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Moda e Negócios_EDIÇÃO 33

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votos e, consequentemente, pela legislação vigente na<br />

época, presidente da Câmara. O coronel João Vieira de<br />

Mello e Silva, o maior líder político do lugar, com 498<br />

votos, ficou apenas em quarto lugar.<br />

Após tentativas infrutíferas, por parte do Bloco Vieirista,<br />

de anular as eleições por suposta fraude, ocorreria,<br />

na posse dos vereadores marcada para o dia 3 de fevereiro<br />

de 1857, dos edis, eleitos pelo bloco, se negarem<br />

a assumir os mandatos.<br />

Porém, aconteceu quase de imediato, da nova situação,<br />

comandada pelo major João Salvador dos Santos, se<br />

confrontar com uma nova praga - confundida inicialmente<br />

com o ressurgimento da própria epidemia do<br />

Cólera. Era a Bexiga Mortífera, conhecida popularmente<br />

como Bexiga Lixa, que a exemplo do Cólera Morbus,<br />

também bastante mortal. E assim ocorreu, da maioria<br />

dos novos vereadores se desinteressarem pela coisa<br />

pública, para cuidarem de si e de suas famílias. Nesta<br />

ocasião Caruaru também enfrentou, como consequência<br />

natural da fuga da mão de obra da vila, a elevação<br />

dos preços dos insumos básicos.<br />

Dessa situação - a praga da bexiga lixa, o descaso dos<br />

vereadores comandados pelo major João Salvador dos<br />

Santos e a carestia de vida - se aproveitou o coronel<br />

João Vieira de Mello para novamente se reerguer na<br />

política local, que tinha se alinhado, entre outras ações,<br />

à corrente político-partidária do Dr. Francisco de Paula<br />

Baptista, que tinha sido eleito deputado provincial<br />

(deputado estadual) pelo 10º distrito eleitoral, do qual<br />

Caruaru fazia parte.<br />

Graças a tal aliança, o deputado que em verdade nunca<br />

veio a Caruaru, retribuindo a votação aqui obtida<br />

com o apoio do coronel João Vieira, apresentou no dia<br />

03/04/1857 projeto elevando a vila à categoria de cidade.<br />

No dia 25/04/1857 o projeto foi aprovado sem<br />

debates em 2ª discussão na Assembleia Provincial<br />

de Pernambuco, para finalmente no dia 18/05/1857<br />

ocorrer a sanção da Lei Provincial nº 416, pelo presidente<br />

(governador) da província em exercício Dr. Joaquim<br />

Pires Machado Portela.<br />

A seguir cópias publicadas no Diário de Pernambuco<br />

com a referida cronologia.<br />

Por fim, aconteceria do major João Salvador dos Santos<br />

- forte cafeicultor - embora feliz com elevação da<br />

vila à condição de cidade, mas não concordando com<br />

o fato naquela ocasião, desde que considerava apenas<br />

como uma vitória do grupo Vieirista, tomar a decisão,<br />

considerada por muitos apenas como uma vingança<br />

pessoal e para mostrar poderio econômico, de edificar<br />

em ponto central o mais elevado prédio de Caruaru,<br />

desbancando o que até então era o maior, pertencente<br />

ao coronel João Vieira de Mello.<br />

Detalhe do Sobrado colorizado digitalmente.<br />

E assim, foi erguido entre 1857 e 1858 o novo sobrado,<br />

o primeiro de Caruaru com dois andares, o primeiro<br />

símbolo de Caruaru Cidade, na atual Rua Sete de Setembro,<br />

rua que durante um bom tempo, por conta do<br />

sobrado, ficaria conhecida como Rua do Major João<br />

Salvador. E foi assim, com esse porte e com essa cronologia,<br />

apesar das desavenças políticas, que a vila foi<br />

elevada à cidade. Salve Caruaru.<br />

Hélio Fernando de Vasconcelos Florêncio<br />

Engenheiro civil<br />

Pesquisador e historiador<br />

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