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Revista Grãos Brasil 121

Edição nº 121 da Revista Grãos Brasil com as últimas notícias sobre a pós-colheita de grãos e sementes. Nesta edição, como é normal, graças ao apoio de tantos prestigiosos profissionais, temos informações de muita utilidade. Apresentamos tecnologia de segurança e higiene, conservação, monitoramento, pragas, limpeza e outros temas atuais. Esperamos que sejam do seu interesse.

Edição nº 121 da Revista Grãos Brasil com as últimas notícias sobre a pós-colheita de grãos e sementes.
Nesta edição, como é normal, graças ao apoio de tantos prestigiosos profissionais, temos informações de muita utilidade. Apresentamos tecnologia de segurança e higiene, conservação, monitoramento, pragas, limpeza e outros temas atuais. Esperamos que sejam do seu interesse.

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Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


graosbrasil.com.br


02EDITORIAL

Caros Amigos e Leitores

Ano XX • nº 121

Agosto / Setembro 2023

www.graosbrasil.com.br

Diretor Executivo

Domingo Yanucci

Colaboradores

Antonio Painé Barrientos

Maria Cecília Yanucci

Victoria Yanucci

Matriz

Brasil

Rua dos Polvos 415

CEP: 88053-565

Jurere - Florianópolis - Santa Catarina

Tel.: +55 48 99162.6522 / 48 99165.8222

E-mail: graosbr@gmail.com

br.graosbrasil@gmail.com

diretoria@graosbrasil.com.br

Sucursal

Argentina

Rua América, 4656 - (1653)

Villa Ballester - Buenos Aires

República Argenna

Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263

E-mail: consulgran@gmail.com

Revista bimestral apoiada pela:

F.A.O - Rede Lanoamericana de Prevenção

de Perdas de Alimentos -ABRAPOS

As opiniões contidas nas matérias

assinadas, correspondem

aos seus autores.

Conselho Editorial

Diretor Editor

Flávio Lazzari

Adriano D. L. Alfonso

Antônio Granado Martinez

Carlos Caneppele

Daniel Queiroz

Jamilton P. dos Santos

Maria A. Braga Caneppele

Marcia Bittar Atui

Maria Regina Sartori

Sonia Maria Noemberg Lazzari

Tetuo Hara

Valdecir Dalpasquale

Produção

Arte-final, Diagramação e Capa

MidiaLab Propaganda

44 99145-3873

Ligue e Assine:

48 99165.8222

É uma alegria chegar a vocês com esta nova edição, a 121ª, da nossa

Grãos Brasil. A cada dia estou mais convencido da necessidade de

melhorar nosso sistema de manejo pós-colheita de grãos e sementes.

No triângulo de ouro, vemos 3 grandes assuntos: 1) A infraestrutura,

que limita o manejo que podemos fazer e afeta diretamente a eficiência,

os custos, as perdas, a segurança, etc. 2) O pessoal, que, na medida em

que esteja bem capacitado, conscientizado, supervisionado e seja bem

remunerado, responderá da melhor maneira possível. E o último lado

do triângulo 3) O manejo, que, conforme a infraestrutura e o pessoal,

alcançará os níveis que hoje exige a pós-colheita de precisão ou, pelo

menos, a PC aprimorada, ou ficará dentro do PC tradicional, menos

eficiente e mais perigoso de todos.

Estamos alcançando um recorde atrás do outro e esperamos que

a produção, a produtividade e a qualidade dos produtos sejam cada

dia melhores. Porém, os gargalos de infraestrutura se tornam mais

evidentes e sem dúvida isso nos gera custos maiores.

As jornadas intensas, os volumes crescentes, a falta de manutenção,

os rendimentos deficientes dos equipamentos (elevador, secador,

peneiras, etc.) fazem com que nossas unidades passem por situações

críticas, chegando em muitos casos a situações extremas. Isso

se manifesta de forma mais acentuada naqueles armazéns mal

desenhados, feitos à moda dos anos 80.

Aproveitamos para comentar que nos meses de setembro e outubro

levaremos a tecnologia do Brasil a nossos vizinhos, concretizaremos

Jornadas de atualização no Paraguai, Bolívia, Uruguai e Argentina.

Também queremos informar que mensalmente estamos promovendo

uma MRL (Mesa redonda latino-americana) onde técnicos de vários

países trocam informações de interesse da nossa especialidade. Na

reunião de agosto, o Dr. J. Gaviria da Colômbia apresentou valiosa

informação sobre amostragem de grãos e eu apresentei os conceitos

de evolução da pós-colheita. Este ano também teremos um novo livro

de atualização sobre Controle e Manejo de Pragas (em espanhol).

Nesta edição, como é normal, graças ao apoio de tantos prestigiosos

profissionais, temos informações de muita utilidade. Apresentamos

tecnologia de segurança e higiene, conservação, monitoramento,

pragas, limpeza e outros temas atuais. Esperamos que sejam do seu

interesse.

Aproveito para desejar que Deus abençoe

suas famílias e trabalhos.

Domingo Yanucci

Diretor Executivo

Consulgran - Granos - Grãos Brasil

0055 48 9 9162-6522

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


04 - Importação de Fertilizantes no Brasil: O Arco Norte Surge como Alternativa Viável? – Thomé

Luiz Freire Guth

08 - Comporta para Fumigação de grãos – GARTEN

10 - WhitePRO Whiteness Meter – GARTEN

12 - Controle de Pragas durante a estocagem de grãos – HM RUBBER

14 - Tecnologia Bsi+ Da TOMRA 5C – TOMRA

17 - Onda de Calor e a Pós-Colheita – Eng. Domingo Yanucci

19 - Limpeza dos Grãos – Eng. Erico A. Weber

27 - Risco de Explosão em Unidades Armazenadoras– Dr. Luís César da Silva

32 - Reflitamos sobre a Quebra Técnica – Eng. Domingo Yanucci

34 - O Mundo Depende da China? – Oswaldo Pedreiro

37 - Manejo Preventivo de Pragas em Sementes e Grãos Armazenados Garante Qualidade e Bons

Preços – Gabriele Luciana Saqui e João Fernando Bernardini

38 - Não só de pão…

38 - UTILÍSIMAS

SUMÁRIO 03

Críticas e Sugestões: diretoria@graosbrasil.com.br

NOSSOS ANUNCIANTES

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04ATUALIDADE

Importação de

Fertilizantes no Brasil:

O Arco Norte surge

como Alternativa

Viável?

Thomé Luiz Freire Guth

Conab

thome.guth@conab.gov.br

Já faz um tempo que as exportações de grãos, sobretudo soja e milho tem

tido um crescimento muito acentuado pelos portos do Arco Norte, principalmente

para atendimento da produção oriunda de estados do Mato Grosso, Goiás

e do MATOPIBA.

No ano de 2022, de acordo com a Conab e Secex, dos 238,7 milhões de toneladas

de soja e milho produzidos no Brasil, 121,9 milhões foram exportados,

sendo 49,5 milhões pelos portos do Arco Norte, ou seja, 40,6%.

Pelo volume que se produz nos estados acima do paralelo 16, ainda há espaço

para crescimento do fluxo de grãos em direção aos portos do Norte e Nordeste

do país, sobretudo em portos onde vem ocorrendo fortes investimentos

privados, como os de Itaqui (MA), Barcarena (PA), Santarém (PA) e Itacoatiara

(AM), que juntos foram responsáveis por 91,3% dos embarques de milho e soja

pelo Arco Norte.

Um dos pontos positivos desta nova dinâmica logística do país é a redução

do custo de frete. Para se ter uma ideia, conforme dados da Conab, a diferença

percentual média do preço do frete de grãos entre as rotas Sorriso (MT) – Santos

(SP) e Sorriso (MT) – Santarém (PA) saiu de 11,3%, em 2018, para 26,8%, em

2022. Em termos absolutos, de R$ 36,67 em 2018, para R$ 117,08/tonelada em

2022.

Diante deste cenário, novas oportunidades começam a surgir, sendo uma

delas a importação de fertilizantes pelos portos do Arco Norte, muitas vezes

diminuindo ainda mais o custo médio de frete, pela operação conhecida como

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


ATUALIDADE 05

frete de retorno, onde aproveita-se,

em determinado momento, o mesmo

transporte que leva os grãos para os

portos, retorna com os fertilizantes.

No gráfico abaixo é possível observar

que o comportamento de exportação

dos grãos por mês é muito

similar ao de fertilizantes, corroborando

com a afirmação anterior.

O principal porto de importação

de fertilizantes no país é o de Paranaguá

(PR) que respondeu, em 2022,

por 27,6% de todo volume importado

no país. No entanto, as importações

pelos portos do Arco Norte, neste

mesmo ano, tiveram uma participação

de 21,4% do total. Outro ponto de

destaque é que esse volume de desembarque

de fertilizantes por esses

portos saiu de 5,5 para 8,2 milhões

de toneladas, um crescimento de

48,4%, segundo a Secex.

Em 2022, as importações de fertilizantes pelos portos

do Arco Norte tiveram como destaque o Porto de Itaqui

(MA), responsável por 40,4% de todo volume internalizado

por pelos portos acima do paralelo 16, seguido por Santarém

(PA) 18%, Barcarena (PA) 16% e Salvador (BA) 15%.

De acordo com a Secex, no ano citado, no Porto de Itaqui

desembarcaram cerca de 3,3 milhões de toneladas de

adubos, configurando o 4º principal porto de acesso desse

importante insumo para a agricultura brasileira.

O Porto de Itaqui, localizado no litoral Oeste da Ilha

de São Luís (MA), a 11 km do centro da cidade. A administração

do porto é feita pela Empresa Maranhense de

Fonte: Conab

Fonte: Conab

Fonte: Comexstat (Secex)

Fonte: Conab

Fonte: Comexstat (Secex

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06ATUALIDADE

Administração Portuária (EMAP), este porto faz parte do

Complexo Portuário de São Luís que contém os Terminais

de Ponta da Madeira (Vale) e o Terminal da Alumar. O canal

de acesso deste porto possui 23 m de profundidade com

um calado máximo de 22,3 m, uma largura limitante de

500 m e um comprimento de 101 km.

Uma das vantagens deste porto em relação aos demais

do Arco Norte é sua conexão ferroviária direta com a

Transnordestina (FTL) e a Estrada de Ferro Carajás (EFC).

A primeira passa por 7 estados do Nordeste (do Maranhão

a Sergipe) e possui 4.238 km de extensão, a segunda liga

São Luís a Carajás (PA), administrada pela VLI e ainda faz

conexão com a Ferrovia Norte Sul (FNS), em Açailândia

(MA), indo até Estrela D’Oeste (SP). Assim, a Hinterlândia

do Porto de Itaqui (ou seja, sua área de influência operacional)

consiste em municípios dos estados do Maranhão,

Tocantins, Piauí, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso

do Sul e Pará.

Em 2023, em parceria com a VLI, a COPI inaugurou o

corredor de fertilizantes do Arco Norte, que liga, pelo modal

ferroviário, o carregamento de fertilizantes, operado

pela COPI, no Porto de Itaqui até o Terminal Integrador de

Palmeirante (TIPA), no Estado do Tocantins que possui

uma área de 230 há com possibilidade de arrendamento

do terreno para players de fertilizantes, tradings do agro e

outros setores, incluindo possíveis prestadores de serviços

de armazenagem.

O investimento foi na ordem de R$ 400 milhões e já

possui a capacidade de operar 1,5 milhões de toneladas

por ano. Este projeto permitirá, a partir de agora, na possibilidade

de um frete ferroviário de retorno, visto que o mesmo

sistema será utilizado para exportação de soja e milho

e internalização de fertilizantes, conforme figura abaixo:

Fonte: EMAP

O porto possui 09 berços operacionais, com profundidades

entre 12 e 19 metros, fato que permite que navios

de grande porte possam atracar. Segundo a EMAP, as

taxas de ocupação dos berços, em 2021, variaram entre

71% a 95%, no acumulado do ano, significando um grande

aproveitamento de sua capacidade operacional.

A vocação do porto é de movimentação de graneis sólidos

e líquidos, sendo boa parte a exportação de grãos

(soja e milho), bem com a importação de combustíveis

e fertilizantes. Na comunidade portuária de Itaqui há 18

operadores portuários, sendo um dos mais importantes

para as operações de importação de fertilizantes a COPI

Operações Integradas, que é responsável por 70% do market

share das operações portuárias de fertilizantes, carvão

e outros granéis sólidos.

Em 2020, esta empresa investiu, em Itaqui, aproximadamente

R$ 100 milhões em sistemas mecanizados de

descarga de fertilizantes, sendo um dos mais modernos

da América Latina com 1,6 ha de área, 10 boxes, com uma

capacidade estática de 70.000 toneladas, descarga de

1.250 t/h, expedição rodoviária de 700t/h e ferroviária de

1.000 t/h.

Além disso, a COPI possui uma retro área na Vila Maranhão

(a 6km do porto) com 04 armazéns com 35.000

toneladas de capacidade, 02 balanças rodoviárias e uma

área licenciada para empreendimentos industriais e logísticos

de 229.000 m 2 .

Fonte: COPI

Para se ter uma ideia da importância deste empreendimento,

a Mosaic Fertilizantes vai investir R$ 400 milhões

na construção de uma nova unidade de mistura, armazenagem

e distribuição no TIPA. A expectativa é de iniciarem

as operações em 2025, com 500 mil toneladas produzidas

no primeiro ano até atingir 1,0 milhão de toneladas ano em

2028. A nova fábrica contará com armazém para até de

100 mil toneladas de fertilizantes e sistemas de misturas

e ensaques e pretende atender os estados do MATOPIBA,

podendo estender seu atendimento até a região do Vale do

Araguaia (MT) e Norte de Goiás.

Diante do contexto apresentado, percebe-se que, em

função dos investimentos realizados, a movimentação de

fertilizantes pelo Arco Norte tende a ser uma excelente opção

para o produtor rural, o que poderá alterar o ambiente

ainda mais das regiões que produzem acima do paralelo

16, podendo aumentar a rentabilidade dos produtores,

pela diminuição do custo logístico tanto na venda do milho

e da soja quanto na aquisição do fertilizante, além de fomentar

a geração de novas oportunidades de negócios e

empregos nessas regiões.

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


AERAÇÃO 07

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08TECNOLOGIA

Comporta para

Fumigação de grãos

A Comporta para fumigação apresenta solução interessante

e inovadora para o processo de expurgo, selando

e controlando a entrada e saída de ar e gases em silos e

caixas de expurgo de grãos.

Pode operar com cilindro pneumático ou elétrico para

executar com eficiência e controle rigoroso o expurgo, que

é crucial para garantir a qualidade dos grãos com alta performance,

economia e preservação ambiental.

Especificações Técnicas:

• Operação: Cilindro pneumático ou elétrico

• Vedação: Estanque, sem permissão para a passagem

de ar ou gases quando fechada

• Uso: Vedação de silos e caixas de expurgo de grãos

Benefícios:

Eficiência máxima na fumigação de grãos:

A capacidade de vedação estanque permite um controle

estrito dos gases de gerados dentro dos silos e caixas,

garantindo que os grãos sejam adequadamente expostos

aos agentes de fumigação pelo tempo necessário

para alcançar a máxima eficácia na eliminação de pragas

e microrganismos.

Segurança alimentar:

É uma prioridade e a Comporta para Fumigação oferece

a garantia de que o ar e os grãos possam ser adequadamente

limpos após o processo de fumigação, assegurando

a qualidade do produto e a segurança dos alimentos.

Operação automatizada:

O cilindro pneumático adiciona eficiência e precisão ao

processo, eliminando possíveis erros humanos e garantindo

um ambiente de fumigação controlado.

Preservação do meio ambiente:

Também é considerada, uma vez que a comporta ajuda

a evitar a liberação descontrolada de gases, contribuindo

para a conformidade com regulamentos de sustentabilidade

e preservação ambiental.

Aplicações:

No geral, a aplicação da Comporta para Fumigação é

ampla e diversificada, sendo útil em instalações de armazenamento

de grãos, moinhos, processadores de alimentos

e em qualquer local onde a fumigação seja necessária

para manter a qualidade dos grãos e garantir a segurança

dos alimentos.

Economia de recursos:

Também é um benefício notável, pois o controle aprimorado

do fluxo de gases resulta em uma utilização mais

eficiente dos agentes de fumigação, reduzindo custos

operacionais.

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


LIMPEZA 09

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10TECNOLOGIA

Equipamento de última geração especialmente projetado

para medir com facilidade e precisão a brancura e o

grau de polimento dos grãos de arroz em diferentes estágios

do processo de brunição e polimento.

Mantenha o arroz branco e polido com o WhitePRO.

Não permita que o excesso de polimento arruíne o seu

arroz - escolha WhitePRO.

WhitePRO - a tecnologia de medição da brancura e polimento

de arroz mais avançada do mercado.

Qualidade na Brunição e Polimento de arroz, é agora possível

com WhitePRO.

Menor tempo do brunidor e poilidor funcionando com

brancura e polimento indesejados.

A amostra de arroz é colocada

em um compartimento

de medição localizado na parte

superior do aparelho. O operador

devera movimentar o aparelho

para iniciar o processo de

analise e apresentar o resultado

na tela indicando os valores

de brancura e polimento da

amostra, bem como o valor da

brancura desejado.

Para realizar a calibração

do sensor, é necessário inserir

no compartimento de amostra

o disco de calibração, para tanto, são necessários discos,

sendo um de cor branca e outro de cor marrom.

O WhitePRO é um medidor de alta precisão, portátil e

as medições são feitas ao lado da máquina, evitando o ir e

vir até ao medidor de laboratório, retrabalhos e perdas de

produção.

A principal função do WhitePRO é permitir que o operador

obtenha medições precisas e, com base nesses resultados,

faça ajustes imediatos no brunidor ou polidor, a fim

de alcançar o valor desejado e pré-definido de brancura e

polimento.

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


TECNOLOGIA

11

Toda medição realizada pelo operador é registrada no

banco de dados interno do WhitePRO e pode ser acessado

a qualquer momento através de senha de supervisor.

A interface de usuário para configurações e visualização

de históricos é realizada através de qualquer smartphone,

tablet, computador ou dispositivo que tenha possibilidade

de conexão WiFi e podem ser exportados em

formato XLSX.

O WhitePRO funciona com baterias de Lithium-Polymer

recarregáveis, com alta capacidade de energia. A carga

se dá via a um sistema de indução localizado na base

do aparelho.

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12CONTROLE DE PRAGAS

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


CONTROLE DE PRAGAS 13

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14TECNOLOGÍA

Tecnologia Bsi+ da TOMRA 5C

Fundamental Para a Seleção de Sementes de

Milho Doce e Eliminação do Milho Dentado da

Empresa Chilena Uwafen Seeds

A TOMRA Food provou estar na vanguarda da classificação em uma grande variedade de produtos com diferentes tecnologias.

A estrela dessa aplicação é a tecnologia exclusiva de identificação de características biométricas (BSI+) da

máquina TOMRA 5C adquirida pela Uwafen Seeds, uma empresa chilena dedicada à produção de sementes de milho

doce de alta qualidade. A tecnologia BSI+ detecta diferenças na composição química do milho doce em relação ao milho

dentado, o que é muito difícil de ser distinguido pelo olho humano e muito complexo para sistemas de classificação que

usam câmeras coloridas ou tecnologia a laser.

A Uwafen Seeds é uma empresa chilena localizada

em San Clemente, 300km ao sul de Santiago do Chile. É

uma das empresas líderes na multiplicação de sementes

de milho doce de alta qualidade, livres de fungos, descolorações

e outras espécies de milho indesejadas, como

o milho dentado. A empresa trabalha para as principais

empresas de milho do mundo para atender a uma ampla

gama de necessidades: desde a polinização manual até

a grande produção em campo aberto, incluindo aumento

de sementes básicas, testes de pureza genética, monitoramento

de doenças e testes de floração, todos realizados

sob um protocolo rigoroso para manter a confidencialidade

do material genético. "O princípio fundamental de nosso

negócio é garantir a confidencialidade, a privacidade e

o respeito por todas as informações relacionadas ao material

de sementes de milho fornecido por nossos clientes

para a multiplicação de sementes. Essa atitude de serviço

honesto e confiável permitiu que a Uwafen Seeds construísse

um relacionamento sólido e duradouro com nossos

clientes", diz Alejandro Puentes, Gerente de Processamento

de Sementes da Uwafen Seeds.

Além de sua própria Estação Experimental e Viveiro,

eles possuem uma Planta de Processamento com todos

os equipamentos necessários para calibrar, tratar e embalar

sementes, o que permite que seus clientes as exportem

diretamente para o mercado desejado, como América do

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023

Norte, Europa, Ásia e Oceania, com destaque para os mercados

dos Estados Unidos, China, Japão, França, Espanha

e Turquia.

Cada cliente tem seus próprios padrões de qualidade,

até mesmo para diferentes variedades de milho doce, mas

o que está claro é que a diferenciação entre as duas espécies,

milho doce e milho dentado, é crucial para garantir

um alto padrão de produção.

Alejandro Puentes explica: "Para nós, era fundamental

poder remover grãos estranhos nas sementes de milho

doce, como grãos dentados ou grãos com fusarium - um

fungo filamentoso que é comumente encontrado no substrato

e afeta não apenas o milho, mas 80 outros tipos de

culturas. Costumávamos usar a Nimbus 640 que, embora

seja uma boa máquina, não era suficientemente avançada

para essa tarefa. Portanto, os lotes que não atingiam

a qualidade necessária com esse equipamento tinham

de ser limpos manualmente, a um custo muito alto, sem

certeza das datas de conclusão e com uma grande quantidade

de reprocessamento. Estamos trabalhando com a

TOMRA 5C desde março deste ano. Desde que adquirimos

a máquina, notamos imediatamente um aumento na eficiência.

Agora, não só podemos garantir uma alta qualidade

de sementes de milho processadas, como também fazemos

isso em menos tempo, o que nos permite melhorar os

prazos de entrega aos nossos clientes. Além disso, conse-


TECNOLOGÍA 15

guimos reduzir os custos de produção em cerca de 60%

graças à alta precisão da tecnologia BSI+".

Uwafen Seeds, um relacionamento longo e estratégico

O relacionamento entre a TOMRA Food e a Uwafen Seeds

remonta a 2015, quando a empresa chilena adquiriu

seu primeiro Nimbus 640 para classificação de sementes.

Com o passar do tempo, as demandas se tornaram cada

vez maiores, assim como os custos de produção. Para

ajustar ambos os aspectos, a Uwafen Seeds precisava de

uma nova tecnologia capaz de levar a qualidade de seus

serviços um passo adiante.

Como diz Carlos Gonzalez, Gerente Comercial Chile da

TOMRA Processed Food, parte da TOMRA Food: "O milho

doce é destinado ao consumo humano, seja fresco, embalado

ou congelado, enquanto o milho dentado é para

consumo animal. Qualquer contaminação relacionada ao

estágio de multiplicação da semente afeta muito o produto

final. Durante o processo de plantio e polinização das

mudas de milho, cruzamentos acidentais são feitos nos

campos com outras espécies indesejáveis, como o milho

dentado. Esse é um grande problema, pois a presença

desse contaminante pode significar a perda total de lotes

inteiros de colheita. A principal dificuldade no processo de

separação das sementes é a grande semelhança física

entre elas, o que torna os métodos de limpeza mecânicos

e manuais insuficientes. É nesse ponto que a TOMRA 5C

e sua tecnologia BSI+ desenvolvida internamente entram

em ação".

TOMRA 5C, tecnologia BSI+ altamente eficiente

O classificador TOMRA 5C é usado em diversas aplicações

devido à eficiência insuperável da combinação de

laser de alta resolução e tecnologia BSI, que permite que

os objetos sejam analisados não apenas pela cor e forma,

mas também por suas características biológicas. Dessa

forma, essas imagens de espectro identificam suas características

biométricas exclusivas.

A TOMRA realizou uma demonstração em suas instalações

em Santiago do Chile para avaliar qual tecnologia

era a mais adequada para a separação das duas sementes.

"Enviamos amostras de lotes em que os grãos irregulares

não haviam sido completamente removidos por outros

equipamentos. Devo dizer que o resultado foi excelente e

melhor do que o esperado. Embora não tenhamos ficado

surpresos, já conhecemos as capacidades da TOMRA", diz

Alejandro Puentes.

Fernanda Rubilar, engenheira de aplicações que apoia

o departamento comercial, explica: "Esses testes foram

complexos devido à semelhança física das duas sementes,

mas o milho dentado tem mais amido do que o milho

doce. Isso gera uma reflexão de luz diferente. E é exatamente

essa diferença que a câmera com tecnologia BSI+

é capaz de ver. Nenhuma outra tecnologia (NIR; câmera

RGB ou laser) consegue ver a diferença entre as duas sementes.

A eficácia do equipamento é muito alta. Em algumas

espécies de milho doce, podemos atingir 85% de

eficiência na primeira passagem do processo e até 98% na

segunda passagem."

"A TOMRA 5C nos dá a tranquilidade de saber que

estamos fornecendo aos nossos clientes um serviço de

seleção de sementes do mais alto padrão. É o melhor

equipamento do mercado. Ele garante alta produtividade

a um custo muito baixo em comparação com a limpeza

manual, que era obrigatória anteriormente. Ainda estamos

trabalhando nos mesmos mercados de antes, mas agora,

graças à TOMRA, nossos clientes estão satisfeitos e reduzimos

drasticamente nosso esforço humano e nossos

custos. Eu recomendo totalmente a tecnologia da TOMRA",

diz Alejandro Puentes.

Segmento de sementes, um nicho com muito potencial

A equipe da TOMRA Food no Chile já está testando outros

produtos devido ao crescente interesse por esse tipo

de solução, tanto em seu próprio mercado quanto nos Estados

Unidos. Nos últimos meses, foram realizados testes

bem-sucedidos com outros grãos e sementes, como

trigo, cevada, aveia, tremoço, cenoura, abóbora, melancia,

couve-flor, alface, pimentão e flores. Nesse caso, as demonstrações

estão sendo realizadas com a TOMRA 3C,

uma máquina equipada com laser duplo cujas câmeras

bilaterais inspecionam o produto de ambos os lados para

detetar os defeitos mais sutis de cor e forma.

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16TECNOLOGÍA

Sobre TOMRA Food

A TOMRA Food projeta e fabrica máquinas de

classificação baseadas em sensores e soluções integradas

de pós-colheita, transformando a produção

global de alimentos com o intuito de maximizar

a segurança alimentar e minimizar a perda de alimentos,

garantindo assim que “Todos os Recursos

Contem”.

Mais de 13.800 unidades estão instaladas em

produtores, embaladores e processadores de alimentos

em todo o mundo para confeitaria, frutas,

frutas secas, grãos e sementes, produtos de batata,

proteínas, nozes e vegetais.

A TOMRA Food opera centros de excelência, escritórios

regionais e locais de fabricação nos Estados

Unidos, Europa, América do Sul, Ásia, África e

Australásia.

Siga a TOMRA Food no Facebook @TOMRA.

Food, Twitter @TOMRAFood, Instagram @TOMRA-

Food e no LinkedIn em TOMRA Food. A TOMRA

Food é uma divisão do Grupo TOMRA. A TOMRA

foi fundada em 1972 e começou com o desenho,

fabricação e venda de máquinas de venda reversa

(RVMs) para coleta automatizada de recipientes de

bebidas usadas.

Hoje, a TOMRA está liderando a revolução de recursos

para transformar a maneira como os recursos

do planeta são obtidos, usados e reutilizados

para permitir um mundo sem desperdício. As outras

divisões de negócios da empresa incluem TOMRA

Recycling, TOMRA Mining e TOMRA Collection.

A TOMRA possui aproximadamente 105.000

instalações em mais de 100 mercados em todo o

mundo e teve uma receita total cerca de 12 bilhões

de NOK em 2022. O Grupo emprega ~5.000 funcionários

globalmente e está listado publicamente na

Bolsa de Valores de Oslo. A sede da empresa fica

em Asker, Noruega.

Para obter mais informações sobre a TOMRA,

consulte: www.tomra.com

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


ATUALIDADE 17

Onda de Calor e

a Pós-Colheita

Eng. Domingo Yanucci

Consulgran - Granos - Grãos Brasil

diretoria@graosbrasil.com.br

Todos vemos como estamos vivendo um inverno atípico, muito quente.

Temperaturas de até 39°C no Rio Grande do Sul. Cada novo ano resulta mais

quente que o anterior. A NASA informo que 2024 será ainda mais quente. A

temperatura, junto com a umidade relativa e as condições da colheita e o acondicionamento/manuseio,

são os fatores físicos mais importantes do meio. A

continuação, vemos alguns exemplos de como a elevação da temperatura nos

afeta em nosso manejo de grãos pós-colheita:

1. As pragas (insetos - ácaros) Os gorgulhos, carunchos, etc., são de origem

subtropical. A elevação da temperatura permite um melhor desenvolvimento

das pragas. Ciclos de vida menores, maior longevidade, maior

número de gerações por ano, maior potencial de consumo, maior atividade

(mobilidade), etc. A maiores temperaturas as pragas se convertem

em um problema maior. Os grãos são maus condutores do calor, por isso

pequenas fontes de temperatura podem gerar importantes aumentos de

temperatura localizados (focos de aquecimento).

2. Os Fungos (Aspergillus, Penicillium) Estes sempre estão acompanhando

os grãos, seu desenvolvimento dependerá dos níveis de umidade, mas a

maior temperatura acelera o desenvolvimento (dentro de certo limite). O

mesmo que a respiração dos grãos, por cada 5°C de incremento, duplica o

ritmo de respiração, e com isto a perda de peso.

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18ATUALIDADE

3. Perdas de peso seco no armazenamento. Perdas

aceitáveis estão em 0,002% por dia. Isso resulta, por

exemplo, em 0,2% de perda de matéria seca em 100

dias de armazenamento (que não pode ser recuperada).

Um aumento de 5°C leva a duplicar as perdas.

Podemos ver em nossos armazéns perdas de peso

seco de 0,006% por dia, o que eleva a perda (mal chamada

quebra técnica) a 0,6% em pouco mais de 3

meses.

4. Perdas de peso úmido no armazenamento. Com as

maiores temperaturas, a umidade relativa tende a ser

menor e isso leva a que, durante a aeração dos grãos,

mais umidade seja eliminada do que a desejável, resultando

em perda de peso. É muito comum armazenar

com uma umidade e retirar com 0,5% a menos

depois de vários meses de aeração.

5. Maior degradação dos agrotóxicos residuais. Com

maiores temperaturas, os inseticidas protetores residuais

(organofosforados - piretroides) degradam-se

mais rapidamente, oferecendo menor proteção às

instalações e aos grãos.

6. Maiores riscos de explosão de pó. Para que ocorra

uma explosão de pó, são necessárias 5 coisas: a) Pó

em suspensão (quantidade e densidade adequadas);

b) um lugar confinado; c) uma fonte de ignição (por

exemplo, uma faísca); d) Comburente (disponibilidade

de O 2

); por último, e) ter menos de 50% de umidade

relativa. Maiores temperaturas favorecem as

menores umidades no ambiente.

Existem outras variáveis que poderíamos comentar,

mas as apresentadas aqui são as mais importantes.

Maiores temperaturas nos geram mais problemas, maiores

perdas e, em última análise, afetam a rentabilidade de

nossa atividade.

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


Limpeza dos Grãos

TECNOLOGÍA 19

Eng. Erico A. Weber

Os grãos da forma como são colhidos e recebidos da lavoura não podem

ser armazenados por melhor que sejam as condições de trabalho e a qualidade

do equipamento utilizado na colheita, pois são recebidos com um teor de impurezas

acima daquela adequada para o armazenamento. É necessário remover

essas impurezas e em muitos casos, especialmente no início da safra, os grãos

também são recebidos úmidos, tendo que passar pelo secador ou silo secador.

As colheitadeiras realizam a colheita no campo e fazem um pre-limpeza

dos grãos, porém, mesmo que bem reguladas e corretamente operadas, um

porcentual de impurezas acima do mínimo indicado para armazenagem e comercialização

permanecerá na massa entregue nas unidades onde se fará o

beneficiamento: limpeza, secagem e armazenagem.

No que diz respeito a umidade recomendada para a colheita, via de regra

e bem mais elevada do que a indicada para armazenagem segura. Inclusive,

existem recomendações técnicas sobre a umidade de colheita ideal para cada

produto que, tanto quanto possível, deverá ser observada, evitando perdas no

campo com as batidas do molinete, movimento das navalhas, velocidades inadequadas

de avanço da máquina. Também danos mecânicos precisam ser evitados

para manterem intactos o máximo possível, evitando amassamento dos

grãos muito úmidos e trincas em grãos muito secos, que nessas condições,

acorrem com facilidade.

Quanto as impurezas, os grãos serão armazenados com o menor porcentual

possível para facilitar a conservação, entretanto, na prática, e usual armazenar

com 1%, valor que não é estabelecido por critérios técnicos, mas pela prática

comercial, sendo que as empresas, de modo geral, vendem e compram grãos

com esse tenor de impurezas. Do ponto de vista técnico, para a melhor con-

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20TECNOLOGÍA

servação dos grãos, controle de insetos, temperatura e do

melhor desempenho da aeração, quanto menos impurezas

melhor, entre tanto o valor de 1% e aceitável particularmente

se não permanecer concentrado, mas espalhado

de forma mais homogênea possível, o que é obtido com os

espalhadores de grãos existentes nos silos.

Equipamento de limpeza muito utilizado no Brasil. Possuem

duplo sistema de ventilação e quatro peneiras em

uma caixa única. Também encontramos as de 6 peneiras.

A redução de impurezas do teor inicial para 1% pode

ser realizada em uma única passada pela pré-limpeza,

máquina localizada antes do secador. Ou como tem sido

mais usual, em duas passagens, inicialmente pela pré-

-limpeza antes do secador e após a secagem pela máquina

de limpeza, como mostra a sequência de operações do

fluxograma.

Este lay-out representa em forma simplificada e simbólica

uma unidade de processamento e armazenagem

de pequeno porte. O exemplo apresentado possui uma

moega (M) de recebimento dos grãos, conetada por tubulação

ao pé de elevador (E1) que alimenta a máquina

de pré-limpeza (PL). Da pré-limpeza, dirigidos por uma

válvula de duas direções, os grãos recebidos secos seguem

para o pé do elevador (E3) que alimenta o silo por

gravidade através de tubulação. Os grãos úmidos, entretanto,

da pré-limpeza caem no pé do elevador (E2), através

desse são introduzidos no secador (S). Estando os grãos

com baixa umidade, menos de 20%, o sistema de secagem

será contínuo e nesse caso os grãos saindo do secador

são conduzidos por tubulação ao pé do elevador (E3) e dai

para silo (Si) de forma contínua. Grãos úmidos, com teor

de umidade maior de 20%, por exemplo, passarão mais de

uma vez pelo secador e nesse caso., os grãos saindo do

secador através do elevador (E2), para apenas quando se

encontrarem secos e frios serem levados ao silo através

do elevador (E3)

Os grãos sendo recebidos com baixa umidade, menos

de 17% e havendo no silo aeração (VA) de boa qualidade

e adequada para secagem, não precisa passar por secador.

A secagem poderá ser feita no silo, observadas certas

condições de trabalho. Grãos úmidos, também poderão

ser secos no secador e retirados ainda quentes e resfriados

no silo se houver aeração adequada para esse fim,

com duplo objetivo: diminuir possíveis danos mecânicos

e aumentar a capacidade do secador. Incluímos, nesse

exemplo, apenas uma máquina de limpeza chamada de

pré-limpeza, utilizada antes do secador, sem máquina de

limpeza utilizada após o secador.

Na máquina de pré-limpeza, além das impurezas, são

removidos produtos inertes, impurezas sem valor comercial

e produtos orgânicos também consideradas impurezas

embora com valor nutricional, produto propio para

ração, pois possui bom porcentual de proteínas cuja secagem

devera ser feita separadamente em secador especial

para resíduos vegetais.

O ventilador de aeração (VA) é responsável pelo fluxo

forçado de ar que passa através da massa de grãos, fazendo

a manutenção, eliminando focos de calor e de odor,

resfriando os grãos armazenados, mantendo inalteradas

a qualidade originais dos grãos. A expedição dos grãos

armazenados é feita através de uma rosca transportadora

(T1) que se encontra no fundo do silo que remove

e transporta os grãos até uma pequena moega de fluxo

(MF) de onde os grãos alimentam o pé do elevador (E3)

que através de outra tubulação faz a expedição na casa

de máquinas sobre a moega. O leitor nota que na saída

do elevador (E3) existe uma peça denominada válvula de

duas direções que permite que os grãos sejam direcionados

para o silo o para a expedição. No exemplo se mostra

um silo, mas poderia possuir dois ou mais em semicírculo,

sendo os três alimentados pelo mesmo elevador que deverá

se encontrar equidistantes dos 3 silos.

Se usamos apenas uma máquina de limpeza, a mesma

se posiciona antes do secador para que se evite a entrada

de impurezas no secador. Apenas em culturas e lavouras

com grande quantidade de contaminantes e impurezas,

com 6 ou 7%, ou ainda mais, e conveniente utilizar as duas

máquinas. Ou ainda, quando for necessário separar grãos

quebrados dos grãos inteiros, o que não pode ser feito na

pré-limpeza, pois também os grãos quebrados precisam

passar pelo secador, assim a separação de grãos quebra-

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


TECNOLOGIA 21

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22TECNOLOGÍA

dos dos inteiros será feita na máquina de limpeza após o

secador.

As máquinas utilizadas como pré-limpeza e limpeza

via de regra não têm diferenças entre si, a não ser pela

posição de trabalho em que se encontram, antes ou depois

do secador e a perfuração das peneiras diferentes e

adequadas às separações que realizam. Máquinas mais

antigas, de pequena capacidade, possuíam como diferença

entre ambas, o número de peneiras e o número de

aspirações. Em quanto que as máquinas de limpeza contavam

com duas aspirações e maior número de peneiras,

as pré-limpezas possuíam uma aspiração apenas e menor

número de peneiras.

A correta utilização das máquinas de pré-limpeza contribui

sensivelmente para o melhor funcionamento e desempenho

do secador e a correta utilização das máquinas

de limpeza contribui para mais fácil e econômica conservação

dos grãos armazenados, pois secos, limpos e frios,

os grãos aquecerão menos e exigirão menos horas de aeração

nos silos.

Porosidade na massa de grãos

Existem importantes espaços vazios entre os grãos

armazenados a granel, como já vimos, e é através deles

que se realiza a aeração. Esse espaço, denominado espaço

intergranular ou porosidade, varia com o tipo de grãos

e representa um volume expressivo como vemos na próxima

tabela.

As impurezas se deposita meses espaços, obstruem

e impedem a passagem do ar e o calor permanecendo no

local, forma focos de aquecimento prejudicial para o produto.

Mesmo identificados os focos de calor através da

termometria, ligada a aeração, também ela não poderá

enfriar a massa caso se encontram obstruídos os espaços

entre os grãos. O calor aumenta atividade respiratória fazendo

com que haja maior liberação de calor, de CO 2

e de

água e levará a parte afetado do produto a rápida deterioração,

aparecendo grãos ardidos e estabelecendo um lugar

ideal para a multiplicação de insetos e fungos. Sempre

que possível, devem ser separados grãos inteiros de grãos

quebrados, pois esses, além de dificultarem a passagem

do ar, aquecem com mais facilidade.

O leitor poderá obter todas as informações atualizadas

sobre teor de impurezas permitidas para cada grãos,

secagem e umidade máxima de comercialização de cada

produto, consultando diretamente a Conab (www.conab.

gov.br).

Princípios de funcionamento da ventilação

Dissemos que as máquinas de limpeza também são

conhecidas como máquinas de ar e peneiras por ser através

dos recursos da ventilação e das peneiras que se realiza

a limpeza. Existem diferenças físicas de tamanho, peso

e de formato que permitem a separação dentre grãos de

um lado e de outro as impurezas, quer sejam maiores ou

menores do que os grãos. Algumas diferenças físicas são

utilizadas para a separação através de peneiras. As diferenças

de peso específico são utilizadas para a separação

pela ventilação. Nela remove-se produtos de peso específico

inferior ao peso específico dos grãos.

Para entendermos melhor a questão do peso específico

mostramos na figura anterior, no quadro (a) temos um

grão inteiro de milho com a indicação do sei peso (Pmi) e

um meio grãos de milho cujo peso menor e indicado por

(Pmq) e os pesos representados por uma seta voltada

para baixo, proporcional ao peso de cada um, isto é, peso

e seta maior do grão inteiro e peso e seta menor do meio

grão. Já no quadro (b) do peso específico do grão do mi-

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


TECNOLOGÍA 23

lho, o grão do milho inteiro (Pemi) e o meio grão (Pemq)

são vistos com as setas do mesmo comprimento representando

pesos iguais e isto porque, neste caso, as setas

representam o peso específico igual nas duas situações

porque o produto e o mesmo e não depende do tamanho

do grão.

O quadro (c) e (d) representam o mesmo para soja.

O valor do peso específico do grão inteiro e do quebrado

e obtido matematicamente dividindo o peso do grão inteiro

(Psi) pelo volume do grão inteiro (Vsi) e que será igual

ao resultado da divisão do peso do grão quebrado (Psq)

dividindo pelo volume do grão quebrado (Vsq).

O leitor poderá estranhar o fato que o peso do maior

grão e do grão inteiro de milho ou de soja sejam iguais,

como visto no quadro (b) e (d) o que é real em se tratando

de peso específico. essa característica física e que permite

separar impurezas sem separar meios grãos ou grãos

inteiros.

Se a ventilação estiver arrastando meio grão, estará

arrastando também grão inteiro, pois ambos possuem o

mesmo peso específico. Essa e a lei da natureza e não há

como revogá-la.

Algumas vezes, os operadores e mesmo outros profissionais

ligados a área, dizem ser a "diferença do peso entre

os componentes da mistura" o recurso que se utilizá para

fazer a separação parecendo que o ar separa materiais pesados

de leves, o que , como vimos, não procede. Assim

fosse, 1/2 grão com a metade de peso em relação ao grão

inteiro, seriam sempre separados por a ventilação mais

não são. Chamamos a atenção de que no dia-a-dia do beneficiamento

e da armazenagem por questão de comodidade

e facilidade de expressão, costumamos dizer que

"o ar separa pelo peso removendo as impurezas leves". A

expressão representa um erro crasso mas que é utilizada

e aceita para o uso do dia-a-dia.

O meio grão pesa a metade que o grão inteiro e se o

ar separasse pelo peso seriam arrastrados, entretanto, a

separação é feita pelo peso específico motivo pelo qual

a ventilação não separa os grãos quebrados e os meios

grãos dos inteiros. Os operadores sabem que o ar remove

os meios grãos quando a ventilação e forte e o ar passa

pela massa de grãos com muita velocidade, mas em este

caso arrastrara também grãos inteiros.

O proveito prático do que estamos mostrando é de

que este estudo derruba um tabu geralmente aceito pelos

operadores de que a regulagem da ventilação deve ser

mantida relativamente baixa para não arrastrar meio grão.

Se tivermos a compreensão desta questão de parte dos

operadores, esta matéria já terá deixado uma boa contribuição,

pois muitas impurezas e vegetais têm sido levados

aos secadores com grandes danos, inclusive causando incêndios

que seriam evitados se separados na máquina

da limpeza caso ela fosse corretamente regulada no que

diz respeito a ventilação. Nos secadores essas impurezas

geram desperdício de energia e tempo de secagem, além

de que, descendo lentamente na torre de secagem, sobre-

-aquecem e terminam entrando em combustão através

da menor fagulha que lhes atinja. A correta regulagem

das máquinas de pré-limpeza fará com que os secadores

tenham melhor desempenho e as máquinas de limpeza,

após o secador bem regulado, impedirão a entrada de impurezas

indesejáveis nos silos, melhorando e facilitando

a manutenção da qualidade dos grãos armazenados com

menos horas de ventilação.

Separador por peso específico do tipo coluna de ar

Os três sistemas de separação que presentaremos a

seguir, podem não estar sendo comercializadas na atualidade,

mas mencionaremos pois seus princípios de funcionamento

são utilizados nas máquinas modernas e

também torna mais claro o princípio de separação e ainda

encontra-se como parte de uma máquina maior.

Um separador por ar o separador pneumático poderá

ser construído de várias formas, inclusive esta que mostramos

a continuação:

É um equipamento utilizado na seleção de sementes

para separar grãos com maior peso específico que são

as boas sementes de outras que tendo a mesma forma

e mesmo volume possuem peso menor, por tanto terão

menor vigor e menor germinação e por isso, não são adequadas

para sementes.

Este equipamento e conhecido há muitos anos pois

já em 1936 era fabricado por Paulo Otto que o fabricava

aplicando a seleção de sementes de arroz e que na época

e ainda até hoje é denominado de "steighsichter" ou separador

catador ou de coluna de ar.

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24TECNOLOGÍA

Eram, e em muitos casos ainda são, utilizados nas UBS

- Unidades Básicas de Sementes-, e os grãos chegam ás

colunas de ar limpos e secos pois a finalidade do equipamento

é a separação das sementes pela diferença de

densidade e não da limpeza delas. Mais tarde, as colunas

foram substituídas pelas mesas de gravidade ou mesas

densiométricas porque separam pela diferencia de densidade,

o mesmo que peso específico. O separador de colunas

tem basicamente os seguintes componentes:

1. Ventilador de pás retas de baixa pressão.

2. Boca aspirante de dupla entrada.

3. registros nos dois lados para regular o volume total

de ar.

4. Coluna de ar para separação de grãos com menor

peso específico.

5. Coluna de ar que separa grãos com maior peso específico

das boas sementes.

6. Registro do ar do canal dos grãos com menor peso

específico.

7. Registro de ar da separação das boas sementes.

8. Tela que permite a passagem do ar mas evita a descida

das sementes.

9. Moega de entrada das sementes com exclusa de rotação

variável para a alimentação das colunas separadores.

10. Saída dos grãos de menor peso específico.

11. Saída das boas sementes, de maior peso específico.

O funcionamento desse simples equipamento está

baseado na diferença de peso específico que existe entre

sementes de boa qualidade, mais pesadas e as de menor

qualidade, mais leves. O ventilador gera um fluxo de ar vertical

ascendente ao longo das colunas controlado em parte

pelos registros (3) de entrada de ar no ventilador y pelos

registros (6) e (7) individuais de cada coluna.

A mistura existente na moega passa num volume adequado

e regulável distribuído em toda a largura da máquina

através da eclusa rotativa. As sementes chegando a

primeira coluna (4), recebem o fluxo de ar ascendente de

velocidade "V1", regulado através do registro (6) capaz de

arrastrar os produtos de menor peso específico que são

elevados pneumaticamente, coletados, ensacados na saída

(10) e o ar sai pela janela de chapa perfurada ou tela

existente junto á saída dos grãos da máquina. regulado

pelo registro (7) o ar ascendente da coluna 95) com mais

caudal e velocidade, arrastra os grãos de maior peso específico,

as boas sementes que serão coletadas e ensacadas

através da saída (11) e o ar sairá por uma janela com tela

existente na parte superior junto á saída dos grãos.

As colunas de ar como máquinas separadoras por

peso específico, em muitos casos foram substituídos por

mesas de gravidade separadoras com maior precisão e

capacidade, hoje indispensáveis em qualquer UBS.

Separado por peso específico em fluxo horizontal de ar

Outra forma de separação, esta através de uma corrente

de ar horizontal:

1. Ventilador gerador do caudal de ar.

2. Boca aspirante de entrada do ar com registro de controle

do fluxo para aumentar ou diminuir a vazão e

consequentemente a velocidade do ar.

3. Boca premente, local da saída do ar.

4. Moega de alimentação.

5. Controle de alimentação por eclusa de rotação e fluxo

de grãos variável.

6. Local em que a mistura cai no caudal de ar e onde se

processa a separação, em que os materiais avançam

para frente mais ou menos, dependendo do peso específico.

7. Depósito em que cairão as boas sementes, as de

maior peso específico.

8. Local em que serão coletadas as sementes de peso

específico menor, não próprios para sementes.

9. Impurezas orgânicas leves, pó e produtos de menor

peso específico saem e serão descartados.

Na figura vemos que os elementos da mistura, como

sementes, grãos e impurezas que caem no fluxo horizontal

de ar, ficam sujeitas à velocidade e a força do ar, caindo

as boas sementes no recipiente (7), os de menor peso específico,

grãos comerciais não próprias para sementes no

recipiente (8) e mais adiante se localizarão as impurezas

de ainda menor peso específico denominadas simplesmente

de impurezas leves.

Os princípios de funcionamento e de separação que

acabamos de mostrar podem não ser importantes para

quem trabalha somente com grãos comerciais, mais e

muito importante para quem beneficia sementes porque

revela o princípio básico do funcionamento das máquinas

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


PRODUÇÃO 25

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26TECNOLOGÍA

que separam pelo peso específico e deve ser de conhecimento

dos profissionais dessa área. O estudo feito revela

ser possível separar grãos e sementes exatamente iguais,

do mesmo diâmetro ou de outra forma geométrica, de

mesmo volume e mesmas dimensões com apenas diferença

de peso. As peneiras não sabem fazer essa separação,

mas através de ventilação, esta torna-se possível

através de separadores de colunas ou horizontais e nas

mesas de gravidade.

Já vimos que algumas pessoas afirmam que o excesso

de ar arrasta as impurezas e com elas as "meios grãos".

A afirmação e errada como vimos, pois o arraste de grãos

com as impurezas leves pode acontecer sempre que a

ventilação estiver com excesso de velocidade, fato que

deve ser corrigido através dos registros de ar, diminuindo o

fluxo e consequentemente a velocidade, evitando a perda

de grãos misturados com as impurezas.

Máquina de limpeza por peso específico do tipo colonial

No início do século passado, lá pelos anos 20 e 30,

muitas máquinas de limpeza não diferenciavam muito

desta esquematizada, que limpa e separa boas sementes

exclusivamente por corrente horizontal de ar sem peneiras,

utilizando a diferença de peso específico. A máquina

limpava numa ou em duas passadas, selecionava os melhores

grãos para que se tornassem as sementes do próximo

plantio.

A máquina utiliza os princípios que estudamos e seu

projeto e componentes a qualifica como uma selecionadora

de sementes:

1. Ventilador de dupla entrada de ar de média vazão e

baixa pressão com registro de entrada de ar nas bocas

aspirantes.

2. Moega de alimentação da máquina com registro.

3. Rolo ranhurado dosador também chamado de eclusa

de alimentação, cuja rotação está associada a rotação

do ventilador, obtido pela alavanca (4)

4. Alavanca de giro manual do ventilador e do alimentador

dosador de forma sincronizada através de polias

e correias.

5. Corpo da máquina.

6. Saída de impurezas leves.

7. Registro regulável que evita a mistura de grãos com

as impurezas leves.

8. Registro regulável que permite a seleção de sementes

sem o mistura de grãos comerciais.

9. Local de saída dos grãos comerciais.

10. Local de saída das boas sementes.

11. Motor elétrico,polia e correia opcional, utilizado em

regiões com eletrificação rural.

12. Estrutura da máquina.

Essa máquina e operada manualmente através da alavanca,

polias e correias e que ao ser movimentada com

mais rotação, o ventilador gera maior fluxo de ar e neste

caso a eclusa de alimentação acionada pela mesma correia

também adquire maior rotação e alimenta o fluxo de

ar com maior volume de grãos. Diminuindo a velocidade

de giro do ventilador gerando menor caudal de ar automaticamente

a eclusa gira com menor rotação e menos

grãos estarão passando pela corrente de ar. Há por tanto

um sincronismo "inteligente" entre o fluxo de ar e de grãos

que permite uma limpeza e classificação de razoável qualidade.

Havendo eletricidade na propiedade poderá ser instalado

um motor elétrico (11) na máquina, cuja polia acionará

a polia da manivela (4), assim a rotação do ventilador e da

eclusa passarão a ser constantes. Varia-se a capacidade

de ventilação através da posição dos registros de ar na entrada

do ventilador e do fluxo de grãos através do registro

existente sobre a eclusa dosadora da moega.

A máquina e de pequeno porte e pode ser transportada

para junto do local em que será feita a limpeza ou seleção

das sementes em mais de uma propiedade rural.

Continuaremos na próxima edição com o princípio de

funcionamento das peneiras.

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


Risco de Explosão

em Unidades

Armazenadoras

SEGURANÇA 27

Dr. Luís César da Silva

Universidade Federal de Viçosa - UFV

Departamento de Engenharia de Agrícola - DEA

silvaluisc@ufv.br

www.agais.com

Em Ciências Econômica e Exatas, risco refere-se ao conhecimento da probabilidade

de ocorrência de um evento indesejável, que mediante a adoção de

medidas apropriadas, pode-se minimizar a ocorrência. Nesse contexto, explosões

por pó em unidades armazenadoras e moinhos é um risco que o número

de ocorrências, bem como, os danos causados, podem ser minimizados.

Para minimização dos riscos pode ser empregada, por exemplo, a técnica

APPCC – Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle, que consiste na identificação

dos locais com maior probabilidade de ocorrência, ou seja, os pontos

críticos, e em sequência estabelecer as medidas de controle.

Parte dessas medidas de controle são oriundas de investigações de explosões

ocorridas nos Estados Unidos nos anos setenta. Na ocasião houve clamor

as autoridades federais para busca de soluções, pois somente no mês de dezembro

de 1977 em cinco ocorrências foram contabilizadas 59 vítimas fatais

e 48 feridos. Desse modo, o Departamento de Agricultura, em 1978, solicitou à

Acadêmica Nacional de Ciência (NAS) a realização de um simpósio sobre explosão

em unidades armazenadoras. Em decorrência desse simpósio, o Departamento

do Trabalho, por meio Administração de Segurança e Saúde Ocupacional

(OSHA), propôs a NAS a criação de um Grupo de Estudos para apurar as causas

e propor medidas de prevenção. Esse grupo contou com profissionais com as

seguintes expertises: análise de sistemas, dinâmica de explosões, investigação

e prevenção de acidentes, instrumentação, processamento e armazenagem de

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28SEGURANÇA

grãos, relações trabalhistas, métodos captação de pó e

aerodinâmica.

O Grupo de Estudos, entre 1979 e 1981, investigou quatorze

ocorrências e em doze foram constatadas a ocorrência

de explosão primária seguida de explosões secundárias,

o que infelizmente leva a maiores danos.

Em 8 de junho de 1988, a explosão ocorrida na unidade

armazenadora da empresa Debruce Grain (Figuras 1 e 2)

sediada na cidade de Wichita, estado do Kansas, com sete

vítimas fatais e dez feridos levou a criação da Equipe de

Investigação de Explosões em Unidades Armazenadoras

Grãos (GEEIT), que tinha por membros especialistas da

NAS, OSHA e da iniciativa privada.

A explosão na Debruce Grain chamou a atenção da mídia

e sociedade por se tratar da maior unidade armazenadora

do mundo, que possuía 246 silos e 164 intercélulas,

totalizando a capacidade estática de 520 mil toneladas,

dedicadas exclusivamente ao armazenamento de trigo.

Essa unidade edificada na direção norte sul, tinha ao

centro a casa de máquinas e nas extremidades norte e

sul baterias de silos disposta em leiaute linear com três

fileiras de 41 silos de concreto justapostos, permitindo o

armazenamento nos silos e intercélulas.

Relatórios da equipe GEEIT apontaram três principais

fatos que contribuem para a ocorrência do sinistro: (i) falta

de reparo e manutenção do sistema de capitação pó; (ii)

manutenção inadequada dos transportadores de grãos; e

(iii) acúmulo excessivo de pó nos diferentes setores da

unidade. E complementando as investigações, especialistas

da OSHA concluíram que a provável causa da explosão

foi o superaquecimento de um dos roletes da correia

transportadora localizada no túnel 2 na extremidade sul

da unidade.

Ocorrência de explosão por pó

Sob aspectos militares, explosivos são substâncias

ou mistura dessas, suscetíveis a bruscas transformações

químicas sob influência de calor ou ação mecânica. Dessas

transformações são gerados gases superaquecidos

sob alta pressão que tendem a expandir rapidamente rompendo

estruturas, destruindo equipamentos e ceifando vidas

humanas.

Em explosões por pó a transformação química está associada

a reação de combustão em ambiente confinado,

onde o pó em suspensão é o combustível, e o oxigênio presente

no ar na concentração de 20% é a substância comburente.

Essa mistura é detonada ao atingir a temperatura

de ignição, devido ao calor transferido

de uma fonte de ignição, que nesse

caso pode ser: cargas eletrostáticas

geradas em transportadores de

grãos, curtos-circuitos, descargas

atmosféricas, atrito de componentes

metálicos ou descuidos no uso de

aparelhos de soldagem. Mediante a

essas ocorrências, tem-se a explosão

primária, que faz surgir as frentes de

chamas e de pressão, que deslocam

a 30 e 300 m/s, respectivamente.

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023

Com o deslocamento da frente de pressão em ambientes

confinados, o pó depositado sobre as superfícies é colocado

em suspensão, potencializando novas detonações,

originado assim as explosões secundárias, que passam a

ter como fonte de ignição o calor das detonações anteriores.

A prevalência das explosões secundárias dar-se-á,

enquanto houver condições favoráveis: pó em suspensão

em ambiente confinado na presença de oxigênio e calor.

As pressões associadas as frentes de pressão durante

as explosões primárias e secundárias chegam a 1,4 e 56,24

metros de coluna de água, respectivamente. Portanto, em

explosões que se limitam a primárias pode ocorrer danos

a equipamentos, paralização da operação e ferimentos em

trabalhadores, enquanto na ocorrência de explosões secundárias

ocorrerá rompimento de estruturas, destruição

de equipamentos e ocorrência de vítimas fatais.

O pó em suspensão é constituído por partículas oriundas

da massa de grãos em movimento e para avaliar o

risco potencial de explosão são considerados dois parâmetros:

Concentração Mínima para Explosão (CME) e a

Concentração Ótima para Explosão (COE), que são definidas

em função do tipo de produto e a granulometria e

umidade das partículas em suspensão.

Especificamente, para grãos, tem-se baixo risco de explosão

aos se constatar valores da CME inferiores a 0,08

e 0,17 L de pó/m³ de ar (150 a 300 g/m³), enquanto altos

riscos para valores de COE entre 0,83 e 1,73 L de pó/m³ de

ar (1500 a 3000 g/m³). Essas concentrações podem ser

alcançadas, caso sobre superfícies de pisos, maquinários

e transportadores forem observadas espessuras de pó

como as relacionadas na Tabela 1. A título de comparação,

ressalta-se que a espessura de uma folha de papel é

de aproximadamente 0,10 mm.

Vale ressaltar, que segundo as normas da OHSA, a concentração

de particulados acima de 15 g/m³ traz danos à

saúde do trabalhador.

Minimização da ocorrência de explosões

Conforme supra descrito, a explosão por pó em unidades

armazenadoras e moinhos dá-se pela alta concentração

de pó em suspensão em espaço confinado mediante a

ocorrência de uma fonte de ignição na presença de oxigênio.

Portanto, ao empregar a técnica de APPCC, para cada

ponto crítico das instalações, normalmente, são aplicadas

medidas de controle que visem reduzir ao máximo a concentração

de pó em suspensão e evitar a ocorrência de

fontes de ignição.

Tabela 1: Espessura de pó em superfícies para ocorrências da Concentração Mínima para

Explosão (CME) e a Concentração Ótima para Explosão (COE)


ARMAZENAGEM 29

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30SEGURANÇA

• certificar periodicamente os estados dos cabos elétricos;

• monitorar a temperatura de rolamentos e mancais

em transportadores, bem como, o alinhamento de

correias e correntes desses equipamentos;

• checar os cabos e aterramento dos maquinários e

transportadores de grãos;

• tomar os devidos cuidados ao utilizar aparelhos de

solda nos serviços de manutenção;

• aspergir a massa de grãos em movimento com óleos

minerais supressores de pó; e

• substituir as caçambas dos elevadores e pás dos

transportadores correntes metálicas por componentes

plásticos.

Os pontos críticos nesse caso são, por exemplo: tuneis

e galerias localizados baixo e acima de baterias de silos

ou graneleiros, respectivamente; poços de elevadores; silos

vazios; silos para o armazenamento de pó e, ou impurezas;

dutos de aeração; e interiores de transportadores de grãos.

Quanto ao controle para minimização da concentração

de pó em suspensão, uma medida a ser adotada é a

implantação do Manejo Integrado de Pragas – MIP, pois

um dos pilares do MIP é limpeza e sanitização de todos

os setores das unidades armazenadoras e moinhos. Sendo

assim, mesmo que ocorra uma explosão primária, o risco

de surgimento das explosões secundárias é altamente minimizado.

Medidas operacionais como a redução do teor de impureza

da massa de grãos e a instalação de sistemas de

captação de pó em tuneis, galerias e transportadores contribuirão

para redução da concentração de pó em suspensão

durante a movimentação de produto.

Destaca-se, que o pó em suspensão é proveniente das

impurezas presente na massa de grãos, bem como, de material

particulado resultante da quebra, trincamento e, ou

esfacelamento grãos, o que ocorre em secagens conduzidas

sob condições drástica e, ou choques mecânicos durante

a movimentação. O material particulado proveniente

de grãos, com milho, trigo, cevada e outros cereais, elevam

o risco de explosão, devido ao maior teor de carbono. E

esse risco é potencializado, quanto menores for a umidade

das partículas e a umidade relativa do ar no ambiente

confinado.

Medidas de controle operacionais

Alinhado a Legislação Brasileira Aplicada a Segurança

e Medicina do Trabalho, que visa a minimizar os riscos

ambientais a saúde e segurança dos trabalhadores, são

destacadas abaixo medidas operacionais para minimizar o

risco de explosões em unidades armazenadoras:

• proceder cuidadosa limpeza da massa de grãos;

• fazer uso contínuo dos sistemas de captação de pó;

• limpar periodicamente os sistemas de captação de

pó trocando os filtros nos períodos definidos pelos

fabricantes;

• fazer manutenções periódicas dos equipamentos

eletromecânicos;

Aspectos técnico construtivo

Como aspectos técnicos construtivos recomenda-se

os seguintes cuidados quando da elaboração e implantação

de projetos de unidades armazenadoras:

• dotar os ambientes como túneis, galerias e pontos de

carga e descarga de grãos com sistemas de captação

de pó;

• instalar sistema de captação de pó em elevadores

caçambas e estruturas de encapsulamento de transportadores

de grãos;

• proceder o aterramento dos componentes eletromecânicos

como maquinários e transportadores de

grãos, que são potenciais pontos geradores de cargas

eletrostáticas;

• projetar edificações que estruturalmente contemplem

áreas de fácil ruptura caso ocorram explosões,

facilitando assim a dissipação das frentes de chamas

e pressão no ambiente externo;

• instalar sistemas de para-raios; e

• projetar sistemas de iluminação apropriados aos ambientes

confinados com risco de explosão.

Ponderações Finais

Pó em suspensão, em ambiente confinado, mediante

a uma fonte de ignição e na presença de oxigênio são os

cinco fatores que potencializam o risco de explosão em

unidades armazenadoras e moinhos. A exceção da concentração

de oxigênio, os demais fatores podem ser trabalhados

para minimizar o risco de explosões por pó em

unidades armazenadoras e moinhos.

Portanto, para minimizar a ocorrência de explosões

pó, a modelo das recomendações da Legislação Brasileira

Aplicada a Segurança e Medicina do Trabalho por meio

das Normas Reguladoras – NR cabe as empresas privadas

e públicas e aos trabalhadores observância dos preceitos

técnicos quanto a ocorrência do evento para evitar, principalmente

a perdas de vidas, e bem como as perdas de bens

materiais.

Referências

Jones, C. Preventing grain dust explosions. Oklahoma State

University Cooperative Extension Service, 2011.

OSHA. DeBruce Grain Elevator Explosion – Report (https://

www.osha.gov/grain-handling/geeit)

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


SEGURANÇA 31

Figura 01: Efeitos da explosão na casa de máquinas e a galeria sobre os silos da extremidade norte.

Figura 02: Efeitos da explosão na na galeria sobre os silos da extremidade norte.

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32QUEBRA TÉCNICA

Reflitamos sobre a

Quebra Técnica

Eng. Domingo Yanucci

Consulgran - Granos - Grãos Brasil

diretoria@graosbrasil.com.br

No Brasil, como em quase todos os países, fala-se de

Quebra Técnica (QT), chamada de "merma" em espanhol

e "shrink" em inglês. E temos fórmulas universais para

calcular as mesmas, sobretudo a de umidade e matéria

estranha.

Não vamos avançar sobre os tipos de quebras técnicas:

umidade, matéria estranha, manipulação, armazenagem,

as mesmas são diferentes em função dos grãos,

das normas de comercialização, das normativas dos governos,

etc. O que desejamos agora é avançar um pouco

no conceito; em uma matéria futura, falaremos de como

calcular cada uma delas.

O que se presta à confusão e a mal-entendidos é que

se chama QT a três coisas diferentes. 1) É comum que se

fale de quebra técnica aos descontos no peso dos grãos

que se recebem quando, por exemplo, o grão supera a

umidade de comercialização; este é um primeiro tipo de

QT. Neste caso, acreditamos que é correto falar de QT.

2) Quando estamos concretizando um processo, seja

de limpeza ou transformação, se fala de quebra técnica

ao que se perde, devido às ineficiências próprias do manejo.

Por exemplo, recebi 150t de grãos (já feita a quebra

técnica inicial), e depois da limpeza tenho 149 t. "Perdi" 1t

a mais do que o previsto e se chama QT de 0,67%. Neste

caso, entendemos que não deve chamar-se QT, é simplesmente

uma perda.

3) Ao final de um exercício (um ciclo de 1 ano, por

exemplo), devia vender 100000 t e vendemos 99000; faltam

1000t e se chama a este faltante de QT. Neste caso,

entendemos que não deve chamar-se QT.

Então, como se pode visualizar, está-se chamando da

mesma forma, QT, a três coisas totalmente diferentes.

Nós recomendamos que, para entender-se melhor, devemos

chamar coisas diferentes com nomes diferentes.

Podemos falar de QT, àquele desconto do peso que se

realiza sobre quem entrega os grãos, devido ao fator que

corresponda conforme a condição dos grãos e as normas

de comercialização, o acordo entre as partes. Então, a QT

se define na balança, na recepção, antes que o grão ingresse

no processo do manejo.

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


QUEBRA TÉCNICA 33

A partir deste ponto de recepção em diante, já não temos

QT; temos perda. O correto então é chamar de perda,

por exemplo, perda de peso seco, perda de peso úmido,

perda por limpeza, etc. Muito comumente associa-se

perda com algo negativo, mas nem sempre é assim; se

desejo secar, a perda de umidade é desejável. Então, tudo

o que segue depois da recepção nos causa perda (respiração

- sobresecagem - aeração em momento inoportuno

- elevadas temperaturas - insetos - fungos - derramamentos

- ratos - pombas -, etc.).

Quando fazemos um balanço final do ciclo de recepção

- acondicionamento - armazenagem e despacho

(escoamento), pode ser que esteja tudo equilibrado, ou

que falte ou que sobre (menos comum - quando se trabalha

honestamente). É comum chamar de faltante a QT;

isso sem dúvida presta-se à confusão. Outros chamam o

faltante de perda, o que também não é correto, já que a perda

é a soma do faltante mais a QT descontada a favor da

Cooperativa ou do Cerealista.

Então, normalmente chama-se QT àquele desconto no

peso que se realiza sobre quem entrega os grãos, a perda

que se produz no manejo e o faltante ao final de um ciclo.

Para compreender melhor nossa especialidade, recomendamos

começar a chamar as coisas pelo seu nome específico.

Antes do ingresso, QT; dentro do armazém, PERDA

e FALTANTE ou SOBRANTE, que será o resultado das variáveis

anteriores. Se a QT for menor que a PERDA, teremos

faltante; e se a QT for maior que a perda, teremos sobrante.

Podemos fazer outras

considerações, mas fica claro

que se trata de conceitos

bem diferentes, gerados

por situações distintas; ao

esclarecê-los, podemos

entender melhor o que acontece

em nossa pós-colheita.

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34COMÉRCIO

O Mundo Depende

da China?

Oswaldo Pedreiro

Operador de Mercado

oswaldopedreiro@nhassessoria.com.br

O futuro da economia chinesa há tempos preocupa e os dados que, mais

uma vez, foram atualizados nesta terça-feira (15 de agosto) acenderam mais

sinais de alerta para a economia do mundo todo. As turbinas que garantem o

crescimento da nação asiática estão bastante comprometidas e desequilibradas,

como explica o professor do Insper, especialista em economia internacional,

Roberto Dumas. "A turbina do consumo está começando a funcionar, mas

não o bastante para compensar a diminuição das exportações líquidas e dos

investimentos", diz.

O professor complementa dizendo, no entanto, que para que a "turbina do

consumo" de fato funcione e dê o suporte importante à segunda maior economia

do mundo, o governo chinês precisa garantir a renda da população e

promover o processo de urbanização do trabalhador rural, melhorando também

sua renda e dando ainda um fôlego ainda mais longo ao consumo.

"A população tem renda, mas prefere poupar. Não vai tomar empréstimo

agora e por isso baixar a taxa de juros agora não vai surtir muito efeito", explica

Dumas. Ainda assim, ele volta a dizer que o consumo está ainda bastante

presente, em especial por alimentos. "Não vejo o chinês comendo menos, por

isso, ainda sou otimista para as commodities agrícolas, quem mais sofre são

as metálicas agora".

E nos portais internacionais, especialistas - assim como o professor Dumas

Damas - atribuem à deflação na China uma das ameaças à demanda chinesa

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


COMÉRCIO 35

Gráfico: Citigroup Inc. e Bloomberg

Gráfico: S&P Global e World Bank

Gráfico: S&P Global e World Bank

por matérias-primas, em especial os metais, em

especial o cobre. As preocupações crescentes em

torno do setor imobiliário, com as incorporadoras

revivendo o episódio da Evergrande ganham espaço

nos radares. O gráfico abaixo, divulgado pela

agência de notícias Bloomberg, mostra que o maior

percentual do uso de cobre na China se dá na construção

- a parte em preto da imagem.

"Os produtores de commodities vão querer evitar

um período prolongado de deflação que leve

as famílias a adiar a compra de bens como joias,

eletrodomésticos e automóveis. O 'truque' será

evitar que as pressões deflacionárias se infiltrem

na economia usando estímulos mais direcionados

que não criem seu próprio conjunto de riscos", traz

a notícia da Bloomberg.

E Dumas traz ainda a necessidade que o governo

de Xi Jinping precisa, em algum momento,

colocar a política fiscal expansionista em seu planejamento

para voltar a crescer de forma mais

consistente. "Estímulos a conta-gotas não vão

levá-los a lugar nenhum", diz.

Se de um lado as importações de commodities

metálicas preocupa, de outro, as de soja trazem

boas novas. No período de janeiro a julho, as compras

chinesas da oleaginosa somaram 62,3 milhões

de toneladas, 15% a mais do que no mesmo

período do ano passado, segundo dados da Administração

Geral das Alfândegas. E a instituição

apontou ainda que o valor por tonelada de soja, na

comparação anual, foi 1,3% maior, ficando em US$

605,39 por tonelada.

Já as importações de carne bovina e subprodutos,

na primeira metade de 2023, foram de 1,25 milhão

de toneladas, 6,3% a mais do que no mesmo

período do ano passado. E em 2022, as compras da

China foram recordes e alcançaram 2,69 milhões

de toneladas, sendo 42,38 milhões% de produto do

Brasil.

As imagens abaixo mostram a evolução das

importações de produtos como - nesta ordem -

soja, milho, trigo e arroz nas safras 2021/22, 2022/23, bem

como as projeções para 2023/24; 2024/25 e 2032/33. Nas

linhas abaixo dos gráficos, seus dois principais fornecedores

de cada produto.

Já o gráfico seguinte mostra que a China ocupa o primeiro

lugar nas importações globais de soja, milho, arroz,

sorgo, cevada, carne bovina, carne suína; o terceiro lugar

nas importações de carne de frango e quarto no trigo. Para

2032/33, as projeções são de que, no milho, passe a ser o

segundo maior importador mundial, bem como assuma o

primeiro como comprador de carne de frango.

"Por isso que, a despeito do crescimento econômico,

eu continuo 'bullish'. Não com preços - já que a preço é

uma conjunção de oferta e demanda. A demanda vai continuar

alta, mas se a oferta for maior que a demanda, o

preço cai. Mas, eles vão continuar comprando carne bovina,

continuar comprando soja, continuar comprando milho.

Em termos de commodities metálicas, eles vão continuar

comprando, mas não como esperávamos, porque o

motor do investimento não vai dar aquela pancada que o

mercado sempre esperou", explica o especialista.

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36INFORME EMPRESARIAL

Manejo Preventivo de Pragas em

Sementes e Grãos Armazenados

Garante Qualidade e Bons Preços

Gabriele Luciana Saqui

João Fernando Bernardini

br.envu.com

A limpeza do silo antes da armazenagem, aplicação preventiva de inseticidas e o monitoramento

constante de infestações são procedimentos recomendados para evitar perdas.

Envu, uma nova empresa independente, criada a partir

da venda da unidade de saúde ambiental da Bayer para a

Cinven (um fundo de investimentos global), reforça sua liderança

no setor, com o compromisso de seguir ofertando

as melhores soluções para a proteção de grãos armazenados

no Brasil.

A cada safra, as unidades armazenadoras de grãos e

de sementes devem estar preparadas para receber novas

cargas. Esse preparo diz respeito ao local onde esses

produtos ficarão armazenados, que devem estar limpos e

isentos de pragas.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

apontam que o volume da produção brasileira de

grãos deverá atingir 317,6 milhões de toneladas na safra

2022/2023, um crescimento de 16,5% em relação à safra

anterior. A perspectiva é que a soja atinja uma oferta recorde,

com aumento de 23,1%; já o milho tem previsão de

avanço de 12,9% na comparação com a última safra. Outras

culturas, como algodão, feijão e sorgo, devem seguir o

movimento de alta na produção.

Mas o aumento da safra pode ficar comprometido se

o agricultor não se atentar ao manejo integrado de pragas

para sementes e grãos armazenados. Para que o cuidado

do plantio à colheita não se perca na etapa posterior, é preciso

um minucioso trabalho no pós-colheita.

Armazenar os grãos com segurança, protegidos de

fatores externos que possam danificar sua integridade, é

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023

sinônimo de preservação dos investimentos feitos durante

toda uma safra. O silo é considerado um dos mais seguros

sistemas de armazenamento fixo de grãos a granel, sendo

o silo vertical para armazenamento por um período maior,

e por um período mais curto, o armazenamento é feito em

silos bag.

A limpeza e secagem na unidade de armazenamento

é essencial. Antes de seguir para o armazenamento, é recomendado

que os grãos colhidos estejam limpos, livre de

impurezas, culturas e doenças.

Realizar o monitoramento constante de pragas na

unidade armazenadora é fundamental, pois permite a verificação

de infestações por insetos, pragas e roedores.


INFORME EMPRESARIAL 37

Insetos-praga, fungos e micotoxinas, somados a ataques

de roedores, são problemas que têm imposto perdas consideráveis

ao produtor de grãos, em torno de 15%, e estão

relacionados ao armazenamento inadequado da produção.

Nessa etapa pode ser realizada a fumigação do local

de maneira preventiva para obter proteção contra o ataque

das pragas, com o uso de inseticidas no momento de

armazenar nos silos.

Uma empresa global, líder em saúde ambiental

Com equipe e portfólio herdados da Bayer Environmental

Science e mais de 50 anos de experiência no segmento

de saúde ambiental, a Envu iniciou oficialmente suas atividades

no Brasil em março de 2023, após a concretização

da venda desta unidade de negócio à Cinven. A empresa

atua não somente no segmento de proteção de grãos armazenados

no país, mas também nas áreas de controle

profissional de vetores e pragas, e no setor de florestas

plantadas.

Número um do mundo em seu mercado de atuação, a

Envu está presente em mais de 100 países. Sediada em

Cary, na Carolina do Norte (EUA), a companhia trabalha

com mais de 120 ingredientes ativos e possui mais de 180

marcas em seu portfólio. A Envu mantém quatro centros

globais de inovação, sendo um deles em Paulínia, no Estado

de São Paulo, que atende a toda a América Latina.

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38UTILISSIMAS

Entre a vida e a sorte,

escolha viver com segurança!

Todas as decisões significativas em nossa vida são

fundamentadas em algo além da sorte. Seja o planejamento

cuidadoso, a aplicação de técnicas adequadas ou o

conhecimento aprofundado sobre o assunto, sempre há

indicativos que apontam para a melhor escolha. Assim, sem

dúvidas, esse mesmo princípio deve ser aplicado quando nos

envolvemos em atividades próximas a redes elétricas. Por

que arriscar a vida ao realizar uma ação ou tarefa que não

dominamos? Mesmo se tivermos habilidades e experiência,

por que não avaliar minuciosamente todo o contexto antes

e eliminar qualquer possibilidade de perigo? Ao optar por

agir com segurança, estamos escolhendo cautela, avaliação

criteriosa e, acima de tudo, preservar a vida.

Por isso, é tão importante a mensagem trazida pela

Campanha Nacional de Segurança, capitaneada pela

Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia

Elétrica) com o apoio imprescindível de cada uma das

nossas 39 distribuidoras associadas: "Se ligue! Entre a vida

e a sorte, escolha viver com segurança." Numa verdadeira

força-conjunta para preservar vidas, o objetivo dessa

iniciativa é conscientizar a população de que acidentes

podem acontecer com a gente, não apenas com os outros.

Com este fim, a Associação inaugura no calendário

nacional o Agosto Vermelho: mês de conscientização sobre

acidentes com a rede elétrica. Essas campanhas marcadas

por meses no calendário são de extrema importância,

pois ajudam a sensibilizar a população para questões

preventivas. Além disso, elas ajudam também a mobilizar a

sociedade para ações concretas, como a conscientização e

mudança de comportamento.

A energia nos rodeia todo o tempo, nos momentos de

trabalho e lazer, ela nos move. E que bom que podemos

contar com ela, mas precisamos ficar alertas para usá-la com

segurança, fazendo escolhas conscientes, jamais permitindo

que a sorte seja a protagonista. Vejam, durante o ano de 2022,

foram registrados 756 acidentes envolvendo a rede elétrica no

Brasil. Do total, 270 foram fatais, 174 são considerados como

lesão grave e 312 como lesão leve. No geral os principais

motivos estão ligados à construção ou manutenção predial,

cabo energizado no solo, furto de condutor/equipamento

de energia, ligação elétrica clandestina e incidentes com

equipamentos e máquinas agrícolas.

Queremos promover o Agosto Vermelho anualmente para

lembrar a população de como é importante cuidar para

que atividades próximas à rede elétrica sejam realizadas

de forma consciente, escolhendo a segurança em vez da

sorte. A promoção de causas sociais e de saúde em meses

específicos com cores remetendo a elas é uma prática que

deve ser valorizada e incentivada.

Se ligue! Entre a vida e a sorte, escolha viver com

segurança. Vamos, juntos, fazer do Agosto Vermelho uma

nova data relevante nesse calendário que salva vidas.

Marcos Madureira

Presidente Abradee

Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


UTILÍSSIMAS 39

“É uma excelente medida do Estado do Paraná para reduzir

o déficit de armazenagem de grãos, que esse ano atingiu 118

milhões de toneladas no Brasil”, diz o diretor da Granfinale

Sistemas e vice-presidente da Associação Brasileira de

Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Paulo

Bertolini.

Governo do Paraná Libera R$ 250 Milhões

para Construção de Silos

Cooperativas têm até dia 15 de setembro para resgatar

créditos de ICMS e aplicar em armazenagem

Cooperativas do Paraná que têm créditos acumulados no

Siscred podem usar os recursos para a construção de silos

metálicos. O governo do Estado liberou R$ 250 milhões em

créditos no programa para armazenagem através da Invest

Paraná, agência de negócios vinculada à Secretaria Estadual

da Indústria, Comércio e Serviços. O prazo para apresentar

os projetos encerra em 15 de setembro.

Outros R$ 250 milhões estão liberados para projetos de

silos que serão implantados no ano que vem e, nesse caso, o

prazo para apresentar o projeto vai até 30 de junho de 2024.

Gustavo Cejas, diretor de Mercado e Novos Negócios da

Invest Paraná, explica que não há carência e nem taxa de

juros, uma vez que não é um empréstimo e sim a liberação

de créditos que já são das cooperativas. “Os cooperados

poderão usufruir das vantagens competitivas pela

disponibilidade de estocagem em baixas de preços”, diz o

diretor, apontando um dos benefícios do investimento na

infraestrutura das cooperativas.

Os recursos são provenientes de Imposto sobre Circulação

de Mercadorias e Serviços (ICMS) retido como fonte de

financiamento. “Muitos paranaenses têm ICMS a receber

a longo prazo. Para o Estado isso é caixa, mas quando

se tratam de investimentos prioritários como energia

renovável, conectividade no campo e, especialmente agora

a armazenagem, o governo autoriza a liberação”, explica

o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento,

Norberto Ortigara.

Os créditos já estão disponíveis e são regulamentados por

resolução da Secretaria de Estado da Fazenda publicada em

julho. A transferência de créditos habilitados compreende a

construção de silos metálicos de armazenagem de grãos

e todos os seus componentes, como os equipamentos

produzidos pela Granfinale Sistemas Agrícolas, a exemplo

da Rotaer, máquina de limpeza de grãos, e o Silo-Secador,

sistema que armazena e seca grãos.

As cooperativas e empresas integradoras interessadas

devem apresentar requerimento informando a quantidade

e a capacidade de armazenamento de silos que desejam

construir, assim como o valor total da transferência

requerida.

Brasil Deve Produzir Maior Safra Histórica

de Grãos no Ciclo 2022/2023, Com 317,6

Milhões de Toneladas

O volume da produção brasileira de grãos deverá atingir

317,6 milhões de toneladas na safra 2022/2023, um

crescimento de 16,5% ou 44,9 milhões de toneladas acima

da safra 2021/22, consolidando as previsões anteriores

como a maior já produzida no país. Os dados constam no

10º levantamento de grãos, divulgado nesta quinta-feira

(13) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com a estimativa, esse resultado também

é 0,6% superior ao divulgado em junho, decorrente,

principalmente, do melhor desempenho das lavouras de

milho segunda safra observado em campo neste último

mês, e do crescimento da área semeada com o trigo, aliado

às boas condições climáticas que vêm ocorrendo.

“O ajuste reforça a safra recorde brasileira”, ressalta o

presidente da Conab, Edegar Pretto. “A agricultura brasileira

vem demonstrando sua força e potencial para alcançar

números cada vez mais elevados, com investimentos

constantes que permitem aumentos de produtividade”.

De acordo com o boletim, a soja deverá atingir uma

produção recorde, estimada em 154,6 milhões de toneladas,

23,1% ou 29 milhões de toneladas acima da ocorrida

no ciclo passado. Já para o milho, a previsão é de 127,8

milhões de toneladas, incluindo as três safras, chegando

a 12,9% ou 14,6 milhões de toneladas acima da cultivada

em 2021/22. “Observamos um avanço mais lento na área

colhida do milho segunda safra, que já era esperado, devido

ao atraso no plantio e colheita da soja em diversas regiões,

e à diminuição das temperaturas durante a maturação dos

grãos”, explica o gerente de Acompanhamento de Safras

da Conab, Fabiano Vasconcellos. “Mesmo assim, o cenário

continua extremamente positivo para a produção do cereal”.

Outras culturas, como o algodão, feijão e sorgo, seguiram o

movimento de alta e apresentaram percentuais de aumento

na produção. Já o arroz e alguns cultivos de inverno, como

aveia, centeio e trigo, apontam para redução no volume

produzido, em comparação com a safra anterior.

Com relação à área, esse levantamento aponta ainda uma

estimativa de 78,2 milhões de hectares, 4,9% ou 3,7 milhões

de hectares superior à semeada em 2021/22. Os maiores

incrementos são observados na soja, com 2,6 milhões de

hectares (6,2%), no milho, com 576 mil hectares (2,7%), e no

trigo, com 343,4 mil hectares (11,1%).

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40UTILISSIMAS

Nota de Pesar Alysson Paolinelli

Com profundo pesar, lamenta o falecimento do ex-ministro

da Agricultura Alysson Paolinelli, 29 de junho de 2023.

Considerado o "pai da modernização agrícola brasileira",

ele foi um dos principais responsáveis por fazer do Brasil o

celeiro do mundo.

Visionário, Paolinelli atuou de forma revolucionária no

agronegócio e na defesa da ciência e da sustentabilidade

na produção de alimentos dos trópicos para o mundo.

Por tantas conquistas coletivas idealizadas por ele, tornase

essencial o reconhecimento eterno do seu legado que

marcou gerações. Neste momento de luto, a John Deere

presta sua solidariedade à família e aos amigos, sempre

inspirados por sua sabedoria, resiliência e paixão pela

prosperidade da agricultura brasileira.

Faturamento das Cooperativas

Agropecuárias Cresceu 20% em 2022

Número geral de cooperativistas no Brasil ultrapassou 20

milhões, quase 10% da população do país. As cooperativas

agropecuárias empregam mais de um milhão de cooperados

As cooperativas agropecuárias do Brasil alcançaram um

crescimento notável em 2022, de acordo com o Anuário do

Cooperativismo Brasileiro 2023, lançado pela Organização

das Cooperativas Brasileiras (OCB). Com um faturamento

de R$ 429,9 bilhões no ano passado, as 1.185 cooperativas

do setor experimentaram um aumento de quase 20% em

comparação aos valores de 2021.

Esse valor representa mais de 65% da movimentação

financeira total de todas as cooperativas, que atingiu R$

655,8 bilhões e abrange áreas como crédito, transporte,

saúde e consumo.

O número geral de cooperativistas no Brasil ultrapassou 20

milhões, quase 10% da população do país. As cooperativas

agropecuárias empregam mais de um milhão de cooperados.

Além disso, essas cooperativas desempenharam um papel

significativo na economia, pagando R$ 8,9 bilhões em

salários e benefícios aos funcionários e contribuindo com

R$ 13,9 bilhões em impostos em 2022.

As cooperativas do setor agropecuário também têm

fortalecido seus ativos. O indicador de ativo total mais

que dobrou em três anos, passando de R$ 132,2 bilhões

em 2019 para R$ 266,5 bilhões em 2022. O capital social

das cooperativas agropecuárias alcançou R$ 22 bilhões,

e o lucro distribuído aos cooperados chegou a R$ 22,5

bilhões, mesmo diante das adversidades enfrentadas

devido à situação geopolítica e flutuações nos preços de

commodities e insumos.

O setor agropecuário é um grande empregador nas

cooperativas brasileiras, com quase 250 mil empregos

diretos gerados no final de 2022. Isso representa quase

metade dos 524 mil funcionários em todo o sistema

cooperativista do país. O estado do Paraná lidera em criação

de empregos nas cooperativas do setor agro, enquanto o Rio

Grande do Sul lidera em número de cooperados.

A resiliência das cooperativas agropecuárias foi notável,

crescendo mesmo em um ambiente desafiador. Com

atuação distribuída em sete segmentos, essas cooperativas

têm se destacado na intercooperação com outros setores,

mostrando adaptabilidade e inovação.

Os especialistas acreditam que esse crescimento se

manterá nos próximos anos, impulsionado pela demanda

global por alimentos. As cooperativas agropecuárias

desempenham um papel crucial na garantia do abastecimento

alimentar, e a cooperação entre elas tende a aumentar para

melhorar a escala e a eficiência de seus produtos.

Fuente: https://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/

faturamento-das-cooperativas-agropecuarias-cresceu-20-

em-2022/20230808-084212-N791.

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Apresentamos a última edição de nossa revista Granos

em espanhol.

Entre outros temas, são apresentadas informações sobre:

Produtividade e qualidade da soja na zona núcleo-soja.

Campanha 2022/23; Seca e seu efeito sobre as pragas póscolheita;

Em esmeralda, brilha um moinho único na argentina:

funciona praticamente sozinho; Energias renováveis

para o crescimento das pequenas empresas; Aumentar

a velocidade do elevador nos dá maior desempenho por

hora?; Dois casos de desenvolvimento bioeconômico

local baseado no milho, a revolução brasileira e o grande

potencial regional; Fato e chinelos de milho mostraram parte

do potencial bioeconómico na abertura do xvii congresso

maizar; Milho argentino chega a 117 países, mais que futebol,

apesar de termos mais especialistas em fechar mercados

do que em abri-los; A fumigação inteligente de fosfina ph3

torna-se mais segura e eficiente; Refrigeração de grãos e

sementes no ano mais quente, você pode resfriar grãos e

sementes; Energia solar. energia limpa e sustentável; Em

bússola de espera. sim, sempre esperando e quase nunca

pela decolagem. o campo argentino e a promessa eterna;

Previsão da safra de trigo de 2023: desafios permanecem

para os países importadores!; Medir, reduzir, compensar: um

dos objetivos da casafe y muito

mais. Prestigiosas empresas do

Brasil, Turquia, Canadá, Bélgica

e de outras partes do mundo

participam desta publicação,

que já cumpriu 28 anos e

chega a todos os países de

língua espanhola. Interessados

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Revista Grãos Brasil - Agosto / Setembro 2023


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