelo menos, cinco computadores - os antigos
Gepetos. Eles seriam usados para a
diagramação do jornal, mas os jornalistas,
especialmente os mais novos, gostaram de
utilizar as novas máquinas para digitar.
Com o tempo, novos computadores com
recursos melhores foram sendo incluídos
na rotina do jornal.
“Tinha aquela coisa legal na redação do
barulho da máquina, ainda mais no final
da tarde, quando estava todo mundo lá.
Parecia que tinha uma metralhadora na
redação, e um som como se fosse uma orquestra,
da digitação e do papel da máquina.
Era algo meio romântico para todos
nós”, conta Renato Dias, antigo editor da
Tribuna. “Só sei que, de repente, aqueles
aparelhos estranhos começaram a aparecer
na redação, em uma mesa, depois em
outras mesas, até que toda a redação foi
composta de computadores, já efetivando
a modernidade do jornal.”
O que era manual passou a ser digital.
Anteriormente aos computadores, os repórteres
faziam suas reportagens pela máquina
de escrever. Em seguida, os editores
realizavam seu trabalho para a matéria
passar por um outro processo de digitação
na gráfica, único local que até então contava
com informatização. Com os computadores
nas redações, esse modelo de trabalho
se tornou mais eficiente.
Logo em seguida, a Tribuna resolveu
marcar presença também na internet, no
final da década de 1990, mas os conteúdos
ainda eram limitados. Uma das primeiras
publicações foi o fascículo sobre o Museu
Mariano Procópio. O “Juiz de Fora em 2
tempos” também foi disponibilizado no
site. O conteúdo era estático, com a navegação
a partir de poucos hiperlinks que
levavam a páginas que não poderiam ser
atualizadas.
Entre os anos de 1997 e 1998, todo o conteúdo
do jornal passou a ser publicado no
site, mas ainda nesse modelo. A reforma
editorial daquela época contribuiu também
para essa mudança. Na edição de 14
de dezembro de 1997, o endereço on-line
da Tribuna apareceu pela primeira vez na
capa do jornal. “A ideia inicial era ter mais
uma maneira de disponibilizar o material,
porque, na época, os debates eram sobre
a necessidade de o jornal expandir do impresso”,
conta Carlos Pernisa Júnior, que
foi um dos primeiros jornalistas a assumir
o cargo de editor de internet.
A maneira que as notícias eram publicadas
na internet eram muito diferentes
das facilidades de hoje em dia. A edição
era disponibilizada, geralmente, à meianoite,
e poderia ser visualizada no site
durante uma semana. Se algo fosse publicado
equivocadamente, a página deveria
ser carregada por inteira novamente, visto
que não era possível realizar edições.
O tempo para upload dos conteúdos
também era demorado. O cabo de conexão
era ligado a um modem e, mesmo
após a troca do fio, que passou a ligar o
computador diretamente com a internet,
havia alguns empecilhos. Nesta época, a
redação da Tribuna se já se localizava na
Rua Espírito Santo, juntamente com a Esdeva,
e o local, próximo à linha do trem,
Suporte do futuro
influenciava em fatos curiosos quanto aos
primórdios do jornal na internet.
“Eu lembro que esse cabo passava por
baixo da linha do trem. Quando o trem seguia
pelo local, esse cabo dava uma alteração
e, às vezes, eu não conseguia mandar
as coisas porque tinha uma interferência.
Eu tinha que mandar e torcer para não
passar nenhum trem naquele momento”,
brinca Pernisa. “Se desse interferência, eu
tinha que enviar tudo de novo. Eram arquivos
que nós mandávamos um por um,
por FTP, que é protocolo de transferência
de arquivo”.
Mesmo com as limitações tecnológicas
da época, a Tribuna chegou aos seus leitores
juiz-foranos que, por algum motivo,
não estavam na cidade. Nos primeiros
passos do jornal no ambiente digital, torcedores
do Tupi ou pessoas que acompanhavam
o César Romero, por exemplo,
contatavam a Tribuna para informar que,
graças ao site, estavam acompanhando as
notícias da cidade.
“Eu fiz uma pesquisa no Brasil e me
lembro que, dos maiores jornais e jornais
de capitais, praticamente todos tinham
a versão on-line em 96 e 97, mas
a Tribuna foi um dos primeiros jornais
de interior a ter essa versão na internet,
até porque, de 95 para 96 é que se começa
a ter site comercial no Brasil”, explica
Carlos Pernisa que, atualmente, é professor
e pesquisador da Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Antes
disso, não havia internet, então era ainda
novidade. O que tinha de internet
era em universidades, em centros de
pesquisa, mas não era algo divulgado,
pelo menos no Brasil.”
“Fiz uma
pesquisa no
Brasil e me
lembro que,
dos maiores
jornais e jornais
de capitais,
praticamente
todos tinham a
versão on-line
em 96 e 97, mas
a Tribuna foi um
dos primeiros
jornais de interior
a ter essa versão
na internet”,
conta Carlos
Pernissa Júnior,
primeiro editor
de internet da
Tribuna
Ao longo dos anos 2000, a Tribuna seguiu
as modificações e tendências do
mercado jornalístico, com novos modelos
de visualizações do site cada vez mais
modernos e atendendo às demandas dos
leitores. A interface foi se adaptando, trazendo
as informações de maneira mais
facilitada. Mas era preciso ir além da disponibilização
das páginas do impresso
diariamente. O desenvolvimento da internet,
com ampliação da velocidade, fez
com que o jornal, também, se tornasse
mais ágil. Em abril de 2011, os impressos
da Tribuna informavam sobre o novo site:
“moderno, com muito mais conteúdo,
dinâmico, interativo e em tempo real, para
que você esteja sempre ligado em tudo
que se passa em Juiz de Fora e região”.
“Naquele momento, os jornais já estavam
muito presentes na internet, nesse
esquema de postar em tempo real. Esse
mercado estava aberto e bem consolidado.
Já dava para perceber que isso não
teria volta”, conta Gabriela Gervason, que
assumiu o cargo de editora de internet
com o novo formato de atualização em
tempo real. “Naquele momento, nós percebemos
que precisávamos começar a nos
preparar porque esse suporte é o futuro.”
Uma nova equipe se formou para iniciar
o projeto. Além de trabalhar nas pautas
dos momentos, os jornalistas de internet
procuraram se aprimorar e aprender
a lidar com as novas ferramentas. Não só
a forma de trabalhar era nova, como os
próprios leitores eram diferentes do que
os do jornal impresso. Era preciso conhecê-los
e entender o que buscavam.
“Foi um aprendizado nosso de muito
tempo, juntamente com o leitor, porque
nesse processo, tivemos eles como parceiros.
Eles se adequaram à mudança da Tribuna,
e nós tentamos acertar ao máximo
para continuar atendendo os leitores nessa
nova demanda que era via site”, explica
Gabriela. Mesmo os leitores do impresso
passaram a acompanhar também o novo
site. “A medida que nós fomos acertando
a questão técnica e facilitando o acesso
à informação no site, os leitores foram
acompanhando cada vez mais. E quando
tinha um acontecimento de cobertura
CAPAS DO
SITE DA
TRIBUNA
nos anos
de 2003 e
2006
que tinha um apelo maior, nós víamos
que, realmente, estávamos sendo referência.”
Um desses casos foi o da explosão de
um paiol da Indústria de Material Bélico
do Brasil (Imbel), no Bairro Araújo, Zona
Norte, na noite de 16 de agosto de 2016.
Mais de 160 famílias registraram prejuízos
com a ocorrência, que levou pânico
aos moradores da região. Como relembrado
por Gabriela, o número de acessos
no site da Tribuna foi relevante e, além
disso, a própria população contribui com
a construção das reportagens, enviando
fotos, vídeos e depoimentos sobre o
ocorrido, o que exemplifica, também, o
quanto a proximidade com o leitor foi
intensificada ainda mais pela internet. “A
Tribuna foi procurada como referência
para saber o que realmente estava acontecendo
e qual o desfecho e andamento
daquilo tudo, que tinha sido um grande
acidente. Aconteceu de noite, então começamos
com a apuração naquele mesmo
momento e seguiu por alguns dias de
cobertura”.
“No site, era
um ritmo
completamente
diferente. Você
chegava da rua
ou acabava
a apuração e
já tinha que
escrever e
atualizar aquela
informação,
então mudou
drasticamente
a rotina do
repórter”,
destaca
Guilherme Arêas,
um dos primeiros
repórteres a
integrar a equipe
do on-line do
jornal
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Novo perfil profissional
ANOS
história
de
ESPECIAL
“O desafio
hoje, não só da
Tribuna, mas
das grandes
empresas de
mídia é você
adequar a
sua redação
para uma nova
realidade. Os
leitores talvez
não saibam
o que está
por trás, mas
temos um
servidor para
alcançar todo
esse acesso
de site - que é
muito grande -,
tem servidor de
imagem, temos
programadores,
temos técnico
de servidor
para cuidar da
estrutura, para
que possamos
ter um pico de
acesso e o site
se mantenha”
explica o editor
de internet
da Tribuna,
Eduardo Valente
Quando o site da Tribuna passou a trazer
atualização em tempo real, a redação
contava com equipes distintas, sendo parte
para o on-line e parte para o impresso.
Com o tempo, os jornalistas foram se
adaptando e percebendo que o mercado
exigia profissionais versáteis. A própria
rotina de trabalho se modificou com a
integração da internet cada vez mais presente.
“No site, era um ritmo completamente
diferente. Você chegava da rua ou acabava
a apuração e já tinha que escrever e
atualizar aquela informação, então mudou
drasticamente a rotina do repórter”,
conta Guilherme Arêas, um dos primeiros
repórteres do jornal impresso que passou
a integrar a equipe do on-line. “Não era
mais como antes, quando tinha só o impresso,
e a matéria chegava pronta para
o leitor no dia seguinte na banca. Depois
que passamos a implementar o site com
atualização em tempo real, o leitor acompanhava
a matéria sendo construída ao
longo dia.”
A mudança no processo do “fazer jornalismo”
mudou o profissional em si. O
repórter começou a pensar em diferentes
conteúdos, desde o texto e fotos, a vídeos
e outras ferramentas digitais que poderiam
agregar valor à reportagem on-line.
“Antes, o repórter saía para rua com bloquinho
e caneta, acompanhado de um
fotógrafo que fazia as fotos estáticas. Depois,
o repórter começou a sair com o próprio
celular, a fazer a própria foto, a fazer
seu próprio vídeo, então começou a exercer
o que a gente chama de jornalismo
multiplataforma”, explica Guilherme.
Os vídeos, por exemplo, foram ganhando
cada vez mais espaço no trabalho da
Tribuna. Uma das primeiras reportagens
em vídeo de destaque foi sobre a cobertura
do processo de pacificação dos complexos
do Alemão e da Penha no Rio de
Janeiro, em dezembro de 2011. Durante
cerca de 24 horas, Guilherme Arêas, juntamente
com a repórter Sandra Zanella
e o fotógrafo Leonardo Costa, acompanhou
a tropa comandada pela 4ª Brigada
de Infantaria Motorizada de Juiz de Fora.
A equipe visitou espaços como a antiga
residência de um traficante e a Serra da
Misericórdia, caminho usado como rota
de fuga por bandidos da Vila Cruzeiro na
ocupação dos complexos em 2010.
“Foi um processo de tentar capturar como
aquela comunidade estava vivendo
depois do processo de pacificação, então
nós pegamos depoimento de moradores.
O tráfico havia sido expulso a pouquíssimo
tempo, e alguns ainda estavam com
medo de gravar. Mas o nosso objetivo
eram dois: primeiro mostrar como a comunidade
estava depois do processo de
pacificação; e o segundo era mostrar como
os militares de Juiz de Fora estavam
encarando aquilo, porque é um complexo
de favelas enormes e violento. A criação
das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora)
e a expulsão do tráfico do Rio foi um
momento bastante comentado na época”,
relembra Guilherme.
Em 2019, a Tribuna investiu ainda mais
no jornalismo multiplataforma e na integração
entre os veículos impresso e
digital. A iniciativa trouxe novos cadernos
especiais, com textos mais analíticos
e aprofundados, além de contarem com
uma interface gráfica diferenciada tanto
no jornal impresso como no formato digital.
A redação ganhou também o Departamento
de Imagens, responsável por
abastecer a TMTV - canal da Tribuna no
YouTube -, com programas dos mais diversos
conteúdos e reportagens em vídeo
diferenciadas.
12 milhões de visualizações
Estando em diferentes canais no meio digital
- Twitter, Instagram e Facebook -, o novo
objetivo tornou-se descobrir a melhor maneira
de trabalhar com cada um deles. Mesmo com
alcance elevado, ainda é possível chegar a mais
leitores e ampliar o acesso à informação. “O desafio
hoje, não só da Tribuna, mas das grandes
empresas de mídia, é você adequar a sua redação
para uma nova realidade. Os leitores talvez
não saibam o que está por trás, mas temos um
servidor para alcançar todo esse acesso de site -
que é muito grande -, tem servidor de imagem,
temos programadores para o site, temos técnico
de servidor para cuidar da estrutura, para que
possamos ter um pico de acesso e o site se mantenha”
explica o editor de internet da Tribuna,
Eduardo Valente.
Em um primeiro momento, o trabalho buscou
traçar o público dessas mídias, não só do site da
Tribuna, mas de cada rede social em que o jornal
está presente. Com essa identificação, tornou-se
possível dirigir aos diferentes usuários
da melhor forma, abrindo cada vez mais espaço
para que esses também possam manter um
maior contato com a redação. Além de desenvolver
ainda mais a interação pelas redes sociais,
a Tribuna também conta com dois canais no
WhatsApp, sendo um para conversar com os leitores
e receber sugestões, e outro para deixá-los
informados sobre os principais acontecimentos
do dia.
Todo este processo vem modificando o modo
de trabalho da redação, de forma que os leitores
têm atuado lado a lado com os repórteres na fiscalização
dos problemas de Juiz de Fora e região.
Além disso, a busca por informação de qualidade
tem ganhado relevância também: atualmente,
a Tribuna recebe, em média, 12 milhões de
visualizações de páginas no site por mês.
“As pautas eram muito discutidas internamente
entre os editores e os repórteres, e essas
pautas viravam os assuntos que eram abordados
no jornal. Hoje, nós somos muito mais ‘de
fora para dentro’. Isso tem um peso a mais em
razão das redes sociais e do uso das tecnologias,
mas nós recebemos muita demanda, sugestão
de pauta dos nossos leitores, e tentamos
atendê-los e construir o jornal dentro daquilo
que identificamos como relevante e o que está
sendo pedido com frequência”, explica Eduardo
Valente.
FERNANDO PRIAMO
FERNANDO PRIAMO
PRESENTE
EM DIFEREN-
TES canais
do meio
digital, a
Tribuna tem
hoje como
desafio
descobrir
a melhor
maneira de
chegar ao
leitor em
cada um
deles. Para
isso, acompanha
em
tempo real as
estatísticas
de acesso às
notíciais
DO
BLOQUINHO
E CANETA
aos celulares
e câmeras, a
reportagem
ganhou
movimento
com a
produção
cada vez
maior de
vídeos
>>>>
EXPEDIENTE
ANOS
história
Juracy Neves: Fundador | Márcia Neves e Suzana Neves: Diretoria Geral e Comercial | Marcos Neves: Diretoria de Edição
de
Paulo Cesar Magella: Editor Geral
Luciane Faquini: Editora Executiva de Integração
Leticya Bernadete: Reportagem
Fernando Priamo: Fotos e edição de fotografia
Lena Sperandio: Projeto gráfico e diagramação
Luciane Faquini: Coordenação geral e edição
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