Revista Grãos Brasil 118
Edição nº 118 da Revista Grãos Brasil com as últimas notícias sobre a pós-colheita de grãos e sementes, nesta edição contamos com a colaboração de Controle de Roedores. Estações de Isca Ignoradas por Roedores – Marcelo Hoyos; Correias Transportadoras Bühler – Najib Hamdoun; Proteção de Grãos de Cacau – Hagit Navarro e Shlomo Navarro; Uma Análise Sobre Reposição de Teor de Umidade - Marcos Wendt y muchos más!
Edição nº 118 da Revista Grãos Brasil com as últimas notícias sobre a pós-colheita de grãos e sementes, nesta edição contamos com a colaboração de Controle de Roedores. Estações de Isca Ignoradas por Roedores – Marcelo Hoyos; Correias Transportadoras Bühler – Najib Hamdoun; Proteção de Grãos de Cacau – Hagit Navarro e Shlomo Navarro; Uma Análise Sobre Reposição de Teor de Umidade - Marcos Wendt y muchos más!
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Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
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04EDITORIAL
Caros Amigos e Leitores
Ano XX • nº 118
Fevereiro / Março 2023
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Diretor Executivo
Domingo Yanucci
Colaboradores
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Victoria Yanucci
Matriz
Brasil
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Argentina
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Revista bimestral apoiada pela:
F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção
de Perdas de Alimentos -ABRAPOS
As opiniões contidas nas matérias
assinadas, correspondem
aos seus autores.
Conselho Editorial
Diretor Editor
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Adriano D. L. Alfonso
Antônio Granado Martinez
Carlos Caneppele
Daniel Queiroz
Jamilton P. dos Santos
Maria A. Braga Caneppele
Marcia Bittar Atui
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Sonia Maria Noemberg Lazzari
Tetuo Hara
Valdecir Dalpasquale
Produção
Arte-final, Diagramação e Capa
MidiaLab Propaganda
44 99145-3873
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Com alegria chegamos a vocês com a primeira edição do ano da
Grãos Brasil, Da Semente ao Consumo.
A produção de grãos não se detêm e nós como elo fundamental
entre a produção e a comercialização/industria, devemos estar na
altura dos desafios. O Brasil tem continuado com o crescimento, em
todo sentido, tanto no volumem, produtividade como na eficiência
produtiva. Somos capazes de produzir mais e melhor, grãos e
sementes que atendem as necessidades crescentes de todo o
mundo.
Esperamos poder seguir por este caminho virtuoso e os
produtores, verdadeiros pilares do crescimento, tenham atendidas
suas demandas. No setor da pós-colheita e especialmente do
acondicionamento e armazenagem, temos muito por melhorar,
são necearias novas e modernas infraestruturas, que demandam
investimentos e pelo tanto linhas de crédito razoáveis.
Claro que com isso deve-se continuar com o treinamento,
atualização e capacitação dos responsáveis do manejo dos grãos.
Os últimos meses muitas empresas requisitaram treinamentos em
diversos temas, como Controle de pragas, aeração, otimização e
diminuição de quebras técnicas, sistemas de secagem, desenho
de ampliações, etc.
Sempre comentamos que temos 4 possíveis atitudes em nossa
especialidade,1) Os que tem problemas e não sabem que tem, por o
tanto não fazem nada para melhorar (normalmente a agricultura de
subsistência). 2) Os que sabem que tem um problema, mas estão
acostumados e não buscam soluções. 3) Os que buscam soluções
para seus problemas ou limitantes, estes buscam investir bem,
capacitar o pessoal, manter uma boa motivação no time de trabalho
e por último 4) Os que não tem problemas, mas desejam trabalhar
cada dia melhor, com maior produtividade e segurança. Devemos
trabalhar para que nossas empresas, conscientes da necessidade
de perfecionar, se encontram no grupo 3 ou 4.
Nesta edição, como sempre prestigio os profissionais da
especialidade, de várias partes do mundo nos apresentam
informações de utilidade, sobre cacau, transporte de grãos, controle
de ratos, tecnologia de aeração, proteção de estruturas, entre outros.
Agradecemos aos nossos assinantes,
editorialistas e especialmente as empresas
e instituições que apoiam nosso trabalho de
mais de 20 anos no Brasil.
Com afeto
Domingo Yanucci
Diretor Executivo
Consulgran - Granos - Grãos Brasil
0055 48 9 9162-6522
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
SUMÁRIO 05
04 – Proteção de Grãos de Cacau – Hagit Navarro e Shlomo Navarro.
08 - Controle de Roedores. Estações de Isca Ignoradas por Roedores – Marcelo Hoyos
12 – Correias Transportadoras Bühler – Najib Hamdoun
14 - Uma Análise Sobre Reposição de Teor de Umidade - Marcos Wendt
18 – 3 Dicas para Evitar Goteiras no Galpão da Sua Fazenda– Hard
20 – Impermiabilização de silos e armazéns – Sandro Mochnacz
22 - A contribuição significativa da manipulação a graneis na cadeia alimentar mundial – Dirk
Janssens
25 – Pragas de Grãos Armazenados e Suas Principais Características – José Ronaldo Quirino
35 – Inovação e Eficiência no Monitoramento de Grãos Armazenados Via Sensores de CO 2
– Garten
38 – Não só de pão…
39 – UTILÍSIMAS
Críticas e Sugestões: diretoria@graosbrasil.com.br
NOSSOS ANUNCIANTES
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04CONSERVAÇÃO
Proteção de Grãos
de Cacau
Prevenindo a Formação de Ácidos Graxos
Livres em Armazenamento Hermético
Shlomo Navarro
Green Storage Ltd.
snavarro@013.net
Hagit Navarro
A prática de produção de grãos de cacau é feita por meio de um processo
de fermentação, que favorece a fermentação de leveduras devido às condições
anaeróbicas parciais (Schwan e Wheals, 2004). Este processo é necessário para
moderar o sabor inicialmente amargo e desenvolver o sabor típico do cacau.
Após a fermentação, a infestação dos grãos de cacau começa nas esteiras de
secagem e continua no armazenamento. As condições climáticas nos trópicos
são caracterizadas por altos níveis de umidade de 70 a 90% H.R. e temperaturas
em torno de 30 o C, ideais para o desenvolvimento de insetos e bolores de armazenamento
nos grãos de cacau.
A contaminação da superfície é uma importante fonte de fungos em grãos
de cacau fermentados e secos. De acordo com Pitt e Hocking (1997), as espécies
de Aspergillus são os fungos de decomposição predominantes em zonas
tropicais e as espécies de Penicillium são encontradas em zonas mais temperadas.
As propriedades da lipase fúngica e a capacidade de produção de micotoxinas
de fungos isolados de grãos de cacau crus mostraram boas evidências
para apoiar suas potenciais habilidades toxigênicas e teor de ácidos graxos livres
(FFA) (Guehi et al., 2007). A manteiga de cacau é definida como a gordura
obtida dos grãos de cacau que não deve conter mais de 1,75% de AGL (expresso
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONSERVAÇÃO 05
Condições de armazenamento
Os teores de água testados foram de aproximadamente
7,0%, 7,5% e 8,0%. A cada nível de teor de água, cerca
de 0,56 kg de amêndoas de cacau foram colocados em
potes de vidro de 0,95L de capacidade. O armazenamento
aeróbico e hermético em três teores de água foi repetido
quatro vezes. Os grãos de cacau foram armazenados
em temperatura controlada de 30 o ±1 o C por 90 e 160 dias.
Além dos controles mantidos a 30 o C, outro conjunto de
frascos foi mantido a 4 o C em duas repetições.
em ácido oleico) (FAO/OMS, 1999).
Os besouros de armazenamento são atraídos pelos
grãos de cacau e causam danos perfurando os grãos ou
alimentando-se do grão (Jonfia-Essien, et al., 2004). Atualmente,
alguns métodos são aplicados para obter baixo
teor de AGL nos grãos de cacau: armazene os grãos em
baixa temperatura (4 o C) ou seque-os. O armazenamento
hermético forneceu um método de armazenamento bem-
-sucedido para a proteção de grãos de cacau secos, substituindo
fumigantes para controle de insetos e preservação
da qualidade (Navarro et al, 2007). O armazenamento hermético
é obtido em estruturas plásticas flexíveis especialmente
construídas e baseia-se no princípio de gerar uma
atmosfera intersticial rica em dióxido de carbono e pobre
em oxigênio causada pela respiração de organismos vivos
em armazenamento selado.
Este trabalho tem como objetivo estudar os efeitos do
armazenamento de amêndoas de cacau com teor de água
de 7,0 a 8,0% em condições aeróbias e hermeticamente
fechadas sobre o desenvolvimento de AGL nas amêndoas.
Materiais e métodos
Conteúdo de água
Foram utilizados grãos de cacau importados de Gana e
seus níveis de água foram verificados no início do armazenamento
e após 90 e 160 dias de armazenamento usando
sensores eletrônicos que medem a atividade da água (Rotronic,
Instrument Ltd., Crawley UK) convertida em conteúdo
de umidade (úmido base). Os grãos de cacau testados
tinham uma umidade relativa de equilíbrio inicial (RHE) de
69% equivalente a um teor de água de 7,2%. Para aumentar
o teor de água, calculou-se a quantidade total de água
necessária para atingir o teor de água determinado e aplicou-se
em pequenas alíquotas sucessivas sobre o feijão
espalhado em camada única sobre manta de polietileno.
Foi dado tempo para que a água adicionada fosse absorvida,
e esse procedimento foi repetido até que a quantidade
calculada de água fosse adicionada e absorvida. Após
o ajuste da água, essas amostras foram equilibradas por
pelo menos 4 semanas a 4 o +1 o C.
Métodos de teste
Taxa de respiração de grãos de cacau
A taxa de respiração foi determinada com base no
consumo de oxigênio e dióxido de carbono emitido pelos
grãos de cacau usando o monitor de oxigênio (Emproco
Ltd., HGA11-PB, Israel) equipado com portas de entrada
e saída de gás que permitiam a circulação do gás através
de um circuito de gás. Sistema de fluxo através de tubos
flexíveis conectados aos dois tubos de cobre soldados à
tampa da garrafa. A extremidade superior de cada tubo
de cobre foi equipada com válvulas bidirecionais tipo T do
lado de fora dos vasos localizados entre cada tubo flexível
e de cobre. Semelhante à concentração de oxigênio, o dióxido
de carbono emitido pelos grãos foi medido usando
um analisador de dióxido de carbono Gow-Mac modelo
20-600 usando um detector de condutividade térmica.
Conteúdo AGL
No início do armazenamento, bem como após 90 e 160
dias de armazenamento, os grãos de cacau foram analisados
quanto ao teor de AGL de acordo com o método
do Bureau Internacional de Cacau, Chocolates e Balas de
Açúcar (IOCCC 1996). Neste método, a % AGL foi calculada
como % de ácido oleico.
Resultados
As Figuras 1, 2 e 3 mostram as concentrações médias
de gás das quatro réplicas refletindo as mudanças
na concentração de oxigênio e dióxido de carbono do teor
de água de 7%, 7,5% e 8,0% dos grãos. cacau armazenado
sob condições herméticas por 90 dias a 30 o C , respectivamente.
O esgotamento progressivo das concentrações
de oxigênio foi acompanhado pelo aumento do dióxido de
carbono que evoluiu dos organismos vivos que prevaleceram
nos grãos testados. A menor concentração de oxigênio
(<0,5%) foi registrada com teor de água de 7,0% após
35 dias, com teor de água de 7,5% após 29 dias e com teor
de água de 8,0% após 26 dias de armazenamento e, posteriormente,
sem aumento significativo na concentração de
Figura 1: Alterações na concentração de oxigênio e dióxido de carbono de
grãos de cacau com teor de água de 7,0% armazenados em condições herméticas
por 160 dias a 30 o C. Os resultados são médias de quatro réplicas.
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06CONSERVAÇÃO
Figura 2: Alterações na concentração de oxigênio e dióxido de carbono de
grãos de cacau com teor de água de 7,5% armazenados em condições herméticas
por 160 dias a 30 o C. Os resultados são médias de quatro réplicas.
Figura 3: Alterações na concentração de oxigênio e dióxido de carbono de
grãos de cacau com teor de água de 8% armazenados em condições herméticas
por 160 dias a 30 o C. Os resultados são médias de quatro réplicas.
oxigênio foi observado. A maior concentração de dióxido
de carbono a 7,0%, 7,5% e 8% de teor de água foi de 20,2,
25,3 e 25,8%, respectivamente.
Não houve mudanças significativas na porcentagem
de oxigênio e dióxido de carbono do teor de água de 7,0%,
7,5% e 8,0% das amêndoas de cacau armazenadas sob
condições aeradas por 160 dias a 30°C. Foram mantidas
concentrações próximas a 20% de oxigênio e entre 2,8 e
5,0% de dióxido de carbono.
A Tabela 1 mostra o AGL (% de ácido oleico) de grãos
de cacau a 7,0%, 7,5% e 8,0% de teor de água armazenado
em condição hermética a 30°C, sob condições aeradas a
30°C e 4°C a 0 d, 90 d e 160 d de armazenamento. Os resultados
foram relatados como a média de quatro réplicas
e o desvio padrão calculado para cada conjunto. Os resultados
da Tabela 1 indicam claramente que os níveis de
"...O armazenamento hermético
forneceu um método de
armazenamento bem-sucedido
para a proteção de grãos de
cacau secos, substituindo
fumigantes para controle
de insetos e preservação da
qualidade (Navarro et al, 2007). "
AGL em condições seladas de 7,0% de teor de água após
90 dias de armazenamento são mais comparáveis aos resultados
obtidos quando os grãos de cacau estavam a 4°C
em vez dos controles para os quais houve uma redução
significativa e aumento acentuado nos níveis de AGL de
0,70% para uma média de 0,95%.
Após 160 dias de armazenamento, os resultados de
AGL não diferiram significativamente em relação ao controle,
mas com 8,0% de teor de água houve um aumento
acentuado no teor de AGL no controle (1,48% de AGL).
Devido ao aumento moderado de AGL, e testes adicionais
para infestação e grãos quebrados revelaram que os grãos
de cacau eram saudáveis e de boa qualidade com uma
porcentagem de grãos quebrados inferior a 1%.
Discussão
Dentre os fungos filamentosos potencialmente micotoxigênicos
encontrados por Rahmadi et al., (2008) em
amostras de amêndoas de cacau, as principais espécies
foram Aspergillus flavus, A. niger, A. goingii, A. clavatus,
Penicillium citrinum e P. spinolosum. Aspergillus spp. requer
temperatura mais alta, mas menor atividade de água
em comparação com Penicillium spp., e também cresce
mais rápido (Hocking, 2006). Embora Penicillium spp. produz
esporos mais resistentes a produtos químicos (Hocking,
2006; Pitt, 2006), Guehi et al., (2007) descobriram
que o acúmulo de AGL em grãos de cacau crus pode ser
atribuído principalmente à presença e ação de Rhizopus
oryzae e Absidia corymbifera.
Durante o armazenamento, besouros e traças danificam
os grãos de cacau secos perfurando-os. Os grãos de
cacau são então descascados devido ao seu mecanismo
de defesa natural, atraindo larvas de mariposas (Jonfia-
-Essien, 2004) e permitindo que os fungos penetrem nos
grãos. Aumentar os níveis de grãos quebrados e fragmentos
em uma remessa pode aumentar significativamente o
teor médio de AGL da gordura processada. Quanto maior o
teor inicial de AGL dos grãos de cacau crus, ou quanto menor
a qualidade dos grãos, maior será o aumento de AGL.
Os bolores podem produzir lipase (Wood e Lass, 1985)
que, em contato com a manteiga de cacau de grãos de
cacau quebrados, libera AGL de triglicerídeos. Guehi et al.,
(2008) demonstraram que o teor de AGL em grãos de cacau
quebrados artificialmente aumentou substancialmente,
independentemente da qualidade inicial dos grãos de
cacau. Seu baixo teor de AGL em grãos de cacau inteiros
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONSERVAÇÃO 07
e saudáveis aumentou de 0,48 para 0,78% e não mostrou
nenhuma mudança apreciável ao longo de 12 semanas de
armazenamento. Este trabalho foi realizado usando grãos
de cacau de alta qualidade importados de Gana que continham
uma porcentagem muito baixa de grãos rachados
ou quebrados (<1%) e, conseqüentemente, o AGL inicial
era de 0,70%. De acordo com as regras de classificação e
comércio de amêndoas de cacau (Governo da Índia, 1997),
a porcentagem de amêndoas quebradas não deve exceder
3% para qualidade de grau A.
Em trabalhos anteriores usando atmosferas biogeradas
de produtos de cacau armazenados para preservação
da qualidade e controle de insetos, onde a respiração dos
grãos de cacau reduziu a concentração de oxigênio para
<1% e aumentou a concentração de dióxido de carbono
em até 23%, nenhum inseto sobreviveu, portanto, a qualidade
do cacau feijão foi preservado (Navarro et al, 2007,
Jonfia-Essien et al, 2008 a, b).
Em conclusão, o armazenamento de grãos de cacau
em estruturas hermeticamente fechadas inibe a atividade
de pragas de insetos e o desenvolvimento de fungos;
como consequência, o AGL derivado do desenvolvimento
da microflora foi inibido. Muito provavelmente, as micotoxinas
toxicogênicas também são inibidas, embora isso
exija uma investigação mais aprofundada por um período
prolongado em estruturas hermeticamente fechadas com
uma porcentagem maior de grãos quebrados ou grãos de
cacau de baixa qualidade.
Tabela 1: Teor de AGL (% ácido oleico ± desvio padrão) de amêndoas de cacau com teor de água de 7,0%, 7,5% e 8,0% armazenadas em condições herméticas e
aeradas a 30° e 40°C no início do armazenamento, após 90 dias e após 160 dias de armazenamento.
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08CONTROLE DE PRAGAS
Controle de Roedores
Estações de Isca Ignoradas por Roedores
Eng. Agr. Marcelo Hoyos
Responsável Técnico de Higiene Ambiental
BASF Argentina SA
Consultas: ambiental-ar@basf.com
Revisão e correção:
Jefferson Andrade
BASF Brasil S.A
As caixas porta iscas são implementos amplamente utilizados, recomendados
e utilizados no Manejo Integrado de Roedores em todo o mundo. Compreender
seu papel, pontos fortes e limitações permitirá um trabalho mais eficiente
no campo. Compartilho com os profissionais técnicos minhas reflexões e comentários
com base na experiência de campo e na bibliografia que trata deste
importante tema.
Esses implementos foram projetados para:
• evitar que crianças e animais tenham acesso ocasional às iscas;
• permitir a fixação das iscas, prevenindo que acidentalmente se movam
para área externa;
• proteger as iscas e prevenir seu deterioramento em decorrência dos efeitos
do meio ambiente, tais como chuvas, ventos, calor e entre outros;
• facilitar o mapeamento dos pontos de iscagem para melhor organização e
planejo bem como para programas auditáveis;
• monitorar de forma mais simplificada o consumo e reposição das iscas;
• evitar furtos das iscas caso o porta isca ofereça dispositivo de segurança;
• conceder em seu interior um ‘espaço protegido” para o roedor consumir as
isca de maneira abrigada. Mas coloco esse ponto em discussão, por dois
fatores, o comportamento dos roedores em mover as iscas a suas tocas
e/ou abrigo que o considerem mais seguro e a própria neofobia (medo de
qualquer coisa nova).
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONTROLE DE PRAGAS 09
As formulações, formatos e tamanhos comerciais são
diversos. Em algumas indústrias são exigidas uma certa resistência
a impactos, golpes, quebra e trava de segurança.
Por muitas vezes recomenda-se a fixação das porta
iscas ao piso, estabelecendo o que se chama de ponto de
iscagem entre outros nomes como, ponto de monitoramento,
ponto permanente de envenenamento (PPE) e etc.
Os pontos de iscagem comumente levam adesivos ou
placas com inscrições relacionadas às empresas de controle,
contendo a o número ou identificação do porta isca,
data do monitoramento e legendas alertando “Cuidado
Veneno”.
Mas, nestas descrições, não é indicado o real papel que
os porta iscas desempenham no controle de roedores à
campo. Podem-se pensar que os roedores encontrarão
e consumirão em seu interior iscas rodenticidas, ou que
ficarão presas em placas de colas ou até mesmo que os
roedores serão aprisionados e mortos em seu interior. Isso
parece ideal, mas sabemos que nem tudo é tão linear.
Na prática tudo se torna mais complexo e aspectos
relacionado a caixa porta iscas, o tipo de isca utilizada e
sobretudo ao comportamento dos roedores devem ser
analisados.
Determinar os pontos de iscagem sistematicamente
ao longo das áreas a serem tratadas não nos garante total
controle das colônias de roedores que infestam o ambiente
infestado em questão. Equivocadamente podemos
ter falsos negativos, ou seja, nem sempre o não consumo
das iscas dentro das caixas porta iscas é sinônimo de um
ambiente controlado, pois muitas vezes, os roedores ao
menos o visitaram.
Roedores frente as caixa porta iscas.
Uma pergunta recorrente que os profissionais de controle
de pragas nos fazem é: em certos casos os roedores
estão ativos, mas não entram nos dispositivos porta iscas.
Nem sempre os roedores entram nos dispositivos porta
iscas, mesmo quando bem localizados. A decisão dos
roedores de fazê-lo ou não, depende de múltiplos fatores.
Os comportamentos dos membros de uma colônia diferem
uns dos outros no mesmo ambiente.
Os roedores têm diferentes atividades e papéis para os
quais a decisão de entrar em uma caixa porta iscas com
iscas ou placas de colas (com atrativo) pode não ser uma
prioridade para eles.
A neofobia a caixas ou até mesos as iscas poderia ser
uma das muitas explicações, mas podemos analisar outras
relacionadas a hábitos circunstanciais dos roedores
nos quais eles investem seu tempo em aspectos que descrevemos
a seguir:
• Tempo dedicado à reprodução. Quando as fêmeas
entram no cio há um ambiente caótico com brigas e
correrias. Os adultos concentram-se na cópula;
• Tempo dedicado a lutas por território ou disputas entre
os dominantes da mesma colônia. Nem tudo é
harmonia;
• Tempo gasto em tarefas de construção de ninhos,
tocas e passagens, que consomem energia;
• Tempo investido na limpeza e manutenção das tocas;
• Competição com outras fontes alimentares. Pode
haver alimento suficiente para a colônia e não necessitarem
buscar por fontes novas, como as próprias
iscas;
• São metódicos e memorizam suas rotas de forrageamento,
se o ponto de iscagem não estiver próximo
aos seus caminhos pode não haver o interesse ou
necessidade de ingressar nas caixas porta iscas;
• Nem todos os indivíduos saem para explorar o ambiente
em busca de alimentos, pois há hierarquias e
idades diferentes. Roedores jovens, por exemplo, são
muito receosos, transitam normalmente são ao redor
ou muito próximos fora de seus ninhos;
• Roedores dominantes (como alfas e betas) são normalmente
os que podem acessar os pontos de iscagem
longe de seus ninhos e de fato, esses representam
apenas uma parte da colônia;
• A presença ou medo de predadores. As trilhas e caminhos
por eles marcados são locais por vezes expostos
a predadores e os roedores preferem correr
por eles com velocidade suficiente até chegarem ao
abrigo transitório, caverna de passagem, toca ou local
de alimentação. Os roedores se movem sabendo
que correm o risco de serem predados.
• Os roedores exploram o ambiente sabendo que correm
riscos. Suas trilhas e caminhos marcadas por
graosbrasil.com.br
10CONTROLE DE PRAGAS
"Colocar caixas de iscas
sistematicamente em um
ambiente não nos dá garantia
total de controle das colônias
de roedores que se instalam
naquela propriedade. "
eles são muitas vezes ambientes expostos a predadores,
portanto, por muitas vezes preferem correr em
altas velocidades entre os pontos de alimentação e
seus ninhos ou abrigos, o que impedi exploração a
fontes novas de alimentos.
Outros aspectos relacionados a nossas atividades de
controle.
• A caixa porta iscas é um elemento geralmente feito
de material plástico que pode perturbar a arquitetura
do ambiente colonizado. Isso pode gerar neofobia
que pode ser temporária ou até mesmo permanente;
• Que elementos ou tipo de iscas está dentro que poderia
encorajar um roedor a entrar nas caixas porta
iscas? Bloco rodenticida ou apenas uma placa de
cola?;
• A relativa abundância de alimentos disponíveis em
relação à presença e qualidade nutricional das iscas
no porta iscas;
• Quantos blocos de rodenticidas (dose por ponto
de iscagem) são colocados dentro dos porta iscas.
Quanto mais blocos houver, maior será o interesse
do roedor em entrar;
• Possível rejeição devido a caixas de iscas contaminadas
com odores estranhos à colônia (por exemplo,
cheiro de inseticidas, combustível, etc.);
• A localização das caixas porta iscas estão de acordo
com locais estratégicos ou está distante deles? Isso
é frequentemente visto em programas de controle de
Rattus rattus, onde as caixas são colocadas apenas
no nível do solo e não contemplam iscagens em partes
altas, por onde essa espécie pode frequentar;
• Aspectos sobre a qualidade da isca rodenticida utilizada
é outro ponto que não é considerado e se
expressa em sua palatabilidade/atratividade e propriedades
nutricional da isca, bem como seu estado
(deterioração). Existem muitos aspectos que devem
ser considerados ao escolher uma isca de qualidade;
• As aberturas de acesso à caixa de iscas podem ser
pequenas. O tamanho das aberturas nos porta iscas,
se forem muito pequenas, podem limitar a entrada
dos roedores;
• As iscagens fixas em perímetros (pontos mais tradicionais)
nem sempre abrangem os locais de atividades
dos roedores. Em “fases de ataque” (quando
estamos iniciando o controle ou há um pico de infestação)
esses sistema de iscagem fixas em perímetros
não são tão funcionais, pois não permitem
a flexibilização ou adaptação de pontos de iscagem
mais efetivos, conforme o programa de controle e
diagnósticos aferidos anteriormente que levam em
consideração o comportamento e como os roedores
exploram o ambiente.
Para que um roedor seja controlado após consumir
uma isca raticida localizada dentro de uma caixa porta
iscas, uma cadeia de decisões prévias deve ser estabelecida:
1. Que o roedor encontre um dispositivo porta iscas em
sua área de confiança ou segurança;
2. Que acesse ao interior do porta iscas sem inconvenientes;
3. Que ao fazer o contato com a isca permita manipulá-
-la de forma segura;
4. Que o roedor consuma a isca de forma confortável e
a deguste sem rejeição;
5. Que por fim, consumam minimamente a dose letal
da isca utilizada. A dose letal dos produtos comerciais
pode variar aproximadamente de 1,3g a 9g por
roedor. Ou seja, a dose letal muda dependendo do
ingrediente ativo anticoagulante e de sua quantidade
presente na formulação, além da espécie alvo a
ser controlada. Se o roedor não chegar a consumir
a dose letal estabelecida pelo seu peso corporal, o
roedor não será intoxicado.
Sabemos que esse processo linear é afetado por muitos
fatores. Sabemos que as iscas rodenticidas comerciais
têm diferentes qualidades e conteúdos nutricionais
e isso define claramente o interesse: neofilia/consumo, ou
neofobia/rejeição as iscas.
Muitos blocos são feitos com uma base com alto teor
de parafina e este produto não é um alimento palatável e
nutritivo para o roedor. Não é o caso dos blocos prensados
onde 99,9% do bloco é alimento nutritivo à base de grãos
e farinhas, como apresentado no rodenticida Storm® com
formulação exclusiva.
Resumo
Em resumo, acredito que antes de analisar a questão
das caixas porta iscas, devemos começar com um
bom diagnóstico prévio a cada visita, pois esta é a base
de qualquer programa profissional de manejo integrado.
Dessa forma, será possível determinar a escolha e o uso
correto dos porta iscas, escolher o melhor rodenticida, definir
a localização estratégica de acordo com as espécies
presentes e analisar o risco potencial da infestação considerando
o comportamento dos roedores dominantes e a
colônia como um todo.
O diagnóstico correto permite, entre outras coisas,
como, definir o código de comportamento específico para
cada colônia dentro da espécie e entre espécies. O conhecimento
desses padrões é a essência do programa de
controle. Sem diagnóstico não há programa de controle
bem sucedido.
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
LOGISTICA
11
www.graosbrasil.com.br
12TECNOLOGIA
Correias
Transportadoras
Bühler
Excelência em Soluções para
Transporte de Grãos
Najib Hamdoun
Gerente de Vendas
najib.hamdoun@buhlergroup.com
www.buhlergroup.com
Tecnologia e know-how técnico contribuem para a melhoria de desempenho
e performance operacional com equipamentos para portos.
Com dimensões continentais e uma produção agrícola considerada referência
no mundo todo, o Brasil tem uma longa história quando o assunto é o transporte
e o manejo de grãos. E para as indústrias que atuam no segmento, é inegável
a importância — e urgência — do desenvolvimento e da implementação de
tecnologias e soluções integradas capazes de otimizar o desempenho e reduzir
desperdícios durante o transporte de granéis sem comprometer a qualidade,
desde a produção até o consumo.
É por isso que a Bühler aplicou todo o seu conhecimento técnico na área de
transporte de grãos para criar um portfólio completo de correias transportadoras.
A tecnologia das correias Bühler permite manter os mais elevados padrões
de excelência operacional, aumentando a eficiência e o cuidado no transporte
dos grãos, diminuindo perdas e assegurando ciclos de trabalho ainda mais longos
e completos.
Tecnologias de transporte têm impacto direto na qualidade final
O nível da tecnologia empregada em correias transportadoras está direta-
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
TECNOLOGIA 13
mente ligado à melhoria de desempenho, performance
e disponibilidade operacional que os equipamentos oferecem.
Não por acaso, esse é, hoje, um critério de suma
importância para a rentabilidade de qualquer operação —
em especial para os processos de carga, descarga e movimentação
para portos e terminais graneleiros.
Isso porque essas soluções de transporte para grãos
devem ser precisas, resistentes e delicadas durante todo o
ciclo operacional, evitando a quebra dos grãos e reduzindo
os índices de desperdício durante a movimentação. Nesse
contexto, a Bühler apresenta em seu portfólio de correias
transportadoras uma tecnologia projetada especificamente
para grande durabilidade, com componentes de alta
qualidade para assegurar uma vida útil longa.
Além disso, outra característica importante das correias
transportadoras da Bühler é que elas foram desenvolvidas
para a aplicação em portos e terminais de carga
para navios. Uma solução que oferece robustez e alta capacidade
de transporte por longas distâncias, com total
integração para silos e instalações portuárias.
Tudo isso com especificações que ajudam a garantir a
segurança da operação. Afinal, as transportadoras Bühler
contam com uma interface de controle prática, automatizada
e intuitiva, para oferecer mais segurança aos operadores.
Vale destacar ainda que nossas soluções para transporte
e manuseio de grãos em portos são desenvolvidas
em conformidade com normas globais de responsabilidade
ecológica. Na prática, isso significa o mínimo de emissão
de partículas e pó, minimizando o impacto ambiental
nos portos e nas comunidades ao redor.
Entenda as principais vantagens das correias transportadoras
da Bühler
São diferentes opções de equipamentos e ampla gama
de recursos opcionais modulares, que oferecem as soluções
ideais para atender às suas necessidades específicas.
Assim, quando falamos em tecnologia Bühler para o
transporte de grãos, as soluções chegam até o mercado
portuário em dois modelos:
• Correia Transportadora Enclausurada (LBIA): Projetada
para atender às necessidades do mercado atual,
oferecendo um manuseio de grãos silencioso, ágil
e livre de poeira, oferecendo duas configurações de
suporte à correia, com carretel ou com roletes.
• Transportador de Correia Convencional (LBAB): Equipamento
projetado para funcionar com ampla variedade
de capacidades, tudo no conhecido design
aberto clássico, como uma solução econômica e
eficiente, pode ser ofertado com cobertura para ambientes
abertos.
Construídas para transporte cuidadoso dos grãos
Sabemos que grãos sensíveis e abrasivos exigem muito
cuidado. Sendo mais suaves do que outros equipamentos
mecânicos, as correias transportadoras Bühler criam
menos atrito e praticamente não causam quebras. O grão
corre apenas na esteira e, por isso, os resíduos de produtos
causados pelo contato com outros componentes são
eliminados.
Instalação simplificada, rápida e segura
O projeto modular também oferece montagem simples
e substituição fácil de peças desgastadas, reduzindo o
tempo de paradas e maximizando resultados.
Além disso, clientes e parceiros Bühler ainda contam
com a mais ampla gama de equipamentos e componentes
de reposição do mercado, disponíveis ao alcance de um
clique e prontos para atender necessidades customizadas
nas mais variadas aplicações e condições de trabalho,
com robustez e eficiência.
Por isso, converse com nosso especialista, conheça
nossas soluções e descubra como podemos, juntos, criar
um futuro melhor!
www.graosbrasil.com.br
14CONSERVAÇÃO
Uma Análise Sobre
Reposição de
Teor de Umidade
Marcos Wendt
Instrutor do Curso Excelência
em Conservação de Grãos
Linkedin: marcoswendt
Conta o relato da Sagrada Escritura que em certa ocasião São Pedro questiona
o Cristo acerca do número de vezes que se deveria perdoar algum ofensor
reincidente, se sete vezes seria satisfatório, ao que Jesus lhe responde prontamente
que não apenas sete, mas setenta vezes sete, apontando assim para
um padrão de virtude e piedade extremamente elevado, de modo que deixa o
apóstolo perplexo com a resposta.
O assunto que pretendo abordar nesta edição não tem qualquer relação com
teologia, embora o diálogo acima me faça lembrar de outra afirmativa que já
ouvi inúmeras vezes, porém envolvendo teor de umidade de grãos.
Diz a lenda que umedecer os grãos depois de secos é sete vezes mais difícil
do que secá-los. Quem fez a conta, por horas não tenho a menor ideia de quem
seja, no entanto afirmo que, não apenas sete, mas seguramente “setenta vezes
sete”.
Trocadilhos à parte, cabe entender alguns pontos básicos envolvendo o
tema de modo a evitar algumas conclusões e expectativas por vezes irrealizáveis
na prática.
Em primeiro lugar, devemos ter em mente algumas questões sobre o comportamento
higroscópico dos grãos.
Por serem higroscópicos, os grãos buscam constantemente uma relação de
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONSERVAÇÃO 15
equilíbrio com o ambiente à sua volta, de modo a encontrarem
uma condição em que a pressão de vapor interna
encontre igualdade com a pressão externa.
Uma vez encontrada essa razão dizemos que os grãos
estão em equilíbrio higroscópico com o ambiente, no nosso
caso o ar intersticial da massa de grãos.
Essa razão de equilíbrio por sua vez é diferente para
cada tipo de grão, ou seja: para uma mesma condição de
temperatura e umidade relativa ambiente, grãos diferentes
encontram razões de equilíbrio diferentes.
Para uma umidade relativa ambiente de 75% grãos de
soja, milho e trigo, apresentam teores de umidade de equilíbrio
de 14%, 15% e 16% respectivamente.
Devemos considerar, no entanto, que o alcance desse
equilíbrio não ocorre de maneira instantânea.
São necessários vários dias, as vezes semanas, para
que os grãos encontrem essa razão de equilíbrio de forma
plena.
Isso pode ficar mais claro no gráfico a seguir (figura
01), onde podemos ver a evolução do teor de umidade
quando em dessorção (grãos em processo de secagem).
No gráfico os grãos (de trigo) partem de um teor de
umidade inicial de 22% e temperatura estabilizada em
22,5°C sendo submetidos à 03 condições diferentes de
umidade relativa, 35%, 60% e 80%.
Podemos perceber, analisando o gráfico (figura 01),
uma queda acentuada no teor de umidade dos grãos nos
primeiros 03 dias. Após o terceiro dia a queda de teor de
umidade diminui e inicia-se um processo de “ajuste fino”
dos mesmos à condição ambiente.
Podemos perceber que os grãos levam cerca de 10 a
15 dias para atingirem o equilíbrio higroscópico.
Figura 1: Tempo em dias para equilíbrio em dessorção.
Um movimento semelhante ocorre quando temos uma
situação de umedecimento dos grãos (adsorção), conforme
podemos observar no gráfico da figura 02 onde temos
novamente grãos de trigo, agora partindo de um teor de
umidade próximo de zero, novamente com temperatura
estabilizada em 22,5°C em três valores distintos de umidade
relativa, 35%, 60% e 80%.
Observando o gráfico podemos notar novamente um
movimento rápido nos primeiros 04 dias e depois uma estabilização
sendo alcançada em torno de 15 dias.
Figura 2: Tempo em dias para equilíbrio em adsorção.
Vale frisar também que o ajuste se torna mais lento à
medida que os grãos estejam mais próximos de atingirem
o ponto de equilíbrio.
Podemos ver, observando o gráfico (figura 02), que os
grãos com 12% de teor de umidade levam em torno de 15
dias para alcançar teor de umidade de equilíbrio de 12,5%
para umidade relativa de 60% (ver curva vermelha do gráfico).
Para uma análise mais segura sobre o tema, entretanto,
é necessário ainda levarmos em conta outro fenômeno
que atinge os grãos, a sorção.
Devido sua característica higroscópica os grãos tendem
a perder (dessorção) ou absorver (adsorção) água em
forma de vapor do ambiente.
No entanto, quando os grãos perdem umidade (dessorção)
acabam passando por algumas modificações em
sua estrutura, de modo que os espaços porosos que continham
água acabam se contraindo. Com isso suas relações
de equilíbrio higroscópico acabam sendo alteradas,
pois perdem a capacidade de repor a mesma quantia de
água que tinham sob a mesma umidade relativa ambiente.
Essa diferença no teor de umidade de equilíbrio dos
grãos quando em dessorção ou adsorção chamamos de
histerese. Veja o gráfico a seguir (figura 03) onde podemos
visualizar esse fenômeno para uma melhor compreensão.
Como podemos perceber analisando o gráfico, para
uma umidade relativa ambiente “X” os grãos encontram
diferentes teores de umidade para dessorção (A) e adsorção
(B).
Podemos perceber também que, para recuperar o teor
de umidade em adsorção (B), de forma a buscar equivalência
com o teor em dessorção (A), necessitamos uma
umidade relativa ambiente “X+”. Ou seja: uma vez que os
grãos foram secos, fazer a reposição do teor de umidade
requer uma umidade relativa de equilíbrio consideravelmente
mais alta e, como vimos no gráfico da figura 02,
os grãos necessitam ficar expostos à essa condição por
vários dias.
A seguir temos uma tabela (figura 04), onde podemos
ver a diferença de teor de umidade em adsorção e dessorção
para grãos de arroz em casca com temperatura estabilizada
em 25°C.
graosbrasil.com.br
16CONSERVAÇÃO
Figura 3: Isotermas da histerese
Figura 4: Teor de umidade em adsorção e dessorção
Podemos perceber que, para uma umidade relativa
de 70%, por exemplo, encontramos teores de umidade de
11,8% e 13,4% para adsorção e dessorção, respectivamente;
uma diferença de 1,6%.
Observando os dados da tabela e as curvas do gráfico
podemos facilmente chegar a uma conclusão simples:
repor teor de umidade requer umidades relativas mais
elevadas.
Vejamos ainda outro ponto interessante: se compararmos
teores de umidade (figura 04) com valores semelhantes
em adsorção e dessorção encontraremos umidade
relativa de equilíbrio com 10% de diferença entre ambos,
confirmando o que demonstra o gráfico da figura 03. Veja:
Dessorção: teor de umidade 13,4% - UR equilíbrio 70%
Adsorção: teor de umidade 13,6% - UR equilíbrio 80%
Dito isto, considerando a ideia de “devolver” umidade
aos grãos, devemos avaliar também algumas questões
quanto à psicrometria e as alterações nas caraterísticas
do ar ocorridas durante a realização de aeração, considerando
este ser o meio utilizado para insuflar ar na massa
visando a manipulação das condições de temperatura e
umidade intersticiais.
Para que a aeração seja feita de forma correta e preservado
o teor de umidade dos grãos sem provocar secagem,
devemos considerar a perda de umidade, devido
o acréscimo de temperatura, a qual ocorre no sistema de
aeração devido à pressão, atrito e turbilhonamento do ar
no interior de ventiladores e canalizações. Assim, é de extrema
importância que essas correções sejam feitas.
Fazendo uma ligeira análise na Carta Psicrométrica (figura
05) podemos perceber que, com elevação de 03°C na
temperatura do ar ambiente (valor geralmente considerado
para esse cálculo na maioria das literaturas técnicas)
temos uma quebra de umidade relativa próxima à 10%.
Observando o gráfico (figura 05) temos temperatura de
Bulbo Seco em 25°C (linha vermelha) com umidade relativa
em 70% (curva verde).
Elevando a temperatura de bulbo seco em 03°C (linha
laranja) vamos encontrar umidade relativa próxima a 60%
(curva magenta), uma queda de cerca de 10%.
Assim, para obtermos (no caso da soja, por exemplo)
um teor de umidade de equilíbrio de 14% (Umidade relativa
de equilíbrio de 75%) em condições normais iremos
necessitar uma umidade relativa ambiente próxima a 85%
para aeração, considerada a perda ocorrida.
Finalmente, visto isso, considerando que por alguma
razão promovemos secagem excessiva na massa de
grãos e pretendemos então recuperar o teor de umidade,
devemos levar alguns fatores em conta:
1. Necessitamos umidade relativa de equilíbrio mais
alta para repor umidade dos grãos, seguramente na
casa de +10%;
2. Necessitamos considerar a perda de umidade no
sistema de aeração, portanto devemos acrescer ainda
+10% de umidade relativa;
3. Devemos considerar submeter a massa de grãos por
vários dias, talvez semanas, em condições de alta
umidade relativa para buscar essa recuperação de
teor de umidade, o que constitui um risco elevado
para a conservação.
Resumindo, se para conservar os grãos em um teor
de umidade adequado tínhamos necessidade de umidade
relativa de equilíbrio na massa de grãos na casa de 75%,
para recuperar o teor de umidade após secagem excessiva
teremos necessidade de ar ambiente com umidade
relativa próxima ou acima de 90% (75%+10%+10%=95%,
um acréscimo de +20%), ou seja:
75% - umidade relativa de equilíbrio em dessorção
10% - acréscimo para compensar a adsorção
+10% - compensação devido perda no sistema de aeração
95% - Umidade relativa ambiente total para aeração
Como podemos verificar em várias literaturas técnicas,
é dito que os grãos absorvem água mais rapidamente
quando sujeitos à umidade relativa acima de 70-75%.
Nota-se, no entanto, que tal condição na massa de grãos
é bastante difícil de ser obtida por meio de aeração, visto
que nossas médias máximas de umidade relativa dificilmente
ultrapassam 85%, exceto em caso de ocorrência de
chuva.
Assim, contabilizadas as perdas de umidade ocorridas
no sistema de aeração, insuflar ar na massa de grãos com
umidade relativa acima de 70% é bastante desafiador, considerando
nosso clima.
Além da limitação climática, o risco envolvido é elevado,
visto nossas temperaturas médias de armazenagem
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONSERVAÇÃO 17
serem consideravelmente altas (entre 24-
27°C em média), o que poderia facilmente
contribuir para o rápido desenvolvimento de
fungos e deterioração.
Talvez venha daí a afirmação que diz ser
sete vezes mais difícil repor umidade nos
grãos do que tirar.
Se é esta a origem da colocação, não sei,
mas diante dos dados apresentados, acredito
que o leitor concorde que estamos mais
para setenta vezes sete, praticamente uma
Missão Impossível.
Observando os gráficos aqui apresentados,
podemos ver que a operação, além de
alto grau de dificuldade, possui também um
enorme potencial para provocar efeitos extremamente
prejudiciais para a massa de grãos.
Podemos afirmar sem grandes riscos de
errar que tal operação, ainda que milagrosamente
encontre viabilidade operacional, é
sinônimo de perdas e prejuízos potenciais.
Visto isso, cabe atenção ao manejo da
aeração, fazendo-se as devidas correções
de quebra de umidade relativa de modo a
evitar secagem excessiva para que, na hora
de expedir os grãos, não necessite recorrer
à métodos mirabolantes (quem lê entenda)
para remediar as perdas.
Figura 5: Carta psicrométrica
graosbrasil.com.br
18INFORME EMPRESARIAL
3
Dicas para Evitar
Goteiras no Galpão
da Sua Fazenda
Entre em contato,
leia o QrCode
acima!
No agronegócio, tornou-se comum o uso de estruturas metálicas para abrigar
maquinários modernos e de alto valor. Mas, para garantir que esses equipamentos
não serão danificados por alguma goteira, é extremamente importante
investir nos produtos certos para a cobertura metálica. Pensando nisso, reunimos
os três principais pontos que você deve prestar atenção durante a construção
ou reforma do telhado do seu galpão.
Invista na vedação
Você sabe que ponto do telhado metálico está mais suscetível a goteiras?
Muitos acreditam que é no parafuso, outros nas sobreposições de telhas, há
quem aposte nas passagens de tubulações e terá quem dirá que é em locais
como rufos e calhas. Sabe o que todas essas respostas têm em comum? Todas
são interferências na cobertura. A verdade é que quanto mais interferências,
maior a chance de infiltrações. Por isso, é extremamente importante investir na
vedação dessas áreas com produtos de qualidade.
Para vedar as sobreposições de telhas, o ideal é usar uma solução como a
Fita Tacky-Tape®. Como é aplicada entre as telhas, este produto age como uma
barreira física que impede o empoçamento entre as chapas em casos de chuva
com vento ou por causa do efeito de capilaridade, comum em telhados pouco
inclinados.
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
INFORME EMPRESARIAL 19
Como você já sabe, calhas e rufos
também precisam de vedação e,
neste caso, o recomendado é utilizar
um selante de alta durabilidade e resistência.
O Selante MS 435 Telhado,
por exemplo, conta com a maior durabilidade
do mercado e é extremamente
resistente às ações do tempo
e clima. Além da sua aderência em
concreto e metal, é um dos únicos
produtos do mercado que adere ao
galvalume.
As passagens de tubulações precisam
de uma solução de alta tecnologia
como a Flange Master Flash,
que envolve a base dos tubos e elimina
a possibilidade de infiltrações
nesses pontos. Quando comparado
ao uso de retalhos metálicos para
vedar esses locais, a aplicação da
Master Flash é muito mais ágil e fácil,
além de garantir a maior durabilidade do mercado.
Sobre a prevenção de infiltrações nos parafusos, vamos
falar com mais detalhes a seguir. Continue a leitura!
Escolha corretamente os parafusos
Quem não investe tempo em escolher o parafuso certo
para a sua cobertura metálica, provavelmente não demorará
a sofrer com as goteiras. Afinal, um fixador inadequado
ou de baixa qualidade pode ser o início da corrosão no
telhado, que colocará em risco os itens estocados ali.
Dessa forma, escolha o parafuso conforme o ambiente
em que ele será aplicado, garantindo que o item tenha
o revestimento com a resistência necessária. Para áreas
rurais, que normalmente tem um índice baixo de corrosão,
recomenda-se o uso de parafusos da linha Durs Ecoseal,
que têm a maior durabilidade do mercado devido ao seu
exclusivo revestimento Ecoseal®.
Além do revestimento, preste atenção no design do
parafuso. Os fixadores da linha Durs contam com arruela
EPDM com 97% de pureza, o que diminui as chances do
rompimento da arruela e o surgimento de problemas nesse
ponto. Essa arruela é alojada perfeitamente na cabeça
com flange de rebaixo profundo, dessa forma absorvendo
até 10° de inclinação sem risco de vazamento.
E se seus parafusos precisam ser trocados, o portfólio
do Grupo Hard também contempla fixadores de reparo.
Esses itens tem uma bitola com diâmetro maior, que proporciona
uma laminação de rosca completa e garante as
cargas de arrancamento necessárias para aplicação.
Conte com parceiros especialistas
Tão importante quanto escolher corretamente
os produtos que serão utilizados,
é contar com uma equipe capacitada para
efetuar o serviço corretamente. Afinal, nem
mesmo a melhor solução terá um bom desempenho
se aplicada de forma errada, não
é mesmo?
Também é extremamente importante
contar com fornecedores comprometidos
com a qualidade, como é o caso do Grupo
Hard. Seu portfólio de produtos premium
cumpre normas de qualidade nacionais e internacionais.
E, para levar a melhor solução
até você, tem um laboratório completo para
certificar a qualidade dos produtos, além de
oferecer todo o suporte técnico necessário
com uma equipe especializada.
Quer ter essa qualidade no seu galpão
ou silo? Ligue agora mesmo para (47) 4009-
7200.
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20INFORME EMPRESARIAL
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
INFORME EMPRESARIAL 21
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22TECNOLOGÍA
A contribuição
significativa da
manipulação a
graneis na cadeia
alimentar mundial
Dirk Janssens
Vigan
infor@vigan.com
Dirk Janssens da VIGAN, Bélgica, destaca o papel vital desempenhado pelo
manuseamento agribulk na cadeia de abastecimento alimentar.
O crescimento e distribuição de trigo, milho e soja foi optimizado , resultando
na sua utilização generalizada como matéria-prima na produção de alimentos
em todo o mundo. O trigo, em particular, tornou-se cada vez mais popular como
ingrediente base em vários artigos alimentares (tais como pão, bolachas, bolachas,
massas e macarrão, ...) devido à sua versatilidade, vida de prateleira, e
procura de fast food. Países como o Bangladesh, Taiwan e as Filipinas tornaram-se
importantes importadores de trigo para satisfazer as necessidades das
suas populações em rápido crescimento.
A indústria de moagem e os seus desafios
A indústria de moagem tem vindo a acompanhar estas tendências, com grupos
de moagem a investirem em novos moinhos de farinha a nível mundial para
tirar partido da crescente procura de produtos à base de trigo. A África Subsaariana,
que já foi um importador significativo de farinha, é agora um grande importador
de trigo, com grandes moinhos capazes de processar até 5000-10.000
t por dia, tornando-se cada vez mais comuns. Com populações em rápido cres-
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
TECNOLOGÍA 05
cimento em países como a Nigéria e a Etiópia, é crucial
que a indústria de moagem disponha das infra-estruturas
necessárias para satisfazer a procura. Para o conseguir,
as operações de moagem devem ser em grande escala e
estrategicamente localizadas para tirar partido das economias
de escala e para aumentar o poder de compra. As organizações
de moagem levaram as suas operações para o
nível seguinte, estabelecendo as suas próprias empresas
e navios de comercialização de trigo. Estes navios, tais
como o Panamax, têm a capacidade de transportar 60.000
toneladas de trigo. Para assegurar a qualidade do seu stock,
estes grupos de moagem adquirem estrategicamente
o trigo e armazenam-no cuidadosamente. Este é o estado
da indústria de moagem em 2023, com um forte enfoque
na satisfação das exigências dos consumidores.
Próximas tendências
No futuro, as novas técnicas agrícolas, a genética e as
alterações climáticas são susceptíveis de trazer novos actores
para a indústria. A cadeia logística sofreu alterações
significativas, com embarcações de maiores dimensões,
canais alargados, e rios e portos dragados a acomodar a
procura crescente. A recente pandemia da COVID-19 destacou
os estrangulamentos na cadeia, tais como a fiabilidade
do equipamento e os custos de manutenção, tornando
os potenciais clientes mais cautelosos quanto às
suas compras de equipamento logístico. A manipulação
do agribulk está a tornar-se cada vez mais complexa devido
a normas de qualidade, regulamentos de segurança alimentar
e preocupações de contaminação. Para minimizar
estes riscos, toda a cadeia, desde a exploração agrícola
até à mesa, está a evoluir para garantir o manuseamento
seguro e eficiente do agribulk.
Os avanços na tecnologia levaram a transformações
notáveis em várias técnicas utilizadas na indústria. Por
exemplo, carregar, transportar, elevar, e descarregar. Estes
processos têm sofrido melhorias substanciais nos últimos
tempos.
Técnicas de carregamento e descarregamento ecológicas
Outra tendência é a proximidade de áreas industriais e
urbanas, levando a uma maior preocupação com a poluição
atmosférica, poeira e ruído. Os carregadores e descarregadores
devem não só ser fiáveis, eficientes em termos
energéticos, mas também limpos e silenciosos para satisfazer
os elevados padrões estabelecidos pelas fábricas
de alimentos para consumo humano e animal. Devido à
actual crise energética e aos limitados recursos fósseis, o
equipamento energeticamente eficiente é também muito
procurado. Os carregadores e descarregadores devem ser
capazes de manusear diferentes tamanhos de embarcações
e cargas e ser de fácil utilização, seguros, sem pó, e
silenciosos. .
A crise energética e os esforços globais para reduzir as
emissões de carbono colocaram as pelotas de madeira,
uma solução de economia circular, no centro das atenções.
Tanto indivíduos como empresas estão a recorrer a
pellets de madeira para cumprir as suas responsabilidades
ambientais, mantendo os custos sob controlo. As centrais
eléctricas e os produtores de energia estão a modernizar-
-se com inovações de ponta, incluindo pellets de madeira,
para se manterem à frente da curva.
A filosofia de Vigan
O manejo de Agribulk é a actividade principal da VIGAN.
Com experiência na manipulação de grandes volumes de
produtos, os descarregadores pneumáticos da empresa
são conhecidos como uma solução conveniente e eficiente
para descarregar pellets de madeira, com menos ruptura
de material e quase nenhuma emissão de pó.
A utilização de filtros e compressores eficientes, sistemas
de recolha de poeira, materiais à prova de som em
torno de motores e sistemas de tubagem, e design inteligente
(optimização do isolamento através da concentração,
tanto quanto possível, de peças produtoras de ruído)
fazem todos parte da engenharia mecânica. trouxe uma
dimensão adicional para 5 a 10 anos nos últimos anos.
Poder-se-ia pensar que os navios seriam fáceis de carregar
de acordo com as famosas leis da gravidade, mas
é um pouco mais complicado. Carregar navios (incluindo
camiões, comboios, silos e tremonhas) pode criar grandes
quantidades de poeira. Num sistema de tremonha fechada,
isto pode ser facilmente controlado fechando a estrutura
e utilizando um filtro para expelir o ar, mas não o pó.
Podem ser utilizadas câmaras de ar especiais ou outros
tipos de válvulas especiais para carregar camiões e comboios
empoeirados por baixo. Nos navios, os carregadores
devem proporcionar uma manobrabilidade 3D para encher
correctamente as escotilhas. Assim, é possível utilizar
pórticos móveis, anéis giratórios e lançadores. Se o pó for
a sua principal preocupação, recomenda-se um compartimento
de carga coaxial. A pressão negativa é criada por
um tubo de carga exterior coaxial sob a aba que estabelece
contacto entre a borda do porão de carga e a carga
na escotilha. O pó deslocado é recolhido e continuamente
redistribuído no fluxo do produto. A carga pode ser menos
ruidosa do que a carga e descarga pneumática. Ainda as-
graosbrasil.com.br
24TECNOLOGIA
sim, pode ser utilizado um certo isolamento para silenciar
motores e certas partes móveis. .
Com mais de 50 anos de experiência em carga e descarga
de granéis agrícolas, VIGAN segue uma filosofia
semelhante. A empresa conta com uma tecnologia fiável
e robusta. O serviço ao cliente da VIGAN está também totalmente
integrado na venda de peças sobressalentes. É
uma filosofia que parte da concepção porque queremos
fornecer soluções flexíveis aos nossos clientes. Isto é conseguido
através da selecção de marcas fortes e bem conhecidas
de terceiros com fortes redes globais de vendas
e serviços que trabalham de perto com os clientes antes
e depois da venda de equipamento. Com uma vida útil de
30 anos de máquinas, não é surpresa que a tecnologia
tenha avançado nesse tempo. Por conseguinte, a VIGAN
mantém as suas máquinas de acordo com os padrões da
indústria e esforça-se por satisfazer os clientes existentes,
em vez de vender necessariamente novas máquinas aos
clientes existentes. Evidentemente, a qualidade e o controle
de todo o processo de fabrica é o foco da empresa.
Na VIGAN, tudo é fabricado e pré-montado na Bélgica, em
Nivelles (cerca de 30 km a sul de Bruxelas, no coração da
União Europeia). Todas as actividades têm lugar no local
de produção de 12.000 m².
Vendas, engenharia, fabrica (processos completos de
conformação e corte de chapas, soldadura, chapeamento,
desenhos eléctricos e instalação), controle de qualidade,
pré-montagem e serviço ao cliente. Este processo totalmente
interno assegura uma troca de informação óptima
entre diferentes equipos e permite um controle preciso e
eficiente de todo o processo de fabrico da máquina. Esta
é a chave para fornecer aos nossos clientes as máquinas
mais personalizadas, adequadas e fiáveis.
Conclusão
Embora a história recente tenha levado a VIGAN a prestar
mais atenção a certos aspectos do manuseamento de
material logístico e equipamento pneumático, isto não é
novidade. À medida que o mundo regressa lentamente ao
"normal", a pandemia COVID-19 e o conflito entre a Rússia
e a Ucrânia provocaram um repensar.
Revista Grãos Brasil Brasil - Dezembro - Fevereiro / Janeiro / Março 2023 2023
Pragas de Grãos
Armazenados e
Suas Principais
Características
CONTROLE DE PRAGAS 25
José Ronaldo Quirino
Os principais insetos de grãos e subprodutos armazenados pertencem à ordem
Coleoptera, pequenos gorgulhos, e à ordem Lepidoptera, mariposas ou traças.
Os gorgulhos, também conhecidos como carunchos, são muito resistentes,
o que lhes permitem o movimento pelos reduzidos espaços entre os grãos, inclusive
nas grandes profundidades dos silos e graneleiros, onde os espaços são
muito comprimidos. Os insetos desta ordem apresentam o primeiro par de asas
muito resistentes (élitros), que permite sua movimentação e sobrevivência em
grandes profundidades da massa de grãos. O tamanho dos besouros é função
do tamanho do grão e do valor nutritivo do substrato. As mariposas são frágeis
e, em geral, permanecem na superfície da massa de grãos, onde colocam seus
ovos, causando assim, menores prejuízos que os gorgulhos (Tabela 1) (Pacheco
& Paula, 1995; Puzzi, 2000; Lorini, 2002a; Lorini, 2006).
Os insetos que vivem nos grãos armazenados apresentam características
para adaptação em ambientes que apresentam uma estrutura porosa constituída
pelo próprio grão e espaços intergranular (Faroni & Silva, 2000). Outra característica
importante daspragas dos grãos armazenados é a adaptação a dietas
à base de materiais mais secos.
Muitas delas têm estruturas que lhe permitem viver em condições de baixa
disponibilidade de água. Em geral, os insetos de grãos armazenados possuem
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26CONTROLE DE PRAGAS
características próprias como elevado
potencial biótico, polifagia e infestação
cruzada (Pacheco & Paula,
1995; Gallo et al., 2002; Lorini, 2002).
Os insetos que atacam produtos
armazenados apresentam alta
fecundidade e elevado número de
gerações por ano. Uma pequena infestação
inicial pode atingir densidades
populacionais elevadas em curto
período, o que pode, em poucos meses,
danificar grandes quantidades
de produtos. De acordo com Puzzi
(2000), se analisada, numa postura
normal de uma fêmea (50 ovos) e
considerando que apenas 20 ovos
são viáveis devido aos fatores adversos,
o número de indivíduos, no
final de seis gerações, atingiria dois
milhões de indivíduos, caso tenham
disponibilidade de alimentos.
Os insetos que atacam produtos
armazenados alimentam-se de diversos
produtos, o que permite que
as pragas se reproduzam mesmo na ausência do alimento
preferido. A infestação cruzada é uma das características
deste grupo de insetos e se refere à capacidade que
alguns insetos têm de infestar os grãos tanto no campo
como nos locais de armazenagem (Gallo et al., 2002).
O conhecimento do hábito alimentar de cada inseto
é uma ferramenta importante para definir o manejo a
ser implementado. Quanto ao hábito alimentar as pragas
pode ser classificado em primárias, secundárias e insetos
associados. As pragas primárias são capazes de atacar
grãos íntegros e sadios e podem ser divididas em pragas
primárias internas e externas (Pacheco & Paula, 1995; Lorini,
2002; Lorini, 2005).
As primárias internas, que compreendem algumas das
espécies mais importantes, completam seu ciclo evolutivo
no interior de apenas um grão. Em espécies como Sitophilus
spp. e Araecerus fasciculatus, os adultos rompem
a película dos grãos com as mandíbulas e depositam o
ovo no seu interior. As larvas eclodem e se desenvolvem
deixando o grão apenas após atingir a fase adulta. Estes,
além de causarem danos, abrem caminho para o ataque
de outros insetos e também possibilitam a instalação de
outros agentes de deterioração de grãos (Pacheco & Paula,
1995; Faroni & Silva, 2000; Lorini,2002; Lorini, 2005).
No caso de Sitophilus spp. se vários ovos forem deixados
no interior de um único grão, geralmente ocorre canibalismo
e só uma larva atinge o estágio de pupa. Outras
pragas como as espécies S. cerealela, R. dominica, Zabrotes
subfaciatus e A. obtectus, consideradas pragas internas,
seus ovos são depositados externamente nos grãos.
As larvas ao eclodirem, penetram no grão, onde completam
o ciclo e saem para o exterior como adulto (Faroni
& Silva, 2000; Lorini, 2002a). De acordo com os mesmos
autores as pragas primárias externas como Plodia interpunctela,
Corcyra cephalonica, L. serricorne e Tenebroides
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
Tabela 1: Principais pragas de grãos armazenados em armazéns graneleiro horizontal.
mauritanicus, destroem a parte exterior do grão (casca ou
embrião) e posteriormente, se alimentam da parte interna,
sem, no entanto, se desenvolverem no interior do grão. Estas
favorecem o ataque de outras pragas que são incapazes
de romper a película do grão.
As pragas secundárias dos grãos armazenados não
conseguem atacar grãos inteiros e sadios, pois requerem
que os grãos estejam danificados ou quebrados para se
alimentarem. Estas pragas ocorrem na massa de grãos
quando estão trincados, quebrados e mesmo danificados
por pragas primárias. Preferem locais de muita concentração
de resíduos e ali se multiplicam rapidamente. As
pragas secundárias infestam praticamente todas as espécies
de grãos armazenados e também seus subprodutos,
como farinhas, farelos, fubás, entre outros. Seus ovos são
colocados geralmente na massa de grãos ou produtos. As
espécies que são encontradas mais comuns em graneleiros
são T. castaneum, C. ferrugineus e O. surinamensis
(Pacheco & Paula, 1995).
Os insetos associados são aqueles que não atacam os
grãos, alimentando-se de detritos e fungos. No entanto,
contribuem para prejudicar a qualidade dos produtos armazenados.
Os insetos da ordem Psocoptera, os parasitos,
predadores e ácaros, além do besouro Tenebrio molitor
são exemplo deste grupo (Faroni & Silva, 2000; Puzzi,
2000).
De acordo com Puzzi (2000), os fatores que impedem,
favorecem ou reduzem as infestações de insetos são:
temperatura, umidade do grão e impurezas. A temperatura
e a umidade dos grãos são os fatores mais importantes
para o desenvolvimento dos insetos que atacam grãos armazenados
de origem subtropical e que não hibernam. Em
regiões frias, as populações destes insetos atingem níveis
tão baixos que não chegam a se caracterizar como pragas
(Pacheco, 1996; Puzzi, 2000).
27
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28CONTROLE DE PRAGAS
Faroni & Silva (2000) relatam ser a umidade de 9%
(base úmida), crítica para a reprodução dos insetos. À medida
que aumenta a umidade do grão ou subproduto, entre
os limites de 12% a 15% b.u., os insetos se desenvolvem
e se reproduzem com maior intensidade. Bains (1971),
citado por Padilha & Faroni (1993), verificou que para R.
dominica a fase de pupa não teve sobrevivência afetada
pela mudança de temperatura, e o grau de umidade teve
maior influência na sobrevivência das pupas do que na
duração deste estágio. Observou baixa sobrevivência em
baixa umidade e temperaturas mais elevadas.
A principal fonte de água para os insetos de grãos
armazenados de acordo com Fields (2006) é seu alimento.
Em alguns insetos de grãos armazenados, como
L.serricorne, sua larva pode absorver água diretamente
da atmosfera, se acima de 55% de umidade relativa do ar.
A umidade contida no alimento afeta o número da prole,
taxa de desenvolvimento, longevidade e sobrevivência dos
adultos. Para a espécie S. oryzae a 14% de umidade b.u,
há somente 10% de mortalidade de imaturos e as fêmeas
colocam, em média, 344 ovos, em 10,5% de umidade
há 75% de mortalidade de imaturos e as fêmeas colocam
apenas um total de 10 ovos. No mundo inteiro os grãos
são vendidos na base úmida, e há um desincentivo de se
armazenar grãos mais secos, mesmo sabendo que os armazenamentos
com umidades nos níveis comerciais são
favoráveis ao crescimento dos insetos e de microorganismos
que contaminam a massa de grãos.
PERDAS CAUSADAS POR INSETOS EM GRÃOS ARMA-
ZENADOS
As perdas causadas pelos insetos durante o armazenamento
dos grãos merecem atenção e cuidados especiais,
pois se trata de um processo definitivo e irrecuperável. Os
governos têm realizado esforços no sentido de aumentar
a produção, através do incentivo à incorporação de novas
técnicas visando o aumento da produtividade e, através
da incorporação de novas áreas, no entanto, deveria estabelecer
também, concomitantemente, uma política com o
objetivo de redução dos danos provocados por insetos. As
pragas dos grãos afetam tanto a qualidade como a quantidade
dos produtos (Almeida Filho et al., 2003).
As perdas causadas pelos insetos durante o armazenamento
de grãos podem equivaler, ou mesmo superar,
aquelas provocadas pelas pragas que atacam as culturas
no campo, entretanto, os danos sofridos pela planta
em desenvolvimento podem ser compensados, em parte,
por uma recuperação pela própria planta atacada ou pelo
aumento de produção das plantas não atacadas, mas os
danos sofridos pelos grãos são definitivos e irrecuperáveis
(Fontes et al., 2003).
Em um armazém, na massa de grãos, é criado um
ecossistema sujeito a transformações, deteriorações e
perdas devidas a interações entre os fenômenos físicos,
químicos e biológicos (Santos, 1993). Estes elementos
são relatados por Faroni & Silva (2000) como: 1) físico:
temperatura, umidade da massa de grãos, umidade do
ar intergranular, propriedades físicas da massa de grãos
(porosidade, higroscopicidade e propriedades térmicas),
estrutura da unidade armazenadora; 2) químico: disponibilidade
de oxigênio no ar inter granular; 3) biológico: fontes
internas (respiração e maturidade) e de fontes externas
(fungos, bactérias, ácaros, roedores e insetos).
As perdas no armazenamento podem ser em quantidade
e qualidade dos grãos quando estes são atacados por
insetos, ácaros, roedores, pássaros e microorganismos levando
à diminuição no valor comercial dos grãos (Neethirajan
et al., 2007). As quantitativas (redução no peso e/ou
volume dos grãos, devido a consumo dos grãos) e qualitativas
(contaminação, degradação do valor nutricional), implicando
em prejuízos sócio econômicos (Padilha & Faroni,
1993). Os insetos não só consomem os grãos diretamente,
mas também contaminam o produto com seus metabólicos,
partes de seus corpos e produzem aquecimento
e aumento da umidade, devido à sua atividade metabólica
e isso pode conduzir ao crescimento da microflora. Os
grãos infestados não são adequados para sua finalidade e
são impróprios para consumo humano (Lorini, 2005).
Os insetos são a primeira causa de perda total em armazéns
em todo o mundo (Scussel, 2002), destacando-se
os fungos que fazem parte das principais causas de deterioração
dos grãos armazenados, sendo superados quantitativamente
apenas pelos insetos (Elias, 2007).
Nas áreas tropicais, o ataque de insetos alcança maior
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONTROLE DE PRAGAS 29
intensidade, pois as condições de temperaturas elevadas
favorecem a multiplicação das espécies que infestam
grãos armazenados, provocando perdas (Braccine & Picanço,
1995).
As perdas devido a pragas no Brasil, em estimativas
da FAO e do Ministério da Agricultura, são de aproximadamente
10% do total produzido anualmente (Lorini, 2005).
Faroni & Silva (2000) descrevem que não há dados concretos
sobre perdas causadas somente por pragas em estruturas
modernas e tradicionais para o armazenamento
de grão.
Estes mesmos autores estimam que, em Países desenvolvidos,
estas perdas sejam insignificantes, quando
comparadas com valores superiores a 15% em muitos
Países em desenvolvimento, onde as contínuas crises
econômicas e a deficiente ligação entre o conhecimento
teórico e a aplicação prática, são os principais empecilhos
para colocar as perdas em níveis toleráveis, isto é, abaixo
de 5%.
A armazenagem deve ser considerada na determinação
das perdas durante o armazenamento de grãos a granel,
em silos, graneleiros, em sacas e paióis. Em silos e
graneleiros, as perdas estimadas ficam em torno de 1%
a 2%, enquanto em paióis chegam a 15%, devido aos armazéns,
silos e graneleiros serem dotados de tecnologias
mais adequadas na prevenção de fungos e controle de
pragas (Santos & Mantovani, 1997).
Os danos causados pelos insetos nos grãos e subprodutos
armazenados podem ser resumidos em: (1) danos
diretos: perda de peso, de poder germinativo e vigor das
sementes (Santos, 1993; Faroni, 2000); (2) perda de valor
nutritivo (Santos, 1993); (3) danos indiretos: perdas devidas
à redução do padrão comercial (Santos, 1993); (4) perdas
por contaminação da massa (Santos, 1993); (5) perda
por propagar e facilitar o desenvolvimento de fungos na
massa de grãos (Santos, 1993; Lazzari, 1997; Faroni & Silva,
2000).
Almeida Filho et al. (2003) alertam que as perdas causadas
pelos insetos durante o armazenamento dos grãos
merecem atenção e cuidados especiais, devido ser um
processo definitivo e irrecuperável. O governo tem feito
empenho muito grande em estar aumentado, a cada safra,
a produção do país através de inclusão de técnicas que
elevam a produtividade. No entanto, deveria também estabelecer
políticas para redução dos danos provocados pelo
ataque de insetos em grãos armazenados. Esta questão
pode anular as políticas de incentivo à produção, em quantidade
e qualidade.
Perda de peso, poder germinativo e vigor das sementes
Santos et al. (1997) verificaram em levantamentos realizados
no Estado de Minas Gerais, que entre a período
da colheita (maio-agosto) e meses de agosto, novembro e
março do ano seguinte, os índices de danos (grãos carunchados),
causados por insetos ao milho armazenado em
paiol, atingiram 17,3%, 36,4% e 44,5%, respectivamente. A
estes índices de carunchamento corresponderam a reduções
nos pesos de 3,1%, 10,4% e 14,3%.
Os carunchos da espécie S.oryzae e larvas podem consumir
em média 30% do peso de grãos de trigo em que se
desenvolve. Também as larvas de Rhyzopertha dominica
causam perdas de peso 9,5%, em média, em trigo no período
de 20 dias. As perdas causadas pelos adultos de R.
dominica foram de 19,4%, 12,0%, 12,0% e 6,5% durante a
1a,2a, 3a e 4a semanas, após a emergência dos adultos,
respectivamente (Faroni & Silva, 2000).
Na cultura do trigo em populações de mesmo tamanho,
a espécie R. dominica mostrou ser a maior causadora
de perdas em trigo armazenado que a espécie S. zeamais,
eesta diferença é maior com o crescimento da população.
Para infestações de 0 a 100 insetos kg -1 para os mesmos
valores de matéria seca entre as espécies, as perdas com
umedecimento, peso hectolitrico e grãos danificados foram,
aproximadamente, duas vezes maiores para R. dominica
em comparação com S. zeamais. A perda de massa
no trigo é oficialmente avaliada por meio de medida do
peso hectolítrico (Silva et al., 2003).
Smiderle et al. (1995) verificaram que as populações
de R. dominica são mais ativas na redução da qualidade
física da semente de arroz irrigado, durante o armazenamento,
em relação às de Sitophilus sp. O mesmo autor observou
que as populações de R. dominica e Sitophilus sp.
reduzem, a partir de 20 insetos100 -1 g - 1 de arroz, o peso
da semente em 14,3% e com aumento de 7% na perda de
peso durante o armazenamento e 22,3% na percentagem
de sementes infestadas.
Almeida Filho et al. (2003) relatam que as perdas
causadas pelos insetos em grãos de milho estão intimamente
relacionadas com a afinidade dessas pragas com
as cultivares. A perda de peso é devida principalmente à
transformação do substrato em gás carbônico e energia
dissipada. Em seu trabalho, os autores observaram que a
variedade savana teve a preferência alimentar de S. oryzae,
provocando uma perda de peso de 47,70%, enquanto nesta
mesma variedade, o S. zeamais provocou uma perda de
peso de 29,74%. Na variedade 22-ME (SIBA), a preferência
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30CONTROLE DE PRAGAS
Oryzaephilus
surinamensis
foi do S. zeamais causando perda de 15,54%, enquanto o
S. oryzae provocou perda de 10,14%.
Puzzi (2000) relata que algumas espécies de insetos
que atacam os grãos, somente destroem o germe, deixando
o endosperma intacto. Embora esse tipo de ataque
possa representar pequena percentagem de perda de
peso, o efeito em seu valor alimentício e na redução acentuada
da capacidade germinativa da semente ocasiona
grandes prejuízos. O efeito da infestação pelo Sitophilus
sp. e Sitotroga cerealella sobre a germinação de sementes
de milho foi estudado por Santos & Maia (1991). Os
autores observaram que o efeito prejudicial da infestação
foi tanto maior quanto maior a idade dos insetos no interior
da semente. Em relação à testemunha não infestada,
com 95% de germinação, a presença do Sitophilus sp. na
fase de ovo (0-4 dias) reduziu a germinação em 13%. Com
relação à S. cerealella, foi observado que somente a partir
de 24 dias de idade, no interior da semente, é que a infestação
diminuiu significativamente a germinação. Matioli &
Almeida (1979) verificaram que o aumento de populações
de S.oryzae em sementes de milho reduziu o poder germinativo
das sementes, devido à infestação pela praga.
Perda do valor nutritivo
O conteúdo de carboidratos, proteínas e ácidos graxos
fazem do milho importante produto comercial e que, armazenado
em condições inadequadas, pode sofrer perdas
no valor qualitativo e quantitativo devido ao ataque de insetos
e fungos, desde o campo até o consumo (Stringhini
et al., 2000). Os autores alimentaram aves com rações de
matéria prima de grãos infestados por insetos e fungos
em rações de 1 a 28 dias e observaram que não alteraram
o desenvolvimento dos frangos, mas aumentaram a
incidência de alterações hepáticas, no aparelho locomotor,
portanto, influíram no metabolismo das aves.
Lopes et al. (1988), trabalharam com níveis de 5%, 20%,
30%, 40% e 50% de infestação dos grãos de milho e verificaram
perdas de peso dos grãos da ordem de 0,5%; 8,0%;
10% e 13%, respectivamente. Os mesmos autores verificaram
perda na energia bruta com o aumento dos níveis de
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
infestação.
Vilela et al. (1988), citados por Santos & Montovani
(1997), estudaram por um período de um ano e a intervalos
de quatro meses, em diferentes regiões do Estado
de Minas Gerais, o valor nutritivo do milho em função do
ataque de insetos, durante o armazenamento. Foi verificado
pelos autores que, os teores de carboidratos solúveis
decresceram de 73 para 29% em 12 meses. No mesmo
período, a digestibilidade “in vitro” da matéria orgânica do
grão passou de 78,47% para 33,30%. Por outro lado, os teores
de proteína bruta e lipídios aumentaram, segundo os
autores, provavelmente devido à preferência do inseto em
se alimentar mais do endosperma do que do embrião, que
é mais rico em proteína e óleo.
Souza et al. (1999), avaliaram a alteração na composição
química do milho devido ao carunchamento, sendo
que à medida que houve aumento do nível de carunchamento,
ocorreu um aumento linear na matéria seca, fibra
bruta e cinzas, e de forma quadrática da proteína bruta,
extrato etéreo e energia bruta até os níveis de carunchamento
estimado de 19,58 e 20%. O extrato não nitrogenado
reduziu de forma quadrática até o nível estimado de
18%, com o aumento do nível do carunchamento.
Observaram-se variação quadrática de densidade dos
grãos, que diminui em razão do nível de carunchamento
do milho. Matiole & Almeida (1979) obtiveram os mesmos
resultados com proteína bruta e descreveram que, quando
a disponibilidade de endosperma para alimentação dos
carunchos diminui, as larvas passam a se alimentar do
embrião e pode resultar em redução dos níveis de lipídeos
e proteína bruta do milho.
Perda por contaminação da massa de grãos e de padrão
de qualidade
Os insetos não só consomem os grãos, mas também
os poluem com a presença de ovos, larvas, pupas, e insetos
adultos. Parte dos insetos como exoesqueletos, excrementos
e microrganismos associados são outros agentes
contaminadores queconstituem importante problema
para saúde humana e animal (Puzzi, 2000).
Larvas, pupas e adultos, vivos ou mortos, no interior do
grão são impossíveis de serem removidos completamente
antes do processamento do grão, o que resulta em fragmentos
como contaminantes de produtos processados.
Para a farinha de trigo o Food and Drug Administration –
FDA nos EUA tem estabelecido um nível de 75 fragmentos
por 50 gramas de farinha como nível de contaminação
aceitável (Faroni & Silva, 2000).
Padilha & Faroni (1993) relatam que tanto grãos como
farinhas, podem ser atacados por R. dominica, onde os
grãos, as larvas e os adultos dos insetos provocam perdas
ao se alimentar destes. Os excrementos dos insetos levam
à contaminação das farinhas reduzindo a qualidade das
mesmas a tal ponto que elas se tornam impróprias para
uso. Alem disto o ataque de R. dominica confere um odor
característico de ranço adocicado aos substratos.
Wehling et al. (1984), citados por Pinto et al. (2002),
observaram que a infestação de insetos no trigo, além de
reduzir a qualidade da proteína, aumenta a quantidade de
CONTROLE DE PRAGAS 31
ácido úrico e cria más condições higiênicas na massa de
grãos. Pinto et al. (2002) verificaram que o ataque de insetos
em trigo incrementou os níveis de proteínas totais,
e que aumentaram do centro do grão para a periferia, e
o teor de carboidrato de forma inversa, mostrando que o
S. zeamais se alimenta principalmente do centro do grão.
Observaram, também, que os níveis iniciais de quatro insetos
praga por 1,5kg de trigo e períodos de armazenagem
maiores do que 60 dias deixam o trigo impróprio para a
panificação.
Puzzi (2000) relata que na exportação de soja no ano
de 1975, a defesa sanitária vegetal do Ministério da Agricultura,
no porto de Santos, local de clima quente e úmido,
constatou uma infestação intensa de L. serricorne junto
com outras pragas. Neste ano, como em todos os portos
para exportação, exigiu produto isento de insetos vivos e a
soja teve de ser expurgada a bordo devido à inadequação
técnica e econômica dos armazéns portuários para o tratamento.
Lorini (2006) relata a presença de L. serricorne
em armazéns com soja no Sul do Brasil. Como o armazenador
de soja até há pouco tempo não se preocupava com
controle de pragas no armazém, esta praga pode se tornar
uma ameaça.
A Instrução Normativa No 15 (Brasil, 2004) estabelece-se
que a soja que apresentar insetos vivos deverá ser
considerada fora do padrão básico, e sofrerá tratamentos
fitossanitários antes de ser comercializada. Quando destinada
ao consumo humano, não poderá apresentar insetos
vivos, mortos ou partes destes acima dos limites estabelecidos
na legislação em vigor. É comum veículos com
cargas contaminadas voltarem dos portos devido à constatação
de insetos vivos na classificação da commodittie,
trazendo prejuízos econômicos ao país.
Para o milho, pela Portaria No11 (Brasil, 1996), grãos
carunchados são grãos ou pedaços de grãos que se apresentam
perfurados ou infestados por insetos em qualquer
de suas fases evolutivas. Os grãos carunchados entram
na somatória dos grãos avariados, um dos itens que definem
diretamente o tipo, podendo depreciar um lote que
esteja contaminado por insetos. No milho também, pela
mesma portaria, quando na amostra é encontrado inseto
vivo o lote é taxado como fora do padrão básico temporariamente
até que se realize tratamento fitossanitário.
Silva et al. (2003) relataram que os insetos não apenas
consomem grande quantidade de grãos, como também
reduz a sua qualidade, porque danificam e alteram o
ambiente da massa de grãos. Segundo Lorini (2006), as
perdas de grãos, ocasionadas por pragas de grãos armazenados,
incidem na presença de fragmentos de insetos
nos subprodutos alimentares, na deterioração da massa,
na contaminação fúngica e, principalmente, na presença
de micotoxina prejudicial à saúde humana e animal.
Stringhini et al. (2000) estudaram a contaminação de
aflatoxina B1 e G1 em milho, em função da sua infestação
por insetos, percentagem de grãos infestados na amostra
e por infecção de fungos no grão de milho. Verificam que à
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32CONTROLE DE PRAGAS
medida que aumentava a percentagem de infestação dos
grãos por insetos de 20 para 40%, no milho não infectado
por fungo, não houve aumento da produção de aflatoxina
B1 e G1 em relação ao milho não infestado.
Silva et al. (2003) relataram que para os grãos de trigo
a norma brasileira permite o valor máximo de umidade de
13% para todos os tipos comerciais 1, 2 e 3, e com relação
ao percentual de grãos danificados, o máximo permitido é
de 0,5%, 1,0% e 1,5% em massa de grãos carunchados por
insetos, para os tipos 1, 2 e 3, respectivamente.
Danos indiretos - aquecimento e disseminação de microorganismos
na massa de grãos
Os insetos são capazes de aumentar a temperatura
dos grãos mesmo que estes estejam secos. Faroni & Silva
(2000) relatam que os fatores que determinam a quantidadede
calor gerado estão relacionados com a espécie de
inseto, com o tamanho da população e com a temperatura
e umidade dos grãos. Pacheco (1996) relata que o metabolismo
dos insetos presentes em uma massa de grãos
provoca a elevação da umidade e da temperatura local.
Como os grãos têm baixa condutividade térmica (1/3 da
cortiça), a quantidade de calor gerada neste foco de infestação
não é dissipada, formando bolsa de calor.
Puzzi (2000) diz que o aumento da temperatura incrementa
a atividade metabólica dos insetos, aumentando a
área de infestação, até que toda massa fique danificada.
Massa de grãos atacada por inseto apresenta maior taxa
de respiração quando comparada com grãos sadios. O
metabolismo dos insetos, comparado com o dos grãos, é
muito mais elevados, pois os grãos são órgãos em estágio
de repouso e os insetos estão em constante atividade.
Lazzari (1997) descreve que os insetos favorecem o
crescimento de fungos de armazenamento através de sua
atividade metabólica, que aumenta a umidade e a temperatura
dos grãos. Os bolsões de calor dentro da massa
de grãos fornecem condições para o desenvolvimento
de fungos. Aumentando a infestação de inseto aumenta
o percentual de grãos contaminados
por fungos. Pacheco (1996) cita que
estes bolsões criam uma diferença
de temperatura dentro da massa,
produzindo uma corrente de convecção
e causando o movimento do ar
quente. Esse ar quente, ao encontrar
uma superfície fria, irá aumentar sua
umidade relativa e, ao atingir a temperatura
do ponto orvalho, provocará
a condensação da umidade, aumentando
umidade dos grãos e favorecendo,
então, a sua deterioração por
fungos.
Insetos e ácaros têm se envolvido
em transporte de esporos de fungos
na massa de grãos. Os insetos-praga
mais comuns nos grãos armazenados
transportam grandes quantidades
de inóculos de fungos. Estes insetos
também têm grande potencial
de transmissão de bactérias patogênicas, possivelmente
introduzidas no armazém por pombos e roedores, como
Salmonella sp., Streptococus sp.. O gorgulho do arroz (S.
oryzaes) reteve, internamente e externamente, a bactéria
S. montevides por pelo menos cinco semanas e foi capaz
de transmiti-la para um trigo não contaminado (Faroni &
Silva, 2000).
As pragas primárias internas como R. dominica, S.
oryzae e S. zeamais, perfuram os grãos e neles completam
seu desenvolvimento, e isso possibilita a instalação
de outros agentes de deterioração de grãos (Lorini, 2002).
RESISTÊNCIA DE INSETOS DE GRÃOS ARMAZENA-
DOS AOS INSETICIDAS
A baixa disponibilidade de inseticidas registrados para
o controle de pragas de grãos armazenados é outro agravante.
Para lavouras, há dezenas de inseticidas registrados,
no entanto, para pragas de grãos armazenados há
apenas seis ingredientes ativos registrados e comercializados,
sendo que nem todos podem ser utilizados para
todas as pragas e situações (Lorini, 1993). A aplicação indiscriminada
destes inseticidas, devido à falta de conhecimento
técnico na aplicação e escolha do produto correto,
tem levado o desenvolvimento de resistência por parte das
pragas.
Collins (2006) afirma que a incidência de resistência
para os protetores de grãos é de grande extensão. Populações
das principais espécies têm desenvolvido resistência
para organofosforados, piretróides, carbamatos e outros
agentes como methoprene e Bacillus thuringiensis. Em
algumas regiões, a situação é precária, com populações
de insetos contendo resistências múltiplas, partindo para
a não eficácia e tirando dos protetores uma opção viável.
Segundo Sartori (1993), o primeiro caso de indício de
resistência foi registrado em 1908, no entanto, só nos últimos
50 anos que foi observado um crescimento bastante
acentuado de resistência principalmente em artrópodes
envolvendo insetos e ácaros. O mesmo autor relata que
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONTROLE DE PRAGAS 33
em levantamentos realizados entre 1989 e 1991, em oito
estados brasileiros, para resistência a inseticidas protetores
organofosforados, foram obtidos os seguintes resultados:
(1) resistência ao malation foi detectada em 90% das
populações de S. oryzae, 73,3% de R. dominica e 100% de
T. castaneum; (2) resistência a pirimifhos methyl foi detectada
em 20% das populações S. oryzae e 53,8% de T. castaneum
e nenhuma resistência a R. dominica; (3) resistência
ao fenitrothion foi detectada em 10% das populações
de S. oryzae, 27% de R. dominica e 39% de T. casteneum;
(4) nenhuma resistência foi detectada em S. zeamais a
todos os inseticidas testados; (5) T. castaneum mostrou
maior habilidade de desenvolver resistência, exibindo a
mais alta freqüência de indivíduos resistentes.
Em dez linhagens brasileiras de R. dominica foi avaliada
resistência cruzada a permetrina, pirimifhos methyl
e chlorpirimifos methyl. Os resultados indicam resistência
cruzada a permetrina em duas linhagens, mas nenhuma
evidência clara de resistência cruzada ao pirimifhos methyl
e ao chlorpirimifos methyl, em nenhuma das linhagens
testadas (Sartori & Lorini, 2002).
Segundo Faroni & Silva (2000), no Brasil foi encontrada
resistência de S. oryzae ao DDT, lindane e malathion.
Também foi observada resistência a organofosforados em
T. castaneum e R. dominica. Nestas três espécies foi relatada
resistência a fosfina. Resistência a DDT e piretróides
foi detectada em seis raças de S. zeamais, coletadas em
quatro estados do Brasil. A resistência a malathion foi generalizada
em S. oryzae, R. dominica, T. castaneum e S.
zeamais. Em poucas linhagens de S. oryzae, R. dominica e
T. castaneum, foram encontradas resistência ao pirimifós
methyl e fenitrotion. Algumas linhagens de T. casteneum
foram resistentes ao pirimifós methyl e ao fenitrotion.
Santos (1988) relata a resistência de quatro populações
de S. zeamais,infestadas artificialmente, ao inseticida
deltamethrin 2,5 CE. Observou que o deltamethrin não
controlou satisfatoriamente os carunchos do armazém
de Jacarezinho-SP e de Santa Cruz do Sul - RS, e que os
fosforados eliminaram por completo os insetos das quatro
populações. Num último ensaio, em testes com outros
piretróides, além do deltamethrin, os resultados indicaram
que todos os piretróides testados não controlaram bem os
carunchos de Jacarezinho, donde se concluiu que a maior
tolerância deste inseto foi adquirida contra o grupo e não
somente contra o deltamethrin.
Steverwald et al. (2006), estudaram a tolerância de fosfina
em pragas de grãos armazenados, concluíram que a
suscetibilidade para fosfina decresce com a seqüência:
L.serricorne, T. castaneum, S. granarius e O. surinamenis.
Esta seqüência está de acordo com o teste de mortalidade,
sendo o mais sensível à fosfina o L. serricorne, e o mais
resistente O. surinamensis.
Lorini et al. (2007) estudaram resistência de R. dominica
originada do Brasil a fosfina e verificaram que estas
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34CONTROLE DE PRAGAS
apresentaram alta resistência e frequência nas amostras
analisadas. Das 19 amostras coletadas entre 1991 e 2003,
100% foram resistentes a fosfina e 74% foram diagnosticadas
como genótipos de alta resistência. A maioria das
amostras que apresentou forte resistência foi coletada em
1991, indicando que estes genótipos têm estado no Brasil
desde, no mínimo, aquele tempo.
Segundo Sartori (1993), as conseqüências da resistência
podem ser graves. Usualmente, a primeira medida
tomada pelo usuário quando um inseticida está perdendo
a eficácia é aumentar a dosagem aplicada e a freqüência
de aplicação. Quando a primeira passa a ser antieconômica,
faz-se a mudança para outro produto, geralmente
mais caro.
Entretanto, a mudança para novos produtos químicos,
sem alterar a forma de utilização, é uma solução transitória,
porque, com o tempo, a resistência a cada um deles
provavelmente vai se desenvolver.
Lorini et al. (2007) descreveram os diversos fatores
que podem levar à alta resistência à fosfina, como: 1) Alta
população de insetos, por causa do clima favorável e ao
não gerenciamento das aplicações; 2) A fosfina é o tratamento
selecionado junto ao maior número de gerentes,
por causa dos grandes problemas de resistência de insetos
aos inseticidas protetores; 3) Os armazéns geralmente
não são lacrados antes da fumigação, deste modo, sub-
-doses são rotinas e as concentrações não são monitoradas.
Subdoses têm permitido a sobrevivência de insetos
heterozigotos para genes de resistência e a ocorrência de
refumigações, devida falhas na anterior, têm resultado em
seleções de populações com alta freqüência de insetos
homozigotos para genes resistentes; 4) É muito pequeno
o conhecimento da correta aplicação nas indústrias e unidades
armazenadoras.
Sartori (1993) relata que no Brasil a fosfina tem sido
nas duas últimas décadas, praticamente o único fumigante
utilizado em grãos armazenados e produtos derivados.
Isso se deve à facilidade de aplicação, à boa penetrabilidade
na massa de grãos e à degradação em compostos
que não apresentam problemas de resíduos. No Estado
São Paulo, pesquisadores do ITAL constataram no ano de
1985 que o tratamento com fosfina estava sendo realizado
principalmente em graneleiros, sob condições altamente
insatisfatórias de vedação, com conseqüente sub-dosagem
e tempo inadequado de exposição e, também que
junto a esses outros fatores, como estruturas de armazenagem
inapropriadas com grandes quantidades de “locais
de refúgios” para insetos, limpeza e sanitização deficiente
das instalações e métodos operacionais inadequados.
Beckel et al. (2006) estudaram a detecção de resistência
da espécie O. surinamensis, exposta a inseticidas piretróides
e organofosforados. Os autores concluíram que
esta espécie apresenta variado nível de resistência aos
inseticidas fenitrothion, deltamethrin, pirimifhos methyl e
bifethrin, em concordância com o histórico de exposição
para o ingrediente ativo, evidenciando que o uso de inseticidas
para controle de pragas de grãos armazenados necessita
ser manejado cuidadosamente num programa de
manejo de resistência.
Collins (2006) registra que gerentes de unidade de
grãos armazenados, em todos os níveis, devem introduzir
um instrumento integrado de controle de insetos-praga
usando diversas técnicas, como resfriamento, secagem e
sanitização e outras estratégias. Entretanto, comumente
e capaz para antecipar o futuro, a ferramenta mais efetiva
e confiável em controle de insetos está na introdução, integrando
maior número de tratamentos, seja tratamento
químico, incluindo fumigantes, desinfetantes e protetores.
Estes instrumentos irão capacitar para manter a segurança
dos alimentos, para acesso ao mercado, para implementar
efetivo sistema de garantia, proteger o suprimento
da cadeia e prover as pessoas com alimentos de alta qualidade.
Segundo Lorini et al. (2007), as quebras no controle
são comuns. A típica opção de um gerente de armazém é
para refumigação e para aplicação de altas doses de fosfeto
de alumínio. Cita o trigo como exemplo, que é tipicamente
fumigado três a quatro vezes ainda no armazém.
Nisso é evidente uma urgente necessidade para troca na
fumigação e manejo de práticas no Brasil para o gerenciamento
da resistência a fosfina.
Santos & Maia (1991), estudaram a resistência de S.
Zeamais e de S. cerealella à fosfina e verificaram que na
prática é difícil de obter hermeticidade necessária para
manutenção da dose letal de fosfina em silos e armazéns
graneleiros e devido ao escape de gás é comum encontrar
expurgos realizados com sub-doses, podendo haver
sobrevivência de alguns insetos criando condições para o
aparecimento de resistência ao inseticida. Neste mesmo
trabalho observaram que nas doses de um a dois g de fosfina
m -3 houve 100% de mortalidade, no entanto nas doses
de 0,25 e 0,5 de fosfina m -3 houve sobrevivência de insetos
na fase de ovo e pupa, mostrando que estes ínstares são
mais resistentes a fosfina.
Sartori (1993) descreve que a resistência é um fenômeno
natural resultante de alterações nas populações de
pragas ou patógenos, que levam à perda de eficácia do
produto. Ela tem origem genética, sendo, portanto, transmissível
por hereditariedade. O planejamento de manejo e
gerenciamento da resistência, visando evitar, retardar ou
reverter a sua evolução, exige um completo conhecimento
dos fatores que influenciam na pressão de seleção.
Os insetos de grãos armazenados têm sido extensivamente
controlados por métodos químicos há décadas,
mas a crescente limitação ao uso de inseticidas convencionais
tem incentivado as pesquisas sobre sistemas de
controle integrado, envolvendo métodos químicos e não
químicos, na seqüência e no momento apropriado para se
alcançarem os resultados desejados (Silva et al., 2003).
Em todo mundo, a forma mais utilizada para a proteção
de grãos contra ataque de pragas é o controle químico; no
entanto, o crescente desenvolvimento de resistência dos
insetos aos agentes químicos, a possibilidade de intoxicação
de operadores e a presença de resíduos de ingrediente
ativo nos alimentos levaram à busca de alternativas para
se alcançar maior nível de proteção da saúde humana e
com menor impacto ambiental (Santos et al., 2002; Lorini,
2005).
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONSERVAÇÃO 35
Inovação e Eficiência
no Monitoramento de
Grãos Armazenados
Via Sensores de CO 2
Através da tecnologia
patenteada da GARTEN,
o GAS METER monitora a
concentração de CO 2
nos silos
de armazenagem, que relaciona
diretamente com a qualidade da
massa de grãos. Esse método
de monitoramento, além de mais
eficiente que outros métodos,
é mais confiável, detectando
alterações na massa de grãos
até 5 semanas antes do sistema
de termometria convencional.
O armazenamento de grãos seguro e rentável depende da manutenção da
qualidade e da integridade física (peso) do produto armazenado. Para que isso
seja possível, variáveis físicas, químicas e biológicas devem ser controladas ao
longo da estocagem.
O uso da termometria é uma forma de monitorar o que está acontecendo na
massa de grãos, medindo a elevação da temperatura, mas a elevação da temperatura
é uma consequência do processo metabólico dos grãos, da agressão
dos mesmo por insetos e más condições de conservação. O tempo necessário
para que a massa de grãos se aqueça e seja detectada pela termometria é muito
grande, sendo que quando enfim é detectada pela termometria um grande
prejuízo já foi causado e o dano é irrecuperável.
A fim de minimizar esses danos, a Garten desenvolveu o sistema de medição
GAS METER, que é baseado na medição dos gases resultantes dos processos
metabólicos dos grãos e ainda faz a análise e tomada de decisão para o
perfeito controle de grãos armazenados. Essa tecnologia permite que se faça
a aeração e conservação dos grãos no grau máximo de qualidade e segurança,
pois não haverá aquecimento e consequente deterioração dos grãos ou perda
de suas características.
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36CONSERVAÇÃO
Sendo a respiração e a emissão
de CO 2
um fator inerente não só dos
grãos, mas também do metabolismo
de organismos associados,
os sensores de CO 2
são altamente
sensíveis e capazes de analisar a
totalidade da massa de grãos com
apenas um sensor instalado por silo.
Isso é possível porque o equipamento
é instalado na parte superior da
estrutura (chapéu), e o CO 2
gerado
na massa de grãos é transportado
para parte superior do silo via correntes
de ar de convenção natural,
possibilitando assim a medição do
gás acumulado e suas alterações ao
longo do armazenamento através do
sensor único, sem a necessidade de
periféricos adicionais distribuídos na
massa de grãos.
Figura 1: Sensor
de CO 2
MEDIDOR
DE GAS
As medições realizadas são enviadas para o sistema
eletrônico de bordo, que é responsável pelo armazenamento
e análise dessas informações em um banco de
dados. Através dessas informações se faz o controle da
aeração visando manter sempre dentro do silo as condições
ambientais ideais para o armazenamento dos grãos.
Nas safras 2021 e 2022 foi realizado o acompanhamento
e monitoramento da qualidade de grãos armazenados
com diferentes teores de umidade (12,5% e 16%)
no estado do Rio Grande do Sul. Durante o respectivo
levantamento, os níveis de CO 2
gerados pelos grãos secos
(12,5% de umidade) e grãos úmidos (16% de umidade)
foram comparados através da tecnologia Garten. Ao
analisar o histórico de medições e a representação gráfica
dos dados foi possível detectar comportamentos distintos
entre grãos secos e úmidos, onde os níveis de CO 2
de
grãos úmidos (Figura 3: linha verde – silo 2) foram drasticamente
maiores e com maior oscilação que os grãos
secos (Figura 4: linha azul - silo 1), embora os dados de
termometria de ambos os silos não apresentassem diferenças
significativas
Figura 3: Dados de armazenamento (texto, quantidade de grãos, umidade);
observação do estado dos aeradores na unidade.
Figura 2: Visão geral dos níveis de CO 2
no silo.
Além de sua alta eficiência no monitoramento da qualidade,
com o uso do GAS METER é possível acessar ao
longo do tempo o histórico de medições do dia, semana ou
mês anterior (conforme ilustrado na Figura 2), facilitando
assim a gestão da armazenagem.
O sensor Garten já faz parte da realidade dos armazéns
do Brasil e tem sido uma ferramenta de destaque na
manutenção da qualidade dos grãos e maximização de
ganhos operacionais e financeiros.
Figura 4: Produção de CO 2
gerada por grãos secos (linha azul-silo 1) e grãos
úmidos (linha verde-silo 2) durante o armazenamento.
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
CONSERVAÇÃO 37
Além de monitorar o comportamento distinto dos
grãos em função do teor de umidade de armazenamento,
os sensores de CO 2
também auxiliam a indicar a presença
de insetos e fungos na massa de grãos de forma prévia
à ocorrência de perdas qualitativas e quantitativas drásticas,
o que auxilia na tomada de decisão antecipada e no
manejo assertivo.
Quando há presença de insetos, o aumento nos níveis
de CO 2
tende a ocorrer de forma drástica, sendo notoriamente
perceptível durante a observação dos gráficos de
leitura e histórico de dados (Figura 5).
Figura 5: Produção de CO 2
gerada na massa de grãos sem infestação de
insetos (linha azul) e com infestação “(linha vermelha) durante 72 h.
Além da melhoria na eficiência de monitoramento, a
tecnologia Garten permite maior agilidade e praticidade na
inspeção dos grãos garantindo acesso rápido aos níveis
de CO 2
no interior dos silos via sistema IoT.
Através do sistema GAS METER, o usuário realiza seu
login e visualiza de qualquer lugar todos os dados por
meio de dispositivos digitais como notebooks, tablets e
smartphones.
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38CONSERVAÇÃO
Revista Grãos Brasil - Fevereiro / Março 2023
UTILÍSSIMAS 39
KSU iniciará a primeira fase da atualização
da infraestrutura agrícola - Por: Arvin Donley
A Kansas State University (KSU) levantou US$ 81,4
milhões para uma atualização de infraestrutura de vários
departamentos da Faculdade de Agricultura, incluindo o
Departamento de Ciência e Indústria de Grãos, disseram
representantes da universidade em uma recente entrevista
exclusiva com editores da Sosland Editora Co.
O dinheiro inicial arrecadado com contribuições de
doadores privados e corporativos, bem como US$ 50
milhões em dotações prometidas pela legislatura do Kansas,
permitirá que a KSU inicie a primeira fase da atualização nos
próximos meses. Espera-se uma segunda fase, mas fundos
adicionais precisarão ser garantidos para que o plano
se concretize, disse Ernie Minton, reitor da Faculdade de
Agricultura da KSU e diretor de Pesquisa e Extensão K-State.
O plano inclui a desativação e demolição do Shellenberger
Hall, que abriga o Departamento de Ciência e Indústria de
Grãos desde 1960, e a construção de um novo prédio no
lado norte do campus, disse Minton. Também fará parte
da primeira fase a construção de um centro agronômico
que abrigará o componente de pesquisa de campo do
Departamento de Agronomia, incluindo o programa de
melhoramento de trigo, e reformas no Weber Hall e no Call
Hall do Departamento de Zootecnia.
O pontapé inicial do projeto de infraestrutura será a
construção do centro agronômico, que Minton disse que
deve começar no final deste ano e ser concluído em 2024. A
construção do novo Centro Global de Inovação em Grãos e
Alimentos ocorrerá logo em seguida.
“Nós nos preparamos para o que esperamos ser uma
experiência estudantil inigualável e continuamos o sucesso
que tivemos com a divulgação e o envolvimento da
pesquisa”, disse Minton.
Minton disse que a legislatura estadual inicialmente
comprometeu US$ 25 milhões com o plano e prometeu US$
25 milhões adicionais em uma proporção de 1 para 3 se a
universidade levantasse US$ 75 milhões. Susan Metzger,
diretora associada de agricultura e extensão da KSU, disse
que as doações arrecadadas pela universidade junto com
o dinheiro prometido pelo estado colocam o total geral em
cerca de US$ 125 milhões. Mas há mais arrecadação de
fundos a ser feita.
“O projeto vai custar pouco mais de US$ 200 milhões
quando tudo estiver pronto”, disse Metzger. “Fizemos
grandes progressos aqui.”
Para atingir os US$ 81 milhões em doações, Metzger disse
que a KSU recebeu US$ 51,1 milhões de doadores individuais,
US$ 11,5 milhões de partes interessadas e organizações
agrícolas e de commodities, US$ 10 milhões de parceiros
da indústria e US$ 8,8 milhões da venda de um terreno.
Isso incluiu uma doação de US$ 5 milhões do Kansas Farm
Bureau e uma doação de US$ 4 milhões da Kansas Soybean
Association and Commission, disse ela, observando que a
universidade recebeu várias outras doações significativas,
mas muitos dos doadores desejam permanecer anônimos.
Minton disse que a segunda fase do projeto incluirá
renovação adicional para Weber Hall e Call Hall, bem como a
construção de uma arena de competição de gado de última
geração no extremo norte do campus, perto do Stanley Stout
Center, outra instalação de ciência animal.
Minton disse que vários fatores exigiram o plano de
construir um novo prédio para substituir as antigas
instalações da Shellenberger. A primeira é que, como a
maioria dos edifícios construídos há mais de seis décadas,
ele se tornou obsoleto e sua condição física se deteriorou.
Enquanto isso, o Centro de Pesquisa e Inovação em
Agronomia será construído a oeste do Complexo de Ciência
de Grãos, que inclui o Hal Ross Flour Mill, O.H. Kruse Feed
Mill, IGP Institute e outras instalações. Minton disse que ter
esses departamentos aproximadamente no mesmo local
“eliminaria as barreiras à colaboração interdisciplinar” que
existem atualmente.
“Isso removerá as barreiras físicas que impedem os
alunos que estão se formando em diferentes departamentos
de interagir e estudar ao lado de alunos de outra disciplina”,
disse ele. “Acreditamos que os problemas realmente difíceis
que a alimentação e a agricultura enfrentarão nas próximas
duas décadas não serão resolvidos por nenhuma disciplina.
Será um esforço multidisciplinar, e achamos que isso
também é verdade neste caso.”
“Projetamos salas de aula de grande porte que podem
ser utilizadas tanto pela ciência animal quanto pela ciência
dos grãos”, disse Minton. “Acho que o design inicial dos
laboratórios realmente abre a colaboração com menos
paredes, menos portas e muita mistura de ciências de cereais
com outras em um espaço de laboratório coletivo maior e,
além disso, que moderniza as instalações para fabricação
de alimentos para animais de estimação também .”
Além de Weber Hall e Call Hall receberem a reforma
necessária, o Departamento de Ciência Animal também
espera levantar fundos suficientes para construir uma
arena de gado de classe mundial que substituiria a arena
localizada ao lado de Weber Hall.
Minton descreveu a instalação proposta como uma
“arena do tamanho de apresentações com 3.000 lugares
sentados que também possui camarotes de luxo. Terá
um estacionamento completo com conexões de serviços
públicos e os tipos de coisas que as pessoas que trazem
gado precisarão para esse tipo de evento.”
Se o plano para a nova arena pecuária for concretizado,
o Departamento de Zootecnia poderá “reaproveitar
estrategicamente” a Weber Arena para vários usos.
Fuente: https://www.world-grain.com/articles/18092-
ksu-to-start-first-phase-of-ag-infrastructure-upgrade
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40UTILISSIMAS
Da esquerda para a direita: Caroline Martins, Setor de Qualidade da COAMO,
Marcia Cavalcante; Gerente Geral da COAMO Paranaguá, João Ivano Marson e
o responsável pelo setor de qualidade do PPF, Giovanni Araujo.
Porto Ponta do Félix realiza operação inédita:
transporte de trigo pela costa brasileira
O Porto Ponta do Félix, localizado em Antonina, litoral
do Paraná, concluiu nesta quarta-feira (08) uma operação
inédita: a sua primeira navegação por cabotagem para
a expedição do transporte de trigo. O cereal - produzido
no Paraná e comercializado pela Coamo Agroindustrial
Cooperativa - tem como destino os moinhos do Ceará. No
total, foram embarcadas 15 mil toneladas do produto.
A cabotagem é uma modalidade de transporte marítimo
que acontece pela costa litorânea, de um porto a outro
dentro do próprio país.
Segundo o presidente do Porto Ponta do Félix, Gilberto
Birkhan, a operação abre espaço para o aumento na
movimentação de grãos e cereais pelo terminal. “A
navegação de cabotagem ainda é pouco explorada no
Brasil, e é uma forma de movimentar as riquezas produzidas
pelo agronegócio pelo transporte marítimo. Esta é uma
ótima opção quando a distância entre a origem e o destino
ultrapassa 1500 quilômetros”, explica Birkhan.
Navegação de cabotagem
Até o ano passado, a modalidade era realizada apenas
por navios de bandeira brasileira. A Lei da Cabotagem
derrubou esta exigência e liberou progressivamente o uso
de navios estrangeiros no país. “As novas regras devem
estimular a navegação na costa brasileira, elevando a oferta
de embarcações e reduzindo os custos do setor”, destaca
Birkhan.
Para realizar a operação, o Porto Ponta do Félix possui
a liberação, emitida pelo governo federal, para operar
mercadorias em tráfego de cabotagem.
Neste ano, o Porto Ponta do Félix prevê aumentar em 65%
a movimentação de cargas. O terminal é multipropósito,
com capacidade para movimentar e armazenar diferentes
tipos de cargas, como fertilizantes, açúcar ensacado, sal,
malte, trigo, pellet de madeira e alimentos. "Investimos
cada vez mais na customização do serviço, para atender
a demanda dos clientes e assim aumentamos também a
diversidade dos itens movimentados", afirma o presidente
do Porto Ponta do Félix, Gilberto Birkhan.
Novos investimentos
Ao longo dos próximos meses, o Porto Ponta do Félix
também contará com novos armazéns, que possibilitam
o aumento de 85% da capacidade de armazenagem,
passando de 280 mil toneladas para 520 mil toneladas, de
forma gradativa.
“O incremento da capacidade estática abre mercados
em novos segmentos. Temos também no cronograma das
operações, por exemplo, além da cabotagem de trigo, a
importação de barrilha, que é um produto a base de sódio
usado pela indústria para a produção de alimentos”, ressalta
Birkhan.
Neste início de ano, o Porto também completou os
investimentos em novas defensas marítimas, equipamentos
que proporcionam mais segurança durante a atracação
dos navios. As defensas servem para amortecer o impacto
resultante do encontro entre um navio e a estrutura de
atracação, reduzindo os riscos de avarias.
“Primamos pela segurança e, com relação às embarcações,
não pode ser diferente. As melhorias devem atrair ainda
mais navios para Antonina, por seguir rigorosamente os
padrões de instalações portuárias seguras a nível mundial”,
finaliza Birkhan.
Porto Ponta do Félix
O Porto Ponta do Félix é uma empresa privada,
concessionária do terminal portuário público multipropósito
de Antonina -- fundada em 1995.
A concessão se deu através de contrato de arrendamento
outorgado pela Administração dos Portos de Paranaguá e
Antonina -- APPA.
Em 2000, foi inaugurado o cais de atracação e iniciou-se
exportação de produtos refrigerados, produtos florestais e
aço.
Em 2009, a FTS Par assumiu a gestão do Porto
Ponta do Félix e iniciou uma nova fase nas diretrizes do
contrato de arrendamento do Terminal Portuário, focado
principalmente na conversão da vocação do terminal, antes
predominantemente de carga refrigerada, para carga geral
e a granel.
Agora você pode encomendar Granos 151
Apresentamos a última edição de nossa prima-irmã a
revista Granos (em espanhol).
Entre outros temas, são apresentadas informações sobre:
Sementes forrageiras, o que entendemos quando dizemos
"A qualidade de uma semente se faz no campo."; Conservação
de grãos em zonas tropicais e subtropicais; Comparação do
frete rodoviário de grãos na Argentina em relação ao Brasil
e aos Estados Unidos; Rendimento e qualidade do trigo
na região centro do país; Cálculo abrangente do custo de
secagem; O campo sempre presente; Pragas, quebrando
as regras; Foco na Argentina.
Prestigiosas empresas do
Brasil, Turquia, Canadá, Bélgica
e de outras partes do mundo
participam desta publicação,
que já cumpriu 27 anos e chega
a todos os países de língua
espanhola.
Interessados em fazer
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