SEXUALIDADE: MENOPAUSA E ANDROPAUSA - Heloisa Fleury ...
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desejo sexual. Nos relatos de mulheres com pouco desejo sexual, freqüentemente é mencionada a<br />
dificuldade em focalizar no momento, na estimulação sexual ou nas emoções associadas com estar<br />
próxima de outra pessoa.<br />
No final da década de 90, esta pesquisadora (BASSON, 2001) propôs um modelo alternativo<br />
para o ciclo de resposta sexual da mulher, acrescentando ao modelo proposto por MASTERS e<br />
JOHNSON e complementado por KAPLAN, aspectos relacionados à receptividade da mulher à<br />
experiência sexual. Este novo modelo valorizou a adequação do estímulo sexual e do contexto,<br />
atribuindo à intimidade emocional o papel de uma das principais forças motivacionais para a atividade<br />
sexual.<br />
Neste modelo circular (BASSON, 2001), o desejo por intimidade, ao invés de um impulso<br />
biológico, desencadeia em muitas mulheres o ciclo de resposta sexual. Podem iniciar a experiência<br />
sexual sem motivação suficiente, mas buscando maior proximidade, compromisso, compartilhamento,<br />
carinho e tolerância, ou demonstrando os sentimentos provocados pela ausência emocional ou física do<br />
parceiro. Em condições favoráveis, a mulher iniciará uma busca deliberada de estímulos sexuais, como<br />
o diálogo, música, erotismo escrito ou visual, ou a estimulação física direta, desencadeando a excitação<br />
e favorecendo sua receptividade, através da aceitação de estímulos até então indesejados, geralmente<br />
relacionados à genitália e aos seios. Cria desta forma a responsividade necessária para a continuidade<br />
do ato sexual, que seguirá o ciclo tradicional: desejo e excitação interrelacionados e podendo um<br />
estimular e fortalecer o outro, seguidos da satisfação emocional e física.<br />
O resultado emocional e físico da experiência irá desempenhar um papel essencial na sua<br />
receptividade, podendo provocar até mesmo a evitação da estimulação sexual. Assim, uma mulher com<br />
raiva ou ressentimento pelo parceiro, mesmo com desejo e excitação, pode rejeitar a continuidade do<br />
ciclo de resposta sexual, comprometendo a eficácia da estimulação sexual. Caracteriza-se assim um<br />
modelo circular em que a experiência relacional de cada casal e o grau de satisfação emocional e física<br />
da sua vida sexual anterior tornam-se fatores determinantes da receptividade feminina no futuro.<br />
Na menopausa e na andropausa, este paradigma biopsicossocial para a compreensão da<br />
sexualidade feminina favorece a compreensão da dimensão relacional da sexualidade, conceituando o<br />
impacto no casal das conseqüências subjetivas decorrentes de disfunções sexuais em um ou nos dois<br />
parceiros, assim como de dificuldades em outras dimensões do relacionamento.<br />
A transição menopáusica<br />
A menopausa é o marco referencial do climatério, um processo longo e heterogêneo, que<br />
marca a transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva. É definida como a última menstruação e