empórios - Apas
empórios - Apas
empórios - Apas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Capa EMPÓRIOS<br />
EMPÓRIOS<br />
de ontem e de hoje<br />
Os tradicionais <strong>empórios</strong> resistem ao tempo e se reformulam para<br />
atender o consumidor do século 21. Conheça a história de quatro lojas<br />
que encantam o cliente com o serviço à moda antiga<br />
>> DeniSe Turco > dturco@supervarejo.com.br<br />
Com o passar do tempo a palavra empório<br />
perdeu o significado original: estabelecimento<br />
onde se compra gêneros alimentícios.<br />
No passado eram conhecidos como<br />
armazém de secos e molhados. Hoje empório<br />
dá nome a lojas de roupas, presentes,<br />
restaurantes e até mesmo empresas<br />
de prestação de serviços. Talvez essa seja uma tentativa de<br />
resgatar a tradição e o atendimento personalizado desses<br />
estabelecimentos que entraram para a história do varejo<br />
brasileiro. Esse tipo de loja resiste ao tempo e inspira uma<br />
nova geração de varejistas.<br />
Na década de 1950 o comércio varejista era formado por<br />
mercearias, <strong>empórios</strong> e mercados municipais. Em São Paulo, os<br />
principais nomes na época eram a Mercearia Mappin, a Casa<br />
Godinho, o Depósito Normal, o Empório Santa Luzia. Eram<br />
os primórdios dos supermercados e do autosserviço, retratados<br />
no livro O supermercado nosso de cada dia, publicado pela APAS.<br />
A Casa Santa Luzia é uma referência para <strong>empórios</strong> de todo<br />
o País. A loja de secos e molhados criada em 1926 por Daniel<br />
Lopes se transformou em supermercado e delicatessen. Mas o<br />
atendimento impecável sempre foi a marca da empresa. Álvaro<br />
Lopes, 83 anos, filho de Daniel, trabalha desde menino na loja<br />
e não abre mão do contato direto com o cliente.<br />
O diferencial do empório é oferecer produtos refinados com<br />
ênfase nos importados. A qualidade de produtos, serviços e<br />
atendimento é imprescindível. “São empresas que trabalham<br />
muito bem o mix. Por mais que as grandes redes criem espaços<br />
sofisticados com vinhos, frios e queijos, os <strong>empórios</strong> trabalham<br />
melhor porque conhecem muito bem os itens, a origem e como<br />
se manipula, personalizando assim o atendimento”, comenta<br />
o diretor da Casa Flora, distribuidora de alimentos e bebidas<br />
32 n SuperVarejo | abril 2010<br />
que trabalha em parceria com muitos <strong>empórios</strong>, Adilson Carvalhal<br />
Júnior.<br />
Segundo ele, é um modelo de negócio interessante, mas<br />
não gera retorno a curto prazo. “O empório vai ganhar mais<br />
no serviço e menos no preço. A concorrência se dá com outras<br />
lojas de bairro como o açougue, a padaria, e não com as<br />
grandes redes.”<br />
Outra característica peculiar é que os <strong>empórios</strong> têm estrutura<br />
familiar e funcionários antigos, que chamam o cliente<br />
pelo nome. Essa proximidade tem grande valor na imagem do<br />
estabelecimento e na consolidação da marca.<br />
Definir um conceito de empório é tarefa complexa porque<br />
há estabelecimentos especializados em bebidas, queijos, carnes,<br />
azeites, produtos orgânicos, kosher etc. “O empório como loja<br />
gourmet está crescendo, porém terá expansão limitada, porque<br />
atende um segmento limitado de consumidores, com altíssimo<br />
poder aquisitivo”, comenta a gerente da área de Marketing,<br />
Estratégia e Canais da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza,<br />
Fabíola D’Andrea.<br />
Com o desenvolvimento do varejo alimentar e a multiplicidade<br />
de canais, o consumidor confunde os formatos.<br />
Pesquisa recente da GS&MD citada por Fabíola detectou que<br />
pessoas das classes A e B não sabem definir se empório é<br />
um ambiente requintado ou não. “Há uma sinergia entre<br />
empório e loja de vizinhança, ambos atendem o bairro, mas<br />
os conceitos se confundem. Na verdade, depende do foco, do<br />
sortimento, do serviço.”<br />
Novo momento<br />
Não há um estudo sobre o segmento de <strong>empórios</strong>, mas há<br />
uma percepção de que ele se renova com a transformação das<br />
lojas antigas e o surgimento de novas. “Esse segmento cresce,
abril 2010 | SuperVarejo n 33
Capa EMPÓRIOS<br />
mas não virou moda. Os <strong>empórios</strong> mais antigos tiveram de se<br />
renovar até porque antes não tinham a concorrência que têm<br />
atualmente”, comenta Carvalhal Júnior.<br />
A consultora de varejo da Beluzzi & Associados, Stella Beluzzi,<br />
diz que esse novo momento dos <strong>empórios</strong> ocorre em sintonia<br />
com o desenvolvimento da economia e a ascensão da classe<br />
média. “As pessoas estão saindo do consumo de subsistência<br />
para um consumo mais sofisticado. Ainda não é um consumo<br />
de luxo, mas com certeza é mais refinado”, enfatiza.<br />
O diretor do curso de MBA em Gestão do Luxo da Fundação<br />
Armando Álvares Penteado (Faap), professor Silvio Passarelli,<br />
destaca dois fatores que explicam a retomada dos <strong>empórios</strong>.<br />
“Primeiro, as pessoas recebem mais visitas em casa, ao contrário<br />
do que acontecia no passado, e preparam alimentos e bebidas;<br />
segundo, a imprensa fala muito de gastronomia e enologia, o<br />
que torna a demanda mais sofisticada.” Por conta disso, ele<br />
empório<br />
casarão<br />
LocaL: Goiânia (Go)<br />
34 n SuperVarejo | abril 2010<br />
Gastronomia em potencial no Centro-oeste<br />
A história do Empório Casarão<br />
começa em 1984 com a abertura<br />
de frutaria em Cuiabá (MS). O<br />
trabalho com produtos naturais<br />
cresceu e deu origem ao empório<br />
dedicado à venda de gêneros alimentícios<br />
sofisticados. Em 1997 a empresa<br />
levou o conceito para Goiânia (GO), onde se instalou definitivamente.<br />
“Quando abrimos o empório em Goiânia, era<br />
uma ideia nova na região, porque levamos uma proposta de<br />
qualidade com vinhos, queijos, bacalhau, frutas exóticas”,<br />
ressalta o proprietário, Edson Cazas Ribeiro (foto).<br />
O hortifruti está no DNA da empresa e hoje é a principal<br />
seção da loja. “Carregamos três vezes por semana em São<br />
Paulo. Além disso, contratamos uma equipe, também de São<br />
Paulo, para trabalhar com frutas e promover degustação.<br />
Então o cliente se sente como se estivesse no mercadão, experimentando<br />
frutas, não importa se é uma maçã ou uma<br />
fruta exótica.”<br />
Dos 10 mil itens à disposição do cliente, 70% são importados.<br />
“Não vendemos produtos da cesta básica. Temos<br />
temperos, pães, queijos e azeites de todas as<br />
Fundação: 1984<br />
Área de vendas: 750 m 2<br />
FuncionÁrios: 90<br />
Carvalhal<br />
jÚnior, da Casa<br />
Flora: <strong>empórios</strong><br />
se renovam para<br />
sobreviver no<br />
mercado divulgação<br />
regiões do mundo, massas italianas, produtos orientais, bebidas,<br />
entre outros.”<br />
Essa variedade tem o objetivo de atender ao perfil dos<br />
consumidores da região. “O público de Goiânia é muito<br />
exigente. Atendemos pessoas que viajam muito e são bem<br />
informadas. São amantes da gastronomia e que se reúnem<br />
para cozinhar”, comenta Ribeiro.<br />
Percebendo esse potencial gastronômico da região, Ribeiro<br />
se prepara para a expansão da empresa. Com um investimento<br />
de R$ 6 milhões, está prevista para agosto a abertura<br />
da segunda loja Casarão, com 1,8 mil metros quadrados<br />
de área de vendas, em um bairro nobre da cidade. “Vai ser<br />
uma espécie de mercadão 24 horas combinando patisserie,<br />
boulangerie, além de um restaurante com 280 lugares, uma<br />
paisagem bonita e muito conforto. Nesse local o foco será a<br />
gastronomia”, expõe Ribeiro.<br />
O crescimento do Empório Casarão é estável e constante.<br />
Desde que foi fundada, a empresa cresce entre 10% e 15%<br />
ao ano. Os ganhos não são no volume, mas na venda no<br />
serviço. “Trabalhamos com 80% do sortimento de produtos<br />
perecíveis e o consumidor tem confiança em nossa loja, que<br />
é sinônimo de qualidade na região.”<br />
fotos: divulgação
acredita que nos próximos anos o mercado terá condições mais<br />
favoráveis para os <strong>empórios</strong>.<br />
Do ponto de vista arquitetônico, a arquiteta da Mercatto<br />
Arquitetura e Design, Marcelle Sarmento Patrone, também<br />
observa que o estilo dos antigos <strong>empórios</strong> e mercadões está<br />
novamente presente na decoração do varejo alimentar. “Para<br />
criar esse tipo de ambiente antigo, utilizamos madeira rústica<br />
ou de demolição, fotos e objetos antigos, piso de cerâmica<br />
que imita azulejo português ou ladrilho hidráulico, ou ainda<br />
combinamos materiais nobres como o aço inoxidável e a<br />
madeira, montando um ambiente moderno e clean. A ideia,<br />
porém, é sempre buscar o aconchego presente nos antigos<br />
<strong>empórios</strong>”, afirma.<br />
Nas quatro histórias retratadas, os gestores de <strong>empórios</strong> do<br />
passado e do presente explicam como conduzem seus negócios<br />
e se adaptam às mudanças do mercado.<br />
Uma loja reinventada a cada década<br />
A SuperMercearia São Bento, de Sorocaba, nasceu<br />
na década de 1940 como boteco, e com o passar<br />
do tempo foi ampliada para um armazém de secos<br />
e molhados. Os negócios prosperaram e nos anos<br />
1960 a empresa foi vendida para o Grupo Pão de<br />
Açúcar. Em seguida, Moyses Stefan, o proprietário,<br />
filho de libanês e síria, resolveu abrir uma empresa<br />
atacadista, que foi transformada em uma loja de<br />
produtos refinados na década de 1990. Hoje, aos<br />
86 anos (foto), ele e a filha, Márcia Stefan Hatem,<br />
comandam os negócios deste empório.<br />
“O que nos diferencia de um supermercado é a<br />
variedade de produtos. São 20 mil itens diferenciados<br />
e importados, vendemos vasos de cristal no bazar,<br />
presentes finos, adega com vinhos do mundo<br />
todo, pães artesanais, produtos de confeitaria fina,<br />
cortes especiais de carnes, além de um ambiente<br />
aconchegante e pessoal qualificado para atender<br />
cliente das classes A e B”, expõe Márcia.<br />
Os itens líderes de vendas são os de fabricação<br />
própria, ou seja, padaria, confeitaria fina e mais<br />
recentemente do restaurante, inaugurado há sete<br />
meses e que atende 200 pessoas diariamente. Os<br />
clientes cadastra- dos recebem o cardápio da semana<br />
seguinte por e-mail.<br />
Recentemente, também<br />
SuperMercearia<br />
São Bento<br />
LocaL: Sorocaba (SP)<br />
Fundação: 1940<br />
Área de vendaS: 900 m 2<br />
FuncionÁrioS: 100<br />
implementou café da<br />
manhã, lanche da tarde<br />
e à noite serve sopas, saladas<br />
e tortas. Sábado é<br />
dia de comida árabe para<br />
viagem ou para consu-<br />
Passarelli, da<br />
Faap: crescente<br />
interesse por<br />
gastronomia<br />
impulsionará<br />
segmento de<br />
<strong>empórios</strong> divulgação<br />
mo na loja. “Em 2011 faremos inovações<br />
no restaurante”, promete Stefan.<br />
Se o consumidor precisar fazer uma<br />
festa, pode contar com a expertise de 15<br />
anos da São Bento na oferta de salgados<br />
e comidas. “Fornecemos para festas<br />
de empresas ou na casa do cliente, quando<br />
ele reúne um pequeno grupo de amigos, por<br />
exemplo. Nossa equipe monta a mesa e zela<br />
para garantir a qualidade dos nossos produtos;<br />
tudo isso é feito sob a supervisão de uma<br />
nutricionista”, comenta Marcia.<br />
O serviço de delivery é essencial no negócio<br />
da São Bento, que não cobra taxa do cliente.<br />
Segundo Stefan, “é um serviço que está crescendo<br />
muito a cada ano que passa. Temos<br />
muitas solicitações de entregas em condomínios<br />
de luxo da região”.<br />
O turnover de funcionários é baixo e está<br />
diretamente ligado ao atendimento diferenciado<br />
aos clientes. A empresa prefere investir<br />
no treinamento e remodelar as competências<br />
dos funcionários do que começar tudo do<br />
zero com outra pessoa. “O cliente<br />
gosta de encontrar os funcionários<br />
na loja. Ele precisa desse<br />
carinho, de ser chamado pelo nome.<br />
Então a loja é um ambiente<br />
familiar e mantém esse vínculo<br />
com funcionários e clientes. Isso<br />
é que traz a simpatia para o nosso<br />
negócio”, finaliza Stefan.<br />
divulgação<br />
ElianE cunha<br />
divulgação<br />
abril 2010 | SuperVarejo n 35<br />
ElianE cunha
Capa EMPÓRIOS<br />
Casa<br />
Godinho<br />
LocaL: São Paulo (SP)<br />
36 n SuperVarejo | abril 2010<br />
Patrimônio da cidade<br />
Entrar na Casa Godinho é fazer<br />
uma viagem à São Paulo do século<br />
19. A loja, fundada em 1888 na Praça<br />
da Sé, está desde 1923 instalada<br />
na rua Líbero Badaró, também no<br />
centro da cidade. A foto antiga da loja<br />
de “molhados e finos” frequentada por cavalheiros que usavam<br />
chapéu coco dá o tom do que se pode encontrar lá.<br />
O bacalhau é o grande atrativo e fez a fama do estabelecimento,<br />
que trabalha com sortimento de 3 mil itens. A loja<br />
mantém as prateleiras originais de imbuia, a logomarca é a<br />
mesma desde o início; os produtos são embalados em papel<br />
rosa. Tudo isso cria um ambiente charmoso e aconchegante<br />
em meio ao caos da capital.<br />
Qual é o segredo para a sobrevivência de uma loja tão antiga?<br />
O atual proprietário, Miguel Romano (foto), tem as respostas<br />
para os problemas de um passado recente, quando precisou<br />
reformular o negócio para não perder a Casa Godinho.<br />
Em 1995 dois proprietários, herdeiros dos fundadores,<br />
convidaram Romano para entrar na sociedade. “Eles me<br />
conheciam desde pequeno. Meu pai tinha uma casa lotérica<br />
no centro, próximo à Casa Godinho, e eu trabalhava lá. Na<br />
época eu tinha acabado de fechar um restaurante e surgiu<br />
o convite.”<br />
No fim da década de 1990 ocorreu queda brusca nas vendas,<br />
causada pela decadência da região central da cidade.<br />
“As grandes empresas como o Itaú, a Associação<br />
Comercial e muitas outras deixaram o<br />
centro e o movimento caiu<br />
muito. O ano 2000 foi o<br />
pior, porque tivemos de<br />
reduzir a equipe e dificuldades<br />
para pagar as contas.<br />
Os sócios ficaram um<br />
ano sem fazer uma retirada<br />
sequer.”<br />
Em 2001 os antigos sócios<br />
venderam a parte deles<br />
por um preço baixíssimo para<br />
Romano, que ficou sozinho<br />
para administrar uma situação<br />
nada favorável. A solução<br />
foi se adaptar aos novos<br />
tempos do centro e dos<br />
consumidores que passaram<br />
a circular por lá.<br />
“Naquela época, as empresas<br />
de telemarketing começaram<br />
a se instalar na região.<br />
Os funcionários dessas<br />
empresas, porém, ganham<br />
Fundação: 1888<br />
Área de vendaS: 150 m 2<br />
FuncionÁrioS: 18<br />
fotos: paulo pEpE/nau<br />
pouco e a loja tem produtos<br />
caros para eles. A<br />
solução para melhorar<br />
o movimento foi montar<br />
a padaria”, comenta Romano.<br />
Esse consumidor com<br />
menos dinheiro no bolso<br />
entrava para comprar<br />
pães, bolos, doces, salgadinhos<br />
e aos poucos<br />
começou a conhecer a<br />
loja. “Ele percebeu que além de<br />
vinhos caros, também temos vinhos de 12 reais; aqui ele<br />
também pode comprar frios, torradas e até mesmo bacalhau<br />
uma vez por ano”, diz Romano. Atualmente a loja recebe 700<br />
pessoas por dia. Além disso, a empresa começou a fornecer<br />
alimentos para coffee break de empresas do entorno.<br />
“Antes nosso faturamento estava concentrado no Natal e<br />
na Páscoa por causa da venda do bacalhau. A padaria trouxe<br />
a segurança para o ano todo e hoje é o que sustenta a Casa.” A<br />
estrela é a empada, já considerada a melhor de São Paulo por<br />
revistas de gastronomia. Diariamente são vendidas 300 empadas,<br />
em uma receita criada por Romano que leva recheio<br />
cremoso e azeitona sem caroço, para se comer de colher.<br />
Até hoje loja recebe muitos clientes antigos. Romano se<br />
emociona ao contar a história do doutor Luís, que frequentou<br />
a loja até os 97 anos. “Um dia ele chegou e, em consideração à<br />
fidelidade dele, resolvi presenteá-lo com o bacalhau, o vinho<br />
e o azeite. Foi a última visita dele, logo depois faleceu.”<br />
A loja opera com margem de 10%, o mínimo para a sobrevivência<br />
do negócio, diz Romano. “Somos pequenos e<br />
não temos poder de compra. A Casa Godinho tem perfil de<br />
conveniência, e não de abastecimento.” Ele reforça ainda<br />
que a tradição, a marca e a confiança dos clientes também<br />
mantêm a empresa. “Percebemos isso nas épocas mais difíceis”,<br />
reflete.<br />
Além do visual, o atendimento à moda antiga é o que<br />
encanta os consumidores. “Sempre prezamos pela qualidade<br />
dos produtos e da estrutura da loja. O atendimento é<br />
diferencial. Embrulhamos tudo no papel rosa, à maneira<br />
dos <strong>empórios</strong> antigos.”<br />
No ano passado, a Prefeitura de São Paulo desapropriou o<br />
prédio onde fica a Casa Godinho, mas a loja permanece lá.<br />
“Ela está sendo tombada, não podemos mexer na estrutura,<br />
na mobília, em nada.” Por conta disso, o plano de Romano<br />
para montar um bistrô no fundo da loja aguarda aprovação<br />
da prefeitura. Mas os projetos de expansão não param por aí.<br />
Em breve será inaugurada uma unidade da Casa Godinho no<br />
Mercado Municipal da Cantareira, o Mercadão, para vender<br />
somente empadas.
fontE: silvio passarElli (faap)<br />
nova geração movida a desafios<br />
Simone, 29 anos, estudou economia, MBA em gestão empresarial<br />
e fez curso de inglês no Canadá. Willians, 27, estudou<br />
jornalismo e desde os 16 anos trabalha<br />
na empresa da família. Os<br />
irmãos Farias (foto) vivem<br />
um grande desafio: comandar<br />
o Empório Maria<br />
Luiza em Santos (SP). Para<br />
dar tudo certo, um complementa<br />
o trabalho do outro:<br />
ela tem feeling apurado para<br />
descobrir as tendências de<br />
produtos; ele tem perfil mais<br />
empreendedor e lida diariamente<br />
com os funcionários<br />
e clientes.<br />
“Nossa família tem<br />
uma empresa atacadista<br />
de hortifruti e tinha um<br />
projeto antigo de entrar no<br />
varejo”, conta Willians. A<br />
opção pelo formato empório<br />
foi apoiada na percepção de<br />
que a cidade, e especialmente<br />
o bairro onde moram, não<br />
tinha uma loja com produtos<br />
selecionados.<br />
Para estrear no varejo, eles<br />
contrataram consultores especializados<br />
para ajudar a compor<br />
o mix e buscar um local apropriado.<br />
Assim, o Empório Maria<br />
Luiza foi inaugurado em maio de<br />
2008. “Depois de muita pesquisa<br />
e visitas a outros estabelecimentos<br />
de mesmo patamar, optamos<br />
pelo foco no FLV. Para isso, temos<br />
o apoio de nossa empresa atacadista”, completa Willians.<br />
A loja conta com adega, produtos a granel, hortifruti,<br />
mercearia, frios e laticínios, padaria, açougue e cafeteria.<br />
Na adega promove degustação de vinhos e os atendentes<br />
fotos: divulgação<br />
auxiliam os clientes na escolha da bebida.<br />
Entre os serviços prestados estão entrega,<br />
delivery, pedidos pela internet, mailing para informar<br />
ofertas, cortes personalizados no açougue e laticínios por<br />
encomenda. A loja também dispõe de 15 vagas de estacionamento.<br />
O público consumidor tem, em média, 35 anos e<br />
elevado poder aquisitivo. “O tíquete médio é quase o dobro<br />
da média estadual”, diz Willians.<br />
O principal desafio dos proprietários foi conquistar a<br />
confiança dos clientes. O fato de serem jovens, nesse caso,<br />
dificultou um pouco. “Geralmente nesse segmento são pessoas<br />
mais velhas que comandam as lojas, o que se tornou uma<br />
imensa barreira para rompermos na relação de confiança com<br />
o cliente. Ouvíamos comentários do tipo: ‘será que eles vão<br />
dar conta? São muito jovens para isto. Nessa idade, os jovens<br />
não são comprometidos com o trabalho’. Usamos isso como<br />
motivação para fazer ainda melhor”, expõe Willians.<br />
Contratar profissionais e, acima de tudo, motivá-los também<br />
se mostrou uma tarefa complexa. “As pessoas chegam<br />
pedindo emprego desacreditadas, como se esse ramo fosse o<br />
fim da linha”, comenta o empresário. “Ninguém nasce com<br />
o sonho de ser operador de caixa, mas a experiência de vida,<br />
o relacionamento e o conhecimento que você adquire nesta<br />
função poderá servir de trampolim para os seus sonhos.<br />
Nós também não nascemos com este sonho, mas hoje não<br />
vivemos sem a loja”, desabafa Willians.<br />
Em relação às expectativas, Willians acredita que ainda é<br />
cedo pra falar em planos futuros. “A loja passa pelo período<br />
de maturação e ainda não chegou ao seu topo. Creio que<br />
temos mais dois anos e meio pela frente para poder falar em<br />
equilíbrio e saltos maiores.”<br />
> FoNtes desta matéria<br />
beluzzi & associados: (11) 3889-9279<br />
casa Flora: (11) 3327-5199<br />
casa Godinho: (11) 3105-1625<br />
casa Santa luzia: (11) 3897-5000<br />
empório casarão: (62) 3223-4963<br />
empório Maria luiza: (13) 3321-6193<br />
Faap: (11) 3662-7000<br />
GS&MD: (11) 3405-6666<br />
Mercatto arquitetura e Design: (11) 5549-6272<br />
SuperMercearia São bento: (15) 3224-8680<br />
para quem quer investir no formato<br />
Empório<br />
maria Luiza<br />
LocaL: Santos (SP)<br />
Fundação: 2008<br />
Área de vendaS: 350 m 2<br />
FuncionÁrioS: 43<br />
Qualidade: alimentos e bebidas premium e importados<br />
localização: a loja atende uma comunidade num raio de 3 quilômetros em regiões nobres<br />
atendimento: funcionários devem conhecer razoavelmente os produtos para orientar os clientes. Não é preciso ter<br />
um sommelier, mas alguém que entenda genericamente de vinhos, por exemplo<br />
ServiçoS eSSenciaiS: entrega, delivery e estacionamento<br />
abril 2010 | SuperVarejo n 37