Agenda Cultural de Novembro de 2022

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Agenda Cultural de Proença-a-Nova novembro 2022 tema da atualidade BIBLIOTECA MUNICIPAL PROMOVE CINEMA HÁ 28 ANOS NO CONCELHO O Dia Internacional do Cinema celebra-se anualmente a dia 5 de novembro. A Sétima Arte, como ficou globalmente conhecida, evoluiu até aos dias de hoje depois de ter passado por diversas etapas, desde o cinema mudo até à representação teatral, das versões monocromáticas às policromáticas, das dobragens de filmes à criação de roteiros e guiões, muitos foram os pontos que marcaram a evolução cinematográfica a nível mundial, nacional e regional. Se a nível mundial a primeira projeção data de 28 de dezembro de 1895, pela mão dos irmãos Auguste e Louis Jean Lumière, no caso de Proença-a-Nova não se conhece uma data exata. Sabe-se que deverá ter tido lugar já depois do início do século XX, por iniciativa da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Proença-a-Nova, considerando-se assim como os promotores da primeira sessão pública de Cinema de que há registo no concelho. Por serem voluntários, os Bombeiros Proencenses encontravam nas sessões de Cinema uma forma viável de acumular recursos financeiros para levar a cabo o seu trabalho de assistência à população. No concelho chegaram a ser realizadas sessões de cinema em várias localidades, como a Sobreira Formosa, ou em localidades vizinhas como Vales de Cardigos, Várzea dos Cavaleiros, Oleiros e Cardigos. Ainda assim, por esta altura, o local mais utilizado continuava a ser o quartel de Bombeiros, visto como espaço ideal para projetar filmes, dada a não existência do Auditório Municipal. Virgílio Moreira, antigo colaborador da Biblioteca Municipal de Proença-a-Nova, recorda as condições e de que forma decorriam estas sessões 12
Agenda Cultural de Proença-a-Nova novembro 2022 antes da construção do Auditório Municipal: “as cadeiras eram de madeira e pouco confortáveis, mas a novidade sobrepunha-se ao conforto e a sala estava sempre cheia. A face do cinema em Proença-a-Nova mudou como da noite para o dia com a construção do Auditório Municipal”. Depois da edificação do Auditório Municipal ter sido concluída em julho de 1994, as sessões de cinema foram iniciadas de forma recorrente no Município a partir do dia 30 de dezembro de 1994, permanecendo até hoje como o ponto de referência do cinema no concelho, com sessões todas as sextas-feiras, pelas 21h30. Nos primeiros anos, Jorge Verganista e Joaquim Cardoso, colaboradores do Município, eram os projecionistas que ficavam encarregues de tratar de todo o processo desde a chegada do filme em bobinas, até à sua entrega na segunda-feira. Segundo dados fornecidos pelos próprios e a título de curiosidade, “Dança com os Lobos” foi o primeiro filme a ser exibido no Auditório Municipal, tendo sido distribuído por três sessões distintas. Com base nos registos pode ainda destacar-se o filme “Titanic”, que bateu o recorde de 15 sessões consecutivas no concelho, acumulando “filas intermináveis à porta, que chegavam a atingir praticamente um quilómetro de extensão para adquirir bilhetes”, recorda Rui Sebastião, atualmente colaborador da Biblioteca Municipal. Com o passar dos anos assistir a um filme a partir de casa, antes visto como impossível, rapidamente se transformou em realidade para a generalidade da população. As salas de cinema perderam o carácter de exclusividade às quais estavam rotuladas, acabando por inevitavelmente fazer decrescer o número de espectadores por sessão. Segundo dados do PORDATA em relação aos números de 2020 e 2021, regista-se uma quebra em todas as variáveis estudadas nesta área, por culpa do impacto da pandemia da Covid-19. Olhando para a história do cinema em Portugal, 1975 e 1976 foram os anos em que se registaram maior número de espectadores, com 41 593 e 42 812, respetivamente. O fim do regime Salazarista ditou um sentimento de liberdade cultural e curiosidade nos portugueses, que se deslocaram massivamente às salas de cinema na procura de novas experiências, que só conseguiriam encontrar nas salas de cinema. Os anos próximos, que antecederam e seguiram estas datas, acabaram por seguir a mesma tendência. Com a evolução de todos os mecanismos tecnológicos, as pessoas, de uma forma geral, acabaram por afastar-se das salas de cinema um pouco por todo o país, evitando as enormes filas para comprar bilhetes de que muitos ainda têm memória, fazendo baixar as médias de espetadores por cada sessão. Segundo dados do mesmo portal, o ano com mais sessões de cinema no país foi 2011, com um total de 670 677 sessões contabilizadas, para um total de 15 702 espectadores. Ora, será previsível que, aumentando o número de sessões a nível global para se conseguir abranger maior número de horários, haverá menor número de pessoas por sessão. Em Proença-a-Nova esta tendência acabou por não se verificar. Tendo em conta que os dados de 2022 não estão disponíveis, 2019 apresenta-se como o último ano sem que se possa considerar o impacto da pandemia. Nesse ano, enquanto a nível nacional foi registada uma média de 23,5 espectadores por sessão, em Proença-a-Nova houve uma média bem superior ao valor total nacional, com um registo de 72 espectadores por cada sessão. Com pelo menos uma sessão por semana, todas as sextas-feiras, a Biblioteca Municipal continua, desde há 28 anos, a oferecer a toda a comunidade proencense a possibilidade de assistir aos filmes que vão marcando a atualidade desta vertente cultural. 13
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