JC 01 - Jornal Contabil
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Pag. 06 - Exemplar de Assinante – Não é Vendido em bancas<br />
governantes das três esferas se<br />
adaptarem aos novos padrões<br />
da contabilidade pública.<br />
Chiomento acredita que as<br />
organizações devem “reter<br />
seus talentos frente a um grande<br />
assédio na área, uma vez<br />
que o valor dos salários aumentou<br />
e a competitividade é<br />
grande”, explica, salientando<br />
que o contabilista atual deve<br />
estar preparado para uma rotina<br />
de trabalho cada vez mais<br />
exigente e complexa. “É importante<br />
salientar que onde há<br />
desafios, há maiores oportunidades.<br />
A área contábil está<br />
aproveitando muito bem esse<br />
cenário para ganhar mais espaço<br />
e valorização a nível nacional”,<br />
afirma o presidente.<br />
Segundo Chiomento, o<br />
novo modelo de contabilidade<br />
requer produtividade imediata<br />
e rigorosa qualidade.<br />
“Os contabilistas que já estão<br />
no mercado de trabalho, bem<br />
como os estudantes, tanto do<br />
curso técnico, quanto das faculdades,<br />
devem ter em mente<br />
que a evolução dos marcos<br />
legais e a modernização da<br />
profissão, ajudam na expansão<br />
dos negócios. A sociedade<br />
está cada vez mais exigente<br />
e com a comunicação cada<br />
vez mais integrada e globalizada,<br />
a pressão vivenciada<br />
pelas empresas é grande, e<br />
logo, isso será repassado aos<br />
profissionais”.<br />
O cenário macroeconômico,<br />
o maior interesse de investidores<br />
estrangeiros no país, o<br />
crescimento das exportações e<br />
a busca das empresas pelo<br />
novo mercado, são alguns dos<br />
fatores que influenciam essa<br />
mudança. Na opinião de Chiomento,<br />
os contabilistas precisam<br />
estar dispostos às mudanças,<br />
principalmente os funcionários<br />
antigos. “Profissionais<br />
inflexíveis inevitavelmente<br />
acabam sendo deixados para<br />
trás. Essa mudança está muito<br />
mais relacionada a hábitos e<br />
costumes”, finaliza.<br />
Oportunidades para<br />
mudanças<br />
Anderson Thomaz, que é<br />
arquiteto de soluções de uma<br />
empresa provedora de serviços<br />
de TI (Tecnologia da Informação),<br />
nos diz que frequentemente,<br />
os órgãos reguladores<br />
determinam normas<br />
comuns para as instituições<br />
financeiras, que as analisam,<br />
especificam e direcionam a<br />
área de TI, responsável por<br />
implementá-las. Para ele, as<br />
IFRS não devem ser encaradas<br />
apenas como mais uma<br />
norma dentre tantas outras, e<br />
sim como um novo padrão<br />
contábil. Não serão feitas<br />
apenas mudanças no layout<br />
de dados ou definidos relatórios<br />
para serem apresentados.<br />
Na prática, serão efetuadas<br />
mudanças em um processo<br />
contínuo, que é submetido a<br />
todas as áreas das instituições<br />
financeiras. As mudanças<br />
atingirão as formas de<br />
avaliar os instrumentos, tratarão<br />
as perdas e contingências,<br />
demonstrarão os relacionamentos<br />
com outras instituições<br />
e com os próprios colaboradores,<br />
evidenciando<br />
todo o processo da contabilidade.<br />
Ao longo do tempo, diante<br />
de tantas normas vindas dos<br />
órgãos reguladores, as áreas de<br />
TI das instituições financeiras<br />
foram obrigadas a se remodelar,<br />
tornando possível que, no<br />
final do processo, todas as<br />
obrigações legais fossem atendidas.<br />
“Desta forma, criou-se<br />
um ambiente tão heterogêneo<br />
e complexo, que dificultou a<br />
identificação do começo e do<br />
término de um determinado<br />
processo. Por meio do IFRS,<br />
não é possível apenas reunir os<br />
dados para a geração de relatórios,<br />
pois é preciso repensar<br />
alguns processos. É onde podemos<br />
identificar as novas<br />
Maior desafio para<br />
adaptação dos IFRS<br />
e IPSAS é a<br />
preparação técnica<br />
dos profissionais.<br />
oportunidades” afirma Thomaz.<br />
A maioria dos sistemas<br />
voltados para os instrumentos<br />
financeiros está ligada a<br />
lançamentos contábeis. Sendo<br />
assim, o resultado final<br />
dessas arquiteturas é transmitido<br />
para o sistema de contabilidade,<br />
por meio dos saldos<br />
de contas. Porém, Anderson<br />
faz questionamentos importantes.<br />
“Como é possível<br />
gerar o cálculo de custo<br />
amortizado, da taxa efetiva e<br />
do valor justo com o nível de<br />
detalhamento exigido pelo<br />
IFRS, se o que se recebe ul-<br />
<strong>Jornal</strong> Contábil edição Impressa – Ano 1 – Número <strong>01</strong> – Setembro de 2<strong>01</strong>1<br />
timamente são apenas saldos<br />
em contas contábeis? Qual<br />
gestor de TI nunca teve problemas<br />
com sistemas que<br />
apresentam cálculos ou lançamentos<br />
incorretos, que nunca<br />
puderam ser efetivamente corrigidos<br />
ou substituídos, devido<br />
à falta de orçamento, tempo<br />
ou mesmo recursos humanos?”.<br />
Mesmo diante dessas dúvidas,<br />
ele ainda acredita que<br />
é possível encontrar oportunidades<br />
a partir do IFRS. “Este<br />
é o momento para discutir<br />
com as demais áreas envolvidas<br />
uma estratégia eficiente e<br />
capaz de atender ao órgão regulador<br />
e, além disso, reestruturar<br />
uma área vital das instituições,<br />
que muitas vezes tem<br />
processos e sistemas fragmentados,<br />
criados apenas para resolver<br />
problemas de outros<br />
sistemas” assegura.<br />
Nesse caso, outra questão<br />
importante deve ser avaliada.<br />
Como discutir a redução do<br />
valor recuperável de ativos<br />
(impairment) sem ter o controle<br />
total sobre a garantia<br />
atrelada ao contrato? Thomaz<br />
nos diz que este pode parecer<br />
um desafio, mas é a oportunidade<br />
para iniciar uma discussão<br />
sobre o redesenho de um<br />
processo existente, para uma<br />
forma simplificada. Outro<br />
ponto é a contabilidade por si<br />
só. Quase todas as obrigações<br />
impostas pelo IFRS têm a sua<br />
evidenciação na contabilidade.<br />
Porém, para efeito de fisco,<br />
teremos uma contabilidade<br />
nos padrões atuais e outra<br />
no formato IFRS.<br />
Mas será que a estrutura<br />
contábil das instituições está<br />
pronta para este novo modelo?<br />
Quem nunca pensou em ter uma<br />
contabilidade “multibalanço”,<br />
capaz de conciliar de forma automática<br />
a contabilidade gerencial<br />
com a contabilidade financeira?<br />
“Ao invés de criarmos<br />
ajustes sob ajustes para atendermos<br />
a um único ponto, as<br />
obrigações oriundas do IFRS<br />
geram, sim, a oportunidade de<br />
rever grandes processos e ajustar<br />
itens fragmentados ao longo<br />
do tempo” finaliza.<br />
Por fim, há uma série de relatórios<br />
gerados por meio das<br />
obrigações do IFRS e, consequentemente,<br />
uma extensa variedade<br />
de dados gerados, o que<br />
torna quase impossível não pensar<br />
em uma plataforma de Inteligência<br />
de Negócios (BI), capaz<br />
de potencializar o uso de<br />
todas estas informações para as<br />
instituições financeiras. Quem<br />
tem o domínio da informação<br />
não apenas está à frente da concorrência,<br />
como tem a agilidade<br />
para reagir às oscilações do<br />
mercado.<br />
É claro que existem outras<br />
oportunidades a serem discutidas<br />
e que também não são simples<br />
ou de fácil mensuração de<br />
retorno. Como estas mudanças<br />
são definitivas, certamente as<br />
instituições financeiras terão<br />
que rever seus processos, seja<br />
neste momento, para a adoção<br />
do IFRS, ou em breve, para a<br />
correção de caminhos adotados<br />
pela interpretação incorreta das<br />
mesmas. Essa é uma discussão<br />
que deve acontecer em todas as<br />
instituições financeiras.