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DIVERSA

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responsabilizada pelas ações de outras, não cabe na misera

perceção da população mundial. Apesar de tudo,

neste caso, o único estilo de vida aceitável é o americano,

e é assim que tem sido durante séculos, e em praticamente

todo o mundo.

De certo modo, este representa apenas um dos inúmeros

marcos históricos que protagonizam a discriminação

vivida por várias entidades que pertencem a diversas minorias

sociais. Mas não ficamos por aqui. O conto “Casa

Ocupada” retrata também esta temática intemporal que

consome a identidade da nossa sociedade. Conta a típica

história de dois irmãos pouco afortunados que habitavam

uma modesta casa, mas que não era deles. Era da

sociedade. Da cultura à qual eles não pertenciam. Lá viviam,

como se tivessem encontrado paz pela primeira vez

na sua vida. Mas ela depressa lhes foi retirada, mostrando

que a justiça não escolhe felizardos. Só porque perderam

as suas conquistas uma vez, no seu país de origem,

não quer dizer que não as possam perder uma segunda.

Infelizmente, é o mundo em que vivemos. Mas à medida

em que a sociedade se apoderava da casa, estes irmãos

iam abandonando-a, deixando para trás tudo o que tinham

conquistado no país. E de forma silenciosa. Sem

uma única palavra falada. Achavam, de certa forma, que

era o que mereciam por não terem nascido privilegiados.

E assim se recomeçava um ciclo sem fim à vista. É o que

acontece com milhares de refugiados que fogem dos seus

países em busca de uma vida melhor. Mas nem sempre a

encontram. Por vezes, só veem a sua vida ainda mais dificultada,

e, foi, certamente, o que aconteceu com os dois

irmãos que se viram obrigados a abandonar a casa que

não era deles. Foi uma evacuação pacífica, mas a chave

daquela maldita casa foi lançada para o esgoto,

para que mais nenhum refugiado tentasse procurar paz

num país apodrecido e apaixonado pelo ódio instalado

nas suas veias. Para que mais ninguém seja azarado o

suficiente para se instalar num país onde tudo podem

iniciar, e onde tudo podem perder.

Assim, foram dois contos crus no seu realismo. Dois

contos que nos fazem refletir enquanto cidadãos deste

planeta. Dois contos que rebentam aquela bolha

que nos mantém seguros e privilegiados durante toda

a nossa vida. Porque, na verdade, para que serve este

privilégio se não o podemos utilizar em função do bem?

Numa sociedade

onde as

desigualdades

sociais são muitas,

a consciencialização

dos seus habitantes

é a única chave para

a abertura deste

cofre chamado

IGUALDADE.

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