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Manual de Saúde Bucal - Londrina

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA<br />

AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE<br />

ESTADO DO PARANÁ<br />

MANUAL<br />

DE<br />

SAÚDE BUCAL<br />

<strong>Londrina</strong><br />

2009


MANUAL DE SAÚDE BUCAL


PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA<br />

Prefeito<br />

Homero Barbosa Neto<br />

SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE<br />

Secretário<br />

Agajan A. Der Bedrossian<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Diretora<br />

Marly Scam<strong>de</strong>lai Coronado<br />

Assessoria Técnica <strong>de</strong> Odontologia<br />

Martha Beatriz Esgaib Issa<br />

DIRETORIA DE AÇÕES EM SAÚDE<br />

Diretora<br />

Bruna Maria Rocha Petrillo<br />

Gerência <strong>de</strong> Odontologia<br />

Oswaldo Pires Carneiro Júnior


Produção, distribuição e informações:<br />

SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE LONDRINA<br />

Superintendência Municipal: Agajan A. Der Bedrossian<br />

Diretoria Executiva: Marly Scam<strong>de</strong>lai Coronado<br />

Diretoria <strong>de</strong> Ações em Saú<strong>de</strong>: Bruna Maria Rocha Petrillo<br />

En<strong>de</strong>reço<br />

Rua Jorge Casoni, 2350<br />

CEP: 86010-250<br />

Telefone: (43) 3376-1800<br />

FAX: (43) 3376-1804<br />

Email: odonto@asms.londrina.pr.gov.br<br />

Site: www.londrina.pr.gov.br/sau<strong>de</strong><br />

1ª Edição 2009<br />

ISBN<br />

Revisão<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Projeto Gráfico/ Capa<br />

Marcelo Ribeiro Máximo - Artes Gráficas/Informática/AMS/PML<br />

Impressão<br />

Gráfica Progressiva – Curitiba – Paraná<br />

Direitos Reservados<br />

Nenhuma parte po<strong>de</strong> ser duplicada ou reproduzida sem expressa autorização da Autarquia Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong><br />

CATALOGAÇÃO: Sueli Alves da Silva CRB 9/1040<br />

<strong>Londrina</strong>. Prefeitura do Município. Autarquia Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal/.- Prefeitura do Município; Domingos Alvanhan e Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini,<br />

coor<strong>de</strong>nadores.- 1. ed. <strong>Londrina</strong>, PR: [s.n], 2009.<br />

550p. : il, color.-<br />

Vários colaboradores.<br />

Bibliografia.<br />

ISBN<br />

1. Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> – <strong>Manual</strong>. 2. Saú<strong>de</strong> Coletiva – <strong>Londrina</strong>. I. Alvanhan, Domingos. II. Gonini, Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene.<br />

III. Título.


<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong><br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Coor<strong>de</strong>nadores<br />

1ª edição<br />

Autarquia Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>


Alice Tayoko Ogawa<br />

Professora do Curso <strong>de</strong> Especialização em<br />

Endodontia da Associação Odontológica<br />

Norte do Paraná – AONP – <strong>Londrina</strong>.<br />

Especialista em Endodontia e Mestre em<br />

Microbiologia – Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

<strong>Londrina</strong> - UEL.<br />

Antônio Ferelle<br />

Professor do Módulo Clínica Integrada<br />

Infantil - Odontopediatria e do Núcleo <strong>de</strong><br />

Odontologia para Bebês - UEL - Doutor em<br />

Odontopediatria.<br />

Carlos Alberto Spironelli Ramos<br />

Professor Adjunto da Disciplina <strong>de</strong><br />

Endodontia – UEL – Doutor em Endodontia<br />

– Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo - USP - Bauru<br />

- SP<br />

Cássia Cilene Dezan Garbelini<br />

Professora do Módulo Clínica Integrada<br />

Infantil - Odontopediatria e do Núcleo <strong>de</strong><br />

Odontologia para Bebês - UEL - Doutora em<br />

Odontopediatria.<br />

Cristiana Castello Branco Nascimento<br />

Cirurgiã-Dentista da Autarquia Municipal <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - AMS - Especialista em<br />

Saú<strong>de</strong> Coletiva e Bioética – UEL -<br />

Mestranda em Gestão <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> - UEL.<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Cirurgiã-Dentista da AMS – Especialista em<br />

Odontopediatria – AONP e Mestre em<br />

Saú<strong>de</strong> Coletiva – UEL.<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cirurgião-Dentista da AMS e Secretaria<br />

Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Paraná (SESA) –<br />

Especialista em Saú<strong>de</strong> Pública – Fundação<br />

Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ -<br />

Auditoria <strong>de</strong> Sistemas e Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

– Instituto <strong>de</strong> Ensino Superior <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> -<br />

INESUL e Periodontia – AONP.<br />

Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Vigilância Ambiental da 17ª<br />

Regional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> – SESA.<br />

Eliane Aparecida Azeredo<br />

Cirurgiã-Dentista da AMS – Especialista em<br />

Saú<strong>de</strong> Coletiva e Saú<strong>de</strong> da Família –<br />

INESUL.<br />

Autores<br />

Euterpe Frigeri Barczysczyn<br />

Cirurgiã-Dentista da SESA – Especialista<br />

em Metodologia do Ensino Superior - UEL e<br />

em Saú<strong>de</strong> Pública.<br />

Fabrício Parra Garcia<br />

Médico Cardiologista – Residência em<br />

Clínica Médica, Cardiologia e Cardiografia -<br />

Especialista em Cardiologia.<br />

Hilton Hirabara<br />

Cirurgião-Dentista da AMS – Residência em<br />

Cirurgia Buco-Maxilo-Facial – Hospital<br />

Evangélico <strong>Londrina</strong>.<br />

João Fernando Balan<br />

Cirurgião-Dentista da AMS - especialista em<br />

Saú<strong>de</strong> Coletiva e Saú<strong>de</strong> da Família - UEL<br />

José Roberto Almeida<br />

Médico da Policlínica Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Londrina</strong>. Professor do Pronto Socorro do<br />

Hospital Universitário - UEL – Mestre em<br />

Medicina – UEL e Especialista em Geriatria<br />

e Gerontologia.<br />

José Roberto Pinto<br />

Coor<strong>de</strong>nador do curso <strong>de</strong> Residência em<br />

Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial<br />

– HU – UEL - Coor<strong>de</strong>nador da Disciplina <strong>de</strong><br />

Cirurgia <strong>Bucal</strong> - Universida<strong>de</strong> Norte do<br />

Paraná - UNOPAR e UEL. Mestre em<br />

Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial<br />

- Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica - PUC –<br />

RS - Doutor em Cirurgia e Traumatologia<br />

Buco-Maxilo-Facial - Universida<strong>de</strong> do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo - UNESP – Araçatuba<br />

– SP.<br />

Lázara Regina <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong><br />

Cirurgiã-Dentista da AMS – Especialista em<br />

Bioética – UEL - Odontologia Legal e<br />

Auditoria <strong>de</strong> Sistemas e Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

– INESUL - Mestre em Saú<strong>de</strong> Coletiva –<br />

UEL.<br />

Leila Maria Cesário Pereira Pinto<br />

Professora da UNOPAR e professora<br />

convidada do curso <strong>de</strong> Pós -Graduação em<br />

Odontopediatria da UEL - Doutora em<br />

Odontopediatria.


Lisete Rosa e Silva Benzoni<br />

Médica Ginecologista e Obstetra.<br />

Residência médica em Ginecologia e<br />

Obsterícia – UEL - Especialista em<br />

Ginecologia e Obstetrícia – Socieda<strong>de</strong><br />

Brasileira <strong>de</strong> Ginecologia e Obstetrícia. MBA<br />

em gestão Estratégica <strong>de</strong> Pessoas -<br />

Fundação Getúlio Vargas - Diretora <strong>de</strong><br />

Relacionamento com cooperados da<br />

UNIMED – <strong>Londrina</strong>.<br />

Lucimar Aparecida Britto Codato<br />

Cirurgiã-Dentista da AMS e Professora do<br />

Módulo <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>miologia e Metodologia <strong>de</strong><br />

Pesquisa e <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Serviços Públicos<br />

Odontológicos - UEL – Especialista em<br />

Saú<strong>de</strong> Coletiva e em Saú<strong>de</strong> da Família –<br />

INESUL - Mestre em Saú<strong>de</strong> Coletiva – UEL.<br />

Luiz Reynaldo <strong>de</strong> Figueiredo Walter<br />

Professor Titular <strong>de</strong> Odontopediatria – UEL -<br />

Coor<strong>de</strong>nador do Programa <strong>de</strong> Pósgraduação<br />

em Odontologia, Área <strong>de</strong><br />

concentração em Dentística - UNOPAR.<br />

Mara Ferreira Ribeiro<br />

Médica da AMS - Coor<strong>de</strong>nadora do Centro<br />

<strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Trabalhador<br />

(CEREST) – Residência em Preventiva e<br />

Social – concentração em Saú<strong>de</strong> do<br />

Trabalhador - Especialista em Medicina do<br />

Trabalho.<br />

Márcio Grama Hoeppner<br />

Professor Adjunto do Curso <strong>de</strong> Odontologia<br />

– UEL - Especialista, Mestre e Doutor em<br />

Dentística Restauradora - Universida<strong>de</strong><br />

Estadual Paulista Júlio <strong>de</strong> Mesquita Filho -<br />

Araraquara.<br />

Martha Beatriz Esgaib Issa<br />

Assessora Técnica <strong>de</strong> Odontologia da AMS<br />

- Especialista em Endodontia e em<br />

Pacientes Especiais.<br />

Maura Sassahara Higasi<br />

Professora do Módulo Introdução à Sau<strong>de</strong><br />

Coletiva e Módulo <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>miologia e<br />

Metodologia <strong>de</strong> Pesquisa - UEL –<br />

Especialista e Mestre em Saú<strong>de</strong> Coletiva –<br />

UEL.<br />

Patrícia Helena Vivan Ribeiro<br />

Enfermeira da Clínica Odontológica<br />

Universitária – UEL - Especialista em<br />

Enfermagem na Saú<strong>de</strong> do Adulto, Centro<br />

Cirúrgico e <strong>de</strong> Materiais Esterilizados –<br />

SOBECC - Mestre em Enfermagem<br />

Fundamental - USP Ribeirão Preto -<br />

Doutoranda em Enfermagem - USP<br />

Ribeirão Preto.<br />

Pedro Sperandio Lopes Morales<br />

Cirurgião-Dentista da AMS.<br />

Raquel Cristina Guapo Rocha<br />

Médica da AMS – Residência em Clínica<br />

Médica e em Nefrologia - Mestre em<br />

Medicina – Área <strong>de</strong> Concentração em<br />

Nefrologia – UEL.<br />

Renata Cristina da Silva Baldo<br />

Enfermeira da AMS. Mestranda em Saú<strong>de</strong><br />

Coletiva – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da<br />

UNESP – Botucatu – SP.<br />

Renato Mikio Moriya<br />

Médico da AMS – Coor<strong>de</strong>nador do Núcleo<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e Paz <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - Especialista<br />

em Adolescentes, Terapia da família e em<br />

Violência Doméstica contra Crianças e<br />

Adolescentes - USP – SP- Mestre em<br />

Medicina e Saú<strong>de</strong> - UEL.<br />

Rodrigo Borges Fonseca<br />

Professor Adjunto do Curso <strong>de</strong> Odontologia<br />

- UEL - Mestre em Reabilitação Oral -<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia -<br />

Doutor em Materiais Dentários - Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Odontologia <strong>de</strong> Piracicaba - UNICAMP.<br />

Rosangela Del Anhol Azevedo<br />

Fonoaudióloga da AMS – Especialista em<br />

Audilogia - Mestre em Distúrbios da Fala e<br />

da Comunicação Humana - Universida<strong>de</strong><br />

Tuiuti - Paraná.<br />

Wagner José Silva Ursi<br />

Professor do Curso <strong>de</strong> Odontologia – UEL.<br />

Mestre em Odontologia, área <strong>de</strong><br />

concentração em Dentística.- Especialista<br />

em Endodontia e em Ortodontia e Ortopedia<br />

Funcional dos Maxilares.


Ana Flora Gomes da Siva<br />

Cirurgiã-Dentista da AMS – Especialista<br />

em Periodontia e Gerontologia.<br />

Anne Kelly Oliveira Mantovani<br />

Cirurgiã-Dentista.<br />

Cyntia Cristina Fiori Moreira<br />

Cirurgiã-Dentista da AMS – Especialista<br />

em Periodontia – AONP – <strong>Londrina</strong>.<br />

Danielli Molina<br />

Cirurgiã-Dentista da Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Foz <strong>de</strong> Iguaçu – Paraná.<br />

É<strong>de</strong>r Willian Merlo<br />

Cirurgião-Dentista da AMS – Especialista<br />

em Saú<strong>de</strong> Coletiva.<br />

Elisa Emi Tanaka Carloto<br />

Professora do Módulo Clínica Integrada<br />

Diagnóstica – UEL - Doutora em<br />

Diagnóstico <strong>Bucal</strong> – Radiologia – USP -<br />

São Paulo.<br />

José Faiçal Júnior<br />

Cirurgião-Dentista da AMS - Especialista<br />

em Endodontia.<br />

Leilaine Aparecida Furlanetto<br />

Rodrigues<br />

Cirurgiã-Dentista – Secretária <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

do Município <strong>de</strong> Ibiporã – Paraná -<br />

Especialista em Saú<strong>de</strong> Coletiva.<br />

Lia Ogawa<br />

Cirurgiã-Dentista da AMS - Especialista<br />

em Endodontia e em Saú<strong>de</strong> Coletiva.<br />

Luiz Carlos Baldo<br />

Médico da AMS e SESA – Residência em<br />

Ginecologia e Obstetrícia - UEL<br />

Nilça dos Anjos Ferreira<br />

Auxiliar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> da AMS<br />

Salete Campos Mozer Sodré<br />

Cirurgiã-Dentista da AMS – Especialista<br />

em Periodontia e em Saú<strong>de</strong> Coletiva.<br />

Colaboradores<br />

Satílio Kasai<br />

Cirurgião-Dentista da Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Cambé, Ibiporã – Paraná -<br />

Especialista em Saú<strong>de</strong> Coletiva.<br />

Sérgio Vitório Canavesi<br />

Médico da AMS e do Serviço <strong>de</strong><br />

Atendimento Médico <strong>de</strong> Urgência – SAMU<br />

– <strong>Londrina</strong> – Especialista em Saú<strong>de</strong> da<br />

Família e em Administração Hospitalar –<br />

Mestrando em Gestão <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> - UEL.<br />

Sueli Alves da Silva<br />

Bibliotecária – Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Acervo e<br />

Informação Bibliográfica – AMS –<br />

Especialista em Gerência <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Informação e em Saú<strong>de</strong> Coletiva<br />

Sueli Tsuha Massaoka<br />

Cirurgiã-Dentista da AMS – Especialista<br />

em Saú<strong>de</strong> Coletiva e em Bioética - UEL<br />

Verena Turini<br />

Cirurgiã-Dentista do Centro Integrado e<br />

Apoio profissional – CIAP – <strong>Londrina</strong> -<br />

Especialista em Endodontia.<br />

Wal<strong>de</strong>mar Massahiro Tanaka<br />

Cirurgião-Dentista – Especialista em<br />

Cirurgia Buco-Maxilo-Facial e Radiologia.


Validação interna<br />

Validação<br />

Com objetivo <strong>de</strong> contribuir para o aprimoramento do <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong><br />

foram realizadas oficinas <strong>de</strong> trabalho e reuniões com os profissionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong><br />

do serviço e também envio <strong>de</strong> cópias <strong>de</strong> capítulos para profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da<br />

Autarquia Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, conforme área temática:<br />

• Área médica - Ginecologia e Obstetrícia, Geriatria, Cardiologia,<br />

Nefrologia, Infectologia, Pediatria e Hebiatria<br />

• Fonoaudiologia<br />

• Odontologia<br />

Validação externa<br />

Para validação externa, foram encaminhadas cópias do manual para<br />

apreciação, contribuição e sugestões às seguintes instituições:<br />

• Conselho Regional <strong>de</strong> Odontologia do Paraná<br />

• Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong><br />

• Universida<strong>de</strong> Norte do Paraná


Sumário<br />

Capítulo 1 - Atenção Odontológica em <strong>Londrina</strong> 23<br />

1.1 – Introdução 23<br />

1.1 - Programa Infanto-juvenil e Gestante 23<br />

1.3 - Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> no Programa Saú<strong>de</strong> da Família (SB/PSF) 29<br />

Capítulo 2 - Principais Patologias Bucais 53<br />

2.1 - Cárie Dentária 55<br />

2.2 - Doença Periodontal 67<br />

2.3 - Câncer <strong>Bucal</strong> 83<br />

Capítulo 3 - Atenção Odontológica por Ciclo <strong>de</strong> Vida 101<br />

3.1 - Atenção ao Bebê 103<br />

3.2 - Atenção à Criança 151<br />

3.3 - Atenção ao Adolescente 177<br />

3.4 - Atenção ao Adulto 187<br />

3.5 - Atenção ao Idoso 197<br />

Capítulo 4 - Atenção Odontológica a Pacientes com Necessida<strong>de</strong>s<br />

Especiais<br />

4.1 - Pré-natal Odontológico 233<br />

4.2 - Diabetes Mellitus 263<br />

4.3 - Hipertensão Arterial 275<br />

4.4 - Aci<strong>de</strong>nte Vascular Cerebral (AVC) 283<br />

4.5 – Alterações Cardíacas 287<br />

4.6 - Endocardite Infecciosa 293<br />

4.7 - Paciente em Terapia Anticoagulante 297<br />

4.8 - Insuficiência Renal Crônica 299<br />

4.9 - Pacientes Transplantados 302<br />

4.10 – Hepatite 304<br />

4.11 - Cirrose Hepática 305<br />

4.12 - Paciente em Tratamento Oncológico 308<br />

4.13 – Artrite 316<br />

4.14 – Hemofilia 318<br />

4.15 – Anemia 320<br />

4.16 - Alterações da Tireói<strong>de</strong> 324<br />

4.17 – Tuberculose 328<br />

4.18 – Asma 332<br />

4.19 - Desor<strong>de</strong>ns Convulsivas 334<br />

4.20 - Síndrome da Dependência <strong>de</strong> Álcool 336<br />

4.21 - Atendimento ao Portador do Human Immuni<strong>de</strong>ficiency Virus (HIV)<br />

e Acquired Immuno<strong>de</strong>ficiency Syndrome (AIDS)<br />

338<br />

4.22 - Atenção à Pessoa com Deficiência 346<br />

231


Capítulo 5 - Atenção Odontológica Especializada 366<br />

5.1 - Critérios gerais para referência ao Centro <strong>de</strong> Especialida<strong>de</strong>s<br />

Odontológicas (CEO)<br />

368<br />

5.2 – Endodontia 370<br />

5.3 – Periodontia 374<br />

5.4 - Prótese Dentária 378<br />

5.5 - Cirurgia Odontológica 382<br />

5.6 - Pessoas com Deficiência (Pacientes com Necessida<strong>de</strong>s Especiais) 386<br />

Capítulo 6 - Procedimentos Odontológicos 390<br />

6.1 – Preventivos 392<br />

6.1.1 - Terapia com flúor 392<br />

6.1.2 - Selantes <strong>de</strong> Fóssulas e Fissuras<br />

6.2 – Curativos 426<br />

6.2.1 – Dentística 428<br />

6.2.2 – Periodontia 440<br />

6.2.3 – Cirurgia 448<br />

6.2.4 – Endodontia 462<br />

Capítulo 7 - Traumatismo Dentário na Dentição Permanente 472<br />

Capítulo 8 – Hipossalivação 486<br />

Capítulo 9 - Abuso Infanto-juvenil 492<br />

Capítulo 10 - Funções e Atribuições da Equipe <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> 502<br />

Capítulo 11 - Biossegurança em Odontologia 510<br />

Apêndices 534<br />

Anexo 547


Prefácio<br />

Quando se escreve um livro, o autor tem a completa dimensão da<br />

abrangência e significância <strong>de</strong> sua obra. Pois trata <strong>de</strong> sua produção, assim ele a vê<br />

com bons olhos.<br />

Ao prefaciar obra <strong>de</strong> outros é necessário uma análise crítica que envolve<br />

tanto o conteúdo como os autores. O conteúdo <strong>de</strong>ste texto está voltado para a<br />

comunida<strong>de</strong> odontológica que atua em serviço público, on<strong>de</strong> a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> temas<br />

<strong>de</strong>ve ser abrangida <strong>de</strong> uma forma que alcance a objetivida<strong>de</strong> do conteúdo dos<br />

diferentes temas. Este aspecto está perfeitamente claro e servirá <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong><br />

vad mecun para consulta.<br />

Quanto aos autores organizadores, duas virtu<strong>de</strong>s eles nos oferecem, teimosia<br />

e persistência, aliadas à competência indispensável para organizar uma obra como<br />

esta. Os dois organizadores são teimosos, não admitem <strong>de</strong>rrota, e assim persistem<br />

até alcançar o objetivo final. Destas virtu<strong>de</strong>s surge este <strong>Manual</strong>, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />

para os serviços odontológicos, tanto nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> como nos serviços <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> da Família, incluindo conhecimentos básicos <strong>de</strong> cuidados odontológicos às<br />

gestantes, bebês, infantes, escolares, adolescentes, adultos e idosos.<br />

<strong>Londrina</strong> ganha, a Odontologia ganha e a Saú<strong>de</strong> Pública ganha, enfim todos<br />

ganham. Este é o resultado <strong>de</strong> um trabalho sério.<br />

Luiz Reynaldo <strong>de</strong> Figueiredo Walter<br />

<strong>Londrina</strong>, agosto <strong>de</strong> 2009.


Apresentação<br />

A atenção em Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> no Município <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> tem passado por um<br />

processo <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua implantação na década <strong>de</strong> setenta, com a<br />

busca incessante <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, resolubilida<strong>de</strong> e ampliação do acesso da população ao<br />

serviço, além <strong>de</strong> um consequente aumento <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> das ações.<br />

Nesse contexto, foram dados os primeiros passos para a organização da<br />

atenção odontológica no município <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>, com a elaboração <strong>de</strong> guias e fluxos<br />

da atenção. Em 1994, editou-se a Rotina Odontológica na tentativa <strong>de</strong> se consolidar<br />

esse processo <strong>de</strong> planejamento. Em 1998, uma nova edição da rotina foi publicada,<br />

intitulada “Odontologia em Saú<strong>de</strong> Pública”, contemplando conceitos ampliados e mais<br />

atualizados para a época.<br />

No ano <strong>de</strong> 2003, com a inserção da Odontologia no Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da<br />

Família, verificou-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se revisar e ampliar as informações contidas no<br />

documento em vigência, iniciando-se o processo <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> novo protocolo<br />

para a saú<strong>de</strong> bucal. Sendo assim, com intenção <strong>de</strong> contribuir para o processo <strong>de</strong><br />

elaboração, foram convidados representantes do serviço, da aca<strong>de</strong>mia (Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> – UEL e Universida<strong>de</strong> Norte do Paraná – UNOPAR) e entida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> classe como Conselho Regional <strong>de</strong> Odontologia do Paraná e Associação<br />

Odontológica do Norte do Paraná (AONP).<br />

Este <strong>Manual</strong> apresenta-se como resultado <strong>de</strong>ste processo e tem como<br />

objetivo fornecer subsídios técnicos e científicos, levar informações básicas para a<br />

reorganização da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência, tanto na atenção básica como na especialida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>finir competências e responsabilida<strong>de</strong>s do serviço, das equipes e dos profissionais e<br />

aprimorar a resolubilida<strong>de</strong> da atenção à saú<strong>de</strong> bucal no âmbito do SUS.<br />

Por sua amplitu<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>verá apresentar caráter dinâmico e ser<br />

constantemente aperfeiçoado e atualizado diante das mudanças epi<strong>de</strong>miológicas,<br />

socioeconômicas, culturais e organizacionais que se apresentarem.<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini


CAPÍTULO 1<br />

ATENÇÃO ODONTOLÓGICA EM LONDRINA


INTRODUÇÃO<br />

1. ATENÇÃO ODONTOLÓGICA EM LONDRINA<br />

23<br />

Eliane Aparecida Azeredo<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

A atenção odontológica no Serviço Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> iniciou-se na<br />

década <strong>de</strong> setenta, em uma clínica odontológica instalada nas proximida<strong>de</strong>s do centro, na<br />

zona urbana, sendo voltada para o pronto-atendimento aos casos <strong>de</strong> urgência. Em 1972,<br />

ocorreu a fluoração da água <strong>de</strong> abastecimento público da cida<strong>de</strong>.<br />

No início da década <strong>de</strong> oitenta, implanta-se o Sistema Incremental, com a criação<br />

das primeiras clínicas odontológicas simplificadas em escolas, tendo como população alvo<br />

alunos <strong>de</strong> 7 a 12 anos do ensino fundamental público. Este programa adotava a lógica <strong>de</strong><br />

que crianças já atendidas <strong>de</strong>veriam ser mantidas sob cuidados nos anos subsequentes.<br />

Apresentava como características a adoção <strong>de</strong> equipamentos, rotinas, instrumentais,<br />

materiais, técnicas restauradoras e cirúrgicas simplificados e a <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> funções a<br />

pessoal <strong>de</strong> nível auxiliar e técnico.<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da Atenção Odontológica precoce pela Clínica <strong>de</strong> Bebês<br />

da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> – UEL, e, seguindo as tendências preconizadas pela<br />

Odontologia Integral e pela Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> Coletiva, os conceitos <strong>de</strong> risco, prevenção <strong>de</strong> cárie<br />

e os princípios <strong>de</strong> universalização, equida<strong>de</strong>, territorialização, integralida<strong>de</strong> e controle<br />

social passam a ser adotadas. Com isso, no início da década <strong>de</strong> noventa, a atenção<br />

odontológica transfere-se para as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, acarretando em mudanças no<br />

programa odontológico que passa a ser direcionado ao atendimento integral à população<br />

infanto-juvenil adscrita à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e a atenção odontológica a bebês. Em 1994,<br />

implanta-se a atenção odontológica à gestante.<br />

No ano <strong>de</strong> 2002, inicia-se a atenção odontológica ao portador <strong>de</strong> HIV e doente <strong>de</strong><br />

AIDS contemplando os usuários dos ambulatórios do Centro <strong>de</strong> Referência Dr. Bruno<br />

Piancastelli Filho e do Hospital das Clínicas da UEL. Neste mesmo ano implantou-se o<br />

Programa <strong>de</strong> Odontologia na Maternida<strong>de</strong> Municipal com objetivo <strong>de</strong> orientar às puérperas<br />

sobre a importância dos cuidados à saú<strong>de</strong> bucal do bebê e da mãe na prevenção <strong>de</strong><br />

doenças bucais. Esse serviço é executado por um Técnico em Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (TSB), o qual


ealiza ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong> bucal, com enfoque especial ao aleitamento<br />

materno.<br />

A inserção da Odontologia no Programa Saú<strong>de</strong> da Família (PSF) no município <strong>de</strong><br />

<strong>Londrina</strong> ocorreu no início <strong>de</strong> 2003, com a implantação das primeiras equipes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>Bucal</strong> no PSF (SB/PSF) e veio <strong>de</strong> encontro à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer à população um<br />

atendimento que enfrentasse o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> resolver a maior parte das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

tratamento dos usuários, bem como oferecer, como diferencial, uma atenção humanizada,<br />

on<strong>de</strong> o vínculo profissional/família fosse estabelecido. O SB/PSF possibilitou o acesso<br />

gradativo <strong>de</strong> camadas da população até então excluídas da atenção odontológica, e, em<br />

especial, da população adulta.<br />

Em 2004, ocorre a inauguração do Centro <strong>de</strong> Especialida<strong>de</strong>s Odontológicas (CEO),<br />

contemplando as especialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Endodontia, Periodontia, Prótese Dentária, Pacientes<br />

com Necessida<strong>de</strong>s Especiais e Cirurgia Odontológica, com o objetivo dar resolubilida<strong>de</strong> à<br />

<strong>de</strong>manda por especialida<strong>de</strong>s na atenção básica.<br />

Atualmente o serviço <strong>de</strong> odontologia <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> passa por uma fase <strong>de</strong> transição<br />

<strong>de</strong> paradigmas <strong>de</strong> atenção na qual coexistem o programa infanto-juvenil e gestante e o<br />

SB/PSF, os quais serão <strong>de</strong>scritos a seguir.<br />

1.2 PROGRAMA INFANTO-JUVENIL E GESTANTE<br />

Teve início na década <strong>de</strong> noventa e <strong>de</strong>stina-se à atenção odontológica <strong>de</strong> crianças<br />

e adolescentes <strong>de</strong> 0 a 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, resi<strong>de</strong>ntes na área <strong>de</strong> abrangência das Unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família (USF), com manutenção até os 21 anos. Tem como princípio básico a<br />

atenção integral às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal da população alvo.<br />

A atenção odontológica à gestante ou Pré-Natal Odontológico está direcionado às<br />

gestantes resi<strong>de</strong>ntes na área <strong>de</strong> abrangência da USF que realizam pré-natal nesta e/ou em<br />

outros serviços como Hospital Universitário da UEL (referência secundária para o serviço <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>), in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da ida<strong>de</strong> gestacional.<br />

O programa está direcionado para:<br />

• Bebês <strong>de</strong> 0 a 36 meses, consi<strong>de</strong>rados prioritários para o programa, sendo a entrada dos<br />

mesmos não condicionada à abertura <strong>de</strong> vagas pela USF. Para maiores informações,<br />

reportar-se ao Capítulo 3, item 3.1<br />

• Crianças e adolescentes até 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, resi<strong>de</strong>ntes na área <strong>de</strong> abrangência da<br />

USF, cuja entrada no programa está condicionada à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vagas para<br />

tratamento. Sempre que a <strong>de</strong>manda por tratamento exce<strong>de</strong>r a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção<br />

24


do serviço, sugere-se a adoção <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> espera. A seleção <strong>de</strong>sses usuários para<br />

ingresso ao programa se dará consi<strong>de</strong>rando-se critério <strong>de</strong> risco. Para maiores<br />

informações, reportar-se ao Capítulo 2, item 2.1.4.1.1.<br />

• Gestantes que realizam pré-natal na USF ou referenciadas por outros serviços (Ex:<br />

Gestantes <strong>de</strong> alto risco atendidas no Hospital da Clínicas ou Hospital Universitário –<br />

UEL) têm priorida<strong>de</strong> na atenção odontológica, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ida<strong>de</strong> gestacional. Para<br />

maiores informações, reportar-se ao Capítulo 4, item 4.1<br />

1.2.1 Normas Operacionais do Programa<br />

1.2.1.1 Agendamento 1<br />

• Horário<br />

Os usuários <strong>de</strong>verão ser agendados em dois horários e atendidos <strong>de</strong> acordo com a<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> chegada, com exceção da zona rural, que <strong>de</strong>verá levar em conta a realida<strong>de</strong> local.<br />

Manhã: 7:00 ou 7:30 e 9:00 ou 9:30 horas<br />

Tar<strong>de</strong>: 13:00 ou 13:30 e 15:00 ou 15:30 horas<br />

• Número <strong>de</strong> pacientes para atendimento odontológico<br />

Deverão ser agendados no período <strong>de</strong> atendimento para cada CD:<br />

a) Clínica com TSB<br />

Número <strong>de</strong> agendados: 14 pacientes, sendo:<br />

• Bebês: 4 pacientes<br />

• Crianças e adolescentes<br />

o Com procedimentos restauradores ou cirúrgicos: 4 pacientes<br />

o Sem procedimentos restauradores ou cirúrgicos: 5 pacientes<br />

• Gestantes: 1 paciente, com horário marcado ou reservar um período da<br />

semana para atendimento das mesmas, agendando 7 pacientes<br />

• Urgências<br />

1 O horário <strong>de</strong> agendamento dos bebês po<strong>de</strong> ser flexível, <strong>de</strong> acordo com a realida<strong>de</strong> local.<br />

25


) Clínica sem TSB<br />

Número <strong>de</strong> agendados nessa modalida<strong>de</strong>: 10 pacientes, sendo:<br />

1.2.1.2 Atrasos<br />

• Bebês: 3 pacientes<br />

• Crianças e adolescentes<br />

o Com procedimentos restauradores ou cirúrgicos: 3 pacientes<br />

o Sem procedimentos restauradores ou cirúrgicos: 3 pacientes<br />

• Gestantes: 1 paciente, com horário marcado ou reservar um período<br />

da semana para atendimento das mesmas, agendando 5 pacientes<br />

• Urgências<br />

A tolerância máxima será <strong>de</strong> 20 minutos. Após este tempo agendar novo horário.<br />

Deve-se levar em consi<strong>de</strong>ração o motivo do atraso e se a equipe tem<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo para realizar o atendimento, apesar do atraso.<br />

1.2.1.3 Faltas justificadas<br />

Serão abonadas apenas as faltas justificadas ou avisadas com antecedência.<br />

Condições que justificam ausência ao tratamento:<br />

• Doença do paciente confirmada, sempre que possível, por atestado ou<br />

apresentação da prescrição <strong>de</strong> medicamento que comprove o<br />

atendimento<br />

• Falecimento na família<br />

• Prova ou ativida<strong>de</strong> escolar intransferível<br />

• Outras situações <strong>de</strong>verão ser analisadas pela equipe, como:<br />

Condições climáticas <strong>de</strong>sfavoráveis no dia ou no momento da<br />

consulta, aci<strong>de</strong>ntes, entrevista para emprego, doença na família, teste<br />

<strong>de</strong> habilitação <strong>de</strong> trânsito, etc.<br />

1.2.1.4 Falta não justificada<br />

• Durante o tratamento<br />

Na ocorrência <strong>de</strong> 3 faltas não justificadas nos últimos 3 anos ou 2 faltas não<br />

justificadas no período entre o exame clínico e o tratamento completado (TC), o usuário<br />

26


<strong>de</strong>verá ser excluído do atendimento. Em ambos os casos, sua nova entrada no programa<br />

fica condicionada à abertura <strong>de</strong> vagas ou realização <strong>de</strong> nova reunião (no caso das crianças<br />

menores <strong>de</strong> 36 meses).<br />

No dia da consulta <strong>de</strong>ve-se anotar, a lápis, a ocorrência da falta no prontuário do<br />

usuário. No momento <strong>de</strong> solicitação <strong>de</strong> nova consulta, anotar a caneta a falta e solicitar a<br />

assinatura do usuário ou responsável.<br />

• No retorno <strong>de</strong> manutenção<br />

O usuário que não retornar no mês <strong>de</strong>terminado para a manutenção, terá prazo<br />

máximo <strong>de</strong> um ano para novo agendamento, a contar do mês previsto para o retorno. Caso<br />

contrário, será excluído do atendimento, ficando condicionada nova entrada no programa à<br />

abertura <strong>de</strong> vaga.<br />

2010.<br />

Exemplo: Retorno para março <strong>de</strong> 2009. Prazo máximo <strong>de</strong> agendamento: Março <strong>de</strong><br />

Gestantes:<br />

Reportar-se ao Capítulo 4, item 4.1.9.<br />

1.2.1.5 Transferência<br />

• De clínica para clínica<br />

Ocorrendo a mudança <strong>de</strong> domicílio, o usuário po<strong>de</strong>rá solicitar transferência, mesmo<br />

sem a conclusão do tratamento, para a clínica odontológica da USF mais próxima <strong>de</strong> sua<br />

residência. O mesmo será automaticamente incluído no programa. Não serão aceitas<br />

transferências somente com exame clínico, sem terem sido iniciados procedimentos<br />

odontológicos.<br />

• Da UEL ou Universida<strong>de</strong> Norte do Paraná (UNOPAR) para a clínica<br />

Os pacientes encaminhados por essas instituições serão absorvidos<br />

automaticamente pela clínica odontológica da USF mais próxima <strong>de</strong> sua moradia, após a<br />

conclusão do tratamento na instituição <strong>de</strong> origem.<br />

27


1.2.1.6 Urgências<br />

É consi<strong>de</strong>rada urgência<br />

• Dor aguda intensa, geralmente advinda <strong>de</strong> processo infeccioso ou inflamatório<br />

agudo (abscesso <strong>de</strong>ntoalveolar, pulpites, pericoronarites, entre outros)<br />

• Trauma (<strong>de</strong>ntário, ósseo, <strong>de</strong> tecidos moles ou ATM)<br />

• Hemorragias<br />

• Situações que incapacitem o usuário para a realização <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s diárias<br />

Os usuários que apresentarem as condições supracitadas <strong>de</strong>verão ser avaliados e<br />

atendidos pelo CD durante o período <strong>de</strong> trabalho do mesmo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do horário <strong>de</strong><br />

chegada do paciente. Situações que se enquadrem nos critérios acima, mas que ocorram<br />

fora do horário <strong>de</strong> atendimento do CD, <strong>de</strong>verão ser referenciados para Pronto Socorro da<br />

UEL.<br />

Queixas relatadas pelo usuários e que necessitem <strong>de</strong> uma intervenção clínica, mas<br />

não caracterizem situação <strong>de</strong> urgência, <strong>de</strong>verão ser atendidas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja tempo<br />

disponível para tanto. Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção imediata do caso, tomar as <strong>de</strong>vidas<br />

providências para sua resolução em ocasião mais oportuna.<br />

28


1.3 SAÚDE BUCAL NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (SB/PSF)<br />

Neste item serão abordadas as etapas <strong>de</strong> planejamento e operacionalização da<br />

SB/PSF, <strong>de</strong>stacando-se que este processo <strong>de</strong>ve ser construído em conjunto com a Equipe<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família (ESF) e a comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma pactuada, integrada, dinâmica,<br />

flexível e adaptável à realida<strong>de</strong> local. Para a implantação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste programa<br />

parcerias são fundamentais, po<strong>de</strong>ndo-se <strong>de</strong>stacar as estabelecidas com as li<strong>de</strong>ranças<br />

comunitárias e com os Agentes Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (ACS).<br />

1.3.1 Reconhecimento do Território<br />

Esta etapa visa o conhecimento da realida<strong>de</strong> do território da USF pela Equipe <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (ESB) para o planejamento das ações a serem implantadas.<br />

Para tanto, é importante que a ESB:<br />

• Conheça a infraestrutura da USF, os profissionais e equipes que nela atuam, as<br />

ativida<strong>de</strong>s ou programas realizados pelas ESF(s)<br />

• Realize visita ao território da USF com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer as características e<br />

as áreas <strong>de</strong> risco existentes<br />

• I<strong>de</strong>ntifique as formas <strong>de</strong> organização da comunida<strong>de</strong> como associação <strong>de</strong><br />

moradores, conselho <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> local e as li<strong>de</strong>ranças comunitárias<br />

• Estabeleça parcerias com a comunida<strong>de</strong> e seus representantes, visando<br />

estabelecimento <strong>de</strong> vínculos<br />

• I<strong>de</strong>ntifique as condições ambientais no que diz respeito a <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> lixo,<br />

indústrias, terrenos baldios, etc.<br />

• Presença <strong>de</strong> barreiras geográficas que dificultem acesso à USF: Rios e córregos,<br />

estradas sem pavimentação, transposição <strong>de</strong> rodovias, subidas ou <strong>de</strong>scidas<br />

íngremes, distanciamento <strong>de</strong> alguns bairros até a USF e <strong>de</strong>mais situações<br />

• Condições <strong>de</strong> transporte: Linhas <strong>de</strong> ônibus, horários, outros meios <strong>de</strong> transporte<br />

• Saneamento básico: Abastecimento <strong>de</strong> água potável, sistema <strong>de</strong> esgoto (re<strong>de</strong><br />

oficial, fossas, esgoto a céu aberto ou ausente), <strong>de</strong>stino do lixo doméstico<br />

• Condições <strong>de</strong> moradia das famílias: Tipos <strong>de</strong> moradias, energia elétrica, etc.<br />

• Levante:<br />

o Dados estatísticos da área <strong>de</strong> abrangência tais como: N° <strong>de</strong> habitantes,<br />

composição etária da população, principais características sociais e<br />

econômicas e áreas <strong>de</strong> risco<br />

29


o Perfil <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> da área <strong>de</strong> abrangência, com <strong>de</strong>scrição dos principais<br />

agravos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no território, disponíveis nos relatórios do SIAB, ficha A,<br />

relato <strong>de</strong> profissionais, ACS e moradores, etc.<br />

o Índices ou indicadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal da população, referentes às principais<br />

patologias (cárie <strong>de</strong>ntária, doença periodontal, fluorose <strong>de</strong>ntária, etc.) e das<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento<br />

• I<strong>de</strong>ntifique os locais para realização <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> educação e prevenção com a<br />

comunida<strong>de</strong>: Escolas e Centros <strong>de</strong> Educação Infantil (CEI) municipais, estaduais e<br />

particulares, igrejas, associação <strong>de</strong> moradores, indústrias ou fábricas, espaços<br />

comunitários, projetos sociais, asilos, etc.<br />

Para facilitar o processo <strong>de</strong> territorialização foi <strong>de</strong>senvolvida a “Ficha <strong>de</strong><br />

Territorialização”, que <strong>de</strong>verá ser preenchida anteriormente ao início do atendimento da<br />

comunida<strong>de</strong>. (Apêndice A)<br />

1.3.2 Organização do Processo <strong>de</strong> Trabalho<br />

O processo <strong>de</strong> trabalho da ESB no PSF está direcionado para a atenção a<br />

usuários/famílias prioritários e não prioritários. Esta etapa <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong>ve ser<br />

amplamente discutida, envolvendo toda a ESF, Assessoria Técnica, inclusive da<br />

Odontologia, Gerência <strong>de</strong> Odontologia, Conselho Local <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e li<strong>de</strong>ranças comunitárias.<br />

1.3.2.1 Atenção odontológica a usuários/famílias prioritários<br />

De acordo com a realida<strong>de</strong> local encontrada e seguindo a orientação do Ministério<br />

da Saú<strong>de</strong> (MS), os profissionais da ESB, ESF e li<strong>de</strong>ranças comunitárias <strong>de</strong>vem i<strong>de</strong>ntificar os<br />

grupos populacionais e/ou indivíduos mais vulneráveis no território e que terão atenção<br />

odontológica priorizada.<br />

Geralmente esses grupos são formados por:<br />

• Indivíduos com problemas crônicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (diabéticos, hipertensos, acamados,<br />

sequelados <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>nte Vascular Cerebral (AVC), etc.) após avaliação <strong>de</strong> risco<br />

• Gestantes, em qualquer ida<strong>de</strong> gestacional, com acompanhamento até o término <strong>de</strong><br />

tratamento, mesmo após o nascimento da criança, em USF sem o programa infanto-<br />

juvenil<br />

• Crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses, com acompanhamento até aos 14 anos (nas USF on<strong>de</strong> não<br />

exista o programa <strong>de</strong> odontologia infanto-juvenil)<br />

30


• Crianças <strong>de</strong> 3 a 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> com alta ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie 2<br />

• Famílias com alta vulnerabilida<strong>de</strong> e privação social, após avaliação <strong>de</strong> risco<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Com exceção das crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses, gestantes e acamados, todos os outros<br />

usuários consi<strong>de</strong>rados como prioritários terão o acesso ao tratamento odontológico<br />

condicionado à Avaliação <strong>de</strong> Risco<br />

• Acima <strong>de</strong> 14 anos, o usuário <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> pertencer ao grupo prioritário, <strong>de</strong>vendo ser<br />

orientado a procurar o Pronto-Atendimento Odontológico da clínica, no caso <strong>de</strong><br />

manutenção<br />

• A <strong>de</strong>terminação dos grupos prioritários e não prioritários <strong>de</strong>ve ser um processo em<br />

constante avaliação já que a realida<strong>de</strong> local é dinâmica<br />

1.3.2.1.1 Seleção dos usuários/famílias prioritários<br />

Segundo o MS, são consi<strong>de</strong>rados pacientes prioritários os usuários/famílias que<br />

apresentam situação <strong>de</strong> Risco Biológico (pela presença <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s crônicas,<br />

acamados, gestantes, etc.), Risco Social e Necessida<strong>de</strong>s Bucais que justifiquem um<br />

atendimento preferencial dos mesmos em relação a indivíduos que não apresentam tais<br />

condições.<br />

A seleção dos usuários/famílias prioritários para a atenção odontológica<br />

programada no PSF será feita através da Avaliação <strong>de</strong> Risco, que tem como objetivo<br />

verificar as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento do(s) mesmo(s) e a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> em relação<br />

aos <strong>de</strong>mais usuários.<br />

Ressalta-se que todos os usuários, com exceção <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses,<br />

gestantes e acamados, <strong>de</strong>verão necessariamente passar por esta avaliação,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> serem provindos <strong>de</strong> grupos operativos da USF, <strong>de</strong> atendimento<br />

odontológico <strong>de</strong> urgência, <strong>de</strong> visitas a Instituições (escolas, CEIs, asilos, etc.), terem<br />

procurado o serviço espontaneamente (<strong>de</strong>manda espontânea) ou outras possíveis vias.<br />

a. Avaliação <strong>de</strong> Risco<br />

A Avaliação <strong>de</strong> Risco é a metodologia através da qual a ESB selecionará os<br />

usuários ou famílias para a atenção odontológica programada (prioritária). Para que se<br />

2 Presença <strong>de</strong> mancha branca ativa ou cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cárie ativas na <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua ou<br />

permanente. Para maiores informações reportar-se ao Capítulo 2.<br />

31


concretize são imprescindíveis as informações fornecidas pelo ACS, a análise <strong>de</strong> dados da<br />

Ficha A do usuário e a realização <strong>de</strong> Visita Domiciliar (VD).<br />

Antes <strong>de</strong> iniciar os trabalhos, a ESF e o Núcleo <strong>de</strong> Apoio à Saú<strong>de</strong> da Família<br />

(NASF) <strong>de</strong>verão passar por capacitação sobre o processo <strong>de</strong> trabalho da SB/PSF e como<br />

i<strong>de</strong>ntificar e encaminhar os usuários/famílias prioritários para atenção odontológica. A ESB<br />

<strong>de</strong>ve entrar em acordo com a coor<strong>de</strong>nação da USF sobre a melhor forma <strong>de</strong> se fazer esta<br />

capacitação, po<strong>de</strong>ndo-se utilizar as reuniões mensais da USF, as reuniões <strong>de</strong> equipe do<br />

PSF ou outras formas a serem propostas.<br />

Conforme será <strong>de</strong>scrito no item 1.3.2.3, a ESB <strong>de</strong>verá reservar no mínimo 4 horas<br />

semanais (ou um período por semana) para Ativida<strong>de</strong>s Extraclínicas (AEC), como Avaliação<br />

<strong>de</strong> Risco, Visita Domiciliar, entre outras. Sugere-se que no início do período reservado para<br />

as AEC(s) seja realizada a avaliação das Fichas A com o ACS da microárea em questão.<br />

Como proce<strong>de</strong>r?<br />

• Solicitar ao ACS <strong>de</strong> uma das microáreas que separe com antecedência em média 5<br />

Fichas A <strong>de</strong> usuários que se encaixem nos critérios <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> para análise<br />

• De posse da Ficha A, a ESB e o ACS avaliam o Risco Biológico (RB) e Risco Social<br />

(RS) <strong>de</strong> cada usuário, aferindo notas, conforme os critérios a seguir. Para facilitar esta<br />

tarefa, foi <strong>de</strong>senvolvida a Ficha <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Risco (Apêndice B) que <strong>de</strong>ve ser<br />

parcialmente preenchida neste momento<br />

• Após a avaliação dos usuários pré-selecionados, solicitar ao ACS que agen<strong>de</strong> a VD<br />

• No dia da VD, a ESB e o ACS, tendo em mãos a Ficha <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Risco, <strong>de</strong>vem<br />

checar as notas previamente aferidas a RB e RS, ratificando ou retificando os dados<br />

conforme a situação encontrada<br />

• Em seguida, avaliar as Necessida<strong>de</strong>s Bucais (NB) <strong>de</strong> cada indivíduo presente na<br />

residência, atribuindo nota para este item. Nesta tarefa, realizar exame bucal utilizando<br />

espátula <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e luz natural<br />

• Ao final do período, <strong>de</strong>ve-se calcular a nota do usuário/família<br />

• Elaborar uma lista <strong>de</strong> usuários/famílias a serem convocados para o atendimento, em<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> notas<br />

• Sempre que possível abranger não só o indivíduo afetado, mas sim toda a sua família<br />

• Crianças entre 3 e 14 anos, pertencentes a famílias priorizadas através da Avaliação <strong>de</strong><br />

Risco, <strong>de</strong>verão ser preferencialmente incluídas no atendimento odontológico<br />

32


Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Sugere-se elaborar um cronograma mensal <strong>de</strong> AEC que contemple os ACS(s) <strong>de</strong> todas<br />

as microáreas, utilizando-se o Cronograma <strong>de</strong> AEC (Apêndice C)<br />

• No início das ativida<strong>de</strong>s da SB/PSF, as Avaliações <strong>de</strong> Risco <strong>de</strong>verão ocorrer com mais<br />

frequência (Ex: Uma vez por semana) a fim <strong>de</strong> se selecionar um número suficiente <strong>de</strong><br />

pacientes. Entretanto, com o passar do tempo, estas po<strong>de</strong>rão ocorrer com intervalos<br />

maiores para que não se gere uma fila <strong>de</strong> espera e não se sobrecarregue a agenda,<br />

ocasionando um intervalo <strong>de</strong> tempo muito gran<strong>de</strong> entre um atendimento e outro<br />

• Na VD, a ESB <strong>de</strong>verá estar preferencialmente acompanhada do ACS da microárea<br />

• Ressalta-se que a VD não visa somente a realização da Avaliação <strong>de</strong> Risco, por isso a<br />

ESB <strong>de</strong>ve aproveitar este momento para estabelecimento <strong>de</strong> vínculo com o usuário/<br />

família, esclarecimento <strong>de</strong> dúvidas, realização ações educativas, entre outras<br />

• Procurar priorizar a(s) microáreas mais vulneráveis, reservando uma proporção maior <strong>de</strong><br />

vagas para essas<br />

• Nas USF com mais <strong>de</strong> uma ESB, as microáreas <strong>de</strong>verão se proporcionalmente divididas<br />

entre as equipes, levando-se em consi<strong>de</strong>ração a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica, socioeconômica<br />

e epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> cada área<br />

b. Critérios <strong>de</strong> classificação por riscos<br />

Risco Biológico (RB): Nesse item é analisada a condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do paciente,<br />

dando-se ênfase às patologias crônicas que possam ser agravadas pela condição bucal ou<br />

interferir negativamente na saú<strong>de</strong> bucal (Diabetes Mellitus, hipertensão arterial, cardiopatias,<br />

doenças renais, acamados, pessoas portadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências físicas ou mentais,<br />

HIV/AIDS, transplantados, entre outras). A classificação se dará através <strong>de</strong> notas variando<br />

<strong>de</strong> 1 a 5, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> comprometimento sistêmico apresentado, conforme<br />

<strong>de</strong>scrito no Quadro 1. Ressalta-se que os critérios propostos <strong>de</strong>vem servir <strong>de</strong> referência<br />

para o profissional, porém casos que não se enquadrem exatamente na classificação<br />

adotada <strong>de</strong>verão ser analisados pela equipe e enquadrados na categoria que mais se<br />

aproxime da realida<strong>de</strong> constatada.<br />

33


Nota<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

Quadro 1 - Classificação do RB do usuário 3<br />

Risco Social (RS): Neste item <strong>de</strong>vem ser analisadas as condições<br />

socioeconômicas do usuário/família, levando-se em consi<strong>de</strong>ração os seguintes fatores:<br />

a. Renda Familiar per Capita: Calcula-se dividindo a renda total da família pelo número <strong>de</strong><br />

moradores da residência. Famílias com renda per capita inferior a 1/2 do salário mínimo<br />

vigente no país são classificadas como abaixo da linha <strong>de</strong> pobreza<br />

b. Congestionamento familiar: Para a classificação do limite aceitável <strong>de</strong> moradores por<br />

domicílio utiliza-se o indicador “morador por cômodo”. É consi<strong>de</strong>rado “congestionado” o<br />

domicílio em que a relação morador/cômodo for > 1. Para o cálculo <strong>de</strong>ste indicador<br />

<strong>de</strong>ve-se dividir o total <strong>de</strong> moradores da residência pelo número <strong>de</strong> cômodos da casa<br />

(incluindo cozinha e banheiro) . Estes dados estão disponíveis na ficha A<br />

c. Habitação <strong>de</strong> risco: Barracos, taipa (bambu entrelaçado preenchido com barro),<br />

construções com materiais reaproveitáveis, piso <strong>de</strong> terra, cobertura <strong>de</strong> lona, entre outros<br />

3 Tabagismo, alcoolismo e <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>pendências químicas são condições que po<strong>de</strong>m aumentar a incidência <strong>de</strong> doenças<br />

crônicas e bucais.<br />

Condição encontrada<br />

• Indivíduos que não apresentem condições patológicas<br />

• Indivíduos com uma única patologia crônica controlada<br />

• Indivíduos com duas ou mais patologias crônicas controladas ou com<br />

uma patologia sem controle a<strong>de</strong>quado<br />

• Indivíduos com duas ou mais patologias sem controle a<strong>de</strong>quado<br />

• Indivíduos insulino <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, transplantados <strong>de</strong> órgãos vitais ou<br />

acamados<br />

34


d. Moradia em áreas <strong>de</strong> risco: Fundo <strong>de</strong> vales, regiões sujeitas a enchentes, acúmulo <strong>de</strong><br />

lixo, áreas <strong>de</strong> encosta, assentamentos, etc.<br />

e. Violência intrafamiliar: Abusos físicos, psicológicos, sexual, negligência, além do uso <strong>de</strong><br />

drogas e álcool por parte dos cuidadores<br />

f. Presença <strong>de</strong> crianças com ida<strong>de</strong> abaixo <strong>de</strong> 14 anos<br />

g. Crianças com cuidadores abaixo dos 12 anos<br />

h. Participação em programas sociais (Ex: Bolsa Família)<br />

i. Trabalho infantil<br />

j. Pessoa com incapacida<strong>de</strong> funcional para realizar ativida<strong>de</strong>s da vida diária sem cuidador<br />

É <strong>de</strong> suma importância a participação do ACS para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>sta nota,<br />

visto que o mesmo tem maior vínculo com as famílias e po<strong>de</strong>rá avaliar com mais veracida<strong>de</strong><br />

as condições sociais das mesmas. Ressalta-se ainda que alguns itens são facilmente<br />

diagnosticados pela equipe e outros <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão <strong>de</strong> uma observação mais atenta ou ainda<br />

serem relatados pelo ACS, como é o caso dos itens (e) e (i). Sugere-se também para<br />

classificação <strong>de</strong>sse risco a adoção <strong>de</strong> notas <strong>de</strong> 1 a 5, conforme <strong>de</strong>scrito no Quadro 2.<br />

Nota<br />

Condição encontrada<br />

1 • Sem presença <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> Risco Social<br />

2 • Presença <strong>de</strong> até dois fatores <strong>de</strong> Risco Social<br />

3 • Presença <strong>de</strong> até quatro fatores <strong>de</strong> Risco Social<br />

4 • Presença <strong>de</strong> até seis fatores <strong>de</strong> Risco Social<br />

5 • Presença <strong>de</strong> sete ou mais fatores <strong>de</strong> Risco Social<br />

Quadro 2 - Classificação do risco social da família<br />

35


Necessida<strong>de</strong>s Bucais (NB): Sugere-se a classificação a seguir, conforme Quadro<br />

3, como forma <strong>de</strong> facilitar a mensuração <strong>de</strong>ssa nota, porém, casos específicos ou que<br />

fujam <strong>de</strong>ssa classificação <strong>de</strong>verão ser analisados mais <strong>de</strong>talhadamente pela equipe<br />

que <strong>de</strong>finirá uma nota a ser adotada.<br />

Nota<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

Condição encontrada<br />

Indivíduos sem necessida<strong>de</strong>s odontológicas<br />

Indivíduos que apresentem pelo menos um dos critérios abaixo:<br />

• Até 3 elementos <strong>de</strong>ntários cariados, sem envolvimento pulpar<br />

• Presença <strong>de</strong> gengivite e cálculo supragengival<br />

Indivíduos que apresentem pelo menos um dos critérios abaixo:<br />

• 4 ou mais elementos <strong>de</strong>ntários cariados, sem envolvimento pulpar<br />

• Cálculo supra e subgengival, com ou sem e mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntária (grau I 4 )<br />

Indivíduos que apresentem pelo menos dois dos critérios abaixo:<br />

• Até 3 elementos <strong>de</strong>ntários cariados, com envolvimento pulpar<br />

• Cálculo supra e subgengival e presença <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> (grau II), com ou sem<br />

retração gengival<br />

• Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exodontias <strong>de</strong> 4 a 6 elementos <strong>de</strong>ntários <strong>de</strong>vido à cárie ou<br />

doença periodontal<br />

Indivíduos que apresentem pelo menos dois dos critérios abaixo:<br />

• 4 ou mais elementos <strong>de</strong>ntários cariados, com envolvimento pulpar<br />

• Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exodontia <strong>de</strong> 7 ou mais elementos <strong>de</strong>ntários <strong>de</strong>vido à cárie<br />

ou doença periodontal<br />

• Cálculo supra e subgengival e presença <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> (grau III) com ou sem<br />

retração gengival<br />

• Pacientes com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prótese total ou parcial anterior (com ausência<br />

<strong>de</strong> prótese)<br />

Quadro 3 - Classificação das necessida<strong>de</strong>s bucais do usuário.<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• A classificação acima não consi<strong>de</strong>ra a presença e profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bolsas periodontais<br />

<strong>de</strong>vido à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mapeamento periodontal durante uma VD, pois os exames são<br />

feitos com luz natural e com auxílio <strong>de</strong> espátula <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

4 Classificação das mobilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntárias:<br />

Grau I – Mobilida<strong>de</strong> leve, até 1mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento vestíbulo-lingual.<br />

Grau II – Mobilida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada, até 2mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento vestíbulo-lingual.<br />

Grau III – Mobilida<strong>de</strong> severa, mobilida<strong>de</strong> > 2mm em todas as direções (vestíbulo-lingual , mésio-distal e vertical).<br />

36


• Pacientes que têm RS e RB elevados, mas que necessitem <strong>de</strong> apenas um procedimento<br />

que possa ser realizado em uma sessão, po<strong>de</strong>rão ser encaixados imediatamente para<br />

tratamento. Porém, caso os <strong>de</strong>mais membros da família sejam incluídos no tratamento,<br />

os mesmos terão <strong>de</strong> aguardar a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> chamada<br />

• Lesões <strong>de</strong> boca com mais <strong>de</strong> 15 dias sem cicatrização <strong>de</strong>vem ser encaminhadas para<br />

avaliação na clínica odontológica imediatamente e se necessário encaminhar o paciente<br />

para consulta especializada em Semiologia na UEL, avaliação com especialista em<br />

Cirurgia no CEO (seguindo os critérios <strong>de</strong> encaminhamento <strong>de</strong>scritos no Capítulo 5, item<br />

5.4) ou avaliação no Instituto do Câncer <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> (ICL)<br />

• Pacientes que necessitem apenas <strong>de</strong> prótese total po<strong>de</strong>rão ser incluídos diretamente em<br />

lista <strong>de</strong> espera para o CEO na especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Prótese, seguindo os critérios <strong>de</strong><br />

encaminhamento <strong>de</strong>scritos no Capítulo 5, item 5.4<br />

• O interesse do usuário em receber o tratamento odontológico <strong>de</strong>verá ser levado em<br />

consi<strong>de</strong>ração. É importante não confundir “medo <strong>de</strong> Dentista” com <strong>de</strong>sinteresse. Caso<br />

haja a recusa ao tratamento, o usuário <strong>de</strong>verá assinar a recusa ao tratamento<br />

odontológico constante da Ficha <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Risco (Apêndice B)<br />

Nota do usuário/família<br />

A nota do usuário/família é <strong>de</strong>terminada pela média aritmética dos valores dos três<br />

itens (RB+RS+NB ÷ 3). Para o cálculo da nota da família, adotar a nota mais alta<br />

encontrada nos itens Risco Biológico (RB) e Necessida<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (NB), acrescidas da nota<br />

aferida ao Risco Social (RS), dividindo a somatória por 3.<br />

Critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempate<br />

Caso haja empate entre usuários/famílias, utilizar os seguintes critérios:<br />

1º - Consi<strong>de</strong>rar a maior nota <strong>de</strong> Necessida<strong>de</strong>s Bucais apresentada<br />

2º - Consi<strong>de</strong>rar a maior nota <strong>de</strong> Risco Biológico<br />

3°- Consi<strong>de</strong>rar o indivíduo/família com maior interesse pelo atendimento<br />

odontológico<br />

4º - Família com maior número <strong>de</strong> crianças até 14 anos<br />

5º - Famílias com maior Risco Social<br />

37


ACS/ESF<br />

NASF<br />

Fluxograma 1 - Acesso dos usuários/famílias prioritários<br />

1.3.2.2 Atendimento aos usuários não prioritários – Pronto-Atendimento (PA)<br />

Os usuários não prioritários terão acesso ao atendimento odontológico através do<br />

PA, que é <strong>de</strong>finido pelo MS como o tipo <strong>de</strong> atendimento oferecido à população em razão <strong>de</strong><br />

uma necessida<strong>de</strong> sentida ou uma queixa do usuário, sendo realizado através <strong>de</strong> livre<br />

<strong>de</strong>manda, em dias pré-<strong>de</strong>finidos pela equipe (Ex: Dois dias por semana), ou diariamente,<br />

com vagas no início do atendimento.<br />

O atendimento po<strong>de</strong>rá ser organizado <strong>de</strong> duas formas:<br />

• Triagem: No início do período <strong>de</strong> atendimento os usuários presentes são avaliados e<br />

triados pelo Cirurgião-Dentista (CD), priorizando-se casos <strong>de</strong> dor e/ou infecção. Os<br />

usuários não selecionados <strong>de</strong>verão ser orientados a retornar para nova triagem em outro<br />

dia. Caso o usuário não seja selecionado na terceira tentativa consecutiva, o seu<br />

atendimento <strong>de</strong>verá ser preferencialmente priorizado.<br />

Po<strong>de</strong>rá ser realizada:<br />

USUÁRIO/FAMÍLIA PRIORITÁRIO<br />

GRUPOS PROCURA<br />

ESPONTÂNEA<br />

ANÁLISE DA FICHA<br />

“A”<br />

VISITA DOMICILIAR<br />

(AVALIAÇÃO DE RISCO)<br />

DETERMINAÇÃO DA PRIORIDADE<br />

PARA TRATAMENTO<br />

URGÊNCIA<br />

38


o Em 2 dias da semana, oferecendo-se um mínimo <strong>de</strong> 10 vagas/dia (5 pacientes<br />

por período), com horário agendado<br />

o Diariamente, durante a semana, possibilitando o acesso do usuário em qualquer<br />

dia, ofertando-se <strong>de</strong> 3 a 4 vagas/dia e utilizando-se os mesmos critérios <strong>de</strong><br />

avaliação<br />

As vantagens e <strong>de</strong>svantagens da triagem estão <strong>de</strong>scritas no Quadro 4.<br />

Vantagens<br />

• Usuários não necessitam chegar antes<br />

do horário programado para garantir a<br />

vaga<br />

• Agilida<strong>de</strong> no atendimento das urgências,<br />

pois são priorizados os casos <strong>de</strong> dor e/ou<br />

infecção<br />

• Resolução imediata dos problemas<br />

referidos pelos usuários<br />

Quadro 4 - Vantagens e <strong>de</strong>svantagens da triagem<br />

Desvantagens<br />

39<br />

• Usuário não tem garantia <strong>de</strong> atendimento<br />

no dia do comparecimento, pois somente<br />

os casos mais graves serão atendidos<br />

• A continuida<strong>de</strong> do tratamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

do usuário<br />

• Alguns usuários não aceitam o fato <strong>de</strong><br />

não serem selecionados no dia do<br />

comparecimento<br />

• Senhas: No dia do PA são distribuídas no mínimo 10 senhas, obe<strong>de</strong>cendo-se à or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> chegada, agendando-se o horário <strong>de</strong> atendimento. Cada usuário terá direito a uma<br />

única senha e caso necessite <strong>de</strong> retorno, <strong>de</strong>verá pegar nova senha para atendimento.<br />

As mesmas po<strong>de</strong>rão ser distribuídas em dias pré-<strong>de</strong>terminados ou diariamente, no início<br />

do atendimento, conforme <strong>de</strong>scrito na triagem<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Nas USF on<strong>de</strong> ocorre atendimento através do SB/PSF e também através do<br />

programa infanto-juvenil e gestante, as vagas serão <strong>de</strong>stinadas exclusivamente para<br />

os adultos<br />

• Nas USF on<strong>de</strong> só exista o atendimento do SB/PSF, as vagas serão distribuídas para<br />

adultos e crianças na proporção <strong>de</strong> 50% ou conforme a realida<strong>de</strong> local<br />

As vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong>sta metodologia estão <strong>de</strong>scritas no Quadro 5.


Vantagens<br />

• Baixo índice <strong>de</strong> faltosos<br />

• Agilida<strong>de</strong> no atendimento das<br />

urgências, pois são priorizados os<br />

casos <strong>de</strong> dor e/ou infecção<br />

• Resolução imediata dos problemas<br />

referidos pelos usuários<br />

Quadro 5 - Vantagens e <strong>de</strong>svantagens da senha<br />

1.3.2.3 Ativida<strong>de</strong> extraclínica (AEC)<br />

Desvantagens<br />

40<br />

• A continuida<strong>de</strong> do tratamento<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do usuário<br />

• Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> filas<br />

• Não contempla pacientes<br />

impossibilitados <strong>de</strong> acessar a clínica<br />

no horário <strong>de</strong> entrega das senhas<br />

É toda a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida fora do âmbito da clínica odontológica e que<br />

fortaleça as ações <strong>de</strong> promoção e educação em saú<strong>de</strong> para a comunida<strong>de</strong>. Essas ações<br />

<strong>de</strong>verão ser preferencialmente planejadas em conjunto com a ESF levando em<br />

consi<strong>de</strong>ração os perfis epi<strong>de</strong>miológicos, culturais e sociais da população assistida e também<br />

<strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s sentidas por essa mesma população. Sempre que possível,<br />

<strong>de</strong>verão ser abordadas e implementadas <strong>de</strong> forma multiprofissional.<br />

Deve ser realizada obrigatoriamente em um período da semana, com duração<br />

mínima <strong>de</strong> 4 horas para o CD e o Auxiliar em Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (ASB). Nas ESB com Técnico em<br />

Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (TSB), a periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser adaptada à realida<strong>de</strong> local, sendo<br />

disponibilizadas no mínimo 12 horas da carga horária semanal <strong>de</strong>ste profissional (TSB) para<br />

estas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Fazem parte das AEC(s) as seguintes ações:<br />

Visitas Domiciliares (VD)<br />

Os principais objetivos da VD são:<br />

• Conhecer a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das famílias resi<strong>de</strong>ntes na área <strong>de</strong> abrangência<br />

• Criar vínculos com as famílias e comunida<strong>de</strong><br />

• Realizar Avaliação <strong>de</strong> Risco com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento odontológico programado<br />

• Desenvolver atenção em saú<strong>de</strong> bucal em domicílio<br />

• Estimular o autocuidado<br />

• Aten<strong>de</strong>r usuários com perdas funcionais e/ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para realizar ativida<strong>de</strong>s da<br />

vida diária, com impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção à USF


Consi<strong>de</strong>rações<br />

• A VD <strong>de</strong>verá ser programada com antecedência e as famílias visitadas <strong>de</strong>vem ser<br />

informadas através do ACS sobre a data e horário aproximado da mesma, sendo que<br />

essa <strong>de</strong>ve ocorrer em momento oportuno, evitando-se visitas antes das 8:00 horas,<br />

próximo das 12:00 horas e após as 17:00 horas.<br />

• O número <strong>de</strong> famílias visitadas por período será <strong>de</strong> no mínimo 5. Na indisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

meio <strong>de</strong> transporte a<strong>de</strong>quado para a locomoção da ESB, o número <strong>de</strong> visitas po<strong>de</strong>rá ser<br />

rea<strong>de</strong>quado levando-se em consi<strong>de</strong>ração a distância a ser percorrida.<br />

Modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> VD<br />

• Avaliação <strong>de</strong> Risco: Para maiores informações, reportar-se ao item 1.3.2.1.1<br />

• A acamados: De posse da relação dos acamados da área <strong>de</strong> abrangência, estabelecer<br />

cronograma para a VD. Os principais objetivos são:<br />

o Verificar a condição bucal do acamado<br />

o Orientar sobre saú<strong>de</strong> bucal, incluindo técnica <strong>de</strong> higiene bucal do acamado<br />

aos familiares e cuidadores<br />

o Realização <strong>de</strong> procedimentos odontológicos, quando necessário<br />

• Atendimento Domiciliar: As VDs po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>stinadas para execução <strong>de</strong><br />

procedimentos odontológicos como: Profilaxia com escova <strong>de</strong>ntal, remoção <strong>de</strong> cálculo<br />

<strong>de</strong>ntal, aplicação tópica <strong>de</strong> flúor, a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> meio bucal, exodontia simples<br />

(elementos com mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntal, raiz residual, etc.)<br />

Como proce<strong>de</strong>r?<br />

• I<strong>de</strong>ntificar na USF e com os ACS(s) os acamados ou usuários com impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

locomoção, resi<strong>de</strong>ntes na área <strong>de</strong> abrangência<br />

• Analisar o prontuário médico do usuário na USF antes da VD<br />

• Agendar a visita<br />

• Realizar anamnese e exame clínico com ajuda do responsável ou cuidador<br />

• Elaborar plano <strong>de</strong> tratamento, <strong>de</strong> preferência <strong>de</strong> forma multidisciplinar<br />

41


• Avaliar condições do local do atendimento como espaço físico, energia elétrica e água,<br />

biossegurança, ergonomia tanto para o paciente quanto para o profissional, além das<br />

condições físicas do paciente<br />

• Solicitar assinatura do usuário ou representante legal, do termo <strong>de</strong> consentimento para<br />

tratamento, esclarecendo sobre o tipo <strong>de</strong> tratamento a ser realizado e suas implicações<br />

• Realizar procedimentos na presença <strong>de</strong> pessoas da família e/ou do cuidador<br />

Procedimentos básicos<br />

• A<strong>de</strong>quação do meio bucal com Cimento <strong>de</strong> Ionômero <strong>de</strong> Vidro<br />

• Tratamento básico periodontal (raspagem, alisamento e polimento radicular)<br />

• Procedimentos preventivos e educativos<br />

• Exodontia, quando necessárias e possíveis<br />

• Reparos <strong>de</strong> aparelhos removíveis (<strong>de</strong>ntadura, PPR, etc.)<br />

Consi<strong>de</strong>ração<br />

Sempre que houver possibilida<strong>de</strong>, realizar o atendimento odontológico na USF.<br />

• À puérpera: Tem por objetivo principal fornecer as primeiras orientações para a saú<strong>de</strong><br />

bucal do recém-nascido e reafirmar a importância do aleitamento materno exclusivo para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento harmônico da musculatura orofacial, além dos benefícios<br />

odontológicos, como menor incidência <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntal e <strong>de</strong> hábitos <strong>de</strong>letérios (chupetas<br />

e sucção <strong>de</strong> <strong>de</strong>dos). Essa visita po<strong>de</strong>rá ocorrer em conjunto com a ESF e/ou NASF e ser<br />

realizada por qualquer membro da ESB, <strong>de</strong>vidamente treinado. Sempre que possível,<br />

preencher a ficha clínica odontológica com o cadastramento do bebê, evitando-se,<br />

assim, a ida da mãe até a USF, dispensando-a da reunião inicial para o atendimento do<br />

bebê. A mãe <strong>de</strong>verá ser orientada a procurar a clínica odontológica para o agendamento<br />

do bebê, conforme avaliação da ESB. Nas USF on<strong>de</strong> ocorre atendimento pelo SB/PSF e<br />

programa infanto-juvenil e gestante, essa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>senvolvida pelo<br />

programa infanto-juvenil e gestante<br />

42


Reuniões <strong>de</strong> equipe<br />

A participação em reuniões <strong>de</strong> equipes na USF é <strong>de</strong> suma importância para o<br />

planejamento das ativida<strong>de</strong>s a serem <strong>de</strong>senvolvidas e fortalecimento das ações<br />

multiprofissionais e do vínculo entre a ESB e a ESF. A ESB <strong>de</strong>verá participar da reunião<br />

geral da USF e das reuniões semanais <strong>de</strong> equipe a qual esteja vinculada. No caso <strong>de</strong> USF<br />

on<strong>de</strong> haja somente uma ESB para mais <strong>de</strong> uma ESF, sugere-se que a participação nas<br />

reuniões <strong>de</strong> equipe se dê <strong>de</strong> forma alternada.<br />

1.3.2.4 Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

Envolve ações <strong>de</strong> interação da ESB com o indivíduo/comunida<strong>de</strong> visando produzir<br />

mudanças <strong>de</strong> comportamento em relação à saú<strong>de</strong> bucal, tornando-os ativos e autônomos no<br />

processo <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, seja individual ou coletivamente. Baseia-se no<br />

conhecimento progressivo dos indivíduos ou comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo vínculo <strong>de</strong><br />

respeito e confiança mútua, possibilitando a coparticipação na resolução dos problemas.<br />

São, sem dúvida, ações complexas para os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, haja vista que,<br />

para que ocorra esse “<strong>de</strong>spertar” do usuário é <strong>de</strong> fundamental importância modificar hábitos<br />

<strong>de</strong> vida muitas vezes já sedimentados. Portanto, cabe aos profissionais atuantes na<br />

Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família ter sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propor atitu<strong>de</strong>s e mudanças passíveis<br />

<strong>de</strong> serem praticadas pela população, i<strong>de</strong>ntificando as barreiras culturais (crenças, tabus,<br />

superstições, etc.), socioeconômicas e ambientais, pois apenas informar po<strong>de</strong>rá não<br />

acarretar em mudanças sustentáveis para o indivíduo e coletivida<strong>de</strong>.<br />

São requisitos importantes para implementação <strong>de</strong>sta estratégia:<br />

• Ampliar a disseminação <strong>de</strong> informações, apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s<br />

pessoais, sociais e políticas<br />

• Fortalecer a participação comunitária (associação <strong>de</strong> moradores, conselho local <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> e outras li<strong>de</strong>ranças locais) no que se refere ao planejamento local, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

priorida<strong>de</strong>s, tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e avaliações, etc.<br />

• O saber técnico-científico <strong>de</strong>ve ser compartilhado e abrir-se à interação respeitosa com a<br />

cultura popular, ampliando as visões <strong>de</strong> ambos os lados, num processo <strong>de</strong> construção<br />

compartilhada do conhecimento<br />

• Respeitar a opinião do usuário, dando oportunida<strong>de</strong> para que o mesmo manifeste seu<br />

ponto <strong>de</strong> vista<br />

43


• Despertar o interesse pelo cuidado com a saú<strong>de</strong>, principalmente da saú<strong>de</strong> bucal,<br />

enfatizando a corresponsabilização do usuário com sua saú<strong>de</strong> e com a manutenção do<br />

tratamento realizado<br />

• Ter consciência que nem sempre uma única abordagem é suficiente para provocar<br />

mudanças significativas. Sendo assim, o processo educativo <strong>de</strong>ve ser constante e<br />

construído no cotidiano<br />

• Agir com postura ética, sem preconceitos ou pré-julgamentos, respeitando as escolhas<br />

dos usuários<br />

• Trabalhar, sempre que possível, <strong>de</strong> forma multiprofissional, integrando os diversos<br />

saberes e evitando a duplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações<br />

• Planejar as ações a serem <strong>de</strong>senvolvidas consi<strong>de</strong>rando os ciclos <strong>de</strong> vida e os principais<br />

agravos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que acometem a comunida<strong>de</strong>, elaborando cronograma <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a<br />

serem implementadas durante um período pré-<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> tempo<br />

• Adotar metodologia <strong>de</strong> trabalho participativa, como:<br />

o Discussão em grupos - propor um tema e cada participante comenta a respeito<br />

do assunto abrindo assim um diálogo entre profissional e o grupo em questão<br />

o Leitura <strong>de</strong> textos – adotada principalmente para adolescentes, on<strong>de</strong> cada participante<br />

faz leitura <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> um texto, como reportagens extraídas <strong>de</strong> revistas, jornais, livros,<br />

etc., abrindo para o <strong>de</strong>bate com o grupo sobre o tema abordado<br />

o Ativida<strong>de</strong>s lúdicas – teatro, brinca<strong>de</strong>iras, <strong>de</strong>senhos, gincanas entre outras, que<br />

geralmente se adaptam bem ao público infanto-juvenil<br />

As ações <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong> são atribuições que po<strong>de</strong>rão ser implementadas<br />

pelos membros da ESB como CD, TSB, ASB ou ACS. Ressalta-se que um aliado importante<br />

nesse processo é o ACS já que, muitas vezes, tem maior vínculo e <strong>de</strong>tém mais informações<br />

sobre a realida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> adscrita.<br />

Sugestão <strong>de</strong> conteúdo para ações educativas em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Noções básicas do processo saú<strong>de</strong>/doença:<br />

o O que é ser saudável?<br />

o O que é ser doente?<br />

o É possível ter uma <strong>de</strong>ficiência física ou mental e ser saudável?<br />

o Como a comunida<strong>de</strong> percebe a sua saú<strong>de</strong>?<br />

44


• Principais patologias bucais e seus fatores <strong>de</strong> risco (dieta, hábitos <strong>de</strong> higiene, tabagismo,<br />

alcoolismo, exposição solar, etc.):<br />

o Cárie <strong>de</strong>ntária<br />

o Doença periodontal<br />

o Câncer bucal<br />

o Outras<br />

• Relação entre doenças bucais e patologias sistêmicas<br />

o Como a saú<strong>de</strong> bucal po<strong>de</strong> influenciar no controle <strong>de</strong> pressão arterial, diabete e<br />

outros órgãos (coração, rins, cérebro, etc.) e na gestação<br />

• Uso <strong>de</strong> medicamentos contínuos<br />

o Alterações que po<strong>de</strong>m provocar na cavida<strong>de</strong> bucal<br />

� Ardência<br />

� Sensação <strong>de</strong> boca seca<br />

� Alterações gengivais<br />

� Descoloração <strong>de</strong>ntal<br />

� Outros<br />

• Importância da <strong>de</strong>ntição saudável<br />

• Hábitos bucais (chupeta, <strong>de</strong>do, mama<strong>de</strong>ira, etc.)<br />

• Técnicas <strong>de</strong> escovação e uso <strong>de</strong> fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Mecanismo <strong>de</strong> atuação do flúor tópico e sistêmico<br />

• Fluorose <strong>de</strong>ntária<br />

• Orientações sobre dieta cariogênica<br />

• Lesões <strong>de</strong> tecidos moles e autoexame bucal<br />

• Uso e conservação <strong>de</strong> próteses <strong>de</strong>ntais<br />

• Traumatismo <strong>de</strong>ntário<br />

• Pré-natal odontológico<br />

• Responsabilização do usuário, pais ou responsáveis com o tratamento odontológico<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Evitar abordar vários temas em um só encontro, pois o excesso <strong>de</strong> informações<br />

dificultará a fixação do tema central e não trará o resultado esperado<br />

• A<strong>de</strong>quar o assunto à faixa etária e nível <strong>de</strong> compreensão da população alvo<br />

• Os encontros <strong>de</strong>vem ter uma duração aproximada <strong>de</strong> 60 minutos para melhor<br />

aproveitamento<br />

45


1.3.2.5 Normas operacionais do programa<br />

Prontuário<br />

Adotar o prontuário único da USF a fim <strong>de</strong>, entre outros, facilitar o acesso a dados<br />

sobre a saú<strong>de</strong> geral do usuário. Nas USF on<strong>de</strong> não seja possível utilizar o prontuário único,<br />

recomenda-se que na primeira consulta odontológica anotem-se no prontuário odontológico<br />

os principais problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do usuário como também as medicações utilizadas pelo<br />

mesmo. Nos retornos <strong>de</strong> manutenção proce<strong>de</strong>r a atualização <strong>de</strong>ssas informações.<br />

Na primeira consulta, registrar a entrada do usuário no programa, adotando-se,<br />

para isso, um livro <strong>de</strong> registro, até que esteja disponível o prontuário eletrônico. Contemplar,<br />

no mínimo, as seguintes informações:<br />

• Data <strong>de</strong> entrada no programa<br />

• Nome completo do usuário<br />

• Número <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação do Paciente (ID)<br />

• Outras informações que a ESB julgar pertinentes<br />

Preencher a anamnese e exame clínico odontológico constantes na Ficha Clínica<br />

Odontológica (Apêndice D).<br />

Impressos<br />

Os impressos abaixo relacionados <strong>de</strong>verão ser utilizados visando organização da<br />

clínica odontológica, documentação das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pela equipe e prestação<br />

<strong>de</strong> contas.<br />

• Ficha <strong>de</strong> Territorialização (Apêndice A)<br />

• Ficha <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Risco (Apêndice B)<br />

• Cronograma <strong>de</strong> AEC (Apêndice C)<br />

• Ficha Clínica Odontológica (Apêndice D)<br />

Agendamento<br />

• Pacientes prioritários:<br />

o Atendimento exclusivo a adultos: Horário marcado, reservando-se <strong>de</strong><br />

30 a 40 minutos para cada paciente, totalizando 5 a 6 atendimentos<br />

por período<br />

46


o Atendimento a todas as faixas etárias, na proporção <strong>de</strong> 50% para<br />

adultos e 50% para crianças: Horário marcado, reservando 20 a 30<br />

minutos para cada paciente, totalizando, no mínimo, 7 atendimentos<br />

por período<br />

• Pacientes não prioritários - PA - reportar-se ao item 1.3.2.2<br />

Retorno <strong>de</strong> manutenção<br />

• Adultos: O retorno <strong>de</strong> manutenção está condicionado à presença <strong>de</strong> patologia<br />

crônica <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong> (Ex: Diabetes Mellitus, transplantados, insuficiências<br />

renal e hepática, imuno<strong>de</strong>primidos, etc.) e outras situações <strong>de</strong> risco, após<br />

avaliação profissional da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retorno periódico<br />

• Bebês, crianças e adolescentes: Para estabelecer o tempo para o retorno <strong>de</strong><br />

manutenção, levar em consi<strong>de</strong>ração o risco/ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie e doença<br />

periodontal, conforme <strong>de</strong>scrito nos Capítulos 2 e 3<br />

Atrasos<br />

A tolerância máxima será <strong>de</strong> 10 minutos. Após este tempo agendar novo horário.<br />

Faltas Justificadas<br />

Reportar-se ao item 1.2.1.3<br />

Faltas não Justificadas<br />

Consi<strong>de</strong>rar como abandono do tratamento.<br />

Atendimento das urgências<br />

Os casos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> urgência <strong>de</strong>verão ser avaliados e atendidos pelo CD no<br />

mesmo dia. Em situações especiais o profissional po<strong>de</strong>rá requisitar apoio do Pronto Socorro<br />

da UEL. Para maiores informações reportar-se ao item 1.2.1.6.<br />

47


Encaminhamentos ao CEO<br />

Os encaminhamentos <strong>de</strong>verão seguir as orientações do CEO conforme Capítulo 5.<br />

Somente <strong>de</strong>verão ser encaminhados os casos com nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> secundária<br />

e que não apresentem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolução na atenção básica.<br />

Serão encaminhados usuários para atenção nas especialida<strong>de</strong>s:<br />

• Pacientes com Necessida<strong>de</strong>s Especiais<br />

• Cirurgia Odontológica<br />

• Endodontia<br />

• Periodontia<br />

• Prótese <strong>de</strong>ntária<br />

É importante que a ESB estabeleça critérios <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> para o encaminhamento<br />

do usuário ao CEO evitando o critério cronológico <strong>de</strong> entrada em lista <strong>de</strong> espera. Deste<br />

modo, os pacientes <strong>de</strong>verão ser pré-classificados ao serem colocados na lista <strong>de</strong> uma<br />

especialida<strong>de</strong> da seguinte forma:<br />

A – Alta priorida<strong>de</strong><br />

B – Baixa priorida<strong>de</strong><br />

Essa i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>verá ter <strong>de</strong>staque ao lado do nome do paciente, facilitando a<br />

visualização no momento do encaminhamento. Sugere-se que ao se distribuírem as vagas<br />

disponibilizadas pelo CEO, priorizem-se os usuários com a letra A, <strong>de</strong>stinando-se a maior<br />

parte das vagas para os mesmos. Nunca excluir da distribuição das vagas os usuários com<br />

a letra B.<br />

O Quadro 6 classifica os usuários quanto a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaminhamento.<br />

48


Especialida<strong>de</strong><br />

Cirurgia<br />

Endodontia<br />

Pacientes com<br />

Necessida<strong>de</strong>s<br />

Especiais<br />

Periodontia<br />

Prótese<br />

Dental<br />

Priorida<strong>de</strong><br />

A<br />

B<br />

A<br />

B<br />

A<br />

B<br />

A<br />

B<br />

A<br />

B<br />

Critérios<br />

• Dor constante no elemento com indicação cirúrgica<br />

• Presença <strong>de</strong> cistos, granulomas ou outros tipos <strong>de</strong> lesões<br />

• Processos infecciosos em pacientes <strong>de</strong> RB elevado<br />

• Pacientes que necessitem <strong>de</strong> exodontia especializada,<br />

porém sem dor ou processo infeccioso instalado<br />

• Dentes anteriores, principalmente em pacientes jovens<br />

• Pacientes com recidivas <strong>de</strong> dor, mesmo após a pulpectomia<br />

• Dentes com maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restauração<br />

• Ida<strong>de</strong> do paciente<br />

• Pacientes sem dor após a pulpectomia<br />

• Dentes com menores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> restauração<br />

• Pacientes com problemas sensoriais, mentais e/ou físicos<br />

com distúrbios <strong>de</strong> comportamento e não colaboradores<br />

• Pacientes com problemas psicológicos, não colaboradores.<br />

Ex. Depressão, Síndrome do pânico<br />

49<br />

• Pacientes motivados<br />

• Pacientes com RB elevado<br />

• Gestantes<br />

• Pacientes em que os elementos anteriores estejam mais<br />

afetados<br />

• Ida<strong>de</strong> do paciente<br />

• Pacientes pouco motivados<br />

• Pacientes com mobilida<strong>de</strong>s severas<br />

• Pacientes com maior envolvimento dos <strong>de</strong>ntes posteriores<br />

• Pacientes com perdas <strong>de</strong>ntárias em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> doença<br />

periodontal<br />

• Paciente <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntado total que não possua nenhuma<br />

prótese<br />

• Paciente <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntado ântero superior<br />

• Pacientes que já possuam prótese total/parcial, mas que<br />

apresentem algum tipo <strong>de</strong> lesão bucal<br />

• Pacientes com dor constante em ATM<br />

• Pacientes que necessitam trocar a prótese, mas não<br />

apresentem lesões bucais nem dores em ATM


Quadro 6 - Classificação do usuário conforme priorida<strong>de</strong> para encaminhamento ao CEO<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Pacientes em espera há mais <strong>de</strong> seis meses <strong>de</strong>vem ser reavaliados antes do<br />

encaminhamento<br />

• Exodontias com finalida<strong>de</strong> ortodôntica <strong>de</strong>vem ser resolvidas na atenção básica<br />

• Avaliações pedidas por profissionais não pertencentes ao Serviço Municipal <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (Ortodontistas) não <strong>de</strong>verão ser encaminhadas para o CEO<br />

50


BIBLIOGRAFIA<br />

BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong>. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2006. 92 p.<br />

(Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Atenção Básica, n. 17).<br />

CURITIBA. Secretaria da Saú<strong>de</strong>. Protocolo integrado <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> bucal. Curitiba,<br />

2004. 100 p.<br />

LONDRINA. Autarquia Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2007. Oficina <strong>de</strong><br />

planejamento em saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> no PSF para Enfermeiros, CD, TSB e ASB da AMS.<br />

LONDRINA. Autarquia Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Apostila do curso introdutório para equipes<br />

<strong>de</strong> odontologia no PSF. <strong>Londrina</strong>: Diretoria <strong>de</strong> Ações em Saú<strong>de</strong>, Gerências <strong>de</strong> Odontologia<br />

e <strong>de</strong> Capacitação da AMS. 2003. Fotocopiado.<br />

MINAS GERAIS. Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Atenção em saú<strong>de</strong> bucal. Belo<br />

Horizonte: SES, 2006. 290 p.<br />

SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saú<strong>de</strong>. Crescendo e vivendo com saú<strong>de</strong> bucal.<br />

2006. Disponível em<br />

. Acesso em: 29 junho 2007.<br />

51


CAPÍTULO 2<br />

PRINCIPAIS PATOLOGIAS BUCAIS<br />

53


2.1 CÁRIE DENTÁRIA<br />

2. PRINCIPAIS PATOLOGIAS BUCAIS<br />

55<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

A cárie <strong>de</strong>ntária é uma infecção bacteriana transmissível e multifatorial, sendo a<br />

lesão cariosa sua manifestação clínica. É <strong>de</strong>terminada pela interação <strong>de</strong> fatores como<br />

presença <strong>de</strong> micro-organismos cariogênicos específicos (biofilme <strong>de</strong>ntal ou placa<br />

bacteriana), frequência <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> açúcar, fluxo e capacida<strong>de</strong> tampão da saliva,<br />

presença <strong>de</strong> flúor na saliva, entre outros. É reversível, caracterizando-se por um processo<br />

dinâmico <strong>de</strong> <strong>de</strong>smineralização e remineralização (DES/RE) da estrutura <strong>de</strong>ntária pelos<br />

produtos do metabolismo bacteriano.<br />

Os sinais iniciais da doença (mancha branca) aparecem antes da presença da<br />

cavitação e po<strong>de</strong>m ser paralisados por ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> e prevenção. Além<br />

disso, somente o tratamento restaurador da cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie não garante o controle do<br />

processo da doença, sendo necessário intervir também sobre os seus <strong>de</strong>terminantes para<br />

evitar novas cavida<strong>de</strong>s e recidivas nas restaurações.<br />

2.1.1 Perfil Epi<strong>de</strong>miológico<br />

A cárie <strong>de</strong>ntária vem passando por alteração no perfil epi<strong>de</strong>miológico em diversos<br />

países, inclusive no Brasil, tendo apresentado um sensível <strong>de</strong>clínio na sua prevalência entre<br />

crianças e adolescentes, nas últimas décadas. A expansão da oferta <strong>de</strong> água fluorada, a<br />

introdução no mercado <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrícios fluorados e a mudança <strong>de</strong> enfoque nos programas <strong>de</strong><br />

odontologia em saú<strong>de</strong> pública são algumas das possíveis explicações do fenômeno. O<br />

<strong>de</strong>clínio da mesma, entretanto, não ocorre <strong>de</strong> forma homogênea, afastando-se <strong>de</strong> uma<br />

distribuição uniforme da doença, com níveis crescentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> na população.<br />

Apesar do <strong>de</strong>clínio, ainda é uma doença muito prevalente em todas as faixas<br />

etárias, sendo ainda o principal problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal do país. Entre os adultos, observa-<br />

se um elevado ataque <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária e altos índices <strong>de</strong> perdas <strong>de</strong>ntárias precoces. Nos


idosos, o e<strong>de</strong>ntulismo apresenta-se elevado (75% dos idosos brasileiros não possuem<br />

nenhum <strong>de</strong>nte funcional). A cárie <strong>de</strong> raiz aparece como fator adicional <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração da<br />

saú<strong>de</strong> bucal, atacando os poucos <strong>de</strong>ntes remanescentes.<br />

Em <strong>Londrina</strong>, no levantamento epi<strong>de</strong>miológico realizado em 1981, o índice <strong>de</strong><br />

Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPOD) era <strong>de</strong> 6,95 aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e em<br />

2004 foi <strong>de</strong> 0,97, revelando um <strong>de</strong>clínio da doença cárie na população infantil, notadamente<br />

na <strong>de</strong>ntição permanente. Po<strong>de</strong>-se afirmar que o fenômeno <strong>de</strong> polarização 5 é observado<br />

nessa faixa etária.<br />

2.1.2. Principais Fatores <strong>de</strong> Risco<br />

• Controle <strong>de</strong>ficiente do biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Consumo frequente <strong>de</strong> sacarose ou carboidratos fermentáveis<br />

• Baixo fluxo salivar<br />

• Falta <strong>de</strong> acesso ao flúor<br />

• Presença <strong>de</strong> patologias sistêmicas, <strong>de</strong>ficiências físicas ou mentais que interfiram<br />

na manutenção da saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Baixo nível sócioeconômico e cultural<br />

2.1.3. Abordagem Coletiva<br />

2.1.3.1 Promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Vigilância epi<strong>de</strong>miológica permanente das condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal e das<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento através <strong>de</strong> indicadores como ceo/CPO e outros,<br />

abrangendo progressivamente todas as faixas etárias<br />

• Garantia da fluoração da água <strong>de</strong> abastecimento<br />

• Vigilância dos teores <strong>de</strong> flúor na água <strong>de</strong> consumo público e produtos ou<br />

medicamentos disponíveis no mercado<br />

2.1.3.2 Ações educativas e preventivas<br />

Devem ser direcionadas a grupos <strong>de</strong> pessoas resi<strong>de</strong>ntes na área <strong>de</strong> abrangência,<br />

utilizando-se os espaços sociais disponíveis (centros <strong>de</strong> educação infantil, escolas, locais <strong>de</strong><br />

trabalho, etc.), espaços na USF ou domicílos, com abordagem familiar, entre outros.<br />

5 Polarização – fenômeno <strong>de</strong> concentração da maioria das lesões <strong>de</strong> cárie na minoria da população.<br />

Correpon<strong>de</strong>ria, por exemplo, a 75% das lesões <strong>de</strong> cárie em 25% das crianças.<br />

56


Os seguintes procedimentos <strong>de</strong>vem ser realizados pela equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, conforme<br />

recomendação do MS:<br />

• Exame epi<strong>de</strong>miológico na área <strong>de</strong> abrangência da USF<br />

• Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Escovação <strong>de</strong>ntal supervisionada e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Entrega <strong>de</strong> escova e <strong>de</strong>ntifrício fluorado aos grupos <strong>de</strong> maior risco<br />

• Aplicação tópica <strong>de</strong> flúor (ATF) para indivíduos com risco ou ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie 6<br />

OBS: As ações coletivas po<strong>de</strong>m ser realizadas por membros da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

bucal, <strong>de</strong> preferência <strong>de</strong> nível técnico ou auxiliar, sob supervisão do CD.<br />

2.1.4 Abordagem Individual<br />

A abordagem individual compreen<strong>de</strong> as seguintes etapas:<br />

• Diagnóstico<br />

o I<strong>de</strong>ntificação dos fatores ou indicadores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> cárie<br />

o Avaliação da ativida<strong>de</strong> da doença cárie<br />

• Tratamento<br />

o Educativo/preventivo<br />

o Reabilitador<br />

o Manutenção<br />

2.1.4.1 Diagnóstico<br />

2.1.4.1.1 I<strong>de</strong>ntificação dos fatores ou indicadores <strong>de</strong> risco<br />

O risco <strong>de</strong> cárie indica a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma lesão cariosa se <strong>de</strong>senvolver ou <strong>de</strong><br />

uma lesão já existente progredir, em um período específico <strong>de</strong> tempo. Aponta também o<br />

6<br />

De acordo com o MS, para se instituir a aplicação tópica <strong>de</strong> flúor <strong>de</strong> forma coletiva e universal <strong>de</strong>ve ser<br />

constatada uma ou mais das seguintes situações:<br />

• Exposição à água <strong>de</strong> abastecimento sem flúor ou com teores abaixo <strong>de</strong> 0,4 ppmF<br />

• CPOD médio maior que 3 aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

• Menos <strong>de</strong> 30% dos indivíduos livres <strong>de</strong> cárie aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

57


grau <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenções terapêuticas para cada indivíduo. Esta avaliação <strong>de</strong>ve<br />

ser repetida em sucessivos intervalos, pois o risco <strong>de</strong> cárie é dinâmico.<br />

Informações coletadas durante a anamnese po<strong>de</strong>m auxiliar na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

indicadores do risco <strong>de</strong> cárie, como:<br />

• História médica<br />

• Hábitos<br />

o Doenças, condições hereditárias e condições <strong>de</strong> vida que possam<br />

influenciar no risco <strong>de</strong> cárie<br />

o Presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência física ou mental que possa prejudicar a higiene e<br />

afetar a saú<strong>de</strong> bucal<br />

o Uso contínuo <strong>de</strong> medicamentos ou terapias<br />

o Dieta<br />

� Que alterem a composição e o fluxo salivar (para maiores<br />

informações reportar-se ao Capítulo 8)<br />

� Que contenham sacarose em sua composição ou apresentem<br />

baixo pH 7<br />

� Frequência <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> carboidratos rapidamente fermentáveis<br />

entre as refeições (salgadinhos, bolachas, café adoçado, refrigerante,<br />

balas, chicletes, pirulito, etc.)<br />

� Consistência dos alimentos ingeridos<br />

� Consumo <strong>de</strong> líquidos com potencial cariogênico durante o sono<br />

o Higiene bucal – frequência e a forma que realiza<br />

7 A maioria dos antibacterianos (antibióticos) analisados em uma pesquisa nacional apresentou altas<br />

concentrações <strong>de</strong> sacarose e valores <strong>de</strong> pH abaixo <strong>de</strong> 5,5 (pH crítico, ou seja, valor abaixo do qual ocorre<br />

<strong>de</strong>smineralização do esmalte <strong>de</strong>ntário, com perda <strong>de</strong> Cálcio e Fosfato para a saliva). Pastilhas para tosse<br />

também po<strong>de</strong>m conter gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sacarose. Verificar o uso prolongado das mesmas.<br />

Concentração média <strong>de</strong> sacarose e pH verificados em diferentes antibacterianos<br />

Novocilin Eritrex Faclor Amoxil Keflex Ilosone Trimexazol Novatrex Novamox Espectrin<br />

Sacarose 41,3% 35,4% 33,7% 33,6% 29,8% 29,2% 15,8% 0% 0% 0%<br />

pH 5,45 5,29 5,9 5,1 5,9 8,3 5,5 5,4<br />

Fonte: Neiva e Colaboradores (2001) apud Mialhe e Pereira<br />

.<br />

58


• Acesso e uso <strong>de</strong> flúor<br />

o Água fluorada<br />

o Dentifrício fluorado<br />

o Soluções fluoradas<br />

• Transmissibilida<strong>de</strong><br />

o Presença <strong>de</strong> cárie na família, principalmente mãe e irmãos ou cuidador<br />

• Vulnerabilida<strong>de</strong> e privação social<br />

Estudos têm comprovado a associação direta entre privação social e piores<br />

condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal. Desemprego ou subemprego, congestionamento familiar (relação<br />

morador/cômodo >1), pais solteiros, pais adolescentes, mãe ou cuidador analfabeto,<br />

residência em assentamento, idosos que moram sozinhos, portadores <strong>de</strong> doenças crônicas<br />

limitantes, famílias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> benefícios governamentais, etc. são parâmetros que<br />

po<strong>de</strong>m indicar um maior grau <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social e possivelmente um maior risco <strong>de</strong><br />

cáries.<br />

2.1.4.1.2 Classificação do risco <strong>de</strong> cárie<br />

Dado o caráter multifatorial da cárie <strong>de</strong>ntária, a <strong>de</strong>terminação do risco <strong>de</strong> cárie<br />

ainda é uma ciência imperfeita e não existe um único teste que quando aplicado possa<br />

<strong>de</strong>terminar <strong>de</strong> maneira precisa o risco <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong> um indivíduo. Entretanto, alguns fatores<br />

po<strong>de</strong>m ser úteis na <strong>de</strong>terminação da vulnerabilida<strong>de</strong> ou não do paciente à doença. O<br />

Quadro 7 apresenta a classificação do indivíduo conforme o risco <strong>de</strong> cárie. Ressalta-se que<br />

nesse processo a experiência do CD é muito importante e <strong>de</strong>ve ser levada em consi<strong>de</strong>ração<br />

na avaliação <strong>de</strong> casos que não se enquadrem exatamente nos critérios <strong>de</strong>scritos abaixo. Em<br />

relação à <strong>de</strong>terminação do risco <strong>de</strong> cárie para bebês ou crianças até 36 meses, reportar-se<br />

ao Capítulo 3.<br />

59


Fatores a Consi<strong>de</strong>rar<br />

Classificação<br />

História (<strong>de</strong>terminada através <strong>de</strong><br />

anamnese)<br />

Baixo<br />

Médio<br />

Alto<br />

Presença <strong>de</strong> alterações sistêmica 8 Não Não Sim<br />

Baixa condição socioeconômica 9 Não Sim Sim<br />

Exposição ao flúor Sim Sim Não<br />

Ingestão <strong>de</strong> alimentos cariogênicos Uma vez/dia Duas vezes/dia Três ou mais<br />

vezes/dia<br />

Escovação <strong>de</strong>ntária 10 Duas ou mais<br />

vezes/dia<br />

Uma vez/dia Não realiza<br />

Avaliação clínica<br />

Áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smineralização (mancha<br />

branca ativa em esmalte)<br />

Cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cárie<br />

Biofilme visível nos <strong>de</strong>ntes anteriores<br />

Inflamação gengival (sangramento)<br />

Defeitos em esmalte 12<br />

Ausente ou<br />

inativas<br />

Ausentes ou<br />

restauradas 11<br />

Ausente<br />

Ausente<br />

Ausente<br />

Até duas<br />

Presentes, inativas,<br />

mas não<br />

restauradas<br />

Presente<br />

Presente em até<br />

quatro <strong>de</strong>ntes<br />

Ausente<br />

3 ou mais<br />

Presentes e<br />

ativas<br />

Presente<br />

Presente em<br />

mais <strong>de</strong> quatro<br />

<strong>de</strong>ntes<br />

Presente<br />

Presença <strong>de</strong> apartelhos protéticos ou<br />

ortodônticos<br />

Não<br />

Sim<br />

Sim<br />

Quadro 7 - Classificação do risco <strong>de</strong> cárie para crianças > 36 meses, adolescentes<br />

e adultos.<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Outros critérios que po<strong>de</strong>rão ser consi<strong>de</strong>rados para complementar a<br />

<strong>de</strong>terminação do risco <strong>de</strong> cárie são: Mãe/cuidador/irmãos com lesões <strong>de</strong> cárie,<br />

aleitamento noturno, tempo <strong>de</strong>corrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a última cavida<strong>de</strong> ou restauração,<br />

fóssulas e fissuras profundas, <strong>de</strong>ntes em erupção, apinhamento <strong>de</strong>ntal, etc.<br />

8 Patologias que interfiram em fatores como fluxo salivar, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> higiene bucal,<br />

levem à adoção <strong>de</strong> dieta pastosa e cariogênica, uso prolongado <strong>de</strong> medicamentos que interfiram no<br />

fluxo salivar ou contenham sacarose, glicose, etc . Ex: Mal <strong>de</strong> Parkinson, Doença <strong>de</strong> Alzheimer,<br />

sequelados <strong>de</strong> AVC, Artrite Reumatoi<strong>de</strong>, Síndrome <strong>de</strong> Sjogren, Lúpus eritematoso, Sarcoidose,<br />

<strong>de</strong>pressão crônica severa, presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficência física ou mental, etc.<br />

9 Vulnerabilida<strong>de</strong> e privação social: <strong>de</strong>semprego ou subemprego, congestionamento familiar (relação<br />

morador/cômodo > 1), pais solteiros, pais adolescentes, mãe ou cuidador analfabeto, residência em<br />

assentamento, idosos que moram sozinhos, portadores <strong>de</strong> doenças crônicas limitantes, famílias<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> benefícios governamentais, etc<br />

10 No caso <strong>de</strong> crianças, verificar se a escovação é realizada com supervisão dos pais.<br />

11 Restaurada provisoriamente com material que apresente boa adaptação marginal, sem sinais <strong>de</strong><br />

infiltração ou ativida<strong>de</strong> da lesão ou restaurada <strong>de</strong>finitivamente.<br />

12 Hipocalcificação, Hipoplasia, sulcos e fissuras profundos nos molares, etc.<br />

60


• Após o preenchimento da tabela, a classificação quanto ao risco será<br />

<strong>de</strong>terminada pelo maior risco assinalado, po<strong>de</strong>ndo-se levar em consi<strong>de</strong>ração<br />

outros critérios não sinalizados na tabela.<br />

2.1.4.1.3 Avaliação da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie<br />

A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>screve o estado do processo <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong> uma superfície<br />

<strong>de</strong>ntária em um indivíduo. Uma lesão <strong>de</strong> cárie po<strong>de</strong> estar progredindo para uma cavida<strong>de</strong><br />

(<strong>de</strong>smineralização), estar inativa ou em processo <strong>de</strong> remineralização. Alguns indicadores da<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tectados por meio <strong>de</strong> exame clínico e observação das<br />

características das lesões.<br />

Cárie coronária<br />

• Lesão em esmalte (mancha branca)<br />

O Quadro 8 apresenta critérios para se diferenciar manchas brancas ativas e<br />

inativas em esmalte.<br />

<strong>de</strong>ntina.<br />

Ativa<br />

• Opaca<br />

• Superfície rugosa, corroída, como giz<br />

• Branca<br />

• Perto da margem gengival, geralmente<br />

coberta por biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

Inativa<br />

61<br />

• Brilhante<br />

• Superfície lisa ao exame tátil<br />

• Pigmentada<br />

• Geralmente longe da margem<br />

gengival<br />

Quadro 8 - Diagnóstico diferencial entre mancha branca ativa e inativa em esmalte.<br />

• Lesão em <strong>de</strong>ntina<br />

O Quadro 9 apresenta critérios para se diferenciar cáries ativas e inativas em


Sinais e sintomas<br />

• Coloração da camada<br />

superficial<br />

• Consistência<br />

• Sensibilida<strong>de</strong><br />

• Ida<strong>de</strong><br />

• Progressão<br />

• Tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina sob camada<br />

superficial<br />

Ativa<br />

Clara<br />

Mole, friável, massa necrótica<br />

Geralmente ao frio, doces e<br />

ácidos<br />

Geralmente crianças<br />

Rápida, usualmente expondo<br />

a polpa<br />

Sensível, <strong>de</strong>smineralizada<br />

Inativa<br />

Escurecida<br />

Dura e semelhante a<br />

couro<br />

Sem sensibilida<strong>de</strong><br />

Geralmente adultos<br />

Lenta<br />

Sem sensibilida<strong>de</strong>,<br />

esclerótica<br />

Quadro 9 - Diagnóstico diferencial entre lesão <strong>de</strong> cárie inativa e ativa em <strong>de</strong>ntina<br />

Cárie radicular (cárie em <strong>de</strong>ntina)<br />

• Lesões ativas em estágio inicial apresentam-se amolecidas, cobertas por biofilme <strong>de</strong>ntal,<br />

coloração amarelada ou marrom clara<br />

• Lesões ativas <strong>de</strong> progressão lenta têm consistência coriácea, coloração mais escura,<br />

marrom ou preta, cavitadas ou não<br />

• Lesões paralisadas apresentam coloração marrom escura ou preta, endurecidas,<br />

superfície brilhante, polida, livre <strong>de</strong> biofilme e, quando cavitadas, suas margens são bem<br />

<strong>de</strong>finidas<br />

• As lesões próximas à gengiva geralmente apresentam mais ativida<strong>de</strong> do que as que se<br />

situam distantes da mesma. Nas proximais, as lesões radiculares têm maior ativida<strong>de</strong> do<br />

que na vestibular e na lingual<br />

2.1.4.1.4 Outros fatores a observar<br />

Durante o exame clínico observar também a presença <strong>de</strong>:<br />

62


• Sinais clínicos sugestivos <strong>de</strong> diminuição do fluxo salivar – Para maiores informações<br />

reportar-se ao Capítulo 8<br />

• Presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal visível, espesso e pegajoso. Como muitos pacientes<br />

realizam uma melhor higiene bucal no dia da consulta, no caso <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> biofilme<br />

<strong>de</strong>ntal, a presença <strong>de</strong> inflamação gengival serve como sinal clínico da presença prévia<br />

<strong>de</strong> biofilme<br />

2.1.4.1.5 Passos para diagnóstico <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária<br />

• Higiene bucal (escovação e fio <strong>de</strong>ntal)<br />

• Secagem da superfície <strong>de</strong>ntária com jato <strong>de</strong> ar<br />

• Inspeção visual <strong>de</strong> cada superfície do <strong>de</strong>nte e inspeção da superfície com sonda<br />

exploradora, com objetivo <strong>de</strong> remover o biofilme <strong>de</strong>ntal ou resíduos. Não utilizar pressão<br />

<strong>de</strong>masiada a fim <strong>de</strong> evitar dano aos prismas <strong>de</strong> esmalte <strong>de</strong>smineralizados. Recomenda-<br />

se a utilização <strong>de</strong> sonda <strong>de</strong> ponta romba ou não afiada<br />

compreen<strong>de</strong>ndo:<br />

2.1.4.2 Tratamento<br />

O tratamento <strong>de</strong>ve ser individualizado e baseado no risco e na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie,<br />

1ª Etapa – Tratamento educativo/preventivo<br />

• Educação em saú<strong>de</strong> bucal e aconselhamento dietético<br />

• Evi<strong>de</strong>nciação <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal e orientação sobre escovação e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• A<strong>de</strong>quação do meio bucal (tratamento básico): Profilaxia, remoção da <strong>de</strong>ntina cariada e<br />

selamento das cavida<strong>de</strong>s com material provisório (cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro - CIV),<br />

remoção <strong>de</strong> fatores retentivos <strong>de</strong> biofilme como restos radiculares e cálculos<br />

• Aplicação <strong>de</strong> selantes, fluorterapia, <strong>de</strong> acordo com o risco/ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie<br />

• Manejo <strong>de</strong> hipossalivação/xerostomia - reportar-se ao Capítulo 8<br />

2ª etapa - Tratamento reabilitador<br />

3ª etapa - Manutenção periódica<br />

63


2.1.4.2.1 Tratamento <strong>de</strong> acordo com risco <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária<br />

Risco<br />

Baixo<br />

Médio<br />

Alto<br />

Crianças e adolescentes<br />

• Monitorar dieta e higiene bucal, inclusive uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Selantes: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Flúor: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Retorno <strong>de</strong> manutenção 13<br />

o 3 a 6 anos – 18 meses 14<br />

o 6 a 12 anos – 12 meses 14<br />

o 13 a 19 anos – 12 a 18 meses 14<br />

• Instituir controle <strong>de</strong> dieta e higiene bucal, inclusive uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Selantes: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Flúor: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Retorno <strong>de</strong> manutenção 13<br />

o 3 a 6 anos – 12 meses 14<br />

o 6 a 12 anos – 12 meses 14<br />

o 13 a 19 anos – 12 meses 14<br />

• Controle rigoroso <strong>de</strong> dieta e do biofilme <strong>de</strong>ntal através <strong>de</strong> escovação <strong>de</strong>ntária<br />

e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Prevenir a transmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie mãe/cuidador<br />

• Escavação em massa com repleção das cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cárie com ionômero <strong>de</strong><br />

vidro<br />

• Selantes: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Flúor: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Retorno <strong>de</strong> manutenção 13 :<br />

o 3 a 6 anos – 6 meses 14<br />

o 6 a 12 anos – 9 a 12 meses 14<br />

o 13 a 19 anos – 12 meses 14<br />

Quadro 10 -Tratamento <strong>de</strong> acordo com o risco <strong>de</strong> cárie<br />

Adultos<br />

• Monitorar dieta e higiene bucal, inclusive uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Selantes: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Flúor: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Retorno <strong>de</strong> manutenção 15<br />

• Instituir controle <strong>de</strong> dieta e higiene bucal, inclusive uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Selantes: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Flúor: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Retorno <strong>de</strong> manutenção 15<br />

• Controle rigoroso <strong>de</strong> dieta e do biofilme <strong>de</strong>ntal através <strong>de</strong> escovação<br />

<strong>de</strong>ntária e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Prevenir a transmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie mãe/cuidador<br />

• Escavação em massa com repleção das cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cárie com ionômero<br />

<strong>de</strong> vidro<br />

• Selantes: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Flúor: Seguir orientações constantes no Capítulo 6<br />

• Retorno <strong>de</strong> manutenção 15<br />

13<br />

Retorno <strong>de</strong> manutenção – a cada retorno reavaliar o risco/ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie do paciente.<br />

14<br />

Em indivíduos que se encontrem em fase <strong>de</strong> erupção <strong>de</strong>ntária, o tempo para retorno <strong>de</strong> manutenção po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>terminado pelo CD levando-se em<br />

consi<strong>de</strong>ração a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> selantes.<br />

15<br />

O retorno <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong>verá estar condicionado à presença <strong>de</strong> patologia crônica <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong> (Ex: Diabetes Mellitus, transplantados,<br />

insuficiências renal e/ou hepática, imuno<strong>de</strong>primidos, etc) e outras situações <strong>de</strong> risco, após avaliação profissional da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retorno<br />

periódico.<br />

64


Paciente com risco/<br />

ativida<strong>de</strong> da doença<br />

Educação em saú<strong>de</strong> bucal,<br />

escovação orientada, uso <strong>de</strong><br />

fio <strong>de</strong>ntal, controle <strong>de</strong><br />

biofilme <strong>de</strong>ntal e fatores <strong>de</strong><br />

risco, tratamento preventivo<br />

(flúor, selantes, etc)<br />

Dentística, exodontia,<br />

tratamento básico<br />

periodontal, etc.<br />

Encaminhamento à<br />

especialida<strong>de</strong>, quando<br />

necessário<br />

Fluxograma 2 - Cárie <strong>de</strong>ntária<br />

I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong><br />

cárie<br />

I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

da doença cárie<br />

Manutenção periódica na USF<br />

Paciente sem risco/<br />

ativida<strong>de</strong> da doença<br />

Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

Escovação orientada<br />

Uso <strong>de</strong> fio <strong>de</strong>ntal<br />

Controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

Tratamento preventivo<br />

65


2.2 DOENÇA PERIODONTAL<br />

INTRODUÇÃO<br />

67<br />

Domingos Alvanhan<br />

Wagner José Silva Ursi<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

A doença periodontal po<strong>de</strong> ser altamente mutilante em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus aspectos <strong>de</strong><br />

morbida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>strutivo, causando inflamação, perda óssea e dos elementos<br />

<strong>de</strong>ntários, principalmente na ida<strong>de</strong> adulta.<br />

O fator etiológico <strong>de</strong>ssa doença é o acúmulo do biofilme <strong>de</strong>ntal, o qual po<strong>de</strong> iniciar<br />

o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do tecido gengival e do periodonto <strong>de</strong> inserção.<br />

Deve ser vista como um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio entre as ações <strong>de</strong> agressão e<br />

<strong>de</strong>fesa sobre os tecidos <strong>de</strong> sustentação e proteção do <strong>de</strong>nte, a partir das diferentes<br />

respostas dadas pelo hospe<strong>de</strong>iro.<br />

Dada a elevada prevalência na população, constata-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver programas educativos, preventivos e reabilitadores, com o objetivo <strong>de</strong> se<br />

prevenir o surgimento e evolução <strong>de</strong>sta patologia e, consequentemente, a perda <strong>de</strong>ntária.<br />

2.2.2 Principais fatores <strong>de</strong> risco<br />

• Deficiência <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Ida<strong>de</strong><br />

• Fumo<br />

• Raça<br />

• Diabetes Mellitus<br />

• Imuno<strong>de</strong>pressão congênita ou adquirida<br />

• Estresse<br />

• Medicações<br />

• Fatores genéticos/hereditários<br />

• Alterações hormonais<br />

• Síndromes (Down, Papilon-Lefèvre, Ehlers-Danlos, etc.)<br />

• Deficiências nutricionais<br />

• Fatores culturais e socioeconômicos


Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Nem toda gengivite progri<strong>de</strong> para periodontite, mas a periodontite inicia-se <strong>de</strong> uma<br />

gengivite, <strong>de</strong>stacando-se a importância do diagnóstico precoce da doença<br />

• A periodontite não é mais consi<strong>de</strong>rada apenas como <strong>de</strong> evolução lenta e contínua,<br />

mas po<strong>de</strong> ter padrões variáveis <strong>de</strong> progressão, <strong>de</strong>monstrando a influência do po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> resposta do hospe<strong>de</strong>iro frente à agressão bacteriana<br />

• A periodontite tem sido apontada como possível fator <strong>de</strong> risco para outras alterações<br />

sistêmicas como doenças coronarianas e respiratórias, nascimento <strong>de</strong> bebês<br />

prematuros <strong>de</strong> baixo peso, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle metabólico do Diabetes Mellitus,<br />

etc.<br />

• O controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal é essencial na prevenção e no tratamento da gran<strong>de</strong><br />

maioria das doenças periodontais<br />

Periodontologia<br />

2.2.3 Classificação da doença periodontal segundo a Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong><br />

A doença periodontal é classificada como gengivite e periodontite.<br />

2.2.3.1 Gengivite<br />

Inflamação do tecido gengival que não resulta em perda <strong>de</strong> inserção clínica. É<br />

caracterizada por inflamação localizada, e<strong>de</strong>ma e sangramento gengival. A doença gengival<br />

é classificada em doenças gengivais induzidas por biofilme e doença gengival não induzida<br />

por biofilme, conforme <strong>de</strong>scrito a seguir.<br />

2.2.3.1.1 Doença gengival induzida por biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

Gengivite associada somente com biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

Características clínicas<br />

• Presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal na margem gengival<br />

• Aumento inflamatório da papila inter<strong>de</strong>ntária e/ou gengiva marginal<br />

• Perda <strong>de</strong> contorno superficial<br />

• Gengiva brilhante, e<strong>de</strong>maciada e avermelhada<br />

68


• Aumento do exsudato gengival<br />

• Sangramento<br />

• Ausência <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> inserção e <strong>de</strong> perda óssea<br />

• Reversibilida<strong>de</strong> com remoção do biofilme<br />

Fatores coadjuvantes<br />

• Irregularida<strong>de</strong> no alinhamento <strong>de</strong>ntal<br />

• Cárie <strong>de</strong> colo<br />

• Margem <strong>de</strong> restauração em excesso<br />

• Restaurações com contornos ina<strong>de</strong>quados<br />

• Impacção alimentar<br />

• Respirador bucal<br />

• Hábitos <strong>de</strong> pressionar a língua contra a gengiva<br />

Modificada por fatores sistêmicos<br />

• Associada com sistema endócrino<br />

o Puberda<strong>de</strong>: Aumento gengival nas áreas <strong>de</strong> irritação local durante a puberda<strong>de</strong><br />

� Característica clínica<br />

O aumento gengival po<strong>de</strong> ser marginal e inter<strong>de</strong>ntário e se caracteriza<br />

também pela presença <strong>de</strong> papila interproximal bulbosa<br />

o Gravi<strong>de</strong>z: O aumento resulta do agravamento das áreas anteriormente<br />

inflamadas. A gravi<strong>de</strong>z não é a causa da lesão; o metabolismo alterado dos<br />

tecidos na gravi<strong>de</strong>z agrava a resposta aos irritantes locais (biofilme <strong>de</strong>ntal)<br />

� Característica clínica<br />

Aumento generalizado que ten<strong>de</strong> a ser mais intenso interproximalmente<br />

do que sobre as superfícies vestibular e lingual. O aumento gengival é<br />

vermelho brilhante ou magenta, mole e friável e tem a superfície lisa.<br />

Sangra espontaneamente ou sob estímulo<br />

o Diabetes Mellitus: Pronunciada resposta na margem gengival na presença <strong>de</strong><br />

biofilme, com mudança <strong>de</strong> cor e contorno, aumento <strong>de</strong> exsudato gengival,<br />

sangramento<br />

69


• Associada com discrasias sanguíneas<br />

o Leucemia: Representa uma resposta exagerada à irritação local manifestada por<br />

uma <strong>de</strong>nsa infiltração <strong>de</strong> leucócitos imaturos e proliferantes ou por uma lesão<br />

neoplásica<br />

O aumento leucêmico verda<strong>de</strong>iro ocorre na leucemia aguda e subaguda na<br />

presença <strong>de</strong> irritante local (biofilme <strong>de</strong>ntal), raramente na leucemia crônica.<br />

� Característica clínica<br />

Po<strong>de</strong> ser difuso ou marginal, localizado ou generalizado, surgir como um<br />

aumento difuso da mucosa gengival, aumento exagerado da gengiva<br />

marginal ou uma discreta massa interproximal <strong>de</strong> aspecto tumoral. É<br />

geralmente vermelho azulado e tem uma superfície brilhante. A<br />

consistência é mo<strong>de</strong>radamente firme, mas existe uma tendência para<br />

friabilida<strong>de</strong> e hemorragia espontânea ou sob ligeira irritação<br />

• Doença gengival associada a medicamentos<br />

o Crescimento gengival (Fenitoína, Dilantina, Nifedipina, Ciclosporina)<br />

� Característica Clínica<br />

Lesão em forma <strong>de</strong> amora, firme, rosa pálida e resiliente, com superfície<br />

finamente lobulada muitas vezes limita-se à margem gengival e à papila<br />

o Gengivite associada a contraceptivos orais<br />

• Doença gengival associada à má nutrição<br />

o Avitaminose C<br />

o Outras<br />

2.2.3.1.2 Lesões gengivais não induzidas por biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

São classificadas <strong>de</strong> acordo com o fator etiológico:<br />

• De origem bacteriana específica (Ex: Neisseria gonorrhea, Trepanoma palidum,<br />

Estreptococos, etc.)<br />

• De origem viral (Ex: Gengivo Estomatie Herpética Aguda - GEHA)<br />

• De origem fúngica (Ex: Cândida sp)<br />

70


• De origem genética (Ex: Fibromatose gengival hereditária)<br />

• Manifestações gengivais <strong>de</strong> condições sistêmicas (Líquen plano, Lúpus<br />

eritematoso, etc.)<br />

• Reações alérgicas (mercúrio, níquel, acrílico, <strong>de</strong>ntifrícios, goma <strong>de</strong> mascar,<br />

bochechos, conservantes <strong>de</strong> alimentos)<br />

• Lesões traumáticas (química, física e térmica)<br />

• Reações a corpo estranho<br />

2.2.3.2 Periodontite<br />

A periodontite é um grupo <strong>de</strong> doenças que se caracteriza pela inflamação dos<br />

tecidos <strong>de</strong> sustentação e proteção dos <strong>de</strong>ntes, acompanhada <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> inserção <strong>de</strong><br />

tecido conjuntivo, consequência da agressão promovida pelo biofilme <strong>de</strong>ntal subgengival.<br />

Po<strong>de</strong> ser crônica, <strong>de</strong> evolução lenta, on<strong>de</strong> a perda <strong>de</strong> inserção está associada aos padrões<br />

<strong>de</strong> higiene bucal e fatores <strong>de</strong> risco. A periodontite agressiva é rara, com rápida progressão<br />

e mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntal e tem uma forte agregação familiar.<br />

2.2.3.2.1 Periodontite crônica<br />

a. Localizada (30% <strong>de</strong> sítios afetados)<br />

• Leve: 1 a 2 mm <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> inserção<br />

• Mo<strong>de</strong>rada: 3 ou 4 mm <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> extensão<br />

• Severa: ≥ 5 mm <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> inserção<br />

A presença <strong>de</strong> bolsa periodontal é o sinal clínico da periodontite e caracteriza-se<br />

pelo aprofundamento patológico do sulco gengival em <strong>de</strong>corrência da perda <strong>de</strong> inserção. O<br />

avanço progressivo da bolsa leva à <strong>de</strong>struição dos tecidos periodontais <strong>de</strong> suporte,<br />

enfraquecimento e esfoliação dos <strong>de</strong>ntes. O método eficiente e seguro <strong>de</strong> localizar bolsas<br />

periodontais e <strong>de</strong>terminar sua extensão é através da sondagem cuidadosa da margem<br />

gengival ao longo <strong>de</strong> cada face do <strong>de</strong>nte.<br />

Características clínicas<br />

• Perda <strong>de</strong> inserção clínica<br />

71


• Perda <strong>de</strong> osso alveolar<br />

• Presença <strong>de</strong> bolsa periodontal e inflamação gengival<br />

• Retração gengival<br />

• Sangramento à sondagem<br />

• Exsudato purulento na margem gengival<br />

• Presença <strong>de</strong> zona vertical azul-avermelhada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a margem gengival até a gengiva<br />

inserida, e às vezes até a mucosa alveolar<br />

• Mobilida<strong>de</strong>, migração ou extrusão <strong>de</strong>ntal<br />

• Aparecimento <strong>de</strong> diastemas<br />

2.2.3.2.2 Periodontite agressiva 16<br />

a. Localizada (30% <strong>de</strong> sítios afetados)<br />

• Leve: 1 a 2 mm <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> inserção<br />

• Mo<strong>de</strong>rada: 3 ou 4 mm <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> extensão<br />

• Severa: ≥ 5 mm <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> inserção<br />

2.2.3.2.3 Periodontite como manifestação <strong>de</strong> doença sistêmica<br />

• Associadas com doenças hematológicas (Neutopenia, leucemia, etc.)<br />

• Associadas com alterações genéticas (Síndromes, agranulocitose, hipofosfatasia,<br />

etc.)<br />

• Não especificada<br />

2.2.3.2.4 Doenças periodontais necrosantes<br />

• Gengivite ulcerativa necrosante<br />

• Periodontite necrosante aguda<br />

2.2.3.2.5 Abscessos do periodonto<br />

• Gengival<br />

16 Na classificação da AMERICAN ACADEMY OF PERIODONTOLOGY (1999) , a Periodontite <strong>de</strong><br />

Estabelecimento Precoce, inclusive a Periodontite Juvenil, é <strong>de</strong>nominada Periodontite Agressiva.<br />

72


• Periodontal<br />

• Pericoronários<br />

2.2.3.2.6 Periodontite associada a lesões endodônticas<br />

• Lesões periodôntica e endodôntica<br />

2.2.3.2.7 Condições e <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ou adquiridas<br />

• Fatores locais relacionadas ao <strong>de</strong>nte (anatomia, restaurações, aparelhos, fratura<br />

radicular)<br />

• Deformida<strong>de</strong>s mucogengivais e condições ao redor do <strong>de</strong>nte<br />

o Retração gengival<br />

o Falta <strong>de</strong> gengiva queratinizada<br />

o Vestíbulo raso<br />

o Freio anormal<br />

o Crescimento gengival<br />

o Cor anormal<br />

• Deformida<strong>de</strong>s e condições mucogengivais em áreas edêntulas<br />

• Trauma oclusal<br />

o Deficiência vertical e/ou horizontal<br />

o Falta <strong>de</strong> gengiva/tecido queratinizado<br />

o Aumento gengival/tecido mole<br />

o Vestíbulo raso<br />

o Cor anormal<br />

O trauma oclusal é um fator importante na doença periodontal, sendo uma parte<br />

integrante do processo <strong>de</strong>strutivo na doença. Ele não provoca a gengivite ou bolsa<br />

periodontal, mas afeta o progresso e gravida<strong>de</strong> das bolsas iniciadas por irritação<br />

local. Enten<strong>de</strong>r seu efeito sobre o periodonto é útil no controle dos problemas<br />

periodontais.<br />

73


2.2.3.2.8 Doença periodontal na infância<br />

• Doença gengival<br />

o Gengivite marginal crônica: É o tipo mais frequente <strong>de</strong> alteração gengival na<br />

infância. A gengiva apresenta todas as alterações em cor, tamanho e<br />

consistência <strong>de</strong> textura superficial característica da inflamação crônica.<br />

Muitas vezes se superpõe uma coloração rosa intensa às alterações crônicas<br />

subjacentes<br />

o Gengivite associada à erupção <strong>de</strong>ntária: A frequência com que ocorre<br />

gengivite ao redor dos <strong>de</strong>ntes em erupção <strong>de</strong>u origem a <strong>de</strong>nominação<br />

gengivite <strong>de</strong> erupção. Entretanto a erupção <strong>de</strong>ntária por si só não causa<br />

gengivite, a inflamação resulta do acúmulo <strong>de</strong> biofilme ao redor dos <strong>de</strong>ntes<br />

em erupção. As alterações inflamatórias acentuam a proeminência normal da<br />

margem gengival dando a impressão <strong>de</strong> um aumento gengival acentuado<br />

o Dentes abalados e cariados: A margem <strong>de</strong>sgastada dos <strong>de</strong>ntes parcialmente<br />

reabsorvidos favorece o acúmulo <strong>de</strong> biofilme que causa alterações gengivais,<br />

variando <strong>de</strong> uma leve <strong>de</strong>scoloração e e<strong>de</strong>ma até formação <strong>de</strong> abscesso com<br />

supuração. Outros fatores que favorecem o acúmulo <strong>de</strong> biofilme são<br />

impacção alimentar e acúmulo <strong>de</strong> matéria alba ao redor dos <strong>de</strong>ntes com<br />

lesões <strong>de</strong> cárie<br />

o Dentes mal posicionados e má oclusão: A gengivite ocorre com mais<br />

frequência e gravida<strong>de</strong> ao redor <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes mal posicionados por causa da<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> remoção da biofilme <strong>de</strong>ntal. A saú<strong>de</strong> gengival e o contorno são<br />

restabelecidos pela correção da má posição, eliminação <strong>de</strong> irritantes locais e,<br />

quando necessário, remoção cirúrgica da gengiva aumentada<br />

o Retração gengival: Po<strong>de</strong> ser uma fase <strong>de</strong> transição na erupção <strong>de</strong>ntária e<br />

corrigir-se quando os <strong>de</strong>ntes alcançam o alinhamento correto, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

necessário alinhar os <strong>de</strong>ntes ortodonticamente. Ela também ocorrerá através<br />

<strong>de</strong> escovação incorreta, traumática, inflamação gengival, contatos oclusais<br />

anormais, etc.<br />

74


o Gengivite associada à respiração bucal: Os respiradores bucais po<strong>de</strong>m<br />

• Periodontite<br />

apresentar um quadro crônico <strong>de</strong> gengivite na região dos incisivos superiores,<br />

principalmente na vestibular dos mesmos e, ocasionalmenmte, também na<br />

vestibular dos <strong>de</strong>ntes antero-inferiores. Nesses locais, <strong>de</strong>vido ao constante<br />

ressecamento da mucosa provocado pela evaporação mais intensa da saliva,<br />

a gengiva apresenta-se e<strong>de</strong>maciada, eritematosa, com sangramento ao<br />

mínimo toque, fibrótica e geralmente com gran<strong>de</strong> acúmulo <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

A periodondite ocorre ocasionalmente na <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua e em 5% dos<br />

adolescentes, po<strong>de</strong>ndo se apresentar na forma crônica ou agressiva.<br />

A periodontite crônica é mais prevalente em adultos do que em crianças e<br />

adolescentes. Existem evidências <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>struição periodontal tem início precoce nos<br />

indivíduos. É caracterizada por progressão lenta ou mo<strong>de</strong>rada, po<strong>de</strong>ndo incluir períodos <strong>de</strong><br />

rápida <strong>de</strong>struição.<br />

A forma agressiva, tanto localizada como generalizada, po<strong>de</strong> se manifestar em<br />

pacientes saudáveis, apresentar rápida perda <strong>de</strong> inserção e <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> osso alveolar. A<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos microbianos é inconsistente com a severida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição<br />

periodontal, apresentando elevadas proporções <strong>de</strong> Actinobacillus actinomycetemcomitans e<br />

Porphyromonas gingivalis. Fatores genéticos, mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do hospe<strong>de</strong>iro<br />

(especialmente neutrófilos), colaboram para <strong>de</strong>terminar a susceptibilida<strong>de</strong> do mesmo a<br />

infecção periodontal e a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> progressão da doença. O diagnóstico <strong>de</strong>ve ser<br />

baseado principalmente nos dados clínicos e história do paciente, obtida através da<br />

anamnese. Dados radiográficos são atualmente consi<strong>de</strong>rados secundários<br />

o Periodontite Agressiva Localizada (Periodontite Juvenil Localizada)<br />

Manifesta-se em crianças e adolescentes e em muitos casos sem evidência clínica<br />

<strong>de</strong> doença sistêmica e inflamação gengival.<br />

Demonstra ser autolimitante, afetando mais <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte permanente,<br />

principalmente molares e incisivos, com rápida e grave <strong>de</strong>struição do osso alveolar, sendo a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição quatro vezes mais rápida do que a periodontite do adulto. Os<br />

indivíduos apresentam perda <strong>de</strong> inserção clínica ≥ 4 mm e os <strong>de</strong>ntes comumente atingidos<br />

são os primeiros molares e incisivos permanentes, havendo necessariamente o<br />

comprometimento <strong>de</strong>, no mínimo, um primeiro molar.<br />

75


o Periodontite Agressiva Generalizada (Periodontite Juvenil Generalizada)<br />

Ocorre próxima à puberda<strong>de</strong> em jovens e adultos. Esses indivíduos apresentam<br />

grau elevado <strong>de</strong> inflamação gengival, biofilme e cálculo <strong>de</strong>ntal. Caracteriza-se por<br />

apresentar perda <strong>de</strong> inserção clínica ≥ 4 mm, afetando no mínimo oito <strong>de</strong>ntes permanentes,<br />

dos quais, ao menos três <strong>de</strong>ntes diferem dos primeiros molares e incisivos.<br />

Tratamento<br />

O tratamento da Periodontite Agressiva Localizada e Generalizada consiste em:<br />

• Procedimentos básicos periodontais<br />

• Antibioticoterapia na fase <strong>de</strong> raspagem e cirurgia periodontal:<br />

o Peridontite agressiva localizada: Tetraciclina por no mínimo 7 dias, <strong>de</strong> 8 em 8<br />

horas. Pacientes refratários ao tratamento com tetraciclina, indicação é a<br />

associação do metronidazol e amoxicilina, três vezes ao dia, por um período<br />

<strong>de</strong> 7 a 10 dias<br />

o Periodontite agressiva generalizada: Associação <strong>de</strong> metronidazol e<br />

amoxicilina, três vezes ao dia, por um período <strong>de</strong> 7 a 10 dias<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• A tetraciclina está contraindicada para crianças menores <strong>de</strong> 9 anos<br />

• Dose para adulto<br />

o Tetraciclina 500mg<br />

o Metronidazol 250mg a 400 mg<br />

o Amoxicilina 500mg<br />

2.2.4 Abordagem Coletiva<br />

A promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a prevenção da doença periodontal realizadas <strong>de</strong> forma<br />

coletiva <strong>de</strong>vem ser ações previstas pela equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong>ntro do rol <strong>de</strong><br />

procedimentos coletivos. Recomenda-se que sejam planejados com antecedência e<br />

realizados periodicamente a fim <strong>de</strong> que resultados positivos possam ser alcançados.<br />

76


Estratégias<br />

• I<strong>de</strong>ntificar grupos e áreas <strong>de</strong> atuação<br />

o Grupos restritos ou clientelas cativas. Ex: Escolas, instituição <strong>de</strong> longa<br />

permanência, grupos religiosos, espaços <strong>de</strong> trabalho, etc.<br />

o Grupos operativos <strong>de</strong> maior risco: Tabagistas, diabéticos, gestantes,<br />

hipertensos, cardiopatas, 3ª ida<strong>de</strong>, etc.<br />

o Áreas ou indivíduos sob risco social, com abordagem familiar, em domicílio<br />

• Atuar intersetorialmente, estabelecendo parcerias. Ex: Saú<strong>de</strong> e escola 17<br />

• Trabalhar <strong>de</strong> forma multidisciplinar na prevenção <strong>de</strong> doenças, planejando as ações<br />

educativas <strong>de</strong> forma integrada com as <strong>de</strong>mais áreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

• Utilizar abordagem <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> risco comum<br />

o Ex.1: Controle do tabagismo para prevenção da doença periodontal e<br />

doenças cardiovasculares<br />

o Ex.2: Prevenção e controle da doença periodontal visando controle do<br />

Diabetes Mellitus e prevenção <strong>de</strong> doenças cardiovasculares, respiratórias e<br />

parto prematuro<br />

Ações<br />

• Educação em saú<strong>de</strong> bucal e estímulo à consciência sanitária e autocuidado<br />

• Controle do biofilme <strong>de</strong>ntal, escovação supervisionada e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Distribuição <strong>de</strong> escovas <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte e <strong>de</strong> fio <strong>de</strong>ntal aos indivíduos sob maior risco social<br />

ou biológico<br />

• Capacitação dos profissionais da USF sobre o tema doença periodontal<br />

• Estímulo à realização do exame bucal pelos profissionais da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com o<br />

objetivo <strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong> doença periodontal em pacientes <strong>de</strong> risco: Diabéticos,<br />

gestantes, hipertensos, cardiopatas, transplantados, etc. e encaminhamento dos<br />

mesmos, quando necessário<br />

• Outras ações que venham a ser <strong>de</strong>senvolvidas pela equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

17 Numa ação conjunta e intersetorial entre saú<strong>de</strong> e educação, po<strong>de</strong>-se estimular a escola a adotar<br />

uma série <strong>de</strong> ações que estimulem o aprendizado e que <strong>de</strong>spertem a consciência sanitária dos<br />

alunos, como: Elaboração <strong>de</strong> calendário organizado prevendo programas contínuos para controle <strong>de</strong><br />

biofilme, eventos como semana da saú<strong>de</strong> bucal, pelotão da higiene, inclusão da saú<strong>de</strong> bucal no<br />

currículo escolar.<br />

77


2.2.5 Abordagem Individual<br />

Na atenção individual, é importante uma abordagem integral da doença periodontal,<br />

envolvendo ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> e prevenção (para controle da ativida<strong>de</strong> da doença<br />

e dos seus fatores <strong>de</strong> risco) e <strong>de</strong> tratamento cirúrgico reabilitador.<br />

Ações individuais <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> prevenção po<strong>de</strong>rão ser realizadas <strong>de</strong><br />

maneira informal ou programada, na clínica odontológica, na USF, no domicílio ou outro<br />

local oportuno.<br />

2.2.5.1 Gengivite<br />

1ª ETAPA – Diagnóstico da ativida<strong>de</strong> da doença<br />

Avaliar as seguintes condições:<br />

• Presença <strong>de</strong> sinais visuais<br />

o Sangramento<br />

o E<strong>de</strong>ma<br />

o Perda do contorno superficial<br />

o Aumento do volume<br />

o Biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Presença <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco<br />

o Alterações sistêmicas<br />

o Hábitos <strong>de</strong>letérios<br />

2ª ETAPA – Educação em saú<strong>de</strong> e motivação para o controle do biofilme<br />

• Escovação supervisionada e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Controle do biofilme<br />

3ª ETAPA – Tratamento<br />

• Tratamento básico periodontal (raspagem e polimento supragengival, remoção<br />

ou tratamento <strong>de</strong> fatores retentivos do biofilme, exodontias, <strong>de</strong>ntística, etc.)<br />

• Monitoramento e controle dos fatores <strong>de</strong> risco como tabagismo, diabetes,<br />

gravi<strong>de</strong>z, alterações hormonais, entre outros, avaliando-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

intervenção sobre esses fatores<br />

78


4ª ETAPA – Manutenção periódica<br />

A frequência <strong>de</strong> retorno varia individualmente <strong>de</strong> acordo com o risco e <strong>de</strong>staca-se a<br />

avaliação do sangramento gengival e o controle do biofilme para manutenção da saú<strong>de</strong><br />

periodontal.<br />

2.2.5.2 Periodontite<br />

1ª ETAPA – Diagnóstico da ativida<strong>de</strong> da doença<br />

Avaliar:<br />

• Presença <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> inserção através da sondagem ao longo da margem<br />

gengival <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>nte<br />

• Presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal e <strong>de</strong> cálculo supra e subgengival<br />

• Mobilida<strong>de</strong> e migração <strong>de</strong>ntária<br />

• Retração gengival<br />

• Presença <strong>de</strong> sinais inflamatórios (sangramento, secreção)<br />

• Fatores <strong>de</strong> risco: Condições sistêmicas, tabagismo, condição<br />

socioeconômica, uso <strong>de</strong> medicamentos, etc.<br />

2ª ETAPA – Educação em saú<strong>de</strong> e motivação para o controle do biofilme<br />

• Escovação supervisionada e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Controle do biofilme<br />

3ª ETAPA – Tratamento<br />

• Tratamento básico periodontal (raspagem, curetagem e polimento supra e<br />

subgengival, remoção ou tratamento <strong>de</strong> fatores retentivos do biofilme,<br />

exodontias, <strong>de</strong>ntística, etc.)<br />

• Encaminhamento a especialista, quando necessário<br />

• Monitoramento e controle dos fatores <strong>de</strong> risco como tabagismo, diabetes,<br />

gravi<strong>de</strong>z, alterações hormonais, entre outros, avaliando-se a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> intervenção sobre esses fatores<br />

79


OBS: A alta clínica <strong>de</strong>ve ser dada ao usuário com ausência <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> doença e com controle do biofilme a<strong>de</strong>quado<br />

4ª ETAPA – Manutenção periódica<br />

A frequência da consulta <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminada individualmente, <strong>de</strong><br />

acordo com as diferentes variáveis relacionadas ao processo saú<strong>de</strong>-doença. Pacientes com<br />

condições sistêmicas que atuem como fatores modificadores da doença periodontal po<strong>de</strong>m<br />

necessitar <strong>de</strong> manutenção periódica mais frequente. Ex: Diabéticos, tabagistas,<br />

imuno<strong>de</strong>prinidos, etc.<br />

80


Fluxograma 3 - Doença periodontal (gengivite e periodontite)<br />

Paciente com ativida<strong>de</strong> da<br />

doença<br />

Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

Escovação supervisionada<br />

Uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

Controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

Controle fatores <strong>de</strong> risco<br />

Dentística, exodontia,<br />

tratamento básico<br />

periodontal<br />

Encaminhamento à<br />

especialida<strong>de</strong>, se<br />

necessário<br />

I<strong>de</strong>ntificação da ativida<strong>de</strong> da<br />

doença periodontal<br />

Manutenção periódica na USF<br />

Paciente sem ativida<strong>de</strong> da<br />

doença<br />

Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

Escovação supervisionada<br />

Uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

Controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

81


2.3 CÂNCER BUCAL<br />

Introdução<br />

83<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer bucal no Brasil<br />

ocupa o 6º lugar entre o sexo masculino e o 7ª lugar entre as mulheres. O tipo histológico<br />

mais comum é o carcinoma <strong>de</strong> células escamosas (carcinoma espinocelular ou<br />

epi<strong>de</strong>rmoi<strong>de</strong>) que correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 95% dos cânceres que acometem a cavida<strong>de</strong><br />

bucal. O carcinoma <strong>de</strong> boca é uma doença multifatorial, apresentando fatores <strong>de</strong> risco como<br />

tabaco, álcool, exposição à radiação solar sem proteção, avitaminoses, imunossupressões<br />

(AIDS e outras formas), etc.<br />

O câncer bucal é uma <strong>de</strong>nominação que inclui várias localizações primárias <strong>de</strong><br />

tumor, incluindo os lábios, a mucosa bucal, gengiva, palato duro, língua, soalho da boca e<br />

área retromolar, além da orofaringe (úvula, palato mole e base da língua).<br />

Na cavida<strong>de</strong> bucal, excetuando-se a região dos lábios, com alta incidência <strong>de</strong><br />

tumores malignos, a língua e o soalho <strong>de</strong> boca são as localizações preferenciais <strong>de</strong><br />

ocorrência do câncer bucal.<br />

O câncer bucal tem sido reiteradamente <strong>de</strong>scrito como associado às <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<br />

sociais, apresentando incidência e mortalida<strong>de</strong> mais elevadas nos grupos <strong>de</strong> pior condição<br />

social.<br />

2.3.2 Fatores <strong>de</strong> risco mais comuns<br />

• Tabagismo<br />

É responsável pela gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> câncer, na forma <strong>de</strong> charuto,<br />

cigarro, cachimbo, cigarro <strong>de</strong> palha ou tabaco sem fumaça (fumo <strong>de</strong> mascar e rapé). Quanto<br />

mais a pessoa fuma maior será o risco. O uso regular <strong>de</strong> maconha também está associado<br />

ao câncer bucal. Estima-se que um terço da população <strong>de</strong> adultos no Brasil seja fumante. O<br />

tabagismo tem sido i<strong>de</strong>ntificado como sendo mais frequente em pessoas com renda mais<br />

baixa e menores possibilida<strong>de</strong>s educacionais.


• Etilismo<br />

O uso <strong>de</strong> bebida alcoólica, associado principalmente ao fumo, é um fator importante<br />

para o aparecimento <strong>de</strong>ssa doença. O alcoolismo, da mesma forma que o tabagismo, tem<br />

apresentado frequência mais elevada em áreas submetidas à privação social.<br />

• Ida<strong>de</strong><br />

É menos frequente o aparecimento <strong>de</strong>ssa doença antes dos 45 anos, após essa<br />

ida<strong>de</strong> a sua frequência aumenta, principalmente em fumantes.<br />

• Sexo<br />

Esse tipo <strong>de</strong> tumor acomete mais os homens do que as mulheres. Infelizmente<br />

essa situação está se alterando, <strong>de</strong>vido à mudança <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida das mulheres, <strong>de</strong><br />

acordo com o INCA.<br />

• Exposições ocupacionais<br />

Exposição frequente à luz solar, acometendo o lábio inferior. Afeta pessoas que<br />

trabalham em ambiente externo como agricultores, trabalhadores da construção civil,<br />

carteiros, agentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, estivadores, portuários, etc. A maneira <strong>de</strong> prevenir é evitar o<br />

sol entre as 10:00 e 16:00 horas. É importante o hábito <strong>de</strong> proteger com filtro solar ou uso<br />

<strong>de</strong> chapéu.<br />

Algumas ativida<strong>de</strong>s industriais submetem operários à exposição a substâncias<br />

químicas consi<strong>de</strong>radas carcinogênicas. Trabalhadores <strong>de</strong> oficinas mecânicas po<strong>de</strong>m<br />

apresentar risco mais elevado <strong>de</strong> câncer bucal e <strong>de</strong> orofaringe.<br />

• Outros fatores associados ao câncer bucal<br />

o Má higiene bucal<br />

o Hábitos alimentares ina<strong>de</strong>quados, <strong>de</strong>snutrição e imuno<strong>de</strong>pressão<br />

o Portadores <strong>de</strong> próteses mal adaptadas ou outra irritação crônica da mucosa<br />

bucal<br />

o Consumo excessivo e prolongado <strong>de</strong> bebidas quentes como o chimarrão<br />

o Predisposição genética<br />

84


Ressalta-se que as combinações <strong>de</strong> cigarro com álcool aumentam em 150 vezes as<br />

chances <strong>de</strong> uma pessoa <strong>de</strong>senvolver câncer <strong>de</strong> boca. O cigarro possui 4700 substâncias<br />

tóxicas, sendo que 60 são carcinogênicas. Essas substâncias penetram na mucosa e agem<br />

no DNA das células, fazendo com que elas se multipliquem <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada,<br />

formando os tumores.<br />

As bebidas alcoólicas também possuem substâncias tóxicas, como a nitrosamina e<br />

os hidrocarbonetos. O álcool, por ser solúvel, aumenta a permeabilida<strong>de</strong> das células da<br />

mucosa aos agentes carcinogênicos contidos no tabaco, o que explica a combinação fatal<br />

entre cigarro e bebida em excesso. Outro fator que não <strong>de</strong>ve ser ignorado, é que o<br />

alcoolismo costuma causar perda do apetite que resulta em <strong>de</strong>ficiências nutricionais,<br />

principalmente vitaminas A, C e E e complexo B, com isso diminui a imunida<strong>de</strong> e aumenta<br />

as chances <strong>de</strong> contaminação.<br />

Discreto, o câncer aparece em formas <strong>de</strong> pequenas lesões na boca ou manchas<br />

esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios. Se diagnosticado e tratado, na fase inicial, a<br />

chance <strong>de</strong> cura chega ao redor <strong>de</strong> 95% dos casos.<br />

Perfil <strong>de</strong> risco<br />

O conhecimento sobre os fatores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> boca orienta que este <strong>de</strong>ve<br />

ser procurado em toda população, principalmente nos indivíduos que apresentem exposição<br />

a um ou mais fatores. Resumidamente, esses indivíduos enquadram-se no seguinte perfil:<br />

• Ida<strong>de</strong> superior a 40 anos<br />

• Sexo masculino<br />

• Tabagistas crônicos<br />

• Etilistas crônicos<br />

• Má higiene bucal<br />

• Desnutridos e imuno<strong>de</strong>primidos<br />

• Portadores <strong>de</strong> próteses mal ajustadas ou que sofram <strong>de</strong> outra irritação crônica<br />

da mucosa bucal<br />

2.3.3 Diagnóstico precoce <strong>de</strong> lesões<br />

O diagnóstico precoce <strong>de</strong> lesões precursoras e do câncer <strong>de</strong> boca <strong>de</strong>ve ser uma<br />

ação <strong>de</strong>senvolvida sistematicamente pelas equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal na atenção básica. O<br />

estabelecimento do diagnóstico precoce é fundamental para que se assegurem medidas<br />

85


preventivas e um prognóstico favorável na abordagem da doença. A seguir, segue a<br />

<strong>de</strong>scrição das lesões <strong>de</strong> maior significado clínico para o câncer bucal.<br />

2.3.3.1 Lesões precursoras<br />

Lesões brancas<br />

Sua coloração acinzentada ou esbranquiçada contrasta com a coloração rósea-<br />

avermelhada da mucosa normal. As principais são:<br />

• Leucoplasia<br />

o Placa ou mancha esbranquiçada que não po<strong>de</strong> ser removida por raspagem<br />

o Lesões isoladas ou múltiplas<br />

o Geralmente indolor<br />

o Mais frequente entre homens com mais <strong>de</strong> 50 anos (70% dos casos), fumantes<br />

(80% dos casos)<br />

o Localização mais frequente: Bordas e face ventral da língua, soalho da boca e<br />

mucosa jugal<br />

o O diagnóstivo <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong>ve ser realizado através da biópsia<br />

o Aspecto clínico:<br />

� Lesões homogêneas: São homogeneamente esbranquiçadas, <strong>de</strong><br />

limites <strong>de</strong>finidos e superfície lisa ou levemente irregular. Representa o<br />

tipo mais comum <strong>de</strong> leucoplasia. Quando <strong>de</strong>tectada, <strong>de</strong>vem-se<br />

afastar, sempre que possível, os fatores que possam tê-la provocado<br />

(irritantes crônicos da mucosa)<br />

� Não homogêneas ou mosqueadas: Lesões <strong>de</strong> coloração variada<br />

po<strong>de</strong>ndo apresentar-se leve ou intensamente mosqueadas<br />

(intercaladas com pontilhado ou áreas vermelhas). Po<strong>de</strong>m ainda<br />

mostrar erosões em sua superfície e têm maior potencial <strong>de</strong><br />

malignização do que a forma homogênea<br />

o Prognóstico: Depen<strong>de</strong> principalmente das características histopatológicas,<br />

aspecto clínico, localização e da ida<strong>de</strong> do paciente (malignização é mais<br />

frequente nas ida<strong>de</strong>s mais avançadas). Risco <strong>de</strong> malignização é maior no soalho<br />

bucal e no ventre lingual. Ressalta-se que o aspecto histopatológico é<br />

fundamental para o diagnóstico, tratamento e prognóstico<br />

86


o O tabaco é um fator prepon<strong>de</strong>rante no <strong>de</strong>senvolvimento da leucoplasia, sendo a<br />

sua ação potencializada quando associado ao uso do álcool<br />

o A sífilis e as hipovitaminoses são os fatores gerais mais relacionados com a<br />

leucoplasia<br />

• Ceratose ou Queilite Actínica<br />

o Lesão comum no vermelhão do lábio inferior, principalmente <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong><br />

pele clara e em idosos, po<strong>de</strong>ndo apresentar-se clinicamente como área<br />

<strong>de</strong>scamativa, fina, esbranquiçada, eritematosa ou mesmo como ulcerações<br />

o Associada à exposição solar<br />

o Elevado potencial <strong>de</strong> transformação maligna<br />

• Líquen plano<br />

o Lesões frequentemente múltiplas, bilaterais, estriadas e mostram-se como placas<br />

esbranquiçadas, ocasionalmente erosadas. Têm um aspecto "rendilhado" <strong>de</strong><br />

linhas brancas, <strong>de</strong>nominado estrias <strong>de</strong> Wickham<br />

o Lesões po<strong>de</strong>m ser dolorosas ou não<br />

o Na maioria das vezes, po<strong>de</strong>m ser diagnosticadas clinicamente. Em caso <strong>de</strong><br />

dúvida, <strong>de</strong>ve-se recorrer à biópsia, sobretudo nas formas erosivas<br />

o Não há tratamento curativo, portanto, o portador do líquen plano <strong>de</strong>ve ser<br />

acompanhado por toda a sua vida<br />

o O potencial <strong>de</strong> malignização é controverso<br />

• Diagnóstico diferencial das lesões brancas<br />

o Candidíase pseudomembranosa (monilíase ou sapinho): Áreas brancas<br />

espessadas que, quando removidas, permitem a exposição da mucosa<br />

subjacente, hiperemiada. É causada pela proliferação intrabucal <strong>de</strong> Cândida<br />

albicans<br />

o Candidíase crônica hiperplásica: As lesões <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> candidíase são mais<br />

difíceis <strong>de</strong> serem diferenciadas das leucoplasias, visto que elas se acompanham<br />

<strong>de</strong> uma resposta hiperplásica da mucosa, que produz queratinização excessiva.<br />

As placas não po<strong>de</strong>m ser removidas pela raspagem da mucosa e o diagnóstico<br />

diferencial só po<strong>de</strong> ser feito por meio <strong>de</strong> biópsia. É um achado comum em<br />

indivíduos com exame imunológico positivo para HIV<br />

87


o Estomatite nicotínica: Pápulas esbranquiçadas com pontos avermelhados no<br />

centro, que ocasionalmente confluem em placas cortadas por sulcos ou fissuras,<br />

e frequentemente estão localizadas no palato mole e duro. Constituem em<br />

resposta individual mais intensa ao tabagismo e <strong>de</strong>vem ser diferenciadas das<br />

leucoplasias<br />

o Hiperqueratose irritativa: É uma hiperplasia da camada superficial <strong>de</strong> queratina<br />

provocada por trauma mecânico <strong>de</strong> baixa intensida<strong>de</strong> e se <strong>de</strong>senvolve na<br />

mucosa em resposta à irritação crônica. Apresenta-se como placas<br />

esbranquiçadas ou branco-acinzentadas, <strong>de</strong> forma, tamanho e localização<br />

variadas, superfície lisa, ondulada, pontilhada ou verrucosa, limites bem <strong>de</strong>finidos<br />

ou, por vezes, confundindo-se com a mucosa normal, aparecendo em locais on<strong>de</strong><br />

se encontra o fator irritante. Para o diagnóstico, a combinação do aspecto clínico<br />

da lesão e a história do paciente são sinais patognomônicos. O paciente <strong>de</strong>ve ser<br />

orientado a abolir o hábito ou fator causal. Com o tempo, a lesão <strong>de</strong>ve<br />

<strong>de</strong>saparecer. O diagnóstico diferencial <strong>de</strong>ve ser feito com a leucoplasia.<br />

Lesões vermelhas<br />

São aquelas que apresentam coloração mais avermelhada que a da mucosa<br />

normal da boca. As principais lesões vermelhas, consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> câncer, são as<br />

eritroplasias<br />

• Eritroplasia<br />

o Mancha ou placa <strong>de</strong> coloração vermelho escuro, brilhante, geralmente<br />

homogênea e bem <strong>de</strong>limitada e que não faz parte do quadro clínico <strong>de</strong> alguma<br />

doença já diagnosticada no indivíduo<br />

o Po<strong>de</strong> estar intercalada com algumas áreas leucoplásicas<br />

o Normalmente assintomática<br />

o Mais frequente no sexo masculino, acima <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

o Encontradas principalmente nos bordos da língua, soalho da boca, palato mole,<br />

mucosa alveolar<br />

o Mais raras que as leucoplasias, porém apresentam alto potencial <strong>de</strong><br />

cancerização. Em 90% dos casos, a eritroplasia é diagnosticada como displasia<br />

grave ou carcinoma<br />

o Diagnóstico diferencial<br />

88


• Nevos<br />

� Candidíase eritematosa: Placas vermelhas sem pontos brancos,<br />

frequentemente localizados no palato <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> prótese total<br />

superior, po<strong>de</strong>ndo ser encontradas também no dorso da língua e outros<br />

pontos da mucosa bucal<br />

� Líquen plano erosivo: Na forma erosiva geralmente apresenta-se como<br />

uma lesão avermelhada, que po<strong>de</strong> ser bilateralmente encontrada em<br />

qualquer região da mucosa bucal<br />

� Lúpus eritematoso: Na cavida<strong>de</strong> bucal, encontram-se lesões eritematosas<br />

na língua, palato e mucosa jugal, preferencialmente. As lesões po<strong>de</strong>m<br />

ulcerar, sangrar ou associar-se a áreas esbranquiçadas<br />

Áreas Pigmentadas<br />

o Lesões planas ou elevadas<br />

o Pigmentadas (marrom, cinza, azul ou preto)<br />

o Pequena dimensão<br />

o Raramente encontradas na boca<br />

o Locais <strong>de</strong> preferência: Orofaringe, palato e mucosa jugal<br />

o Traumatismo mecânico po<strong>de</strong> aumentar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação maligna<br />

em melanoma<br />

o Exigem observação constante<br />

o Diagnóstico diferencial: Mácula melanocítica, tatuagem por amálgama,<br />

melanoma<br />

2.3.3.2 Lesões malígnas<br />

• Carcinoma epi<strong>de</strong>rmoi<strong>de</strong><br />

Dos cânceres que ocorrem na boca, 95% referem-se ao carcinoma epi<strong>de</strong>rmoi<strong>de</strong>,<br />

espinocelular ou <strong>de</strong> células escamosas.<br />

Características<br />

o Úlcera <strong>de</strong> consistência e base endurecida, raramente apresentando consistência<br />

mole<br />

89


o Fundo granuloso e grosseiro<br />

o Bordas elevadas circundando a lesão<br />

o As lesões po<strong>de</strong>m ser ulceradas, nodulares e vegetantes<br />

o A palpação cuidadosa das áreas em torno da úlcera é importante para <strong>de</strong>tectar<br />

endurecimento e propagação do tumor<br />

o Dissemina-se através dos linfonodos do pescoço, daí a importância <strong>de</strong> se<br />

inspecionar e palpar <strong>de</strong>tidamente essa região<br />

o Geralmente assintomático, fator que dificulta o diagnóstico, pois ten<strong>de</strong>m a ser<br />

pouco valorizadas pelo indivíduo acometido<br />

o As ulcerações em meio a uma área branca revelam um sinal <strong>de</strong> alerta, sugerindo<br />

uma transformação malígna <strong>de</strong>sta área<br />

o Diagnóstico diferencial: Tuberculose, Leishmaniose e a Paracoccidioidomicose<br />

o Áreas <strong>de</strong> maior risco<br />

� Lábio inferior: Pele e vermelhão<br />

� Língua: Borda posterior e superfície ventral<br />

� Assoalho <strong>de</strong> boca<br />

� Palato mole<br />

� Úvula<br />

� Pilar tonsilar<br />

� Trígono retromolar<br />

• Tumores <strong>de</strong> glândulas salivares<br />

• Sarcomas<br />

o Tumores nodulares, <strong>de</strong> evolução lenta e assintomática, <strong>de</strong>limitados, e que se<br />

ulceram somente quando atingem gran<strong>de</strong> volume<br />

o Localização mais frequente: Palato mole e na parte interna do lábio, on<strong>de</strong> se<br />

situam em gran<strong>de</strong> número as glândulas salivares menores<br />

o O diagnóstico diferencial dos tumores <strong>de</strong> glândula salivar só po<strong>de</strong> ser feito por<br />

meio da biópsia<br />

o Maior incidência no sexo feminino<br />

o São raros na boca<br />

o Origem mesenquimatosa<br />

o Muito vascularizados<br />

o Evolução rápida<br />

90


• Melanoma<br />

o Maior frequência em crianças e nos adultos jovens<br />

o Extrema gravida<strong>de</strong><br />

o Metástase ocorre por via hematogênica, alcançando principalmente os pulmões<br />

o Neoplasia muito rara na boca<br />

o Alta malignida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong><br />

o Mancha isolada, acastanhada, azul acinzentada ou negra<br />

o Localização mais frequente na boca: Rebordos alveolares, palato ou gengivas<br />

o Deve ser sempre investigada, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo <strong>de</strong> evolução<br />

o A presença <strong>de</strong> áreas pigmentadas na boca é natural em indivíduos negros e<br />

mulatos, sendo difusas pela mucosa bucal<br />

o Diagnóstico diferencial: Mácula melanocítica, tatuagem por amálgama e o nevo<br />

2.3.4 Exame clínico<br />

O exame clínico da boca não requer instrumentos especiais e <strong>de</strong>ve ser realizado<br />

em todos os indivíduos, sobretudo nos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> risco para o câncer bucal, com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>scobrirem lesões precursoras do câncer ou lesões malignas em suas<br />

fases iniciais.<br />

Condições e materiais necessários<br />

• Sequência<br />

• Iluminação natural ou fonte <strong>de</strong> luz direta<br />

• Espelho bucal, abaixadores <strong>de</strong> língua ou espátulas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

• Luvas (<strong>de</strong> látex ou <strong>de</strong> plástico)<br />

• Compressas <strong>de</strong> gaze ou lenços <strong>de</strong> papel<br />

A inspeção das estruturas da cavida<strong>de</strong> bucal tem por objetivo observar o volume ou<br />

o contorno das mesmas, cor e a textura da mucosa <strong>de</strong> revestimento, em busca <strong>de</strong><br />

anormalida<strong>de</strong>s como as já <strong>de</strong>scritas.<br />

91


Inspeção geral<br />

o Retirar próteses removíveis para possibilitar o acesso a toda a mucosa<br />

o Solicitar à pessoa que lave a boca<br />

o Realizar o exame com a pessoa sentada, <strong>de</strong> frente para o examinador, ambos no<br />

mesmo plano<br />

o Inspecionar a face e o pescoço, observando presença <strong>de</strong> sinais, manchas,<br />

assimetrias e <strong>de</strong> feridas que sangram ou não cicatrizam<br />

Inspeção da boca<br />

o Lábios (primeiro fechados e <strong>de</strong>pois abertos): Visualizar a coloração e a linha <strong>de</strong><br />

contato dos mesmos<br />

o Com o auxílio do espelho bucal, afastadores, espátulas ou <strong>de</strong>dos enluvados,<br />

expor a mucosa da face interna dos lábios e da face vestibular do rebordo<br />

gengival e examinar as estruturas superiores e inferiores<br />

o Examinar a mucosa jugal <strong>de</strong> cada lado, indo das comissuras labiais até as<br />

áreas retromolares e do sulco gengivo jugal inferior ao superior, bilateralmente.<br />

Na sequência, examinar a mucosa interna dos lábios superior e inferior<br />

o Solicitar que o paciente ponha a língua para fora, movendo-a para cima e para<br />

baixo e que toque o palato com a ponta da mesma<br />

o Segurar a ponta da língua com uma compressa <strong>de</strong> gaze ou lenço <strong>de</strong> papel,<br />

afastar a bochecha com um espelho ou espátula e movimentar a língua para a<br />

direita e esquerda, a fim <strong>de</strong> examinar suas bordas<br />

o Examinar o soalho da boca até a altura do último molar e a face lingual do<br />

rebordo gengival, <strong>de</strong> ambos os lados<br />

o Solicitar ao indivíduo que recline a cabeça para trás, abrindo a boca totalmente,<br />

a fim <strong>de</strong> visualizar o palato duro e a face palatina do rebordo gengival, <strong>de</strong><br />

ambos os lados. Examinar o palato mole, as lojas e os pilares amigdalianos<br />

o Rebaixar a língua com espátula, espelho ou abaixador e examinar seu dorso<br />

o Solicitar que o indivíduo pronuncie a vogal A longamente, para melhor<br />

exposição daquelas estruturas<br />

92


Palpação das estruturas bucais<br />

Após a inspeção dos lábios e da cavida<strong>de</strong> bucal, <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r à sua palpação,<br />

a fim <strong>de</strong> que se <strong>de</strong>finam melhor as características <strong>de</strong> consistência, sensibilida<strong>de</strong>, limites,<br />

mobilida<strong>de</strong> e textura da superfície das áreas.<br />

o Usando luva, palpar os lábios em suas faces externa e interna, assim como a<br />

mucosa jugal <strong>de</strong> ambos os lados<br />

o Depois, uma mão traciona a língua pela ponta, envolvida em gaze ou lenço <strong>de</strong><br />

papel, e o <strong>de</strong>do indicador da outra mão a palpa em toda a sua extensão,<br />

especialmente a sua base<br />

o Com os <strong>de</strong>dos indicadores (um <strong>de</strong>ntro e o outro fora da boca), buscar<br />

anormalida<strong>de</strong> nos tecidos moles do soalho bucal, nas glândulas salivares<br />

submandibulares, e no contorno da mandíbula<br />

o Com o indivíduo mantendo a boca totalmente aberta e a cabeça inclinada para<br />

trás, palpar o palato duro. Depois, com o indivíduo mantendo a boca fechada,<br />

palpar os linfonodos submandibulares e submentonianos<br />

Palpação do pescoço<br />

Proce<strong>de</strong>r à palpação das ca<strong>de</strong>ias linfáticas da veia jugular, fossa supraclavicular e<br />

espinhal, à procura <strong>de</strong> linfonodos suspeitos.<br />

2.3.5 Autoexame <strong>de</strong> boca<br />

Uma estratégia auxiliar para o diagnóstico do câncer da boca em fase inicial é o<br />

autoexame da boca. Ele po<strong>de</strong> ser ensinado nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação comunitária, em<br />

uma linguagem fácil e acessível à população. É um método simples, bastando para a sua<br />

realização um ambiente bem iluminado e um espelho.<br />

Técnica<br />

• Lavar a boca, remover próteses<br />

• Observar a pele do rosto e pescoço<br />

• Puxar com os <strong>de</strong>dos o lábio inferior para baixo, expondo sua parte interna.<br />

Palpar. Fazer o mesmo com lábio superior<br />

• Com a ponta do indicador, afastar a bochecha e examinar sua parte interna<br />

• Fazer isto dos dois lados<br />

93


• Colocar indicador por baixo da língua e o polegar da mesma mão por baixo do<br />

queixo e palpar<br />

• Inclinar a cabeça e dizer ÁÁÁÁÁ...<br />

• Pôr a língua para fora e observá-la toda<br />

• Esticar a língua com um pedaço <strong>de</strong> pano e palpar<br />

• Examinar o pescoço, comparar os lados<br />

• Colocar polegar embaixo do queixo e palpar todo o contorno<br />

O que procurar<br />

• Mudanças na aparência dos lábios e parte interna da boca<br />

• Endurecimentos<br />

• Caroços<br />

• Lesões<br />

• Sangramento<br />

• Inchações<br />

• Áreas dormentes<br />

• Dentes amolecidos ou quebrados<br />

O paciente <strong>de</strong>ve ser estimulado a fazer o autoexame regularmente e a procurar um<br />

CD ou um médico para a realização do exame clínico da boca anualmente.<br />

2.3.6 Tratamento do Câncer <strong>Bucal</strong><br />

• Depen<strong>de</strong> do estadiamento clínico (TNM) 18<br />

• A cirurgia, a radioterapia e, em casos selecionados, a quimioterapia são, <strong>de</strong><br />

forma isolada ou associadas, os métodos terapêuticos aplicáveis ao câncer<br />

bucal<br />

• Lesões iniciais (restritas ao local <strong>de</strong> origem, sem extensão a tecidos ou a<br />

linfonodos regionais): Cirurgia ou radioterapia, pois ambas apresentam<br />

resultados semelhantes, expressos por um bom prognóstico<br />

• Demais lesões, se operáveis: Cirurgia associada ou não à radioterapia<br />

18 Classificação dos tumores malignos:<br />

T – Tumor – extensão<br />

N – Nódulos ou gânglios linfáticos<br />

M - Metástase<br />

94


• No caso <strong>de</strong> linfonodomegalia metastática associada: Esvaziamento cervical do<br />

lado afetado. O prognóstico do caso é bastante reservado<br />

• Casos avançados: Quimioterapia para redução do tumor e posterior tratamento<br />

pela radioterapia ou cirurgia. Prognóstico é extremamente grave<br />

Acompanhamento clínico do paciente em tratamento <strong>de</strong> câncer bucal:<br />

Reportar-se ao Capítulo 4, item 4.12.<br />

Ações para a prevenção, diagnóstico e controle do câncer bucal na USF<br />

No Quadro 11 estão listadas ações visando a promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, estímulo à<br />

adoção <strong>de</strong> hábitos saudáveis <strong>de</strong> vida, prevenção, diagnóstico precoce e controle do câncer<br />

bucal na área <strong>de</strong> abrangência da USF.<br />

95


Ações<br />

Ações <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

prevenção<br />

• Reuniões educativas periódicas<br />

(palestras, grupos <strong>de</strong> reflexão, mostra<br />

<strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os, etc.) sobre o câncer,<br />

visando:<br />

o Motivação e conscientização<br />

para o autocuidado<br />

o Difusão do autoexame da<br />

boca<br />

o Eliminação dos fatores <strong>de</strong><br />

risco<br />

• Ações <strong>de</strong> restrição ao fumo<br />

o Educação <strong>de</strong> escolares<br />

o Educação específica dos<br />

fumantes<br />

• Integração da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

aos programas <strong>de</strong> controle do<br />

tabagismo, etilismo e outras ações <strong>de</strong><br />

proteção e prevenção do câncer<br />

• Inclusão do tema nas ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

• Vigilância à saú<strong>de</strong> dos usuários<br />

o I<strong>de</strong>ntificação dos indivíduos<br />

<strong>de</strong> risco<br />

o Exame bucal para diagnóstico<br />

<strong>de</strong> lesões precursoras ou<br />

patologia já instalada nestes<br />

indivíduos<br />

o Estímulo ao exame<br />

sistemático <strong>de</strong> boca por todos<br />

os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da<br />

USF<br />

• Encaminhamento ao nível secundário<br />

<strong>de</strong> casos suspeitos<br />

Profissionais<br />

possivelmente<br />

envolvidos<br />

• CD, TSB, ASB<br />

• Médico<br />

• Enfermeiro<br />

• Auxiliar <strong>de</strong><br />

enfermagem<br />

• ACS<br />

• Profissionais da<br />

equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

da USF e do NASF<br />

Na USF<br />

Locais<br />

• Prestação <strong>de</strong> cuidados gerais <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> bucal na USF<br />

Quadro 11 - Ações para a prevenção, diagnóstico e controle do câncer bucal na USF<br />

96<br />

• Clínica odontológica<br />

• Consultório médico<br />

• Sala <strong>de</strong> espera ou <strong>de</strong><br />

reunião<br />

• Demais <strong>de</strong>pendências<br />

• Grupos operativos<br />

existentes<br />

Fora da USF<br />

• Domicílios<br />

• Igrejas<br />

• Centros comunitários<br />

• Sindicatos<br />

• Fábricas e indústrias<br />

• Supermercados<br />

• Oficinas mecânicas<br />

• Construção civil<br />

• Demais estabelecimentos<br />

comerciais<br />

• Quartéis (exército, polícia<br />

militar, corpo <strong>de</strong><br />

bombeiros)<br />

• Presídios


Na atenção individual, sempre orientar o indivíduo quanto a:<br />

• Eliminação do consumo <strong>de</strong> tabaco e <strong>de</strong> bebidas alcoólicas<br />

• Redução da exposição prolongada ao sol (uso <strong>de</strong> chapéu, protetor solar,<br />

etc.)<br />

• Realização exame odontológico <strong>de</strong> rotina e autoexame bucal periódico<br />

• Manutenção da higiene bucal<br />

• Controle da prótese quanto à higiene, adaptação e durabilida<strong>de</strong><br />

Encaminhamento dos casos suspeitos<br />

Paciente com lesão (ferida) na boca há mais <strong>de</strong> 15 dias ou com suspeita da<br />

doença, <strong>de</strong>ve ser avaliado pelo CD da USF e, conforme a hipótese diagnóstica da lesão, ser<br />

encaminhado para o CEO e/ou Disciplina <strong>de</strong> Estomatologia no Centro Odontológico<br />

Universitário (COU/UEL).<br />

97


Não<br />

Com lesão<br />

Fluxograma 4 - Câncer bucal<br />

I<strong>de</strong>ntificação do paciente <strong>de</strong> risco<br />

• > 40 anos<br />

• Sexo masculino<br />

• Tabagistas crônicos<br />

• Etilistas crônicos<br />

• Má higiene bucal<br />

• Desnutridos e imuno<strong>de</strong>primidos<br />

• Portadores <strong>de</strong> próteses mal ajustadas<br />

• Consumo excessivo e prolongado <strong>de</strong> chimarrão<br />

Eliminação dos agentes<br />

causadores<br />

Houve regressão da lesão?<br />

Referência para<br />

especialida<strong>de</strong><br />

CEO<br />

Semiologia UEL<br />

Sim<br />

Manutenção periódica na USF<br />

Sem lesão<br />

98


BIBLIOGRAFIA<br />

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<strong>Manual</strong>, p. 2628, 2006-2007.<br />

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2006. Disponível em:<br />

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99


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HEBLING, E. Prevenção das doenças periodontais. In PEREIRA, A. C (Org).<br />

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. Acesso em: 18 setembro 2008.<br />

CAVEZZI JR, O. Uso <strong>de</strong> antibióticos na terapêutica periodontal. Disponível em:<br />

. Acesso em: 18<br />

setembro 2008.


CAPÍTULO 3<br />

ATENÇAO ODONTOLÓGICA POR CICLO DE VIDA<br />

101


3.1 ATENÇÃO AO BEBÊ<br />

3. ATENÇAO ODONTOLÓGICA POR CICLO DE VIDA<br />

3.1.1 Acesso à Atenção Odontológica<br />

103<br />

Luiz Reynaldo <strong>de</strong> Figueiredo Walter<br />

Antônio Ferelle<br />

Cássia Cilene Dezan Garbelini<br />

Leila Maria Cesário Pereira Pinto<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Eliane Aparecida Azeredo<br />

Domingos Alvanhan<br />

Todas as crianças resi<strong>de</strong>ntes na área <strong>de</strong> abrangência da USF, com ida<strong>de</strong> entre 0 a<br />

36 meses, <strong>de</strong>verão ter atendimento odontológico priorizado e garantido pela clínica<br />

odontológica. As possíveis vias <strong>de</strong> acesso do bebê ao atendimento programado na USF<br />

são:<br />

educativa.<br />

• Maternida<strong>de</strong> Municipal – Recém-nascido (RN) encaminhado ao programa<br />

odontológico pela TSB da Maternida<strong>de</strong> Municipal, após receber orientações <strong>de</strong><br />

cuidados com saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Visita domiciliar<br />

• Puericultura<br />

• Programa <strong>de</strong> vacinação<br />

• Pediatria<br />

• Atendimento odontológico à gestante<br />

• Demanda espontânea<br />

Ao chegar à clínica, o responsável terá agendado um dia para participar da reunião


3.1.2 Reunião Educativa<br />

Objetivo<br />

Fornecer/transmitir conhecimentos básicos a respeito <strong>de</strong> meios e métodos <strong>de</strong><br />

prevenção em saú<strong>de</strong> bucal nos primeiros anos <strong>de</strong> vida aos pais/responsáveis.<br />

Periodicida<strong>de</strong><br />

A reunião <strong>de</strong>verá ser realizada no mínimo mensalmente.<br />

Tempo <strong>de</strong> duração<br />

• Parte informativa/educativa da reunião: Sugere-se uma duração aproximada <strong>de</strong> 60<br />

minutos, com tempo livre para <strong>de</strong>bate<br />

• Ativida<strong>de</strong>s complementares (agendamento, registro da criança, etc.): Depen<strong>de</strong>rá do<br />

número <strong>de</strong> participantes e da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionais disponíveis. Sugere-se que<br />

se reservem 60 minutos adicionais<br />

• A pontualida<strong>de</strong> da equipe e dos pais é um aspecto importante a ser observado para<br />

que haja melhor aproveitamento da ativida<strong>de</strong><br />

• É recomendável que os responsáveis sejam avisados no momento <strong>de</strong> agendamento<br />

da reunião sobre o horário <strong>de</strong> início (tolerando-se um atraso <strong>de</strong> aproximadamente 15<br />

minutos) e o tempo <strong>de</strong> duração da mesma<br />

• Sugerir aos pais que não levem a criança à reunião, po<strong>de</strong>ndo-se abrir exceção para<br />

RN e casos particulares que surgirem<br />

• Solicitar ao responsável que compareça à reunião com registro <strong>de</strong> nascimento da<br />

criança e comprovante <strong>de</strong> residência, sempre que possível<br />

Horário e local<br />

Serão <strong>de</strong>finidos pela equipe, consi<strong>de</strong>rando as diferentes realida<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong>rão ser<br />

realizadas <strong>de</strong>ntro ou fora da USF, em locais que comportem confortavelmente um grupo <strong>de</strong><br />

pessoas (sala <strong>de</strong> reunião, sala <strong>de</strong> espera da odontologia, centro <strong>de</strong> educação infantil,<br />

escola, associação <strong>de</strong> bairro, salão paroquial ou comunitário, etc.).<br />

104


Número <strong>de</strong> participantes<br />

Sugerem-se grupos pequenos, com aproximadamente 15 participantes, para<br />

melhor aproveitamento pelos pais, po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da realida<strong>de</strong> e necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cada USF.<br />

Durante a abordagem do conteúdo educativo, procurar estabelecer um clima<br />

agradável e <strong>de</strong>scontraído que favoreça a participação dos envolvidos através <strong>de</strong> perguntas,<br />

exposição <strong>de</strong> experiências pessoais ou <strong>de</strong> dúvidas mais frequentes. A metodologia utilizada<br />

po<strong>de</strong> variar, po<strong>de</strong>ndo-se realizar reuniões que permitam a participação espontânea dos<br />

participantes ou palestras estruturadas. Estas últimas po<strong>de</strong>m, muitas vezes, inibir a<br />

participação dos pais e responsáveis.<br />

Segue abaixo, uma lista <strong>de</strong> temas que po<strong>de</strong>rão ser abordados durante as reuniões.<br />

Ressalta-se, entretanto, que nem todos os itens precisam ser obrigatoriamente discutidos,<br />

<strong>de</strong>vendo-se estar atento para o tempo <strong>de</strong> duração da reunião, grau <strong>de</strong> interesse e <strong>de</strong><br />

participação da população alvo.<br />

• Introdução<br />

o Objetivos da reunião<br />

o Apresentação da equipe<br />

o Rotina do programa, faixa etária <strong>de</strong> atendimento e área <strong>de</strong> abrangência<br />

105<br />

o Funcionamento da clínica: Normas, horários <strong>de</strong> agendamento,<br />

esterilização, dinâmica <strong>de</strong> trabalho e procedimentos clínicos<br />

o Objetivos do atendimento às crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses<br />

• Importância da saú<strong>de</strong> bucal<br />

o Saú<strong>de</strong> x Doença – relação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal com saú<strong>de</strong> geral<br />

o Pais/responsáveis como promotores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong> seus filhos<br />

o Importância <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes saudáveis<br />

o Maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ter <strong>de</strong>ntição permanente sadia<br />

• Amamentação<br />

o Importância<br />

o Benefícios<br />

o Orientações


o Amamentação e <strong>de</strong>senvolvimento facial<br />

o Período <strong>de</strong> amamentação exclusiva<br />

o Processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smame<br />

• Dentes <strong>de</strong>cíduos<br />

o O que são e quantos são<br />

o Cronologia da erupção<br />

o Problemas relacionados à erupção<br />

106<br />

o Suas funções: Mastigação, estética, fonética, manter espaço, guia <strong>de</strong><br />

erupção<br />

o Cor do <strong>de</strong>nte sem biofilme <strong>de</strong>ntal (limpo) x cor do <strong>de</strong>nte com biofilme<br />

• Hábitos bucais<br />

<strong>de</strong>ntal (sujo) – ensinar a i<strong>de</strong>ntificar biofilme <strong>de</strong>ntal visível<br />

o Chupeta<br />

o Dedo<br />

o Mama<strong>de</strong>ira<br />

o Possíveis relações com a maloclusão<br />

• Doença Cárie<br />

o O que é<br />

o Qual a sua causa<br />

o Quando inicia<br />

o Sinais e sintomas: dor, mancha branca, cavida<strong>de</strong> e sua evolução<br />

o Enfoque à cárie precoce <strong>de</strong> infância (cárie <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira)<br />

o Transmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> micro-organismos cariogênicos e como evitá-la<br />

o Como i<strong>de</strong>ntificar o biofilme <strong>de</strong>ntal visível<br />

• Fatores <strong>de</strong> risco, quais são?<br />

o Ausência <strong>de</strong> higienização/escovação antes <strong>de</strong> dormir<br />

o Consumo elevado <strong>de</strong> açúcar<br />

o Mamada noturna<br />

o Presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal visível


• Prevenção<br />

107<br />

o Crianças com necessida<strong>de</strong>s especiais (doenças sistêmicas) – maior<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> higienização e características da alimentação<br />

o Higienização (limpeza/escovação/fio <strong>de</strong>ntal)<br />

o Controle <strong>de</strong> dieta alimentar, incluindo mamadas noturnas e ingestão <strong>de</strong><br />

açúcar<br />

o Flúor e cariostático<br />

o Selante<br />

• Outros (a critério da equipe responsável)<br />

Sempre que possível, utilizar materiais didáticos para reforço e melhor<br />

compreensão dos pontos principais (fol<strong>de</strong>rs, cartazes, fotos, álbum seriado, etc.).<br />

O final da reunião po<strong>de</strong>rá ser utilizado para agendamento, preenchimento <strong>de</strong> ficha<br />

clínica odontológica, etc. O primeiro atendimento clínico <strong>de</strong>verá ocorrer em data mais<br />

próxima possível (em 30 dias). Sugere-se reservar os últimos horários <strong>de</strong> cada período na<br />

clínica para o agendamento dos mesmos, tanto no período matutino quanto no vespertino.<br />

tópico.<br />

3.1.3 Atendimento Clínico Individualizado<br />

• Primeiro passo: Registro do bebê<br />

Caso este passo tenha sido realizado na reunião educativa, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar este<br />

• Segundo passo: Preenchimento da anamnese<br />

Para o preenchimento da anamnese, a criança <strong>de</strong>verá estar acompanhada por um<br />

dos seus pais ou pela pessoa responsável por ele. Caso este passo tenha sido realizado na<br />

reunião educativa, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar este tópico.<br />

• Terceiro passo: Orientações individualizadas<br />

A partir dos dados coletados na anamnese, orientações individualizadas serão<br />

dadas ao responsável, conforme as necessida<strong>de</strong>s apresentadas pelo paciente. Reforçar


orientações transmitidas na reunião educativa, relacionando-as com a fase do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do bebê, conforme <strong>de</strong>scrito abaixo:<br />

o RN ou criança até 6 meses <strong>de</strong> vida: Aleitamento materno exclusivo, hábitos <strong>de</strong><br />

sucção não nutritivos, erupção <strong>de</strong>ntária e possíveis alterações relacionadas a este<br />

processo, introdução gradativa <strong>de</strong> higiene da cavida<strong>de</strong> bucal, etc.<br />

o Criança com mais <strong>de</strong> 6 meses: Controle <strong>de</strong> dieta, principalmente da mamada noturna<br />

após erupção <strong>de</strong>ntária, higienização bucal e controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal, uso <strong>de</strong><br />

fluoretos para aumento da resistência dos <strong>de</strong>ntes, hábitos <strong>de</strong>letérios, etc.<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

o Procurar estabelecer um clima <strong>de</strong>scontraído, pois este é um momento importante<br />

para que se concretize o acolhimento do usuário e também para que se crie um<br />

vínculo <strong>de</strong> confiança e corresponsabilida<strong>de</strong> entre as partes<br />

o As primeiras orientações não <strong>de</strong>vem ser dadas com a criança na MACRI, no colo do<br />

CD ou na ca<strong>de</strong>ira odontológica, pois este é um momento importante<br />

o Elogiar os pontos positivos antes das primeiras correções<br />

o Sempre ouvir o que o responsável tem a dizer, analisar a situação e orientar <strong>de</strong><br />

maneira construtiva<br />

• Quarto passo: Exame clínico<br />

Após as primeiras explicações, colocar a criança na MACRI (quando esta não<br />

estiver disponível, utilizar a técnica joelho a joelho ou a ca<strong>de</strong>ira odontológica) e realizar:<br />

o Exame físico geral: Observar se o aspecto geral da criança está <strong>de</strong> acordo com sua<br />

faixa <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento, como, por exemplo: Peso, estatura,<br />

locomoção, linguagem, entre outros. Encaminhar para avaliação <strong>de</strong> enfermagem ou<br />

médica suspeitas <strong>de</strong> <strong>de</strong>svios ou anormalida<strong>de</strong>s<br />

o Exame <strong>de</strong> cabeça e pescoço: Além do tamanho, forma e simetria das estruturas,<br />

observar olhos, pálpebras, face, Articulação Têmporo-Mandibular (ATM), pescoço.<br />

Encaminhar para avaliação <strong>de</strong> enfermagem ou médica suspeitas <strong>de</strong> <strong>de</strong>svios ou<br />

anormalida<strong>de</strong>s<br />

o Exame intrabucal: Examinar cuidadosamente a cavida<strong>de</strong> bucal, incluindo lábios,<br />

vestíbulo, freio labial, mucosa jugal e labial, ro<strong>de</strong>tes gengivais, palatos duro e mole,<br />

língua, freio lingual, soalho <strong>de</strong> boca e, por fim, os <strong>de</strong>ntes, se já estiverem presentes.<br />

108<br />

Anotar no odontograma, com a respectiva data, quais <strong>de</strong>ntes estão presentes, as


lesões <strong>de</strong> cárie, quando encontradas e eventuais restaurações. As alterações e<br />

patologias que eventualmente possam ser diagnosticadas <strong>de</strong>verão ser registradas na<br />

ficha clínica odontológica<br />

o Demonstrar como o responsável <strong>de</strong>verá higienizar a boca ou limpar/escovar os<br />

<strong>de</strong>ntes. O profissional <strong>de</strong>monstra na criança os procedimentos <strong>de</strong> limpeza, po<strong>de</strong>ndo<br />

solicitar ao responsável que os realize também a fim <strong>de</strong> que possíveis falhas possam<br />

ser corrigidas<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Nesta fase, estabelece-se a interação entre o responsável e o profissional e <strong>de</strong>ve-se<br />

enfatizar que a eliminação do risco e a manutenção da saú<strong>de</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

unicamente do fato do bebê frequentar a clínica<br />

• As orientações <strong>de</strong>verão ser transmitidas <strong>de</strong> forma simples, i<strong>de</strong>ntificando-se o grau <strong>de</strong><br />

interesse do responsável<br />

• O trabalho educativo é o alicerce principal da atenção odontológica precoce e, por<br />

isso, em todos os retornos da criança, <strong>de</strong>ve-se reforçar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle<br />

caseiro dos fatores <strong>de</strong> risco<br />

• É imprescindível saber ouvir e respeitar as dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pelos pais<br />

quanto à aplicabilida<strong>de</strong> das orientações recebidas<br />

• Ensinar, nas consultas <strong>de</strong> retorno, a i<strong>de</strong>ntificar o biofilme <strong>de</strong>ntal visível<br />

• Estar atento a sinais <strong>de</strong> maus tratos à criança no que se refere à violência física,<br />

psicológica, sexual, negligência ou omissão <strong>de</strong> cuidados<br />

• Para maiores informações reportar-se ao Capítulo 9<br />

3.1.4 Determinação dos Fatores <strong>de</strong> Risco <strong>de</strong> Cárie<br />

A <strong>de</strong>terminação do risco <strong>de</strong> cárie do bebê é realizada através da anamnese e do<br />

exame clínico, i<strong>de</strong>ntificando-se fatores que possam estar associados com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cárie e que sejam passíveis <strong>de</strong> alteração através <strong>de</strong> medidas que<br />

interfiram no comportamento dos envolvidos.<br />

A presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal visível é o fator <strong>de</strong>terminante para a classificação <strong>de</strong><br />

alto risco <strong>de</strong> cárie e os <strong>de</strong>mais fatores são indicativos, conforme os itens listados no Quadro<br />

12. Sempre realizar nova avaliação do risco <strong>de</strong> cárie nas manutenções.<br />

109


Risco<br />

Fatores<br />

• Ausência <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal visível<br />

• Escovação ou higienização bucal diária, antes <strong>de</strong> dormir, realizada pelos pais ou<br />

responsável, incluindo utilização <strong>de</strong> fio <strong>de</strong>ntal, quando indicado<br />

• Criança não dorme mamando no peito ou mama<strong>de</strong>ira, não mama para dormir (sem limpar<br />

os <strong>de</strong>ntes) e não mama durante a noite, quando já apresenta <strong>de</strong>ntes erupcionados<br />

• Frequência diária <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos sólidos ou líquidos entre as refeições<br />

BAIXO •<br />

principais (café da manhã, almoço e jantar) menor que 2 vezes<br />

Frequência diária <strong>de</strong> amamentação ou uso <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira menor que seis vezes quando<br />

já iniciou a erupção <strong>de</strong>ntária<br />

• Utilização <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira até no máximo dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

• Ausência <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> precoce (mãe, irmãos ou cuidador sem lesões <strong>de</strong> cárie)<br />

• Ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes fusionados, hipocalcificados, com hipoplasia e <strong>de</strong>feitos congênitos<br />

• Ausência <strong>de</strong> doenças sistêmicas ou necessida<strong>de</strong>s especiais<br />

• Presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal visível<br />

• Escovação ou higienização bucal diária, antes <strong>de</strong> dormir, não é realizada<br />

• Criança dorme mamando e/ou mama para dormir, inclusive durante a noite, sem limpeza<br />

e apresenta <strong>de</strong>ntes erupcionados<br />

ALTO • Frequência diária <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos sólidos ou líquidos entre as refeições<br />

principais (café da manhã, almoço e jantar) maior que 2 vezes<br />

• Frequência diária <strong>de</strong> amamentação ou uso <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira maior que seis vezes,<br />

apresentando <strong>de</strong>ntes erupcionados<br />

• Utilização <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira acima dos dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

• Presença <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> precoce (mãe, irmãos ou cuidador com lesões <strong>de</strong> cárie)<br />

• Presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes fusionados, hipocalcificados, com hipoplasia e <strong>de</strong>feitos congênitos<br />

• Presença <strong>de</strong> doenças sistêmicas ou necessida<strong>de</strong>s especiais<br />

Adaptado <strong>de</strong> Bebê Clínica/UEL – 2007<br />

Quadro 12 – Classificação Segundo o Risco <strong>de</strong> Cárie<br />

3.1.5 Tratamento Educativo/Preventivo <strong>de</strong> Cárie<br />

Compõe-se <strong>de</strong>:<br />

• Reversão dos fatores <strong>de</strong> risco<br />

• Aumento da resistência <strong>de</strong>ntária<br />

• Tratamento <strong>de</strong> choque<br />

• Tratamento <strong>de</strong> manutenção clínico e caseiro<br />

3.1.5.1 Reversão dos fatores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> cárie<br />

Objetivos: Reversão/controle dos fatores negativos associados com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> carie <strong>de</strong>ntária.<br />

110


Estratégias<br />

• Instituir hábitos <strong>de</strong> limpeza ou escovação<br />

• Controlar a dieta e aleitamento noturno<br />

111<br />

• Diminuir possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> micro-organismos<br />

cariogênicos<br />

3.1.5.2 Aumento da resistência <strong>de</strong>ntária<br />

Será feito através da utilização <strong>de</strong> fluoretos<br />

Estratégias<br />

• Aplicação clínica <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,2%, verniz com flúor e/ou diamino<br />

fluoreto <strong>de</strong> prata 30%<br />

• Aplicação caseira <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02%, pelo menos uma vez ao dia<br />

3.1.5.3 Tratamento <strong>de</strong> choque<br />

Terapia intensiva para controle dos fatores <strong>de</strong> risco e aumento da resistência dos<br />

<strong>de</strong>ntes, através do uso <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,2%, verniz com flúor ou diamino<br />

fluoreto <strong>de</strong> prata 30%.<br />

rápida.<br />

Objetivos: Eliminar fatores geradores da cárie e aumentar a resistência <strong>de</strong> forma<br />

Estratégias<br />

• Limpeza e controle rigoroso do biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Reforço educativo<br />

• Aplicação intensiva <strong>de</strong> fluoretos (3 a 4 sessões)<br />

3.1.5.4 Tratamento <strong>de</strong> manutenção<br />

• Clínico: Realizado na clínica odontológica com intervalo <strong>de</strong> 3 meses, até os 3 anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> observar a evolução do tratamento. Manter a sequência <strong>de</strong><br />

aplicação dos fluoretos e acompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento da <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua. É


importante, a cada retorno, reavaliar os fatores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> cárie da criança,<br />

anotando na ficha clínica odontológica qualquer alteração nos hábitos <strong>de</strong> dieta,<br />

higiene ou dificulda<strong>de</strong> relatada pela mãe<br />

• Caseiro: Realizado diariamente em casa, on<strong>de</strong> os fatores associados com a cárie<br />

<strong>de</strong>verão ser controlados. O responsável realiza a limpeza após as mamadas ou<br />

refeições, controla a frequência <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> carboidratos e mamadas noturnas e<br />

aplica NaF 0,02%, pelo menos uma vez ao dia<br />

3.1.6 Tratamento Educativo/Preventivo <strong>de</strong> Acordo com o Risco <strong>de</strong> Cárie<br />

• Baixo risco<br />

Procedimentos clínicos<br />

o Realizar a limpeza com uma das possibilida<strong>de</strong>s abaixo:<br />

112<br />

� Gaze ume<strong>de</strong>cida em solução <strong>de</strong> água oxigenada 3%, diluída na<br />

proporção 1:4<br />

� Escovação com água oxigenada diluída<br />

� Profilaxia com baixa rotação e água oxigenada 3% diluída ou com pasta<br />

profilática<br />

o Aplicação <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,2% com cotonete<br />

o Retorno <strong>de</strong> manutenção: 3 meses<br />

Procedimentos caseiros<br />

o Realizar a limpeza da boca da criança, com um tecido macio, gaze ume<strong>de</strong>cida,<br />

<strong>de</strong><strong>de</strong>iras <strong>de</strong> silicone ou <strong>de</strong> látex. O i<strong>de</strong>al é que a higiene bucal seja realizada<br />

<strong>de</strong> 2 a 3 vezes ao dia. Não sendo possível, realizar pelo menos uma limpeza<br />

antes <strong>de</strong> dormir, mas jamais dormir sem higienizar<br />

o Com a erupção dos primeiros molares (por volta dos 14 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>),<br />

iniciar o uso <strong>de</strong> escova <strong>de</strong>ntal sem <strong>de</strong>ntifrício ou com <strong>de</strong>ntifrício não fluorado<br />

o Recomendar o uso do fio <strong>de</strong>ntal pelo menos em uma das limpezas, caso haja<br />

contato entre os <strong>de</strong>ntes<br />

o Aplicação caseira <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02%, pelo menos uma vez ao dia


• Alto risco<br />

uma <strong>de</strong>las:<br />

Procedimentos clínicos<br />

Consulta inicial<br />

o Realizar a limpeza com uma das possibilida<strong>de</strong>s abaixo:<br />

113<br />

� Gaze ume<strong>de</strong>cida em solução <strong>de</strong> água oxigenada 3% diluída na proporção<br />

1:4<br />

� Escovação com água oxigenada diluída<br />

� Profilaxia com baixa rotação e água oxigenada diluída ou com pasta<br />

profilática<br />

o Aplicação <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,2%, com cotonete<br />

o Aplicação <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata 30% ou <strong>de</strong> verniz com flúor nos <strong>de</strong>ntes<br />

posteriores<br />

o Agendar o tratamento <strong>de</strong> choque<br />

Tratamento <strong>de</strong> choque<br />

Compõe-se <strong>de</strong> 4 sessões consecutivas, com intervalo <strong>de</strong> uma semana entre cada<br />

o Aplicação <strong>de</strong> verniz com flúor nos <strong>de</strong>ntes anteriores<br />

o Aplicação <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata 30% nos <strong>de</strong>ntes posteriores<br />

o Em todas as sessões, fazer reforço educativo e introduzir medidas <strong>de</strong><br />

higienização, dando especial atenção ao controle do biofilme <strong>de</strong>ntal. Sugere-se<br />

a evi<strong>de</strong>nciação do biofilme <strong>de</strong>ntal para maior motivação do responsável<br />

Tratamento <strong>de</strong> manutenção<br />

Avaliar, após o término do tratamento <strong>de</strong> choque, se houve reversão <strong>de</strong> risco <strong>de</strong><br />

cárie. Caso não tenha ocorrido, realizar uma aplicação mensal <strong>de</strong> cariostático até a reversão<br />

do risco. Após a reversão, agendar o retorno <strong>de</strong> manutenção para 3 meses.


Procedimentos caseiros<br />

o I<strong>de</strong>m baixo risco, dando ênfase ao controle dos fatores geradores <strong>de</strong> cárie tais<br />

114<br />

como: Controle <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> sacarose e <strong>de</strong> mamadas noturnas,<br />

higienização, etc.<br />

3.1.7 Tratamento Curativo<br />

O tratamento curativo será realizado em todas as crianças que apresentem lesões<br />

cariosas. Divi<strong>de</strong>-se em três tipos:<br />

• Tratamento curativo primário ou Tratamento Restaurador Atraumático (TRA)<br />

• Tratamento curativo secundário ou especializado<br />

• Tratamento curativo <strong>de</strong> urgência<br />

3.1.7.1 Tratamento curativo primário ou Tratamento Restaurador<br />

Atraumático 19 (TRA)<br />

Na presença <strong>de</strong> lesões cariosas, o primeiro passo após o enfoque educativo é a<br />

realização do tratamento clínico das lesões <strong>de</strong> cárie, através <strong>de</strong>:<br />

• Escavação em massa (retirada parcial da cárie) e preenchimento das cavida<strong>de</strong>s com<br />

material restaurador provisório (TRA):<br />

o Cavida<strong>de</strong>s rasas: Preenchimento com cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro ou cimento<br />

<strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco modificado, dando-se preferência ao ionômero, <strong>de</strong>vido à maior<br />

a<strong>de</strong>são do material à estrutura <strong>de</strong>ntária e à liberação <strong>de</strong> flúor<br />

o Cavida<strong>de</strong>s médias ou profundas: Inserção <strong>de</strong> CTZ no fundo da cavida<strong>de</strong> e sobre<br />

este o cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro ou cimento <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco modificado<br />

• Utilização <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata 30% nos <strong>de</strong>ntes com lesões <strong>de</strong> cárie<br />

19 Também conhecido por ART (Atraumatic Restorative Treatment)


Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Antes <strong>de</strong> aplicar o diamino fluoreto <strong>de</strong> prata, solicitar ao responsável a assinatura do<br />

termo <strong>de</strong> Autorização <strong>de</strong> Aplicação <strong>de</strong> Cariostático (Apêndice E), orientando sobre<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoloração (manchamento) irreversível dos <strong>de</strong>ntes e sobre as<br />

vantagens <strong>de</strong> utilização do mesmo<br />

• Caso o responsável não concor<strong>de</strong> com a aplicação <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata,<br />

principalmente nos <strong>de</strong>ntes anteriores, utilizar verniz com flúor ou fluoreto <strong>de</strong> sódio<br />

0,2%. Alertar os pais sobre a maior dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> cárie neste caso. Anotar<br />

na ficha a opção do responsável e solicitar a assinatura do termo <strong>de</strong> Não Autorização<br />

<strong>de</strong> Aplicação <strong>de</strong> Cariostático (Apêndice E)<br />

• Para proteger tecidos moles, aplicar vaselina sólida nos lábios, mucosa jugal e regiões<br />

circunvizinhas<br />

• Introduzir medidas <strong>de</strong> higienização, dando especial atenção ao controle do biofime<br />

<strong>de</strong>ntal. Sugere-se a evi<strong>de</strong>nciação do mesmo para maior motivação do responsável<br />

3.1.7.2 Tratamento curativo secundário (Especializado)<br />

Será realizado como complementação do tratamento curativo primário ou na<br />

resolução específica dos problemas presentes.<br />

trauma, etc.)<br />

3.1.7.3 Tratamento <strong>de</strong> urgência<br />

Resolução <strong>de</strong> problemas que exigem a intervenção imediata (dor, inflamação,<br />

O Quadro 13 resume os tratamentos preventivo e curativo voltados para a criança<br />

<strong>de</strong> 0 a 36 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> em função do risco <strong>de</strong> cárie.<br />

115


Risco <strong>de</strong> cárie<br />

Baixo risco<br />

Alto risco<br />

• Ausência <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal visível<br />

• Presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal visível<br />

• Pais/responsável limpam/escovam os <strong>de</strong>ntes e utilizam fio <strong>de</strong>ntal, • Pais/responsável não limpam/escovam os <strong>de</strong>ntes e não utilizam o fio<br />

quando indicado<br />

<strong>de</strong>ntal<br />

• Ausência <strong>de</strong> mamadas noturnas<br />

• Mamadas noturnas ou para dormir, após erupção dos <strong>de</strong>ntes<br />

Características<br />

•<br />

•<br />

Baixo número <strong>de</strong> refeições diárias com sacarose<br />

Utilização <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira até dois anos<br />

•<br />

•<br />

Utilização <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira após os dois anos<br />

Alto número <strong>de</strong> refeições diárias com sacarose<br />

• Baixa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> micro-organismos • Alta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> micro-organismos cariogênicos<br />

cariogênicos<br />

• Presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes com malformação<br />

• Ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes com malformação<br />

• Presença <strong>de</strong> doenças sistêmicas ou necessida<strong>de</strong>s especiais<br />

• Ausência <strong>de</strong> doenças sistêmicas ou necessida<strong>de</strong>s especiais<br />

• Não necessita, por não possuir fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> risco. • Interpor limpeza/escovação/uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

Reversão do risco<br />

Entretanto, reforçar os fatores positivos, dando especial atenção<br />

ao controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

•<br />

•<br />

Controlar consumo <strong>de</strong> carboidratos e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão<br />

Orientar quanto à retirada <strong>de</strong> mamadas noturnas<br />

• Aplicação NaF 0,2% (nos exames <strong>de</strong> rotina)<br />

• Aplicação <strong>de</strong> fluoretos:<br />

Aumento da resistência • Aplicação caseira <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02%, pelo menos uma o NaF 0,2%<br />

vez ao dia<br />

o Verniz com flúor ou Cariostáticos<br />

o Aplicação caseira <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02%, pelo menos uma<br />

vez ao dia<br />

• Não é necessário • Medidas <strong>de</strong>stinadas a:<br />

Tratamento <strong>de</strong> choque<br />

o Reforço educativo<br />

o Evi<strong>de</strong>nciação e controle do biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

o 1 aplicação semanal <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata 30% ou verniz<br />

com flúor durante 4 semanas consecutivas<br />

• Evi<strong>de</strong>nciação biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Evi<strong>de</strong>nciação do biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

Manutenção<br />

Clínica<br />

•<br />

•<br />

•<br />

Limpeza/escovação/profilaxia<br />

Aplicação <strong>de</strong> NaF 0,2%<br />

Retorno em 3 meses<br />

•<br />

•<br />

•<br />

Limpeza/escovação/profilaxia<br />

Aplicação <strong>de</strong> NaF 0,2%<br />

Após a reversão <strong>de</strong> risco, retorno <strong>de</strong> manutenção a cada 3 meses<br />

• Limpeza/escovação diária e uso do fio <strong>de</strong>ntal, principalmente após • Limpeza/escovação diária principalmente após última mamada ou<br />

última mamada ou alimentação noturna<br />

alimentação noturna<br />

Caseira • Aplicação caseira <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02%, pelo menos uma • Aplicação caseira <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02%, pelo menos uma vez ao<br />

vez ao dia<br />

dia<br />

• Escavação em massa e repleção das cavida<strong>de</strong>s:<br />

Tratamento o Rasa: CIV ou IRM<br />

Curativo o Profunda: CTZ + CIV ou IRM<br />

Primário • Diamino fluoreto <strong>de</strong> prata 30%<br />

Quadro 13 - Síntese da Prevenção e Controle <strong>de</strong> Cárie na Criança <strong>de</strong> 0 a 36 Meses<br />

116


3.1.8 Procedimentos<br />

3.1.8.1 Caseiros<br />

3.1.8.1.1 Limpeza/escovação da boca e dos <strong>de</strong>ntes<br />

Usar ponta <strong>de</strong> tecido macio seco ou embebido em água filtrada ou fervida para<br />

limpeza dos <strong>de</strong>ntes e da boca, inclusive a língua, no mínimo 01 vez ao dia.<br />

Após a erupção dos primeiros molares <strong>de</strong>cíduos, substituir a limpeza pela<br />

escovação dos <strong>de</strong>ntes sem o uso do creme <strong>de</strong>ntal ou com <strong>de</strong>ntifrício sem flúor.<br />

3.1.8.1.2 Aplicação <strong>de</strong> flúor<br />

Aplicar 4 gotas <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02% em cada ponta do cotonete. Esfregar uma<br />

ponta na arcada superior e a outra na arcada inferior, após a limpeza ou escovação.<br />

Recomendar não ingerir nada por 30 minutos. Este procedimento <strong>de</strong>verá ser realizado pelo<br />

menos uma vez ao dia.<br />

O Quadro 14 resume os procedimentos caseiros voltados para as crianças <strong>de</strong> 0 a 36<br />

meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, incluindo também orientações sobre alimentação.<br />

Ida<strong>de</strong><br />

0 - 6 meses<br />

Higiene<br />

• Tecido macio/fralda<br />

• Tecido macio/ fralda<br />

• Escovação sem <strong>de</strong>ntifício ou<br />

7 – 24 meses com <strong>de</strong>ntifrício sem flúor a<br />

partir da erupção dos molares<br />

<strong>de</strong>cíduos<br />

• Escovação sem ou com<br />

<strong>de</strong>ntifrício sem flúor, até os 3<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

25 meses em diante • Introduzir escovação com<br />

<strong>de</strong>ntifrício fluorado (500 ppm),<br />

em quantida<strong>de</strong> pequena, a<br />

partir dos 3 anos<br />

Quadro 14 - Procedimentos Caseiros - Síntese<br />

Alimentação<br />

117<br />

• Aleitamento materno<br />

exclusivo 20<br />

• Aleitamento materno<br />

complementado<br />

• Leite no copo + comida<br />

salgada, alimentos duros,<br />

frutas e sucos<br />

20 Maiores informações consultar o Guia <strong>de</strong> Orientação – Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> nos primeiros anos <strong>de</strong> vida CRO<br />

(Paraná), 2008, Coleção Manuais.


Quadro 15.<br />

3.1.8.2 Clínicos<br />

A síntese <strong>de</strong> procedimentos clínicos <strong>de</strong> acordo com a ida<strong>de</strong> é apresentada no<br />

118


PROCEDIMENTOS CLÍNICOS<br />

0 - 6 meses 6 - 12 meses 12 - 24 meses 24 - 36 meses<br />

Procedimento Objetivo Procedimento Objetivo Procedimento Objetivo Procedimento Objetivo<br />

• Exame<br />

bucal<br />

• Usar macri<br />

ou técnica<br />

joelho a<br />

joelho<br />

Orientação aos<br />

pais:<br />

Usar cartazes,<br />

folhetos e outros<br />

Verificar:<br />

• Dentes natais e<br />

neonatais<br />

• Pérolas, nódulos,<br />

cistos<br />

• Doenças <strong>de</strong> boca<br />

• Tumores<br />

• Anomalias congênitas,<br />

etc.<br />

• Promoção à saú<strong>de</strong><br />

(principalmente<br />

amamentação<br />

exclusiva)<br />

• Quando e como<br />

erupcionam os <strong>de</strong>ntes:<br />

O que ocorre<br />

• Como e por que fazer<br />

a limpeza da boca e<br />

futuramente dos<br />

<strong>de</strong>ntes<br />

• Hábitos <strong>de</strong> sucção e<br />

como evita-los<br />

• Exame clínico<br />

<strong>de</strong> rotina<br />

• Usar macri ou<br />

técnica joelho<br />

a joelho<br />

Orientação aos<br />

pais:<br />

Usar cartazes,<br />

folhetos e outros<br />

Aplicação <strong>de</strong> Flúor<br />

Tratamento curativo<br />

Quadro 15 - Procedimentos Clínicos - Síntese<br />

Verificar:<br />

• Erupção<br />

• Oclusão<br />

• Dentes<br />

• Tecidos moles<br />

• Formação <strong>de</strong> biofilme<br />

<strong>de</strong>ntal<br />

• Cárie<br />

• Gengivite<br />

• Reforçar a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> limpar<br />

os <strong>de</strong>ntes<br />

• Controlar o açúcar, etc<br />

• Hábitos <strong>de</strong> sucção,<br />

como controla-los<br />

• Informar sobre riscos<br />

<strong>de</strong> traumas<br />

• Ensinar a i<strong>de</strong>ntificar<br />

biofilme <strong>de</strong>ntal visível<br />

• Adicionar o flúor<br />

tópico<br />

• Cariostático, quando<br />

indicado<br />

• ART<br />

• Tratar urgências<br />

• Exame<br />

clínico<br />

• Usar macri<br />

ou técnica<br />

joelho a<br />

joelho<br />

Orientação aos<br />

pais:<br />

Usar cartazes,<br />

folhetos e outros<br />

Aplicação <strong>de</strong><br />

Flúor<br />

Tratamento<br />

curativo<br />

Verificar:<br />

• Erupção<br />

• Oclusão<br />

• Dentes<br />

• Tecidos moles<br />

• Formação <strong>de</strong><br />

biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Cárie<br />

• Gengivite<br />

• Reforço <strong>de</strong><br />

temas já<br />

discutidos<br />

• Ressaltar as<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

controle <strong>de</strong><br />

biofilme <strong>de</strong>ntal e<br />

prevenção <strong>de</strong><br />

cárie e gengivite<br />

• Seguir terapias<br />

conforme<br />

indicação<br />

• Cariostático,<br />

quando indicado<br />

• ART<br />

• Tratar urgências<br />

• Exame clínico<br />

• Usar macri,<br />

ca<strong>de</strong>ira<br />

odontológica ou<br />

técnica joelho a<br />

joelho<br />

Orientação aos pais:<br />

Usar cartazes,<br />

folhetos e outros<br />

Aplicação <strong>de</strong> Flúor<br />

Tratamento curativo<br />

119<br />

Verificar:<br />

• Erupção<br />

• Oclusão<br />

• Dentes<br />

• Tecidos moles<br />

• Formação <strong>de</strong><br />

biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Cárie<br />

• Gengivite<br />

• Reforço sobre os<br />

temas já<br />

discutidos<br />

• Ressaltar as<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

controle <strong>de</strong><br />

biofilme <strong>de</strong>ntal,<br />

prevenção <strong>de</strong><br />

cárie e gengivite.<br />

• Reforçar a<br />

necessida<strong>de</strong> da<br />

retirada <strong>de</strong><br />

chupeta e/ou<br />

mama<strong>de</strong>ira<br />

• Seguir<br />

terapias<br />

conforme<br />

indicação<br />

as<br />

• Cariostático,<br />

quando indicado<br />

• Resolução<br />

problemas<br />

presentes,<br />

dos<br />

•<br />

quando possível<br />

Tratar urgências


3.1.9 Semiologia Relacionada à Criança <strong>de</strong> 0 a 36 Meses<br />

Os Quadros 16 a 18 apresentam <strong>de</strong> forma sintética as principais patologias que<br />

acometem a faixa etária com características, condutas e diagnóstico diferencial.<br />

120


Alteração<br />

Dente natal<br />

Localização /características<br />

• Presentes ao nascer<br />

• Dentes mais afetados: Incisivos centrais inferiores<br />

o Maduros: Estrutura e implantações normais<br />

o Imaturos: Estrutura e/ou implantação anormais<br />

• Po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar lesões na base da língua (Riga-Fe<strong>de</strong>) e no<br />

peito da mãe<br />

• Da série normal (95%) ou extranumerários (5% dos casos)<br />

Conduta<br />

• Encaminhar para exame radiográfico<br />

• Dentes da série normal e maduros:<br />

Preservação, lixar bordas cortantes e instituir<br />

higiene e aplicação clínica e caseira <strong>de</strong> flúor<br />

• Dentes extranumerários ou imaturos:<br />

Exodontia após 1ª semana <strong>de</strong> vida<br />

Diagnóstico diferencial<br />

e observações<br />

121<br />

• Através<br />

radiográfico<br />

<strong>de</strong> exame<br />

• Diferenciar <strong>de</strong> cistos,<br />

•<br />

nódulos e pérolas<br />

Verificar possível<br />

relacionamento<br />

síndromes<br />

com<br />

Dente • Aparecem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 30 dias após o nascimento<br />

• I<strong>de</strong>m <strong>de</strong>nte natal • I<strong>de</strong>m <strong>de</strong>nte natal<br />

Neonatal • I<strong>de</strong>m <strong>de</strong>nte natal<br />

• Remanescentes <strong>de</strong> tecido mucoso glandular<br />

• Não é necessária intervenção<br />

• Dente natal ou neonatal<br />

• Nódulos múltiplos esbranquiçados<br />

• Involuem nos primeiros meses <strong>de</strong> vida • Abscessos <strong>de</strong> tecidos<br />

Nódulos <strong>de</strong><br />

Bohn<br />

•<br />

•<br />

•<br />

Firmes à palpação<br />

1 a 3 mm <strong>de</strong> diâmetro; não aumentam<br />

Localizados principalmente nas faces vestibular e<br />

moles<br />

•<br />

lingual/palatina (longe da rafe palatina) do rebordo gengival<br />

Remanescentes <strong>de</strong> tecidos epiteliais aprisionados ao longo da • Não é necessária intervenção<br />

• Angina hérpica<br />

rafe palatina mediana<br />

• Involuem nos primeiros meses <strong>de</strong> vida • Úlceras traumáticas<br />

Pérolas <strong>de</strong> • Branco acinzentado<br />

Epstein • 1 a 3 mm <strong>de</strong> diâmetro<br />

• Presentes em 80% dos recém-nascidos<br />

• Seu conteúdo é <strong>de</strong> remanescentes da lâmina <strong>de</strong>ntária<br />

• Não é necessário intervenção<br />

• Diferenciar dos <strong>de</strong>ntes<br />

Cistos da • Localizados na crista alveolar do rebordo gengival, na região • Involuem nos primeiros meses <strong>de</strong> vida<br />

natais e neonatais pela<br />

Lâmina mais posterior dos arcos, próximos à região do primeiro molar<br />

localização<br />

Dentária <strong>de</strong>cíduo<br />

• Po<strong>de</strong>m ser bilaterais<br />

• Lesões granulares branco amareladas<br />

• Não é necessário intervenção<br />

• São tão evi<strong>de</strong>ntes que não<br />

Granulações <strong>de</strong> • Levemente elevadas<br />

• Ten<strong>de</strong>m a se acentuar com a ida<strong>de</strong><br />

se confun<strong>de</strong>m com outras<br />

Fordyce • Mais na mucosa do lábio ou bochecha<br />

enfermida<strong>de</strong>s<br />

• Nódulo mole, séssil, superfície lisa ou rugosa, da mesma cor da • Não é necessário intervenção • Abscessos <strong>de</strong>ntários ou<br />

Papila mucosa circundante<br />

periodontais<br />

retrocanina • Localizada entre a gengiva livre e junção mucogengival<br />

• Cistos gengivais<br />

• Na região lingual do canino inferior<br />

• Papilomas, fibromas<br />

Quadro 16 - Manifestações Congênitas e <strong>de</strong> Desenvolvimento - Síntese


Alteração<br />

Língua<br />

Fissurada<br />

Língua<br />

Pelada<br />

Lingua<br />

Geográfica<br />

ou<br />

Glossite<br />

Migratória Benigna<br />

Língua<br />

Saburrosa<br />

Anquiloglossia<br />

Petéquias<br />

Bucais<br />

Hematoma<br />

ou<br />

Cisto <strong>de</strong><br />

Erupção<br />

Freio teto labial<br />

superior persistente<br />

Localização /características<br />

• Fissuras, sulcos e pregas com profundida<strong>de</strong><br />

relativa<br />

• Sulco central longitudinal <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partem<br />

inúmeros sulcos laterais com aspecto<br />

arboriforme<br />

• Fácil acúmulo <strong>de</strong> biofilme na superfície da<br />

língua<br />

Conduta<br />

• Limpeza com gaze e água oxigenada 3% diluída na proporção 1:4, <strong>de</strong><br />

3 a 4 vezes ao dia<br />

• Escovação lingual<br />

• VASA 2%, aplicar com cotonete 3 a 4 vezes ao dia, em caso <strong>de</strong><br />

sensibilida<strong>de</strong> 21<br />

Diagnóstico diferencial<br />

e observações<br />

• Língua geográfica<br />

• Sensível quando inflamada<br />

• Despapilização do dorso da língua<br />

• Relativo à origem (avitaminoses<br />

• Aspecto vermelho brilhante<br />

• Encaminhar para o médico<br />

B, discrasia sanguínea, etc)<br />

• Áreas irregulares rosa-avermelhadas com<br />

perdas <strong>de</strong> papilas filiformes<br />

• Limpeza com gaze e água oxigenada 3% diluída na proporção 1:4, <strong>de</strong> • Candidíase<br />

• Bem <strong>de</strong>finidas, levemente elevadas.<br />

3 a 4 vezes ao dia, caso esteja associada à língua saburrosa<br />

• Língua fissurada<br />

• Áreas afetadas variam <strong>de</strong> um dia para o outro; • Em caso <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, aplicar VASA 2%, 3 a 4 ao vezes ao dia • Liquen plano<br />

mapa que muda continuamente<br />

• Orientar quanto a controle <strong>de</strong> dieta condimentada e ácida em caso <strong>de</strong><br />

• Po<strong>de</strong> ocorrer perda do paladar e sensibilida<strong>de</strong><br />

a cítricos e picantes<br />

sensibilida<strong>de</strong><br />

• Etiologia<br />

hereditária<br />

<strong>de</strong>sconhecida, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

• Condição benigna transitória, comum em<br />

indivíduos com baixa resistência sistêmica • Limpeza do dorso da língua com gaze e água oxigenada 3% diluída na • Língua geográfica<br />

• Acúmulo <strong>de</strong> biofilme nas papilas filiformes – proporção 1:4, <strong>de</strong> 3 a 4 vezes ao dia<br />

• Candidíase<br />

aspecto esbranquiçado ou amarelado • Escovação do dorso da língua<br />

• Frenectomia somente nos casos abaixo relacionados:<br />

• Freio lingual curto ou inserção do freio na o Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> amamentação no recém-nato<br />

ponta da língua ou<br />

o Deglutição dificultada<br />

• Freio lingual longo com inserção <strong>de</strong>ltoi<strong>de</strong> na o Alteração da fala<br />

mandíbula<br />

o Alterações periodontais<br />

• Infecção por mononucleose<br />

• Pequenas manchas vermelhas, com 1 a 4 mm • Não requer tratamento específico<br />

• Desor<strong>de</strong>ns sanguíneas<br />

<strong>de</strong> diâmetro<br />

• Procurar estabelecer diagnóstico diferencial<br />

(púrpura trombocitopênica)<br />

• Po<strong>de</strong>m aparecer em qualquer área da mucosa<br />

• Decorrentes <strong>de</strong> vômito ou tosse<br />

bucal, incluindo o palato<br />

• Po<strong>de</strong> indicar abuso da criança<br />

• Cisto associado à erupção dos <strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>cíduos ou permanentes<br />

• Po<strong>de</strong> se romper sozinho. Massagem digital ajuda a romper.<br />

• Cistos da lâmina <strong>de</strong>ntária<br />

• Tumefação translúcida, regular, indolor • Incisão para drenagem, somente se houver dificulda<strong>de</strong> na alimentação. • Hemangioma<br />

• Se ocorrer sangramento no espaço cístico, Geralmente não é preciso anestesiar<br />

apresentará<br />

(hematoma)<br />

coloração negra-azulada<br />

• No recém-nascido a inserção palatina é • Acompanhamento: Diagnóstico da indicação cirúrgica após a erupção<br />

normal<br />

dos caninos permanentes<br />

• Nova inserção vestibular se <strong>de</strong>finirá com<br />

erupção <strong>de</strong>ntária e crescimento ósseo<br />

• Cirurgia no bebê somente quando impossibilita amamentação<br />

21 VASA 2%: 600mg <strong>de</strong> violeta <strong>de</strong> genciana, 1,5 mL <strong>de</strong> lidocaína 2% ,sem vasoconstritor, 0,5 mL <strong>de</strong> sacarina e 30 mL <strong>de</strong> água q.s.p.<br />

122


Patologia<br />

Gengivo<br />

Estomatite<br />

Herpética<br />

Aguda<br />

Estomatite<br />

Herpética<br />

Recidivante<br />

e<br />

Herpes<br />

Gengivite<br />

<strong>de</strong><br />

Erupção<br />

Quadro 16 - Manifestações Congênitas e <strong>de</strong> Desenvolvimento Síntese - Continuação<br />

Localização /características<br />

• Primeira infecção herpética (herpes vírus tipo I)<br />

• Maioria dos casos ocorre até 5 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com pico <strong>de</strong> incidência<br />

entre 2 e 3 anos. Raramente antes dos 6 meses <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>vido a<br />

anticorpos circulantes da mãe<br />

• Primeiras 24 horas: Mal-estar geral, febre alta, cefaleia, irritabilida<strong>de</strong>,<br />

perda <strong>de</strong> apetite, linfa<strong>de</strong>nopatia cervical anterior<br />

• Após 24 a 36 horas: Gengiva inchada, salivação intensa, dor, formação<br />

<strong>de</strong> múltiplas vesículas na gengiva, palato, lábios, língua. Em poucas<br />

horas, vesículas se rompem e formam úlceras dolorosas, cobertas por<br />

pseudomembrana e com margem eritematosa<br />

• Duração <strong>de</strong> 6 a 16 dias, com <strong>de</strong>sconforto maior entre terceiro e sétimo<br />

dias<br />

• Forma atenuada da doença primária<br />

• Lesões intrabucais:<br />

o Localizadas na mucosa firmemente a<strong>de</strong>rida ao periósteo<br />

o Raramente aparecem na mucosa mole, mais comum no<br />

palato, gengiva inserida e crista alveolar<br />

o Erosões únicas ou múltiplas, cobertas por membrana<br />

acinzentada<br />

o Margens circunscritas e dolorosas<br />

• Lesões extrabucais:<br />

o Vesículas pequenas em grupo<br />

o Quando coalescem formam lesões maiores<br />

o Crostas acastanhadas, mais dolorosas no início<br />

• Gengivite temporária associada à erupção<br />

• Em <strong>de</strong>ntes posteriores po<strong>de</strong> evoluir para pericoronarite<br />

Quadro 17 - Lesões Bucais Patologias mais Frequentes - Síntese<br />

Conduta<br />

• Alívio sintomático:<br />

• Limpeza da boca com água oxigenada 3% diluída na proporção<br />

1:4 ou com água boricada, 3 a 4 vezes ao dia<br />

• Aplicação tópica <strong>de</strong> uma das opções abaixo:<br />

o VASA 2% antes das refeições e após a limpeza<br />

o Camomila 10% em orobase após a limpeza<br />

• Analgésicos: paracetamol ou dipirona 1 gota/Kg <strong>de</strong> peso corporal<br />

<strong>de</strong> 6 em 6 horas<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• A higiene bucal diária, feita em casa, é <strong>de</strong> extrema importância para o<br />

controle <strong>de</strong> infecção secundária por bactérias ou fungos<br />

• No caso <strong>de</strong> infecção secundária po<strong>de</strong>-se usar VASA 2% (30 mL)<br />

adicionando-se uma cápsula tetraciclina 500 mg<br />

• Recomendar dieta pastosa ou líquida e fria (chá, leite, sucos, gelatina,<br />

iogurte, sorvete, mingau, etc.)<br />

• Hidratação a<strong>de</strong>quada<br />

• Alívio sintomático<br />

Lesões intrabucais:<br />

• Limpeza da boca com água oxigenada 3% diluída na proporção 1:4<br />

ou com água boricada 3 a 4 vezes ao dia<br />

• Aplicação tópica <strong>de</strong> VASA 2% antes das refeições e após a limpeza<br />

Lesões extrabucais:<br />

• 1ª opção: VASA 2%<br />

• 2ª opção: Aciclovir tópico (creme 5%), <strong>de</strong> preferência logo no início<br />

dos sintomas. Aplicar 5 vezes ao dia, por 5 dias, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

prolongado por até 10 dias, caso não ocorra a cicatrização nesse<br />

período<br />

• Evitar o contágio através da <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> objetos contaminados,<br />

fervendo chupetas, mama<strong>de</strong>iras ou outros por 5 minutos, diariamente<br />

• Limpeza com água oxigenada 3% diluída na proporção <strong>de</strong> 1:4 e<br />

VASA 2%, 3 a 4 vezes ao dia<br />

• Pericoronarite: Irrigação com água oxigenada 3% diluída na<br />

proporção <strong>de</strong> 1:4<br />

• Analgésicos: Paracetamol ou dipirona 1 gota/Kg <strong>de</strong> peso corporal, <strong>de</strong><br />

6 em 6 horas<br />

Diagnóstico<br />

diferencial<br />

e observações<br />

123<br />

• GUNA<br />

• Não usar penicilina:<br />

fixa o vírus e<br />

prolonga a doença<br />

• Tetraciclina não<br />

pigmentará <strong>de</strong>ntes<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

• Não prescrever<br />

corticosteroi<strong>de</strong>s<br />

• Afta recidivante<br />

• Impetigo<br />

• Varicela<br />

• Alergia alimentar<br />

• Desaparece após a<br />

erupção do <strong>de</strong>nte


Patologia<br />

Candidíase<br />

Oral<br />

(Candidose,<br />

Sapinho,<br />

Monilíase)<br />

Queilite<br />

Angular<br />

Localização /características<br />

• Infecção oportunista principalmente por Cândida albicans<br />

• Fatores que contribuem para aparecimento: Uso prolongado <strong>de</strong><br />

antibióticos, imunossupressão (HIV, etc.), Diabetes Mellitus,<br />

candidíase neonatal por contaminação no trato vaginal durante o<br />

parto normal<br />

• A candidíase neonatal em geral não é notada nas primeiras semanas<br />

<strong>de</strong> vida. Bebê mostra dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mamar e irritação<br />

• Forma mais comum em bebês: Pseudomembranosa com placas<br />

brancas ou amareladas, macias, que são facilmente removidas<br />

<strong>de</strong>ixando a superfície vermelha e com ardência<br />

• Localização: Mucosa jugal, labial, língua e palato<br />

• Indagar à mãe sobre presença <strong>de</strong> lesões nas suas mamas ou nas<br />

ná<strong>de</strong>gas do bebê. Neste caso, encaminhar para médico<br />

• Fissuras radiais profundas nas comissuras labiais que ulceram e<br />

sangram<br />

• Crosta exsudativa<br />

• Sensação <strong>de</strong> ardência e secura<br />

• Mais comum em respiradores bucais e crianças que molham o lábio<br />

com frequência<br />

• Quando se apresenta <strong>de</strong> forma recorrente, po<strong>de</strong> estar associada à<br />

carência <strong>de</strong> vitamina B12<br />

• Po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar cicatrizes<br />

Quadro 17 - Lesões Bucais Patologias mais Frequentes - Síntese - Continuação<br />

Conduta<br />

• Limpeza da boca: Utilizar pano limpo ou gaze enrolada no<br />

<strong>de</strong>do, embebida em água fervida ou filtrada ou em solução <strong>de</strong><br />

bicarbonato <strong>de</strong> sódio (1 colher <strong>de</strong> café rasa diluída em 1 copo<br />

<strong>de</strong> água filtrada ou fervida), 3 a 4 vezes ao dia, para a retirada<br />

do excesso <strong>de</strong> crostas<br />

• Uso <strong>de</strong> antifúngicos tópicos:<br />

o 1ª opção: Nistatina suspensão oral: (Micostatin<br />

100.000 UI/mL, frasco com 50 mL). Embeber gaze<br />

com a solução e realizar a limpeza da boca, 3 a 4<br />

vezes ao dia, por 7 dias a 10 dias. O excesso po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>glutido<br />

o 2ª opção: Miconazol (Daktarin® gel oral 2%, frasco<br />

com 40g), após a limpeza, aplicar com gaze enrolada<br />

no <strong>de</strong>do, quatro vezes ao dia, <strong>de</strong> 6 em 6 horas, por 10<br />

dias<br />

o 3ª opção: VASA 2%, 3 a 4 vezes ao dia até a cura<br />

o 4ª opção: Camomila 10% em orobase, 3 a 4 vezes<br />

ao dia<br />

• Desinfecção <strong>de</strong> objetos contaminados: Ferver chupetas, bicos e<br />

talheres por 5 minutos diariamente, até a cura e acondicionar<br />

em ambiente seco e fechado<br />

• Higiene <strong>de</strong> mamilo e aréola com água filtrada ou fervida,<br />

utilizando gaze ou pano limpo<br />

• Aplicar no mamilo e aréola Nistatina solução oral. Realizar<br />

antes e após as mamadas por 07 dias em média<br />

• Tratamento é sintomático, com uma das opções abaixo:<br />

o Lubrificar lábios com vaselina ou manteiga <strong>de</strong> cacau<br />

o VASA 2%, 3 a 4 vezes ao dia<br />

o Antifúngico local (Nistatina) por 7 dias a 10 dias<br />

o Camomila 10% em orobase, 2 vezes ao dia, por 14<br />

dias<br />

• Em caso <strong>de</strong> recidivas, encaminhar para avaliação médica<br />

Diagnóstico<br />

Diferencial e<br />

Observações<br />

124<br />

• Biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• GEHA<br />

• Queimadura<br />

• Úlcera<br />

herpética<br />

secundária<br />

• Impetigo


Patologia<br />

Impetigo<br />

Contagioso<br />

Escarlatina<br />

Localização /características<br />

• Lesões vesículo bolhosas que se rompem formando crostas<br />

<strong>de</strong> cor âmbar ou cor <strong>de</strong> mel<br />

• Localização: Face, região peribucal e lábio. Mucosa bucal<br />

raramente é afetada<br />

• Etiologia: Stafilococos áureos<br />

• Po<strong>de</strong>m se infectar secundariamente por Estreptococos<br />

• Agente etiológico: Estreptococos beta-hemolíticos que<br />

produzem toxina eritrogênica<br />

• Diagnóstico estabelecido após 2 a 3 dias, quando surge<br />

exantema cutâneo característico, difuso, escarlate, brilhante,<br />

particularmente nas pregas cutâneas<br />

• Lesões bucais: Estomatite escarlatínica, com lesões<br />

inflamatórias no palato e tonsilas<br />

• Língua em morango, papilas fungiformes e<strong>de</strong>maciadas e<br />

hiperêmicas, projetadas como saliências avermelhadas e<br />

recobertas com camada esbranquiçada<br />

• Numa fase posterior, a cobertura esbranquiçada <strong>de</strong>saparece,<br />

mostrando uma língua intensamente vermelha, brilhante e<br />

lisa, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam as papilas fungiformes, e<strong>de</strong>maciadas<br />

e hiperêmicas, língua em framboesa<br />

• Raramente acomete crianças abaixo <strong>de</strong> 7 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

Quadro 17 - Lesões Bucais Patologias Mais Frequentes - Síntese - Continuação<br />

Conduta<br />

• Recomendar lavar com água e sabão<br />

• Banho com permanganato <strong>de</strong> potássio (1 comprimido<br />

para 4 litros <strong>de</strong> água), 2 a 3 vezes ao dia<br />

• Aplicar antibiótico tópico, 2 a 3 vezes ao dia (neomicina<br />

ou bacitracina)<br />

• Casos mais graves, com lesões disseminadas:<br />

Encaminhamento médico<br />

• Orientar para separar os pertences pessoais, como:<br />

Bucha <strong>de</strong> banho, sabonete, toalhas, roupas <strong>de</strong> cama,<br />

etc.<br />

• Encaminhamento para avaliação médica<br />

125<br />

Diagnóstico<br />

Diferencial<br />

• Herpes<br />

labial<br />

• Alergia <strong>de</strong><br />

contato<br />

• Varicela<br />

• Queilite<br />

angular


Doenças Etiologia<br />

Manifestações clínicas<br />

Incubação <strong>de</strong> 7 a 10 dias<br />

• Sinais prodrômicos<br />

Sarampo Paramixovírus<br />

(vírus RNA)<br />

22 (6 dias): Febre, mal estar, coriza,<br />

dor nos olhos, conjuntivite, fotofobia, tosse, pequenos<br />

nódulos no pescoço, po<strong>de</strong>ndo haver reação dolorosa no<br />

abdômen<br />

• Lesões bucais patognomônicas (manchas <strong>de</strong> Koplik):<br />

Máculas irregulares pequenas, branco azuladas, com<br />

centro necrótico e halo avermelhado, que surgem na<br />

mucosa, na altura dos pré-molares. Aparecem nas<br />

últimas 24 horas do período prodrômico<br />

• Período exantemático: Piora dos sintomas, <strong>de</strong>sânimo,<br />

exantema típico céfalo-caudal, que aparece atrás das<br />

orelhas e na face, <strong>de</strong>pois no tronco e persistem por 5 a<br />

6 dias<br />

• Período <strong>de</strong> convalescença ou <strong>de</strong>scamação furfurácea –<br />

manchas se tornam escuras e <strong>de</strong>scamação fina,<br />

lembrando farinha<br />

• Transmissão por gotículas <strong>de</strong> saliva ou por contato com<br />

lesões.<br />

• Incubação <strong>de</strong> 10 a 21 dias<br />

• Período <strong>de</strong> contágio: 2 dias antes da erupção das<br />

vesículas e até 5 dias após o aparecimento das<br />

mesmas<br />

Varicela Vírus Varicela – Zoster • Período prodrômico: Cefaleia, nasofaringite, anorexia e<br />

febre, seguida <strong>de</strong> erupções máculo-papulares ou<br />

vesiculares da pele, que começam no tronco e<br />

disseminam-se para face, membros superiores e<br />

inferiores. Vesículas evoluem para pústulas que se<br />

rompem e formam crostas<br />

• Vesículas intrabucais se rompem formando úlceras<br />

com aspecto <strong>de</strong> aftas<br />

Quadro 18 - Lesões Bucais Relacionadas a Enfermida<strong>de</strong>s Sistêmicas - Síntese<br />

22 Sinais que antece<strong>de</strong>m a manifestação clínica da doença<br />

Localização<br />

• Manchas <strong>de</strong><br />

Koplik: Mucosa<br />

jugal e conduto<br />

<strong>de</strong> Stenon<br />

(saída do ducto<br />

parotí<strong>de</strong>o)<br />

• Bochecha,<br />

língua, gengiva,<br />

palato, mucosa<br />

da faringe e<br />

mucosa jugal<br />

Diagnóstico<br />

Diferencial<br />

• Estomatite<br />

herpética<br />

Tratamento<br />

• Avaliação<br />

médica<br />

imediata. Po<strong>de</strong>m<br />

ocorrer<br />

complicações<br />

como<br />

pneumonia,<br />

encefalite,otites<br />

médias,<br />

laringites,<br />

diarreias<br />

• Avaliação<br />

médica<br />

• Contraindicação:<br />

AAS<br />

126


Doenças Etiologia<br />

Manifestações clínicas<br />

Localização<br />

Diagnóstico<br />

Diferencial<br />

• Pilares anteriores<br />

• Fase aguda: Dor <strong>de</strong> garganta, disfagia, febre baixa e das fauces,<br />

• Vírus do grupo renitente<br />

pare<strong>de</strong>s<br />

Herpangina Coxsackie A e • Ulcerações com 2 a 4 mm <strong>de</strong> diâmetro que são posteriores da Herpes simples<br />

B<br />

precedidas <strong>de</strong> vesículas não muito dolorosas<br />

faringe, mucosa<br />

jugal, língua, às<br />

vezes no palato<br />

mole e duro e<br />

orofaringe<br />

Rubéola • Togavírus • As tonsilas se tornam e<strong>de</strong>maciadas e congestionadas. • Mucosa bucal,<br />

Po<strong>de</strong>m aparecer máculas no palato<br />

tonsilas e palato<br />

• Incubação <strong>de</strong> 2 a 3 semanas<br />

Caxumba<br />

ou<br />

Parotidite<br />

• Paramixovírus<br />

•<br />

•<br />

Sinais prodrômicos: Cefaleia, anorexia, hipertermia, •<br />

náuseas, vômitos e dor subauricular<br />

Tumefação uni ou bilateral das glândulas salivares, em<br />

geral da parótida, abertura do ducto parotí<strong>de</strong>o po<strong>de</strong><br />

estar e<strong>de</strong>maciada<br />

Glândulas Abscesso <strong>de</strong><br />

salivares, origem <strong>de</strong>ntária<br />

especialmente a<br />

parótida<br />

Quadro 18 - Lesões Bucais Relacionadas a Enfermida<strong>de</strong>s Sistêmicas - Síntese - Continuação<br />

Tratamento<br />

Em caso <strong>de</strong> dor<br />

VASA 2% ou<br />

aciclovir tópico<br />

Avaliação médica<br />

Repouso, nutrição<br />

a<strong>de</strong>quada,<br />

avaliação médica<br />

127


3.1.10 Urgências Odontológicas em Crianças <strong>de</strong> 0 a 36 Meses<br />

3.1.10.1 Traumatismos na Dentição Decídua<br />

Os traumatismos <strong>de</strong>ntários po<strong>de</strong>m ser divididos em lesões <strong>de</strong> tecidos periodontais e<br />

lesões <strong>de</strong> tecidos duros <strong>de</strong>ntários e da polpa, conforme <strong>de</strong>scrito abaixo.<br />

Lesões dos tecidos periodontais<br />

• Concussão/Comoção<br />

• Subluxação<br />

• Luxação intrusiva<br />

• Luxação extrusiva<br />

• Luxação lateral<br />

• Avulsão ou exarticulação<br />

Lesões dos tecidos duros <strong>de</strong>ntários e da polpa<br />

• Trinco <strong>de</strong> esmalte<br />

• Fratura <strong>de</strong> esmalte<br />

• Fratura <strong>de</strong> esmalte - <strong>de</strong>ntina<br />

• Fratura <strong>de</strong> esmalte - <strong>de</strong>ntina - polpa<br />

• Fratura <strong>de</strong> esmalte - <strong>de</strong>ntina - cemento<br />

• Fratura <strong>de</strong> esmalte - <strong>de</strong>ntina - polpa - cemento<br />

• Fratura <strong>de</strong> raiz<br />

128


Tipo <strong>de</strong> trauma Descrição Tratamento imediato 23 Tratamento tardio Observações<br />

Concussão ou<br />

comoção<br />

Subluxação<br />

• Lesão das estruturas <strong>de</strong><br />

sustentação do <strong>de</strong>nte,<br />

sem mobilida<strong>de</strong> e/ou<br />

<strong>de</strong>slocamento anormal,<br />

mas com evi<strong>de</strong>nte<br />

reação à percussão<br />

• Causa hemorragia e<br />

e<strong>de</strong>ma no ligamento<br />

periodontal, sem haver<br />

o rompimento <strong>de</strong> fibras,<br />

po<strong>de</strong>ndo haver dano ao<br />

suprimento neurovascular<br />

da polpa<br />

• Lesão das estruturas <strong>de</strong><br />

sustentação, com<br />

afrouxamento anormal,<br />

sem <strong>de</strong>slocamento do<br />

<strong>de</strong>nte<br />

• O sinal clínico comum é<br />

o sangramento do sulco<br />

gengival <strong>de</strong>vido ao<br />

rompimento <strong>de</strong> algumas<br />

fibras do ligamento<br />

periodontal<br />

• Dente sensível à<br />

percussão e às forças<br />

oclusais<br />

• Limpeza com gaze +<br />

H2O2 3% diluída 1:4<br />

• Remoção <strong>de</strong> hábitos <strong>de</strong><br />

sucção<br />

• Alimentação pastosa por<br />

72 horas<br />

• Acompanhamento<br />

• Solicitar RX 24<br />

• Esplintagem rígida com<br />

fio <strong>de</strong> aço 0,5 mm, fio <strong>de</strong><br />

latão ou resina por 15 a<br />

20 dias<br />

• Remoção <strong>de</strong> hábitos <strong>de</strong><br />

sucção (chupeta,<br />

mama<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>do)<br />

• Alimentação pastosa por<br />

72 horas<br />

• Solicitar RX 24<br />

Quadro 19 - Lesões do Tecido Periodontal - Síntese<br />

Adaptado <strong>de</strong> Boer et al, 2004.<br />

23 Imediato - Até aproximadamente 3 a 4 horas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ocorrido o traumatismo.<br />

24 Técnica <strong>de</strong> Mankopf para crianças com até 2 anos e Randoll para maiores <strong>de</strong> 2 anos<br />

• Observação e<br />

acompanhamento<br />

• Remoção <strong>de</strong> hábitos<br />

<strong>de</strong> sucção<br />

• Alimentação pastosa<br />

por 72 horas<br />

• Solicitar RX 24<br />

Com mobilida<strong>de</strong>:<br />

• Esplintagem rígida<br />

com fio <strong>de</strong> aço por 15<br />

a 20 dias<br />

• Solicitar RX 24<br />

Sem mobilida<strong>de</strong>:<br />

• Observação<br />

• Solicitar RX 24<br />

129<br />

• Alertar responsável sobre<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escurecimento do<br />

<strong>de</strong>nte e aparecimento <strong>de</strong> abscesso<br />

• Dente com vitalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> evoluir<br />

para <strong>de</strong>generação cálcica (coloração<br />

amarelada), reabsorção interna<br />

(mancha rosa e tecido <strong>de</strong> granulação)<br />

reabsorção externa, necrose<br />

(perceptível através <strong>de</strong> fistula,<br />

mobilida<strong>de</strong>, e<strong>de</strong>ma ou abscesso)<br />

• As alterações po<strong>de</strong>m acontecer até 2<br />

anos após o trauma<br />

• Retorno em 15 dias<br />

• Controle radiográfico a cada 3 meses<br />

• Alertar responsável sobre<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escurecimento do<br />

<strong>de</strong>nte e aparecimento <strong>de</strong> abscesso<br />

• Retorno em 15 dias<br />

• Controle radiográfico a cada 3 meses


Tipo <strong>de</strong><br />

trauma<br />

Luxação<br />

intrusiva<br />

Luxação<br />

extrusiva<br />

Descrição<br />

• Deslocamento do <strong>de</strong>nte para<br />

<strong>de</strong>ntro do osso alveolar, no<br />

sentido <strong>de</strong> seu longo eixo<br />

• Clinicamente po<strong>de</strong>-se<br />

observar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma posição<br />

discreta <strong>de</strong> infraoclusão até o<br />

total <strong>de</strong>saparecimento do<br />

<strong>de</strong>nte. Se o <strong>de</strong>nte estiver<br />

firmemente impactado, o<br />

teste <strong>de</strong> percussão mostrará<br />

um som metálico<br />

• Quando esta lesão se<br />

apresenta com fratura óssea<br />

da cavida<strong>de</strong> alveolar,<br />

clinicamente a gengiva po<strong>de</strong><br />

se apresentar elevada<br />

• Deslocamento parcial do<br />

<strong>de</strong>nte no sentido axial, para<br />

fora do alvéolo<br />

Tratamento imediato<br />

Verificar a direção da<br />

intrusão para <strong>de</strong>terminar<br />

o tratamento:<br />

• Ruptura da tábua<br />

óssea com exposição<br />

da raiz por vestibular:<br />

Exodontia<br />

• Deslocamento em<br />

direção ao germe do<br />

<strong>de</strong>nte permanente:<br />

Exodontia<br />

• Ruptura da tábua<br />

óssea sem exposição<br />

da raiz: Aguardar a<br />

reerupção +<br />

medicação<br />

• Remoção <strong>de</strong> hábitos<br />

<strong>de</strong> sucção<br />

• Reposição do <strong>de</strong>nte +<br />

esplintagem com fio<br />

<strong>de</strong> aço 0,5 mm, fio <strong>de</strong><br />

latão ou resina (30 a<br />

45 dias) + medicação<br />

Tratamento<br />

tardio<br />

• I<strong>de</strong>m<br />

tratament<br />

o imediato<br />

• RX<br />

(quando<br />

for<br />

possível)<br />

+<br />

exodontia<br />

Quadro 19 - Lesões do Tecido Periodontal - Síntese - Continuação<br />

Adaptado <strong>de</strong> Boer et al, 2004.<br />

Observações<br />

130<br />

• Medicação:<br />

o Antibioticoterapia<br />

o Anti-inflamatório<br />

o Vitamina C (Ex: CETIVA AE ® 1<br />

gota por Kg <strong>de</strong> peso, 2 vezes ao<br />

dia, por 7 dias)<br />

• Controle radiográfico a cada 3 meses<br />

• Reerupção po<strong>de</strong>rá ocorrer entre 2<br />

semanas a meses<br />

• Se sinais <strong>de</strong> reerupção não estiverem<br />

presentes em até 2 meses, o prognóstico<br />

será <strong>de</strong>sfavorável<br />

• Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anquilose<br />

• Medicação:<br />

o Antibioticoterapia<br />

o Anti-inflamatório<br />

o Vitamina C (Ex: CETIVA AE ® 1<br />

gota por Kg <strong>de</strong> peso, 2 vezes ao<br />

dia, por 7 dias)<br />

• Controle radiográfico a cada 3 meses<br />

• Alertar responsável sobre possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escurecimento do <strong>de</strong>nte e <strong>de</strong> necrose<br />

• Após 20 ou 30 dias po<strong>de</strong> ser necessária a<br />

endodontia ou exodontia


Tipo <strong>de</strong><br />

trauma<br />

Luxação<br />

lateral<br />

Avulsão<br />

Descrição<br />

• O <strong>de</strong>nte se <strong>de</strong>sloca em<br />

direção diferente à axial,<br />

com ou sem fratura do<br />

osso alveolar e po<strong>de</strong>ndo<br />

ocorrer intrusão ou<br />

extrusão do elemento<br />

<strong>de</strong>ntário<br />

• Deslocamento completo<br />

do <strong>de</strong>nte para fora do<br />

alvéolo<br />

Tratamento imediato<br />

• Reposicionamento do<br />

<strong>de</strong>nte (quando possível) +<br />

esplintagem (30 a 45 dias)<br />

+ medicação<br />

• Ou exodontia<br />

• Não reimplantar<br />

• Suturar, se necessário<br />

• Verificar a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> prótese<br />

Tratamento tardio<br />

• Exodontia<br />

Quadro 19 - Lesões do Tecido Periodontal - Síntese - Continuação<br />

Adaptado <strong>de</strong> Boer et al, 2004<br />

• Suturar, se necessário<br />

• Verificar a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

instalação <strong>de</strong> prótese<br />

Observacoes<br />

131<br />

• Quando a luxação for mínima e<br />

não interferir na oclusão, o<br />

tratamento <strong>de</strong> escolha é a<br />

observação<br />

• Caso haja interferência, proce<strong>de</strong>r<br />

leve <strong>de</strong>sgaste incisal do elemento<br />

antagonista (alívio oclusal) com<br />

broca <strong>de</strong> alta rotação<br />

• Medicação:<br />

o Antibioticoterapia<br />

o Anti-inflamatório<br />

o Vitamina C (Ex: CETIVA<br />

AE ® 1 gota por Kg <strong>de</strong><br />

peso, 2 vezes ao dia, por<br />

7 dias)<br />

• Se a avulsão ocorrer antes da<br />

erupção dos caninos <strong>de</strong>cíduos<br />

possivelmente haverá perda <strong>de</strong><br />

espaço na região anterior<br />

• Se a avulsão ocorrer após a<br />

erupção <strong>de</strong> caninos <strong>de</strong>cíduos,<br />

geralmente não ocorre perda <strong>de</strong><br />

espaço, mas sim, problemas<br />

•<br />

estéticos e fonéticos<br />

Para ambos os casos indicar<br />

mantenedor <strong>de</strong> espaço ou prótese


Tipo <strong>de</strong><br />

trauma<br />

Fratura<br />

incompleta<br />

do esmalte<br />

Fratura <strong>de</strong><br />

esmalte<br />

ou<br />

Fratura não<br />

complicada<br />

da coroa<br />

Descrição<br />

• Fratura sem perda <strong>de</strong><br />

substância <strong>de</strong>ntária (trinco no<br />

esmalte), po<strong>de</strong>ndo ser<br />

<strong>de</strong>tectada através da<br />

incidência <strong>de</strong> luz (feixe <strong>de</strong> luz<br />

incidindo paralelamente ao<br />

eixo vertical do <strong>de</strong>nte)<br />

• Fratura com perda <strong>de</strong><br />

estrutura <strong>de</strong>ntária que se<br />

limita ao esmalte<br />

Tratamento imediato<br />

• Limpeza com H2O2 3%<br />

diluída 1:4 + NaF 0,2%<br />

• Solicitar RX 25<br />

• Pequenas fraturas:<br />

Remover bordas<br />

cortantes com discos<br />

abrasivos ou broca<br />

diamantada em baixa<br />

rotação e refrigerada +<br />

NaF 0,2%<br />

• Fraturas maiores:<br />

Restauração com resina<br />

• Solicitar RX 25<br />

Quadro 20 - Lesões dos Tecidos Duros Dentários e da Polpa - Síntese<br />

Adaptado <strong>de</strong> Boer et al, 2004<br />

25 Técnica <strong>de</strong> Mankopf para crianças com até 2 anos e Randoll para maiores <strong>de</strong> 2 anos.<br />

Tratamento tardio<br />

• Limpeza com H2O2 3%<br />

diluída 1:4 + NaF 0,2%<br />

• Solicitar RX 25<br />

• Pequenas fraturas:<br />

Remover bordas<br />

cortantes com discos<br />

abrasivos ou broca<br />

diamantada em baixa<br />

rotação refrigerada +<br />

NaF 0,2%<br />

• Fraturas maiores:<br />

Restauração com resina<br />

• Solicitar RX 25<br />

Observações<br />

132<br />

• Primeiro retorno po<strong>de</strong>rá<br />

ocorrer após uma<br />

semana, com o<br />

responsável já com a<br />

radiografia em mãos<br />

• Próximo retorno po<strong>de</strong>rá<br />

ser realizado na<br />

consulta <strong>de</strong> manutenção<br />

do bebê<br />

• Alertar responsável<br />

sobre possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escurecimento do <strong>de</strong>nte<br />

e <strong>de</strong> necrose pulpar<br />

• Primeiro retorno após<br />

uma semana, com<br />

exame radiográfico para<br />

avaliação<br />

• Próximo retorno em 4<br />

semanas e<br />

acompanhamento<br />

rotineiro<br />

• Alertar responsável<br />

sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escurecimento do <strong>de</strong>nte<br />

e <strong>de</strong> necrose pulpar


Tipo <strong>de</strong><br />

trauma<br />

Fratura <strong>de</strong><br />

esmalte e<br />

<strong>de</strong>ntina<br />

ou<br />

Fratura não<br />

complicada<br />

da coroa<br />

Fratura <strong>de</strong><br />

esmalte,<br />

<strong>de</strong>ntina e<br />

polpa<br />

ou<br />

Fratura<br />

complicada<br />

da coroa<br />

Descrição<br />

• Fratura que<br />

atinge o esmalte<br />

e a <strong>de</strong>ntina sem<br />

atingir a polpa<br />

• Fratura da coroa,<br />

comprometendo<br />

o esmalte, a<br />

<strong>de</strong>ntina e<br />

esten<strong>de</strong>ndo-se<br />

até a polpa<br />

Tratamento imediato<br />

• Próxima à polpa: Proteção<br />

<strong>de</strong>ntinária com cimento <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong> cálcio ou CIV +<br />

restauração +<br />

acompanhamento<br />

• Distante da polpa:<br />

Restauração +<br />

acompanhamento<br />

• Solicitar RX 25<br />

• Formação radicular<br />

incompleta: Criança com + ou<br />

– 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: Pulpotomia<br />

alta (com broca esférica alta<br />

rotação, retira-se 2 a 3 mm da<br />

polpa + pasta Ca(OH)2 p.a +<br />

CIV + restauração <strong>de</strong> resina<br />

• Formação radicular<br />

completa: Criança com mais<br />

<strong>de</strong> 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>:<br />

Pulpectomia + restauração <strong>de</strong><br />

resina<br />

Tratamento tardio<br />

• Com dor:<br />

Pulpectomia +<br />

restauração<br />

• Sem dor:<br />

Proteção com<br />

cimento <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong><br />

cálcio ou CIV<br />

(quando próxima<br />

da polpa) +<br />

restauração<br />

• Solicitar RX 25<br />

Quadro 20 - Lesões dos Tecidos Duros Dentários e da Polpa - Síntese - Continuação<br />

Adaptado <strong>de</strong> Boer et al, 2004<br />

• RX 25 +<br />

Pulpectomia +<br />

Restauração<br />

Observações<br />

133<br />

• No caso <strong>de</strong> lesão aos tecidos <strong>de</strong><br />

sustentação associada ou falta <strong>de</strong><br />

cooperação da criança, uma<br />

restauração temporária po<strong>de</strong> ser<br />

indicada, visando-se proteger<br />

canalículos <strong>de</strong>ntinários, porém sem<br />

preocupação estética<br />

• Alertar para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

necrose pulpar (abscesso)<br />

• Ao primeiro sinal <strong>de</strong> dor, realizar a<br />

pulpectomia<br />

• Primeiro retorno após uma semana,<br />

com exame radiográfico para<br />

avaliação<br />

• Próximo retorno em 4 semanas<br />

• Controle radiográfico a cada 3 meses<br />

• Alertar para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

necrose pulpar (abscesso)<br />

• Primeiro retorno após uma semana,<br />

com exame radiográfico para<br />

avaliação<br />

• Próximo retorno em 4 semanas<br />

• Controle radiográfico a cada 3 meses


Tipo <strong>de</strong> trauma Descrição Tratamento imediato Tratamento tardio Observações<br />

Fratura <strong>de</strong><br />

esmalte, <strong>de</strong>ntina<br />

e cemento<br />

Fratura esmalte,<br />

<strong>de</strong>ntina, polpa e<br />

cemento<br />

Fratura radicular<br />

• Fratura que afeta<br />

esmalte, <strong>de</strong>ntina e<br />

cemento, sem expor a<br />

polpa<br />

• Fratura oblíqua,<br />

longitudinal,<br />

abrangendo esmalte,<br />

<strong>de</strong>ntina, cemento com<br />

envolvimento da polpa.<br />

É uma fratura rara e <strong>de</strong><br />

difícil tratamento<br />

conservador<br />

• As fraturas radiculares<br />

que mais ocorrem na<br />

<strong>de</strong>ntadura <strong>de</strong>cídua são<br />

as do tipo I (1/3 apical)<br />

e II (1/3 médio), sendo<br />

difícil encontrar a do<br />

tipo III (1/3 cervical)<br />

• Remanescente recuperável:<br />

Restauração<br />

• Remanescente<br />

irrecuperável: Exodontia +<br />

prótese<br />

• Remanescente recuperável:<br />

Pulpectomia + restauração<br />

• Remanescente<br />

irrecuperável: Exodontia +<br />

prótese<br />

• 1/3 apical ou 1/3 médio:<br />

Esplintagem rígida (fio aço<br />

0,5 ou 0,6) <strong>de</strong> 6 a 8 meses e<br />

solicitar RX 25<br />

• 1/3 cervical: Exodontia<br />

• Remanescente<br />

recuperável: Restauração<br />

• Remanescente<br />

irrecuperável: Exodontia<br />

+ prótese<br />

• Remanescente<br />

recuperável: Pulpectomia<br />

+ restauração<br />

• Remanescente<br />

irrecuperável: Exodontia<br />

+ prótese<br />

• Pouca mobilida<strong>de</strong>:<br />

Esplintagem rígida + RX 25<br />

• Muita mobilida<strong>de</strong>:<br />

Exodontia<br />

Quadro 20 - Lesões dos Tecidos Duros Dentários e da Polpa - Síntese - Continuação<br />

Adaptado <strong>de</strong> Boer et al, 2004<br />

134<br />

• No caso <strong>de</strong> exodontia,<br />

verificar erupção do<br />

canino e necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> prótese ou<br />

mantenedor <strong>de</strong> espaço<br />

• No caso <strong>de</strong> exodontia,<br />

verificar erupção do<br />

canino e necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> prótese ou<br />

mantenedor <strong>de</strong> espaço<br />

• Fratura do terço apical:<br />

Fragmento<br />

normalmente é<br />

reabsorvido, raramente<br />

ocorrendo complicação<br />

pulpar nos <strong>de</strong>ntes<br />

esplintados<br />

• Controle radiográfico a<br />

cada 3 meses<br />

• Orientar responsáveis<br />

quanto às possíveis<br />

complicações pósoperatórias


4.1.10.2 Profilaxia do tétano no traumatismo <strong>de</strong>ntário<br />

A imunização contra o tétano é feita através da vacina tetravalente (DPT + Hib),<br />

administrada em três doses iniciais, quando o bebê apresentar 2, 4, e 6 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Posteriormente, faz-se um reforço aos 15 meses com a tríplice bacteriana (DPT). Os<br />

reforços seguintes contra difteria e tétano (dupla adulto ou DT) <strong>de</strong>vem ser realizados a cada<br />

10 anos, antecipado para cinco anos em caso <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z ou aci<strong>de</strong>ntes com lesões graves.<br />

Caso a última dose <strong>de</strong> vacina tenha sido tomada há menos <strong>de</strong> 5 anos, não há<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reforço. No caso <strong>de</strong> haver <strong>de</strong>corrido mais <strong>de</strong> 5 anos da última vacina,<br />

recomenda-se a dose <strong>de</strong> reforço. Para pessoas não imunizadas recomenda-se a aplicação<br />

da vacina.<br />

135


3.1.11 Erupção Dentária<br />

3.1.11.1 Cronologia e <strong>de</strong>senvolvimento dos <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos<br />

O padrão normal <strong>de</strong> erupção dos primeiros <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos (geralmente os<br />

incisivos centrais inferiores) compreen<strong>de</strong> um período que se inicia ao redor dos 4 meses <strong>de</strong><br />

vida até aproximadamente 1 ano e 3 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A partir <strong>de</strong> 1 ano e 4 meses, se a<br />

criança ainda não apresentar nenhum <strong>de</strong>nte erupcionado, é recomendável solicitar uma<br />

radiografia para pesquisa <strong>de</strong> possíveis alterações. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos primeiros <strong>de</strong>ntes<br />

erupcionarem mais cedo ou mais tar<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua, em geral se completa por volta<br />

dos 36 meses.<br />

O Quadro 22 apresenta a a ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> erupção e esfoliação <strong>de</strong>ntária para a<br />

<strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua.<br />

Arco<br />

Superior<br />

Arco<br />

Inferior<br />

Dente Erupção Raiz completa Esfoliação<br />

I 7 ½ meses 1 ½ anos 7 - 8 anos<br />

II 9 meses 2 anos 8 - 9 anos<br />

III 18 meses 3 ¼ anos 11 - 12 anos<br />

IV 14 meses 2 ½ anos 10 - 11 anos<br />

V 24 meses 3 anos 10 - 12 anos<br />

I 6 meses 1 ½ anos 6 - 7 anos<br />

II 7 meses 1 ½ anos 7 - 8 anos<br />

III 16 meses 3 ½ anos 9 - 10 anos<br />

IV 12 meses 2 ¼ anos 10 - 12 anos<br />

V 20 meses 3 anos 11 - 12 anos<br />

Quadro 22 - Sequência <strong>de</strong> eupção - Dentição <strong>de</strong>cídua<br />

• Erupção por grupos <strong>de</strong>ntários<br />

o 6 º ao 12º mês - todos os Incisivos<br />

o 12º ao 16º mês - primeiros molares <strong>de</strong>cíduos<br />

o 16º ao 20º mês - caninos<br />

o 20º ao 30º mês - segundos molares <strong>de</strong>cíduos<br />

3.1.11.2 Erupção dos <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e manifestações orgânicas: Odontíase<br />

A existência <strong>de</strong> correlação entre a erupção dos <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e a ocorrência <strong>de</strong><br />

manifestações orgânicas (odontíase, erupção difícil) ainda é motivo <strong>de</strong> controvérsia. Sobre<br />

este assunto existem duas vertentes <strong>de</strong> pensamento. A primeira propõe que a erupção é um<br />

processo fisiológico e que a associação com diarreia, febre, falta <strong>de</strong> apetite, erupção<br />

cutânea, corisa, aumento <strong>de</strong> salivação e outras alterações não passa <strong>de</strong> coincidência. Na<br />

136


segunda vertente, acredita-se haver relação evi<strong>de</strong>nte entre sintomas locais e sistêmicos, da<br />

mesma forma que po<strong>de</strong> ocorrer com o parto, menstruação e a digestão, que também são<br />

processos fisiológicos, po<strong>de</strong>ndo o organismo per<strong>de</strong>r seu ritmo normal e manifestar<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio local ou sistêmico.<br />

Os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos po<strong>de</strong>m erupcionar sem nenhum sintoma, porém em pelo<br />

menos dois terços das crianças observam-ser sinais e sintomas que po<strong>de</strong>m estar<br />

relacionados a este processo. Apesar da controvérsia, tem-se observado uma mudança <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong> dos profissionais da área médica quanto a este assunto, no sentido <strong>de</strong> se admitir que<br />

alguns distúrbios leves po<strong>de</strong>m ocorrer.<br />

no Quadro 23.<br />

Os sinais e sintomas mais observados durante a erupção <strong>de</strong>ntária estão relatados<br />

Sinais e sintomas associados à erupção <strong>de</strong>ntária<br />

Sistêmicas Locais<br />

• Irritabilida<strong>de</strong>, impaciência • Eritema, e<strong>de</strong>ma e prurido gengival<br />

• Alterações no sono, que po<strong>de</strong> se<br />

tornar agitado <strong>de</strong>vido à presença<br />

<strong>de</strong> dor local<br />

137<br />

• Eritema da face (muitas vezes,<br />

somente uma das bochechas<br />

apresentase vermelha)<br />

• Aumento da temperatura • Irritação local traduzida pelo ato<br />

<strong>de</strong> mor<strong>de</strong>r e coçar<br />

• Diarréia • Hiperemia da mucosa bucal<br />

• Inapetência • Salivação excessiva<br />

• Diminuição<br />

sistêmica<br />

da resistência • Tumefações gengivais<br />

• Coriza • Cistos <strong>de</strong> erupção<br />

• Tosse • Úlceras<br />

• Eritema cutâneo • Aumento da sucção digital<br />

Quadro 23 - Sinais e sintomas da erupção <strong>de</strong>ntária<br />

• Manejo<br />

O tratamento é sintomático e po<strong>de</strong> envolver uma série <strong>de</strong> medidas tópicas e, se<br />

necessário, sistêmicas, <strong>de</strong>scritas a seguir.<br />

Tratamento não farmacológico<br />

Com o intuito <strong>de</strong> minimizar ou eliminar sintomas po<strong>de</strong>-se:<br />

• Aplicar mor<strong>de</strong>dor gelado, pois o frio e pressão dão sensação <strong>de</strong> alívio.<br />

Preferir mor<strong>de</strong>dores rígidos aos que possuem líquido <strong>de</strong>ntro pelo risco<br />

<strong>de</strong>stes últimos se romperem e a criança ingerir o conteúdo do mesmo


138<br />

• Oferecer alimentos duros e frios como: Palitos <strong>de</strong> pepino, legumes cozidos<br />

frios, pedaços <strong>de</strong> frutas (ex: Banana gelada)<br />

• Realizar pressão digital (<strong>de</strong>do envolto em gaze ume<strong>de</strong>cida) ou com a parte<br />

convexa <strong>de</strong> uma colherinha <strong>de</strong> café<br />

• Cortar as unhas da criança, para evitar contaminação<br />

• Desinfetar diariamente chupeta, mor<strong>de</strong>dor, brinquedos, etc, com uma<br />

solução <strong>de</strong> hipoclorito <strong>de</strong> sódio a 1% (30 minutos) ou fervura por 5 minutos<br />

• Aumentar o consumo <strong>de</strong> líquidos, oferecendo bebidas frias<br />

• Confortar a criança<br />

Tratamento farmacológico<br />

Agentes tópicos<br />

• Produtos à base <strong>de</strong> camomila<br />

o Infusão <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> camomila concentrado, aplicado com fralda durante a<br />

massagem<br />

o Gel para massagem, à base <strong>de</strong> camomila (camomila em orobase), 2 a 4<br />

vezes ao dia<br />

• Gel anestésico: No máximo 3 vezes ao dia em mucosa seca, em pequena<br />

quantida<strong>de</strong> para evitar intoxicação por <strong>de</strong>glutição aci<strong>de</strong>ntal. Ex: Gingilone ®<br />

Medicação sistêmica<br />

• Analgésico (caso necessário): Paracetamol, <strong>de</strong> 8 em 8 horas, na dose preconizada<br />

para a ida<strong>de</strong><br />

Consi<strong>de</strong>ração<br />

O aparecimento <strong>de</strong> sintomas exacerbados como estado febril maior (igual ou acima<br />

<strong>de</strong> 38 graus), quadro <strong>de</strong> diarreia intensa, vômito e erupção cutânea po<strong>de</strong>m estar associados<br />

com alguma doença sistêmica. Neste caso, encaminhar a criança ao médico.


3.1.12 Transmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cárie<br />

As bactérias causadoras <strong>de</strong> cárie são normalmente transmitidas para a criança<br />

através do contato com a saliva das pessoas com quem mais convive diariamente como<br />

mãe ou cuidador(a), irmãos e <strong>de</strong>mais pessoas da família.<br />

Em cerca <strong>de</strong> 70% dos casos, as mães são as transmissoras mais comuns das<br />

bactérias da cárie, reforçando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção odontológica às mesmas através<br />

do Pré-Natal Odontológico. Para os <strong>de</strong>mais membros da família, verificar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

controle e prevenção <strong>de</strong> cárie.<br />

Hábitos que levem ao contato da criança com a saliva são formas comuns <strong>de</strong><br />

transmissão das bactérias da cárie e po<strong>de</strong>m ser evitados através <strong>de</strong> aconselhamento prévio.<br />

Assim, é importante:<br />

• Evitar o uso compartilhado <strong>de</strong> copos e talheres<br />

• Evitar o contato da boca da mãe ou cuidador com a comida do bebê<br />

• Evitar beijar o bebê na boca (medida também importante para prevenção <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>de</strong> outras doenças como herpes, resfriados, etc.)<br />

• Não “limpar” a chupeta do bebê com a boca após esta ter caído no chão<br />

• Evitar o uso <strong>de</strong> brinquedos contaminados com a saliva <strong>de</strong> outras crianças<br />

O aumento da resistência da criança à colonização <strong>de</strong> bactérias cariogênicas<br />

ocorrerá após a erupção dos <strong>de</strong>ntes, através do uso <strong>de</strong> fluoretos, conforme <strong>de</strong>scrito<br />

anteriormente neste capítulo.<br />

3.1.13 Interação entre Odontologia para Crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses e USF<br />

A odontologia para crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses está intimamente integrada com<br />

outras ativida<strong>de</strong>s da USF, principalmente com a puericultura e a vacinação, portanto o<br />

Cirurgião-Dentista tem a função <strong>de</strong> conscientizar toda a equipe da USF (médicos,<br />

enfermeiros, auxiliares <strong>de</strong> enfermagem, ACS e outros) da importância da atenção precoce<br />

na área odontológica e solicitar a estes profissionais que colaborem encaminhando os<br />

bebês e orientando aos pais para que procurem o serviço <strong>de</strong> odontologia existente na USF.<br />

Este trabalho po<strong>de</strong>rá ser feito em reuniões com toda a equipe ou individualmente com cada<br />

profissional.<br />

139


Bebês da UEL<br />

3.1.14 Integração entre as Clínicas Odontológicas das USF e a Clínica <strong>de</strong><br />

Esta integração se dá <strong>de</strong> uma maneira global, on<strong>de</strong> ocorre um intercâmbio <strong>de</strong><br />

informações e conhecimentos, bem como <strong>de</strong> encaminhamentos para atendimentos<br />

especializados que não são disponíveis nas USF (exames radiográficos em crianças<br />

menores <strong>de</strong> 5 anos, trabalhos protéticos, etc.) e encaminhamento <strong>de</strong> pacientes que não<br />

permitiram o tratamento (NPT). Os critérios <strong>de</strong> encaminhamento <strong>de</strong> paciente NPT serão<br />

estabelecidos entre a Gerência <strong>de</strong> Odontologia e Direção da Bebê-Clínica.<br />

Por sua vez, as Clínicas Odontológicas municipais darão continuida<strong>de</strong> ao<br />

tratamento das crianças que aos 5 anos completos <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser atendidas pela Bebê<br />

Clínica.<br />

140


Fluxograma 5 - Atenção odontológica ao bebê<br />

Criança até 36 meses da área <strong>de</strong> abrangência da USF<br />

• Demanda espontânea<br />

• Puericultura<br />

• Vacinação<br />

• Pediatria<br />

• Pré-Natal Odontológico<br />

• Visita Domiciliar<br />

• Maternida<strong>de</strong> Municipal<br />

Reunião inicial<br />

A<strong>de</strong>são do bebê ao programa<br />

Baixo risco <strong>de</strong> cárie<br />

Procedimentos clínicos<br />

Anamnese<br />

Exame clínico<br />

Educação em saú<strong>de</strong><br />

Procedimentos caseiros<br />

Limpeza ou escovação<br />

Aplicação diária <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong><br />

sódio 0,02%<br />

Controle <strong>de</strong> dieta<br />

Manutenção<br />

Retorno: 3 meses<br />

Atenção individual<br />

Alto risco <strong>de</strong> cárie<br />

Procedimentos clínicos<br />

Anamnese<br />

Exame clinico<br />

Educação em saú<strong>de</strong><br />

Tratamento <strong>de</strong> choque<br />

Procedimentos caseiros<br />

Limpeza ou escovação<br />

Aplicação diária <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong><br />

sódio 0,02%<br />

Controle: Aleitamento noturno,<br />

dieta e transmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie<br />

Manutenção<br />

Retornos mensais até a reversão do risco<br />

Após reversão, retornos em 3 meses<br />

141


3.1.15 Fonoaudiologia Associada à Primeira Infância<br />

143<br />

Rosangela Del Anhol Azevedo<br />

A fonoaudiologia tem como objetivo promover o <strong>de</strong>senvolvimento da comunicação,<br />

impedir, interromper e reabilitar as alterações da voz, fala, audição e linguagem. As<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns fonoaudiológicas, quando não diagnosticadas e tratadas precocemente, trazem<br />

sequelas sociais relevantes e por vezes incapacitantes.<br />

As crianças com faixa etária <strong>de</strong> 0 a 4 anos e 11 meses são atendidas atualmente<br />

no Pronto Atendimento Infantil (PAI) por meio <strong>de</strong> encaminhamentos (agendar por telefone),<br />

entretanto as patologias associadas a tratamentos ortodônticos não são tratadas por<br />

este serviço.<br />

3.1.15.1 Tópicos a serem observados<br />

• Audição<br />

Verificar se o RN realizou o teste da orelhinha e caso não tenha sido feito,<br />

encaminhá-lo. Além disso, recomenda-se que toda criança realize exame audiométrico<br />

anualmente.<br />

• Desenvolvimento da linguagem<br />

Verificar a comunicação oral através da conversa espontânea, observando a<br />

ocorrência <strong>de</strong> distúrbios articulatórios, alteração vocal (rouquidão), gagueira, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compreensão, dificulda<strong>de</strong> para ouvir e ausência <strong>de</strong> linguagem. Caso verifique algumas<br />

<strong>de</strong>stas alterações encaminhar a criança para o setor <strong>de</strong> fonoaudiologia (PAI).


O Quadro 21 <strong>de</strong>screve resumidamente as estapas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

linguagem visando facilitar a avaliação pelo profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Ida<strong>de</strong> Características<br />

0 a 6 meses Emite sons guturais, atenção ao som, localização sonora (em cimaembaixo-lados)<br />

6 meses a 1 ano Balbucio e surgimento das primeiras sílabas<br />

Compreensão <strong>de</strong> frases simples<br />

1 a 2 anos Surgem a primeiras palavras, frases simples, boa compreensão<br />

2 a 3 anos Amplia a complexida<strong>de</strong> estrutural da frase, vocabulário bem amplo<br />

3 a 4 anos Boa inteligibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala e sistema linguístico em potencial<br />

Quadro 21- Etapas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da linguagem<br />

• Órgãos fonoarticulatórios<br />

Verificar a morfologia, tonicida<strong>de</strong> muscular e motricida<strong>de</strong> oral<br />

• Respiração<br />

Observar se a respiração é ofegante, bucal ou nasal, respeitando a faixa etária <strong>de</strong><br />

um ano, na qual a respiração po<strong>de</strong> se apresentar <strong>de</strong> modo misto <strong>de</strong>vido ao processo <strong>de</strong><br />

maturação. Etiologia mais comum <strong>de</strong> problemas respiratórios são os pólipos nasais, <strong>de</strong>svio<br />

<strong>de</strong> septo, alergia, rinite, sinusite, hábito <strong>de</strong> manter a boca aberta, amigdalite, alterações <strong>de</strong><br />

arcada <strong>de</strong>ntária.<br />

• Reflexos<br />

144<br />

o De busca: Tem como função a procura do alimento (peito ou mama<strong>de</strong>ira).<br />

Para verificar este reflexo realize toques na lateral da região perioral, superior<br />

e inferior. Como resposta, o RN faz abertura <strong>de</strong> boca, movimentos da cabeça<br />

em direção a área estimulada, assim como lábio e língua. Este reflexo é<br />

inibido por volta dos três meses <strong>de</strong> vida e a sua persistência <strong>de</strong>ve ser<br />

investigada<br />

o De sucção: Seu objetivo é retirar o leite do peito ou mama<strong>de</strong>ira. O ato <strong>de</strong><br />

sucção é verificado colocando o <strong>de</strong>do na parte anterior da língua e palato<br />

duro. Este reflexo é inibido por volta do 4° mês, quando po<strong>de</strong> ser introduzida<br />

a colher. A ausência ou a persistência <strong>de</strong>ste reflexo <strong>de</strong>ve ser investigada


o De mordida: Este reflexo <strong>de</strong> apreensão tem como função a proteção. Realizar<br />

145<br />

pressão mo<strong>de</strong>rada na área lateral anterior da gengiva superior e inferior. É<br />

inibido em torno do 4° mês<br />

o De <strong>de</strong>glutição: A sobrevivência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste reflexo. Introduzir certo volume<br />

<strong>de</strong> líquido <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> oral <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ará o ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutir. Observar<br />

engasgos, regurgitamentos, incoor<strong>de</strong>nação dos movimentos e alteração<br />

respiratória. Se algumas <strong>de</strong>stas características estiverem presentes, a criança<br />

<strong>de</strong>verá ser encaminhada para investigação. Este reflexo é inibido por volta do<br />

7° ao 11° mês<br />

o De vômito: Sua função é proteção. Quando a parte posterior da língua<br />

próximo à úvula é pressionada ocorre extensão <strong>de</strong> toda musculatura<br />

orofaríngea. Nos primeiros meses este reflexo é mais localizado na parte<br />

anterior da cavida<strong>de</strong> bucal e por volta do 7° mês se localiza no terço<br />

posterior. Crianças que apresentam ânsia ao mínimo toque nos lábios ou na<br />

língua fogem da normalida<strong>de</strong>. Observar também casos <strong>de</strong> refluxo<br />

3.1.15.2 Amamentação e saú<strong>de</strong> bucal<br />

• O aleitamento materno exclusivo até os seis (6) meses <strong>de</strong> vida proporciona benefícios<br />

nutricionais e imunológicos, possibilita trocas afetivas fortalecendo o vínculo entre mãe<br />

e filho além <strong>de</strong> influenciar no <strong>de</strong>senvolvimento orofacial, fisiologia da fala, <strong>de</strong>glutição e<br />

respiração<br />

• Sugere-se a posição vertical do bebê, com o propósito <strong>de</strong> evitar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

otite lactente, favorecendo maior exercitação da musculatura orofacial e melhor<br />

funcionamento digestivo<br />

• Ao nascer, o bebê apresenta uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sproporção entre o crânio e a face,<br />

retroposição mandibular (distância antero-posterior entre o rebordo superior e o<br />

inferior), além <strong>de</strong> pequena altura da face. Esta disposição é fisiológica e estímulos que<br />

vêm da amamentação, da mastigação e da respiração levarão ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

normal crânio-facial do bebê<br />

• Enquanto mama, o bebê respira pelo nariz, pois não solta o peito. A respiração nasal<br />

favorece para que a <strong>de</strong>glutição seja feita <strong>de</strong> forma correta. Além disso, aquece o ar,<br />

evitando instalação <strong>de</strong> doenças como a amigdalite<br />

• O ar que entra pelo nariz favorece o crescimento do maxilar superior


• Para sugar o leite, o bebê é obrigado a mor<strong>de</strong>r, avançar e retrair a mandíbula que é<br />

estimulada a crescer. Após 6 meses <strong>de</strong> amamentação exclusiva a diferença maxila<br />

mandíbula po<strong>de</strong> diminuir <strong>de</strong> 8 a 12 mm para 1 mm<br />

• Maxilares bem <strong>de</strong>senvolvidos propiciarão um melhor alinhamento da <strong>de</strong>ntição,<br />

diminuindo a necessida<strong>de</strong> futura <strong>de</strong> tratamento ortodôntico<br />

• Músculos firmes ajudarão na fala<br />

• A amamentação (or<strong>de</strong>nha) é a primeira fase da mastigação. Os músculos respon<strong>de</strong>m<br />

aos estímulos e na fase seguinte estarão prontos para mastigar. Nas duas fases<br />

trabalham os mesmos músculos. Desta forma, a amamentação prepara a criança para<br />

a mastigação<br />

• Ressalta-se que no caso <strong>de</strong> mãe HIV/AIDS a amamentação está contraindicada<br />

3.1.15.3 Orientações complementares<br />

• A inibição da baba fisiológica <strong>de</strong>ve ocorrer por volta do 15° mês. A realização <strong>de</strong><br />

massagens com movimentos circulares na região orofacial e intraoral po<strong>de</strong> facilitar<br />

esta inibição<br />

• Quando as crianças estão com sono, aborrecidas, estressadas, frustradas, <strong>de</strong> mau<br />

humor, agitadas ou insatisfeitas após a mamada, precisam se acalmar e se satisfazer<br />

emocionalmente, com sensações agradáveis <strong>de</strong> prazer, carinho, aconchego e<br />

segurança. Caso a mãe perceba que o hábito <strong>de</strong> sucção <strong>de</strong> <strong>de</strong>do está se instalando,<br />

ela po<strong>de</strong>rá ofertar a chupeta (bico ortodôntico) <strong>de</strong> tamanho compatível com a ida<strong>de</strong> da<br />

criança. No início, <strong>de</strong>vido a sua imaturida<strong>de</strong> motora oral, ela terá dificulda<strong>de</strong> para<br />

manter a chupeta na boca sozinha. Essa troca <strong>de</strong>mandará tempo e paciência por parte<br />

da mãe, que precisará segurar a chupeta por alguns minutos para que a criança<br />

<strong>de</strong>senvolva a coor<strong>de</strong>nação do ato <strong>de</strong> sucção<br />

• A chupeta ou mama<strong>de</strong>ira po<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da frequência, duração e intensida<strong>de</strong>,<br />

levarem a transtornos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento orofacial como: Instalação <strong>de</strong> respiração<br />

bucal, mordida aberta, mordida cruzada, interposição lingual, <strong>de</strong>glutição atípica,<br />

atresia palatal, entre outros<br />

• No primeiro ano <strong>de</strong> vida, a sensação <strong>de</strong> fome e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucção ocorrem ao<br />

mesmo tempo e o i<strong>de</strong>al seria que ambas fossem saciadas juntas. Entretanto, para<br />

alguns bebês isto não acontece e estes acabam necessitando <strong>de</strong> sucção adicional<br />

aumentando assim sua necessida<strong>de</strong> emocional <strong>de</strong>ste ato. Então a chupeta acaba<br />

sendo usada para satisfazer a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucção. Desta forma, torna-se<br />

necessário orientar os pais sobre o uso mais racional da mesma<br />

146


• O disco em volta da chupeta para apoio dos lábios <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> plástico, gran<strong>de</strong> o<br />

suficiente para cobrir os lábios e parte da bochecha, evitando que a criança o coloque<br />

<strong>de</strong>ntro da boca. Deve ter dois gran<strong>de</strong>s orifícios <strong>de</strong> cada lado para permitir que a pele<br />

seja ventilada<br />

• Não se <strong>de</strong>ve ofertar a chupeta a todo instante, a qualquer sinal <strong>de</strong> choro ou<br />

<strong>de</strong>sconforto e até mesmo para acalmar a criança, pois isto po<strong>de</strong> levar ao hábito.<br />

Limitar o seu uso ofertando-a após as mamadas, por tempo limitado, complementando<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucção ou para induzir o sono. Com o passar do tempo, evitar<br />

ofertar da chupeta durante o dia, se necessário, oferecer somente na hora <strong>de</strong> dormir.<br />

Sempre que a criança adormecer, retirar a chupeta<br />

• Evitar pendurar a chupeta na roupa da criança para que esta não esteja disponível a<br />

toda hora. Não amarrá-la com fita, corrente ou cordão no pescoço, sob o risco <strong>de</strong><br />

estrangulamento. Não amarrar fralda na argola da chupeta, pois o peso da mesma<br />

puxará os <strong>de</strong>ntes mais para fora e provocará flaci<strong>de</strong>z muscular. Se possível, indicar<br />

chupeta sem argola, que tenha somente uma saliência para pega. Evitar <strong>de</strong>ixar várias<br />

chupetas disponíveis pela casa e no berço da criança<br />

• Remover o hábito <strong>de</strong> sucção da chupeta entre um e dois anos, <strong>de</strong>vendo a mãe<br />

começar a preparar a criança psicologicamente para isso. Evitar a retirada do hábito<br />

em períodos <strong>de</strong>sfavoráveis para a criança (criança doente, novo irmão, gravi<strong>de</strong>z da<br />

mãe, separação <strong>de</strong> familiares, etc.) Dedicar mais tempo à criança nesta fase,<br />

principalmente na hora <strong>de</strong> dormir. A mãe po<strong>de</strong>rá contar estórias, cantar, acariciar,<br />

ajudando a criança a substituir a chupeta por outras formas <strong>de</strong> carinho<br />

• Não mergulhar a chupeta em substâncias doces<br />

• Desinfetar a chupeta e mama<strong>de</strong>ira diariamente, através <strong>de</strong> fervura por 5 minutos<br />

• O bico da mama<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ve ser ortodôntico e com tamanho a<strong>de</strong>quado à ida<strong>de</strong> da<br />

criança. Não aumentar o furo (o líquido <strong>de</strong>ve cair como o <strong>de</strong> um contagotas) e não<br />

permitir que a criança englobe toda a porção <strong>de</strong> borracha com a boca. O bico precisa<br />

ser trocado quando se apresentar melado, poroso e com alteração <strong>de</strong> coloração, para<br />

evitar a proliferação <strong>de</strong> bactérias<br />

• A introdução <strong>de</strong> outros alimentos <strong>de</strong>ve ser iniciada a partir do 6° mês com orientação<br />

médica e <strong>de</strong>verão obe<strong>de</strong>cer as seguintes etapas <strong>de</strong> consistência: Pastosos,<br />

semissólidos e sólidos<br />

• O hábito <strong>de</strong> roer unhas (onicofagia) e bruxismo po<strong>de</strong>rão estar ligados ao<br />

psicoemocional (ansieda<strong>de</strong>) e a incoor<strong>de</strong>nação neuromotora dos músculos da<br />

mastigação. Esses hábitos são retirados mediante a orientação e reeducação<br />

miofuncional<br />

147


BIBLIOGRAFIA<br />

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<strong>de</strong> João Pessoa sobre erupção <strong>de</strong>ntária <strong>de</strong>cídua e sintomatologia infantil. Com. Ciências<br />

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2002.<br />

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Pernambuco, v. 4, n. 2, p. 79-83, jul/<strong>de</strong>z. 2001.<br />

NEVILLE, B. W. et al. Patologia oral e maxilofacial. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara<br />

Koogan. 2004. 798 p.<br />

PEDROSA, A. M.C. et al. Guia do <strong>de</strong>ntista. Guia <strong>de</strong> medicamentos em linguagem clara.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Record. 1998. 985 p.<br />

148


ENCONTRO NACIONAL DE ODONTOLOGIA PARA BEBÊS, 5, 2004, <strong>Londrina</strong>. Documento<br />

Final. <strong>Londrina</strong>: UEL, 2004.<br />

WALTER, L.R.F., FERELLE, A., ISSAO. Odontologia para o bebê. São Paulo: Artes<br />

Médicas, 1996. 246 p.<br />

149


3.2 ATENÇÃO ODONTOLÓGICA À CRIANÇA (3 A 9 ANOS)<br />

151<br />

Maura Sassahara Higasi<br />

Lucimar Aparecida Britto Codato<br />

Caracteriza-se por cuidados específicos a serem observados pela equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

bucal durante o atendimento da criança. Sugerem-se leituras complementares dos Capítulos<br />

Principais Patologias Bucais e Procedimentos Odontológicos, cujos conteúdos são<br />

importantes para a atenção à criança.<br />

3.2.1 Vias <strong>de</strong> Acesso<br />

• Demanda espontânea<br />

• Programas sociais<br />

• Escolas /CEIs<br />

• Encaminhamentos <strong>de</strong> outros profissionais da USF<br />

• Indicação <strong>de</strong> usuários assistidos pela equipe <strong>de</strong> Odontologia<br />

• Visita Domiciliar<br />

• Bebê-Clínica da UEL<br />

3.2.2 Acolhimento da Criança e Cuidador<br />

Deve ser realizado pela equipe <strong>de</strong> odontologia em todos os momentos que estiver<br />

em contato com o usuário.<br />

3.2.3 Estabelecimento <strong>de</strong> Vínculo Criança - Família - Equipe<br />

É importante para a<strong>de</strong>são à atenção odontológica e para o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

autocuidado nas práticas diárias das ações propostas pela equipe.<br />

O conhecimento sobre a criança, sua família e o contexto socioeconômico e cultural<br />

no qual estão inseridos facilitam a abordagem e, consequentemente, a a<strong>de</strong>são da criança e<br />

<strong>de</strong> seus cuidadores à atenção odontológica.


3.2.4 Objetivos da Atenção Odontológica<br />

• Estimular os cuidadores e a criança na adoção <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> higiene bucal diária e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> hábitos saudáveis e do autocuidado<br />

• Motivar a criança na aceitação dos tratamentos preventivos e curativos necessários<br />

• Realizar atenção integral à saú<strong>de</strong> bucal da criança<br />

• Trabalhar <strong>de</strong> forma multiprofissional na atenção à criança<br />

3.2.5 Educação em Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong><br />

Os procedimentos educativos e preventivos contribuem para melhorar a a<strong>de</strong>são<br />

das crianças e <strong>de</strong> seus cuidadores ao atendimento odontológico, somado ao fato que o<br />

sucesso <strong>de</strong> tais programas está diretamente ligado à conscientização e motivação da<br />

criança e sua família. Assim, as informações <strong>de</strong>vem ser transmitidas com entusiasmo pela<br />

equipe, <strong>de</strong> forma clara e com linguagem que permita fácil compreensão.<br />

Po<strong>de</strong> ser realizada por meio <strong>de</strong>:<br />

• Entrevista e/ou diálogos informais<br />

• Palestras<br />

• Dramatizações<br />

• Reuniões/Oficinas<br />

• Criação <strong>de</strong> grupos específicos<br />

• Cartazes<br />

• Jornais (publicações, entrevistas, cartas)<br />

• Televisão<br />

152


Os quadros 24 e 25 apresentam métodos que po<strong>de</strong>m ser utilizados pela equipe na<br />

educação em saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong> crianças.<br />

Métodos educativos para crianças<br />

• Apresentação <strong>de</strong> casos, exemplos, chamar atenção<br />

Palavra falada<br />

para assuntos importantes e esclarecer dúvidas durante<br />

palestras, conferências, reuniões informais, trabalhos com<br />

pequenos grupos, mesas redondas ou mesmo<br />

individualmente<br />

• Devem ser confeccionados <strong>de</strong> acordo com a faixa etária<br />

Palavra escrita<br />

a ser abordada (folhetos, fol<strong>de</strong>rs, revistas, encartes)<br />

• Po<strong>de</strong>m ser utilizados para todas as faixas etárias a partir<br />

Recursos audiovisuais<br />

dos 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (fantoches, teatro, música,<br />

brinca<strong>de</strong>iras, jogos, quadro negro, álbum seriado, filmes,<br />

sli<strong>de</strong>s ou fotografias)<br />

Quadro 24 - Métodos educativos para crianças<br />

Ida<strong>de</strong><br />

Crianças <strong>de</strong> 3 a 5 anos<br />

Crianças <strong>de</strong> 5 a 10 anos<br />

saú<strong>de</strong> bucal<br />

Abordagem<br />

153<br />

• Além da motivação da própria criança, a equipe <strong>de</strong><br />

Odontologia <strong>de</strong>ve dar atenção especial à capacitação dos<br />

pais, professores e cuidadores (Ex: Avós, tios, etc.)<br />

• Realizar grupos para pais ou cuidadores com<br />

participação ativa das crianças, <strong>de</strong> acordo com o grau <strong>de</strong><br />

entendimento das mesmas<br />

• Estimular a troca <strong>de</strong> experiências, a exteriorização <strong>de</strong><br />

dúvidas, a curiosida<strong>de</strong> e a realização <strong>de</strong> perguntas para a<br />

equipe<br />

Quadro 25 - Métodos educativos relacionados às ida<strong>de</strong>s das crianças<br />

3.2.5.1 Espaços para atuação da equipe <strong>de</strong> odontologia na educação em<br />

• Reuniões <strong>de</strong> Conselhos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Locais<br />

• Centros <strong>de</strong> Educação Infantil<br />

• Escolas <strong>de</strong> Ensino Fundamental<br />

• Própria USF: Palestras e oficinas com os <strong>de</strong>mais membros da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

para novos usuários e grupos locais já existentes<br />

• Outros espaços sociais (igrejas, orfanatos, casas abrigos, etc.)


3.2.5.2 Temas para abordagem em palestras, oficinas e dinâmicas <strong>de</strong> grupo.<br />

No quadro 26 estão listados temas a serem abordados em palestras, oficinas e dinâmicas <strong>de</strong> grupo pela equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal.<br />

Assunto Detalhamento<br />

• Alimentação balanceada: Frutas, verduras, carnes, dieta fibrosa<br />

Dieta saudável<br />

• Evitar:<br />

o Consumo <strong>de</strong> doces e alimentos açucarados no intervalo entre as refeições<br />

o Uso abusivo <strong>de</strong> chicletes, bolachas, balas, etc.<br />

Importância do estabelecimento <strong>de</strong> rotina<br />

<strong>de</strong> horários para criança<br />

• Horários para: Dormir, brincar, estudar, escovar os <strong>de</strong>ntes<br />

• Número <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />

Dentição <strong>de</strong>cídua<br />

• Função/Importância: Mastigatória, estética, fonética, manutenção <strong>de</strong> espaço para <strong>de</strong>ntes<br />

permanentes e guia <strong>de</strong> erupção<br />

• Número <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />

• Período <strong>de</strong> erupção. Frisar a erupção do 1º molar em torno dos 6 -7 anos, e que o <strong>de</strong>nte “nasce atrás”<br />

sem que tenha esfoliado outro <strong>de</strong>cíduo<br />

Dentição permanente<br />

• Importância<br />

• Problemas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> perdas <strong>de</strong>ntárias (erupção contínua do antagonista, <strong>de</strong>ntes vizinhos se<br />

inclinam)<br />

• Definição<br />

• Formação<br />

Cárie <strong>de</strong>ntária<br />

• Transmissibilida<strong>de</strong><br />

• Evolução<br />

• Consequências<br />

• Escovações: Número diário, tipo <strong>de</strong> escova, creme <strong>de</strong>ntal (enfatizar cuidados para evitar sua<br />

<strong>de</strong>glutição), crianças menores necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> supervisão pelo adulto<br />

Prevenção da cárie <strong>de</strong>ntária<br />

• Enfatizar a importância da higienização (escova e fio <strong>de</strong>ntal) antes <strong>de</strong> dormir<br />

• Importância do uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Demonstrar com macromo<strong>de</strong>lo: Técnica <strong>de</strong> escovação e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

• Durante a ingestão <strong>de</strong> medicamentos açucarados (contêm açúcar: Xaropes, antibióticos em solução,<br />

Cuidados adicionais com a higienização pastilhas para garganta)<br />

• Importância do vedamento labial e da respiração nasal<br />

Criança respiradora bucal<br />

• Se necessário, encaminhar para avaliação da fonoaudiologia, otorrinolaringologia, fisioterapia e<br />

ortodontia<br />

154


Quadro 26 - Roteiro para palestra direcionada a crianças e seus cuidadores<br />

Assunto Detalhamento<br />

• Selante <strong>de</strong> fóssulas e fissuras: O que é, para que serve<br />

• Restaurações<br />

Procedimentos realizados na USF • Exodontias<br />

• Endodontia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos<br />

• Enfatizar cuidados pós-operatórios (Exemplo: Cuidados com regiões anestesiadas)<br />

• Ortodontia, endodontia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes permanentes, prótese <strong>de</strong>ntária<br />

Procedimentos não realizados na USF • Orientação sobre o CEO (especialida<strong>de</strong>s e acesso)<br />

Rotina da USF • Horários, normas para agendamentos, oferta <strong>de</strong> vagas, faltas justificadas e não justificadas<br />

Traumas <strong>de</strong>ntários e outras urgências • Condutas e procedimentos a serem adotados<br />

Responsabilida<strong>de</strong> dos pais e • Importância do acompanhamento diário dos filhos. Trabalho conjunto: Equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

cuidadores na construção da saú<strong>de</strong><br />

bucal dos filhos<br />

família<br />

• Definição/ Causas<br />

• Gengivite<br />

Doença Periodontal<br />

• O que é cálculo <strong>de</strong>ntal<br />

• Evolução da doença periodontal (casos mais graves perda óssea e do elemento <strong>de</strong>ntário)<br />

• Prevenção e tratamento<br />

• Chupeta, <strong>de</strong>do, mama<strong>de</strong>ira, unhas<br />

Hábitos<br />

• Estimular a criança a <strong>de</strong>senvolver outras ativida<strong>de</strong>s com a mão<br />

• Consequências para a saú<strong>de</strong><br />

Quadro 26 - Roteiro para palestra direcionada a crianças e seus cuidadores - Continuação<br />

155


3.2.6 Preenchimento da Anamnese<br />

Coletar todas as informações para a anamnese, como:<br />

• História presente e passada sobre aspectos médicos e odontológicos<br />

• Dados vitais da criança, história <strong>de</strong> pré-natal, parto e puericultura, dados sobre a<br />

família. O conhecimento das condições socioeconômicas do usuário é importante<br />

para o planejamento do tratamento<br />

• Ouvir primeiro a criança e o cuidador antes do preenchimento da ficha clínica<br />

odontológica. Questionar se há algo a mais que o responsável queira relatar. A<br />

escuta é fundamental para o conhecimento e adoção <strong>de</strong> condutas<br />

• Sempre atualizar a anamnese nos retornos <strong>de</strong> manutenção<br />

3.2.7 Exame Clínico Geral e Intrabucal<br />

• Inspeção geral da criança (estatura, porte, linguagem, mãos, temperatura).<br />

Encaminhar para avaliação médica no caso <strong>de</strong> dúvida ou suspeita <strong>de</strong> alteração<br />

• Exame <strong>de</strong> cabeça e pescoço. Avaliar: Tamanho, forma, simetria das estruturas<br />

componentes, textura da pele, mucosa palpebral, olhos, músculos, ATM, pescoço.<br />

Encaminhar para avaliação médica no caso <strong>de</strong> dúvida ou suspeita <strong>de</strong> alteração<br />

• Exame da cavida<strong>de</strong> bucal: Lábios e mucosa labial, gengiva, vestíbulo, assoalho da<br />

boca, palato, língua, orofaringe, <strong>de</strong>ntes, oclusão, com preenchimento do<br />

odontograma<br />

• Análise da fonação, <strong>de</strong>glutição e musculatura peribucal, posição da língua durante a<br />

fonação, balbucios, gagueiras, forma da língua em posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso e posição<br />

dos lábios em repouso. A equipe <strong>de</strong>verá fazer os encaminhamentos que julgar<br />

necessários<br />

• Estar atento a sinais <strong>de</strong> maus tratos à criança no que se refere à violência física,<br />

psicológica, sexual ou negligência/omissão <strong>de</strong> cuidar. Para maiores informações<br />

reportar-se ao Capítulo 9<br />

3.2.8 Orientações aos Pais e Cuidadores<br />

O Quadro 27 <strong>de</strong>screve a abordagem do comportamento e as orientações a serem<br />

fornecidas aos pais durante o tratamento odontológico.<br />

156


Assunto<br />

Conduta<br />

• I<strong>de</strong>ntificar a origem do choro: Por medo, dor, birra, etc.<br />

Choro<br />

• Respeitar o temor, não proibí-lo e procurar dialogar para<br />

ajudar a criança a superar os seus medos<br />

Mentiras • Nunca engane a criança<br />

• Diga-lhe que o CD é uma pessoa amiga, que estudou e<br />

Visita ao Cirurgião-Dentista emprega seus conhecimentos para ajuda-la a ter saú<strong>de</strong><br />

bucal<br />

• Evitar fazer promessas. O mais correto é obter a<br />

Promessas<br />

cooperação por meio <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />

comportamento.<br />

• Deixe a criança expressá-las com sincerida<strong>de</strong>, linguagem<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

clara e objetiva. Esclareça-as ou peça ajuda<br />

Medo e temores dos • Controle-os. Jamais transfira para a criança os seus<br />

próprios pais e cuidadores próprios temores<br />

Confiança • Estimule a criança a confiar na equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

• Procure não interromper os diálogos entre a equipe <strong>de</strong><br />

Diálogos<br />

saú<strong>de</strong> bucal e a criança<br />

Quadro 27 - Abordagens em relação ao comportamento das crianças<br />

3.2.9 Resistência da Criança ao Tratamento Odontológico<br />

• A equipe <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>monstrar cordialida<strong>de</strong> pela criança, enfatizar a necessida<strong>de</strong> e os<br />

benefícios do tratamento proposto, bem como as consequências da sua não<br />

realização<br />

• Utilizar a técnica <strong>de</strong> “Falar, Mostrar e Fazer”. Portanto, recomenda-se explicar e<br />

mostrar antecipadamente tudo que usa e executa. Estimulá-la a manifestar seus<br />

anseios, medos e curiosida<strong>de</strong>s e procurar esclarecê-los<br />

• Conversar bastante com a criança sobre assuntos diversos <strong>de</strong> seu interesse,<br />

promovendo ambiente <strong>de</strong>scontraído<br />

• Transmitir confiança, segurança e simpatia<br />

• Buscar a coparticipação positiva dos pais e/ou cuidadores. Em caso <strong>de</strong> resistência<br />

extrema da criança, expor aos pais e/ou cuidadores as alternativas existentes e tomar<br />

<strong>de</strong>cisão conjunta<br />

3.2.10 Presença dos Pais ou Cuidador Durante o Atendimento Clínico<br />

• É direito <strong>de</strong> um dos pais ou responsável permanecer junto à criança durante o<br />

atendimento odontológico. Caso a equipe julgue que a permanência do mesmo<br />

esteja interferindo negativamente no comportamento da criança, solicita-se ao pai ou<br />

157<br />

responsável a sua retirada do ambiente do consultório. Entretanto, se o mesmo não


concordar, a equipe não po<strong>de</strong>rá obrigá-lo a sair. Nesse caso, não sendo possível<br />

realizar o tratamento odontológico, dar ciência do fato ao mesmo, registrando no<br />

prontuário e solicitando sua a assinatura (ciência)<br />

• Recomenda-se que haja sempre um cuidador responsável pela criança na USF<br />

durante os atendimentos odontológicos<br />

• A presença do pai ou responsável pela criança muitas vezes propicia segurança e<br />

bem estar a ela, além <strong>de</strong> favorecer a corresponsabilização pelo tratamento<br />

Consi<strong>de</strong>ração<br />

Casos específicos, intercorrências, aci<strong>de</strong>ntes ou particularida<strong>de</strong>s acontecidas<br />

durante o atendimento: Anotar <strong>de</strong>talhadamente o acontecimento, as orientações dadas pela<br />

equipe e pedir para o pai ou responsável assinar e datar.<br />

3.2.11 Cárie Dentária<br />

Nas consultas iniciais e nas <strong>de</strong> manutenção a equipe <strong>de</strong>verá i<strong>de</strong>ntificar a presença<br />

ou não <strong>de</strong> fatores associados com a cárie e orientar a família como revertê-los. Em todas as<br />

sessões a equipe <strong>de</strong>verá ouvir, corrigir e fazer reforços educativos adicionais em linguagem<br />

<strong>de</strong> fácil entendimento para reverter o risco.<br />

Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 2, item 2.1.<br />

158


3.2.11.1 Etapas <strong>de</strong> tratamento da cárie <strong>de</strong>ntária<br />

Etapa Procedimentos<br />

• I<strong>de</strong>ntificação da ativida<strong>de</strong>/fatores associados com a cárie:<br />

o Paciente com ativida<strong>de</strong>/ fatores associados com a cárie<br />

� Presença <strong>de</strong> cárie ativa (amolecida,<br />

�<br />

esbranquiçada, úmida)<br />

Mancha branca ativa (fosca, rugosa)<br />

1ª<br />

� Presença <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco<br />

o Paciente sem ativida<strong>de</strong>/ fatores associados com a cárie<br />

� Mancha branca inativa (brilhante lisa)<br />

� Cárie inativa (endurecida, cor escura)<br />

� Ausência <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco<br />

• Educação em saú<strong>de</strong><br />

• Evi<strong>de</strong>nciação do biofilme <strong>de</strong>ntal e escovação supervisionada<br />

realizada antes <strong>de</strong> qualquer procedimento odontológico<br />

2ª<br />

• A<strong>de</strong>quação do meio bucal<br />

• Fluorterapia<br />

• Selantes<br />

• Tratamento reabilitador: Dentística, exodontia, encaminhamento<br />

3ª<br />

a especialida<strong>de</strong><br />

4ª • Manutenção periódica<br />

Quadro 28 - Etapas para tratamento <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária em crianças<br />

3.2.12 A Doença Periodontal<br />

Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 2, item 2.2.<br />

3.2.12.1 Tratamento da doença periodontal<br />

• I<strong>de</strong>ntificação da severida<strong>de</strong> da doença<br />

• Presença <strong>de</strong> sangramento gengival<br />

• Presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Ações educativas para o controle do biofilme <strong>de</strong>ntal (evi<strong>de</strong>nciação,<br />

escovação supervisionada, uso do fio <strong>de</strong>ntal)<br />

• Raspagem e polimento <strong>de</strong>ntal<br />

• Controle químico do biofilme <strong>de</strong>ntal (se necessário)<br />

• Monitoramento e controle dos fatores <strong>de</strong> risco<br />

• Manutenção periódica, através do controle <strong>de</strong> sangramento<br />

gengival e do controle <strong>de</strong> biofilme<br />

159


3.2.13 Tratamentos Preventivos<br />

3.2.14.1 Uso <strong>de</strong> flúor<br />

A equipe <strong>de</strong> odontologia <strong>de</strong>verá esclarecer aos usuários os benefícios da utilização<br />

do flúor bem como os riscos da sobre-exposição. Deverá citar as fontes <strong>de</strong> flúor, <strong>de</strong>stacando<br />

o creme <strong>de</strong>ntal fluorado.<br />

Para indicações e técnica <strong>de</strong> aplicação, reportar-se ao Capítulo 6.<br />

3.2.13.2 Selantes<br />

Para indicações e técnica <strong>de</strong> aplicação dos selantes, reportar-se ao Capítulo 6.<br />

3.2.13.3 Controle mecânico do biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

A escovação dos <strong>de</strong>ntes e a utilização do fio <strong>de</strong>ntal são elementos essenciais para<br />

a remoção do biofilme <strong>de</strong>ntal.<br />

• Escova <strong>de</strong>ntal: É o produto mais comum para a remoção do biofilme <strong>de</strong>ntal. A escova<br />

macia é indicada para a maioria dos casos em odontopediatria por não causar trauma nos<br />

tecidos gengivais e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> limpeza das áreas interproximais. É preferível utilizar<br />

uma escova <strong>de</strong> cabeça pequena e cabo um pouco mais volumoso do que para adulto. Em<br />

média, <strong>de</strong>verá ser substituída, em média, a cada três meses. Deve promover uma<br />

eficiente limpeza em todas as superfícies <strong>de</strong>ntais, ser <strong>de</strong> fácil acesso e manuseio pelo<br />

paciente. Escovas unitufo ou elétricas <strong>de</strong>vem ser recomendadas <strong>de</strong> acordo com a<br />

avaliação do profissional<br />

• A técnica <strong>de</strong> escovação e o uso do fio <strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>vem ser indicados <strong>de</strong> acordo com a ida<strong>de</strong><br />

do paciente e a sua habilida<strong>de</strong> manual, a partir dos 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Até os 2 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong> pela escovação é exclusivamente dos pais<br />

• A escovação <strong>de</strong>ntal e o uso do fio <strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>verão ser realizados pelos pais, pelo menos<br />

uma vez ao dia, até a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seis anos<br />

• A partir dos sete anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, inclusive na adolescência, os pais <strong>de</strong>verão supervisionar<br />

a higiene bucal, complementando a escovação e o uso do fio <strong>de</strong>ntal nas áreas <strong>de</strong> maior<br />

dificulda<strong>de</strong> apresentadas pela criança<br />

160


Inicial<br />

Palestras p/ crianças<br />

e/ou cuidadores<br />

Educação em saú<strong>de</strong>,<br />

evi<strong>de</strong>nciação e escovação<br />

supervisionada<br />

Tratamento<br />

Preventivo/reabilitador<br />

Fluxograma 6 - Atenção odontológica à criança<br />

Atenção à Criança<br />

Tipo <strong>de</strong> atendimento<br />

Manutenção Urgência<br />

Educação em saú<strong>de</strong>,<br />

evi<strong>de</strong>nciação e<br />

escovação<br />

supervisionada<br />

Tratamento<br />

Preventivo/reabilitador<br />

Manutenção Manutenção<br />

Até 36<br />

meses<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

Programa<br />

SB/PSF Infantojuvenil<br />

Agendamento<br />

Eliminação da dor<br />

Infantojuvenil<br />

Agendamento<br />

conforme<br />

disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vaga<br />

> 36<br />

meses<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

Programa<br />

161<br />

SB/PSF<br />

Avaliação<br />

<strong>de</strong> risco<br />

familiar


3.2.14 Terapêutica Medicamentosa para Crianças<br />

163<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

Neste item estão <strong>de</strong>scritos sucintamente os medicamentos mais utilizados em<br />

odontopediatria, bem como nomes comerciais e as doses pediátricas (até 12 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>). Parte dos medicamentos está disponível nas USF, entretanto, como em alguns<br />

casos se faz necessário prescrever outros produtos, estes estão também aqui <strong>de</strong>scritos.<br />

De maneira geral, a terapêutica em odontopediatria segue os mesmos princípios<br />

que nos adultos, <strong>de</strong>vendo-se, entretanto, levar em consi<strong>de</strong>ração peculiarida<strong>de</strong>s como a<br />

imaturida<strong>de</strong> do metabolismo, maior absorção <strong>de</strong> penicilinas até os 3 anos e o menor peso.<br />

Dicas importantes para se calcular a dose <strong>de</strong> um medicamento indicado para<br />

crianças estão <strong>de</strong>scritas a seguir.<br />

• Quando não se conhece o peso da criança<br />

o Peso estimado = (ida<strong>de</strong> x 2) + 9, on<strong>de</strong> o 2 e o 9 são constantes<br />

o Exemplo: Qual o peso estimado <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> 4 anos?<br />

o Peso estimado = (4 x 2) + 9 = 17 Kg aproximadamente<br />

• Conhece-se a dose <strong>de</strong> adulto, mas não a pediátrica<br />

o Usar a fórmula <strong>de</strong> Clark<br />

� Posologia Pediátrica (PP) = Peso da criança (Kg) x dose adulta/75,<br />

on<strong>de</strong> 75 é uma constante<br />

� Exemplo: Qual a posologia pediátrica para uma criança <strong>de</strong> 12 Kg <strong>de</strong><br />

peso <strong>de</strong> uma penicilina cuja dose adulta é 500 mg 6/6 horas?<br />

PP = 12 x 500 / 75 = 80 mg 6/6 horas (aproximadamente)


3.2.14.1 Analgésicos e antitérmicos<br />

Acetaminofeno (Paracetamol)<br />

• Potência analgésica semelhante à do Ácido Acetil Salicílico (AAS), porém<br />

não apresenta ação anti-inflamatória comprovada. É o analgésico <strong>de</strong><br />

Aspectos gerais eleição em odontopediatria, em razão <strong>de</strong> raramente apresentar toxicida<strong>de</strong><br />

em doses terapêuticas. Indicado para dores leves a mo<strong>de</strong>radas<br />

• 10 a 15 mg por peso em Kg, <strong>de</strong> 6 em 6 horas ou <strong>de</strong> 4 em 4 horas, se<br />

Dose pediátrica necessário. Uso máximo <strong>de</strong> 5 dias e não mais que 5 aplicações por dia<br />

Apresentação • Gotas 100 mg/mL e 200 mg/mL<br />

pediátrica<br />

26 , líquido em suspensão, suspensão oral<br />

concentrada<br />

• Paracetamol 200 mg/mL (medicamento genérico), Dórico gotas 100<br />

mg/mL e 200 mg/mL, Tylenol gotas 200 mg/mL, Tylenol Bebê Suspensão<br />

Nomes comerciais Oral Concentrada (100 mg/mL), Tylenol Criança Líquido em Suspensão<br />

(32 mg/mL)<br />

• Gotas 200 mg/mL: 1 gota/Kg/dose até o limite <strong>de</strong> 35 gotas, <strong>de</strong> 6 em 6<br />

horas<br />

• Gotas 100 mg/mL: 2 gotas/Kg/dose, <strong>de</strong> 6 em 6 horas<br />

Posologia<br />

• Suspensão oral concentrada (100 mg/mL): Acompanha seringa dosadora<br />

por Kg <strong>de</strong> peso, <strong>de</strong> 6 em 6 horas (indicado para crianças <strong>de</strong> 0 a 3 anos)<br />

• Líquido em suspensão (32 mg/mL ou 160 mg/5mL): Acompanha copinho<br />

dosador, para crianças acima <strong>de</strong> 3 anos: 12 a 15 Kg (5 mL), 16 a 21 Kg<br />

(7,5 mL), 22 a 26 Kg (10 mL), 27 a 32 Kg (12,5 mL), acima <strong>de</strong> 32 Kg (15<br />

mL) <strong>de</strong> 6 em 6 horas<br />

• Reação alérgica cutânea (rara), doses diárias acima <strong>de</strong> 2 g po<strong>de</strong>m ser<br />

Efeitos adversos tóxicas para fígado e rim, anemia hemolítica, icterícia, perda <strong>de</strong> apetite<br />

• Condições que exigem cautela: Anemia, doença cardiovascular,<br />

Contraindicações gastrintestinal ou hepática, doença renal<br />

Quadro 29 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Acetominofeno para crianças<br />

Dipirona (Derivado pirazolônico)<br />

• Analgésico, antipirético, para dor e febre. Tem uso restrito em alguns<br />

Aspectos países por po<strong>de</strong>r causar <strong>de</strong>pressão medular com leucopenia,<br />

Gerais<br />

agranulocitose, trombocitopenia e anemia aplástica<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

• 6 a 15 mg por Kg a cada 6 horas<br />

pediátrica • Gotas e solução oral<br />

Nomes comerciais<br />

Posologia<br />

164<br />

• Dipirona gotas (50 mg/mL), Novalgina gotas (50 mg/mL), Novalgina<br />

solução oral (50 mg/mL, frasco <strong>de</strong> 100 mL), Magnopirol gotas (400 mg/10<br />

mL), etc.<br />

• Gotas – 1 gotas/Kg <strong>de</strong> peso/dose <strong>de</strong> 6/6 horas<br />

• Solução – 2,5 a 15 mL <strong>de</strong> 6/6 horas, <strong>de</strong> acordo com o peso<br />

• Agranulocitose, <strong>de</strong>pressão medular, trombocitopenia, anemia aplástica,<br />

Efeitos adversos reações cutâneas e nas mucosas <strong>de</strong> boca e garganta, do tipo alérgico<br />

• Asma, hipersensibilida<strong>de</strong> aos <strong>de</strong>rivados pirazolônicos, infecção<br />

Contraindicações respiratória crônica, reação alérgica à droga<br />

Quadro 30 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Dipirona para crianças<br />

26 20 gotas correspon<strong>de</strong>m a 1 mL


3.2.14.2. Anti-inflamatórios não hormonais (AINH)<br />

A inflamação em crianças geralmente é combatida com a resolução da causa da<br />

mesma. Nos traumatismos <strong>de</strong>ntários, a aplicação local <strong>de</strong> gelo po<strong>de</strong>, muitas vezes, prevenir<br />

ou combater a inflamação. Dessa forma, os anti-inflamatórios apresentam prescrição<br />

restrita em crianças, particularmente para as menores <strong>de</strong> 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vendo ser<br />

utilizados somente em caso <strong>de</strong> extrema necessida<strong>de</strong>, tendo-se em mente a relação<br />

risco/benefício.<br />

Derivados do Ácido Propiônico<br />

São analgésicos e anti-inflamatórios mais potentes que o AAS. Efetivos no alívio à<br />

dor associada a injúrias traumáticas e pós-cirurgias bucais. Apresentam menor possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> hemorragia que o AAS por levar a uma inibição plaquetária reversível em 24 horas, ao<br />

passo que o AAS leva a uma inibição que po<strong>de</strong> perdurar por até 7 dias.<br />

Ibuprofeno<br />

Aspectos gerais<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

pediátrica<br />

Nomes comerciais<br />

Posologia<br />

165<br />

• AINH menos tóxico, com sintomas gastrintestinais em menos <strong>de</strong><br />

3% das crianças, baixa ativida<strong>de</strong> antiplaquetária. Apresenta ação<br />

analgésica em 30 minutos e pico em 1 a 2 horas<br />

• 5 a 10 mg /Kg <strong>de</strong> 6 em 6 ou <strong>de</strong> 8 em 8 horas<br />

• Suspensões orais 100mg/5mL<br />

• Gotas – 5 mg/gota<br />

• Dalsy suspensões orais 100 mg/5 mL – Frasco com 100 e 200 mL<br />

• Alívium gotas 50 mg/mL e 100 mg/mL<br />

• Suspensão oral<br />

• Dalsy (acompanha seringa dosadora)<br />

• Alívium Gotas:<br />

o 50 mg/mL- 2 gotas por Kg <strong>de</strong> peso corporal por dose<br />

o 100 mg/mL – 1 gota por Kg <strong>de</strong> peso corporal por dose<br />

• Aftas, alterações sanguíneas, confusão mental, erupção cutânea,<br />

Efeitos adversos hemorragia, palpitação, entre outras<br />

• Crianças menores <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, história <strong>de</strong> reação<br />

alérgica induzida por AAS, relato <strong>de</strong> bronco-espasmo (asma),<br />

Contraindicações doença gastrintestinal, hemofilia ou outro problema <strong>de</strong><br />

sangramento<br />

Quadro 31 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Ibuprofeno para crianças<br />

Naproxeno


Aspectos gerais • Indicado somente para criança maiores <strong>de</strong> dois anos<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

• 5 a 7 mg/Kg/dose <strong>de</strong> 8 em 8 horas ou <strong>de</strong> 12 em 12 horas<br />

pediátrica • Solução oral<br />

• Flanax – solução com 25 mg/mL (embalagem com 50 mL)<br />

Nomes comerciais • Naprosyn - solução com 25 mg/mL (embalagem com 100 mL)<br />

Posologia • 1 mL para cada 5 Kg /dose<br />

• Aftas, ulceração e irritação das mucosas, não <strong>de</strong>vendo ser<br />

utilizado em caso <strong>de</strong> estomatite, sangramento gengival,<br />

Efeitos adversos leucopenia, trombocitopenia, anemia aplástica, anemia hemolítica,<br />

confusão mental, diminuição <strong>de</strong> plaquetas, prolongamento do<br />

tempo <strong>de</strong> coagulação, vertigem e vômito<br />

• Crianças menores <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, história <strong>de</strong> reação<br />

Contraindicações alérgica induzida por AAS, relato <strong>de</strong> bronco-espasmo (asma),<br />

doença gastrintestinal, hemofilia ou outro problema <strong>de</strong><br />

sangramento<br />

Quadro 32 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Naproxefeno para crianças<br />

Cetoprofeno<br />

• Anti-inflamatório, analgésico e antipirético. Indicado somente para<br />

Aspectos gerais crianças acima <strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

• De 1 a 6 anos – 1 mg por Kg <strong>de</strong> peso corporal a cada 6 a 8 horas<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

• De 7 a 11 anos – 25 mg a cada 6 a 8 horas<br />

pediátrica • Solução oral com 20 mL - gotas<br />

Nome comercial • Profenid gotas<br />

• Acima <strong>de</strong> 1 ano: 1 gota por Kg <strong>de</strong> peso a cada 6 a 8 horas<br />

Posologia • De 7 a 11 anos: 25 gotas a cada 6 a 8 horas<br />

• Po<strong>de</strong> causar aftas, ulcerações ou irritação da mucosa oral.<br />

Efeitos adversos Manifestações gastrintestinais como dor epigástrica, náuseas,<br />

vômito, constipação, diarreia, cefaleia, vertigem, sonolência,<br />

erupções cutâneas, crises asmáticas, etc.<br />

• Hipersensibilida<strong>de</strong> ao AAS, úlcera gastrintestinal em evolução,<br />

Contraindicações insuficência renal e hepatocelular grave. Pacientes em uso <strong>de</strong><br />

anticoagulantes<br />

Quadro 33 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Cetoprofeno para crianças<br />

Anti-inflamatórios contraindicados para crianças<br />

166


a. Devido a sua toxicida<strong>de</strong><br />

• Indometacina – Indocid<br />

• Ácido mefenâmico – Ponstan<br />

• Fenilbutazona – Butazolidina<br />

• Oxifenilbutazona – Tandrex<br />

• Nimesulida – Nisulid ou Scaflan<br />

b. Por falta <strong>de</strong> estudos que corroborem eficácia e segurança<br />

• Diclofenaco – Cataflan e Voltaren<br />

• Diflunisal – Dolobid<br />

• Piroxican – Fel<strong>de</strong>ne<br />

• Enzimáticos – Paremzyme<br />

• Coxibs – Vioxx, Celebra<br />

c. Por estarem associados a outras drogas<br />

• Lisador (Dipirona e Prometazina)<br />

5.2.14.3 Antimicrobianos<br />

Po<strong>de</strong>rão ser necessários na terapia <strong>de</strong> infecção, como a presença <strong>de</strong> abscesso<br />

agudo com manifestações sistêmicas como febre e mal estar ou na terapia profilática para<br />

endocardite infecciosa.<br />

e Estreptococos.<br />

• Penicilinas<br />

São bactericidas, pois inibem a síntese da pare<strong>de</strong> celular. Atuam contra anaeróbios<br />

167


Ampicilina<br />

Aspectos gerais<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

pediátrica<br />

168<br />

• É uma penicilina semissintética que cobre mais micro-organismos<br />

gram positivos e gram negativos que a penicilina V, sendo<br />

indicada para afecções mo<strong>de</strong>radas<br />

• 50 a 100 mg/Kg/dia em 4 frações, por 7 a 10 dias. Deve ser<br />

administrada entre as refeições, pois sua absorção é<br />

prejudicada quando ingerida com alimentos. A dose <strong>de</strong> criança<br />

não <strong>de</strong>ve ultrapassar aquela recomendada para adultos<br />

• Suspensão oral 250 mg/5 mL<br />

Nomes comerciais • Binotal, Amplacilina, Ampifar, Ampitotal<br />

Posologia • 2 mL/ Kg /dia dividido em 4 doses, por 7 a 10 dias<br />

• Está mais associada a distúrbios gastrintestinais como náusea,<br />

Efeitos adversos vômito e diarreia. O exantema máculo papular aparece em cerca<br />

<strong>de</strong> 9% das crianças medicadas com este produto<br />

Contraindicações • Alergia a penicilinas e cefalosporinas<br />

Quadro 34 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Ampicilina para crianças<br />

Amoxicilina<br />

Aspectos gerais<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

pediátrica<br />

Nomes comerciais<br />

Posologia<br />

Efeitos adversos<br />

• Tem espectro <strong>de</strong> ação igual ao da ampicilina, porém, com menos<br />

efeitos adversos. É bem absorvida oralmente. É um dos<br />

antibióticos <strong>de</strong> escolha na profilaxia da Endocardite Infecciosa por<br />

atingir níveis séricos mais altos que a ampicilina. Po<strong>de</strong> ser<br />

administrada com alimentos. Indicada para afecções mo<strong>de</strong>radas<br />

• 20 a 50 mg/Kg/dia a cada 8 horas, por 7 a 10 dias. A dose <strong>de</strong><br />

criança não <strong>de</strong>ve ultrapassar aquela recomendada para adultos<br />

• Suspensão <strong>de</strong> 250 mg/5 mL<br />

• Amoxil, Amoxifar, Amoxicilina (medicamento genérico), Hiconal,<br />

Amoxiped, Novocilin<br />

• 1 mL/ Kg/dia ou peso em Kg dividido por 3 = mL em cada 8 horas,<br />

por 7 a 10 dias<br />

• Choque anafilático, candidíase bucal, diarreia, erupção cutânea,<br />

lesões bucais, problemas bucais, tontura, vômito<br />

Contraindicações • Alergia a penicilinas e cefalosporinas<br />

Quadro 35 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Amoxicilina para crianças<br />

Penicilinas G – benzilpenicilinas


Penicilina G procaína<br />

Aspectos gerais<br />

Dose<br />

Apresentação<br />

Nomes<br />

comerciais<br />

Posologia<br />

Efeitos adversos<br />

169<br />

• Indicadas para crianças que não cooperam com a ingestão da<br />

medicação, sendo administrada por via intramuscular profunda<br />

• 50000 UI/Kg /dia, <strong>de</strong> 12 em 12 horas ou <strong>de</strong> 24 em 24 horas, por 7 a<br />

10 dias<br />

• Frasco ampola para diluição contendo 400000 UI, sendo 300000 UI<br />

<strong>de</strong> Benzilpenicilina procaína associada a 100000 UI <strong>de</strong> Penicilina G<br />

Potássica/Cristalina<br />

• Penicilina G Procaína, Benapen, Despacilina, Wycillin R,<br />

Probecillin, etc.<br />

• 300000 a 600000 UI, <strong>de</strong> 12 em 12 horas ou 24 em 24 horas, por 7<br />

a 10 dias<br />

• Candidiase oral, choque anafilático, diarreia, dificulda<strong>de</strong>s para<br />

respirar, dor articular, dor no local da injeção, erupção cutânea,<br />

náusea, vômito<br />

Contraindicações • Hipersensibilida<strong>de</strong> a penicilinas e cefalosporinas<br />

Quadro 36 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Penicilina G Procaína para crianças<br />

Penicilina G Benzatina<br />

• Normalmente utilizada para profilaxia antibiótica nos casos em que<br />

seja necessária (Ex: Profilaxia da Febre Reumática). Nas infecções<br />

agudas, <strong>de</strong>vido aos baixos níveis séricos atingidos, <strong>de</strong>verá estar<br />

Aspectos gerais associada a outras penicilinas (geralmente Penicilina G Procaína)<br />

ou substituída por outros fármacos mais eficazes. Os níveis séricos<br />

se mantêm por 3 a 4 semanas. Administrada por via intramuscular<br />

profunda. Em crianças e lactentes, o local <strong>de</strong> aplicação é a face<br />

lateral da coxa<br />

Dose • 50000 UI/ Kg, em dose única<br />

Apresentação<br />

Nomes<br />

• Frasco/ampola para diluição com 600000 UI ou 1200000 UI<br />

comerciais • Benzetacil, Longacilin, Penicilina G Benzatina<br />

• Crianças até 10 Kg – 300000 UI, em dose única<br />

Posologia • Crianças > 10 até 30 Kg – 600000 UI, em dose única<br />

• Crianças > 30Kg – 1200000 UI, em dose única<br />

• Candidiase oral, choque anafilático, diarreia, dificulda<strong>de</strong>s para<br />

Efeitos adversos respirar, dor articular, dor no local da injeção, erupção cutânea,<br />

náusea, vômito<br />

Contraindicações • Hipersensibilida<strong>de</strong> à penicilinas e cefalosporinas<br />

Quadro 37 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Penicilina G Bezatina para crianças<br />

Cefalosporinas


São bactericidas, pois inibem síntese da pare<strong>de</strong> celular. Apresentam largo espectro<br />

<strong>de</strong> ação. Mais indicadas para infecções consi<strong>de</strong>radas graves.<br />

Classificação conforme a época <strong>de</strong> aparecimento<br />

• Primeira geração: Bactericidas, agem contra gram positivos e gram negativos,<br />

apresentam baixa toxicida<strong>de</strong>, alimentos não interferem na sua absorção, alergias são<br />

raras, porém, apresentam sensibilida<strong>de</strong> cruzada com penicilina. São mais indicadas para<br />

infecções odontopediátricas<br />

• Segunda, terceira e quarta geração: Mais efetivas contra bacilos entéricos,<br />

Haemophilus influenza e cocos gram negativos (Neisseria meningitidis), não<br />

apresentando benefício adicional nas infecções odontopediátricas<br />

Cefalexina<br />

Aspectos gerais<br />

170<br />

• Cefalosporina <strong>de</strong> primeira geração, indicada para os casos <strong>de</strong> celulite<br />

porque age sobre S. aureus<br />

Dose pediátrica • 30 a 50 mg/Kg/dia, <strong>de</strong> 6 em 6 horas, por 7 a 10 dias<br />

Apresentação<br />

pediátrica<br />

Nomes comerciais<br />

Posologia<br />

Efeitos adversos<br />

Contraindicações<br />

• Suspensão oral 250 mg/5 mL<br />

• Keflex (250 mg/mL, frasco com 60 e 100 mL), Cefaporex, Cefalexina<br />

(medicamento genérico)<br />

• Dividir o peso da criança (em Kg) por 2 para calcular a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mL<br />

a ser administrada em cada dose, a cada 6 horas. Nunca ultrapassar a<br />

dose <strong>de</strong> adultos<br />

• Candidíase bucal com uso prolongado, dor abdominal, abdomem sensível<br />

ao toque, diarreia líquida, febre, diminuição <strong>de</strong> protrombina do sangue,<br />

anemia (rara), convulsão (rara), disfunção renal (rara) erupção cutânea<br />

(rara)<br />

• Hipersensibilida<strong>de</strong> a penicilinas e cefalosporinas<br />

Quadro 38 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Cefalexina para crianças<br />

• Macrolí<strong>de</strong>os


Em baixas concentrações normalmente são bacteriostáticos, pois inibem síntese <strong>de</strong><br />

proteínas pelos micro-organismos. Em concentrações altas, apresentam ação bactericida.<br />

Têm excelente difusão na saliva, amígdalas e tecidos ósseos.<br />

Eritromicina<br />

Aspectos gerais<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

pediátrica<br />

Nomes comerciais<br />

Posologia<br />

Efeitos adversos<br />

171<br />

• Apresenta espectro <strong>de</strong> ação similar ao da penicilina, com adição <strong>de</strong> microorganismos<br />

produtores <strong>de</strong> penicilinase. Indicadas para pacientes alérgicos<br />

a penicilinas<br />

• Para crianças até 35 Kg, 30 a 50 mg/Kg por dia, fracionados em 3 a 4<br />

vezes, por 7 a 10 dias. A dose máxima não <strong>de</strong>ve ultrapassar 2 g por dia<br />

• Frasco <strong>de</strong> suspensão oral <strong>de</strong> 125 e 250 mg/5 mL<br />

• Gotas 100 mg/mL (5 g/gota)<br />

• Pantomicina, Ilosone, Eritrex suspensão, Eritromicina suspensão<br />

•<br />

(medicamento genérico)<br />

Suspensão oral 250 mg/mL: 1 mL/ Kg / dia ou peso em Kg dividido por 4 =<br />

mL a cada 6 horas<br />

• Diarreia, que po<strong>de</strong> ser diminuída se as doses forem administradas<br />

durante as refeições. Po<strong>de</strong>m acontecer casos raros <strong>de</strong> hepatite<br />

colestática com icterícia, exantema cutâneo, transtornos <strong>de</strong> audição e<br />

febre, urticária, vômito<br />

Contraindicações • Insuficiência hepática e arritmias cardíacas<br />

Quadro 39 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Eritromicina para crianças<br />

Novos macrolí<strong>de</strong>os<br />

São medicamentos mais resistentes à hidrólise ácida no estômago e menos<br />

estimulantes da mucosa gástrica. Apresentam melhor absorção oral e reduzido risco <strong>de</strong><br />

toxicida<strong>de</strong> gastrintestinal comparado com outros macrolí<strong>de</strong>os. Entretanto, têm um custo<br />

maior.<br />

Claritromicina


Aspectos gerais<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

pediátrica<br />

Nomes comerciais<br />

Posologia<br />

172<br />

• Mais potente que a eritromicina em relação a Estreptococos,<br />

Estafilococos e bactérias anaeróbias. Alcança alta concentração tecidual,<br />

inclusive na saliva, gengivas normais e inflamadas e tecido ósseo alveolar<br />

• 7,5 mg por Kg <strong>de</strong> peso corporal, 2 vezes por dia, até um máximo <strong>de</strong> 500<br />

mg, por 7 a 10 dias<br />

• Suspensão pediátrica com 125 mg/5 mL e 250 mg/5 mL<br />

• Klaricid suspensão pediátrica com 125 mg/5 mL e 250 mg/ 5mL<br />

• 5 mg por Kg <strong>de</strong> peso corporal 2 vezes por dia, até um máximo <strong>de</strong> 500 mg<br />

por 7 a 10 dias<br />

• Diarreia, cefaleia, dor abdominal, má digestão, náusea, eritema cutâneo<br />

Efeitos adversos<br />

• Insuficiência hepática, arritmias cardíacas e alergia a macrolí<strong>de</strong>os como<br />

Contraindicações Eritromicina, Lincomicina e Clindamicina<br />

Quadro 40 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Claritomicina para crianças<br />

Azitromicina<br />

• Apenas uma dose diária. Semelhante à Claritomicina. Prescrita por curto<br />

período <strong>de</strong> tempo. Baixo índice <strong>de</strong> efeitos gastrintestinais. Tem papel<br />

Aspectos gerais importante nas infecções cutâneas e <strong>de</strong> tecidos moles. Seu uso na<br />

odontologia ainda não é corroborado<br />

Dose pediátrica<br />

Apresentação<br />

• 10 mg/Kg, em dose única<br />

pediátrica • Suspensão oral com 200 mg/5 mL (40 mg/mL)<br />

Nomes comerciais • Zitromax suspensão oral com 200 mg/5 mL (40 mg/mL)<br />

• 5 a 14 Kg: 10 mg/kg, 1 vez ao dia, por 3 dias<br />

• 15 a 24 Kg: 200 mg, 1 vez ao dia, por 3 dias<br />

Posologia • 26 a 35 Kg: 300 mg, 1 vez ao dia, por 3 dias<br />

• 36 a 45 Kg: 400 mg, 1 vez ao dia, por 3 dias<br />

• Acima 46 Kg: Dose <strong>de</strong> adulto<br />

• Alterações sanguíneas, angioe<strong>de</strong>ma, choque alérgico, diarreia, dor<br />

Efeitos adversos abdominal, erupção cutânea, gases, náusea, problemas hepáticos, vômito<br />

• Insuficiência hepática, arritmias cardíacas e alergia a macrolí<strong>de</strong>os como<br />

Contraindicações Eritromicina, Lincomicina e Clindamicina<br />

Quadro 41 - Informações sobre o uso <strong>de</strong> Azitromicina para crianças<br />

Consi<strong>de</strong>ração<br />

Orientações sobre o uso profilático <strong>de</strong> antimicrobianos na Endocardite Infecciosa –<br />

vi<strong>de</strong> Capítulo 4, item 4.6.<br />

O Quadro 42 sintetiza os dados sobre analgésicos, anti-inflamatórios e<br />

antimicrobianos mais prescritos na primeira infância.<br />

Droga e nome<br />

Apresentação<br />

Dose pediátrica<br />

Regra prática


comercial pediátrica<br />

• PARACETAMOL OU<br />

ACETAMINOFENO<br />

(Tylenol, Dórico,<br />

Paracetamol)<br />

• DIPIRONA<br />

(Novalgina, Magnopyrol,<br />

Anador, Conmel)<br />

• IBUPROFENO<br />

(Alivium 100 mg)<br />

• AMOXICILINA<br />

(Amoxil)<br />

• AMPICILINA<br />

(Binotal)<br />

• CEFALEXINA<br />

(Keflex)<br />

• ERITROMICINA<br />

(Ilosone, Eritrex,<br />

Eritromicina)<br />

Adaptado <strong>de</strong>: Correa, 2005<br />

• Gotas 200 mg<br />

/ mL<br />

• Gotas 500mg /<br />

mL<br />

Analgésicos<br />

• 10 a 15<br />

mg/Kg/dose<br />

<strong>de</strong> 4/4 ou 6/6<br />

horas<br />

• 6 a 15<br />

mg/Kg/dose<br />

<strong>de</strong> 6/6 horas<br />

Anti-inflamatórios não hormonais<br />

• Gotas 5 mg<br />

/gota<br />

• Sol 250 mg/5<br />

mL<br />

• Sol 250 mg/5<br />

mL<br />

• Sol 250 mg/5<br />

mL<br />

• Sol 250 mg/5<br />

mL<br />

5.2.14.3 Anestésicos locais<br />

• 0,5 mL/Kg/<br />

dose<br />

Antibióticos<br />

• 20 a 50 mg/<br />

Kg/dia <strong>de</strong> 8/8<br />

horas<br />

• 50 a 100<br />

mg/Kg/dia <strong>de</strong><br />

6/6 horas<br />

• 25 a 50<br />

mg/Kg/dia <strong>de</strong><br />

6/6 horas<br />

• 30 a 50<br />

mg/Kg/dia <strong>de</strong><br />

6/6 horas<br />

• 1 gota/Kg/dose<br />

• 1gota/Kg/dose<br />

• 1gota/Kg/dose<br />

173<br />

• 1 mL/Kg/dia ou peso em<br />

Kg dividido por 3 = mL<br />

em cada 8 horas<br />

• 2 mL/Kg/dia dividido em<br />

4 doses<br />

• 1 mL/Kg/dia dividido em<br />

4 doses<br />

• 1 mL/Kg/dia ou peso em<br />

Kg dividido por 4 = mL a<br />

cada 6 horas<br />

Quadro 42 - Analgésicos, anti-inflamatórios e antimicrobianos mais indicados na 1ª<br />

infância


• 1ª Opção: Lidocaína 2% com adrenalina 1:100000<br />

Anestésico <strong>de</strong> duração intermediária (em torno <strong>de</strong> 60 minutos)<br />

• 2ª Opção: Prilocaína 3% com felipressina<br />

Anestésico <strong>de</strong> duração intermediária (<strong>de</strong> 60 a 90 minutos)<br />

Técnica infiltrativa - tempo <strong>de</strong> anestesia pulpar menor do que por bloqueio<br />

Bloqueio regional - anestesia pulpar, em torno <strong>de</strong> 60 a 90 minutos<br />

174<br />

Po<strong>de</strong> produzir metahemoglobinemia, sendo contraindicada em paciente<br />

com metahemoglobinemia idiopática ou congênita, anemia, insuficiência<br />

cardíaca ou respiratória com hipóxia, gestantes, etc.<br />

• 3ª Opção: Mepivacaína 2% com adrenalina 1:100000 – recomendada<br />

Consi<strong>de</strong>ração<br />

para procedimentos que necessitem <strong>de</strong> uma anestesia mais prolongada<br />

Obs: Alertar sempre os pais quanto ao risco <strong>de</strong> mor<strong>de</strong>dura<br />

• A mepivacaína 3% sem vasoconstritor é recomendada para:<br />

o Pacientes nos quais não se indicam um vasoconstritor<br />

o Procedimentos que não requeiram anestesia pulpar <strong>de</strong> longa<br />

duração ou com gran<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />

o Duração aproximada <strong>de</strong> 20 minutos<br />

Os quadros 43 e 44 resumem os dados para o cálculo <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anestésico<br />

levando-se em conta o peso da criança.<br />

Doses Máximas Recomendadas


Droga<br />

Dose<br />

máxima<br />

mg/Kg<br />

mg/tubete<br />

Peso (Kg)<br />

Lidocaína<br />

ou<br />

Mepivacaína<br />

2%<br />

(20 mg/mL)<br />

4,4<br />

36<br />

Lidocaína<br />

ou<br />

Mepivacaína<br />

3%<br />

(30 mg/mL)<br />

4,4<br />

54<br />

Prilocaína<br />

3%<br />

(30 mg/mL)<br />

6,0<br />

54<br />

Número <strong>de</strong> tubetes<br />

Articaína<br />

4%<br />

(40 g/mL)<br />

6,6<br />

72<br />

Bupivacaína<br />

0,5%<br />

(5 mg/mL)<br />

10* 1,2 0,8* 1 n/a n/a<br />

15* 1,8 1,2* 1,7 n/a n/a<br />

20 2 1,5 2 2 n/a<br />

30 3,5 2,5 3 3 n/a<br />

40 4,5 3 4,5 4 n/a<br />

50 6 4 5,5 4,5 n/a<br />

n/a = não se aplica<br />

* Alguns autores contraindicam a utilização <strong>de</strong> mepivacaína para crianças abaixo <strong>de</strong> 4 anos ou com<br />

menos <strong>de</strong> 15 Kg.<br />

Quadro 43 - Doses máximas para crianças <strong>de</strong> anestésicos locais<br />

Ida<strong>de</strong><br />

Meninos<br />

Meninas<br />

Altura Peso Altura Peso<br />

(cm)<br />

(Kg)<br />

(cm)<br />

(Kg)<br />

12 meses 75 10,100 73 9,450<br />

18 meses 82 11,770 80 11,140<br />

2 anos 87 13,000 86 12,250<br />

3 anos 95 14,870 95 14,680<br />

4 anos 101 16,630 102 16,590<br />

5 anos 107 18,670 108 18,560<br />

6 anos 114 21,040 113 20,670<br />

7 anos 120 23,600 119 22,900<br />

8 anos 126 26,100 125 25,200<br />

9 anos 131 28,500 130 27,650<br />

10 anos 135 30,900 135 30,450<br />

11 anos 139 34,000 141 34,250<br />

12 anos 144 38,800 147 39,950<br />

Quadro 44 - Peso e altura para crianças brasileiras<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1,3<br />

9<br />

175


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2003. Resultados Principais. Brasília, 2004.<br />

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TOLEDO, O. A. Odontopediatria. Fundamentos para a prática clinica. 3 ed. São Paulo:<br />

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Médicas, 1996. 246 p.<br />

3.3. ATENÇÃO ODONTOLÓGICA AO ADOLESCENTE (10 A 19 ANOS)<br />

176


177<br />

Lucimar Aparecida Britto Codato<br />

Maura Sassahara Higasi<br />

Tem como objetivo <strong>de</strong>stacar particularida<strong>de</strong>s relacionadas à atenção ao<br />

adolescente, pois os aspectos odontológicos gerais já foram <strong>de</strong>scritos em outros capítulos<br />

<strong>de</strong>ste <strong>Manual</strong>, também válidos para a atenção ao adolescente.<br />

3.3.1 A Adolescência<br />

Fase do <strong>de</strong>senvolvimento humano caracterizada por intensas modificações<br />

biológicas, sociais e psicológicas. Nela, além das mudanças corporais, há busca <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, questionamentos intensos, pois é um período <strong>de</strong> transição entre a infância e a<br />

fase adulta. A atenção odontológica aos adolescentes também é importante para adaptá-los<br />

às mudanças do período, tendo a abordagem inicial papel fundamental no sucesso ou<br />

fracasso dos atendimentos subsequentes.<br />

Normalmente o adolescente não procura a USF <strong>de</strong> forma espontânea. No entanto,<br />

necessida<strong>de</strong>s odontológicas estéticas o motivam a procurar atendimento. Desta forma, é<br />

importante que a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal acolha o adolescente, que busque a integração<br />

com a família, com a escola e com os <strong>de</strong>mais membros da equipe multiprofissional da USF,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> contribuir não só com a resolução das necessida<strong>de</strong>s odontológicas <strong>de</strong>sse<br />

usuário, mas também com a integralida<strong>de</strong> da atenção prestada a essa importante parcela da<br />

população.<br />

Portanto, os cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal do adolescente <strong>de</strong>vem fazer parte <strong>de</strong> um<br />

amplo contexto <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> geral nos quais os profissionais <strong>de</strong> odontologia<br />

estejam sensibilizados para enten<strong>de</strong>r necessida<strong>de</strong>s relatadas e referenciá-las a outros<br />

níveis <strong>de</strong> atenção ou setores, que motivem os futuros adultos na adoção <strong>de</strong> hábitos <strong>de</strong> vida<br />

saudáveis.<br />

3.3.2 Principais Problemas que Afetam a Adolescência


• Violência<br />

• Problemas familiares (abandono, maus tratos, agressões)<br />

• Depressão<br />

• Drogas ilícitas e tabagismo<br />

• Álcool<br />

• Gravi<strong>de</strong>z não planejada<br />

• Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) 27<br />

• Obesida<strong>de</strong><br />

• Bulimia<br />

• Anorexia<br />

• Aci<strong>de</strong>ntes<br />

• Problemas <strong>de</strong>rmatológicos (acne e outros)<br />

• Piercing<br />

3.3.3 Abordagem<br />

• Linguagem simples, <strong>de</strong> fácil entendimento e comum entre jovens<br />

• Não tratar o adolescente como criança<br />

3.3.4 Acolhimento<br />

• Acontece durante todo o contato do adolescente com a equipe<br />

• A equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong>ve permitir<br />

o Expressão <strong>de</strong> sentimentos<br />

o Opiniões<br />

o Dúvidas<br />

o Inseguranças<br />

• A escuta do adolescente e da família <strong>de</strong>verá estar presente em todos atendimentos.<br />

Quando a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal i<strong>de</strong>ntificar necessida<strong>de</strong>s que extrapolam o seu<br />

campo <strong>de</strong> atuação, <strong>de</strong>verá referenciá-las para outros membros da equipe<br />

multiprofissional<br />

27 A equipe <strong>de</strong>ve estar atenta à presença <strong>de</strong> lesões orais. Suspeitar ou diagnosticar as DSTs, haja vista a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> sexo oral, muitas vezes sem proteção.<br />

178


• A escuta do adolescente e da família po<strong>de</strong>rá ocorrer em:<br />

o Momentos distintos ou simultâneos, conforme as necessida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas pela<br />

equipe em cada atendimento<br />

o Durante o preenchimento da anamnese por meio <strong>de</strong> diálogo amplo e aberto, sem<br />

179<br />

censuras e sem emissão <strong>de</strong> valores ou juízos, que gere confiança,<br />

espontaneida<strong>de</strong> e sincerida<strong>de</strong> na interação com a equipe<br />

3.3.5 Roteiro para Palestras, Oficinas ou Dinâmicas <strong>de</strong> Grupo<br />

Iniciar apresentando a equipe e respectivas funções, espaço físico da clínica. Expor<br />

os horários <strong>de</strong> atendimento e normas específicas, bem como as faixas etárias atendidas e<br />

as vias <strong>de</strong> acesso à atenção odontológica.


Assunto<br />

Vida Saudável<br />

Alimentação saudável<br />

Dentes<br />

Abordagem<br />

• Riscos e malefícios do uso <strong>de</strong> drogas lícitas (álcool, tabaco e outras), drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack,<br />

Ecstasy, LSD, inalantes, heroína, barbitúricos, morfina, skank, chá <strong>de</strong> cogumelo, anfetaminas, clorofórmio, ópio<br />

e outras)<br />

• Po<strong>de</strong>m causar:<br />

o Halitose<br />

o Câncer bucal<br />

o Manchas nos <strong>de</strong>ntes (pelo fumo)<br />

o Doença periodontal<br />

• Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)<br />

• Gravi<strong>de</strong>z na adolescência e métodos preventivos<br />

• Importância da ativida<strong>de</strong> física<br />

• Dieta balanceada<br />

• Adolescência: Tendência a consumo exagerado <strong>de</strong> lanches rápidos, salgadinhos, chicletes, guloseimas e<br />

refrigerantes sem a disciplina <strong>de</strong> higienização conquistada na infância<br />

• Evitar excesso <strong>de</strong> refrigerantes (po<strong>de</strong> também levar à erosão <strong>de</strong>ntária)<br />

• Valorização do sorriso na estética do indivíduo: Boa aparência física<br />

• Principais funções dos <strong>de</strong>ntes: Estética, fonética, mastigação<br />

• Enfatizar a estética: “Cartão <strong>de</strong> visita” e diferencial para o mercado <strong>de</strong> trabalho competitivo<br />

• Período <strong>de</strong> erupção dos 3ºs molares. Reforçar a importância <strong>de</strong> cuidados com a higienização dos <strong>de</strong>ntes em<br />

erupção<br />

Halitose • Etiologia: Fatores fisiológicos, fatores extrabucais e bucais. Reforçar a importância da higienização para evitar<br />

acúmulo <strong>de</strong> biofilme nos <strong>de</strong>ntes e saburra na língua<br />

• Etiologia<br />

• Medidas preventivas:<br />

Cárie <strong>de</strong>ntária o Escovação e fio <strong>de</strong>ntal: Ensinar técnica, explicar o uso correto do fio <strong>de</strong>ntal com macromo<strong>de</strong>lo e/ou<br />

outros recursos visuais disponíveis (cartazes, sli<strong>de</strong>s, fol<strong>de</strong>rs, fotos). Para maiores informações,<br />

reportar-se ao Capítulo 2<br />

Quadro 45 - Roteiro para palestra direcionada a adolescentes e seus cuidadores<br />

180


Assunto<br />

Doença periodontal<br />

Piercing<br />

Condutas frente a<br />

traumatismos <strong>de</strong>ntários<br />

Aparelhos Ortodônticos<br />

Atendimento na USF<br />

Encaminhamentos para<br />

especialida<strong>de</strong>s<br />

Abordagem<br />

• Etiologia<br />

• Medidas preventivas (para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 2)<br />

• Orientar sobre os riscos <strong>de</strong> complicações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m inflamatória e infecciosa, entretanto respeitando a<br />

liberda<strong>de</strong> do adolescente em utilizá-lo ou não, sem censuras ou julgamentos<br />

• Não limpar o local lesionado<br />

• Colocar possíveis fragmentos <strong>de</strong>ntários no leite<br />

• Procurar imediatamente atendimento odontológico (para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 7)<br />

• Requerem acompanhamento sistemático do especialista<br />

• Cuidados redobrados com a higienização<br />

• Maior acúmulo <strong>de</strong> biofilme e maior dificulda<strong>de</strong> para removê-lo<br />

• Procedimentos realizados e não realizados na USF<br />

• Respeitar horários agendados<br />

• Atendimentos <strong>de</strong> urgências<br />

• Não faltar aos atendimentos. Justificar com antecedência possíveis ausências<br />

• CEO: Como é feito o encaminhamento<br />

Quadro 45 - Roteiro para palestra direcionada a adolescentes e seus cuidadores - Continuação<br />

181


3.3.6 Halitose<br />

A presença <strong>de</strong> mau hálito po<strong>de</strong> provocar prejuízos psicossociais para o adolescente<br />

como insegurança ao se aproximar das pessoas, <strong>de</strong>pressão, dificulda<strong>de</strong> em estabelecer<br />

relações amorosas, resistência ao sorriso e ansieda<strong>de</strong>.<br />

A equipe <strong>de</strong> odontologia <strong>de</strong>verá explicar ao adolescente as causas, as principais<br />

características e cuidados necessários para revertê-la (Quadro 46). Enfatizar a importância<br />

da higienização dos <strong>de</strong>ntes, da língua e da adoção <strong>de</strong> hábitos alimentares saudáveis. Caso<br />

a halitose persista após a reversão do risco e resolução <strong>de</strong> todas as necessida<strong>de</strong>s<br />

odontológicas, a equipe <strong>de</strong>verá referenciar o paciente para atendimento multiprofissional.<br />

Halitose<br />

Fisiológica<br />

Causas bucais<br />

Causa extrabucais<br />

Quadro 46 - Causas da Halitose<br />

Principais características<br />

• Relacionada a leve hipoglicemia, a redução do fluxo salivar<br />

durante o sono, além do aumento da flora bacteriana<br />

anaeróbia proteolítica. Desaparece após a higiene dos<br />

<strong>de</strong>ntes e da língua e após a primeira refeição da manhã<br />

• Causa mais comum é a higiene bucal <strong>de</strong>ficiente e<br />

consequente formação <strong>de</strong> saburra lingual e biofilme <strong>de</strong>ntal.<br />

Po<strong>de</strong> também estar relacionada a cárie, próteses mal<br />

adaptadas, restaurações <strong>de</strong>feituosas e respiração bucal<br />

• Doenças da orofaringe, bronco-pulmonares, digestivas,<br />

alcalose, doenças hepáticas e renais, perturbações do<br />

sistema gastrintestinal, diabetes, nefrite, tabagismo,<br />

doenças febris, <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> vitamina A e D, estresse, etc.<br />

3.3.7 Periodontia na Adolescência<br />

3.3.7.1 Gengivite<br />

Descuidos no autocuidado aliados a hábitos alimentares ina<strong>de</strong>quados po<strong>de</strong>m levar<br />

ao aparecimento da gengivite na adolescência. O tratamento consiste na reversão dos<br />

fatores <strong>de</strong> riscos. Atentar para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gengivite gravídica.<br />

4.1.<br />

Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 2, item 2.2 e Capítulo 4, item<br />

182


3.3.7.2 Periodontite<br />

Caracteriza-se pela <strong>de</strong>struição do periodonto <strong>de</strong> sustentação. Trata-se <strong>de</strong> doença<br />

inflamatória crônica, na qual ocorre gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição óssea. Para maiores informações,<br />

reportar-se ao Capítulo 2, item 2.2.<br />

3.3.7.3 Cárie Dentária<br />

183<br />

Hábitos alimentares e <strong>de</strong> autocuidado adquiridos na infância nem sempre<br />

estão presentes durante a adolescência, po<strong>de</strong>ndo favorecer o aparecimento <strong>de</strong> cárie<br />

<strong>de</strong>ntária nessa fase. É importante que a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal estimule o adolescente a<br />

resgatar hábitos saudáveis <strong>de</strong> vida. Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 2,<br />

item 2.1.<br />

3.3.8 Distúrbios Alimentares e Manifestações Bucais<br />

O aumento excessivo <strong>de</strong> regiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>smineralização (erosões e cárie) po<strong>de</strong> estar<br />

associado a transtornos alimentares. Sabe-se que a condição bucal é importante indicador<br />

<strong>de</strong>sses distúrbios, porque eles geralmente envolvem práticas <strong>de</strong> vômitos crônicos, com<br />

consequentes exposições contínuas dos <strong>de</strong>ntes a conteúdos ácidos que po<strong>de</strong>rão favorecer<br />

o aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>smineralização.<br />

Em casos suspeitos, a equipe <strong>de</strong> odontologia, além <strong>de</strong> atuar na educação e<br />

prevenção, <strong>de</strong>verá referenciar o usuário para atendimento multiprofissional.<br />

adolescentes.<br />

O Quadro 47 <strong>de</strong>screve os principais transtornos com repercussões bucais em


Transtorno<br />

Bulimia Nervosa<br />

Vigorexia<br />

Pica<br />

Descrição<br />

• Ato repetido <strong>de</strong> comer<br />

compulsivamente seguido<br />

pela indução do que foi<br />

ingerido, a maioria das<br />

vezes, por meio do vômito. O<br />

sistema digestivo produz<br />

ácidos fortes para digerir os<br />

alimentos<br />

• Consumo excessivo <strong>de</strong><br />

anabolizantes e suplementos<br />

alimentares associado à<br />

intensa ativida<strong>de</strong> física<br />

• Ingestão do que não é<br />

comestível<br />

Manifestações bucais<br />

• Erosão severa do esmalte,<br />

<strong>de</strong>ntes gastos e translúcidos<br />

(alterações na cor, formato e<br />

tamanho), perda <strong>de</strong> esmalte,<br />

boca, garganta e glândulas<br />

salivares e<strong>de</strong>maciadas,<br />

halitose, sensibilida<strong>de</strong> à<br />

temperatura, lábios<br />

vermelhos, ressecados e<br />

rachados, xerostomia,<br />

exposição pulpar, infecções<br />

periodontais e endodônticas<br />

• Xerostomia, biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

espesso, com aspecto melado<br />

• Lesões na mucosa da boca,<br />

além <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> fraturas<br />

<strong>de</strong>ntais<br />

Quadro 47 - Principais manifestações bucais associadas a distúrbios alimentares<br />

3.3.9 Anamnese, Exame Geral e Intraoral<br />

Reportar-se aos itens 3.2.7 e 3.2.8 neste capítulo.<br />

3.3.10 Terapêutica Medicamentosa<br />

• Até 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: Reportar-se à Atenção à criança, item 3.2.14<br />

• Acima <strong>de</strong> 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: Reportar-se à Atenção ao adulto, item 3.4.4<br />

184


Inicial<br />

Grupos, oficinas ou<br />

palestras<br />

Educação em saú<strong>de</strong>,<br />

evi<strong>de</strong>nciação e<br />

escovação<br />

supervisionada<br />

Tratamento<br />

Preventivo/reabilitador<br />

Fluxograma 7 - Atenção odontológica ao adolescente<br />

Atenção ao Adolescente<br />

Tipo <strong>de</strong> atendimento<br />

Manutenção Urgência<br />

Educação em saú<strong>de</strong>,<br />

evi<strong>de</strong>nciação e<br />

escovação<br />

supervisionada<br />

Tratamento<br />

Preventivo/reabilitador<br />

Manutenção Manutenção<br />

Até 14<br />

anos<br />

Infantojuvenil<br />

Agendamento<br />

conforme<br />

disponibilida<strong>de</strong><br />

Tipo <strong>de</strong><br />

Programa<br />

Eliminação da dor<br />

PSF<br />

Avaliação <strong>de</strong><br />

risco<br />

185<br />

> 14<br />

anos<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

Programa<br />

PSF<br />

Avaliação<br />

<strong>de</strong> risco


BIBLIOGRAFIA<br />

BARRETO, R. A; BARRETO, M. A. C. Os pensamentos dos adolescentes durante o<br />

atendimento odontológico. Jornal Brasileiro <strong>de</strong> Odonto-Psicologia em Pacientes<br />

Especiais. Curitiba, ano 1, n. 4, p. 3425, jul/ago, 2003.<br />

BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong>. Departamento <strong>de</strong> Atenção<br />

Básica. Projeto SB-Brasil 2003. Condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal da população brasileira 2002-<br />

2003. Resultados Principais. Brasília, 2004.<br />

BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong>. Departamento <strong>de</strong> Atenção<br />

Básica. Coor<strong>de</strong>nação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong>. Diretrizes da Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>Bucal</strong>. Brasília, 2004.<br />

BRASIL, Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong>. Saú<strong>de</strong> Integral <strong>de</strong><br />

Adolescentes e Jovens. Orientações para a Organização <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Brasília, 2005.<br />

BRASIL, Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong>. Marco Legal. Saú<strong>de</strong>, um<br />

direito <strong>de</strong> Adolescentes. Brasília, 2005.<br />

BRASIL, Ministério da Saú<strong>de</strong>. Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong>. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Atenção Básica, n. 17. Brasília,<br />

2006.<br />

CORREA, M. S.; DISSENHA, R.M.S.; WEFFORT, S. Y. K. Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> do Bebê ao<br />

Adolescente. São Paulo: Editora Santos, 2005.<br />

ELIAS, M.S. et al. A importância da saú<strong>de</strong> bucal para adolescentes <strong>de</strong> diferentes estratos<br />

sociais do município <strong>de</strong> Ribeirão Preto. Rev. latinoam. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9,<br />

n. 1, p. 88-95, janeiro, 2001.<br />

ISSAO, M., GUEDESPINTO, A.C. <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> odontolopediatria. 10. ed. São Paulo:<br />

Pancast, 1999.<br />

PINTO, V.G. Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> Coletiva. 4. ed. São Paulo, Livraria Santos Editora, 2000.<br />

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE CURITIBA. Protocolo Integrado <strong>de</strong> Atenção à<br />

Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong>. Curitiba, 2004.<br />

SÃO PAULO. Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Nascendo e Crescendo com Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong>.<br />

Atenção à saú<strong>de</strong> bucal da gestante e da criança. São Paulo, 2007.<br />

186


3.4 ATENÇÃO ODONTOLÓGICA AO ADULTO (20 A 59 ANOS)<br />

Introdução<br />

187<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

Os adultos compõem uma faixa etária extremanente ampla, representando mais <strong>de</strong><br />

50% da população total e que acumula gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s odontológicas.<br />

Frequentemente apresentam condições sistêmicas crônicas que po<strong>de</strong>m influenciar a saú<strong>de</strong><br />

bucal ou serem influenciadas pela mesma. Dessa forma, a atenção odontológica <strong>de</strong>manda,<br />

por parte do profissional, a adoção <strong>de</strong> uma abordagem multiprofissional, o conhecimento <strong>de</strong><br />

condições sistêmicas, o planejamento <strong>de</strong> ações integrais e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adoção <strong>de</strong><br />

critérios justos <strong>de</strong> priorização a grupos <strong>de</strong> maior risco, frente ao gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio que é<br />

aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda que se apresenta.<br />

Condições e patologias mais frequentes<br />

• Doenças cérebrovasculares<br />

• Doenças cardiovasculares<br />

• Doenças hipertensivas<br />

• Doenças endócrinas, principalmente o Diabetes Mellitus<br />

• Neoplasias<br />

• Doenças respiratórias<br />

• Problemas neurológicos e psiquiátricos<br />

• Outros<br />

Principais problemas bucais<br />

• Cárie <strong>de</strong>ntária<br />

• Doença periodontal<br />

• Câncer bucal<br />

• Xerostomia<br />

• E<strong>de</strong>ntulismo<br />

• Halitose<br />

• Necessida<strong>de</strong>s acumuladas <strong>de</strong> tratamento


Na atenção à saú<strong>de</strong> bucal do adulto, a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong>verá:<br />

• Trabalhar <strong>de</strong> forma integrada com a equipe da USF no planejamento das ações<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

• I<strong>de</strong>ntificar indivíduos ou grupos a serem priorizados para as ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

188<br />

bucal nas famílias, grupos operativos da USF, coletivos existentes (locais <strong>de</strong><br />

trabalho, grupos religiosos, outros), regiões sob risco social, etc.<br />

• Possibilitar o acesso gradual <strong>de</strong>stes à <strong>de</strong>manda programada, conforme critérios<br />

<strong>de</strong>scritos no Capítulo 1, item 1.3.<br />

• Acolher os casos <strong>de</strong> urgência, <strong>de</strong> forma resolutiva<br />

• Encaminhar o paciente com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção especializada para o CEO,<br />

centros <strong>de</strong> referência ou outros<br />

• Realizar Visita Domiciliar com objetivos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> risco, diagnóstico,<br />

educação em saú<strong>de</strong>, encaminhamento para tratamento e, quando necessário,<br />

assistência odontológica aos adultos acamados da área <strong>de</strong> abrangência. Para<br />

maiores informações reportar-se ao Capítulo 1<br />

• Planejar e implementar ações <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação em saú<strong>de</strong><br />

bucal<br />

• Encaminhar pacientes com suspeita <strong>de</strong> patologias sistêmicas ou com possíveis<br />

fatores <strong>de</strong> risco para avaliação médica e/ou para grupos operativos. Ex:<br />

Antitabagismo, hipertensão, diabetes, etc.<br />

3.4.2 Promoção <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong><br />

As ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> bucal po<strong>de</strong>m ser realizadas por toda equipe <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> bucal, <strong>de</strong>ntro ou fora da USF, <strong>de</strong> forma individual ou coletiva.<br />

Estratégias<br />

• Abordagem familiar<br />

• Trabalho integrado com a USF em grupos operativos (diabéticos, hipertensos,<br />

terapia comunitária, etc), incluindo o tema saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Atuação em espaços <strong>de</strong> trabalho (fábricas, construção civil, estabelecimentos<br />

comerciais, etc.) e espaços sociais (associação <strong>de</strong> moradores, sindicatos, reunião <strong>de</strong>


pais em escolas, grupos religiosos, entre outros) localizados na área <strong>de</strong> abrangência<br />

da USF<br />

• Integração e treinamento do ACS para<br />

o Detectar necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção odontológica em domicílios e instituições<br />

o Educação do usuário em saú<strong>de</strong> bucal e estímulo ao autocuidado<br />

o Capacitação do ACS para atuação como promotor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

Ações a serem <strong>de</strong>senvolvidas<br />

• Orientação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, incluindo<br />

o Higiene bucal com <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> técnica <strong>de</strong> escovação, limpeza <strong>de</strong><br />

prótese, uso do fio <strong>de</strong>ntal, etc.<br />

o Fatores <strong>de</strong> risco para a cárie <strong>de</strong>ntária, doença periodontal e o câncer bucal<br />

o Alimentação e saú<strong>de</strong> bucal<br />

o Autoexame bucal<br />

o Alterações mais comuns da cavida<strong>de</strong> bucal: retração gengival, cárie radicular,<br />

189<br />

<strong>de</strong>sgaste natural do esmalte, alterações <strong>de</strong> paladar e <strong>de</strong> fluxo salivar, saburra<br />

lingual, halitose, perda <strong>de</strong> dimensão vertical, lesões bucais e cuidados com<br />

próteses<br />

o Rastreamento <strong>de</strong> lesões pré-malígnas e dos casos <strong>de</strong> câncer na comunida<strong>de</strong><br />

o Encaminhamento <strong>de</strong> fumantes para grupos <strong>de</strong> antitabagismo<br />

o Outros, a critério da equipe local<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Aproveitar todas as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> maneira<br />

informal ou por meio <strong>de</strong> reuniões programadas<br />

• Ao planejar essas ativida<strong>de</strong>s, sugere-se utilizar uma abordagem <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> riscos<br />

comuns a outras doenças, tais como:<br />

o O tabaco e o álcool são fatores <strong>de</strong> risco para a doença periodontal, para as<br />

doenças cardiovasculares, para o câncer bucal, <strong>de</strong> esôfago, <strong>de</strong> estômago e <strong>de</strong><br />

pulmão


o O consumo <strong>de</strong> carboidratos é fator <strong>de</strong> risco tanto para a cárie <strong>de</strong>ntária quanto<br />

190<br />

para o diabetes e a obesida<strong>de</strong>, que por sua vez, po<strong>de</strong>m ser fator <strong>de</strong> risco para<br />

doenças cardíacas<br />

3.4.3 Atenção Clinica<br />

Na atenção clínica ao adulto, procurar seguir os seguintes passos<br />

1) Evi<strong>de</strong>nciação <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal, escovação supervisionada, uso do fio <strong>de</strong>ntal e<br />

orientações educativas<br />

2) Anamnese<br />

• História médica pregressa e atual<br />

o Lista <strong>de</strong> problemas médicos, hospitalizações, incapacida<strong>de</strong>s físicas e mentais<br />

o Lista <strong>de</strong> medicamentos utilizados<br />

o Dor <strong>de</strong> garganta persistente, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala, mastigação e/ou <strong>de</strong>glutição<br />

<strong>de</strong> alimentos<br />

• História odontológica<br />

o Queixa principal<br />

o História odontológica anterior<br />

o Hábitos dietéticos, <strong>de</strong> higiene bucal, fumo, consumo <strong>de</strong> álcool, uso <strong>de</strong><br />

medicamentos, etc.<br />

• Registros dos sinais vitais (antes <strong>de</strong> todas as sessões)<br />

3) Exame clínico<br />

o Pressão arterial<br />

o Pulso: Frequência normal (60 a 100 batimentos por minuto)<br />

• Avaliação extrabucal<br />

o Face<br />

o ATM e músculos da mastigação<br />

o Ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> gânglios cervicais para se observar presença <strong>de</strong> linfonodos<br />

aumentados


o Halitose (doença bucal e sistêmica)<br />

• Avaliação intrabucal<br />

o Lábios e mucosa labial<br />

o Comissura, mucosa bucal e vestíbulo<br />

o Palato mole e duro<br />

o Orofaringe<br />

o Língua<br />

o Soalho da boca<br />

o Observar presença <strong>de</strong><br />

• Ulcerações ou lesões que não cicatrizam há mais <strong>de</strong> 14 dias<br />

• Lesões brancas<br />

• Lesões vermelhas<br />

• Lesões brancas associadas com áreas vermelhas<br />

191<br />

o I<strong>de</strong>ntificar áreas <strong>de</strong> irritação crônica como próteses mal adaptadas ou<br />

quebradas, <strong>de</strong>ntes fraturados e com bordas cortantes<br />

• Rebordo alveolar<br />

• Periodonto<br />

• Dentes<br />

4) Preenchimento do odontograma<br />

5) A<strong>de</strong>quação do meio bucal com cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro, na primeira consulta <strong>de</strong><br />

rotina, sempre que possível<br />

6) Avaliar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluorterapia <strong>de</strong> acordo com o risco e a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie. Para<br />

maiores informações reportar-se aos Capítulos 2 e 6<br />

7) Encaminhamento a especialida<strong>de</strong>s, quando necessário, conforme critérios <strong>de</strong>scritos no<br />

Capítulo 1, item 1.3.2.5<br />

8) Manutenção periódica, quando necessário. Para maiores informações, reportar-se ao<br />

Capítulo 1, item 1.3.2.5


3.4.4 Terapêutica Medicamentosa<br />

Anestésicos Locais<br />

• Lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000 (2 a 3 tubetes)<br />

• Prilocaína 3% com felipressina (2 a 3 tubetes)<br />

• Mepivacaína 2% com vasoconstritor (2 a 3 tubetes)<br />

• Mepivacaína 3% sem vasoconstritor (2 tubetes)<br />

Observação<br />

Avaliar a condição sistêmica e indicar o anestésico mais seguro para cada patologia<br />

em questão, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 4.<br />

Analgésicos<br />

• 1 a opção: Paracetamol (Tylenol, Dôrico) - 500 a 750 mg <strong>de</strong> 6/6 horas<br />

• 2 a opção: Dipirona (Novalgina, Anador, Magnopyrol) - 1 comprimido ou 35 gotas <strong>de</strong><br />

6/6 horas<br />

• Dor mais intensa: Alternar a utilização <strong>de</strong> Paracetamol e <strong>de</strong> Dipirona, com intervalo<br />

<strong>de</strong> três horas entre cada um <strong>de</strong>les. Caso seja necessário, indicar 1 ampola <strong>de</strong><br />

Dipirona injetável logo após a intervenção e <strong>de</strong>pois iniciar o esquema sugerido, por<br />

via oral<br />

Observação<br />

Avaliar a condição sistêmica e indicar o analgésico mais seguro para cada<br />

patologia em questão, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 4.<br />

Anti-inflamatórios<br />

• Diclofenaco (Cataflan, Voltaren, Diclofen, Biofenac 50 mg) - 50 mg <strong>de</strong> 8/8 horas por 3 a 5<br />

dias<br />

Observação<br />

Avaliar a condição sistêmica e indicar o anti-inflamatório mais seguro para cada<br />

patologia em questão, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 4.<br />

192


Antibióticos<br />

Em situações normais, sem restrição.<br />

• 1ª opção: Amoxicilina - 500 mg (a cada 8 horas, por 7 a 10 dias)<br />

• 2ª opção – Alérgicos a Penicilinas e <strong>de</strong>rivados: Eritromicina 500 mg (a cada 6 horas, por<br />

7 a 10 dias), Clindamicina ou Claritromicina<br />

Profilaxia antibiótica no paciente adulto: Vi<strong>de</strong> Capítulo 4, item 4.6<br />

193


Adulto com possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> locomoção à USF<br />

Acolhimento na USF<br />

Anamnese/Exame clínico<br />

Educação em saú<strong>de</strong><br />

Orientações gerais<br />

Atendimento Clínico<br />

Encaminhamento a<br />

especialida<strong>de</strong>s (CEO)<br />

Fluxograma 8 - Atenção odontológica ao adulto<br />

Atenção ao Adulto<br />

Acesso ao tratamento<br />

• Acamado<br />

• Encaminhamento pela USF<br />

• Grupos operativos<br />

• Urgência<br />

• Demanda espontânea<br />

Avaliação <strong>de</strong> Risco<br />

Quando<br />

necessário<br />

Adulto sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

locomoção à USF (acamado)<br />

Visita Domiciliar<br />

Anamnese/Exame clínico<br />

Educação ao adulto/<br />

cuidador<br />

Orientações gerais<br />

Atendimento Domiciliar<br />

Manutenção programada na USF ou domicílio/instituição para usuários com<br />

patologias crônicas graves ou outras situações <strong>de</strong> risco<br />

194


BIBLIOGRAFIA<br />

BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Saú<strong>de</strong> bucal. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2006. 92 p.<br />

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Janeiro: Guanabara Koogan. 1996.<br />

195


INTRODUÇÃO<br />

3.5 ATENÇÃO ODONTOLÓGICA AO IDOSO<br />

197<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

José Roberto Almeida<br />

O envelhecimento populacional faz parte da realida<strong>de</strong> brasileira e traz, entre outras,<br />

a discussão sobre a atenção à saú<strong>de</strong> do idoso como uma necessida<strong>de</strong> real do sistema<br />

público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Da mesma forma, a atenção à saú<strong>de</strong> bucal coloca-se como um <strong>de</strong>safio<br />

para os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, reconhecendo-se sua importância para a garantia do bem estar,<br />

manutenção do estado nutricional, melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e da autoestima do idoso,<br />

bem como prevenção <strong>de</strong> doenças sistêmicas como Endocardite Infecciosa, pneumonia por<br />

bronco-aspiração, etc.<br />

A maioria dos idosos apresenta gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração da saú<strong>de</strong> bucal, com quadro<br />

clínico <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ntulismo, doença periodontal, cárie radicular, xerostomia, halitose, abrasão,<br />

atrição <strong>de</strong>ntária, entre outros. Tal acúmulo <strong>de</strong> problemas apresenta-se como reflexo <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> fatores como precárias condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso à<br />

atenção à saú<strong>de</strong> bucal, etc.<br />

A atenção odontológica ao idoso <strong>de</strong>manda também, por parte do CD,<br />

conhecimentos sobre o processo <strong>de</strong> envelhecimento, sobre o conjunto <strong>de</strong> agravos que<br />

po<strong>de</strong>m acometê-lo, além <strong>de</strong> fatores sociais e da vida diária que po<strong>de</strong>m comprometer ou até<br />

dificultar o acesso do mesmo aos serviços disponíveis.<br />

Na atenção à saú<strong>de</strong> bucal do idoso, é essencial a abordagem familiar, muitas vezes<br />

com envolvimento do cuidador e também a interação com a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da USF.


3.5.2 Classificação<br />

A Lei do Idoso, editada no Diário Oficial da União, em 1994, que dispõe sobre a<br />

política Nacional do Idoso, consi<strong>de</strong>ra idosa, para efeito <strong>de</strong> lei, a pessoa maior <strong>de</strong> sessenta<br />

(60) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

A OMS também consi<strong>de</strong>ra idosos, em países em <strong>de</strong>senvolvimento, pessoas acima<br />

<strong>de</strong> sessenta (60) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Classifica a população na seguinte progressão:<br />

• 45 a 59 anos - meia ida<strong>de</strong> ou primeiro envelhecimento<br />

• 60 a 70 anos - senescência gradual<br />

• 71 a 90 anos - velhice conclamada<br />

• Acima <strong>de</strong> 90 anos - longevo<br />

A Fe<strong>de</strong>ração Dentária Internacional (FDI) leva em consi<strong>de</strong>ração o estado funcional<br />

e a capacida<strong>de</strong> para autonomia <strong>de</strong> vida do indivíduo, classificando pessoas com mais <strong>de</strong><br />

sessenta (60) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> em:<br />

• Funcionalmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes - indivíduos sadios, po<strong>de</strong>ndo apresentar uma ou mais<br />

doenças crônicas não graves e controladas por medicação e/ou com algum <strong>de</strong>clínio<br />

sensorial associado com a ida<strong>de</strong>, mas que vivem sem necessitar <strong>de</strong> ajuda. Po<strong>de</strong>m ir<br />

sozinhos ao consultório<br />

• Parcialmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes - pessoas que têm problemas físicos <strong>de</strong>bilitantes crônicos, <strong>de</strong><br />

caráter sistêmico e/ou emocional, com perda do seu sistema <strong>de</strong> suporte social, fazendo<br />

com que sejam incapazes <strong>de</strong> manter in<strong>de</strong>pendência total sem uma assistência<br />

continuada. Necessitam <strong>de</strong> ajuda para fazer compras, locomoverem-se ou marcar hora<br />

com o CD, por exemplo. Vivem em suas casas ou em casas geriátricas<br />

• Totalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes - inclui aqueles cujas capacida<strong>de</strong>s estão afetadas por problemas<br />

físicos <strong>de</strong>bilitantes crônicos, sistêmicos e/ou emocionais, que os impossibilitam <strong>de</strong> manter<br />

autonomia. São pessoas em geral institucionalizadas, recebendo ajuda permanente<br />

Os idosos também po<strong>de</strong>m ser classificados como institucionalizados ou não, <strong>de</strong><br />

acordo com sua relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência e convivência em instituição <strong>de</strong> auxílio ou cuidado<br />

do idoso, como asilos, lares e casas <strong>de</strong> repouso.<br />

198


3.5.3 Características do Envelhecimento<br />

Modificações na composição corporal<br />

• Aumento da gordura corporal em 20 a 40%<br />

• Diminuição do tecido adiposo dos membros e aumento no tronco (gordura central)<br />

• Diminuição da água corporal total em 15% a 20%, principalmente intracelular<br />

• Maior susceptibilida<strong>de</strong> a complicações consequentes das perdas líquidas e maior<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reposição do volume perdido <strong>de</strong>vido a uma redução dos componentes<br />

intra e extracelulares, principalmente íons sódio e potássio<br />

• Alteração da absorção, metabolização e excreção das drogas <strong>de</strong>vido às mudanças no<br />

metabolismo hepático e excreção renal<br />

• Redução da albumina, alterando o transporte <strong>de</strong> drogas no sangue<br />

• Diminuição do metabolismo basal <strong>de</strong> 10% a 20% com o progredir da ida<strong>de</strong><br />

Alterações fisiopatológicas<br />

• Menor capacida<strong>de</strong> homeostática - diminuição da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reserva, <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e<br />

<strong>de</strong> adaptação, o que os torna mais vulneráveis a quaisquer estímulos (traumático,<br />

infeccioso ou psicológico). Dessa forma, as doenças po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas mais<br />

facilmente<br />

• Menor capacida<strong>de</strong> respiratória e imunológica<br />

• Diminuição da massa muscular<br />

• Diminuição da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> condução do impulso nervoso<br />

• Problemas visuais e auditivos<br />

• Diminuição da capacida<strong>de</strong> metabólica do fígado, do fluxo sanguíneo e da função renal<br />

199


Grupos <strong>de</strong> distúrbios mais específicos e prevalentes na 3ª ida<strong>de</strong><br />

• Incapacida<strong>de</strong> cognitiva - perda da habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar as funções cerebrais mais<br />

elevadas: Atenção, orientação, reconhecimento, memória, iniciativa, etc.<br />

• Instabilida<strong>de</strong> postural - falha <strong>de</strong> diversos mecanismos neuronais e músculo-<br />

esqueléticos relacionados à marcha. Principais causas: Ida<strong>de</strong>, história prévia <strong>de</strong> queda,<br />

déficit cognitivo e uso <strong>de</strong> medicamentos, sarcopenia 28 . Fatores extrínsecos (ambiente)<br />

• Incontinências - perda da urina em hora e local inapropriado. Leva ao isolamento<br />

social, <strong>de</strong>pressão e infecção do trato urinário e lesões da pele do períneo<br />

• Iatrogenia - alteração patogênica provocada pela prática médica. O idoso é mais<br />

susceptível a iatrogenia por estar mais exposto aos procedimentos <strong>de</strong> diagnóstico e<br />

tratamentos<br />

• Imobilismo - redução dos limites do espaço vital <strong>de</strong> um indivíduo. Passa a se restringir<br />

cada vez mais, tornando-se incapaz para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diária. O idoso fica<br />

restrito ao leito. É frequente o risco <strong>de</strong> pneumonia por aspiração<br />

• Disfagia (dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição) - o alimento vai para traqueia ao invés do esôfago,<br />

causando tosse ou engasgo. Sintomas: Sensação <strong>de</strong> alimento “parado” na garganta,<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> engolir várias vezes, dor ao engolir, tosse após engolir e engasgos<br />

frequentes. Os músculos utilizados nos vários estágios da <strong>de</strong>glutição estão fracos e sem<br />

coor<strong>de</strong>nação. A disfagia leva à má nutrição e a riscos para a pneumonia por aspiração<br />

• Pneumonia por aspiração - aspiração <strong>de</strong> material (secreção) colonizado da orofaringe<br />

para os pulmões. Po<strong>de</strong> levar à morte. O risco <strong>de</strong> pneumonia por aspiração é aumentado<br />

quando está associado à saú<strong>de</strong> bucal precária e disfagia, sendon menor em edêntulos e<br />

idosos que recebem cuidados odontológicos, comparados com outros pacientes<br />

28 Redução da massa muscular associada com a ida<strong>de</strong><br />

200


Alterações psicossociais<br />

• Perda do cônjuge<br />

• Abandono repentino do trabalho (aposentadoria)<br />

• Mercado <strong>de</strong> trabalho exclu<strong>de</strong>nte<br />

• Condições financeiras, muitas vezes, <strong>de</strong>sfavoráveis<br />

• Abandono familiar, integração a um asilo<br />

• Capacida<strong>de</strong> reduzida <strong>de</strong> manter uma dieta balanceada<br />

• Aspecto físico externo, aparência estética comprometida<br />

3.5.4 Condições e Patologias Comuns na 3ª Ida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> Interesse Odontológico<br />

3.5.4.1 Hipertensão arterial (HA)<br />

• Acomete <strong>de</strong> 50 a 70% das pessoas idosas<br />

• A hipertensão sistólica isolada é uma forma específica <strong>de</strong> hipertensão mais comumente<br />

encontrada em indivíduos idosos, especialmente na sétima década <strong>de</strong> vida. É <strong>de</strong>finida<br />

como uma pressão sistólica <strong>de</strong> 140 mm Hg ou maior e uma pressão diastólica menor<br />

que 90 mm Hg<br />

• A <strong>de</strong>terminação correta da pressão arterial (PA) po<strong>de</strong> ser particularmente difícil nos<br />

pacientes idosos por causa do enrijecimento das pare<strong>de</strong>s arteriais, resultando em PA<br />

falsamente elevada com o uso <strong>de</strong> um esfigmomanômetro comum. Por isso é chamada<br />

pseudo-hipertensão. Portanto, durante o exame físico <strong>de</strong>ve-se incluir mais <strong>de</strong> uma<br />

aferição da PA, com intervalo <strong>de</strong> pelo menos 5 minutos entre cada uma <strong>de</strong>las e calcular<br />

a pressão média a partir dos valores obtidos ou realizar a manobra <strong>de</strong> Osler 29<br />

• Nível significativo dos pacientes idosos necessita <strong>de</strong> duas ou mais classes terapêuticas<br />

<strong>de</strong> medicamentos para controle da hipertensão<br />

• Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 4, item 4.3<br />

29 Esta manobra baseia-se na palpação da artéria radial após insuflação do manguito acima da<br />

pressão sistólica. Diz-se que a manobra <strong>de</strong> Osler é positiva quando a artéria permanece palpável,<br />

mas sem pulsações. Classicamente é consi<strong>de</strong>rada uma indicação <strong>de</strong> pseudo-hipertensão arterial.<br />

Para maiores informações, reportar-se ao Protocolo <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Adulto da AMS.<br />

201


Consi<strong>de</strong>rações Odontológicas<br />

• A integração entre as equipes odontológicas e médicas é <strong>de</strong> fundamental importância<br />

• No prontuário da USF, verificar se o paciente é inscrito no Programa <strong>de</strong> Hipertensão,<br />

recebendo assim orientações para o controle da PA<br />

• Pacientes com HA <strong>de</strong>verão estar compensados para se submeterem a tratamento<br />

invasivo <strong>de</strong> rotina<br />

• Anotar a lista <strong>de</strong> medicamentos que po<strong>de</strong>m causar xerostomia, hiperplasia gengival, etc.<br />

• Certificar-se que o paciente tomou medicação anti-hipertensiva<br />

• Aferir a PA antes do atendimento<br />

• Evitar consultas prolongadas e muito estressantes<br />

• Paciente em uso <strong>de</strong> diuréticos: Pedir para ir ao banheiro antes do atendimento<br />

• Estar atento para a presença <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> hipotensão postural ou ortostática 30 tais<br />

como instabilida<strong>de</strong>, tontura ou mesmo <strong>de</strong>smaio <strong>de</strong>correntes do uso <strong>de</strong> medicação anti-<br />

hipertensiva. Desta forma, se o paciente permanecer por algum tempo na posição<br />

supina (<strong>de</strong>itada), <strong>de</strong>ve-se:<br />

o Voltar à posição normal lentamente<br />

o Permanecer sentado por 3 a 5 minutos<br />

o Ajudá-lo a se levantar da ca<strong>de</strong>ira odontológica<br />

o Proporcionar apoio até que o mesmo se sinta equilibrado<br />

o Pacientes em uso <strong>de</strong> metildopa e clonidina são mais susceptíveis<br />

3.5.4.2 Doenças cardiovasculares<br />

Acima dos 60 anos, aproximadamente 40% <strong>de</strong> todos os óbitos têm como causa a<br />

doença coronariana. A hipertensão, o tabagismo, a dislipi<strong>de</strong>mia (alterações no colesterol) e<br />

o diabetes são os principais fatores <strong>de</strong> risco, atuando <strong>de</strong> forma sinergística.<br />

• Cardiopatia isquêmica/ doença arterial coronariana (infarto e angina <strong>de</strong> peito)<br />

Angina – estreitamento das artérias coronárias<br />

Infarto – isquemia prolongada no coração<br />

30 Queda brusca da PA em 20 mmHg quando o indivíduo fica <strong>de</strong> pé. Causas: HA <strong>de</strong>scontrolada,<br />

<strong>de</strong>sidratação, medicamentos (anti-hipertensivos, vasodilatadores, sedativos, anti<strong>de</strong>pressivos<br />

tricíclicos, etc.)<br />

202


Verificar<br />

o Gravida<strong>de</strong> da angina (se necessário, perguntar ao médico)<br />

o Lista <strong>de</strong> medicamentos<br />

o Tempo <strong>de</strong>corrido do infarto/angina<br />

o Cautela com vasoconstritores<br />

o Depen<strong>de</strong>ndo da condição sistêmica: Tratamento em ambiente hospitalar<br />

o Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 4, item 4.5.1<br />

• Insuficiência Cardíaca Congestiva – ICC<br />

É a incapacida<strong>de</strong> do coração fornecer sangue oxigenado para o organismo<br />

Atentar para:<br />

o Lista <strong>de</strong> medicamentos<br />

o Uso <strong>de</strong> vasoconstritores adrenérgicos<br />

o Risco para hipotensão postural<br />

o Contatar o médico<br />

o Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 4, item 4.5.2<br />

• Valvulopatias (estenose aórtica)<br />

o Manter o paciente em boas condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

o Pacientes com estenose aórtica (ida<strong>de</strong> avançada): Risco para Endocardite<br />

Infecciosa<br />

o Profilaxia antibiótica: Amoxicilina 2,0 g ou clindamicina 600 mg, 1 hora antes do<br />

procedimento<br />

o Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 4, item 4.5.3<br />

3.5.4.3 Diabetes Mellitus (DM)<br />

O DM apresenta tendência <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> incidência no idoso, afetando mais <strong>de</strong><br />

15% dos indivíduos entre 60 e 69 anos e 20% dos idosos acima <strong>de</strong> 75 anos, sendo que 1/3<br />

<strong>de</strong>stes <strong>de</strong>sconhecem que têm a doença. O paciente idoso po<strong>de</strong> se apresentar<br />

oligossintomático e os sinais e sintomas clássicos po<strong>de</strong>m estar ausentes, dificultando o<br />

diagnóstico <strong>de</strong>sta patologia. Sendo assim, o paciente po<strong>de</strong> não saber que tem a doença e o<br />

CD <strong>de</strong>ve estar atento a outros sinais e sintomas, como cansaço fácil, presença <strong>de</strong> infecções<br />

203


crônicas, visão turva, muita se<strong>de</strong>, emagrecimento, hipoglicemia, etc. Na dúvida, encaminhar<br />

o paciente para avaliação médica.<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Reduzir a tensão do paciente<br />

• Consultas curtas e, se possível, no meio da manhã<br />

• Fornecer instruções sobre dieta e higiene bucal<br />

• Reduzir o risco <strong>de</strong> infecções (profilaxia antibiótica)<br />

• Somente realizar tratamento odontológico invasivo em pacientes compensados<br />

• Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 4, item 4.2<br />

3.5.4.4 Osteoporose<br />

• Doença crônica que remove cálcio da estrutura do tecido ósseo e aumenta o risco <strong>de</strong><br />

fraturas em situações diárias <strong>de</strong> impactos pequenos ou mesmo inexistentes<br />

• Mais comum em mulheres após a menopausa e em homens após os setenta anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong><br />

• É a maior causa <strong>de</strong> fraturas em idosos e vem tendo uma importante repercussão na<br />

Saú<strong>de</strong> Pública<br />

• Não é incomum ocorrerem artrites e alterações <strong>de</strong>generativas associadas<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• O paciente po<strong>de</strong> apresentar dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acomodação na ca<strong>de</strong>ira odontológica<br />

• Muitas vezes será preciso usar técnicas <strong>de</strong> transferências, evitando movimentos <strong>de</strong><br />

rotação<br />

• Ter cautela para exodontias e colocação <strong>de</strong> prótese total inferior, esta última <strong>de</strong>vido à<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação<br />

• Os pacientes com osteoporose po<strong>de</strong>m apresentar diminuição na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea da<br />

mandíbula associada a um <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> massa óssea esquelética<br />

• Suspeita-se que ocorra perda <strong>de</strong> inserção periodontal em pacientes com osteoporose<br />

204


3.5.4.5 Alterações neurológicas e psiquiátricas<br />

3.5.4.5.1 Doença <strong>de</strong> Alzheimer (DA)<br />

• Desor<strong>de</strong>m progressiva do Sistema Nervoso Central (SNC), que afeta <strong>de</strong> forma gradativa<br />

as células do cérebro, levando à morte neuronal e causando perda <strong>de</strong> memória,<br />

confusão mental e mudanças <strong>de</strong> comportamento. Em fase avançada, compromete a<br />

habilida<strong>de</strong> do indivíduo <strong>de</strong> andar, falar e <strong>de</strong>glutir<br />

• A prevalência da doença aumenta com a ida<strong>de</strong>, passando <strong>de</strong> pouco mais <strong>de</strong> 10% em<br />

pessoas com mais <strong>de</strong> 65 anos, alcançando 47% por volta dos 85 anos<br />

• O distúrbio começa com simples sinais <strong>de</strong> esquecimento e impedimento cognitivo suave.<br />

É a forma mais prevalente <strong>de</strong> <strong>de</strong>mência<br />

Estágios<br />

Inicial/leve<br />

O paciente tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>:<br />

o Percorrer trajetos novos<br />

o Recordar o nome <strong>de</strong> pessoas a quem foi apresentado recentemente<br />

o Recordar on<strong>de</strong> colocou objetos<br />

o Tirar proveito do que lê<br />

o Planejar controle <strong>de</strong> finanças, pequenos consertos, etc.<br />

Mo<strong>de</strong>rado<br />

O paciente tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>:<br />

o Escolher roupas<br />

o Lembrar nomes <strong>de</strong> familiares próximos<br />

o Recordar números <strong>de</strong> telefone usados há muitos anos<br />

Observação<br />

Po<strong>de</strong> realizar ativida<strong>de</strong>s básicas da vida diária<br />

Avançado<br />

205


O paciente tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>:<br />

o Ocasionalmente, lembrar o nome do cônjuge ou pessoa com quem mais convive<br />

o Tomar banho ou vestir-se sem ajuda<br />

o Realizar todas as etapas do uso <strong>de</strong> vaso sanitário<br />

o Controlar esfíncter urinário<br />

Consi<strong>de</strong>rações Odontológicas<br />

• São cada vez mais frequentes nos consultórios<br />

• O paciente vai tornar-se mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, à medida que a doença progri<strong>de</strong><br />

• Nos estágios iniciais da doença os tratamentos <strong>de</strong>ntários são possíveis<br />

• As sessões <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>vem ser as mais curtas possíveis<br />

• A presença <strong>de</strong> um parente ou cuidador é <strong>de</strong>sejável<br />

• Quando o paciente se torna muito agitado, o tratamento <strong>de</strong>ve ser interrompido<br />

• Não <strong>de</strong>vem ser realizados trabalhos provisórios, mas sim <strong>de</strong>finitivos<br />

• A dieta do paciente muda e a ingestão <strong>de</strong> açúcar vai gradativamente aumentar<br />

• Normalmente não existe contraindicação <strong>de</strong> anestesia com vasoconstritores, salvo<br />

quando coexista alguma doença sistêmica que contraindique o uso dos mesmos<br />

3.5.4.5.2 Mal <strong>de</strong> Parkinson<br />

• Doença progressiva do SNC, incurável, que se <strong>de</strong>senvolve geralmente entre 40 e 65<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Causa a <strong>de</strong>generação da substância negra do cérebro, no tronco<br />

cerebral. A dopamina, um neurotransmissor cerebral, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser produzida nos níveis<br />

a<strong>de</strong>quados e a doença começa a se manifestar. Atinge cerca <strong>de</strong> 11% da população<br />

acima <strong>de</strong> 65 anos<br />

• Não existe tratamento específico para cura do mal <strong>de</strong> Parkinson, mas sim para os<br />

sintomas, como rigi<strong>de</strong>z muscular e tremor, que po<strong>de</strong>m ser amenizados pelo uso <strong>de</strong><br />

drogas como dopamina (Levodopa) e por cirurgia<br />

• As faculda<strong>de</strong>s mentais normalmente não estão afetadas, por isso é muito importante o<br />

manejo psicológico do paciente<br />

• A <strong>de</strong>pressão e a <strong>de</strong>mência po<strong>de</strong>m estar associadas à progressão da enfermida<strong>de</strong><br />

• Sinais clínicos<br />

206


o Tremor rítmico das extremida<strong>de</strong>s<br />

o Marcha lenta no andar, com braços caídos para o lado<br />

o Fala não muito distinta<br />

o Olhar parado<br />

o Expressão facial <strong>de</strong> máscara por falta <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> dos músculos faciais<br />

o Salivação excessiva<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Os efeitos das medicações para diminuir a salivação provocam secura da boca e po<strong>de</strong>m<br />

dificultar a <strong>de</strong>glutição. Instituir medidas para diminuir o risco <strong>de</strong> patologias bucais<br />

(controle <strong>de</strong> dieta, uso <strong>de</strong> flúor, controle <strong>de</strong> biofilme, manutenção periódica, manejo <strong>de</strong><br />

hipossalivação)<br />

• O tratamento odontológico po<strong>de</strong> ser dificultado por causa do tremor presente nos<br />

músculos da mastigação e da língua<br />

• Pacientes <strong>de</strong>pressivos po<strong>de</strong>m não ser colaboradores e não seguirem recomendações<br />

• Po<strong>de</strong> haver prejuízo na higiene bucal por perda <strong>de</strong> <strong>de</strong>streza e coor<strong>de</strong>nação para segurar<br />

dispositivos <strong>de</strong> limpeza bucal. Neste momento, a participação dos familiares e/ou do<br />

cuidador, com as <strong>de</strong>vidas instruções sobre controle do biofilme e da dieta, se faz<br />

necessária<br />

• Po<strong>de</strong> apresentar dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação <strong>de</strong> próteses <strong>de</strong>vido aos movimentos<br />

involuntários maxilares e à hipossalivação<br />

• Ardência na língua<br />

• Tempo limitado para o tratamento odontológico <strong>de</strong>vido à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter a boca<br />

aberta por muito tempo<br />

• Problemas na <strong>de</strong>glutição (engasgos) são frequentes<br />

• Nomes comerciais do Levodopa: Prolopa e Prolopa HBS, Cronomet, Levocarb, Sinemet<br />

3.5.4.5.3 Depressão<br />

A <strong>de</strong>pressão afeta <strong>de</strong> um modo geral, <strong>de</strong> 15 a 20% dos idosos. Já em idosos<br />

institucionalizados, a prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão vai <strong>de</strong> 25 a 80%. A <strong>de</strong>pressão é 3 vezes<br />

mais prevalente em idosos com alguma <strong>de</strong>terioração funcional que naqueles sem essa<br />

condição.<br />

207


Os pacientes <strong>de</strong>pressivos po<strong>de</strong>m apresentar uma maior prevalência <strong>de</strong> patologias<br />

bucais como cárie <strong>de</strong>ntária, doença periodontal, candidíase bucal, etc. A ansieda<strong>de</strong><br />

relacionada ao tratamento <strong>de</strong>ntário po<strong>de</strong> se constituir em barreira para a procura do mesmo.<br />

Os efeitos colaterais dos anti<strong>de</strong>pressivos po<strong>de</strong>m levar à secura bucal crônica.<br />

Medicamentos mais comuns<br />

• Anti<strong>de</strong>pressivos tricíclicos<br />

o Po<strong>de</strong>m causar hipotensão ortostática<br />

o Ação anticolinérgica, com hipossalivação e xerostomia<br />

o Vasoconstritor - limite <strong>de</strong> 2 a 3 tubetes com adrenalina 1:100000 e com<br />

administração lenta<br />

• Inibidores <strong>de</strong> recaptação <strong>de</strong> serotonina<br />

o Ação anticolinérgica, com hipossalivação e xerostomia<br />

o Vasoconstritor - limite <strong>de</strong> 2 a 3 tubetes com adrenalina 1:100000, com administração<br />

lenta<br />

• Inibidores da Mono Amino Oxidase - IMAO<br />

o Ação anticolinérgica, com hipossalivação e xerostomia<br />

o Po<strong>de</strong>m causar hipotensão ortostática<br />

o Vasoconstritor - limite <strong>de</strong> 2 a 3 tubetes com adrenalina 1:100000, com administração<br />

lenta<br />

o Po<strong>de</strong>m interagir com uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medicamentos e causar crises<br />

hipertensivas, arritmias, etc.<br />

3.5.4.6 Artrite Reumatoi<strong>de</strong><br />

• Deformida<strong>de</strong>s dos <strong>de</strong>dos e dificulda<strong>de</strong> para higienização bucal<br />

• Uso <strong>de</strong> medicamentos: Drogas antiplaquetária (aspirina, AINH)<br />

• Observar alterações posturais<br />

• Quando as articulações são sobrecarregadas, distúrbios que afetam as articulações<br />

têmporo-mandibulares po<strong>de</strong>m surgir, levando a dores orofaciais e dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

alimentação, fonação e <strong>de</strong>glutição, incorporados ao estresse<br />

Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 4, item 4.13.<br />

208


Osteoartrose (osteoartrite, artrite e artrose)<br />

• Doença articular (dor): Provoca limitações e incapacida<strong>de</strong> funcional<br />

• Não marcar horário muito cedo (dor matinal)<br />

• Cautela na mobilização e posicionamento do paciente<br />

• Higiene bucal <strong>de</strong>ficiente (limitações da doença)<br />

3.5.4.7 Síndrome <strong>de</strong> Sjogren<br />

• Doença autoimune <strong>de</strong> progressão lenta que leva à infiltração linfocítica das glândulas<br />

exócrinas, principalmente as lacrimais e salivares, resultando numa função secretora<br />

comprometida<br />

• Afeta 0,5 a 1% da população, predominantemente mulheres na meia ida<strong>de</strong> (90% dos<br />

pacientes são mulheres após a menopausa, com 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou mais), po<strong>de</strong>ndo<br />

ocorrer também em qualquer ida<strong>de</strong><br />

• O envolvimento das glândulas salivares maiores e menores leva a uma secreção salivar<br />

diminuída, com múltiplas consequências para a saú<strong>de</strong> bucal e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

• Características<br />

o Aumento da incidência <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária, principalmente cárie <strong>de</strong> raiz e em locais<br />

<strong>de</strong> pouca susceptibilida<strong>de</strong> como incisivos inferiores<br />

o Infecções fúngicas (principalmente a candidíase) com lesões<br />

209<br />

pseudomembranosas ou eritematosas na mucosa, glossite romboi<strong>de</strong> mediana e<br />

fissuras na língua, estomatite por uso <strong>de</strong> próteses ou queilite angular<br />

o A prevalência da infecção periodontal não está aumentada<br />

o A hipossalivação também influencia a saú<strong>de</strong> e a integrida<strong>de</strong> da mucosa bucal.<br />

Sinais incluem lábios secos e fendidos e <strong>de</strong>spapilação da língua<br />

o Outra manifestação bucal razoavelmente comum é o aumento da glândula<br />

parótida ou outra glândula salivar maior, o qual é assintomático e autolimitante<br />

o Manejo do paciente, reportar-se ao Capítulo 8


3.5.4.8 Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)<br />

Limitação do fluxo aéreo, não reversível, progressiva e, em geral, associada a uma<br />

resposta inflamatória do pulmão a partículas ou gases nocivos.<br />

Principais componentes<br />

• Bronquite crônica<br />

o Aumento <strong>de</strong> secreção bronquial com aparecimento <strong>de</strong> exsudato inflamatório,<br />

piorando com fatores irritantes como o fumo e infecções<br />

o Principais sinais<br />

210<br />

� Tosse crônica com expectoração abundante, principalmente em pessoas<br />

<strong>de</strong> meia ida<strong>de</strong> e tabagistas<br />

� Dispneia<br />

• Enfisema pulmonar<br />

� Sibilo (chiado) no peito<br />

� Incapacida<strong>de</strong> física, mais acentuada quando é complicada com infecções<br />

pulmonares<br />

o Aumento anormal dos espaços aéreos, acompanhado <strong>de</strong> alterações <strong>de</strong>strutivas<br />

das pare<strong>de</strong>s alveolares <strong>de</strong>vido à ação <strong>de</strong> enzimas proteolíticas<br />

o O início dos sintomas costuma ocorrer após os 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sendo raro em<br />

não fumantes<br />

o Características<br />

Dispneia <strong>de</strong> progressão longa e insidiosa<br />

Tosse geralmente seca<br />

Perda <strong>de</strong> peso<br />

Diminuição generalizada da massa muscular<br />

Aumento dos diâmetros do tórax<br />

o Medicamentos mais usados<br />

Broncodilatadores, corticoi<strong>de</strong>s, antibióticos, mucolíticos e fluidificantes. Os<br />

diuréticos são utilizados nos casos <strong>de</strong> insuficiência cardíaca congestiva<br />

associada


Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• A posição do paciente na ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ve proporcionar maior comodida<strong>de</strong> para respirar,<br />

sendo recomendada a semissentada (inclinação <strong>de</strong> aproximadamente 45%), evitando-se<br />

a posição supina<br />

• A sedação consciente está contraindicada no paciente com DPOC grave<br />

• Sessões curtas, <strong>de</strong> preferência na segunda meta<strong>de</strong> da manhã ou no início da tar<strong>de</strong><br />

• Anestésico<br />

o Não utilizar anestésico local com adrenalina em pacientes que utilizam<br />

teofilina, aminofilina ou corticosteroi<strong>de</strong>s<br />

o Indicação: Mepivacaína 3% sem vasoconstritor<br />

3.5.4.9 Asma<br />

• Atinge <strong>de</strong> 7 a 9 % da população idosa, causando maior mortalida<strong>de</strong> nesta faixa etária<br />

• A doença é geralmente subdiagnosticada nesta ida<strong>de</strong>, pois muitas vezes há uma menor<br />

percepção da dispneia, aliada a uma interpretação da asma como uma consequência<br />

natural da ida<strong>de</strong><br />

• O uso <strong>de</strong> anestésicos locais com vasoconstritores não é contraindicado. Na realida<strong>de</strong>, a<br />

adrenalina até po<strong>de</strong>ria ter uma ação benéfica com consequente melhoria das condições<br />

respiratórias<br />

• Para pacientes asmáticos alérgicos <strong>de</strong>ve-se, entretanto, ter cuidado, pois sulfitos<br />

(conservantes <strong>de</strong> alimentos que causam alergias) são também incorporados às soluções<br />

anestésicas que contém vasoconstritores do tipo amina simpaticomimética, para evitar a<br />

oxidação e consequente inativação dos mesmos. Deve-se, em pacientes asmáticos<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> corticoi<strong>de</strong>s, evitar estes vasoconstritores, dando-se preferência à<br />

felipressina<br />

• Drogas mais utilizadas para o tratamento da asma<br />

o Broncodilatadores<br />

o Agonistas Beta-2-adrenérgicos<br />

o Corticosteroi<strong>de</strong>s<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Evitar o uso <strong>de</strong> penicilina, AINH, AAS pois po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar crise <strong>de</strong> asma caso o<br />

paciente seja susceptível aos mesmos<br />

211


• Evitar o uso <strong>de</strong> macrolí<strong>de</strong>os em pacientes que utilizam agentes Beta-2-adrenérgicos<br />

(albuterol e terbutalina), <strong>de</strong>rivados das xantinas (teofilina e aminofilina)<br />

• Anestésicos<br />

o Antes <strong>de</strong> selecionar o anestésico, perguntar ao paciente se já apresentou alguma<br />

reação com os mesmos<br />

o Solicitar que paciente leve nas consultas o medicamento utilizado para crise <strong>de</strong><br />

asma<br />

3.5.5 Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> do Idoso<br />

No passado consi<strong>de</strong>rava-se que a perda dos elementos <strong>de</strong>ntários e da saú<strong>de</strong> bucal<br />

seria um fenômeno inevitável. Atualmente, sabe-se que a fisiologia bucal po<strong>de</strong> se manter<br />

relativamente estável em indivíduos saudáveis. Verifica-se, no entanto, a <strong>de</strong>terioração das<br />

funções na presença <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s e uso <strong>de</strong> medicação. Pacientes com patologias<br />

crônicas como doença <strong>de</strong> Parkinson, <strong>de</strong>pressão, hipertensão arterial, <strong>de</strong>mência, diabetes,<br />

entre outras, associadas a terapêuticas complexas, que levem à hipossalivação, po<strong>de</strong>m<br />

apresentar inúmeras alterações bucais que irão influir na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do individuo. As<br />

doenças bucais também po<strong>de</strong>m contribuir para uma piora do quadro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos<br />

idosos.<br />

3.5.5.1 Alterações bucais mais comuns no idoso<br />

Alterações fisiológicas ou funcionais que po<strong>de</strong>m aparecer na cavida<strong>de</strong> bucal do<br />

idoso, <strong>de</strong>correntes do uso e do processo <strong>de</strong> envelhecimento.<br />

• Desvio mesial dos <strong>de</strong>ntes provocado pela força <strong>de</strong> oclusão<br />

• Dentes escurecidos, com tonalida<strong>de</strong> amarelada, castanha ou cinza<br />

• Desgaste no esmalte <strong>de</strong>vido ao atrito provocado pela mastigação, presente em gran<strong>de</strong><br />

parte dos indivíduos<br />

• Superfície <strong>de</strong>ntária lisa e polida, <strong>de</strong>vido ao atrito <strong>de</strong> alimentos e da escovação ao longo<br />

da vida<br />

• Diminuição da permeabilida<strong>de</strong> dos canalículos <strong>de</strong>ntinários e aumento do limiar <strong>de</strong><br />

sensibilida<strong>de</strong> à dor <strong>de</strong>vido ao menor fluxo no seu interior<br />

• Polpa <strong>de</strong>ntária reduzida, fibrótica, com menor celularida<strong>de</strong> e, consequentemente, mais<br />

susceptível ao dano irreversível. Respostas alteradas a estímulos e testes <strong>de</strong><br />

sensibilida<strong>de</strong><br />

212


• Diminuição da vascularida<strong>de</strong> e da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reparação e proliferação celular<br />

predispondo à gengivite e periodontite<br />

• Diminuição da queratinização da gengiva, predispondo a lesòes e enfermida<strong>de</strong>s<br />

gengivais<br />

• Alterações regressivas das glândulas salivares, levando a mudanças quantitativas e<br />

qualitativas na saliva<br />

• Atrofia <strong>de</strong> papilas filiformes e circunvaladas, com diminuição da capacida<strong>de</strong> gustativa, o<br />

que po<strong>de</strong> levar a perda do apetite e, consequentemente, à <strong>de</strong>snutrição<br />

• Fissuração da língua, particularmente a partir dos sessenta anos, predispondo ao<br />

acúmulo <strong>de</strong> biofilme sobre a mesma e aparecimento <strong>de</strong> saburra lingual<br />

• Varicosida<strong>de</strong>s linguais no ventre da língua<br />

• Aumento no número <strong>de</strong> grânulos <strong>de</strong> Fordyce<br />

• Diminuição da competência imunológica<br />

3.5.5.2 Problemas bucais mais frequentes nos idosos<br />

E<strong>de</strong>ntulismo<br />

A perda dos elementos <strong>de</strong>ntais traz, para o idoso, consequências para a fala,<br />

<strong>de</strong>glutição e mastigação, comprometendo o início do processo digestivo, a ingestão <strong>de</strong><br />

nutrientes, o apetite, a comunicação e a autoestima, po<strong>de</strong>ndo acarretar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uso <strong>de</strong> dieta pastosa e cariogênica.<br />

Cárie <strong>de</strong>ntária<br />

Além da cárie coronária, a cárie radicular ten<strong>de</strong> a se apresentar mais prevalente no<br />

idoso. Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 2.<br />

Doença periodontal<br />

É consi<strong>de</strong>rada a segunda causa <strong>de</strong> perda dos <strong>de</strong>ntes em idosos. A periodontite<br />

aguda não é comum nos idosos, entretanto, a agudização po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido a várias<br />

infecções sistêmicas. A doença periodontal, em razão da proliferação bacteriana que<br />

propicia bacteremia, é reconhecida como fator contribuinte ao agravamento do quadro<br />

clínico <strong>de</strong> doenças crônico <strong>de</strong>generativas como doença cardiovascular, respiratória e<br />

diabetes. Para maiores informações reportar-se ao Capítulo 2.<br />

213


Candidíase <strong>Bucal</strong><br />

A Candidíase constitui um problema frequente na 3ª ida<strong>de</strong>. Sua incidência é<br />

elevada <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> condições <strong>de</strong>bilitantes, <strong>de</strong>ficiências vitamínicas, traumas e,<br />

em muitos casos, higiene <strong>de</strong>ficitária. O aspecto clínico intraoral po<strong>de</strong> variar, apresentando-<br />

se como:<br />

• Candidíase pseudomembranosa: Presença <strong>de</strong> placas brancas ou amareladas<br />

removíveis por meio <strong>de</strong> raspagem, <strong>de</strong>ixando uma superfície eritematosa e<br />

ligeiramente sangrante. A localização mais frequente é mucosa do palato, jugal ou<br />

labial, dorso da língua, po<strong>de</strong>ndo acometer também outras regiões. É uma das formas<br />

mais comuns <strong>de</strong> Candidíase, com predileção por crianças e pessoas <strong>de</strong>bilitadas<br />

• Candidíase eritematosa: Pontos ou manchas avermelhadas encontradas com maior<br />

frequência no palato duro ou mole, dorso da língua e mucosa jugal<br />

• Estomatite induzida por próteses: Apresentando-se como eritema liso ou granular<br />

confinado à área da <strong>de</strong>ntadura do palato duro e frequentemente associada à queilite<br />

angular, com ardência da língua e paladar alterado<br />

• Queilite angular: Fissuras radiais partindo da comissura labial <strong>de</strong>vido a trauma, perda<br />

<strong>de</strong> dimensão vertical ou quando recorrente, é consi<strong>de</strong>rada como uma enfermida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>vido à carência <strong>de</strong> vitamina B12. Quando associada a um processo infeccioso<br />

po<strong>de</strong> apresentar eritema e placas esbranquiçadas. O sintoma clínico é a ardência<br />

nos cantos da comissura labial, muitas vezes com presença <strong>de</strong> sangramento a um<br />

esforço maior na abertura <strong>de</strong> boca. A coloração branca é <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong><br />

Candida albicans. O tratamento <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> acordo com o agente etiológico presente<br />

Tratamento<br />

• Nistatina Suspensão: 500000 a 1000000 UI por dia, divididos em 4 doses (6/6<br />

horas), durante 14 dias. A droga <strong>de</strong>ve ter contato íntimo com a mucosa e o micro-<br />

organismo, através <strong>de</strong> bochecho com 10 mL por 1 a 2 minutos, com posterior<br />

<strong>de</strong>glutição, sem enxágue subsequente<br />

• Nistatina pastilha ou tabletes <strong>de</strong> 200000 UI: 1 a 2 pastilhas dissolvidas na boca,<br />

lentamente, 4 vezes ao dia, por 14 dias. Engolir<br />

214


• Miconazol 20 mg: Passar no local uma camada fina, sem friccionar, 4 vezes ao dia,<br />

durante uma semana ou , no caso <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> prótese, aplicar na parte interna da<br />

mesma, durante 14 dias<br />

• Pacientes portadores <strong>de</strong> próteses muco-suportadas (parciais ou totais) <strong>de</strong>vem ser<br />

instruídos quanto à remoção mecânica, pela escovação, <strong>de</strong> resíduos, biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

ou fungos retidos nas reentrâncias e na base das mesmas. Bochecho com gluconato<br />

<strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por 1 minuto, duas vezes ao dia, por 14 dias<br />

• A queilite angular po<strong>de</strong> ser tratada com agentes tópicos como creme à base <strong>de</strong><br />

Nistatina, PVPI (Polivinilpirrolidona-iodo), até a regressão da lesão. Quando se<br />

manifestar <strong>de</strong> forma recorrente, solicitar avaliação médica<br />

Líquen plano<br />

As lesões são frequentemente múltiplas, bilaterais, estriadas e mostram-se como<br />

placas esbranquiçadas, ocasionalmente erosadas, po<strong>de</strong>ndo ser dolorosas. O diagnóstico<br />

po<strong>de</strong> ser exclusivamente clínico nos casos com manifestações reticulares, mas em alguns<br />

casos e particularmente nas formas atróficas, ulceradas e em placa, a biópsia incisional está<br />

indicada. O MS sugere como conduta a realização da biópsia incisional como procedimento<br />

padrão e como recurso ao diagnóstico diferencial entre o líquen plano, leucoplasias ou lupus<br />

eritematoso, lesões estas <strong>de</strong> muita semelhança clínica e on<strong>de</strong> a terapêutica e conduta<br />

clínica merecem cuidados distintos<br />

Tratamento<br />

Não existe tratamento específico, mas corticosteroi<strong>de</strong>s diminuem os sintomas <strong>de</strong><br />

dor, ardor e queimação que geralmente completam o quadro clínico. Os corticosteroi<strong>de</strong>s são<br />

os medicamentos mais úteis no controle dos casos sintomáticos (erosões e ulcerações).<br />

Po<strong>de</strong>m ser aplicados preferencialmente na forma tópica. O medicamento mais indicado é a<br />

Dexametasona, na forma <strong>de</strong> elixir para bochechos, <strong>de</strong> 4 a 5 vezes ao dia (uma colher das<br />

<strong>de</strong> sopa) . A evolução é cíclica e ligada à instabilida<strong>de</strong> emocional, notando-se, por vezes,<br />

remissão completa da sintomatologia ou mesmo das lesões, sempre com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

recorrência.<br />

215


Herpes simples<br />

Doença infecciosa aguda viral, causada pelo vírus do Herpes Simples 1 (HSV1).<br />

Manifestações clínicas<br />

• Inespecíficas: Mal estar, febre, queimação, coceira ou formigamento, em geral<br />

seguida <strong>de</strong> eritema local<br />

• Específicas: Surgimento <strong>de</strong> vesículas múltiplas que coalescem, formando bolhas<br />

• A região <strong>de</strong> maior prevalência <strong>de</strong> aparecimento das lesões são a semimucosa dos<br />

lábios e a pele próxima à mucosa labial que se rompem e formam úlceras rasas na<br />

semimucosa e úlceras crostosas na pele do lábio. As lesões regri<strong>de</strong>m no peíodo <strong>de</strong> 7<br />

a 15 dias<br />

Tratamento<br />

• Tópico: Recomendar ao paciente que tente reconhecer os sinais iniciais da doença e<br />

adote o uso <strong>de</strong> pomadas à base <strong>de</strong> Aciclovir. Como medicação <strong>de</strong> suporte, po<strong>de</strong>-se<br />

indicar VASA 2%, 4 a 5 vezes ao dia<br />

Câncer bucal<br />

No idoso, as localizações mais frequentes do carcinoma epi<strong>de</strong>rmoi<strong>de</strong> <strong>de</strong> boca são<br />

língua, soalho bucal, gengiva, palato e região jugal, em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente. Reportar-se ao<br />

Capítulo 2, item 2.3, para maiores informações.<br />

Hipossalivação<br />

• A sensação <strong>de</strong> boca seca (xerostomia) é uma queixa comum entre os idosos<br />

• Acreditava-se que a hipossalivação era uma consequência normal da ida<strong>de</strong>.<br />

Atualmente, sabe-se que muitas pessoas idosas saudáveis po<strong>de</strong>m produzir saliva<br />

suficiente para manter a saú<strong>de</strong> bucal<br />

• A ocorrência <strong>de</strong> disfunções salivares no idoso, muitas vezes está relacionada ao alto<br />

consumo <strong>de</strong> medicamentos. Entre as drogas consumidas pelos idosos e que po<strong>de</strong>m<br />

causar hipossalivação estão os anti-histamìnicos, antiparkinsonianos, anti-<br />

216<br />

hipertensivos, diuréticos, anti<strong>de</strong>pressivos, tranquilizantes, antipsicóticos,


antineoplásicos e anticoagulantes. Não sendo possível a substituição <strong>de</strong>stes, em<br />

geral, o tratamento da “boca seca” é paliativo<br />

• Para recomendações quanto ao manejo da hipossalivação, reportar-se ao Capítulo 8<br />

Halitose<br />

Na população geriátrica, a halitose está presente em cerca <strong>de</strong> 2/3 dos indivíduos.<br />

Principais causas<br />

• Perda <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong>ntários ou uso <strong>de</strong> próteses parciais ou totais, levando a<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mastigação, com consequente mudança <strong>de</strong> hábitos alimentares e<br />

ingestão <strong>de</strong> alimentos líquidos e pastosos<br />

• Uso frequente <strong>de</strong> medicamentos que provocam diminuição na produção <strong>de</strong> saliva,<br />

alterando fluxo salivar e limpeza bucal<br />

• Aumento na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saburra lingual é responsável por mais <strong>de</strong> 90% dos casos<br />

<strong>de</strong> mau hálito<br />

• Má higiene bucal<br />

• Maior incidência <strong>de</strong> Diabetes Mellitus<br />

• Língua sulcada e fissurada é bastante comuns nos idosos, favorecendo os <strong>de</strong>pósitos<br />

saburroi<strong>de</strong>s e instalação do mau hálito<br />

Manejo<br />

• Higiene bucal, com cuidadosa limpeza da língua, alcançando o V lingual<br />

• Em idosos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e/ou acamados, a higiene bucal e limpeza da língua<br />

mostram-se como medidas ainda mais necessárias, face à gran<strong>de</strong> incidência <strong>de</strong><br />

pneumonia aspirativa<br />

• Po<strong>de</strong> ser necessário adaptação do cabo da escova a manetes <strong>de</strong> bicicleta, cabo <strong>de</strong><br />

escova <strong>de</strong> cabelo, Durepoxi ® , etc.<br />

• A limpeza da língua po<strong>de</strong> ser realizada com gaze ume<strong>de</strong>cida, escovação ou<br />

raspadores <strong>de</strong> língua, sempre <strong>de</strong> modo <strong>de</strong>licado, para não lesar a mucosa e não<br />

causar náuseas<br />

• Manejo da hipossalivação<br />

217


3.5.5.3 Fatores que predispõem os idosos às doenças bucais<br />

• Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar a higiene bucal e das próteses <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>clínio da saú<strong>de</strong><br />

geral, distúrbios cognitivos, dificulda<strong>de</strong>s motoras e diminuição da acuida<strong>de</strong> visual<br />

• Efeitos colaterais <strong>de</strong> medicamentos, levando à diminuição da saliva, hiperplasia<br />

gengival, reações liquenoi<strong>de</strong>s, problemas na fala, paladar, <strong>de</strong>glutição, adaptação <strong>de</strong><br />

próteses<br />

• Efeitos colaterais da terapia <strong>de</strong> doenças sistêmicas como radioterapia, terapia com<br />

oxigênio e aspiradores bucais que promovem ressecamento, redução ou falta <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> saliva<br />

• Alterações sistêmicas com diminuição do fluxo salivar: Síndrome <strong>de</strong> Sjogren, Artrite<br />

Reumatoi<strong>de</strong>, Sarcoidose, AIDS, menopausa, bulimia, anorexia nervosa,<br />

<strong>de</strong>sidratação, Diabetes Mellitus, Doença <strong>de</strong> Alzheimer, <strong>de</strong>pressão<br />

• Comportamentos e atitu<strong>de</strong>s: Hábitos dietéticos cariogênicos, não realização <strong>de</strong> idas<br />

regulares ao CD, não higienização bucal, pouca ou nenhuma importância atribuída à<br />

saú<strong>de</strong> bucal, falta <strong>de</strong> informação<br />

3.5.6 Estratégias <strong>de</strong> Acolhimento<br />

• No diálogo com o idoso é importante o contato visual direto, sem o uso da máscara<br />

• Sempre que possível, dirija-se ao idoso antes do cuidador<br />

• Chame-o pelo nome, evitando usar expressões como “titio” ou “vovô”<br />

• Fale <strong>de</strong> maneira clara e <strong>de</strong>vagar. Se necessário, repita a mensagem com outras<br />

palavras<br />

• O local <strong>de</strong>ve estar o mais silencioso possível<br />

• Demonstre carinho, atenção, paciência e respeito<br />

• Forneça informações <strong>de</strong>talhadas sobre o atendimento, exames e marcação <strong>de</strong><br />

consultas especializadas, pois os mesmos sentem-se inseguros<br />

• Em caso <strong>de</strong> problema severo <strong>de</strong> audição, po<strong>de</strong>-se lançar mão da escrita<br />

• O cuidador tem um papel importante durante o tratamento <strong>de</strong>ntário e <strong>de</strong>ve ser<br />

encorajado a sentar-se ao lado do paciente para que este fique menos ansioso<br />

• Em muitos casos, o sucesso no tratamento do idoso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do envolvimento do<br />

cuidador, o qual também po<strong>de</strong>rá se apresentar <strong>de</strong>smotivado. Para motivá-lo como<br />

promotor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, às vezes se torna necessário realizar também o seu<br />

tratamento odontológico<br />

218


3.5.7 Atenção Clinica<br />

O processo <strong>de</strong> envelhecimento produz mudanças fisiológicas ou patológicas que<br />

po<strong>de</strong>m modificar a resposta do indivíduo a diferentes estímulos como o estresse e a<br />

administração <strong>de</strong> fármacos. Mesmo sadio, o idoso apresenta dificulda<strong>de</strong> em tolerar o<br />

estresse, porém, na maioria dos casos, tem um risco mínimo para realização <strong>de</strong> tratamento<br />

odontológico.<br />

1) Evi<strong>de</strong>nciação <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal, escovação supervisionada, uso do fio <strong>de</strong>ntal, higiene<br />

<strong>de</strong> próteses, outras orientações educativas<br />

2) Anamnese<br />

• História médica pregressa e atual (reportar-se ao item 3.4.3)<br />

o Lista <strong>de</strong> medicamentos (polifarmácia)<br />

o Queixa principal (geralmente apresentam mais <strong>de</strong> uma)<br />

3) Avaliação Extrabucal (reportar-se ao item 3.4.3)<br />

Observar<br />

• Face (sinais <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pressão, dor, etc.)<br />

• Pele (doenças <strong>de</strong>rmatológicas, sinais <strong>de</strong> maus tratos)<br />

• Olhos (afecções)<br />

• Ouvido (alteração auditiva)<br />

4) Incluir anotações sobre<br />

• Destreza e coor<strong>de</strong>nação motora<br />

• Acuida<strong>de</strong> visual e auditiva<br />

• Função motora oral (fala, mastigação e <strong>de</strong>glutição)<br />

5) Avaliação intrabucal (reportar-se ao item 3.4.3)<br />

• Se possível lubrificar os lábios e remover os aparelhos protéticos antes <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r<br />

ao exame<br />

219


3.5.8 Terapêutica Medicamentosa<br />

Características<br />

• Metabolização e eliminação dos fármacos são mais lentas no idoso<br />

• Nível plasmático dos medicamentos está aumentado<br />

• Maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gordura em relação à massa magra, com acúmulo <strong>de</strong> drogas<br />

(medicamentos) no organismo em comparação com outros grupos etários<br />

• Efeitos adversos mais frequentes e mais severos do que no resto da população<br />

• Po<strong>de</strong> ser necessário diminuir as doses e/ou aumentar os períodos entre elas<br />

• Levar em conta o risco <strong>de</strong> interação medicamentosa com as <strong>de</strong>mais medicações<br />

crônicas dos pacientes<br />

• A<strong>de</strong>são ao tratamento - possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não compreensão ou esquecimento do<br />

esquema proposto. No caso <strong>de</strong> idosos com dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> tarefas da<br />

vida diária, dar as orientações na presença do cuidador<br />

• O uso <strong>de</strong> drogas não prescritas pelo profissional (laxantes, vitaminas, analgésicos,<br />

remédios para tosse, resfriado e estômago), o uso <strong>de</strong> dose maior ou menor ou<br />

suspensão do tratamento, uso <strong>de</strong> medicamentos vencidos ou drogas restantes <strong>de</strong><br />

tratamentos anteriores também po<strong>de</strong>m ocorrer com certa frequência entre pacientes<br />

idosos<br />

• Maior sensibilida<strong>de</strong> à sedação e aos benzodiazepínicos<br />

• Maior incidência <strong>de</strong> confusão e <strong>de</strong>sorientação com os anti<strong>de</strong>pressivos tricíclicos<br />

• Maior frequência <strong>de</strong> hipoglicemia com a Clorpropamida e Tolbutamida<br />

Na prescrição terapêutica para idosos<br />

• Explique <strong>de</strong>vagar e com clareza ao paciente tudo o que ele tem e porque precisa tomar<br />

a medicação<br />

• Evite utilizar nas receitas expressões como<br />

o Tomar como indicado<br />

o A cada 6 horas<br />

o 3 vezes ao dia ou 4 vezes ao dia, com uma dose à noite<br />

o 1 comprimido a cada refeição<br />

• Ao invés disso, escreva<br />

o Tomar um comprimido a cada 6 horas (às 6 horas da manhã, ao meio dia, às 6<br />

horas da tar<strong>de</strong> e à meia noite)<br />

220


o Se necessário, escrever por extenso: Tomar um comprimido no café da manhã,<br />

um no almoço e um no jantar<br />

• Escreva com letras gran<strong>de</strong>s e legíveis<br />

• Se possível, utilizar drogas que possibilitem intervalos maiores<br />

• Na dúvida, entre em contato com o médico antes da prescrição<br />

Analgésicos<br />

• Paracetamol - 500 a 750 mg, <strong>de</strong> 6 em 6 horas<br />

• Dipirona - 500 mg, <strong>de</strong> 6 em 6 horas<br />

• Dor mais intensa<br />

o Alternar a utilização <strong>de</strong> Paracetamol e <strong>de</strong> Dipirona, com intervalo <strong>de</strong> três horas entre<br />

cada um <strong>de</strong>les<br />

o Caso seja necessário, indicar 1 ampola <strong>de</strong> Dipirona injetável logo após a intervenção<br />

e <strong>de</strong>pois iniciar esquema por via oral<br />

Anti-inflamatórios<br />

• Diclofenaco sódico ou potássico - 50 mg, <strong>de</strong> 12 em 12 horas, por até 5 dias<br />

• Deve-se ter cautela em pacientes diabéticos, hipertensos, antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> úlcera,<br />

gastrite, etc.<br />

Antibióticos<br />

• 1ª opção: Amoxicilina - 500 mg a cada 8 horas, por 7 a 10 dias<br />

• 2ª opção: Alérgicos – Eritromicina - 500 mg a cada 6h, por 7 a 10 dias – verificar<br />

interação medicamentosa com Digoxina, anticoagulantes (Warfarina), avaliando com o<br />

médico a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajuste da dose<br />

• Em caso <strong>de</strong> dúvida, entrar em contato com o médico responsável<br />

Anestésicos locais<br />

• 1ª opção: Lidocaína 2% com adrenalina 1:100000 (2 a 3 tubetes)<br />

• Adrenalina <strong>de</strong>ve ser evitada na presença <strong>de</strong><br />

o Coronariopatia aguda há menos <strong>de</strong> seis meses<br />

o Arritmias graves<br />

221


o Cardiomiopatia hipertrófica com obstrução <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> ventrículo esquerdo<br />

o Hipertensão não controlada ou não tratada<br />

o Diabetes Melitus<br />

o Estados hiperadrenérgicos como Hipertireoidismo não compensado<br />

o Sensibilida<strong>de</strong> a sulfitos<br />

o Anti<strong>de</strong>pressivos tricíclicos<br />

• 2ª opção: Prilocaína com felipressina (2 a 3 tubetes) - pacientes com anemia,<br />

enfisema ou outros distúrbios que dificultem a oxigenação evitar a prilocaína ou<br />

diminuir a dose<br />

• 3ª opção: Mepivacaína 3% sem vasoconstritor<br />

3.5.9 O atendimento extraclínica<br />

O atendimento extraclínica do idoso será realizado, quando necessário, em<br />

domicílio e/ou instituições. Este tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> está voltado para pessoas com<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção até a USF <strong>de</strong>vido a problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e que apresentem<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> bucal. Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo<br />

1, item 1.3.2.3.<br />

3.5.10 Promoção <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong><br />

As ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> bucal do idoso po<strong>de</strong>m ser realizadas por toda<br />

equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, <strong>de</strong>ntro ou fora da USF, <strong>de</strong> forma individual ou coletiva.<br />

Estratégias<br />

• Visita Domiciliar: Para diagnóstico, encaminhamento para tratamento, educação em<br />

saú<strong>de</strong>, atendimento ao idoso acamado, etc.<br />

• Trabalho integrado com a USF em grupos <strong>de</strong> 3ª ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> diabéticos, hipertensos,<br />

terapia comunitária, etc., incluindo o tema saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Atuação em asilos e instituições para idosos na área <strong>de</strong> abrangência da USF<br />

• Atuação em campanhas comunitárias, como <strong>de</strong> vacina contra gripe, para realização<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s voltadas à saú<strong>de</strong> bucal na 3ª ida<strong>de</strong> (diagnóstico <strong>de</strong> lesões, prática do<br />

autocuidado, etc.)<br />

222


• Integração com o ACS para:<br />

223<br />

o Detectar idosos com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção odontológica em domicílios e<br />

instituições<br />

o Educação em saú<strong>de</strong> bucal e estímulo ao autocuidado<br />

o Capacitação do ACS para atuação como promotor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

Ações a serem <strong>de</strong>senvolvidas<br />

• Orientação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal (para idosos, cuidadores, familiares), incluindo:<br />

o Higiene bucal, <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> técnica <strong>de</strong> escovação, <strong>de</strong> limpeza <strong>de</strong><br />

prótese <strong>de</strong>ntária, etc.<br />

o Autoexame bucal<br />

o Fatores <strong>de</strong> risco para a cárie <strong>de</strong>ntária, doença periodontal e o câncer bucal<br />

o Alimentação e saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Rastreamento <strong>de</strong> lesões pré-malígnas e dos casos <strong>de</strong> câncer na comunida<strong>de</strong><br />

• Encaminhamento <strong>de</strong> fumantes para grupos <strong>de</strong> referência antitabagismo<br />

3.5.10.1 Cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal na 3ª ida<strong>de</strong> – Orientações ao cuidador<br />

Os cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong> idosos são muito importantes para a<br />

manutenção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, mesmo entre aqueles que já per<strong>de</strong>ram <strong>de</strong>ntes e usam<br />

próteses <strong>de</strong>ntárias.<br />

Os benefícios <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ntição sadia incluem a estética, o conforto, a habilida<strong>de</strong><br />

para mastigar, sentir sabor e falar. São aspectos que contribuem significativamente na<br />

nutrição e consequentemente na melhora da saú<strong>de</strong> geral e disposição das pessoas da 3ª<br />

ida<strong>de</strong>.<br />

Por outro lado, uma <strong>de</strong>ntição ina<strong>de</strong>quada é um dos principais fatores que po<strong>de</strong>m<br />

estar associados à piora do estado geral <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, especialmente em idosos acamados ou<br />

que resi<strong>de</strong>m em asilos.<br />

Os indivíduos com doenças periodontais como gengivite, sangramento, perda<br />

óssea (“<strong>de</strong>ntes abalados”) ou outras infecções bucais, têm maior dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar<br />

diabetes, risco mais elevado <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver doenças cardiovasculares (aterosclerose,<br />

infarto do coração, <strong>de</strong>rrame, etc.) e doenças respiratórias (pneumonia por aspiração,<br />

abscessos pulmonares, especialmente quando estiverem acamados).


Outro aspecto importante é que uma mastigação ina<strong>de</strong>quada leva o idoso a trocar<br />

as frutas, legumes e verduras por alimentos pastosos como biscoitos, papinhas, etc, com<br />

baixo valor nutritivo para a faixa etária em questão.<br />

Uma higiene bucal <strong>de</strong>ficiente também favorece a colonização <strong>de</strong> bactérias bucais<br />

que causam infecções respiratórias e doenças pulmonares.<br />

Sendo assim, torna-se muito importante cuidar a<strong>de</strong>quadamente da saú<strong>de</strong> bucal<br />

também na 3ª ida<strong>de</strong>, como forma <strong>de</strong> se colaborar com a saú<strong>de</strong> geral do idoso.<br />

Dicas importantes<br />

• Per<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntes na 3ª ida<strong>de</strong> não é um fato normal, inevitável e <strong>de</strong>corrente do passar<br />

dos anos<br />

• O idoso <strong>de</strong>ve ter cuidados redobrados na limpeza <strong>de</strong> toda a cavida<strong>de</strong> bucal (<strong>de</strong>ntes,<br />

próteses, língua, bochechas, mucosas e palato)<br />

• Cerca <strong>de</strong> 70% dos remédios comumente ingeridos pelos idosos têm efeitos<br />

colaterais na cavida<strong>de</strong> bucal<br />

• Os medicamentos que são usados com mais frequência no tratamento do Diabetes e<br />

hipertensão, por exemplo, causam diminuição na produção <strong>de</strong> saliva, levando à<br />

sensação <strong>de</strong> boca seca<br />

• A diminuição <strong>de</strong> saliva faz com o que o número <strong>de</strong> bactérias na boca aumente,<br />

levando a sérios problemas como gengivite e periodontite, aumento <strong>de</strong> cárie,<br />

mucosa bucal mais seca, incômodo no uso das próteses <strong>de</strong>ntárias, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mastigação dos alimentos com maior consistência e mais nutritivos, ardência na<br />

boca, mau hálito, Candidíase bucal (sapinho), etc.<br />

• Oferecer bastante água durante o dia é muito importante para evitar a <strong>de</strong>sidratação e<br />

manter a boca sempre úmida, diminuindo assim a concentração <strong>de</strong> bactérias na<br />

boca<br />

• Os lábios po<strong>de</strong>m ser lubrificados com vaselina a fim <strong>de</strong> que se evitem rachaduras e<br />

feridas<br />

• É importante observar a presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes quebrados e cortantes, cariados,<br />

amolecidos, presença <strong>de</strong> sangramento, mau hálito, manchas, caroços e feridas na<br />

boca, principalmente aquelas que não cicatrizam após aproximadamente duas<br />

semanas e <strong>de</strong> próteses com trincas, quebradas, coladas, mau adaptadas, etc.<br />

224


Higiene bucal<br />

• Pacientes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, que conseguem realizar ativida<strong>de</strong>s diárias, <strong>de</strong>vem ser<br />

encorajados a escovar diariamente seus <strong>de</strong>ntes e/ou higienizar suas próteses, após<br />

as refeições e antes <strong>de</strong> dormir<br />

• Para facilitar a pega da escova pelo idoso, po<strong>de</strong>-se adaptar ao cabo da mesma um<br />

manete <strong>de</strong> bicicleta, cabo <strong>de</strong> escova <strong>de</strong> cabelo ou aumentar com Durepoxi ®<br />

• Pacientes totalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, o cuidador precisará incluir o cuidado com a<br />

saú<strong>de</strong> bucal do idoso nas suas atribuições diárias<br />

• Os <strong>de</strong>ntes naturais <strong>de</strong>vem ser escovados após as refeições e antes <strong>de</strong> dormir, com<br />

uma escova macia e com pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong>ntal, para que não<br />

espume muito e não cause náuseas ou mesmo engasgo<br />

• No idoso acamado, o paciente <strong>de</strong>ve estar recostado com a coluna reta, em frente a<br />

uma pia com espelho ou com uma bacia com espelho na mão<br />

• O cuidador po<strong>de</strong>rá ficar por trás do paciente, para escovar os <strong>de</strong>ntes naturais,<br />

usando luvas<br />

• Caso o idoso utilize <strong>de</strong>ntadura e/ou ponte movel, retirar as mesmas antes <strong>de</strong> escovar<br />

os <strong>de</strong>ntes naturais. Solicitar que o mesmo realize vários bochechos com água ou, na<br />

impossibilida<strong>de</strong> disso, solicitar que cuspa<br />

• Quando for difícil abrir a boca do idoso, <strong>de</strong>ve-se introduzir <strong>de</strong>licadamente uma<br />

espátula entre os <strong>de</strong>ntes e fazer um movimento rotatório. Se não for possível, <strong>de</strong>ve-<br />

se utilizar o <strong>de</strong>do indicador envolto em gaze para que seja possível a higienização. O<br />

cuidador também po<strong>de</strong> utilizar abridores <strong>de</strong> boca para facilitar a limpeza, como por<br />

exemplo, o gargalo <strong>de</strong> uma garrafa <strong>de</strong> refrigerante <strong>de</strong>scartável (tipo PET); a ponta do<br />

gargalo é colocada na boca do idoso (na região posterior) para que ele a morda<br />

• Para os <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntados sugere-se utilizar uma escova macia ou uma gaze embebida<br />

em água, para a limpeza da mucosa. Essa limpeza <strong>de</strong>ve ser realizada após cada<br />

refeição e principalmente à noite, antes <strong>de</strong> dormir. A gaze é envolta no <strong>de</strong>do<br />

indicador e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ume<strong>de</strong>cida é passada por toda boca, sem esfregar, mas com<br />

movimentos firmes. Trocar a gaze sempre que esta se apresentar com sujida<strong>de</strong>s, até<br />

completar a higiene<br />

• Em caso <strong>de</strong> haver presença <strong>de</strong> uma crosta branca sobre a língua (saburra), ela <strong>de</strong>ve<br />

ser removida utilizando escova <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> preferência sem pasta, limpadores<br />

linguais disponíveis no mercado, uma espátula <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira envolvida em gaze ou até<br />

o <strong>de</strong>do indicador envolto em gaze ume<strong>de</strong>cida<br />

• A limpeza <strong>de</strong>ve ser feita com movimentos suaves, sem esfregar, para não alterar as<br />

papilas<br />

225


• Sempre realizar os movimentos no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora, nunca com a<br />

espátula ou <strong>de</strong>do apontando para o final da língua, isto para evitar que machuque a<br />

garganta ou amígdalas do idoso<br />

Cuidados com as próteses <strong>de</strong>ntárias<br />

• Orientar os idosos com próteses a removê-las após todas as refeições para<br />

higienizá-las e em seguida, recolocá-las<br />

• A higiene das próteses po<strong>de</strong> ser feita com escova <strong>de</strong>ntal, sem creme <strong>de</strong>ntal,<br />

limpando a parte interna, os cantos, os <strong>de</strong>ntes, etc. da mesma<br />

• As próteses <strong>de</strong>vem ser escovadas o mais próximo possível da pia ou sobre uma<br />

cuba ou bacia cheia <strong>de</strong> água, para evitar que se quebrem caso haja uma queda<br />

• Caso sejam retiradas durante a noite, <strong>de</strong>vem ser higienizadas e mantidas em um<br />

recipiente com água. A água <strong>de</strong>ste recipiente <strong>de</strong>ve ser renovada diariamente<br />

• Quando forem observadas manchas e crostas na prótese, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>ixa-la durante<br />

a noite em um recipiente com uma parte <strong>de</strong> água sanitária, duas partes <strong>de</strong> água<br />

filtrada e, caso as manchas não <strong>de</strong>sapareçam após a escovação, um CD (Cirurgião-<br />

Dentista) <strong>de</strong>verá ser consultado para avaliar a real condição <strong>de</strong>ssas próteses<br />

226


Idoso com possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> locomoção à USF<br />

Acolhimento na USF<br />

Anamnese<br />

Exame clínico<br />

Educação ao idoso/ cuidador<br />

Orientações gerais<br />

Atendimento clínico<br />

Encaminhamento para<br />

CEO<br />

Fluxograma 9 - Atenção odontológica ao idoso<br />

Usuários com 60 anos<br />

ou mais<br />

Acesso ao tratamento<br />

•Idoso institucionalizado<br />

• Idoso acamado<br />

• Encaminhamentos da USF<br />

•Grupos operativos<br />

• Atendimento odontológico <strong>de</strong><br />

urgência<br />

• Demanda espontânea<br />

Avaliação <strong>de</strong> Risco<br />

Quando necessário<br />

Idoso sem possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> locomoção à USF<br />

Visita domiciliar ou à<br />

instituição <strong>de</strong> idoso<br />

Anamnese<br />

Exame clínico<br />

Educação ao idoso/ cuidador<br />

Orientações gerais<br />

Atendimento domiciliar<br />

Manutenção programada na USF ou domicílio/instituição para usuários com patologias<br />

crônicas graves ou outras situações <strong>de</strong> risco<br />

227


BIBLIOGRAFIA<br />

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VOLPATO, M.C. Farmacologia em odontogeriatria. Disponível<br />

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229


CAPÍTULO 4<br />

ATENÇÃO ODONTOLÓGICA A PACIENTES<br />

COM NECESSIDADES ESPECIAIS<br />

231


4. ATENÇÃO ODONTOLÓGICA A PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS<br />

4.1 PRÉ-NATAL ODONTOLÓGICO<br />

INTRODUÇÃO<br />

233<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Lisete Rosa e Silva Benzoni<br />

Lucimar Aparecida Britto Codato<br />

Há muito se tem reconhecido a importância da realização do pré-natal para uma<br />

gravi<strong>de</strong>z saudável, alcançando resultados positivos no nascimento da criança. Durante o<br />

pré-natal po<strong>de</strong>-se avaliar o estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da gestante, instruí-la, promover saú<strong>de</strong>,<br />

antecipar problemas, fornecer o cuidado individualizado à paciente, o que po<strong>de</strong> reduzir o<br />

potencial para o aparecimento <strong>de</strong> problemas perinatais, com possíveis repercussões por<br />

toda vida.<br />

A atenção à saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong>ve ser parte integrante do cuidado pré-natal, dado o<br />

reconhecido impacto da mesma na saú<strong>de</strong> geral. Melhorar a condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

durante a gravi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong> otimizar não somente a saú<strong>de</strong> geral da mulher, mas também<br />

contribuir na saú<strong>de</strong> do bebê.<br />

O Pré-natal Odontológico, termo ainda pouco utilizado no nosso cotidiano, tem<br />

como estratégia um conjunto <strong>de</strong> ações educativas, preventivas e curativas, visando à saú<strong>de</strong><br />

bucal da gestante e do bebê. Os cuidados da gestante com sua alimentação, hábitos<br />

saudáveis e higiene bucal influenciam diretamente na <strong>de</strong>ntição do bebê.<br />

É nesse contexto que se ressalta a importância do trabalho integrado, com o<br />

envolvimento <strong>de</strong> médicos, enfermeiros, equipe <strong>de</strong> odontologia, nutricionistas,<br />

fisioterapeutas, psicólogos, ACS, entre outros, on<strong>de</strong> teremos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>smistificar<br />

conceitos e esclarecer dúvidas que envolvem o assunto, reforçando que:<br />

• A perda dos <strong>de</strong>ntes não é uma ocorrência natural da gravi<strong>de</strong>z<br />

• O tratamento odontológico po<strong>de</strong> ser realizado <strong>de</strong> forma segura em qualquer período da<br />

gestação


• Antibióticos <strong>de</strong> maneira geral, quando bem indicados, não causam problemas <strong>de</strong>ntários<br />

• O cálcio não é retirado dos <strong>de</strong>ntes da mãe e repassado para o feto<br />

• A ingestão <strong>de</strong> flúor durante a gestação, não torna os <strong>de</strong>ntes do bebê mais resistentes à<br />

cárie <strong>de</strong>ntal<br />

• A gravi<strong>de</strong>z não é causa <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> cárie na gestante<br />

4.1.2 Mudanças Fisiológicas na Gestação<br />

• Endócrinas: Durante a gravi<strong>de</strong>z, a placenta tem um papel endócrino ativo secretando<br />

três hormônios principais: estrógeno, progesterona e gonadotrofina coriônica, que<br />

funcionam para assegurar a viabilida<strong>de</strong> da gravi<strong>de</strong>z, sendo responsáveis por uma série<br />

<strong>de</strong> alterações na cavida<strong>de</strong> bucal, po<strong>de</strong>ndo exacerbar condições pré-existentes<br />

• Cardiovasculares: Em resposta às exigências crescentes do feto, observa-se<br />

frequentemente o aumento <strong>de</strong> 20% em média no débito cardíaco e o aumento do volume<br />

sanguíneo em 30%. Não é raro o aparecimento <strong>de</strong> sopro, taquicardia, anemia,<br />

hipotensão postural e síncope (resultante da pressão do útero sobre a veia cava inferior<br />

quando a gestante está <strong>de</strong>itada)<br />

• Respiratórias: Ocorre aumento da frequência respiratória pelo aumento do índice<br />

metabólico basal e restrição dos movimentos do diafragma, reduzindo o volume<br />

pulmonar inferior<br />

• Hematopoiéticas: Como resultado da síntese aumentada <strong>de</strong> estrógeno, progesterona,<br />

cortisol e aldosterona associados com a gravi<strong>de</strong>z, há retenção <strong>de</strong> água e o volume<br />

sanguíneo aumenta em 1 a 2 litros. Ocorre também um aumento no volume <strong>de</strong> células<br />

vermelhas na gravi<strong>de</strong>z, mas o maior volume sanguíneo se <strong>de</strong>ve principalmente a um<br />

aumento na retenção <strong>de</strong> fluidos. Como consequência, o hematócrito cairá abaixo <strong>de</strong><br />

35%<br />

4.1.3 Alterações na Cavida<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong><br />

Durante o período <strong>de</strong> gestação, po<strong>de</strong>m ocorrer também alterações bucais. Tais<br />

problemas não são diretamente atribuíveis à gravi<strong>de</strong>z, mas <strong>de</strong>correntes das mudanças<br />

fisiológicas e <strong>de</strong> comportamento que ocorrem no curso da gestação.<br />

234


• Aumento da aci<strong>de</strong>z bucal<br />

Existem relatos <strong>de</strong> alterações no pH da saliva (tornando-a mais ácida) como sendo<br />

um dos fatores que predispõem ao surgimento <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária nas gestantes. Essa<br />

hiperaci<strong>de</strong>z po<strong>de</strong> ser controlada por meio <strong>de</strong> escovações regulares após as refeições,<br />

quando existe um maior <strong>de</strong>sequilíbrio no pH salivar, ten<strong>de</strong>ndo para a aci<strong>de</strong>z.<br />

• Inflamação gengival<br />

A gengiva po<strong>de</strong> passar por alterações durante a gestação, <strong>de</strong>vido a uma resposta<br />

exacerbada dos tecidos moles gengivais aos fatores locais, principalmente presença <strong>de</strong><br />

biofilme <strong>de</strong>ntal e em <strong>de</strong>corrência do aumento da vascularização da gengiva mediada pelas<br />

alterações hormonais.<br />

Gengivite: As gestantes po<strong>de</strong>m ficar mais predispostas à gengivite que chega a<br />

acometer <strong>de</strong> 30 a 100% das mesmas. Clinicamente caracteriza-se por eritema intenso da<br />

gengiva marginal e das papilas inter<strong>de</strong>ntais, e<strong>de</strong>ma, perda <strong>de</strong> resiliência e tendência ao<br />

sangramento. Po<strong>de</strong> ocorrer aumento da profundida<strong>de</strong> do sulco, sem perda <strong>de</strong> inserção<br />

(pseudobolsa). As alterações gengivais são mais aparentes a partir do segundo trimestre <strong>de</strong><br />

gestação, alcançando seu ponto máximo no oitavo mês, mas po<strong>de</strong>m estar presentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o primeiro trimestre. Estas alterações ocorrem com maior frequência na região ântero–<br />

superior da boca do que nos <strong>de</strong>ntes posteriores e po<strong>de</strong>m ser prevenidas e tratadas através<br />

<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> biofilme, reduzindo-se o risco <strong>de</strong> seu aparecimento.<br />

Mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntária: Aumento generalizado na mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntária po<strong>de</strong>rá<br />

aparecer, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> patologia periodontal pré-instalada, mudanças inflamatórias na<br />

gengiva, alterações minerais na lâmina dura e distúrbios no ligamento periodontal. A<br />

mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntária parece <strong>de</strong>saparecer espontaneamente após o parto, entretanto,<br />

mulheres com mobilida<strong>de</strong> pré-existente e não tratada continuarão a apresentar o problema<br />

após o parto, embora com uma inflamação menos intensa.<br />

Granulomas gravídicos: Po<strong>de</strong>m acometer cerca <strong>de</strong> 10% das gestantes, sendo<br />

mais comuns a partir do segundo trimestre gestacional. Um granuloma gravídico<br />

classicamente aparece em área <strong>de</strong> processo inflamatório e <strong>de</strong> higiene bucal <strong>de</strong>ficiente,<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> biofilme e cálculo no <strong>de</strong>nte adjacente ao mesmo. Clinicamente tem aparência<br />

<strong>de</strong> amora <strong>de</strong>vido à superfície granulosa, coloração que varia do vermelho escuro ao<br />

azulado, sangra facilmente e é usualmente indolor. A superfície da lesão po<strong>de</strong> estar<br />

235


ulcerada, coberta por exsudato amarelado. Aparece geralmente entre as papilas gengivais<br />

dos <strong>de</strong>ntes ântero superiores. Tem crescimento rápido, mas geralmente não ultrapassa 2<br />

cm <strong>de</strong> diâmetro. Apresenta característica histológica semelhante ao granuloma piogênico.<br />

Conduta: Controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal e remoção <strong>de</strong> irritantes locais.<br />

Acompanhamento da lesão. Se a mesma interferir com a função (mastigação), estética ou<br />

higiene bucal diária, po<strong>de</strong> ser removida ainda durante a gravi<strong>de</strong>z. Caso contrário, aguardar o<br />

parto e avaliar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> excisão, pois em alguns casos regri<strong>de</strong> espontaneamente.<br />

Se a regressão for parcial, po<strong>de</strong> ser necessária uma plástica gengival posterior.<br />

• Hipossalivação / xerostomia<br />

Algumas gestantes reclamam <strong>de</strong> secura bucal, que po<strong>de</strong> estar relacionada a<br />

alterações hormonais. Recomenda-se aumentar consumo <strong>de</strong> água e quando possível a<br />

utilização <strong>de</strong> goma <strong>de</strong> mascar sem açúcar para estimular a salivação. Os cuidados caseiros<br />

com higiene <strong>de</strong>ntal, uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrício fluorado e o controle <strong>de</strong> dieta cariogênica po<strong>de</strong>m<br />

prevenir o aparecimento <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong> cárie e alterações gengivais, compensando o menor<br />

fluxo salivar.<br />

• Náusea, vômito, aumento na produção <strong>de</strong> saliva ou sialorreia<br />

Existem indícios do aparecimento <strong>de</strong> hipersecreção das glândulas salivares no<br />

início da gravi<strong>de</strong>z que normalmente cessa entre terceiro e quinto mês e geralmente coinci<strong>de</strong><br />

também com o <strong>de</strong>saparecimento da emese gravídica, ou seja, dos enjoos, regurgitações e<br />

ânsias <strong>de</strong> vômito, bem frequentes no período gestacional, principalmente nos primeiros<br />

meses <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z. A sialorreia é atribuída a reações vagotônicas e irritações locais que por<br />

meio do nervo trigêmeo, estimulam a secreção da saliva pelas parótidas.<br />

• Mudanças nos hábitos alimentares<br />

As alterações comportamentais na gestante são bastante comuns, po<strong>de</strong>ndo levar<br />

inclusive à perversão do paladar e/ou do apetite, fato esse que po<strong>de</strong>rá ter repercussões<br />

bucais. Nesse período po<strong>de</strong> ocorrer mudança no hábito alimentar, como aumento da<br />

frequência na ingestão <strong>de</strong> alimentos, principalmente ricos em carboidratos, nem sempre<br />

acompanhados <strong>de</strong> higiene bucal, po<strong>de</strong>ndo acarretar aumento na incidência <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntal e<br />

doenças periodontais ou exacerbação das pré-exitentes. Essa mudança manifesta-se com<br />

236


mais frequência no terceiro trimestre e po<strong>de</strong> levar à ingestão <strong>de</strong> menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

alimentos, porém com maior frequência.<br />

• Diminuição nos cuidados com a higiene bucal<br />

Pesquisas <strong>de</strong>monstram que ocorrem alterações nos hábitos <strong>de</strong> higiene bucal<br />

durante a gestação, havendo ainda enjoo ao creme <strong>de</strong>ntal que compromete a escovação<br />

a<strong>de</strong>quada. Além disso, <strong>de</strong>pois do nascimento do bebê existe a tendência da mãe em<br />

esquecer <strong>de</strong> si mesma, não por <strong>de</strong>scuido, mas porque recém-nascidos exigem atenção<br />

redobrada por parte dos seus pais, principalmente da mãe.<br />

4.1.4 Efeitos da Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> na Gestação e no Bebê<br />

• Doença periodontal e outras infecções bucais<br />

Estudos recentes têm indicado a associação entre saú<strong>de</strong> bucal precária e efeitos<br />

negativos na gravi<strong>de</strong>z. A presença <strong>de</strong> doença periodontal, infecção bucal aguda e focos <strong>de</strong><br />

infecção têm sido apontados como fatores <strong>de</strong> risco para parto prematuro (antes <strong>de</strong> 37<br />

semanas) e bebês <strong>de</strong> baixo peso ao nascer (inferior a 2500g).<br />

O possível mecanismo <strong>de</strong> ação da infecção bucal com parto prematuro está<br />

resumido no esquema abaixo.<br />

INFECÇÕES BUCAIS NA GESTAÇÃO<br />

Infecção periodontal<br />

Reservatório <strong>de</strong> bactérias gram negativas anaeróbicas<br />

Resposta do hospe<strong>de</strong>iro<br />

Níveis elevados <strong>de</strong> mediadores químicos<br />

Prostaglandinas (PG), Interleucinas (IL) e Fator <strong>de</strong><br />

Necrose Tumoral (FNT)<br />

Parto prematuro<br />

Mediadores do trabalho <strong>de</strong> parto (PG, IL, FNT) que<br />

induzirão a bebês prematuros e <strong>de</strong> baixo peso<br />

237<br />

Ação direta <strong>de</strong><br />

endotoxinas


Assim, a localização e erradicação <strong>de</strong> todo e qualquer foco <strong>de</strong> infecção na gestante<br />

é fundamental para a redução da morbi-letalida<strong>de</strong> materno-fetal.<br />

• Saú<strong>de</strong> bucal materna e cárie precoce da infância<br />

As bactérias causadoras <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária são frequentemente transmitidas pela<br />

mãe (doador mais comum <strong>de</strong>stes micro-organismos) ou cuidador da criança, através <strong>de</strong><br />

comportamentos repetidos que facilitem o contato ou troca <strong>de</strong> saliva entre os mesmos.<br />

Compartilhar utensílios domésticos como copos, talheres, beijar a boca da criança, “limpar”<br />

a chupeta colocando-a na boca são meios <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong>stes micro-organismos.<br />

Estudos <strong>de</strong>monstram que a criança está mais propensa à colonização pelos micro-<br />

organismos entre 19 e 31 meses, período conhecido como “Janela <strong>de</strong> Infectivida<strong>de</strong>” da cárie<br />

<strong>de</strong>ntária e que coinci<strong>de</strong> com a erupção dos molares <strong>de</strong>cíduos. Entretanto, no Brasil, esta<br />

janela po<strong>de</strong> ser mais precoce. Desta forma, uma gestante que apresenta intensa ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cárie precisa ser orientada sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> procedimentos<br />

preventivos e curativos para que esteja com uma melhor condição bucal na hora do<br />

nascimento <strong>de</strong> seu filho, bem como receber aconselhamento sobre os cuidados com sua<br />

saú<strong>de</strong> bucal e como cuidar da boca do futuro bebê.<br />

4.1.5 Esclarecimento Sobre o Aborto<br />

A incidência <strong>de</strong> aborto é muito difícil <strong>de</strong> ser estabelecida clinicamente. Estima-se<br />

que está entre 10 a 18%, mas quando se soma às perdas precoces da gestação, até a<br />

quarta semana, essa porcentagem po<strong>de</strong> chegar entre 41 e 62%. É sabido que 80% dos<br />

abortos ocorrem até a décima segunda semana <strong>de</strong> gestação.<br />

Ter conhecimento das causas do aborto, o que na maioria das vezes não se<br />

<strong>de</strong>termina com certeza, é anseio constante das mulheres, porque essa situação reflete<br />

psicologicamente em seu estado geral.<br />

É <strong>de</strong> conhecimento que a maioria dos abortos <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> alterações<br />

cromossômicas ocasionais e que a porcentagem <strong>de</strong> repetição, felizmente, é extremamente<br />

baixa.<br />

Como regra geral, conduta básica, é conveniente não administrar medicamentos<br />

durante a gestação, especialmente no primeiro trimestre. Entretanto, algumas vezes faz-se<br />

necessário o uso <strong>de</strong> medicamentos durante o tratamento odontológico para não colocar em<br />

risco a saú<strong>de</strong> da gestante. Felizmente, a maioria das drogas utilizadas habitualmente na<br />

odontologia não são contraindicadas no período gestacional. Chamamos a atenção em<br />

relação às estreptomicinas e as tetraciclinas que são contraindicadas.<br />

238


Por outro lado, muitos recursos terapêuticos não po<strong>de</strong>m ser simplesmente omitidos<br />

sem incorrer no comprometimento da própria vida da paciente. É o caso das infecções,<br />

diabetes, cardiopatias, hipertensão, entre outras.<br />

Portanto, é importante o reconhecimento das reais necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma terapia<br />

medicamentosa aliada a uma criteriosa seleção e boa anamnese, reconhecendo<br />

exatamente, seja o médico ou o CD, quais os medicamentos que representam menor perigo<br />

para o nascituro, observando-se os momentos críticos teratogênicos. Por isso o trabalho em<br />

equipe é <strong>de</strong> fundamental importância, principalmente em relação ao médico que acompanha<br />

a gestante.<br />

Lembremos que a mãe e o feto po<strong>de</strong>m apresentar diferentes respostas<br />

farmacológicas à administração <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado medicamento, daí a importância <strong>de</strong> se<br />

conhecer os momentos <strong>de</strong> maior risco. Vários autores estimam que somente 2 a 3 % das<br />

anomalias encontradas sejam oriundas por fármacos. Esta sinalização é difícil <strong>de</strong> ser<br />

diagnosticada, pois a relação causa e efeito abrange múltiplos aspectos.<br />

4.1.6 Procedimentos Odontológicos<br />

O conhecimento das alterações fisiológicas da gravi<strong>de</strong>z e a observação <strong>de</strong> alguns<br />

cuidados tomados durante o atendimento odontológico po<strong>de</strong>m assegurar um tratamento<br />

seguro e confortável para a gestante. Desta maneira, recomenda-se que:<br />

• É <strong>de</strong>saconselhável realizar sessões muito prolongadas. Isso po<strong>de</strong> estressar a paciente<br />

e/ou <strong>de</strong>ixa-la muito cansada<br />

• Quando possível, utilizar a segunda meta<strong>de</strong> do período da manhã para agendamento,<br />

on<strong>de</strong> os episódios <strong>de</strong> enjoo e emese são menos frequentes<br />

• Antes <strong>de</strong> todo atendimento odontológico, aferir pressão da gestante. Para tanto, seguir<br />

as orientações sobre a medida da pressão arterial do Protocolo Clínico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do<br />

Adulto (<strong>Londrina</strong>, 2006)<br />

• É <strong>de</strong> suma importância que a posição da gestante na ca<strong>de</strong>ira seja a mais confortável<br />

possível, permitindo que a paciente mu<strong>de</strong> <strong>de</strong> posição, previnindo-se a hipotensão<br />

postural e síncope<br />

• Deve-se evitar a posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>cúbito dorsal (totalmente <strong>de</strong>itada). A posição mais<br />

recomendada é a semissentada ou em <strong>de</strong>cúbito lateral esquerdo<br />

• Evitar mudanças bruscas <strong>de</strong> posição no caso da paciente se encontrar na posição<br />

<strong>de</strong>itada, dado o risco <strong>de</strong> hipotensão postural<br />

239


• Ao terminar o atendimento, recomendar que a paciente fique sentada ou <strong>de</strong>itada do lado<br />

esquerdo por alguns minutos antes <strong>de</strong> se levantar visando prevenir este problema<br />

• Recomenda-se que quando do preenchimento da anamnese, o prontuário médico da<br />

gestante seja consultado a fim <strong>de</strong> se checar informações<br />

• Manter contato com o médico ginecologista da gestante e com a equipe da USF a fim <strong>de</strong><br />

que se trabalhe <strong>de</strong> forma integrada<br />

O Quadro 48 apresenta orientações básicas para o tratamento odontológico da<br />

gestante <strong>de</strong> acordo com o trimestre gestacional.<br />

Trimestre Procedimentos<br />

1º<br />

2º<br />

3º<br />

240<br />

• Anamnese e preenchimento da ficha clínica<br />

o Avaliação geral da paciente – história médica e odontológica<br />

o Exame clínico – necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento odontológico<br />

• Planejamento do tratamento a ser realizado<br />

• Assinatura do termo <strong>de</strong> consentimento informado<br />

• Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• A<strong>de</strong>quação do meio bucal<br />

o Instrução <strong>de</strong> higiene bucal<br />

o Controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

o Raspagem e polimento coronário<br />

o Aplicação <strong>de</strong> fluoretos e antimicrobianos<br />

o Escavação e repleção das cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cárie com CIV<br />

o Remoção <strong>de</strong> irritantes locais (restaurações em excesso, bordos ou arestas<br />

<strong>de</strong>ntais)<br />

o Eliminação <strong>de</strong> focos infecciosos e da dor (exodontias, procedimentos<br />

endodônticos, drenagem <strong>de</strong> abscessos, etc.)<br />

• Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• A<strong>de</strong>quação do meio bucal<br />

o Instrução <strong>de</strong> higiene bucal<br />

o Controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

o Raspagem e polimento coronário<br />

o Aplicação <strong>de</strong> fluoretos e antimicrobianos<br />

o Escavação e repleção das cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cárie com CIV<br />

o Remoção <strong>de</strong> irritantes locais (restaurações em excesso, bordos ou arestas<br />

<strong>de</strong>ntais)<br />

o Eliminação <strong>de</strong> focos infecciosos e da dor (exodontias, procedimentos<br />

endodônticos, drenagem <strong>de</strong> abscessos, etc.)<br />

• Tratamento odontológico <strong>de</strong> rotina (restauradores e cirúrgicos)<br />

• Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• A<strong>de</strong>quação do meio bucal<br />

o Instrução <strong>de</strong> higiene bucal<br />

o Controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

o Raspagem e polimento coronário<br />

o Aplicação <strong>de</strong> fluoretos e antimicrobianos<br />

o Escavação e repleção das cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cárie com CIV<br />

o Remoção <strong>de</strong> irritantes locais (restaurações em excesso, bordos ou arestas<br />

<strong>de</strong>ntais)<br />

o Eliminação <strong>de</strong> focos infecciosos e da dor (exodontias, procedimentos<br />

endodônticos, drenagem <strong>de</strong> abscessos, etc.)<br />

• Tratamento odontológico <strong>de</strong> rotina (restauradores e cirúrgicos)<br />

Quadro 48 - Tratamento odontológico da gestante e trimetres gestacionais


4.1.7 Utilização <strong>de</strong> Drogas em Gestantes na Odontologia<br />

É exatamente por estar grávida que a mulher precisa dos cuidados do CD para que<br />

seja mantida ou reestabelecida a sua saú<strong>de</strong> bucal. Mais uma vez reforça-se que é <strong>de</strong><br />

extremo valor que o CD procure uma interação com a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, estabelecendo<br />

contatos numa relação <strong>de</strong> profissional para profissional. Se houver a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

prescrever medicamentos, troque i<strong>de</strong>ia com o médico a respeito das drogas mais<br />

recomendadas para o caso em questão. O profissional não é somente responsável pelo<br />

atendimento eficaz e seguro à gestante, como também <strong>de</strong>ve se preocupar com a segurança<br />

do feto.<br />

Analgésicos<br />

• Paracetamol: Po<strong>de</strong> ser prescrito em qualquer fase <strong>de</strong> gestação, em curto período (48 a<br />

72 horas). Tem sido o mais utilizado e não há relatos <strong>de</strong> teratogenicida<strong>de</strong><br />

• Medicamentos à base <strong>de</strong> AAS: Não <strong>de</strong>vem ser utilizados nos últimos 3 meses <strong>de</strong><br />

gestação, pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer inércia uterina (partos mais trabalhosos) e/ou<br />

fechamento prematuro do conduto arterial do feto<br />

• Dipirona: Em doses medicamentosas e por períodos curtos (48 a 72 horas), não tem<br />

contraindicação. Po<strong>de</strong> levar à hipotensão materna<br />

Anti-inflamatórios<br />

• Ibuprofeno, Piroxicam, Fenilbutazona, Diclofenaco e AAS são permitidos nos 2 primeiros<br />

trimestres, por períodos curtos <strong>de</strong> 48 a 72 horas. Todos são contraindicados a partir<br />

da 32ª semana gestacional, po<strong>de</strong>ndo atuar sobre as prostaglandinas (PG) e com isso<br />

promover a oclusão antecipada do ducto arterial e ocasionar hipertensão pulmonar<br />

primária no feto<br />

• Corticoi<strong>de</strong>s (betametasona ou <strong>de</strong>xametasona): Em caso <strong>de</strong> extrema necessida<strong>de</strong>, usar<br />

em dose única <strong>de</strong> 4 mg<br />

Anestésicos<br />

As soluções anestésicas para uso em gestantes <strong>de</strong>vem conter um agente<br />

vasoconstritor em sua composição, com objetivo <strong>de</strong> retardar a absorção do sal anestésico<br />

para corrente sanguínea que leva à diminuição da sua toxicida<strong>de</strong> e aumento do tempo <strong>de</strong><br />

duração da anestesia. Por isso não indicamos o uso <strong>de</strong> anestésico sem vasoconstritor, pois<br />

241


sua absorção é rápida (30 minutos), sendo necessárias altas doses <strong>de</strong> anestésico e com<br />

isso a sua concentração será alta, tanto para a mãe como para o feto, além <strong>de</strong> causar<br />

estresse <strong>de</strong>snecessário <strong>de</strong>vido as recorrentes reaplicações.<br />

Estudos <strong>de</strong>monstram que as gestantes têm sensibilida<strong>de</strong> aumentada à anestesia<br />

local e <strong>de</strong>sta forma menores doses são necessárias para se alcançarem efeitos similares.<br />

Além disso, o tempo <strong>de</strong> latência parece ser menor e o <strong>de</strong> duração mais longo.<br />

Em relação às substâncias, é sabido que:<br />

• Lidocaína: É o anestésico local mais utilizado em todo o mundo e mais recomendado<br />

para gestante, já que não está associado a nenhum fator que possa contraindicá-lo.<br />

Recomenda-se limitar seu uso a 2 tubetes, sendo que a dose máxima para um adulto<br />

normal, saudável, não gestante, <strong>de</strong> 60 kg é <strong>de</strong> 7 tubetes anestésicos. A injeção aci<strong>de</strong>ntal<br />

intravenosa da lidocaína leva à passagem da mesma pela placenta, entretanto, a<br />

concentração é muito baixa para prejudicar o feto. Portanto, é a solução anestésica<br />

indicada para gestantes.<br />

• Prilocaína (Ex: Citanest, Citocaína): Há risco <strong>de</strong> metahemoglobinemia (a hemácia torna-<br />

se incapaz <strong>de</strong> transportar oxigênio). Sinais e sintomas: Cianose, fraqueza, tontura,<br />

dispneia, cefaleia. Estes ocorrem 3 a 4 horas após a administração, período em que a<br />

gestante já terá <strong>de</strong>ixado o consultório. É importante lembrar que este episódio afeta não<br />

apenas a mãe, mas também o feto. Caso não haja outro anestésico disponível, a<br />

prilocaína <strong>de</strong>ve ser utilizada com extrema cautela, não ultrapassando o limite máximo <strong>de</strong><br />

2 tubetes. Todas as soluções contendo este sal anestésico, comercializadas no país,<br />

possuem em sua composição o vasoconstritor felipressina (octapressin) que apresenta<br />

semelhança estrutural com a ocitocina, hormônio que provoca contrações uterinas. É<br />

importante pesquisar também se a gestante tem anemia, pois po<strong>de</strong> aumentar ainda mais<br />

o risco <strong>de</strong> metahemoglobinemia<br />

• Mepivacaína: Seu uso é contraindicado, pois contém base anestésica que não é<br />

metabolizada pelo fígado do feto<br />

• Bupivacaína: Alguns autores comentam que a mesma apresenta uma maior toxicida<strong>de</strong><br />

em gestante. Por ser um anestésico <strong>de</strong> longa duração (média <strong>de</strong> 5 a 6 horas), não tem<br />

seu emprego justificado no tratamento odontológico habitual em gestantes<br />

242


Consi<strong>de</strong>ração<br />

Durante muito tempo, o uso <strong>de</strong> vasocontritor em gestantes foi visto com<br />

<strong>de</strong>sconfiança, entretanto, ao entrar na corrente circulatória, estas substâncias são<br />

rapidamente biotransformadas, não tendo efeito cumulativo no organismo. É importante<br />

ressaltar que a adrenalina, assim como a noradrenalina, são hormônios produzidos<br />

naturalmente pelo organismo, estando sempre presente na corrente circulatória, em maior<br />

ou menor concentração, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do estado emocional da gestante. Em situações<br />

estressantes, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adrenalina e noradrenalina liberada pelo organismo po<strong>de</strong><br />

aumentar até 40 vezes o nível normal (<strong>de</strong> repouso), por isso a eliminação da dor é <strong>de</strong><br />

fundamental importância. Vale enfatizar que os vasocontritores estão presentes nas<br />

soluções anestésicas locais em concentrações muito diluídas e com segurança po<strong>de</strong>m ser<br />

usadas em gestantes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam respeitadas as recomendações em questão.<br />

Em <strong>de</strong>corrência dos fatores aqui relatados, em relação aos anestésicos, indicamos<br />

em gestantes Lidocaína a 2% com adrenalina 1:100000.<br />

Antimicrobianos<br />

• Penicilinas (Penicilinas Benzatinas, Despacilina, Ampicilina, Amoxicilina): São<br />

antibióticos consi<strong>de</strong>rados seguros para o uso na gestação e lactação. A única ressalva<br />

se faz quanto à associação Amoxicilina + Ácido Clavulânico (Ex: Clavulin) <strong>de</strong>vido à falta<br />

<strong>de</strong> maiores estudos<br />

• Cefalosporinas (Keflex): Também são consi<strong>de</strong>radas seguras para o uso na gravi<strong>de</strong>z<br />

• Eritromicina do grupo estearato: Po<strong>de</strong> ser utilizada. Evitar o grupo estolato<br />

• Tetraciclinas: São contraindicadas no período gestacional, por induzirem a alterações<br />

da <strong>de</strong>ntição e esqueléticas no feto, quando usadas no final da gestação<br />

• Doxiciclina (Tetracilina bacteriostática): É contraindicada porque po<strong>de</strong> causar prejuízos<br />

semelhantes as tetraciclinas. Muito indicada por CD(s) <strong>de</strong>vido à sua afinida<strong>de</strong> ao tecido<br />

ósseo, principalmente no tratamento <strong>de</strong> periodontite<br />

• Metronidazol: Não tem seu uso recomendado durante a gravi<strong>de</strong>z, embora haja<br />

controvérsias a respeito<br />

• Cloranfenicol (Quemicetina) e Aminoglicosí<strong>de</strong>os (Gentamicina): Também <strong>de</strong>vem ser<br />

evitadas neste período<br />

• Sulfas: Não <strong>de</strong>vem ser utilizadas<br />

243


Consi<strong>de</strong>ração<br />

Diante da necessida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> medicamentos no tratamento da paciente grávida<br />

as vantagens a serem obtidas <strong>de</strong>vem claramente superar quaisquer riscos inerentes à<br />

prescrição.<br />

Uso <strong>de</strong> Flúor<br />

• Vários autores comentam que não há diferença significativa na incidência <strong>de</strong> cárie entre<br />

as crianças <strong>de</strong> mulheres que receberam suplementos <strong>de</strong> flúor no período pré-natal,<br />

comparado com as que não receberam. Inclusive essa suplementação na gestação não<br />

foi aprovada pela American Dental Association (ADA). Sabe-se que o ion flúor é capaz<br />

<strong>de</strong> atravessar a placenta e ser armazenado nela. Por isso, não é recomendado o seu<br />

uso na gravi<strong>de</strong>z<br />

• Já a fluorterapia tópica no período gestacional é sempre indicada <strong>de</strong> acordo com o risco<br />

e a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie da mãe, conforme indicação terapêutica<br />

4.1.8 Uso <strong>de</strong> Exames Radiológicos<br />

Tema que causa gran<strong>de</strong> angústia às gestantes. Aconselha-se evitar exposições<br />

<strong>de</strong>snecessárias. Embora não se tenha nada comprovado que o radiodiagnóstico,<br />

criteriosamente indicado e corretamente realizado, <strong>de</strong>termine malefícios durante a gravi<strong>de</strong>z<br />

ou em qualquer outra situação, radiografias só <strong>de</strong>vem ser solicitadas quando absolutamente<br />

indispensáveis ao diagnóstico ou à orientação terapêutica.<br />

A British Columbia Ministry and Nuclear Regulatory Commission afirma que a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação absorvida (dose <strong>de</strong> segurança) não <strong>de</strong>ve exce<strong>de</strong>r 5 rads (‘radiation<br />

absorbed dose”). Como o feto recebe a cada radiografia <strong>de</strong>ntal (sem a proteção do avental<br />

<strong>de</strong> chumbo), a que a mãe se submete, apenas 0,01 milirad, então seriam necessárias 500<br />

mil tomadas radiográficas para o bebê receber 5 rads. Esta dose é 40 vezes menor do que a<br />

dosagem adquirida através <strong>de</strong> radiação doméstica (televisão, aparelho celular, relógio,<br />

micro-ondas, etc.).<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação para um exame radiográfico odontológico está muito<br />

aquém dos níveis nocivos, porém <strong>de</strong>ve-se sempre usar avental com revestimento <strong>de</strong><br />

chumbo e protetor <strong>de</strong> tireoi<strong>de</strong> porque além da proteção da radiação, há um importante<br />

aspecto tranquilizador para a gestante e este procedimento <strong>de</strong>ve ser unificado para todas as<br />

pacientes, pois nem sempre se tem conhecimento da gravi<strong>de</strong>z.<br />

244


4.1.9 Consi<strong>de</strong>rações Gerais<br />

• Gestantes da área <strong>de</strong> abrangência que realizam pré-natal na USF ou referenciadas por<br />

outros serviços (Ex: Gestantes <strong>de</strong> alto risco atendidas no Hospital da Clínicas ou<br />

Hospital Universitário – UEL) têm priorida<strong>de</strong> na atenção odontológica, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

ida<strong>de</strong> gestacional<br />

• Gestante que ainda não iniciou o seu pré-natal, <strong>de</strong>verá ser encaminhada para este<br />

serviço, antes do início do tratamento odontológico, com exceção <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong><br />

urgência<br />

• A educação em saú<strong>de</strong> bucal voltada para a gestante <strong>de</strong>verá ser sempre realizada,<br />

aproveitando-se todos os momentos oportunos para esta ativida<strong>de</strong>, seja <strong>de</strong> forma<br />

coletiva ou individual. O i<strong>de</strong>al seria o trabalho integrado com a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

aproveitando-se o(s) grupo(s) <strong>de</strong> gestante já existente(s) na USF. Desta forma, assim<br />

que a gestante for encaminhada ou procure espontaneamente o serviço odontológico,<br />

checar se está participando do grupo operativo<br />

• Caso a USF não possua grupo <strong>de</strong> gestante ou <strong>de</strong> pré-natal, a equipe <strong>de</strong> odontologia<br />

po<strong>de</strong>rá programar reuniões ou palestras para gestantes<br />

• A gravi<strong>de</strong>z por si só, não é uma razão para alterar a rotina <strong>de</strong> tratamento odontológico<br />

• O tratamento <strong>de</strong> urgência <strong>de</strong>ve ser realizado em qualquer momento, já que a eliminação<br />

da dor e <strong>de</strong> focos infecciosos é <strong>de</strong> fundamental importância e o adiamento do mesmo<br />

po<strong>de</strong>rá resultar em riscos <strong>de</strong>snecessários para a mãe e o feto<br />

• O período mais favorável para a realização do tratamento odontológico <strong>de</strong> rotina<br />

(restaurador e cirúrgico) situa-se entre o início do segundo trimestre (14ª semana) até a<br />

meta<strong>de</strong> do 3º trimestre (35ª semana)<br />

• O tratamento eletivo, como troca <strong>de</strong> restaurações por motivos estéticos, cirurgia<br />

periodontal, exodontia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes inclusos, etc., po<strong>de</strong>rão ser adiados para <strong>de</strong>pois do<br />

parto<br />

• O tratamento <strong>de</strong>verá ser concluído, mesmo após o nascimento do bebê<br />

• Incentivar o agendamento do bebê, após o nascimento<br />

• Recomenda-se agendar a gestante, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tratamento concluído, próximo à<br />

data provável do parto, com o objetivo <strong>de</strong> reforçar os cuidados com higiene bucal<br />

• Na ocorrência <strong>de</strong> duas faltas consecutivas não justificadas durante o tratamento<br />

odontológico, no período gestacional, a gestante <strong>de</strong>verá ser excluída do tratamento<br />

• O retorno para conclusão do tratamento <strong>de</strong>verá ocorrer entre o 30° e o 60° dia pós-parto.<br />

Caso não compareça nesse período, realizar busca ativa pelo ACS e/ou equipe <strong>de</strong><br />

odontologia<br />

245


• Decorridos 10 dias após a busca ativa, o não comparecimento sem justificativa, é<br />

consi<strong>de</strong>rado como abandono do tratamento<br />

• Após o nascimento do bebê, realizar visita puerperal /domiciliar visando:<br />

o Reagendar a mãe para o término do tratamento, caso este não tenha sido<br />

concluído<br />

o Orientar sobre cuidados com saú<strong>de</strong> bucal do recém-nascido e incentivar a<br />

amamentação exclusiva até os 6 meses<br />

o O aleitamento materno está contraindicado para bebê <strong>de</strong> mãe HIV/AIDS<br />

• A visita domiciliar po<strong>de</strong>rá ser realizada pelo CD, pessoal auxiliar da clínica odontológica<br />

(ASB ou TSB) ou por um ACS treinado para realizar educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Nas USF on<strong>de</strong> ocorre atendimento através da ESB/PSF e também através do programa<br />

infanto-juvenil e gestante, essa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>senvolvida pelo programa infanto-<br />

juvenil e gestante<br />

• Nas USF não contempladas com SB/PSF, as visitas às puérperas são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do<br />

programa infanto-juvenil e gestante<br />

4.1.10 Atençao Odontológica na Gestação <strong>de</strong> Alto Risco<br />

As gestantes <strong>de</strong> alto risco, em geral, são aquelas que apresentam durante a<br />

gestação doenças obstétricas (pré-eclâmpsia, hemorragia na gestação, trabalho <strong>de</strong> parto<br />

prolongado, etc.) ou intercorrências clínicas (cardiopatias, pneumopatias, nefropatias,<br />

Diabetes Mellitus, hipertensão arterial, epilepsia, entre outras). Em geral, o pré-natal é<br />

realizado no Hospital das Clínicas (HC/HURNPR).<br />

como:<br />

Em relação à atenção odontológica, alguns procedimentos po<strong>de</strong>rão ser realizados,<br />

• Educação em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• A<strong>de</strong>quação do meio bucal (ART)<br />

• Tratamento básico periodontal<br />

• Aplicação <strong>de</strong> flúor<br />

Procedimentos que necessitem <strong>de</strong> anestesia local ou invasivos <strong>de</strong>vem ser adiados,<br />

sempre que possível, para <strong>de</strong>pois do nascimento do bebê.<br />

No caso <strong>de</strong> dor ou <strong>de</strong> focos <strong>de</strong> infecção, sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se postergar a<br />

intervenção, é imprescindível o contato do CD com o médico responsável para que<br />

juntos possam planejar o tratamento odontológico.<br />

4.1.11 Promoção <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Voltada à Gestante<br />

246


Educação em saú<strong>de</strong><br />

• Procurar planejar a educação em saú<strong>de</strong> bucal juntamente com outras áreas da USF e<br />

inserir assuntos específicos da odontologia nos grupos <strong>de</strong> gestante já existentes<br />

• Sugerem-se grupos pequenos, com no máximo 15 gestantes<br />

• Preferir metodologia problematizadora, estabelecendo-se um clima informal. Oferecer<br />

informações importantes e objetivas, <strong>de</strong> acordo com o interesse das gestantes,<br />

interagindo com as participantes através <strong>de</strong> perguntas, propiciando troca <strong>de</strong><br />

experiências. Contar, se possível, com equipe multiprofissional<br />

• Garantir, no mínimo, 3 encontros com as gestantes durante o pré-natal (1 por trimestre)<br />

• É importante o uso <strong>de</strong> materiais educativos nestes grupos<br />

Sugestão <strong>de</strong> temas a serem abordados<br />

1º Encontro<br />

• Relação entre saú<strong>de</strong> bucal e saú<strong>de</strong> geral na gestante e no bebê, enfatizando a<br />

associação entre infecção bucal e risco <strong>de</strong> aborto, parto pré-maturo, bebê <strong>de</strong> baixo peso<br />

e pré-eclâmpsia<br />

• Enfocar tabagismo, álcool e seus riscos para saú<strong>de</strong> bucal e geral da mãe e para o bebê<br />

• Etiologia e evolução da cárie <strong>de</strong>ntária e doença periodontal<br />

• Alterações bucais mais comuns na gravi<strong>de</strong>z e como prevení-las ou controlá-las<br />

o Alterações hormonais e vascularização aumentada da gengiva<br />

o Gengivite e periodontite<br />

o Mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntária<br />

o Granulomas gravídicos<br />

o Outros<br />

• Desmistificações <strong>de</strong> tabus<br />

o A gravi<strong>de</strong>z não é causa direta <strong>de</strong> gengivite e periodontite<br />

o A perda dos <strong>de</strong>ntes não é uma ocorrência natural da gravi<strong>de</strong>z<br />

o O tratamento odontológico po<strong>de</strong> ser realizado <strong>de</strong> forma segura na gestação<br />

o Não existe risco para o uso <strong>de</strong> anestésico local em gestantes. A prevalência <strong>de</strong><br />

complicações é a mesma na população gestante e não gestante<br />

o Des<strong>de</strong> que o CD tenha um conhecimento mínimo da fisiologia materna (não colocar<br />

247<br />

a paciente totalmente <strong>de</strong>itada por muito tempo, principalmente em pacientes <strong>de</strong>


gestação mais avançada, provocando queda brusca <strong>de</strong> pressão por compressão da<br />

veia cava), o atendimento po<strong>de</strong>rá ser realizado com segurança<br />

o Antibióticos <strong>de</strong> maneira geral, quando bem indicados, não causam problemas<br />

<strong>de</strong>ntários<br />

o O cálcio não é retirado dos <strong>de</strong>ntes da mãe e repassados para o feto<br />

o A ingestão <strong>de</strong> flúor durante a gestação não torna os <strong>de</strong>ntes do bebê mais resistentes<br />

• Dieta<br />

à cárie <strong>de</strong>ntal<br />

o Uso racional do açúcar<br />

� Usar em menor quantida<strong>de</strong> e em menor frequência<br />

� Consistência <strong>de</strong> alimentos menos a<strong>de</strong>rente possível<br />

• Escovação <strong>de</strong>ntária e uso do fio <strong>de</strong>ntal<br />

o Explicar a importância da escovação, uso do fio <strong>de</strong>ntal, uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrício com flúor<br />

na prevenção e tratamento da doença cárie e periodontal<br />

o Enfatizar a importância dos cuidados diários que <strong>de</strong>vem ser realizados em casa<br />

o Ensinar metodicamente a escovação, o uso do fio <strong>de</strong>ntal e o autoexame <strong>de</strong> boca<br />

• Presença <strong>de</strong> enjoos e vômitos<br />

o Ten<strong>de</strong>m a diminuir ou <strong>de</strong>saparecerem após o primeiro trimestre<br />

o Bochechos com bicarbonato <strong>de</strong> sódio logo após o vômito po<strong>de</strong>m reduzir a aci<strong>de</strong>z<br />

bucal<br />

248


2º Encontro<br />

Recordar temas já abordados no primeiro encontro e estimular o grupo a interagir<br />

através <strong>de</strong> perguntas e exposição <strong>de</strong> experiências pessoais.<br />

• Aleitamento materno<br />

o Benefícios para a saú<strong>de</strong> geral e bucal do bebê e aleitamento exclusivo até os seis<br />

meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

� A amamentação prepara a criança para a mastigação<br />

� Durante a amamentação apren<strong>de</strong>-se respirar corretamente pelo nariz<br />

� É também responsável pelo crescimento harmonioso da face e <strong>de</strong>ntição<br />

• Cuidados com o bebê<br />

o Introdução <strong>de</strong> alimentos saudáveis a partir <strong>de</strong> 6 meses<br />

o Hábitos <strong>de</strong>letérios: Chupeta, mama<strong>de</strong>ira, etc.<br />

o Transmissibilida<strong>de</strong> da cárie e maneiras <strong>de</strong> evitá-la (não experimentar alimentos,<br />

evitar beijos na boca do bebê e compartilhar talheres e copos, etc.)<br />

o Prevenção <strong>de</strong> cárie precoce da infância (cárie <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira)<br />

o Higiene da cavida<strong>de</strong> bucal do bebê<br />

249<br />

� Deve ser iniciada o mais cedo possível, <strong>de</strong> preferência antes da erupção<br />

<strong>de</strong>ntária<br />

� É indispensável à noite, após a última mamada<br />

� Deve ser realizada após o bebê se alimentar/mamar, ingerir xaropes e<br />

medicamentos que sejam adoçados<br />

� Enrolar a ponta da fralda ou <strong>de</strong> uma gaze em torno do <strong>de</strong>do e molhar em<br />

água filtrada ou fervida<br />

� Limpar a parte interna da boca e a língua e esfregar os <strong>de</strong>ntes (todas as<br />

superfícies) quando já estiverem presentes<br />

� A escova <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes com cerdas extramacias e cabeça bem pequena (própria<br />

para crianças) po<strong>de</strong>rá ser introduzida a partir do primeiro <strong>de</strong>nte<br />

� Esclarecer que a saú<strong>de</strong> bucal da mãe e do responsável pelo bebê têm<br />

relação com a saú<strong>de</strong> bucal da criança


3º Encontro<br />

Recordar temas já abordados nos encontros anteriores e estimular o grupo a<br />

interagir através <strong>de</strong> perguntas e exposição <strong>de</strong> experiências pessoais.<br />

• Reforçar cuidados com saú<strong>de</strong> da gestante e do bebê<br />

• Orientar gestantes para procurarem atendimento odontológico para conclusão do<br />

tratamento e agendamento do bebê<br />

250


Grupo <strong>de</strong> Gestante da<br />

USF<br />

Educação em Saú<strong>de</strong><br />

Ver roteiro<br />

Fluxograma 10 - Atenção odontológica à gestante<br />

Sem<br />

doença<br />

Reforço <strong>de</strong><br />

Instrução <strong>de</strong> higiene<br />

bucal + flúor<br />

Resultado positivo<br />

para Gravi<strong>de</strong>z<br />

No momento <strong>de</strong><br />

encaminhamento<br />

para exames laboratoriais<br />

ODONTOLOGIA<br />

Anamnese<br />

+<br />

Evi<strong>de</strong>nciação <strong>de</strong> placa<br />

bacteriana +<br />

Escovação supervisionada<br />

+<br />

Mostrar locais <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença<br />

Agendar para procedimentos<br />

Com<br />

doença<br />

Procedimentos<br />

clínicos<br />

+<br />

Reforço <strong>de</strong> higiene<br />

bucal<br />

Urgência<br />

Tratamento<br />

Educativo<br />

A<strong>de</strong>quação do<br />

meio<br />

Tratamento<br />

Curativo<br />

251


4.1.12 Terapêutica para Gestante: Síntese<br />

Anestésico local<br />

• Cloridrato <strong>de</strong> Lidocaína com vasoconstrictor (adrenalina 1:100000). Marcas comerciais:<br />

Xylestesin 2%, Xylocaína, Alphacaíne, Lidocaína com vaso<br />

• Evitar o uso <strong>de</strong> Prilocaína (Citanest, Biopressin) e Cloridrato <strong>de</strong> Fenilefrina (Novocol):<br />

São tóxicos ao feto e ao recém-nato<br />

• 1 a opção<br />

Analgésicos<br />

Paracetamol ou acetaminofeno (Tylenol, Tylol, Dôrico 500 mg): 500 mg <strong>de</strong> 6/6 horas<br />

• 2 a opção<br />

Dipirona (não utilizar em gestantes hipotensas): Novalgina comprimidos ou gotas,<br />

Magnopyrol comprimidos ou gotas: 1 comprimido <strong>de</strong> 6/6 horas ou 35 gotas <strong>de</strong> 6/6 horas<br />

OBS: No caso <strong>de</strong> dor intensa, po<strong>de</strong>-se alternar Dipirona e Paracetamol <strong>de</strong> 3 em 3 horas,<br />

para se evitar o uso <strong>de</strong> anti-inflamatórios<br />

• 1 a opção<br />

• 2 a opção<br />

Anti-inflamatórios<br />

o Meios físicos. O uso <strong>de</strong> frio, imediatamente após o procedimento, nas primeiras<br />

horas<br />

o Diclofenaco (não utilizar antes da 9 semanas e após 32 semanas <strong>de</strong><br />

gestação). Cataflan, Voltaren, Diclofen, Biofenac, etc., todos <strong>de</strong> 50 mg, <strong>de</strong> 8/8<br />

horas por 3 dias<br />

252


• 1 a opção<br />

Antibióticos<br />

Amoxacilina 500 mg <strong>de</strong> 8/8 horas, por 7 a 10 dias<br />

• 2 a opção<br />

Alergia às penicilinas e seus <strong>de</strong>rivados : Estearato <strong>de</strong> Eritromicina 500 mg 6/6 horas por<br />

7 a 10 dias<br />

No quadro 49 estão sintetizadas informações sobre a classificação das drogas mais<br />

utilizadas na gravi<strong>de</strong>z e lactação <strong>de</strong> acordo com a Food and Drug Administration (FDA).<br />

253


Droga Categoria Gravi<strong>de</strong>z Lactação<br />

Anestésicos Locais<br />

• Lidocaína<br />

• Prilocaína<br />

• Mepivacaína<br />

• Bupivacaína<br />

• Procaína<br />

Analgésicos<br />

• AAS<br />

• Paracetamol<br />

• Ibuprofeno<br />

• Co<strong>de</strong>ína<br />

Antimicrobianos<br />

• Penicilina/Amoxicilina<br />

• Eritromicina<br />

• Clindamicina<br />

• Cefalosporina<br />

• Tetraciclina<br />

• Metronidazol<br />

Sedativos<br />

• Benzodiazepínicos<br />

• Barbitúricos<br />

• Óxido Nitroso<br />

• B<br />

• B<br />

• C<br />

• C<br />

• C<br />

• C/D<br />

• B<br />

• B/D<br />

• C<br />

• B<br />

• B<br />

• B<br />

• B<br />

• D<br />

• B<br />

• D<br />

• D<br />

• Não<br />

Classificado<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Use com cautela<br />

• Use com cautela<br />

• Use com cautela<br />

• Cuidado, evite no 3º trimestre<br />

• Ok<br />

• Cuidado, evite no 3º trimestre<br />

• Use com cautela. Consulte o<br />

médico<br />

• Ok<br />

• Ok, evite o estolato<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Evite<br />

• Evite, controverso<br />

• Evite<br />

• Evite<br />

• Evite no 1º trimestre. Consulte o<br />

médico<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Evite<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Ok<br />

• Evite<br />

• Evite<br />

•<br />

• Evite<br />

• Evite<br />

• Ok<br />

A. Estudos controlados em mulheres não <strong>de</strong>monstram riscos para o feto no primeiro trimestre e a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> dano fetal parece remota, não havendo evidências <strong>de</strong> riscos em estudos posteriores<br />

B. Estudos <strong>de</strong> reprodução animal não tem <strong>de</strong>monstrado risco fetal, mas não há nenhum estudo controlado em<br />

mulheres grávidas ou estudos <strong>de</strong> reprodução animal mostrando efeitos adversos no feto<br />

C. Estudos em animais revelaram efeitos adversos no feto e não há nenhum estudo controlado em mulheres.<br />

Só <strong>de</strong>veriam ser dadas essas drogas se o benefício justificar o risco potencial para o feto.<br />

D. Há evidências positivas <strong>de</strong> risco fetal humano, mas os benefícios <strong>de</strong> uso em mulheres grávidas po<strong>de</strong>m ser<br />

aceitáveis apesar do risco.<br />

X. Estudos em animais e seres humanos <strong>de</strong>monstram anormalida<strong>de</strong>s fetais ou a evidências <strong>de</strong> riscos para o<br />

feto baseando-se em experiências humanas, ou ambos, o risco <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> fármacos está claramente acima<br />

do possível benefício. A droga é contraindicada em mulheres que estão ou po<strong>de</strong>m ficar grávidas.<br />

Quadro 49 - Classificação das drogas utilizadas durante a gravi<strong>de</strong>z e lactação, <strong>de</strong><br />

acordo com a FDA.<br />

254


4.1.13 Roteiro para esclarecimentos gerais (Adaptado <strong>de</strong> American Dental<br />

Association ADA, 2008)<br />

01) Quando os <strong>de</strong>ntes do meu bebê começarão a se formar?<br />

R. Os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos (<strong>de</strong> leite) começam a se <strong>de</strong>senvolver antes do nascimento.<br />

Na época da criança nascer, os vinte <strong>de</strong>ntes que irão aparecer durante os próximos dois<br />

anos e meio já estão formados. Entretanto, permanecerão escondidos pela gengiva até a<br />

época i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> erupção <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les.<br />

02) O que posso fazer para assegurar a minha saú<strong>de</strong> bucal e a do meu filho?<br />

R. A melhor maneira <strong>de</strong> cuidar dos <strong>de</strong>ntes do seu filho que ainda não nasceu, é<br />

cuidar dos seus próprios <strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> geral. Isto significa:<br />

• Seguir uma dieta saudável e, se possível, com pouco açúcar<br />

• Escovar os <strong>de</strong>ntes e passar fio <strong>de</strong>ntal diariamente<br />

• Evitar beliscar doces e alimentos ricos em amido, principalmente entre as<br />

refeições<br />

• Visitar o Dentista regularmente para avaliação odontológica<br />

A placa bacteriana é uma ameaça constante à saú<strong>de</strong> bucal. As bactérias da placa<br />

usam o açúcar e o amido que você consome para produzir ácidos. A ação <strong>de</strong>sses ácidos<br />

sobre o esmalte dos <strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong> causar a cárie. Outros produtos da placa também causam<br />

doença na gengiva.<br />

Uma dieta balanceada e uma a<strong>de</strong>quada higienização para a remoção <strong>de</strong> placa são<br />

fatores indispensáveis para se assegurar uma boa saú<strong>de</strong> bucal.<br />

nasceu?<br />

03) Os alimentos que eu como afetam os <strong>de</strong>ntes do meu bebê que ainda não<br />

R. Sim, enquanto o <strong>de</strong>nte <strong>de</strong> leite está se formando, cálcio, fósforo e outros<br />

minerais são necessários. Quando a sua dieta é balanceada, uma quantida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada<br />

<strong>de</strong>sses alimentos nutre você e seu bebê. É incorreto afirmar que a criança retira cálcio dos<br />

<strong>de</strong>ntes da mãe. Quando o bebê necessita <strong>de</strong> cálcio ele retira dos alimentos ingeridos pela<br />

mãe.<br />

Há indícios, ainda não comprovados, <strong>de</strong> que durante a gravi<strong>de</strong>z se <strong>de</strong>senvolve o<br />

paladar da criança, portanto, recomendamos que a mãe evite o consumo exagerado <strong>de</strong><br />

açúcares durante a gravi<strong>de</strong>z, principalmente entre o quarto e quinto mês da gestação. As<br />

gestantes que consomem gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> açúcar neste período po<strong>de</strong>rão ter bebês<br />

ávidos por açúcar.<br />

255


04) A gravi<strong>de</strong>z danifica os <strong>de</strong>ntes da mãe?<br />

R. Não há nada <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> no ditado que diz “a cada gravi<strong>de</strong>z per<strong>de</strong>-se um <strong>de</strong>nte”.<br />

Se você está com mais cáries ou problemas na gengiva, isto po<strong>de</strong> estar ocorrendo por falta<br />

<strong>de</strong> uma higiene a<strong>de</strong>quada e também ingestão mais frequente <strong>de</strong> alimentos ricos em<br />

carboidratos.<br />

Se os alimentos ricos em carboidratos são ingeridos frequentemente e a placa<br />

bacteriana não for removida, haverá, naturalmente, uma <strong>de</strong>struição maior dos <strong>de</strong>ntes.<br />

Observa-se que no primeiro trimestre são frequentes enjoos e vômitos, tornando-se<br />

a boca mais ácida e portanto, mais sujeita ao aparecimento <strong>de</strong> cáries, isso se não ocorrer<br />

uma higiene correta dos <strong>de</strong>ntes.<br />

05) Por que as minhas gengivas estão inflamadas?<br />

R. A placa bacteriana também acarreta o aparecimento <strong>de</strong> doença na gengiva. A<br />

placa bacteriana não removida po<strong>de</strong> irritar a gengiva, tornando-as vermelhas, flácidas e<br />

propensas a sangramento quando você escova. Esse estado é chamado gengivite, e será<br />

um alerta <strong>de</strong> problemas mais sérios da gengiva ou do osso que sustenta os <strong>de</strong>ntes. Se você<br />

apresenta esses sintomas, procure um Dentista urgente.<br />

Durante a gravi<strong>de</strong>z a gengivite po<strong>de</strong> ocorrer com maior frequência porque há um<br />

aumento do nível <strong>de</strong> hormônios que po<strong>de</strong>m interferir na reação da gengiva aos irritantes<br />

produzidas pela placa bacteriana.<br />

Apesar da alteração hormonal, você po<strong>de</strong> evitar a gengivite, mantendo os <strong>de</strong>ntes<br />

limpos. Para que isso ocorra, escove e use fio <strong>de</strong>ntal a<strong>de</strong>quadamente. Mantenha uma dieta<br />

balanceada. Lembre-se que gravi<strong>de</strong>z não afeta gengiva saudável.<br />

06) Tratamento odontológico é seguro durante a gravi<strong>de</strong>z?<br />

R. Sim. É <strong>de</strong> suma importância ter uma boa saú<strong>de</strong> bucal, principalmente durante a<br />

gravi<strong>de</strong>z. Seu Dentista irá requerer, se necessário, uma avaliação <strong>de</strong> seu médico sobre sua<br />

situação geral, antes <strong>de</strong> iniciar qualquer procedimento.<br />

Durante os primeiros meses <strong>de</strong> gestação algumas mulheres po<strong>de</strong>m ficar ansiosas,<br />

nervosas ou nauseantes, mas isso não impe<strong>de</strong> que seja realizado o tratamento odontológico<br />

caso haja necessida<strong>de</strong>, principalmente ligados à prevenção.<br />

07) Posso tirar radiografias durante a gravi<strong>de</strong>z?<br />

R. Sim. As radiografias são um importante instrumento <strong>de</strong> diagnóstico para auxiliar<br />

o Dentista a <strong>de</strong>tectar cáries e outros problemas que não sejam visíveis no exame clínico,<br />

como doença periodontal, problemas <strong>de</strong> canal, etc. O Dentista indicará a melhor técnica<br />

256


para a realização <strong>de</strong> um exame radiográfico. Muitos fatores garantem a sua segurança e a<br />

do bebê, exemplo é a colocação <strong>de</strong> um avental <strong>de</strong> chumbo sobre a barriga da mãe.<br />

08) Durante a gravi<strong>de</strong>z, medicamentos e anestésicos po<strong>de</strong>m ser utilizados no<br />

tratamento odontológico?<br />

R. Sim. Alguns medicamentos e anestésicos po<strong>de</strong>m ser utilizados durante e após o<br />

tratamento <strong>de</strong>ntário. Serão indicados somente aqueles sem efeitos colaterais comprovados.<br />

Havendo necessida<strong>de</strong> o Dentista consultará o seu médico. Tome sempre a dose prescrita e<br />

no período recomendado. Em caso <strong>de</strong> dúvida, sempre pergunte, nunca fique com<br />

questionamentos sem esclarecimento.<br />

09) Quando os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> minha criança surgirão?<br />

DENTIÇÃO PRIMÁRIA (<strong>de</strong> leite)<br />

Superior Época <strong>de</strong> erupção<br />

Incisivo central 8 a 12 meses<br />

Incisivo lateral 9 a 13 meses<br />

Canino 16 a 22 meses<br />

1º molar 13 a 19 meses<br />

2º molar 25 a 33 meses<br />

Inferior Época <strong>de</strong> erupção<br />

Incisivo central 6 a 10 meses<br />

Incisivo lateral 10 a 16 meses<br />

Canino 17 a 23 meses<br />

1º molar 14 a 18 meses<br />

2º molar 23 a 31 meses<br />

10) A erupção dos <strong>de</strong>ntes é sempre dolorosa?<br />

R. Não. Quando os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um bebê estão prontos para erupcionar a gengiva<br />

usualmente torna-se mais inchada. O bebê po<strong>de</strong> babar excessivamente e tornar-se mais<br />

irritado, inquieto. Massagear as gengivas com o <strong>de</strong>do limpo ou uma colherinha fria, po<strong>de</strong> dar<br />

algum alívio. Oferecer ao bebê algo para mor<strong>de</strong>r, como um mor<strong>de</strong>dor, também po<strong>de</strong> agir<br />

como calmante. Se a criança está extremamente irritada, <strong>de</strong>sconfortável, procure o Dentista<br />

para uma avaliação.<br />

257


11) Em que momento começarei limpar os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> meu filho?<br />

R. Mesmo antes dos primeiros <strong>de</strong>ntes erupcionarem a mãe <strong>de</strong>ve começar limpar o<br />

local dos <strong>de</strong>ntes, com o objetivo <strong>de</strong> remover os restos <strong>de</strong> leite.<br />

12.Tem algum problema se o bebê dormir mamando com a mama<strong>de</strong>ira?<br />

R. Sim. Este tipo <strong>de</strong> comportamento aumenta em muito o risco <strong>de</strong> cárie no bebê,<br />

que é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira, pois <strong>de</strong>strói os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> forma muito rápida. Se<br />

a mama<strong>de</strong>ira contiver alimentos açucarados (açúcar, mel), a <strong>de</strong>struição dos <strong>de</strong>ntes será<br />

muito mais acentuada. Infelizmente em pouco tempo os mesmos estarão totalmente<br />

<strong>de</strong>struídos pela cárie <strong>de</strong>ntária.<br />

13) Meu bebê chupa o <strong>de</strong>do. Devo ficar preocupada?<br />

R. Não. Chupar o <strong>de</strong>do é um reflexo natural que ten<strong>de</strong> a diminuir a partir <strong>de</strong> um ano<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Normalmente, até essa ida<strong>de</strong>, a criança interrompe o hábito sozinha. Contudo, se<br />

ele persistir, o <strong>de</strong>senvolvimento da <strong>de</strong>ntição e da face po<strong>de</strong>rá ser afetado. Peça orientação<br />

ao seu Dentista.<br />

14) Meu bebê necessita <strong>de</strong> vitaminas com flúor para ter os <strong>de</strong>ntes fortes?<br />

R. Não. Se a água <strong>de</strong> beber é fluorada, como é o caso da água da zona urbana <strong>de</strong><br />

<strong>Londrina</strong> e <strong>de</strong> alguns Distritos, ela fornecerá a quantida<strong>de</strong> necessária <strong>de</strong> flúor para evitar a<br />

cárie. Ressaltamos que dieta balanceada e uma boa higienização dos <strong>de</strong>ntes, são os fatores<br />

mais importantes para a prevenção e a manutenção <strong>de</strong> uma boa saú<strong>de</strong> bucal.<br />

sozinhas?<br />

15) Qual a ida<strong>de</strong> que as crianças po<strong>de</strong>rão escovar os <strong>de</strong>ntes e usar fio <strong>de</strong>ntal<br />

R. Até que a criança chegue aos 8-9 anos, ela necessitará da supervisão e<br />

assistência para se ter certeza que está realizando uma higiene eficiente.<br />

Use sempre pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pasta e com concentrações <strong>de</strong> flúor<br />

recomendado pelo seu Dentista. Evite que a mesma engula restos <strong>de</strong> pastas <strong>de</strong>ntais que<br />

po<strong>de</strong>rão ocasionar a fluorose <strong>de</strong>ntal.<br />

cedo?<br />

16) O que eu <strong>de</strong>veria fazer quando um <strong>de</strong>nte <strong>de</strong>cíduo (<strong>de</strong> leite) é perdido muito<br />

R. Consulte o Dentista imediatamente. Os <strong>de</strong>ntes vizinhos po<strong>de</strong>rão se inclinar para<br />

o espaço livre, diminuindo o espaço e comprometendo o nascimento do <strong>de</strong>nte permanente.<br />

O Dentista po<strong>de</strong>rá recomendar o uso <strong>de</strong> um aparelho.<br />

258


17) O flúor evitará o aparecimento <strong>de</strong> cárie?<br />

R. Sim. Crianças nascidas ou resi<strong>de</strong>ntes em comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> a água <strong>de</strong><br />

abastecimento é fluorada, têm redução <strong>de</strong> cárie em aproximadamente 65%, em relação às<br />

crianças que ingerem água não fluorada. O flúor incorpora-se ao esmalte dos <strong>de</strong>ntes<br />

fortalecendo-o.<br />

Seu Dentista po<strong>de</strong>rá também fazer aplicação <strong>de</strong> flúor, quando for indicado.<br />

18) Quando <strong>de</strong>vo levar meu filho ao Dentista pela primeira vez?<br />

R. Logo após o nascimento, antes mesmo da erupção dos primeiros <strong>de</strong>ntes. Não<br />

espere a criança ter dor para procurar o Dentista, pois a melhor conduta é sempre a<br />

prevenção.<br />

19) Como posso tornar a primeira visita ao Dentista agradável à criança?<br />

R. Tente fazer da primeira visita uma aventura agradável, fale que o Dentista é um<br />

amigo que irá ajudá-lo a proteger e cuidar <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>ntes. Sua atitu<strong>de</strong> e exemplo po<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>spertar interesse da criança para os cuidados com os <strong>de</strong>ntes. Não utilize a visita ao<br />

Dentista para amedrontar a criança, ameaçando-a com frases como: “Se você não me<br />

obe<strong>de</strong>cer, ele irá te aplicar uma injeção e vai tirar o seu <strong>de</strong>nte”.<br />

20) Meu filho <strong>de</strong> três anos não consegue passar o dia sem beliscar alimentos,<br />

isto po<strong>de</strong> prejudicar seus <strong>de</strong>ntes?<br />

R. Sim, se a criança ingerir alimentos, açucarados ou não, entre as refeições, sem<br />

a a<strong>de</strong>quada higienização dos <strong>de</strong>ntes, aumentará consi<strong>de</strong>ravelmente o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

cárie.<br />

21) As crianças com <strong>de</strong>ficiência são mais propensas a doenças bucais?<br />

R. Na maioria dos casos, o aparecimento <strong>de</strong> cárie ou doença periodontal é causado<br />

em função da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> higienização e pelo tipo <strong>de</strong> alimentação. Bons hábitos <strong>de</strong><br />

higiene e uma dieta mais a<strong>de</strong>quada irão contribuir em muito para a manutenção <strong>de</strong> uma boa<br />

saú<strong>de</strong> bucal. Procure o Dentista para maiores esclarecimentos.<br />

259


BIBLIOGRAFIA<br />

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261


4.2 DIABETES MELLITUS (DM)<br />

263<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Raquel Cristina Guapo Rocha<br />

O termo DM é aplicado a um grupo <strong>de</strong> doenças metabólicas caracterizadas por<br />

hiperglicemia crônica, resultantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> secreção e/ou da ação <strong>de</strong> insulina,<br />

acompanhadas <strong>de</strong> distúrbio no metabolismo <strong>de</strong> carboidratos, proteínas e gorduras. Po<strong>de</strong>-se<br />

manifestar <strong>de</strong> várias maneiras:<br />

DM tipo 1: Representa 5 a 10% dos casos e é causado pela <strong>de</strong>struição autoimune<br />

do tecido pancreático. A produção <strong>de</strong> insulina é nula e o doente po<strong>de</strong> repô-la através <strong>de</strong><br />

injeções <strong>de</strong> insulina diariamente para prevenir cetoacidose, coma e morte. Ocorre<br />

principalmente em crianças e adolescentes (pico <strong>de</strong> incidência entre 10 a 14 anos), mas<br />

também ocorre em adultos. Po<strong>de</strong> apresentar instabilida<strong>de</strong> no quadro clínico laboratorial,<br />

com tendência a cetoacidose e vasculopatia.<br />

DM tipo 2: É o mais comum, representando <strong>de</strong> 90% a 95% dos casos e se refere a<br />

uma <strong>de</strong>ficiência relativa <strong>de</strong> insulina <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> secreção ou ação da mesma. A<br />

cetoacidose é rara e quando presente se faz acompanhar <strong>de</strong> infecção ou estresse muito<br />

gran<strong>de</strong>. A hiperglicemia <strong>de</strong>senvolve-se lentamente, po<strong>de</strong>ndo permanecer assintomática por<br />

vários anos. Geralmente os pacientes apresentam tendência à obesida<strong>de</strong>. O controle é feito<br />

com terapia farmacológica (hipoglicemiante oral ou insulina), controle <strong>de</strong> dieta ou ambos. O<br />

risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> DM tipo 2 aumenta com a ida<strong>de</strong>, aumento <strong>de</strong> peso e falta <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> física. Além disso, é mais prevalente em pessoas com hipertensão e dislipi<strong>de</strong>mia.<br />

DM tipo 3: São relativamente incomuns, tendo como causas prováveis fatores como<br />

<strong>de</strong>feitos genéticos da função das células β ou da ação das insulinas, doenças exócrinas do<br />

pâncreas, endocrinopatias, uso <strong>de</strong> drogas e medicamentos, infecções e certas síndromes<br />

genéticas. Quantida<strong>de</strong>s excessivas <strong>de</strong> cortisol, glucagon e hormônio do crescimento po<strong>de</strong>m<br />

causar DM em pessoas com <strong>de</strong>feitos pré-existentes na secreção <strong>de</strong> insulina. Drogas como<br />

glicocorticoi<strong>de</strong>s, tiazidas, dilantin e interferon po<strong>de</strong>m diminuir a secreção <strong>de</strong> insulina. Alguns<br />

vírus, incluindo citomegalovírus, caxumba e vírus coxsackie têm sido associados com a<br />

<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> células β.<br />

gestação.<br />

DM tipo 4: Definido como intolerância à glicose com início e diagnóstico na


4.2.2 Sinais e Sintomas<br />

• Poliúria (micção excessiva)<br />

• Polidipsia (se<strong>de</strong> excessiva)<br />

• Polifagia (fome exagerada)<br />

• Perda inexplicada <strong>de</strong> peso<br />

• Fadiga, fraqueza, letargia<br />

• Visão turva<br />

• Prurido cutâneo ou vulvar<br />

• Cicatrização difícil<br />

• Encontro casual <strong>de</strong> hiperglicemia ou glicosúria em exames <strong>de</strong> rotina<br />

• Infecções urinárias ou cutâneas <strong>de</strong> repetição (furúnculos frequentes), etc.<br />

OBS: Os sintomas clássicos po<strong>de</strong>m estar ausentes, porém po<strong>de</strong>rá existir<br />

hiperglicemia <strong>de</strong> grau suficiente para causar alterações funcionais ou patológicas por um<br />

longo período antes que o diagnóstico seja estabelecido.<br />

4.2.3 Valores <strong>de</strong> Referências para Diagnóstico do DM (Glicemia)<br />

O Quadro 50 apresenta os valores <strong>de</strong> glicemia que são utilizados como referência<br />

para o diagnóstico <strong>de</strong> DM.<br />

Tipo <strong>de</strong> exame<br />

• Glicemia em jejum<br />

• Teste Oral <strong>de</strong><br />

Tolerância à Glicose (2<br />

horas após sobrecarga<br />

oral <strong>de</strong> 75 g <strong>de</strong> glicose)<br />

• Glicemia ao acaso (em<br />

qualquer hora do dia)<br />

Valoles observados<br />

• < 110 mg/dL<br />

• ≥ 110 e < 126 mg/dL<br />

• ≥ 126 mg/dL<br />

• < 140 mg/dL<br />

• ≥ 141 e < 200 mg/dL<br />

• ≥ 200 mg/dL<br />

• < 140 mg/dL<br />

• ≥ 141 e < 200 mg/dL<br />

• ≥ 200 mg/dL<br />

Quadro 50 - Valores <strong>de</strong> referência para diagnostico <strong>de</strong> DM<br />

Interpretação<br />

• Normal<br />

• Exame duvidoso<br />

• Provável DM<br />

• Normal<br />

• Exame duvidoso<br />

• Provável DM<br />

• Normal<br />

• Exame duvidoso<br />

• Provável DM<br />

264


Para que o diagnóstico seja estabelecido em adultos fora da gravi<strong>de</strong>z, os valores<br />

<strong>de</strong>vem ser confirmados em um dia subsequente, por qualquer um dos critérios <strong>de</strong>scritos. A<br />

confirmação não é necessária em um paciente com sintomas típicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scompensação e<br />

com medida <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> glicose plasmática ≥ 200 mg/dL.<br />

A taxa <strong>de</strong> hemoglobina glicada ou glicosilada reflete os valores médios <strong>de</strong> glicose<br />

nos 3 meses anteriores e é utilizada para se avaliar se o controle metabólico do paciente<br />

está <strong>de</strong>ntro da meta almejada. O valor normal é < 7%.<br />

O termo tolerância à glicose diminuída refere-se ao estágio metabólico entre<br />

homeostase da glicose e DM. Este estágio inclui pessoas com valores <strong>de</strong> glicose em jejum<br />

<strong>de</strong> 110 mg/dL ou maiores, porém, menores que 126 mg/dL.<br />

4.2.4 Complicações Agudas<br />

As principais complicações agudas do DM são a hipoglicemia e a hiperglicemia,<br />

cujas características e o manejo estão <strong>de</strong>critos no Quadro 51. Para maiores informações,<br />

reportar-se ao Protocolo Clinico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Adulto (<strong>Londrina</strong>, 2006).<br />

265


Hiperglicêmica (Cetoacidose)<br />

• Alta taxa <strong>de</strong> glicose no sangue (hiperglicemia > 200 mg/dL), como resultado<br />

<strong>de</strong> dieta e administração ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> hipoglicemiantes (orais e insulina)<br />

predispondo à <strong>de</strong>sidratação e choque hipovolêmico, po<strong>de</strong>ndo evoluir para<br />

coma diabético<br />

• Sinais e sintomas: Polidipsia, poliúria, polifagia, rubor facial, respiração<br />

rápida e profunda, dores abdominais, hálito cetônico. Po<strong>de</strong> apresentar<br />

sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação como impaciência, língua seca, enrugada e<br />

avermelhada<br />

• Tratamento<br />

o Avaliação da glicemia capilar (hemoglucoteste ou HGT)<br />

o Encaminhar para avaliação na USF<br />

o Postergar tratamento odontológico, se possível<br />

o Verificar presença <strong>de</strong> infecção bucal que possa ser a causa do<br />

controle <strong>de</strong>ficiente da glicemia, sempre trabalhando integrado com<br />

médico na troca <strong>de</strong> informações<br />

Hipoglicemia<br />

• É a baixa concentração <strong>de</strong> glicose no sangue (menor que 60 mg/dL), como<br />

resultado do excesso <strong>de</strong> agentes hipoglicêmicos orais, insulina ou ingestão<br />

ina<strong>de</strong>quada na dieta. Desenvolve-se <strong>de</strong> forma rápida, po<strong>de</strong>ndo culminar<br />

com perda <strong>de</strong> consciência e eventualmente convulsões<br />

• Sinais e sintomas: Fraqueza, nervosismo, tremores, distonia dos músculos<br />

da mastigação (contrações musculares involuntárias), palpitações e<br />

sudorese excessiva, pele úmida e pálida, letargia, agitação e confusão,<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala, progredindo para convulsão e coma.<br />

• Tratamento<br />

o Avaliação da glicemia capilar (hemoglucoteste ou HGT), se<br />

consi<strong>de</strong>rar necessário<br />

o No paciente consciente<br />

� Oferecer carboidratos <strong>de</strong> absorção rápida (<strong>de</strong> preferência<br />

líquido), na dose <strong>de</strong> 10 a 20 gramas (Ex: 01 colher <strong>de</strong> açúcar<br />

em meio copo <strong>de</strong> água, meio copo <strong>de</strong> refrigerante comum,<br />

suco <strong>de</strong> laranja, etc.)<br />

� Po<strong>de</strong> ser necessário repetir a dose após 15 minutos<br />

o No paciente inconsciente<br />

� Auxílio da equipe médica da USF<br />

� Administração <strong>de</strong> 25 a 30 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> glicose a 25%<br />

Quadro 51 - Caracteríticas e tratamento das complicações agudas do DM<br />

4.2.5 Complicações Crônicas<br />

As complicações crônicas do DM são: Doença aterosclerótica cardiovascular,<br />

doença cerebrovascular e doença vascular periférica, retinopatia diabética, catarata,<br />

glaucoma, nefropatia diabética, neuropatia diabética periférica (perda <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>,<br />

dormência, parestesia, limitação motora, ulceração <strong>de</strong> membros inferiores), retardo <strong>de</strong><br />

cicatrização, doença periodontal. São resultantes da hiperglicemia, hiperlipi<strong>de</strong>mia e também<br />

<strong>de</strong> outras complicações associadas.<br />

266


4.2.6 Medicações mais Utilizadas<br />

Hipoglicemiantes orais<br />

Classe<br />

• Sulfonureias<br />

• Biguanidas<br />

• Inibidor <strong>de</strong> alfaglicosidases<br />

intestinais<br />

• Tiazolidinedionas ou glitazonas<br />

• Metiglinidas ou glinidas<br />

* Disponíveis na USF<br />

Quadro 52 - Hipoglicemiantes orais mais utilizados no DM<br />

Insulina<br />

Denominação genérica<br />

• Clorpropamida<br />

• Glimepirida<br />

• Glipizida<br />

• Gliclazida*<br />

• Glibenclamida*<br />

• Metforminas*<br />

• Acarbose<br />

• Troglitazona<br />

• Rosiglitazona<br />

• Pioglitazona<br />

• Repaglinida<br />

• Nateglinida<br />

É utilizada no tratamento médico <strong>de</strong> todos os casos <strong>de</strong> DM tipo I e em casos mais<br />

severos <strong>de</strong> DM tipo II. Está disponível nos tipos rápida, intermediária e prolongada e é<br />

administrada pelo paciente através <strong>de</strong> injeção subcutânea.<br />

No mercado existem diferentes apresentações <strong>de</strong> acordo com seu tempo <strong>de</strong> ação.<br />

Para maiores informações, reportar-se ao Protocolo <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Adulto da AMS, pág 98-99<br />

(<strong>Londrina</strong>,2006).<br />

As insulinas que estão à disposição nas USF são as insulinas do tipo NPH (Neutral<br />

Protamine Hegedom) e regular.<br />

267


4.2.7 Repercussões na Cavida<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong><br />

Uma série <strong>de</strong> condições bucais tem sido associada ao DM, particularmente em<br />

pacientes com controle metabólico <strong>de</strong>ficiente.<br />

• Cárie <strong>de</strong>ntária<br />

Os pacientes diabéticos po<strong>de</strong>m apresentar maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lesões ativas <strong>de</strong><br />

cárie e maior prevalência da mesma do que pacientes não diabéticos. Níveis elevados <strong>de</strong><br />

glicose na saliva e presença <strong>de</strong> hipossalivação po<strong>de</strong>m ser fatores predisponentes, além da<br />

presença <strong>de</strong> higiene bucal precária.<br />

• Doença periodontal<br />

O DM, principalmente quando não controlado, aumenta o risco <strong>de</strong> doença<br />

periodontal que geralmente está presente em 75% dos casos. Vários fatores predisponentes<br />

têm sido apontados incluindo função reduzida dos leucócitos e alterações no metabolismo<br />

<strong>de</strong> colágeno, aumentando o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição tecidual.<br />

O controle metabólico do DM também po<strong>de</strong> ser alterado pela inflamação<br />

periodontal. A presença <strong>de</strong> infecção periodontal severa po<strong>de</strong> aumentar o risco <strong>de</strong><br />

complicações micro e macrovasculares. O tratamento da doença periodontal tem mostrado<br />

exercer papel positivo no controle glicêmico.<br />

Outro fator importante a ser observado é o tabagismo que po<strong>de</strong>rá exacerbar ainda<br />

mais a doença periodontal no diabético.<br />

• Disfunção das glândulas salivares<br />

Estudos têm apontado que 40 a 80% dos diabéticos relatam a sensação <strong>de</strong> boca<br />

seca, quando <strong>de</strong>scompensados, apresentando um fluxo salivar diminuído em relação ao<br />

paciente saudável.<br />

O aumento bilateral da parótida também po<strong>de</strong> ser observado em cerca <strong>de</strong> 24 a 48%<br />

dos pacientes, porém é um fenômeno assintomático.<br />

• Infecções fúngicas<br />

Têm sido associadas a um controle pobre da glicemia. Manifestam-se como<br />

glossite romboi<strong>de</strong> mediana, candidíase oral, estomatite protética e queilite angular. A maior<br />

268


predisposição po<strong>de</strong> estar associada à presença <strong>de</strong> hipossalivação, aumento <strong>de</strong> glicose na<br />

saliva, modificação da microflora bucal e problemas imunológicos.<br />

• Ardência bucal e distúrbios do paladar<br />

Pacientes com DM po<strong>de</strong>m apresentar ardência da mucosa bucal e da língua,<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> neuropatia periférica, hipossalivação ou presença <strong>de</strong> candidíase. O bom<br />

controle dos níveis glicêmicos e da higiene bucal po<strong>de</strong>m melhorar tais sintomas. Alterações<br />

do paladar (geralmente diminuição do sabor doce) também são comuns em pacientes com<br />

DM <strong>de</strong>scompensado.<br />

• Líquen plano e reações liquenoi<strong>de</strong>s<br />

hipertensivos.<br />

Po<strong>de</strong>m estar presentes em <strong>de</strong>corrência da utilização <strong>de</strong> hipoglicemiantes ou anti-<br />

4.2.8 Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Levantar história médica do paciente por meio <strong>de</strong> anamnese e consulta ao prontuário da<br />

USF, avaliando:<br />

o Tipo <strong>de</strong> DM (1 ou 2)<br />

o Controle <strong>de</strong> glicemia pelo paciente<br />

o Níveis recentes <strong>de</strong> glicemia<br />

o Frequência <strong>de</strong> hipoglicemia<br />

o Medicações antidiabéticas utilizadas (insulina e/ou hipoglicemiantes orais), com<br />

dosagens e horários <strong>de</strong> administração<br />

o Uso <strong>de</strong> medicações concomitantes para controle ou prevenção <strong>de</strong> comorbida<strong>de</strong>s.<br />

269<br />

Ex: O uso diário <strong>de</strong> AAS é indicado rotineiramente ao diabético com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

prevenção <strong>de</strong> coagulopatias<br />

o Existência <strong>de</strong> complicações do DM (doenças cardiovasculares ou renais,<br />

hipertensão, etc.) e que po<strong>de</strong>m interferir no planejamento do tratamento <strong>de</strong>ntário<br />

o Consultar médico responsável pelo paciente sempre que houver dúvida sobre<br />

controle metabólico da doença ou necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajuste na dose <strong>de</strong><br />

medicamentos


• Aferir pressão antes <strong>de</strong> todas as consultas<br />

• Verificar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização do hemoglucoteste (HGT) na USF, antes da<br />

intervenção, em caso <strong>de</strong> dúvida sobre a glicemia<br />

• Paciente em jejum tem risco <strong>de</strong> hipoglicemia aumentado. A ingestão <strong>de</strong> carboidratos<br />

orais antes do tratamento po<strong>de</strong> minimizar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste evento<br />

• Marcar consultas preferencialmente no meio da manhã, pois os níveis <strong>de</strong> cortisol são<br />

mais altos, o que eleva a concentração <strong>de</strong> glicose no sangue e diminui risco <strong>de</strong><br />

hipoglicemia trans-operatória<br />

• Após o procedimento, dieta normal, sempre que possível<br />

• Pacientes que utilizam insulina regularmente e que após o tratamento odontológico não<br />

po<strong>de</strong>rão ingerir alimentos normalmente (Ex: Cirurgia odontológica), <strong>de</strong>vem ter sua dose<br />

usual <strong>de</strong> insulina matinal ajustada, após consulta com o médico<br />

• O medo e a ansieda<strong>de</strong> relacionados ao tratamento odontológico po<strong>de</strong>m aumentar os<br />

níveis <strong>de</strong> glicemia no paciente diabético, por isso o controle <strong>de</strong> estresse é fundamental<br />

• Deve-se priorizar o tratamento odontológico do diabético, pois as infecções agudas e<br />

condições inflamatórias po<strong>de</strong>m aumentar a taxa <strong>de</strong> glicose<br />

• O paciente diabético <strong>de</strong>verá passar por manutenção periódica<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por 1 minuto,<br />

antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários, po<strong>de</strong> ajudar a reduzir o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

• Instruir sempre o paciente sobre<br />

o Prevenção (uso <strong>de</strong> flúor e clorexidina)<br />

o Profilaxia (escovação e fio <strong>de</strong>ntal)<br />

270<br />

o Autodiagnóstico <strong>de</strong> alterações gengivais (sangramento) e <strong>de</strong>ntais (cárie<br />

e fraturas <strong>de</strong> restaurações)<br />

o Redução ou eliminação do consumo <strong>de</strong> álcool e fumo


No quadro 53 <strong>de</strong>screve-se o manejo do paciente com DM durante o tratamento<br />

odontológico, <strong>de</strong> acordo com os valores <strong>de</strong> glicemia.<br />

Risco Características Conduta odontológica<br />

Baixo<br />

Médio<br />

Alto<br />

• Bom controle metabólico<br />

• Controle médico regular<br />

• Ausência <strong>de</strong> hiper/hipoglicemia<br />

• Sem complicações neurológicas,<br />

vasculares e infecciosas<br />

• Níveis <strong>de</strong> glicose<br />

o Em jejum < 125 mg/dL<br />

o Pós-prandial < 140 mg/dL<br />

o Taxa <strong>de</strong> hemoglobina glicada<br />

ou glicosilada ou do (HbA1c)<br />

<strong>de</strong> 7%<br />

• Sintomas ocasionais<br />

• Controle metabólico razoável<br />

• Controle médico regular<br />

• Poucas complicações do DM<br />

• Ausência <strong>de</strong> hiper/hipoglicemia<br />

recentes<br />

• Níveis <strong>de</strong> glicose<br />

o Em jejum ≥ 125 < 140 mg/dL<br />

o Pós-prandial ≥ 140 < 200<br />

mg/dL<br />

o Taxa <strong>de</strong> hemoglobina glicada<br />

ou glicosilada (HbA1c) entre<br />

7% a 8%<br />

• Controle metabólico <strong>de</strong>ficiente<br />

• Problemas frequentes <strong>de</strong><br />

hipoglicemia ou cetoacidose<br />

• Usualmente necessitam <strong>de</strong> ajuste da<br />

dosagem <strong>de</strong> insulina<br />

• Níveis <strong>de</strong> glicose<br />

o Em jejum > 140 mg/dL<br />

o Pós-prandial ≥ 200 mg/dL<br />

o Taxa <strong>de</strong> hemoglobina glicada<br />

ou glicosilada (HbA1c) acima<br />

<strong>de</strong> 8%<br />

271<br />

• Tratamento odontológico: Sem<br />

restrição<br />

• Profilaxia antibiótica: Ver quadro 54<br />

• Procedimentos não cirúrgicos<br />

o Restaurações, raspagem e<br />

polimento radicular supra e<br />

subgengival, endodontia:<br />

Sem restrição<br />

• Procedimentos cirúrgicos<br />

o Exodontias simples,<br />

curetagem e gengivoplastias<br />

ajuste <strong>de</strong> insulina: Com<br />

restrição. Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

avaliação médica<br />

• Intervenções cirúrgicas complexas<br />

o Exodontias múltiplas e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntes inclusos, cirurgias<br />

periodontais: Com<br />

restrição. Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

avaliação médica<br />

• Profilaxia antibiótica: Ver quadro 54<br />

• Tratamento odontológico: Com<br />

restrição<br />

• Adiar os procedimentos <strong>de</strong> rotina<br />

• Intervenção em caso <strong>de</strong> dor e<br />

infecções bucais após avaliação<br />

médica<br />

• Profilaxia antibiótica: Ver quadro 54<br />

Quadro 53 - Valores <strong>de</strong> glicemia e manejo odontológico do paciente


• 1 a opção<br />

4.2.9 Terapêutica Medicamentosa - Síntese<br />

Anestésicos Locais<br />

Prilocaína 3% com felipressina. Evitar <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> adrenalina<br />

• 2ª opção<br />

Mepivacaína 3% sem vasoconstritor<br />

• 1 a opção<br />

Analgésicos<br />

Paracetamol (Tylenol, Dôrico) - 500 a 750 mg <strong>de</strong> 6/6 horas<br />

• 2 a opção<br />

Dipirona (Novalgina, Anador, Magnopyrol) – 1 comprimido ou 35 gotas <strong>de</strong> 6/6 horas<br />

OBS: Cuidado no uso da Dipirona, pois é discreto hiperglicemiante. Não utilizar AAS, pois<br />

sinerge com a insulina, po<strong>de</strong>ndo, nos pacientes insulino<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, provocar um choque<br />

hipoglicêmico.<br />

• 1ª opção<br />

Anti-inflamatórios<br />

Diclofenaco (Cataflan, Voltaren, Diclofen, Biofenac) - 50 mg <strong>de</strong> 8/8 horas por 3 a 5 dias.<br />

Cautela no uso em paciente hipertenso. Contraindicado na presença <strong>de</strong> nefropatia<br />

Profilaxia antibiótica no paciente diabético<br />

A indicação da profilaxia antibiótica está resumida no Quadro 54. Quando estiver<br />

indicada, seguir esquema <strong>de</strong>scrito no item 4.6 <strong>de</strong>ste capítulo.<br />

272


DM Quando utilizar? Conduta<br />

• Tipo 1<br />

• Tipo 2<br />

Procedimentos cruentos e<br />

endodônticos<br />

Procedimentos cruentos e<br />

endodônticos<br />

Quadro 54 - Indicação <strong>de</strong> profilaxia antibiótica em diabéticos<br />

• Realizar profilaxia<br />

antibiótica em todos os<br />

pacientes<br />

• Realizar profilaxia<br />

antibiótica quando taxa <strong>de</strong><br />

glicose ≥ 200 mg/dL ou<br />

insulino<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

As medicações que po<strong>de</strong>m alterar o controle <strong>de</strong> glicose por interferirem com<br />

metabolismo <strong>de</strong> insulina e carboidratos estão listadas no Quadro 55.<br />

Hipogliceminates<br />

• Salicilatos<br />

• Dicumarol<br />

• Bloqueadores β<br />

• Inibidores da Mono Amino Oxidase<br />

(IMAO)<br />

• Sulfonamidas<br />

• Inibidores da enzima angiotensina<br />

Hiperglicemiantes<br />

• Dipirona<br />

• Adrenalina<br />

• Corticosteroi<strong>de</strong>s<br />

• Tiazidas<br />

• Contraceptivos orais<br />

• Fenitoína<br />

• Produtos para tireoi<strong>de</strong><br />

• Bloqueadores <strong>de</strong> canal <strong>de</strong> cálcio<br />

Quadro 55 - Medicações com ações hipo ou hiperglicemiantes<br />

273


4.3 HIPERTENSÃO ARTERIAL (HA)<br />

Introdução<br />

275<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Fabrício Parra Garcia<br />

A hipertensão arterial (HA) é <strong>de</strong> alta prevalência no Brasil, variando entre 20 a 30%<br />

dos adultos. HA é <strong>de</strong>finida como pressão sistólica igual ou maior que 140 mmHg e uma<br />

pressão diastólica igual ou maior que 90 mmHg. A pressão sistólica refere-se àquela no<br />

auge da contração ventricular, enquanto a pressão diastólica representa a resistência total<br />

<strong>de</strong> repouso das artérias após o término da contração no ventrículo esquerdo.<br />

A HA primária é a mais comum, atingindo aproximadamente 95% dos indivíduos<br />

hipertensos e tem sua ocorrência associada à interação <strong>de</strong> predisposição genética, fatores<br />

ambientais e características individuais como obesida<strong>de</strong>, ingestão excessiva <strong>de</strong> sal (cloreto<br />

<strong>de</strong> sódio), transtornos do sono, estresse, uso abusivo <strong>de</strong> bebidas alcoólicas, uso <strong>de</strong><br />

contraceptivos hormonais, entre outros.<br />

A HA secundária é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> outras patologias como nefropatia diabética, lúpus<br />

eritematoso sistêmico, glomerulonefrite, rim policístico, tumor da adrenal, hipertireoidismo,<br />

hiperparatireoidismo, toxemia gravídica (pré-eclampsia e eclampsia), feocromocitoma 31 ,<br />

síndrome <strong>de</strong> Cushing 32 , entre outras e também uso <strong>de</strong> medicamentos como drogas<br />

simpatomiméticas, anfetaminas, lítio, anti-inflamatórios não hormonais, etc. Atinge cerca <strong>de</strong><br />

5 % da população.<br />

4.3.2 Fatores <strong>de</strong> Risco<br />

• Ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 60 anos<br />

• Tabagismo<br />

31 Doença rara, mas grave, caracterizada pela presença <strong>de</strong> tumor(es) produtor(es) <strong>de</strong> catecolaminas<br />

(adrenalina, noradrenalina, dopa e dopamina). Dentre as manifestações clínicas está a HA que é muito<br />

importante.<br />

32 Desor<strong>de</strong>m endócrina causada por níveis elevados <strong>de</strong> cortisol liberado pela adrenal ou induzido pela<br />

administração <strong>de</strong> drogas. Caracteriza-se por aumento <strong>de</strong> peso, <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> gordura na parte superior do corpo,<br />

pescoço e face (lua cheia ou moon face), excesso <strong>de</strong> apetite e se<strong>de</strong>, aumento da produção <strong>de</strong> urina, fraqueza,<br />

cansaço fácil, nervosismo, insônia e labilida<strong>de</strong> emocional. Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sses pacientes <strong>de</strong>senvolve HA e DM.


• Dislipi<strong>de</strong>mias (alterações colesterol, triglicéri<strong>de</strong>s, etc.)<br />

• DM<br />

• História familiar <strong>de</strong> doença cardiovascular<br />

• Obesida<strong>de</strong><br />

• Se<strong>de</strong>ntarismo<br />

• Consumo excessivo <strong>de</strong> sal<br />

• Consumo <strong>de</strong> bebidas alcoólicas<br />

• Nível socioeconômico mais baixo<br />

2006).<br />

4.3.4 Aferição e Classificação da Pressão Arterial (PA)<br />

Seguir as orientações do Protocolo Clínico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Adulto da AMS (<strong>Londrina</strong><br />

Lembrar <strong>de</strong>:<br />

• Repouso <strong>de</strong> pelo menos 5 minutos, após a chegada do paciente<br />

• Observar a técnica correta<br />

• Bexiga vazia<br />

• Não ter praticado ativida<strong>de</strong> física nos últimos 60 a 90 minutos<br />

• Não ter ingerido bebida alcoólica, café, alimentos ou ter fumado até 30 minutos<br />

antes<br />

4.3.5 Classificação da PA<br />

Classificação<br />

Pressão Sistólica Pressão Diastólica<br />

(mm Hg)<br />

(mm Hg)<br />

• Ótima • < 120 • < 80<br />

• Normal • < 130 • < 85<br />

• Limítrofe • 130 - 139 • 85 - 89<br />

• Estágio 1 (Hipertensão leve) • 140 - 159 • 90 - 99<br />

• Estágio 2 (Hipertensão mo<strong>de</strong>rada) • 160 - 179 • 100 - 109<br />

• Estágio 3 (Hipertensão severa) • ≥ 180 • ≥ 110<br />

• Hipertensão sistólica isolada • > 140 • < 90<br />

Quadro 56 - Classificação da PA <strong>de</strong> acordo com a medida casual no consultório<br />

(adultos > 18 anos), segundo o III Consenso Brasileiro <strong>de</strong> HA.<br />

276


O valor mais alto <strong>de</strong> sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro<br />

hipertensivo. Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes,<br />

a maior <strong>de</strong>ve ser utilizada para classificação do estágio. Por exemplo, o valor 160/92 mmHg<br />

<strong>de</strong>ve ser classificado como hipertensão Estágio 2 e 174/120 mmHg como Estágio 3,<br />

hipertensão sistólica isolada <strong>de</strong> 170/82 como Estágio 2.<br />

4.3.6 Apresentação Clínica<br />

A HA primária nos Estágios 1 e 2 (leve e mo<strong>de</strong>rada) é usualmente assintomática<br />

e po<strong>de</strong> permanecer <strong>de</strong>sta forma por muitos anos. Dor <strong>de</strong> cabeça (especialmente <strong>de</strong> manhã,<br />

pulsátil, suboccipital), distúrbios visuais, barulhos no ouvido, tontura, confusão mental, frio<br />

nas pernas ou formigamento das extremida<strong>de</strong>s, palpitação, dor no peito, rubor facial e<br />

fadiga, po<strong>de</strong>m ser sinais iniciais <strong>de</strong> hipertensão.<br />

4.3.7 Tratamento<br />

O tratamento não farmacológico inclui redução <strong>de</strong> peso, abandono do hábito <strong>de</strong><br />

fumar, redução do consumo <strong>de</strong> álcool, programa <strong>de</strong> exercícios regulares e modificação do<br />

consumo <strong>de</strong> sal.<br />

A utilização <strong>de</strong> medicamentos é <strong>de</strong>stinada à diminuição e controle dos níveis<br />

pressóricos, sendo os mais utilizados:<br />

• Diuréticos<br />

• Inibidores adrenérgicos (<strong>de</strong> ação central, alfa-bloqueadores e beta-<br />

bloqueadores)<br />

• Vasodilatadores diretos<br />

• Bloqueadores <strong>de</strong> canal <strong>de</strong> cálcio<br />

• Inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA)<br />

• Antagonistas do receptor AT1, da angiotensina II (AII)<br />

OBS: Um significativo número <strong>de</strong> pacientes necessita <strong>de</strong> duas ou mais classes<br />

terapêuticas para controle da hipertensão.<br />

Os medicamentos disponíveis na USF estão listados no Quadro 57, além dos<br />

possíveis efeitos sobre a cavida<strong>de</strong> bucal ou tratamento odontológico.<br />

277


Inibidores<br />

adrenérgicos<br />

Grupo<br />

Diuréticos<br />

Ação central<br />

Beta-bloqueador<br />

Antagonistas – canais <strong>de</strong> cálcio<br />

Inibidores da enzima conversora da<br />

angiotensina (ECA)<br />

Drogas<br />

• Hidroclortiazida 25<br />

mg<br />

• Furosemida 40 mg<br />

• Metildopa 500 mg<br />

• Clonidina 0,100 mg<br />

(uso interno para<br />

crises hipertensivas)<br />

• Propranolol 40 mg<br />

• Nifedipina 20 mg<br />

• Enalapril 5 e 20 mg<br />

• Captopril 25 mg<br />

Possíveis efeitos adversos na<br />

cavida<strong>de</strong> bucal ou tratamento<br />

odontológico<br />

• Xerostomia, alterações da mucosa<br />

• Xerostomia, alteração do paladar,<br />

e<strong>de</strong>ma ou dor nas parótidas, reações<br />

da mucosa<br />

• Xerostomia, alteração do paladar,<br />

aumento da sensibilida<strong>de</strong> ao<br />

vasoconstritor dos anestésicos<br />

locais, diminuição da tolerância ao<br />

estresse<br />

• Xerostomia, hiperplasia gengival,<br />

possível aumento do risco <strong>de</strong><br />

sangramento gengival e <strong>de</strong> infecção,<br />

diminuição <strong>de</strong> tolerância ao estresse<br />

• Perda do paladar<br />

278<br />

Possíveis interações medicamentosas<br />

• Anti-inflamatórios (AINH): Antagonizam efeito<br />

diurético levando a retenção <strong>de</strong> líquido e<br />

perda do controle da pressão<br />

• Vasoconstritores: Po<strong>de</strong>m antagonizar os<br />

efeitos dos anti-hipertensivos<br />

• Limitar uso <strong>de</strong> adrenalina: 2 a 3 tubetes e<br />

utilizar adrenalina 1:100000<br />

• Os AINH antagonizam a ação antihipertensiva<br />

<strong>de</strong>stes medicamentos<br />

• Vasoconstritores: Po<strong>de</strong>m antagonizar efeito<br />

anti-hipertensivo. Limitar uso <strong>de</strong> adrenalina: 2<br />

a 3 tubetes e utilizar concentração <strong>de</strong><br />

1:100000<br />

• Os AINH antagonizam a ação antihipertensiva<br />

<strong>de</strong>stes medicamentos<br />

• Hipertensão e bradicardia po<strong>de</strong>m ocorrer<br />

quando vasoconstrictores são administrados<br />

• Limitar o uso <strong>de</strong> adrenalina: 2 a 3 tubetes e<br />

utilizar adrenalina 1:100000<br />

• Po<strong>de</strong>m apresentar aumento do efeito<br />

hipotensor quando receberem AAS<br />

• AINH e uso excessivo <strong>de</strong> vasoconstritores<br />

(mais <strong>de</strong> 3 tubetes) po<strong>de</strong>m antagonizar o<br />

efeito anti-hipertensivo do medicamento<br />

Quadro 57 - Medicamentos disponíveis para o tratamento da HA na USF, possíveis efeitos edversos na cavida<strong>de</strong> bucal e interações<br />

medicamentosas no tratamento odontológico


4.3.8 Conduta nas Emergências Hipertensivas no Consultório<br />

Odontológico<br />

279<br />

As emergências hipertensivas são uma preocupação no consultório<br />

odontológico e po<strong>de</strong>m ocorrer em <strong>de</strong>corrência das intervenções clínicas e cirúrgicas,<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas por fármacos ou mais comumente associadas ao fator emocional.<br />

Requerem redução imediata da pressão sanguínea (não necessariamente para níveis<br />

normais) para prevenir danos como hemorragia intracerebral, infarto agudo do<br />

miocárdio, angina instável do peito, aneurisma da aorta, etc., além <strong>de</strong> um risco<br />

aumentado <strong>de</strong> hemorragia, no caso <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> procedimento cruento.<br />

Sinais mais comuns<br />

• Cefaleia, que po<strong>de</strong> ser intensa<br />

• Tontura<br />

• Alterações visuais<br />

• Ansieda<strong>de</strong> intensa<br />

• Dor<br />

• Dispneia (respiração curta)<br />

• Sangramento nasal<br />

• Ou qualquer tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto apresentado<br />

OBS: Hipertensão e hipotensão arterial po<strong>de</strong>m apresentar sintomas<br />

semelhantes.<br />

Conduta<br />

• Interromper e/ou finalizar o tratamento, quando possível<br />

• Sentar e acalmar o paciente<br />

• Aferir PA<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar atendimento imediato na USF, conforme <strong>de</strong>scrito no<br />

Protocolo <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Adulto da AMS – pág. 70 (<strong>Londrina</strong>, 2006)


Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Na primeira consulta e retornos em todos os pacientes, mesmo que<br />

assintomáticos, sempre aferir a PA<br />

• Registrar história médica <strong>de</strong>talhada por meio <strong>de</strong> anamnese e do prontuário da<br />

USF, anotando:<br />

280<br />

o Presença <strong>de</strong> hábitos <strong>de</strong>letérios (tabagismo, etilismo, se<strong>de</strong>ntarismo, etc.)<br />

o História familiar relacionada a doenças cardiovasculares<br />

o HA prévia<br />

• Se o paciente já for previamente diagnosticado como hipertenso, pesquisar<br />

o O esquema terapêutico adotado (medicação atual, doses e<br />

combinações medicamentosas)<br />

o Se está ou não compensado (a<strong>de</strong>são ao tratamento, uso correto da<br />

medicação)<br />

o Existência <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong>s neurológicas, cardiovasculares ou renais<br />

(lesões em órgãos alvo)<br />

o Coexistência <strong>de</strong> outras patologias, como, por exemplo, o DM<br />

• Evitar consultas prolongadas e muito estressantes<br />

• Estar atento para a presença <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> hipotensão postural, como: Tontura,<br />

<strong>de</strong>smaio ou síncope <strong>de</strong>vido à medicação anti-hipertensiva. Para prevenir, quando<br />

paciente estiver em posição supina (<strong>de</strong>itada), <strong>de</strong>ve-se:<br />

o Voltar a ca<strong>de</strong>ira à posição normal lentamente<br />

o Solicitar ao paciente que permaneça sentado por 3 a 5 minutos<br />

o Ajudá-lo à se levantar da ca<strong>de</strong>ira<br />

o Proporcionar apoio até que o mesmo se sinta equilibrado<br />

o Pacientes em uso <strong>de</strong> metildopa e clonidina são mais susceptíveis<br />

• Pacientes com hipertensão são mais propensos a <strong>de</strong>senvolver DM<br />

• Pacientes com DM apresentam incidência maior <strong>de</strong> hipertensão e mortalida<strong>de</strong> por<br />

doenças cardiovasculares<br />

• Somente realizar tratamentos invasivos mediante controle da HA e do DM<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por<br />

um minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

• A <strong>de</strong>scrição do tratamento odontológico do paciente hipertenso <strong>de</strong> acordo com os<br />

valores <strong>de</strong> PA está disponível no Quadro 58


Pressão<br />

sistólica<br />

Pressão<br />

Diastólica<br />

•<br />

Conduta<br />

Aferir pressão antes <strong>de</strong> todas as consultas<br />

Até 139 Até 89 • Tratamento odontológico e uso <strong>de</strong> vasoconstritor: Sem<br />

restrição<br />

• Aferir pressão antes <strong>de</strong> todas as consultas<br />

• Checar se paciente tomou medicação anti-hipertensiva<br />

<strong>de</strong> rotina<br />

• Uso <strong>de</strong> anestésico<br />

o 1ª opção: Lidocaína 2% com adrenalina 1:100000 (2<br />

a 3 tubetes no máximo)<br />

140 -159 90 - 99 o 2ª opção: Prilocaína com felipressina (máximo <strong>de</strong> 2<br />

tubetes, no caso <strong>de</strong> coexistência <strong>de</strong> DM). Não<br />

recomendado no caso <strong>de</strong> isquemia cardíaca<br />

o 3ª opção: Mepivacaína 3% sem vasoconstritor<br />

• Tratamento odontológico: Sem restrição<br />

• Acompanhamento médico e controle da hipertensão<br />

• Aferir pressão antes <strong>de</strong> todas as consultas<br />

• Checar se paciente tomou medicação anti-hipertensiva<br />

<strong>de</strong> rotina<br />

• Se PA ≥ 160/100: Medicação anti-hipertensiva para<br />

tentar obter redução na PA, seguindo fluxograma <strong>de</strong> HA<br />

do Protocolo <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Adulto da AMS pág. 70<br />

(<strong>Londrina</strong>,2006)<br />

160 -179 100 -109 • Após medicação<br />

o PA ≤ 159/99<br />

� Procedimentos não cruentos liberados<br />

� Uso <strong>de</strong> anestésico: Vi<strong>de</strong> quadro acima<br />

o PA ≥ 160/100, o paciente <strong>de</strong>ve:<br />

� No caso <strong>de</strong> dor: Receber tratamento<br />

paliativo<br />

� Atendimento programado <strong>de</strong>ve ser<br />

adiado<br />

• Acompanhamento médico e controle da hipertensão<br />

• Aferir pressão antes <strong>de</strong> todas as consultas<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar atendimento imediato na USF, conforme<br />

Protocolo <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Adulto – pág. 70 (<strong>Londrina</strong>, 2006)<br />

• Adiar o atendimento odontológico <strong>de</strong> rotina<br />

≥ 180 ≥ 110 • Em caso <strong>de</strong> dor, após níveis pressóricos corrigidos<br />

o No caso <strong>de</strong> dor: Receber tratamento paliativo<br />

o Atendimento programado <strong>de</strong>ve ser adiado<br />

• Acompanhamento médico e controle da hipertensão<br />

≥ 140 < 90 • Vi<strong>de</strong> quadros acima, <strong>de</strong> acordo com nível pressórico<br />

aferido<br />

Quadro 58 - Tratamento odontológico <strong>de</strong> acordo com os valores <strong>de</strong> PA<br />

281


tromboembolia.<br />

4.4 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)<br />

4.4.1 Definição<br />

283<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Fabrício Parra Garcia<br />

É uma isquemia ou infarto cerebral em consequência à obstrução <strong>de</strong> um vaso por<br />

4.4.2 Fatores <strong>de</strong> risco<br />

• HA não tratada (principal fator <strong>de</strong> risco para o AVC)<br />

• Doença cardíaca, arritmia, infarto do miocárdio, doença <strong>de</strong> Chagas,<br />

• DM<br />

problemas nas válvulas, etc.<br />

• Tabagismo<br />

• Hipercolesterolemia<br />

• Ida<strong>de</strong> avançada<br />

• Ingestão <strong>de</strong> anticoncepcionais orais<br />

4.4.3 Medicamentos<br />

• Aspirina ® , AAS, Melhoral ® , entre outros, são as drogas mais comumente<br />

utilizadas<br />

• Dipiridamol (Persantin ® ) diminui a a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> das plaquetas e é usado na<br />

prevenção do infarto do miocárdio recorrente e AVC<br />

• Anticoagulantes orais (nome comercial: Warfarin ® , Marcoumar ® ,<br />

Coumadin ® , Marevan ® , etc.)<br />

Estes medicamentos po<strong>de</strong>m levar ao aparecimento <strong>de</strong> efeitos colaterais como a<br />

interação com diversas medicações:<br />

• Aumento da ação anticoagulante: Salicilatos, tetraciclina, metronidazol<br />

• Diminuição da ação anticoagulante: Fenobarbital e corticosteroi<strong>de</strong>s


Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

Realizar levantamento da história médica do paciente por anamnese e consultar o<br />

prontuário da USF, avaliando:<br />

• História do AVC ou <strong>de</strong> ataques isquêmicos passageiros: Tempo <strong>de</strong>corrido<br />

• Presença <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco: HA, DM, tabagismo, anticoncepcionais orais e outras<br />

doenças cardiovasculares<br />

• Medicamentos utilizados<br />

o Drogas antiplaquetárias<br />

o Antiagregantes ou anticoagulantes orais<br />

o Drogas anti-hipertensivas: Diuréticos, beta-bloqueadores, bloqueadores dos<br />

canais <strong>de</strong> cálcio e inibidores da ECA, etc.<br />

o Drogas antiarrítmicas<br />

o Outros<br />

• Solicitar avaliação médica para posterior início do tratamento<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por 1 minuto,<br />

antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

• Efeitos colaterais bucais das drogas utilizadas<br />

o Sangramento gengival<br />

o Complicações na cicatrização <strong>de</strong> tecidos moles<br />

o Estomatite<br />

o Dor nas glândulas salivares<br />

o Ulcerações<br />

o Hipossalivação parcial/ total<br />

• O paciente po<strong>de</strong> apresentar dificulda<strong>de</strong> motora e <strong>de</strong> preensão <strong>de</strong> objetos. Recomenda-<br />

se adaptar no cabo da escova <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte em:<br />

o Manete <strong>de</strong> borracha <strong>de</strong> bicicleta ou motocicleta<br />

o Cabo <strong>de</strong> escova <strong>de</strong> cabeleireiro<br />

o Aumentar o volume do cabo da escova com resina ou Durepoxi ®<br />

• Perda da tonicida<strong>de</strong> muscular da bochecha prejudicando a autolimpeza dos <strong>de</strong>ntes (face<br />

vestibular), favorecendo a formação <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Orientação aos cuidadores (familiares, enfermagem, acompanhantes, etc.) quanto ao<br />

controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Aplicação tópica <strong>de</strong> flúor tanto por profissional quanto caseira<br />

284


• Recomenda-se posição semissentada para evitar engasgos durante o tratamento<br />

odontológico<br />

com AVC .<br />

O Quadro 59 apresenta a conduta para o tratamento odontológico em pacientes<br />

Tempo <strong>de</strong>corrido após<br />

ataque isquêmico ou<br />

Tratamento odontológico<br />

AVC<br />

Conduta<br />

• Avaliação médica obrigatória<br />

• Se possível, adiar tratamento odontológico <strong>de</strong> rotina. Limitarse<br />

ao tratamento <strong>de</strong> urgência<br />

• Solicitar suporte médico em relação ao tempo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

protrombina (TAP) e International Normalized Ratio (INR)<br />

Até 6 meses antes <strong>de</strong> realizar procedimentos cruentos<br />

• Redução do estresse, po<strong>de</strong>ndo-se utilizar técnica <strong>de</strong> sedação,<br />

após avaliação médica<br />

• Aferir PA antes das consultas<br />

• Uso do vasoconstritor está contraindicado<br />

• Anestésico local: Mepivacaína 3% sem vasoconstritor<br />

• Avaliação médica antes do início do tratamento odontológico<br />

• Controle a<strong>de</strong>quado das drogas antiplaquetárias e<br />

Mais <strong>de</strong> 6 meses<br />

•<br />

•<br />

anticoagulantes, solicitando suporte médico antes da<br />

realização <strong>de</strong> procedimentos cruentos<br />

Aferir PA antes das consultas<br />

Redução do estresse, po<strong>de</strong>ndo-se utilizar técnica <strong>de</strong> sedação,<br />

após avaliação médica<br />

• Vasoconstritor (adrenalina) não está contraindicado,<br />

respeitando-se limite <strong>de</strong> 2 a 3 tubetes<br />

Quadro 59 - Tratamento odontológico do paciente com risco <strong>de</strong> AVC<br />

285


286


4.5 ALTERAÇÕES CARDÍACAS<br />

287<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Fabrício Parra Garcia<br />

4.5.1 Doença Cardíaca Isquêmica: Ocorre em <strong>de</strong>corrência da obstrução gradual<br />

das artérias coronárias por ateromas (placas <strong>de</strong> gordura) que leva à diminuição do fluxo<br />

sanguíneo para o miocárdio. Quando se manifesta transitoriamente, <strong>de</strong>vido a uma obstrução<br />

parcial é chamada <strong>de</strong> angina pectoris. A obstrução total das artérias é chamada <strong>de</strong> infarte.<br />

Os medicamentos comumente utilizados pelos pacientes são nitroglicerina, anti-<br />

hipertensivos, drogas anticolesterol e anticoagulantes.<br />

Angina instável<br />

• A angina instável que não ce<strong>de</strong> mesmo em situação <strong>de</strong> repouso e nem com o uso <strong>de</strong><br />

vasodilatadores coronarianos <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada como risco iminente <strong>de</strong> infarto do<br />

miocárdio e ser assistida imediatamente<br />

• Características: Paciente apresenta dor, pressão ou queimação na região retroesternal<br />

que po<strong>de</strong> se irradiar para mandíbula (diferencial), base do pescoço e braço esquerdo<br />

• A fase mais crítica pós-infarto são os primeiros 6 meses, com risco <strong>de</strong> sofrer um novo<br />

infarto em 20 a 30 % dos casos nos 3 primeiros meses<br />

• Nesse período, o tratamento odontológico <strong>de</strong>ve ser protelado, com exceção às urgências<br />

que <strong>de</strong>vem ser tratadas prontamente, pois a dor persistente po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar<br />

alterações hemodinâmicas e disritmias cardíacas<br />

• Recomenda-se o atendimento das urgências em ambiente hospitalar<br />

• Tratamento <strong>de</strong>ntário <strong>de</strong> rotina após 6 meses <strong>de</strong>corridos do tratamento da angina<br />

• Vasoconstritor não <strong>de</strong>ve ser usado<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

Angina estável<br />

Episódios pouco frequentes <strong>de</strong> dor, geralmente após esforço físico ou alteração<br />

emocional. Os medicamentos normalmente utilizados por estes pacientes são nitratos,


agentes bloqueadores β-adrenégicos e bloquedores do canal <strong>de</strong> cálcio. Em pacientes com<br />

angina estável, infartados há mais <strong>de</strong> 6 meses e naqueles que se submeteram à cirurgia <strong>de</strong><br />

revascularização há pelo menos 3 meses, o tratamento odontológico po<strong>de</strong> ser realizado,<br />

contatando-se sempre o médico responsável para melhor estabelecer o plano <strong>de</strong><br />

tratamento.<br />

• Não há contraindicação quanto ao tratamento <strong>de</strong>ntário<br />

• Aferir PA antes das consultas<br />

• Anestésico<br />

o Lidocaína com adrenalina 1:100000. Respeitar o limite <strong>de</strong> 2 ou 3 tubetes<br />

o Mepivacaína 3% sem vasocostritor<br />

• Dor, tensão e ansieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m precipitar angina, por isso controle do estresse é<br />

fundamental através <strong>de</strong> consultas rápidas, boa técnica anestésica, sedação consciente<br />

etc.<br />

• Técnica <strong>de</strong> sedação po<strong>de</strong>rá ser utilizada após avaliação médica. Ex: benzodiazepínicos<br />

diminuem a arritmia e a angina<br />

• Sugerir que o paciente leve nitrato (isossorbida) na consulta ou certificar-se <strong>de</strong> que está<br />

disponível na caixa <strong>de</strong> emergência da USF. Conhecer os efeitos colaterais <strong>de</strong>sse<br />

medicamento, como: Hipotensão, síncope, cefaleia etc.<br />

• Pacientes po<strong>de</strong>m necessitar <strong>de</strong> O2<br />

• Em pacientes que fazem uso contínuo <strong>de</strong> anticoagulantes, os procedimentos cruentos<br />

<strong>de</strong>vem ser feitos após consulta ao médico responsável, o qual <strong>de</strong>cidirá sobre a<br />

necessida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r o uso do medicamento para a intervenção<br />

odontológica<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

4.5.2 Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)<br />

Doença que provoca diminuição da contratilida<strong>de</strong> do músculo cardíaco,<br />

apresentando-se como insuficiência cardíaca esquerda, insuficiência cardíaca direita ou<br />

insuficiência cardíaca congestiva. A etiologia po<strong>de</strong> estar ligada à presença <strong>de</strong><br />

cardiomiopatias, coronariopatias, valvulopatias, pericardiopatias, doenças sistêmicas<br />

(anemia, insuficiência renal crônica, hipertiroidismo, hipotiroidismo, etc).<br />

288


• Digitálicos<br />

• Diuréticos<br />

Medicações mais usadas<br />

• Inibidores <strong>de</strong> ECA<br />

• Beta-bloqueador<br />

• Anticoagulantes orais<br />

Classificação do estado funcional do paciente <strong>de</strong> acordo com a New York<br />

Heart Association (NYHA)<br />

• Classe I: Paciente com doença cardíaca, porém sem limitações<br />

• Classe II: Paciente com limitação leve <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física (andar rápido, subir escadas,<br />

carregar compras)<br />

• Classe III: Paciente com limitação importante da ativida<strong>de</strong> física, sintomas durante<br />

tarefas habituais (tomar banho, se vestir, higiene pessoal, etc.)<br />

• Classe IV: Paciente com sintomas <strong>de</strong> ICC em repouso<br />

Consi<strong>de</strong>racões Odontológicas<br />

• Realizar anamnese <strong>de</strong>talhada, pois muitos pacientes usam polifarmacoterapia<br />

• Tratamento odontológico é permitido nas classes funcionais I e II<br />

• Nas classes III e IV, tratamento <strong>de</strong>verá ser realizado somente em ambiente hospitalar<br />

• Aferir PA antes das consultas<br />

• Ansieda<strong>de</strong> e dor po<strong>de</strong>m induzir arritmia e HA, levando ao agravamento da ICC<br />

• Vasoconstritor (a<strong>de</strong>ranalina 1:100000) nas doses preconizadas (2 a 3 tubetes) não<br />

aumentam o risco na classe funcional I e II<br />

• Caso o paciente utilize digitálicos, evitar o uso <strong>de</strong> adrenalina, macrolí<strong>de</strong>os, tetraciclina,<br />

AAS e AINH, pois tais drogas po<strong>de</strong>m causar toxicida<strong>de</strong><br />

• Evitar uso <strong>de</strong> prilocaína<br />

• Ficar atento às arritmias<br />

• Pacientes po<strong>de</strong>m necessitar <strong>de</strong> O2<br />

• Pouca tolerância à posição supina. Recomenda-se paciente semissentado<br />

• Em pacientes que fazem uso contínuo <strong>de</strong> anticoagulantes, os procedimentos cruentos<br />

<strong>de</strong>vem ser feitos após consulta ao médico responsável, o qual <strong>de</strong>cidirá sobre a<br />

necessida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r o uso do medicamento, para a intervenção<br />

odontológica<br />

289


• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

4.5.3 Anormalida<strong>de</strong> das Válvulas Cardíacas<br />

• Constituem a terceira causa <strong>de</strong> cardiopatia<br />

• A febre reumática é a causa mais comum <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong> nas válvulas cardíacas<br />

• A válvula aórtica e a mitral são as mais frequentemente acometidas pela estenose<br />

(estreitamento), po<strong>de</strong>ndo ocorrer nas <strong>de</strong>mais válvulas cardíacas<br />

• Depen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> comprometimento, os portadores <strong>de</strong>ssas anormalida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m<br />

necessitar <strong>de</strong> colocação <strong>de</strong> uma prótese cardíaca<br />

• Esses pacientes são consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> alto risco para o aparecimento <strong>de</strong> endocardite<br />

infecciosa que po<strong>de</strong> se manifestar após uma bacteremia transitória induzida por um<br />

procedimento odontológico que envolva sangramento<br />

• A doença periodontal po<strong>de</strong> predispor o paciente à bacteremia<br />

• Tratamento odontológico e controle <strong>de</strong> higiene bucal <strong>de</strong>vem ser intituídos<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

• Realizar, sempre, profilaxia antibiótica no caso <strong>de</strong> tratamento que leve a sangramento<br />

gengival intenso<br />

Consi<strong>de</strong>racões Odontológicas<br />

• Mesmas recomendações <strong>de</strong> ICC<br />

o Profilaxia para endocardite infecciosa<br />

290<br />

o Anestésicos com vasoconstritores po<strong>de</strong>m ser usados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que obe<strong>de</strong>cidos<br />

os mesmos cuidados indicados às pessoas com doença cardíaca isquêmica<br />

o Aferir PA antes das consultas<br />

4.5.4 Arritmias<br />

• Ativida<strong>de</strong> elétrica atrial ou ventricular anormal que po<strong>de</strong> produzir sintomas e<br />

comprometimento cardiovascular<br />

• Sintomas mais frequentes<br />

o Falha <strong>de</strong> batimentos<br />

o Palpitações


o Tontura<br />

o Dispneia<br />

o Hipotensão<br />

o Síncope<br />

• Complicações<br />

o Cardiopatia isquêmica (angina, infarto do miocárdio, ICC, parada cardíaca)<br />

o Ataques isquêmicos passageiros<br />

o Aci<strong>de</strong>nte cerebrovascular<br />

• As arritimias po<strong>de</strong>m ser<br />

o Atriais: Raramente ameaçam a vida, po<strong>de</strong>ndo causar sintomas hemodinâmicos<br />

o Ventriculares: Po<strong>de</strong>m representar risco à vida, necessitando <strong>de</strong> tratamento médico<br />

constante<br />

• Valores <strong>de</strong> referência:<br />

Adulto<br />

o Frequência cardíaca normal: 60 a 100 batimentos por minuto (BPM)<br />

o Bradicardia: < 60 BPM<br />

o Taquicardia: > 100 BPM<br />

Criança<br />

Ida<strong>de</strong> Variação (BPM)<br />

o 01 a 12 meses - 110 a 140<br />

o 01 a 03 anos - 110 a 130<br />

o 03 a 06 anos - 110 a 125<br />

o 06 a 08 anos - 75 a 115<br />

o 08 a 10 anos - 70 a 110<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Anamnese: Pesquisar a causa da arritmia (cardiopatia <strong>de</strong> base)<br />

• Avaliação médica a fim <strong>de</strong> se conhecer com certeza o controle da doença<br />

• Vasoconstritores po<strong>de</strong>m ser utilizados em pacientes bem controlados. Não exce<strong>de</strong>r a<br />

dose <strong>de</strong> adrenalina (2 a 3 tubetes) <strong>de</strong>vido ao efeito pró-arrítmico<br />

291


• Anestésico com vasoconstritor é contraindicado no caso <strong>de</strong> arritmia refratária<br />

• Tratamento odontológico em ambiente hospitalar para arritmias refratárias<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

• Paciente que relata arritmia durante a anamnese:<br />

292<br />

o Sem restrição às ativida<strong>de</strong>s diárias: Não há contraindicação ao tratamento<br />

odontológico ou ao uso <strong>de</strong> anestésico com vasoconstritor<br />

o Com restrições às ativida<strong>de</strong>s diárias: CD e o médico do paciente<br />

estabelecerão um plano <strong>de</strong> tratamento odontológico seguro<br />

• Drogas antiarritimicas po<strong>de</strong>m causar crescimento gengival e hipossalivação<br />

• Aferir PA e frequência cardíaca antes das as consultas<br />

4.5.6 Marcapasso Cardíaco<br />

Utilizado no tratamento <strong>de</strong> bradiarritmias e taquiarritmias.<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Os aparelhos mo<strong>de</strong>rnos não sofrem interferência <strong>de</strong> raios X, ultrassom, bisturi elétrico,<br />

porém os antigos po<strong>de</strong>rão sofrer interferência<br />

• Os anestésicos indicados são os mesmos utilizados para ICC e arritmia<br />

• A profilaxia para endocardite infecciosa não está indicada<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

4.5.7 Consi<strong>de</strong>rações Gerais<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se o portador <strong>de</strong> cardiovasculopatia compensado ou controlado quando:<br />

• Apresentar HA controlada<br />

• A frequência cardíaca for menor que 100 BPM e maior que 60 BPM<br />

• Decorridos no mínimo 6 meses após infarto do miocárdio ou aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral<br />

(AVC)<br />

• Decorridos no mínimo 3 meses após a cirurgia <strong>de</strong> ponte <strong>de</strong> artéria coronária ou<br />

revascularização<br />

• Apresentar angina pectoris ou insuficiência cardíaca congestiva estável


4.6 Endocardite Infecciosa (EI)<br />

4.6.1 Conceito<br />

293<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Fabrício Parra Garcia<br />

Processo infeccioso da superfície do endocárdio, envolvendo geralmente as<br />

válvulas cardíacas. Seu <strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong> estar relacionado com presença <strong>de</strong><br />

bactérias na corrente sanguinea, após a realização <strong>de</strong> procedimentos invasivos ou mesmo<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s diárias rotineiras como escovação <strong>de</strong>ntária.<br />

4.6.2 Fatores predisponentes<br />

• Usuário <strong>de</strong> drogas<br />

• Portadores <strong>de</strong> lesões orovalvares<br />

• Portadores <strong>de</strong> próteses valvares<br />

• AIDS/ imunocomprometimento<br />

no Quadro 60.<br />

O uso <strong>de</strong> antibioticoprofilaxia em odontologia está recomendado nos casos listados


Condições<br />

Profilaxia recomendada<br />

Profilaxia não recomendada<br />

(Alto risco)<br />

(Baixo risco)<br />

• Portador <strong>de</strong> prótese cardíaca valvar • Presença <strong>de</strong> septo atrial<br />

• Valvopatia corrigida com material protético • Correção cirúrgica <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> septo atrial<br />

ou ventricular ou pacientes com persistência<br />

<strong>de</strong> ducto arterioso (sem resíduo após seis<br />

meses)<br />

• Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> EI • Cardíaco<br />

miocádica<br />

prévio com revascularização<br />

• Valvopatia adquirida em paciente<br />

• Prolapso da válvula mitral com ou sem<br />

transplantando cardíaco<br />

regurgitação e/ou espessamento dos folhetos<br />

• Cardiopatia congênita cianogênica não<br />

•<br />

corrigida ou corrigida, mas que evoluiu para<br />

lesão residual<br />

Cardiopatia congênita corrigida com material<br />

protético<br />

• Shunt sistêmico pulmonar: Condutos<br />

pulmonares cirurgicamente construídos<br />

• Antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> febre reumática com<br />

disfunção valvar<br />

294<br />

• Doença <strong>de</strong> Kawasaki 33 prévia sem disfunção<br />

valvar<br />

• Antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> febre reumática sem<br />

disfunção valvar<br />

• Marcapasso cardíaco intravascular e<br />

•<br />

Epicárdio e <strong>de</strong>sfibibrilador implantado<br />

Gran<strong>de</strong>s próteses articulares<br />

• Cardiomiopatia hipertrófica<br />

• Pacientes com <strong>de</strong>fesa imunológica<br />

prejudicada por doenças (AIDS, doenças<br />

autoimunes, neutropenia) ou por<br />

medicamentos (corticosteroi<strong>de</strong>,<br />

imunossupressores, transplantados)<br />

• Infecção facial severa<br />

• DM<br />

• Doença renal<br />

• Hepatite crônica ou ativa<br />

Quadro 60 - Recomendações quanto à antibioticoterapia em Odontologia<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Indivíduos com risco EI <strong>de</strong>vem manter a melhor condição bucal possível para que se<br />

reduzam as fontes potenciais <strong>de</strong> disseminação bacteriana, o que po<strong>de</strong> ser obtido através<br />

<strong>de</strong> cuidados profissionais regulares e manutenção caseira pelo paciente (escovação<br />

<strong>de</strong>ntária e uso do fio <strong>de</strong>ntal)<br />

• A realização <strong>de</strong> bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong>ntários, reduz o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

• De preferência, realizar vários procedimentos em uma única sessão<br />

• No caso <strong>de</strong> várias sessões, respeitar o período <strong>de</strong> pelo menos sete dias entre as<br />

consultas, a fim <strong>de</strong> se evitar resistência ao antibiótico<br />

33 É uma enfermida<strong>de</strong> que envolve a boca, a pele e nódulos linfáticos e afeta, principalmente,<br />

crianças abaixo <strong>de</strong> 5 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. De causa <strong>de</strong>sconhecida, mas se seus sintomas forem<br />

reconhecidos logo, as crianças com esta doença po<strong>de</strong>m se recuperar em poucos dias. Se não<br />

tratada, po<strong>de</strong> levar a sérias complicações que po<strong>de</strong>m envolver o coração. É uma vasculite que po<strong>de</strong><br />

provocar aneurismas principalmente das artérias coronárias.


• Caso o paciente já esteja utilizando rotineiramente um antibiótico que também seja o<br />

indicado para a profilaxia <strong>de</strong> EI, é recomendável que se selecione um antibiótico <strong>de</strong> outra<br />

classe do que aumentar a dose do mesmo<br />

No Quadro 61 estão listados os procedimentos odontológicos e o risco potencial <strong>de</strong><br />

bacteremia relacionado a cada um <strong>de</strong>les.<br />

Risco significativo <strong>de</strong> bacteremia Baixo risco <strong>de</strong> bacteremia*<br />

• Exodontias • Procedimentos restauradores<br />

• Implantes ou reimplantes <strong>de</strong>ntários • Injeções anestésicas locais<br />

• Tratamentos periodontais com • Remoção <strong>de</strong> sutura<br />

sangramento: Raspagem, cirurgia,<br />

sondagem (mapeamento periodontal)<br />

• Procedimentos endodônticos • Aplicação <strong>de</strong> flúor<br />

•<br />

(instrumentação, cirurgias endodônticas)<br />

Injeções intraligamentares • Radiografias<br />

• Colocação <strong>de</strong> bandas ortodônticas • Colocação <strong>de</strong> brackets<br />

• Profilaxia <strong>de</strong>ntária com risco <strong>de</strong> • Moldagens<br />

sangramento gengival<br />

• Outras intervenções, on<strong>de</strong> o • Procedimentos restauradores<br />

sangramento<br />

bacteremia)<br />

é iminente (risco <strong>de</strong><br />

• Exodontias<br />

* Não há necessariamente indicação <strong>de</strong> profilaxia antibiótica, entretanto, situações que apresentem<br />

risco <strong>de</strong> sangramento, <strong>de</strong>vem ser analisadas caso a caso pelo CD.<br />

Quadro 61 - Risco <strong>de</strong> bacteremia relacionado ao tipo <strong>de</strong> procedimento odontológico<br />

295


O Quadro 62 apresenta o esquema <strong>de</strong> profilaxia antibiótica para EI.<br />

Situação Antibiótico Posologia criança* Posologia adulto<br />

Não alérgico<br />

à penicilina<br />

Alérgico à<br />

penicilina<br />

1. Amoxicilina<br />

2. Ampicilina<br />

3. Cefazolina ou<br />

Ceftriaxona<br />

1. Cefalexina<br />

2. Clindamicina<br />

3. Azitromicina ou<br />

Claritromicina<br />

4. Cefazolina ou<br />

Ceftriaxona<br />

1. 50 mg/Kg Via Oral (VO)<br />

30 a 60 minutos antes<br />

2. 50 mg/Kg Intramuscular<br />

(IM) ou Intravenoso (IV)<br />

30 a 60 minutos antes<br />

3. 50 mg/Kg (IM ou IV) 30 a<br />

60 minutos antes<br />

1. 50 mg/Kg (VO) 30 a 60<br />

minutos antes<br />

2. 20 mg/Kg (VO ou IM ou<br />

IV) 30 a 60 minutos antes<br />

3. 15 mg/Kg (VO) 30 a 60<br />

minutos antes<br />

4. 50 mg/Kg (IM ou IV) 30 a<br />

60 minutos antes<br />

*A dose total pediátrica nunca <strong>de</strong>ve ultrapassar a dose do adulto.<br />

**Os casos omissos <strong>de</strong>verão ser discutidos com a equipe multiprofisional da USF<br />

Fonte: Wilson et al, 2009<br />

Quadro 62 - Esquema <strong>de</strong> profilaxia da EI para o paciente odontológico<br />

296<br />

1. 2 g (VO) 30 a 60<br />

minutos antes<br />

2. 2 g (IM ou IV) 30<br />

a 60 minutos<br />

antes<br />

3. 1 g (IM ou IV) 30<br />

a 60 minutos<br />

antes<br />

1. 2 g (VO) 30 a 60<br />

minutos antes<br />

2. 600 mg (VO ou<br />

IM ou IV) 30 a<br />

60 minutos antes<br />

3. 500 mg (VO) 30<br />

a 60 minutos<br />

antes<br />

4. 1g (IM ou IV) 30<br />

a 60 minutos<br />

antes)


4.7 Paciente em Terapia Anticoagulante<br />

297<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Fabrício Parra Garcia<br />

A terapêutica anticoagulante é normalmente administrada nos seguintes casos:<br />

• Válvulas cardíacas protéticas<br />

• Cardiomiopatias como isquemia cardíaca<br />

• Arritmias<br />

• Fibrilação atrial<br />

• Trombose profunda<br />

• Embolia pulmonar<br />

• AVC<br />

• Pacientes em hemodiálise<br />

• Transplantados renais, cardíacos ou hepáticos<br />

• Outros<br />

Em pacientes que fazem uso contínuo <strong>de</strong> anticoagulantes orais (varfarina sódica 34 ),<br />

os procedimentos cruentos <strong>de</strong>vem ser feitos após consulta ao médico do paciente, o qual<br />

<strong>de</strong>cidirá sobre a necessida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r o uso do medicamento, para a<br />

intervenção odontológica, uma vez que o paciente apresenta, por um lado, risco aumentado<br />

<strong>de</strong> sangramento e, por outro, risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver trombose e embolia.<br />

Um parâmetro utlizado é o International Normalized Ratio (INR) que é um exame<br />

que me<strong>de</strong> o tempo <strong>de</strong> coagulação e o compara com uma média. Pessoas sadias<br />

apresentam um INR próximo <strong>de</strong> 1.0. Pessoas anticoaguladas têm um INR entre 2.0 e 4.0.<br />

Um INR > 4.0 po<strong>de</strong> indicar que a coagulação sanguinea está excessivamente lenta, criando<br />

um risco <strong>de</strong> hemorragia incontrolada.<br />

34 Varfarina sódica – nomes comerciais: Warfarin ® , Marevan ® , Coumadim ® , Dicumarol ® , Varfarina ® .


Insuficiência Renal Crônica (IRC)<br />

299<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Raquel Cristina Guapo Rocha<br />

Doença progressiva caracterizada por uma crescente incapacida<strong>de</strong> do rim em<br />

manter níveis normais dos produtos do metabolismo das proteínas, valores normais <strong>de</strong><br />

pressão arterial e hematócrito, bem como o equilíbrio <strong>de</strong> sódio, água, potássio e ácido base.<br />

Causas mais comuns<br />

• Hipertensão <strong>de</strong> longa duração causando nefroesclerose secundária<br />

• Nefropatia <strong>de</strong>vido<br />

o DM<br />

o Pielonefrite<br />

o Glomerulonefrite<br />

o Rins policísticos<br />

o Doença autoimune como Lupus Eritematoso, entre outras<br />

o Intoxicação por abuso <strong>de</strong> analgésicos<br />

Alterações sistêmicas mais comuns<br />

• Cardiovasculares: Hipertensão, insuficiência cardíaca congestiva, pericardite e<br />

aterosclerose<br />

• Gastrintestinais: Náuseas, úlcera péptica, gastroenterite, colite, alterações <strong>de</strong> paladar e<br />

sensação <strong>de</strong> gosto metálico<br />

• Dermatológicas: Prurido, empali<strong>de</strong>cimento e hiperpigmentação da pele<br />

• Hematológicas: Aumento no tempo <strong>de</strong> sangramento, anemia, petéquias e equimoses.<br />

Hematomas po<strong>de</strong>m se formar após uma cirurgia bucal ou periodontal ou até mesmo<br />

após a injeção <strong>de</strong> anestésico local<br />

• Neurológicas: Perda <strong>de</strong> memória, encefalopatia, coma, convulsões e óbito<br />

• Musculoesqueléticas: Dores nos ossos, <strong>de</strong>sgaste muscular e osteodistrofia renal 35<br />

35 Alteração esquelética causada pelo metabolismo alterado <strong>de</strong> cálcio e fosfato, <strong>de</strong> vitamina D e pelo<br />

aumento da ativida<strong>de</strong> do paratormônio.


Achados laboratoriais mais frequentes<br />

• Anemia resultante da falta <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> eritropoetina pelos rins<br />

• Hipercalemia e acidose metabólica secundária<br />

• Nível sérico elevado <strong>de</strong> fosfato e diminuído <strong>de</strong> cálcio<br />

• Coagulograma: Tempo <strong>de</strong> sangramento prolongado<br />

• Níveis elevados <strong>de</strong> creatinina e ureia séricas<br />

Manifestações bucais<br />

• IRC com início na infância po<strong>de</strong> causar hipoplasia do esmalte, estreitamento da câmara<br />

pulpar, manchas nos <strong>de</strong>ntes, crescimento mandibular e maxilar alterados, maloclusão e<br />

erupção <strong>de</strong>ntária retardada<br />

• Reabsorção óssea, migração, mobilida<strong>de</strong> ou até perdas <strong>de</strong>ntárias<br />

• A higiene bucal <strong>de</strong>ficiente e a acidose facilitam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> erosão, aumento<br />

da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> cálculo (principalmente nos pacientes <strong>de</strong> diálise) e problemas gengivais<br />

com tendência a e<strong>de</strong>ma e sangramento<br />

• Presença <strong>de</strong> dor à percussão <strong>de</strong>ntal e à mastigação<br />

• Hálito amoniacal, gosto metálico, candidíase, hipossalivação e estomatite urêmica 36<br />

• Pali<strong>de</strong>z da mucosa bucal, em pacientes em diálise, <strong>de</strong>vido à anemia<br />

• Remo<strong>de</strong>lação óssea anormal após a extração, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> reabsorção da<br />

lâmina dura e <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> osso esclerótico<br />

• Pacientes em diálise po<strong>de</strong>m apresentar baixa incidência <strong>de</strong> cárie, em <strong>de</strong>corrência do<br />

efeito anticariogênico dos níveis <strong>de</strong> ureia na saliva<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Avaliação médica para se conhecer<br />

o Controle metabólico do paciente<br />

300<br />

o Informações sobre os exames complementares como<br />

hemograma/coagulograma, etc.<br />

o Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> profilaxia antibiótica<br />

o Ajuste <strong>de</strong> doses <strong>de</strong> medicamentos, inclusive anticoagulantes orais<br />

36 Estomatite causada <strong>de</strong>vido aos altos níveis <strong>de</strong> amônia na saliva, com consequente alteração do pH<br />

salivar e com repercussões na mucosa bucal


• Aferir pressão antes das consultas<br />

• Determinar a doença <strong>de</strong> base da insuficiência renal<br />

• Determinar presença <strong>de</strong> sintomas urêmicos (fadiga, náusea, vômito, letargia, prurido)<br />

• Pacientes em hemodiálise: Realizar o tratamento odontológico, inclusive exodontia, <strong>de</strong><br />

preferência no dia seguinte ao procedimento, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> maior equilíbrio<br />

metabólico. Caso seja necessário realizar procedimentos cruentos (exodontia ou outros)<br />

no dia da diálise, avisar o médico responsável a fim <strong>de</strong> que o mesmo possa realizar<br />

a<strong>de</strong>quações durante hemodiálise (ajuste <strong>de</strong> dose <strong>de</strong> heparina)<br />

• Pacientes que irão se submeter a transplante renal é <strong>de</strong> fundamental importância<br />

eliminar focos infecciosos bucais antes do transplante<br />

• O tratamento <strong>de</strong>ntário eletivo <strong>de</strong>ve ser evitado durante os seis primeiros meses pós-<br />

transplante<br />

• Os procedimentos <strong>de</strong> urgência po<strong>de</strong>rão ser realizados com a <strong>de</strong>vida profilaxia antibiótica<br />

• Realizar profilaxia <strong>de</strong>ntal e bochecho com gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, antes <strong>de</strong> procedimentos odontológicos, principalmente cruentos<br />

• Instituir medidas hemostáticas. Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 6,<br />

item 6.2.3.2.2<br />

• Encorajar o paciente a ter cuidados diários com a saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Renais crônicos hipertensos: Evitar mudanças bruscas <strong>de</strong> posição pelo risco <strong>de</strong><br />

hipotensão postural<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre medicamentos<br />

• Analgésicos: Paracetamol e a Dipirona sem restrição<br />

• O AAS está contraindicado por seus efeitos antiplaquetários<br />

• Restringir o uso <strong>de</strong> AINH por seus possíveis efeitos nefrotóxicos. Em caso <strong>de</strong> indicação<br />

estrita, consultar o médico responsável<br />

• Amoxicilina: Sem restrição<br />

• Azitromicina e eritromicinas são seguras, porém necessitam <strong>de</strong> diminuição das doses<br />

• Metronidazol é seguro, mas é necessário ajuste do intervalo entre as doses<br />

• Claritomicina e tetraciclina são contraindicadas<br />

• Doxiciclina é segura, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajuste <strong>de</strong> dose<br />

• Diazepam: Sem restrição<br />

• Anestésico local<br />

o 1ª opção: Lidocaína 2% com adrenalina: 2 a 3 tubetes<br />

o 2ª opção: Mepivacaína 3% sem vasoconstritor: 2 tubetes<br />

o Evitar prilocaína<br />

301


4.9 Paciente Transplantado (rim, fígado, coração, medula óssea, etc.)<br />

• Aumento <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong> às infecções<br />

• A avaliação médica é <strong>de</strong> fundamental importância para a realização <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong><br />

tratamento odontológico seguro<br />

• Profilaxia antibiótica antes <strong>de</strong> procedimentos invasivos. Para maiores informações<br />

reportar-se ao Quadro 62 <strong>de</strong>ste Capítulo<br />

• Pacientes que normalmente fazem uso da ciclosporina 37 e nifedipina po<strong>de</strong>m apresentar<br />

hiperplasia gengival, hipertensão, aumento dos níveis <strong>de</strong> creatinina<br />

• Doença do enxerto contra o hospe<strong>de</strong>iro (DECH) 38<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Em pacientes que irão se submeter ao transplante renal é <strong>de</strong> fundamental importância<br />

eliminar focos infecciosos bucais e controle efetivo do biofilme <strong>de</strong>ntal, inclusive após a<br />

realização do transplante<br />

37 Medicamento utilizado para prevenir rejeição do órgão transplantado<br />

38 É a maior causa <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> principalmente em pacientes submetidos a transplante<br />

<strong>de</strong> medula óssea. As células do enxerto reconhecem os antígenos do hospe<strong>de</strong>iro como estranhas,<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando uma série <strong>de</strong> complicações na mucosa bucal, pele, fígado, trato gastrintestinal e<br />

sistema linfoi<strong>de</strong> do transplantado. As alterações na cavida<strong>de</strong> bucal po<strong>de</strong>m prece<strong>de</strong>r as manifestações<br />

da DECH em outros órgãos, sugerindo a pesquisa e diagnóstico nos mesmos. Na cavida<strong>de</strong> bucal<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer as seguintes manifestações semelhantes ao líquen plano: leucoe<strong>de</strong>ma, estrias<br />

brancas, microstomia, úlceras dolorosas, ardência bucal, xerostomia, mucoceles, etc. O CD<br />

geralmente é o primeiro profissional da equipe a diagnosticar a DECH. O não diagnóstico po<strong>de</strong> levar<br />

à evolução <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> infecção generalizada, responsável por altos índices <strong>de</strong> morbimortalida<strong>de</strong><br />

do paciente<br />

302


Hepatites<br />

• Virais<br />

• Não Virais<br />

• Fases<br />

304<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

São infecções que acometem o fígado, po<strong>de</strong>ndo ser classificadas em:<br />

o Vírus hepatotrópicos<br />

� Atualmente reconhecem-se 7 tiposn <strong>de</strong> vírus<br />

� Vírus A (HAV), Vírus B (HBV), Vírus C (HCV): Mais comuns<br />

� Vírus Delta (HDV), Vírus E(HEV), Vírus F (HFV), Vírus G (HGV)<br />

o Vírus não hepatotrópicos: Citomegalovírus, Epstein Barr (mononucleose),<br />

vírus da rubeola e do herpes também po<strong>de</strong>m causar quadro clínico<br />

semelhante<br />

o Hepatite por álcool, medicamentos, autoimune, doenças metabólicas,<br />

infecciosas (não virais): Bactérias, protozoários, helmintos<br />

o Incubação: 4 a 12 semanas, po<strong>de</strong>ndo ser maior ou menor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do<br />

tipo <strong>de</strong> vírus<br />

o Prodrômica ou pré-ictérica (duração <strong>de</strong> 3 a 4 dias): Náuseas, vômitos, às<br />

vezes diarreia, fadiga, cefaleia, perda <strong>de</strong> peso, mialgia, etc. Altamente<br />

infecciosa<br />

o Fase Clínica: Inicia-se aproximadamente uma semana após a fase<br />

prodrômica, po<strong>de</strong>ndo durar <strong>de</strong> 1 a 4 semanas ou até meses. Ocorre redução<br />

dos sintomas exceto os gastrintestinais, caracterizados por


305<br />

hepatoesplenomegalia dolorosa e discreta, dor abdominal e fadiga. A urina é<br />

escura e o paciente se queixa <strong>de</strong> prurido cutâneo<br />

o Fase <strong>de</strong> Recuperação: A ícterícia <strong>de</strong>saparece, os sintomas gerais diminuem e<br />

o funcionamento do fígado retorna a valores normais<br />

OBS: As hepatites po<strong>de</strong>m também ser subclínicas. As formas crônicas po<strong>de</strong>m se<br />

<strong>de</strong>senvolver após hepatite por vírus B e C.<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Pacientes com hepatite ativa ou com esclerótica amarela ou icterícia: O tratamento<br />

odontológico <strong>de</strong>ve ser adiado, <strong>de</strong>vendo ser encaminhado para avaliação médica. Tratar<br />

somente casos <strong>de</strong> urgência<br />

• Portadores <strong>de</strong> hepatite ou com história pregressa <strong>de</strong> hepatite: Po<strong>de</strong>m apresentar<br />

hepatite crônica e ter disfunção hepática, o que interfere com hemostasia e metabolismo<br />

<strong>de</strong> drogas. Recomenda-se avaliação médica antes do tratamento<br />

• Seguir normas <strong>de</strong> biossegurança<br />

• O tratamento odontológico <strong>de</strong> rotina, inclusive cirúrgico <strong>de</strong> baixa complexida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

realizado sem restrição, após avaliação do médico responsável<br />

• Anestésico local: Lidocaína 2% com adrenalina, 2 a 3 tubetes<br />

• AAS e AINH: Contraindicados em todos os tipos <strong>de</strong> doenças hepáticas<br />

• Paracetamol: Po<strong>de</strong> ser utilizado, mas com cautela <strong>de</strong>vido ao risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> hepática<br />

• Amoxicilina: Sem restrição<br />

• Macrolí<strong>de</strong>os, tetraciclina e metronidazol: Contraindicados<br />

• Doxiciclina: Dose normal na hepatite. Reduzir dose na presença <strong>de</strong> cirrose<br />

• Clindamicina: Dose normal na hepatite. Reduzir dose na presença <strong>de</strong> cirrose. Não<br />

utilizar caso haja problema renal concomitante<br />

4.11 Cirrose Hepática<br />

Destruição das células hepáticas e fibrose progressiva resultantes <strong>de</strong> lesão grave<br />

ou prolongada, após algum tipo <strong>de</strong> hepatite.<br />

Funções hepáticas <strong>de</strong>terioradas<br />

• Síntese <strong>de</strong> albumina<br />

• Fatores <strong>de</strong> coagulação<br />

• Metabolização <strong>de</strong> drogas


Principais causas<br />

• Álcool<br />

• Hepatites virais B, B/D e C<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Avaliação com médico responsável antes dos procedimentos odontológicos<br />

• Hemostasia e metabolismo <strong>de</strong> drogas po<strong>de</strong>m estar alterados<br />

• Geralmente apresentam sangramento gengival <strong>de</strong>vido à má higiene e<br />

presença <strong>de</strong> doenças periodontais<br />

• Procedimentos cirúrgicos <strong>de</strong> baixa complexida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser realizados<br />

306


4.12 Paciente em Tratamento Oncológico<br />

308<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

O paciente com câncer que procura atendimento odontológico apresenta<br />

geralmente uma precária condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal. Somam-se a esse quadro as alterações<br />

que o tratamento radioterápico/quimioterápico po<strong>de</strong>m provocar à cavida<strong>de</strong> bucal.<br />

Tanto a radioterapia como a quimioterapia causam toxicida<strong>de</strong> aos tecidos normais e<br />

ao leito tumoral, po<strong>de</strong>ndo os efeitos adversos ser classificados em agudos e tardios, <strong>de</strong><br />

acordo com o período em que ocorrem.<br />

Os efeitos agudos po<strong>de</strong>m aparecer durante o tratamento <strong>de</strong> radioterapia ou<br />

quimioterapia e acometem tecidos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> renovação celular, como a mucosa bucal. Os<br />

tardios normalmente aparecem após o fim do tratamento oncológico e po<strong>de</strong>m ser<br />

observados em tecidos e órgãos <strong>de</strong> maior especificida<strong>de</strong> celular, como músculos e ossos,<br />

também comprometendo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ntário quando o tratamento for realizado<br />

durante a infância.<br />

Quimioterapia<br />

Aproximadamente uma a duas semanas após a sessão <strong>de</strong> quimioterapia, o<br />

paciente entra em imunossupressão, po<strong>de</strong>ndo apresentar:<br />

• Maior vulnerabilida<strong>de</strong> a infecções bucais (periapicais, fúngicas e virais), com proporções<br />

maiores que em pacientes saudáveis<br />

• Hemorragia gengival espontânea ou por escovação traumática<br />

• Mucosite<br />

• Neurotoxicida<strong>de</strong><br />

Radioterapia <strong>de</strong> cabeça ou pescoço<br />

Complicações bucais mais comuns<br />

• Hipossalivação<br />

• Mucosite<br />

• Cárie <strong>de</strong> radiação


• Osteorradionecrose<br />

• Trismo<br />

• Desenvolvimento <strong>de</strong>ntário anormal, quando a radioterapia coinci<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação do<br />

órgão <strong>de</strong>ntário<br />

O Quadro 63 apresenta as caracteríticas das principais complicações bucais e a<br />

conduta do CD diante das mesmas.<br />

309


Alteração<br />

Hipossalivação<br />

Mucosite<br />

Osteorradionecrose<br />

Descrição<br />

310<br />

• Diminuição no fluxo salivar em até 90% que po<strong>de</strong> ser transitória ou <strong>de</strong>finitiva (rara)<br />

• Queixas frequentes<br />

o Ardência bucal<br />

o Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutir alimentos secos<br />

o Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar<br />

o Diminuição do paladar<br />

o Aumento do consumo <strong>de</strong> líquidos<br />

o Úlceras dolorosas<br />

o Aumento <strong>de</strong> lesões cariosas<br />

• Redução progressiva do quadro <strong>de</strong> hipossalivação após o tratamento radioterápico<br />

• Tratamento. Para maiores informações, reportar-se ao Capítulo 8<br />

o Aumentar consumo <strong>de</strong> água<br />

o Controle biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

o Controle <strong>de</strong> dieta<br />

o Fluorterapia<br />

o Goma <strong>de</strong> mascar sem açúcar<br />

o Outros<br />

• Severa inflamação da mucosa bucal<br />

• Início após a segunda semana <strong>de</strong> quimioterapia ou radioterapia<br />

• Eritema e lesões ulceradas em diferentes regiões da boca<br />

• Dor intensa<br />

• Febre<br />

• Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecções secundárias<br />

• Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong> fala<br />

• Difícil <strong>de</strong> prevenir<br />

• A regeneração da mucosa bucal submetida à radiação ocorre 30 a 90 dias após o<br />

término da radioterapia<br />

• Tratamento<br />

o É paliativo<br />

o Analgésicos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da severida<strong>de</strong><br />

o Evitar alimentos condimentados e ácidos, muito quentes ou muito gelados e<br />

<strong>de</strong> consistência sólida<br />

o Higiene bucal meticulosa com escova <strong>de</strong>ntal extramacia e pasta <strong>de</strong>ntal<br />

infantil <strong>de</strong> sabores não ácidos e não mentolados ou que possam causar<br />

ardência<br />

o Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escovação normal, o paciente <strong>de</strong>verá realizar<br />

bochechos com solução fisiológica 0,9%, 4 vezes ao dia<br />

o Bochecho com hidróxido <strong>de</strong> alumínio ou magnésio, 4 vezes ao dia, po<strong>de</strong>m<br />

ser indicados<br />

o Laser <strong>de</strong> baixa potência po<strong>de</strong> ser indicado<br />

• Sequela <strong>de</strong> ocorrência tardia, com incidência maior nos primeiros três anos pósradioterapia,<br />

mas que po<strong>de</strong> ocorrer até 5 anos após a mesma<br />

• Necrose óssea provocada por exodontias, procedimentos invasivos e cirúrgicos,<br />

próteses mal adaptadas, infecções periodontais e periapicais por toda a região<br />

irradiada<br />

• Acomete mais a mandíbula<br />

• Tratamentos conservadores (restaurações, endodontias ou remoções <strong>de</strong> cálculos<br />

<strong>de</strong>ntários supragengival): Sem restrição quando executados com cautela<br />

• Procedimentos cirúrgicos invasivos são contraindicados. Liberados somente após 5<br />

anos, sempre com profilaxia antibiótica e espaço <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> 15 dias <strong>de</strong> uma<br />

intervenção para outra<br />

• Tratamento da osteorradionecrose<br />

o Radical: Remoção cirúrgica da necrose óssea<br />

o Conservador: Solução <strong>de</strong> io<strong>de</strong>to <strong>de</strong> sódio a 2% e água oxigenada 3% em<br />

partes iguais promovendo assim o sequestro da porção necrosada<br />

Quadro 63 - Complicações bucais <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> quimioterapia e/ou radioterapia


Alteração<br />

Descrição<br />

• A articulação têmporo-mandibular e os músculos da mastigação expostos à<br />

radiação sofrem fibrose gradual levando ao trismo<br />

• A abertura da boca fica comprometida por longo período, dificultando a<br />

Trismo<br />

higiene bucal e os procedimentos <strong>de</strong>ntários<br />

• Recomendar exercícios <strong>de</strong> fisioterapia e uso <strong>de</strong> relaxantes musculares, se<br />

necessário<br />

• Decorrente das mudanças na microflora bucal e da hipossalivação<br />

• Frequentemente no terço cervical, iniciando pela face vestibular e<br />

posteriormente pela lingual, progredindo ao redor do <strong>de</strong>nte como uma lesão<br />

anelar que po<strong>de</strong> levar à amputação da coroa<br />

Cárie <strong>de</strong> radiação<br />

•<br />

•<br />

O tratamento mais eficaz é a prevenção<br />

Orientar o paciente quanto a<br />

o Higiene bucal<br />

o Restrição <strong>de</strong> açúcares na dieta<br />

o Manejo da hipossalivação (Para maiores informações reportar-se ao<br />

Capítulo 8)<br />

o Aplicação tópica <strong>de</strong> flúor: Evitar em caso <strong>de</strong> mucosite<br />

• Leva a sangramento gengival espontâneo ou por escovação traumática<br />

• Muitos oncologistas recomendam que os pacientes suspendam a<br />

Plaquetopenia escovação durante fases <strong>de</strong> plaquetopenia severa<br />

• Realizar bochechos com solução <strong>de</strong> soro fisiológico 0,9% , 4 vezes ao dia<br />

• Gran<strong>de</strong> relevância para a odontologia<br />

• É rara, representando cerca <strong>de</strong> 6% das complicações bucais<br />

Neurotoxicida<strong>de</strong> • Dor odontogênica semelhante à dor <strong>de</strong> uma pulpite, os sintomas<br />

<strong>de</strong>saparecem com a suspensão da quimioterapia<br />

Disgeusia • Acomete os pacientes a partir da segunda ou terceira semana <strong>de</strong><br />

radioterapia, po<strong>de</strong>ndo durar várias semanas ou mesmo meses<br />

• A recuperação ocorre entre 60 e 120 dias, após o término da irradiação<br />

• Atinge cerca <strong>de</strong> 70% dos pacientes que são submetidos à radioterapia,<br />

implicando também em perda <strong>de</strong> apetite e <strong>de</strong> peso<br />

Candidose • Ocorre em 17 a 29% dos indivíduos submetidos à radioterapia<br />

• Decorre provavelmente da queda do fluxo salivar e da ativida<strong>de</strong> fagocítica<br />

reduzida dos granulócitos salivares<br />

• Manifesta-se na forma pseudomembranosa e eritematosa.<br />

• Os pacientes relatam principalmente dor e/ou sensação <strong>de</strong> queimação<br />

o Tratamento com antifúngicos tópicos como Nistatina suspensão,<br />

pastilha ou tabletes ou Miconazol<br />

Quadro 63 - Complicações bucais <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> quimioterapia e/ou radioterapia<br />

- Continuação<br />

311


Cuidados pré-tratamento oncológico<br />

O tratamento odontológico prévio é <strong>de</strong> fundamental importância e tem o objetivo <strong>de</strong><br />

eliminação dos focos <strong>de</strong> infecção na cavida<strong>de</strong> bucal e prevenção <strong>de</strong> complicações<br />

relacionadas ao tratamento oncológico, como a mucosite, por exemplo. Desta maneira,<br />

sugerem-se as seguintes precauções:<br />

• Entrar em contato com o médico responsável pelo paciente<br />

• Avaliar as condições sistêmicas do mesmo<br />

• Avaliar as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Determinar tipo e local do tumor<br />

• Saber qual o tratamento oncológico proposto<br />

• Orientar o paciente quanto aos cuidados bucais<br />

o Controle <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

o Escovação com <strong>de</strong>ntifrícios fluorados após as refeições e utilização do fio <strong>de</strong>ntal<br />

o Utilização diária <strong>de</strong> solução fluorada em base aquosa<br />

o Orientação sobre controle <strong>de</strong> dieta<br />

• Profilaxia e aplicação tópica <strong>de</strong> flúor no consultório odontológico<br />

• Raspagem supra e subgengival<br />

• Eliminação <strong>de</strong> focos <strong>de</strong> infecção através <strong>de</strong> endodontia, exodontia, selamento das<br />

cavida<strong>de</strong>s com CIV<br />

• Exodontia: Deve ser realizada pelo menos duas semanas antes do início da radioterapia<br />

ou quimioterapia e <strong>de</strong> preferência com antibioticoterapia prévia. NUNCA na área do<br />

tumor. Realizar tratamento paliativo para eliminação da dor<br />

• Realizar tratamento restaurador sempre que possível<br />

• O alívio dos casos dolorosos <strong>de</strong>ve ser realizado antes dos outros procedimentos<br />

OBS: Má nutrição, higiene bucal ina<strong>de</strong>quada, <strong>de</strong>ntes em mau estado, infecções crônicas e<br />

gengivite potencializam o risco <strong>de</strong> mucosite, além <strong>de</strong> possibilitarem o aparecimento <strong>de</strong><br />

infecções <strong>de</strong>ntais agudas, que po<strong>de</strong>m levar a uma septicemia durante o tratamento<br />

oncológico, <strong>de</strong>vido à queda <strong>de</strong> resistência.<br />

312


Cuidados durante o tratamento oncológico<br />

Quimioterapia<br />

• Estimular o paciente a manter as medidas <strong>de</strong> cuidado bucal<br />

• Realização <strong>de</strong> antibioticoterapia profilática, seguindo esquema <strong>de</strong> profilxia para EI<br />

<strong>de</strong>scritos no Quadro 62, <strong>de</strong>ste Capítulo<br />

• Profilaxia <strong>de</strong>ntal e aplicação <strong>de</strong> flúor (evitar na presença <strong>de</strong> mucosite)<br />

• Raspagem supra e subgengival (esta última após avaliação da profundida<strong>de</strong> da bolsa,<br />

das condições gerais do paciente e sob antibioticoterapia, caso seja necessário)<br />

• Realizar tratamento endodôntico e restaurador sempre que possível<br />

• Acompanhamento após o término do tratamento oncológico, a fim <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar ou<br />

prevenir os efeitos tardios da quimioterapia<br />

OBS: O paciente em quimioterapia tem que ter suas condições hematológicas<br />

monitoradas, principalmente contagem <strong>de</strong> leucócitos, se houver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exodontias.<br />

O CD <strong>de</strong>ve prevenir e cuidar das sequelas da quimioterapia, principalmente a mucosite.<br />

Radioterapia<br />

• Estimular o paciente a manter as medidas <strong>de</strong> cuidado bucal<br />

o Escovação <strong>de</strong>ntal com <strong>de</strong>ntifrícios fluorados após as refeições<br />

o Utilização correta do fio <strong>de</strong>ntal<br />

o Instrução <strong>de</strong> dieta a<strong>de</strong>quada, com redução da ingestão <strong>de</strong> açúcar<br />

o Orientação sobre cuidados paliativos para hipossalivação como hidratação e<br />

reforço na higiene bucal<br />

• Realização <strong>de</strong> antibioticoterapia profilática para procedimentos invasivos, seguindo<br />

esquema <strong>de</strong> profilaxia para EI <strong>de</strong>scritos no Quadro 62, <strong>de</strong>ste Capítulo<br />

• Profilaxia <strong>de</strong>ntal e aplicação <strong>de</strong> flúor (evitar na presença <strong>de</strong> mucosite)<br />

• Raspagem supra e subgengival (esta última após avaliação da profundida<strong>de</strong> da bolsa,<br />

das condições gerais do paciente e sob antibioticoterapia, caso seja necessário)<br />

• Realizar tratamento endodôntico e restaurador sempre que possível<br />

• Acompanhamento após o término do tratamento oncológico, a fim <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar ou<br />

prevenir os efeitos tardios da radioterapia<br />

313


OBS: A exodontia em pacientes durante o tratamento radioterápio está<br />

contraindicada. Dada a hipocelularida<strong>de</strong>, hipovascularização e hipóxia do tecido ósseo, a<br />

injúria causada por uma simples extração po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar um processo <strong>de</strong><br />

osteorradiomielite e posterior necrose óssea, <strong>de</strong> difícil tratamento.<br />

Consi<strong>de</strong>rações adicionais<br />

• O uso <strong>de</strong> próteses totais ou parciais geralmente está contraindicado durante o período<br />

<strong>de</strong> tratamento oncológico, exceto quando estas tiverem a função <strong>de</strong> obturadores<br />

• A partir do primeiro dia <strong>de</strong> radioterapia/quimioterapia, caso o paciente apresente<br />

sangramento gengival intenso, o oncologista po<strong>de</strong> contraindicar a escovação, indicando<br />

higiene bucal com bochecho <strong>de</strong> soro fisiológico a 0,9%<br />

• Evitar o uso <strong>de</strong> caneta <strong>de</strong> alta ou baixa rotação para preparar <strong>de</strong>ntes com cárie <strong>de</strong><br />

radiação, optando pela escavação em massa<br />

• NUNCA realizar exodontia após a radioterapia. Mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cinco anos, não há<br />

garantia <strong>de</strong> que o osso tenha vascularização suficiente para o reparo<br />

314


4.13 Artrite<br />

316<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

A artrite (osteoartrite ou a reumatoi<strong>de</strong>) é uma inflamação das articulações que<br />

acarreta a diminuição da mobilida<strong>de</strong> dos pacientes, obrigando-os, com o passar dos anos, a<br />

ingerir quantida<strong>de</strong>s maiores <strong>de</strong> analgésicos, anti-inflamatórios ou outros tipos <strong>de</strong> fármacos<br />

para amenizar a dor e a tumefação das articulações afetadas. Frequentemente causa<br />

gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s e limites <strong>de</strong> funções das articulações envolvidas. As mulheres são<br />

mais acometidas que os homens (3:1), com maior prevalência na raça branca e com maior<br />

incidência a partir dos quarenta anos, po<strong>de</strong>ndo, entretanto, se iniciar em qualquer ida<strong>de</strong>, da<br />

infância à velhice. Acomete simetricamente as articulações dos pacientes. Nos casos<br />

agudos no adulto, as pequenas articulações das mãos e pés se tornam e<strong>de</strong>maciadas e<br />

dolorosas, a pele que as recobre torna-se muito lisa e avermelhada. As articulações do<br />

ombro, cotovelo, punhos, quadril e joelho também são acometidas. Na fase crônica, ocorre<br />

<strong>de</strong>smineralização e <strong>de</strong>struição do tecido, resultando em uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>formação da<br />

articulação por anquilose. Atrofias dos músculos são comuns nestes pacientes.<br />

Medicações mais consumidas: Salicilatos, AINH, glicocorticoi<strong>de</strong>s.<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Aferir pressão arterial antes das consultas<br />

• Os salicilatos e os AINH são comumente utilizados <strong>de</strong> forma prolongada no tratamento<br />

da doença por serem efetivos nas dores das artrites. O CD <strong>de</strong>ve estar atento para esta<br />

terapia quando da realização <strong>de</strong> procedimentos cruentos, pois o mesmo po<strong>de</strong> ter um<br />

tempo <strong>de</strong> sangramento mais elevado (diminuição <strong>de</strong> protrombina no sangue) e correr<br />

risco <strong>de</strong> hemorragia<br />

• Os corticosteroi<strong>de</strong>s, normalmente prescritos por tempo prolongado, po<strong>de</strong>m alterar a<br />

cicatrização e diminuir a resistência a infecções, por isso, a interação médico/CD torna-<br />

se importante para que ambos possam <strong>de</strong>cidir sobre as medicações a serem diminuídas<br />

ou alteradas durante as consultas<br />

• Alguns fármacos po<strong>de</strong>m apresentar efeitos bucais como hipossalivação, ulcerações,<br />

estomatites, hipertrofia gengival, etc.


• A perda da habilida<strong>de</strong> manual necessária para <strong>de</strong>sempenhar uma higiene bucal<br />

a<strong>de</strong>quada é um problema comum entre pessoas com artrite reumatoi<strong>de</strong>, por isso reforça-<br />

se a importância da orientação sobre medidas preventivas à família e ao cuidador<br />

• A artrite po<strong>de</strong> limitar a abertura bucal e criar mastigação <strong>de</strong>sconfortável. Os pacientes<br />

po<strong>de</strong>m também ter dificulda<strong>de</strong> para manter a boca aberta por muito tempo durante o<br />

tratamento<br />

• Os pacientes com artrite reagem fortemente, tanto física como emocionalmente a uma<br />

situação <strong>de</strong> estresse. Muitas vezes, o tratamento odontológico precisará ser<br />

<strong>de</strong>smembrado em diversas consultas, mas <strong>de</strong> pequena duração<br />

• O uso gradual das articulações durante o dia reduz o enrijecimento, por isso consultas<br />

ao final da tar<strong>de</strong> serão mais confortáveis. Algumas vezes torna-se necessário o<br />

atendimento em ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas<br />

• Em caso <strong>de</strong> transferência do paciente para a ca<strong>de</strong>ira odontológica, o CD <strong>de</strong>verá se<br />

informar sobre técnicas corretas a fim <strong>de</strong> evitar danos à coluna cervical<br />

• O atendimento domiciliar po<strong>de</strong> ser fazer necessário, em casos mais graves <strong>de</strong><br />

comprometimentos artríticos<br />

• Pacientes que tiveram substituição das articulações por próteses, bem como os que<br />

recebem glicocorticoi<strong>de</strong>s em longo prazo, precisam receber profilaxia antibiótica para EI<br />

antes da realização <strong>de</strong> intervenções cirúrgicas. Para maiores informações, reportar-se<br />

ao quadro 62 <strong>de</strong>ste Capítulo<br />

317


Hemofilia<br />

318<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Doença hereditária caracterizada pela <strong>de</strong>ficiência dos fatores VIII (hemofilia A) ou<br />

IX (hemofilia B) da coagulação. A hemofilia A é mais prevalente que a hemofilia B,<br />

ocorrendo em cerca <strong>de</strong> 1:10000 a 20000 homens. A hemofilia B é cerca <strong>de</strong> 4 vezes menos<br />

prevalente que a hemofilia A.<br />

classificada em:<br />

De acordo com o nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> coagulante do fator VIII, a hemofilia A po<strong>de</strong> ser<br />

• Normal: Fator VIII = 100% ou 1 UI/mL<br />

• Leve: Fator VIII > 5% e < 40 % do normal ou > 0,05 e < 0,40 UI/mL<br />

• Mo<strong>de</strong>rada: Fator VIII ≥ 1% e ≤ 5% do normal ou ≥ 0,01 e ≤ 0,05 UI/mL<br />

• Grave: Fator VIII < 1% do normal ou < 0,01 UI/mL<br />

A característica clínica principal são os sangramentos prolongados, principalmente<br />

em musculatura profunda (hematomas), em articulações (hemartroses) e após<br />

procedimentos cirúrgicos, principalmente em cavida<strong>de</strong> bucal.<br />

Doença <strong>de</strong> von Willebrand (DVW)<br />

• Mais frequente das coagulopatias hereditárias<br />

• Também conhecida como pseudohemofilia<br />

• Caracterizada pela <strong>de</strong>ficiência qualitativa e/ou quantitativa do fator von Willebrand (FVW)<br />

proteína que facilita a a<strong>de</strong>são da plaqueta ao endotélio e também é carreadora do fator<br />

VIII no plasma, protegendo-o da <strong>de</strong>struição prematura por proteases plasmáticas<br />

• Classificada em tipos 1, 2 e 3<br />

• Uma das formas <strong>de</strong> apresentação mais comuns da DVW é o sangramento cutâneo-<br />

mucoso (gengivorragias, epistaxes, etc.), po<strong>de</strong>ndo, em sua forma mais grave (tipo 3), se<br />

assemelhar à hemofilia grave, com hemartroses e hematomas<br />

O tratamento médico das hemofilias consiste na reposição dos fatores <strong>de</strong><br />

coagulação que se encontram ausentes ou diminuídos. Nos pacientes acometidos pela


DVW, o tratamento requer a infusão <strong>de</strong> concentrado <strong>de</strong> fator rico em FVW ou por meio do<br />

hormônio sintético <strong>de</strong>rivado da <strong>de</strong>smopressina (DDAVP). O DDAVP é indicado para o<br />

tratamento <strong>de</strong> episódios hemorrágicos <strong>de</strong> algumas formas da DVW e da hemofilia leve.<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Pacientes com coagulopatias hereditárias, tais como a hemofilia e a DVW, apresentam<br />

alto risco <strong>de</strong> sangramento na cavida<strong>de</strong> bucal, principalmente após procedimentos<br />

cirúrgicos ou traumas mucosos<br />

• Verificar se paciente está compensado<br />

• Solicitar avaliação médica quanto a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização do tratamento<br />

odontológico na USF ou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento em ambiente hospitalar<br />

• Urgências: Tratamento paliativo, com controle da dor e infecção<br />

• Derivados do Paracetamol e da Dipirona são os analgésicos indicados<br />

• O AAS e seus <strong>de</strong>rivados são contraindicados<br />

• Anti-inflamatórios : Uso restrito em função das suas ativida<strong>de</strong>s antiagregantes, <strong>de</strong>vendo<br />

o médico responsável ser consultado antes da sua prescrição<br />

• Anestésico local com vasoconstritor: Sem restrição<br />

319


4.15 Anemia<br />

320<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

É uma diminuição dos glóbulos vermelhos circulantes, da concentração <strong>de</strong><br />

hemoglobina (Hb) e/ou redução do hematócrito (Ht).<br />

Po<strong>de</strong> resultar <strong>de</strong> uma perda excessiva <strong>de</strong> sangue, diminuição da produção ou<br />

aumento da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> glóbulos vermelhos.<br />

• Hemácias<br />

• Hemoglobina<br />

Valores <strong>de</strong> referência<br />

Normal<br />

o Homens: 4,4 a 5,7 milhões/mm 3<br />

o Mulheres: 3,9 a 5,0 milhões/mm 3<br />

o Homens: 14 a 18 g/L<br />

o Mulheres: 12 a 16 g/L<br />

• Anemia leve: Redução <strong>de</strong> até 25% na Hb<br />

• Anemia mo<strong>de</strong>rada: Redução <strong>de</strong> 25% a 50% na Hb<br />

• Anemia grave: Redução <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 50% na Hb<br />

• Hematócrito<br />

Normal<br />

o Homens: 40 a 54%<br />

o Mulheres: 37 a 47%<br />

Causas<br />

• Perda <strong>de</strong> sangue, menstruação, úlcera péptica, câncer gastrointestinal, <strong>de</strong>ficiência<br />

dietética (ferro, folato ou vitamina B12)


• Reações a drogas (quinidina, álcool, penicilina e sulfa)<br />

• Diminuição <strong>de</strong> glóbulos vermelhos<br />

• Aumento da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> glóbulos vermelhos<br />

• Talassemia 39<br />

• Anemia falciforme<br />

• Hemólise por anticorpos<br />

• Deficiência <strong>de</strong> G6PD (glicose-6-fosfato <strong>de</strong>sidrogenase)<br />

• Hiperesplenismo (aumento do baço)<br />

Sintomas<br />

• Geralmente assintomática, po<strong>de</strong>ndo ocorrer pali<strong>de</strong>z, sonolência e cansaço<br />

Classificação<br />

• Anemia hemolítica<br />

Causada pela <strong>de</strong>struição acelerada (hemólise) dos glóbulos vermelhos<br />

Tipos<br />

o Anemia falciforme: Afeta a membrana da hemácia<br />

321<br />

o Anemia microangiopática: Rompimento da hemácia por traumas (vasos<br />

sanguíneos com alterações anatômicas na pare<strong>de</strong> interna)<br />

o Anemia autoimune: Destruição das hemácias pelo sistema imune do<br />

• Anemia não hemolítica<br />

paciente. Captação da hemácia pelo baço<br />

É a redução significativa <strong>de</strong> Hb e Ht, porém sem <strong>de</strong>struição da hemácia.<br />

Tipos<br />

o Anemia megaloblástica: Por <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> vitamina B12, sendo comum em<br />

pacientes que fizeram cirurgia <strong>de</strong> redução do estômago<br />

o Anemia ferropriva: Por <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong>vido à má nutrição, regime<br />

rigoroso, etc.<br />

39 Ou Anemia Mediterrânea é um tipo <strong>de</strong> anemia hereditária <strong>de</strong> transmissão recessiva, causada pela<br />

redução ou ausência da síntese da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> hemoglobina


Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Pacientes sem história <strong>de</strong> anemia, mas sintomáticos, <strong>de</strong>vem fazer hemograma completo<br />

(analisar o eritrograma)<br />

• Detectada alguma alteração: Encaminhar ao médico para i<strong>de</strong>ntificação do tipo <strong>de</strong><br />

anemia<br />

• Após avaliação médica, conduzir os procedimentos cruentos, realizando a profilaxia<br />

antibiótica, quando recomendada<br />

• Contraindicado o uso <strong>de</strong> prilocaína em todas as anemias<br />

• Anemia leve: Lidocaína com adrenalina 1:100000 (2 a 3 tubetes)<br />

• Anemia mo<strong>de</strong>rada: Mepivacaína 3% sem vasoconstritor para procedimentos menos<br />

invasivos<br />

• Anemia severa: Adiar tratamento eletivo. Realizar somente procedimentos paliativos<br />

para controle da dor e infecção<br />

• AAS e AINH: Contraindicados, pois po<strong>de</strong>m causar disfunção <strong>de</strong> plaquetas, gastrite,<br />

acidose<br />

• Paracetamol: Sem restrição, na dose terapêutica<br />

• Penicilinas: Sem restrição<br />

• Macrolí<strong>de</strong>os: Evitar na anemia ferropriva<br />

• Sulfa: Contraindicada na anemia por G6PD<br />

• Anemia falciforme e autoimune com uso <strong>de</strong> conticoi<strong>de</strong>: Realizar profilaxia antibiótica para<br />

EI (Quadro 62 <strong>de</strong>ste Capítulo) no caso <strong>de</strong> procedimento cruento<br />

322


4.16 Alterações da Tireói<strong>de</strong><br />

4.16.1 Hipertireoidismo<br />

324<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

No hipertireoidismo verifica-se uma concentração sanguínea aumentada <strong>de</strong> tiroxina<br />

livre ou triiodotironina (T3 e T4). Os medicamentos mais utilizados para o tratamento são<br />

drogas antitiroi<strong>de</strong>anas como Propil Tio Uracil (PTU), Iodo radioativo ou Propranolol, os quais<br />

po<strong>de</strong>m causar reações secundárias como a leucopenia e ação antivitamina K, entre outras.<br />

A retirada da tireoi<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser necessária em alguns casos.<br />

Sinais mais comuns<br />

• Intolelância ao calor<br />

• Nervosismo<br />

• Tremores<br />

• Sudorese<br />

• Fraqueza muscular<br />

• Aumento <strong>de</strong> apetite<br />

• Perda <strong>de</strong> peso<br />

• Taquicardia<br />

• Pele quente<br />

• Aumento dos reflexos<br />

• Exoftalmia<br />

• Bócio<br />

• Desenvolvimento <strong>de</strong>ntário acelerado quando presente em crianças<br />

• Má oclusão<br />

Outras manifestações clínicas<br />

• Cardiovasculares: Risco <strong>de</strong> angina, insuficiência cardíaca, arritmias, eventos embólicos,<br />

hipertensão


• Hematológicas: Anemia, plaquetopenia, neutropenia, sangramentos<br />

• Gastrintestinais: Absorção ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> medicamentos<br />

• Metabólicas: Aumento da eliminação <strong>de</strong> medicamentos, intolerância à glicose, perda <strong>de</strong><br />

peso, fadiga<br />

• Endócrinas: Aumento da produção <strong>de</strong> cortisol<br />

Po<strong>de</strong>m apresentar impulsos adrenérgicos mais acentuados e há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sensibilização do miocárdio, levando a fibrilação.<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Solicitar avaliação médica antes <strong>de</strong> realizar procedimentos invasivos e/ou sob anestesia<br />

local<br />

• No paciente não controlado o tratamento odontológico está contraindicado<br />

• Pacientes controlados<br />

o Anestésico com adrenalina está contraindicado<br />

o Indicação: Mepivacaína 3% sem vasoconstritor<br />

• O controle <strong>de</strong> estresse é fundamental e po<strong>de</strong> ser necessário utilizar medicação<br />

ansiolítica, pois o estresse po<strong>de</strong> levar o paciente a uma crise tireotóxica<br />

• Contagem <strong>de</strong> plaquetas e tempo <strong>de</strong> protrombina po<strong>de</strong>m estar alterados<br />

• Aferir pressão arterial antes das consultas<br />

4.16.2 Hipotireoidismo<br />

No hipotireoidismo, a glândula funciona num ritmo abaixo do normal, o que po<strong>de</strong><br />

levar ao comprometimento <strong>de</strong> várias funções orgânicas.<br />

Os exames laboratoriais mostram baixos níveis <strong>de</strong> T4 e altos níveis <strong>de</strong> TSH. A<br />

doença po<strong>de</strong> se manifestar em pessoas <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s. É mais frequente em mulheres,<br />

que são quatro vezes mais atingidas e nos idosos. Quando ocorre por ocasião do<br />

nascimento (Hipotireoidismo Congênito) ou durante o período mais rápido <strong>de</strong> crescimento,<br />

se não <strong>de</strong>tectado ou tratado, causa <strong>de</strong>ficiência mental e nanismo.<br />

325


Causas<br />

• Ausência ou <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ficiente da glândula tireoi<strong>de</strong> e insuficiência <strong>de</strong> hormônio<br />

tireoidiano (Hipotereoidismo congênito)<br />

• Tireoidite Hereditária <strong>de</strong> Hashimoto<br />

• Reação à terapia com iodo radioativo ou à tireoi<strong>de</strong>ctomia<br />

• Fadiga<br />

Sinais e sintomas<br />

• Ganho <strong>de</strong> peso<br />

• Intolerância ao frio<br />

• Prognatismo, atraso no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ntário e macroglossia quando inicia-se na<br />

infância<br />

Consi<strong>de</strong>rações Odontológicas<br />

• Paciente controlado (utiliza hormônios tiroidianos): O anestésico indicado é a prilocaína<br />

com felipressina, 2 a 3 tubetes<br />

• Paciente não controlado: Mepivacaína 3% sem vasoconstritor<br />

326


4.17 Tuberculose<br />

• Doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium tuberculosis<br />

328<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

• Tem distribuição universal e apesar da atual diminuição da mortalida<strong>de</strong> é um problema<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública em vários países, com cerca 118 mil novos casos por ano no Brasil<br />

• Com o advento da AIDS acelerou-se sua disseminação<br />

• A resistência do bacilo às drogas utilizadas e a não a<strong>de</strong>são do paciente ao tratamento,<br />

dificulta seu controle<br />

• O bacilo <strong>de</strong> Koch, como também é conhecido, é veiculado pessoa a pessoa, quase<br />

exclusivamente por aerossóis, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> permanecer viável por mais <strong>de</strong> seis semanas,<br />

penetrando no organismo por inalação<br />

• O pulmão é o local habitual da lesão primária e o principal órgão envolvido (85% dos<br />

casos), mas o bacilo po<strong>de</strong> ser disseminado pela corrente sanguínea e atingir ossos,<br />

articulações, fígado, baço, rins, trato gastrintestinal, meninges, nódulos linfáticos e<br />

cavida<strong>de</strong> bucal<br />

Principais sinais e sintomas<br />

• Fadiga<br />

• Perda <strong>de</strong> apetite<br />

• Perda <strong>de</strong> peso<br />

• Febre vespertina baixa<br />

• Sudorese noturna<br />

• Tosse persistente acompanhada ou não <strong>de</strong> escarro com hemoptise<br />

Tratamento médico<br />

• Pacientes novos: Esquema RIP (Rifampicina, Isoniazida e Pirazinamida) por um tempo<br />

mínimo <strong>de</strong> 6 meses


• Recidivas após o abandono ou após a cura: Outras drogas farão parte do tratamento,<br />

conforme Protocolo da tuberculose do Ministério da Saú<strong>de</strong>: Estreptomicina, Etionamida<br />

e o Etambutol. O tratamento po<strong>de</strong> perdurar por um ano<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• As lesões bucais causadas pela tuberculose não são comuns<br />

• Quando presentes, geralmente se localizam em mucosa traumatizada e infectada por<br />

micro-organismos provenientes das secreções pulmonares<br />

• A base da língua é o local mais comum, po<strong>de</strong>ndo atingir também a mandíbula, maxila,<br />

lábios, processos alveolares, gengiva, mucosa jugal<br />

• As lesões po<strong>de</strong>m ser ulcerativas (principalmente), verrucosas ou nodulares<br />

• Há maior risco <strong>de</strong> doença periodontal pois a tuberculose po<strong>de</strong> diminuir a resistência a<br />

irritantes locais e aumentar reabsorção do osso alveolar, já que esses pacientes<br />

geralmente apresentam uma higiene bucal <strong>de</strong>ficiente<br />

• O bacilo é transmitido pela saliva, escarro e aerossóis. Fora do hospe<strong>de</strong>iro sobrevive<br />

nas roupas por 45 dias. No escarro, em ambiente frio e escuro, por 6 a 8 meses, na<br />

poeira por 90 a 120 dias<br />

• Paciente com doença ativa<br />

o Sem tratamento antituberculose<br />

� Tratamento odontológico eletivo <strong>de</strong>ve ser adiado<br />

329<br />

� Urgências odontológicas: Tratamento paliativo (medicamentoso) para<br />

eliminação da dor e da infecção. Caso seja necessária a intervenção,<br />

a mesma <strong>de</strong>verá ser realizada em ambiente hospitalar<br />

o Durante tratamento para tuberculose:<br />

� Médico responsável <strong>de</strong>ve ser consultado a respeito da infectivida<strong>de</strong>,<br />

resultados <strong>de</strong> baciloscopia e exame radiológico<br />

� Po<strong>de</strong> receber tratamento odontológico após 2 semanas <strong>de</strong> uso<br />

contínuo <strong>de</strong> medicação para tuberculose<br />

� Sempre seguir normas <strong>de</strong> biossegurança e o uso <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong><br />

proteção individual, inclusive máscara e luva dupla<br />

o Após o tratamento para tuberculose (paciente em alta):<br />

� Médico responsável <strong>de</strong>ve ser consultado a respeito da infectivida<strong>de</strong>,<br />

resultados <strong>de</strong> baciloscopia e exame radiológico<br />

� Tratamento odontológico: Sem restrição


Medicamentos<br />

• O anestésico local indicado é a Lidocaina 2% com adrenalina 1:100000, <strong>de</strong> 2 a 3 tubetes<br />

• Evitar uso <strong>de</strong> AAS, AINH, Indometacina<br />

• Para dor a indicação é Paracetamol, nas doses terapêuticas<br />

• Evite utilizar Macrolí<strong>de</strong>os, Ampicilina, Tetraciclina e Metronidazol<br />

• Penicilina: Sem restrição<br />

330


4.18 Asma<br />

332<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

A asma é uma doença pulmonar na qual a reativida<strong>de</strong> aumentada das vias aéreas<br />

conduz a uma obstrução reversível. Em muitos asmáticos a crise po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada<br />

tanto por fatores alérgicos como não alérgicos. Os fatores psicológicos têm papel<br />

modificador, po<strong>de</strong>ndo agravar a crise asmática.<br />

É pru<strong>de</strong>nte solicitar ao paciente asmático que traga o medicamento do qual faz uso,<br />

já que o mesmo está habituado, para ser empregado numa possível crise aguda.<br />

O uso <strong>de</strong> anestésicos locais com vasoconstritores não é contraindicado. Na<br />

realida<strong>de</strong>, a adrenalina até po<strong>de</strong>ria ter uma ação benéfica com consequente melhoria das<br />

condições respiratórias. Para pacientes asmáticos alérgicos <strong>de</strong>ve-se, entretanto ter cuidado,<br />

pois sulfitos (conservantes <strong>de</strong> alimentos que causam alergias) são também incorporados às<br />

soluções anestésicas que contém vasoconstritores do tipo amina simpaticomimética, para<br />

evitar a oxidação e consequente inativação dos mesmos. Deve-se, em pacientes asmáticos<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> corticoi<strong>de</strong>s, evitar estes vasoconstritores, dando-se preferência à<br />

felipressina.


4.19 Desor<strong>de</strong>ns Convulsivas<br />

334<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

• Convulsão: Alteração da função cerebral, caracterizada por uma crise envolvendo<br />

mudanças na consciência, ativida<strong>de</strong> motora e fenômenos sensoriais<br />

• Epilepsia: Não é uma doença específica, e sim, sintoma <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scarga neuronal<br />

excessiva e temporária<br />

• Estado epiléptico: (“ataque epiléptico”): Convulsões rápidas, repetitivas, geralmente<br />

durando mais que 5 minutos. Constitui-se numa situação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>vido à acidose e<br />

hipertermia<br />

medicamentos.<br />

básicas:<br />

Pacientes que apresentam convulsões po<strong>de</strong>m tomar uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Os cuidados que o CD precisa ter com este paciente <strong>de</strong>vem seguir 3 regras<br />

• Possuir conhecimentos básicos sobre os distúrbios convulsivos<br />

• Evitar procedimentos e situações estressantes<br />

• Estar habilitado para tratar uma convulsão caso ela ocorra<br />

Caso o paciente não esteja tomando sua medicação <strong>de</strong> forma regular ou tenha<br />

relatado algum episódio convulsivo recente, o mesmo <strong>de</strong>ve ser encaminhado para uma<br />

avaliação médica antes do início do tratamento odontológico. Deve-se verificar<br />

preventivamente, se o paciente tomou sua medicação no dia do atendimento e também<br />

avaliar seu grau <strong>de</strong> estresse ao procedimento planejado. A maioria das convulsões são<br />

autolimitadas. Após a recuperação, sob os cuidados <strong>de</strong> um adulto, o paciente po<strong>de</strong> ser<br />

dispensado com recomendação <strong>de</strong> não dirigir qualquer tipo <strong>de</strong> veículo.


Síntese<br />

• Troque i<strong>de</strong>ias com o neurologista ou psiquiatra, conforme o caso em particular<br />

• Evite estresse e drogas estimulantes do SNC como cafeína, adrenalina ou co<strong>de</strong>ína<br />

• Paciente <strong>de</strong>ve estar compensado e, quando necessário, com acompanhamento familiar<br />

Anestésicos Locais<br />

• 1 a opção: Prilocaína com vasoconstrictor (felipressina). Evitar anestésicos que utilizem a<br />

adrenalina ou seus <strong>de</strong>rivados<br />

Analgésicos<br />

• Liberados. Evite os com cafeína ou co<strong>de</strong>ína. Na dúvida, contate com o médico<br />

responsável<br />

Anti-inflamatórios<br />

• Liberados. Fique atento quanto às restrições clínicas do paciente<br />

Antibióticos<br />

• Sem restrições quanto ao uso<br />

335


4.20 Síndrome da Dependência <strong>de</strong> Álcool<br />

336<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

São pacientes que têm o hábito <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool e, muitas vezes, apresentam<br />

resistência ao tratamento odontológico, necessitando <strong>de</strong> muita habilida<strong>de</strong> por parte da<br />

equipe, isso em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> problemas sociais, psíquicos e biológicos que se<br />

apresentam nesses pacientes. Geralmente, são hepato e gastropatas, com metabolismo<br />

acelerado, insuficiência excretora, vasodilatação sistêmica e problemas <strong>de</strong> hiperglicemia.<br />

O consumo prolongado <strong>de</strong> álcool retarda as funções do sistema imunológico,<br />

levando a uma maior propensão para doenças infecciosas, pneumonias, tuberculose e<br />

mesmo câncer. Po<strong>de</strong>-se dizer que o consumo intenso <strong>de</strong> álcool afeta, <strong>de</strong> forma irreversível<br />

todas as funções do sistema imunológico, com isso aumenta as chances <strong>de</strong> contaminação,<br />

<strong>de</strong>vido à imuno<strong>de</strong>pressão. Também po<strong>de</strong> causar perda do apetite que resulta em<br />

<strong>de</strong>ficiências nutricionais, principalmente vitaminas A, E, C e do complexo B.<br />

Anestésicos locais<br />

• 1 a opção: Prilocaína com felipressina. Evitar <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> adrenalina<br />

• Os pacientes etílicos geralmente têm uma potencialização anestésica difícil<br />

Analgésicos<br />

• 1 a opção: Dipirona (Novalgina ® , Anador ® , Magnopyrol ® , etc.)<br />

• 2 a opção: Paracetamol (Tylenol ® , Dôrico ® )<br />

• Evitar AAS: Por ser irritante gástrico<br />

Anti-inflamatórios<br />

• 1 a opção: Benzidamina (Benflogin ® , Benzitrat ® , Eridamin ® 50 mg)<br />

• Evitar Diclofenaco, Piroxicam ® , Nimesuli<strong>de</strong> e Corticoi<strong>de</strong>s, pela sobrecarga hepática<br />

Antibióticos<br />

• Sem restrições, indicado conforme a patologia em questão<br />

OBS: Nunca indicar enxaguatório bucal contendo álcool na sua composição


4.21 Atendimento ao portador do HIV e doente <strong>de</strong> AIDS<br />

338<br />

Domingos Alvanhan<br />

Lázara Regina <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong><br />

O CD <strong>de</strong>ve estar atendo aos seguintes preceitos em relação ao atendimento aos<br />

pacientes convivendo com HIV/AIDS:<br />

• Garantir um tratamento digno e humano, sem preconceitos, mantendo sigilo profissional.<br />

Devendo haver sempre respeito às diferenças comportamentais<br />

• Medidas <strong>de</strong> precaução padrão em relação a biossegurança, tanto do CD como do<br />

paciente, <strong>de</strong>vem ser adotadas universalmente como rotina em todas as situações. A<br />

probabilida<strong>de</strong> do CD e sua equipe adquirirem HIV <strong>de</strong> pacientes é muito pequena para<br />

justificar a recusa em atendê-los<br />

• Estar atento às possíveis manifestações bucais relacionadas à infecção pelo HIV, pois<br />

po<strong>de</strong>m representar os primeiros sinais clínicos ou indicadores do <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

doença<br />

• Orientar e encaminhar o usuário à equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em caso <strong>de</strong> suspeita diagnóstica <strong>de</strong><br />

infecção pelo HIV<br />

• Dar continuida<strong>de</strong> aos procedimentos <strong>de</strong> rotina odontológica caso o paciente tenha um<br />

diagnostico <strong>de</strong> sorologia positiva para HIV durante o tratamento<br />

• Interagir com a equipe multiprofissional<br />

• Manter-se atualizado sobre a doença, principalmente no que diz respeito aos aspectos<br />

técnicos, éticos, psicossociais e epi<strong>de</strong>miológicos<br />

• Incorporar ao seu cotidiano as ações <strong>de</strong> prevenção e solidarieda<strong>de</strong> entre os seus<br />

principais procedimentos terapêuticos<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

A assistência odontológica à pessoa convivendo com HIV/AIDS não exige nenhuma<br />

técnica diferenciada para a execução dos procedimentos. No entanto, o acolhimento e a<br />

relação que se estabelece entre CD e os pacientes têm sido apontados como fatores <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> importância para a sua saú<strong>de</strong>.


A atenção odontológica <strong>de</strong> rotina ao portador do HIV ou doente <strong>de</strong> AIDS,<br />

assumindo-se que ele já possua um diagnóstico e que esteja sendo acompanhado pelo<br />

médico, <strong>de</strong>ve respeitar a seguinte sequência <strong>de</strong> procedimentos:<br />

• Anamnese: Preencher formulários e fichas clínicas antes do início do tratamento,<br />

revisando a história médica do paciente e fazendo todas as anotações necessárias<br />

• Exame clínico<br />

o Extrabucal: Tem o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar qualquer anomalia facial (aumentos <strong>de</strong><br />

volume, crescimentos tumorais), exame da pele, lábios, palpação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias<br />

linfáticas. Pacientes soropositivos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver linfa<strong>de</strong>nopatia cervical e<br />

lesões <strong>de</strong> pele<br />

o Intrabucal: Tem o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar áreas anormais ou patológicas. Se houver<br />

lesões, elas <strong>de</strong>verão ser avaliadas com priorida<strong>de</strong>, a não ser que haja algum<br />

problema odontológico <strong>de</strong> urgência. Após a resolução <strong>de</strong> lesões e condições dos<br />

tecidos moles, o tratamento <strong>de</strong> rotina po<strong>de</strong>rá ser iniciado<br />

• Plano <strong>de</strong> tratamento odontológico<br />

o O plano <strong>de</strong> tratamento odontológico para indivíduos infectados com HIV ou doentes<br />

<strong>de</strong> AIDS <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar, sempre, a saú<strong>de</strong> geral do indivíduo e não o estado<br />

sorológico. O que vai <strong>de</strong>terminar o tipo <strong>de</strong> tratamento a ser instituído será a<br />

disposição do paciente em cumprí-lo. De modo geral, o tratamento seguirá a mesma<br />

sequência<br />

� Alívio da dor<br />

� Restauração da forma e da função<br />

� Atendimento das necessida<strong>de</strong>s estéticas<br />

o Complicações <strong>de</strong>correntes do tratamento odontológico em portadores do HIV e<br />

doentes <strong>de</strong> AIDS são muito raras<br />

o As principais manifestações bucais presentes nas pessoas com a doença AIDS são:<br />

Leucoplasia pilosa, infecções herpéticas, úlceras bucais recorrentes e <strong>de</strong> difícil cura,<br />

infecções por Cândida albicans associada ou não à leucoplasia pilosa, sarcoma <strong>de</strong><br />

Kaposi, linfomas <strong>de</strong> células B.<br />

As caracteríticas e a condutas diante das lesões estão <strong>de</strong>scritas no Quadro 64.<br />

339


Lesão Característica Conduta <strong>de</strong> Tratamento<br />

• Leucoplasia Pilosa<br />

• Infecção Herpética<br />

• Cândidose/Candidíase<br />

• Queilite Angular<br />

• Sarcoma <strong>de</strong> Kaposi<br />

• Linfomas <strong>de</strong> Células B<br />

ou Linfoma não<br />

Hodking<br />

• Lesões brancas enrugadas nos<br />

bordos laterais da língua ou<br />

superfície ventral, causadas<br />

por fungos. Não removíveis<br />

pela raspagem<br />

• Pequenas vesículas que<br />

resultam em úlceras com<br />

bordas esbranquiçadas. É<br />

atualmente reconhecido como<br />

um co-fator infeccioso na<br />

patogênese do sarcoma <strong>de</strong><br />

Kaposi<br />

• É uma infecção fúngica<br />

causada pelo Candida<br />

albicans, caracterizada por<br />

placas brancas ou amareladas<br />

<strong>de</strong> fácil remoção, <strong>de</strong>ixando a<br />

mucosa hiperêmica, no anel<br />

tonsilar da língua e mucosa,<br />

po<strong>de</strong>ndo levar a distúrbios no<br />

paladar e às vezes uma<br />

sensação ardência na língua.<br />

Em casos mais graves as<br />

lesões são erosivas<br />

• É um processo inflamatório<br />

<strong>de</strong>vido a contaminação por<br />

estreptococos, estafilococos e<br />

Candida albicans, localizado<br />

no ângulo labial, caracterizado<br />

por discreto e<strong>de</strong>ma, eritema,<br />

<strong>de</strong>scamação, erosão e fissuras<br />

ou a perda da dimensão<br />

vertical <strong>de</strong> oclusão<br />

• Tumor maligno proveniente<br />

das células das pare<strong>de</strong>s dos<br />

vasos sanguíneos, tendo a<br />

forma <strong>de</strong> máculas, placas,<br />

pápulas ou nódulos<br />

avermelhados ou violáceos,<br />

com ou sem ulcerações<br />

• Massa tumoral que envolve<br />

gengiva e o palato e está<br />

associado a <strong>de</strong>ntes em mal<br />

estado. Devido a sua<br />

localização po<strong>de</strong> ser<br />

confundido com um abscesso<br />

<strong>de</strong>ntoalveolar<br />

periodontal<br />

ou doença<br />

• Deve ser biopsiado, encaminhar<br />

para CEO ou Centro Odontológico<br />

Universitário - COU/UEL para<br />

confirmação <strong>de</strong> diagnóstico. O<br />

tratamento é o acompanhamento<br />

por ser assintomática. Quando<br />

necessário, usar Aciclovir tópico<br />

• Higiene do local com lavagem<br />

com água e sabão ou solução <strong>de</strong><br />

gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%,<br />

por um minuto, seguida <strong>de</strong><br />

indicação <strong>de</strong> Aciclovir oral<br />

(comprimidos) 200 ou 400 mg <strong>de</strong><br />

4/4 horas, durante 10 dias<br />

• Leve: Bochechos com solução <strong>de</strong><br />

gluconato clorexidina 0,12%, por<br />

um minuto, duas vezes ao dia ou<br />

Nistatina suspensão oral,<br />

bochecho com 10mL, por 1 a 2<br />

minutos, durante 7 a 14 dias.<br />

• Grave: Cetoconazol ou fluconazol,<br />

2 comprimidos por dia <strong>de</strong> 200 a<br />

400 mg <strong>de</strong> 12/12 horas. Deve-se<br />

acompanhar o quadro com<br />

retornos <strong>de</strong> três em três dias<br />

• Realizar higiene do local com<br />

solução <strong>de</strong> gluconato clorexidina a<br />

0,12% ou<br />

• PVPI (polivinilpirrolidona-iodo)<br />

oral e, em seguida, aplicação <strong>de</strong><br />

antimicóticos (cetoconazol creme)<br />

até a regressão da lesão<br />

• Deve ser biopsiado e<br />

encaminhado para o CEO,<br />

COU/UEL ou Instituto do Câncer<br />

<strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> (ICL)<br />

• Deve ser biopsiado e<br />

encaminhado para o CEO,<br />

COU/UEL ou ICL<br />

Quadro 64 - Conduta diante das principais lesões bucais no portador <strong>de</strong> HIV/AIDS<br />

340


• Profilaxia antibiótica<br />

o Recomenda-se cautela no uso <strong>de</strong> antibióticos, pois a indicação não ocorre<br />

somente pelo fato do paciente ser portador do HIV/AIDS<br />

o A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profilaxia antibiótica <strong>de</strong>ve ser baseada nas condições gerais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sempre em consonância com médico responsável pelo mesmo<br />

o Situações em que se recomenda a profilaxia antibiótica<br />

341<br />

� Endocardite infecciosa: Seguir indicações <strong>de</strong>scritas no Quadro 62, <strong>de</strong>ste<br />

Capítulo<br />

� Granulocitopenia (contagem abaixo <strong>de</strong> 500/mm 3 em pacientes que não<br />

recebem antibióticos bactericidas) seguir indicações <strong>de</strong>critas no item 4.6<br />

<strong>de</strong>ste Capítulo<br />

� Não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar cobertura antibiótica para prevenir infecção<br />

pós-procedimento. O uso <strong>de</strong> antibióticos <strong>de</strong>ve ser analisado a cada caso<br />

• Tratamento odontológico preventivo<br />

o Instituir métodos <strong>de</strong> higiene bucal para todos os pacientes. A manutenção <strong>de</strong><br />

uma boa higiene bucal é fundamental na redução do potencial <strong>de</strong> risco <strong>de</strong><br />

complicações<br />

o Pacientes com HIV/AIDS são consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> alto risco para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> cárie e doença periodontal, <strong>de</strong>vido ao uso contínuo <strong>de</strong> medicamentos (terapia<br />

antiretroviral) que contêm glicose com o objetivo <strong>de</strong> melhorar o sabor e também<br />

diminuir a secreção salivar<br />

o Recomenda-se o seguinte protocolo <strong>de</strong> prevenção<br />

• Controle a cada três meses<br />

• Bochechos diários e aplicações tópicas <strong>de</strong> flúor <strong>de</strong> rotina, particularmente<br />

• Terapia odontológica periodontal<br />

para pacientes com hipossalivação e aumento <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> cárie<br />

o A terapia periodontal básica (raspagem e polimento coronário e radicular) po<strong>de</strong><br />

ser realizada da mesma forma que para o indivíduo imunocompetente<br />

o Recomendam-se enxágues com solução antibacteriana (gluconato <strong>de</strong> clorexidina<br />

a 0,12%, por um minuto) antes do tratamento e duas vezes ao dia, por 3 dias<br />

após o mesmo, com o objetivo <strong>de</strong> reduzir o risco <strong>de</strong> complicações sistêmicas


o Os pacientes infectados pelo vírus HIV, especialmente os que apresentam<br />

342<br />

contagem <strong>de</strong> células T CD4+ abaixo <strong>de</strong> 300 células/mm 3 , po<strong>de</strong>m apresentar<br />

formas severas <strong>de</strong> doença periodontal como:<br />

• Tratamento endodôntico<br />

• Eritema gengival linear: Caracterizado por uma banda eritematosa na<br />

gengiva marginal, po<strong>de</strong>ndo se esten<strong>de</strong>r até a gengiva inserida. Promove<br />

sangramento à sondagem e nota-se que a intensida<strong>de</strong> do eritema é<br />

<strong>de</strong>sproporcional à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Gengivite ulcerativa necrosante (GUN): Caracteriza-se por severo<br />

e<strong>de</strong>ma, eritema, sangramento espontâneo, presença <strong>de</strong><br />

pseudomembrana e áreas <strong>de</strong> necrose. Além disso, o paciente queixa-se<br />

<strong>de</strong> dor intensa, odor fétido e a evolução do quadro é rápida. Para maiores<br />

informações, reportar-se ao item 6.2.2.1.5<br />

• Periodontite ulcerativa necrosante (PUN): Quando há exposição e<br />

perda óssea progressiva, levando à perda <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong>ntários. Dor<br />

intensa por toda a maxila ou mandíbula po<strong>de</strong> ser a queixa principal do<br />

paciente. Respon<strong>de</strong> ina<strong>de</strong>quadamente aos tratamentos preconizados<br />

para as periodontites em geral<br />

o A presença do HIV não altera a resposta ao tratamento endodôntico. Se ocorrer<br />

alguma sintomatologia será suave e po<strong>de</strong>rá ser controlada com anti-inflamatórios<br />

e antibióticos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sua natureza<br />

• Procedimentos cirúrgicos<br />

o Uma preocupação constante quando da manipulação cirúrgica <strong>de</strong> tecidos em<br />

portadores do HIV e doentes <strong>de</strong> AIDS diz respeito à habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reparação<br />

tecidual. De acordo com vários estudos parece não existir diminuição da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reparação tecidual ou aumento da ocorrência <strong>de</strong> alveolite.<br />

Tratamento básico periodontal e a<strong>de</strong>quação do meio bucal <strong>de</strong>vem ser realizados<br />

antes do tratamento cirúrgico com o objetivo <strong>de</strong> reduzir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

infecção sistêmica<br />

o Recomendam-se enxágues com solução antibacteriana (gluconato <strong>de</strong> clorexidina<br />

a 0,12%, por um minuto) antes do tratamento e duas vezes ao dia, por 3 dias<br />

após o mesmo, com o objetivo <strong>de</strong> reduzir o risco <strong>de</strong> complicações sistêmicas


o Recomenda-se enxágue com solução antibacteriana (gluconato <strong>de</strong> clorexidina a<br />

343<br />

0,12%, por um minuto) antes do procedimento cirúrgico, com o objetivo <strong>de</strong><br />

reduzir o risco <strong>de</strong> bacteremia<br />

o Antes da realização <strong>de</strong> intervenções cirúrgicas, <strong>de</strong>ve-se interagir com o médico<br />

responsável para avaliação do estado geral do paciente<br />

• Procedimentos reaturadores<br />

o Não há restrições quanto aos procedimentos a serem executados, como:<br />

� Restauração com amálgama <strong>de</strong> prata, resina composta ou ionômero <strong>de</strong><br />

vidro<br />

• Consultas <strong>de</strong> retorno<br />

� Coroas e outros aparelhos protéticos<br />

o O retorno do paciente <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> rotina, o tempo será <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> acordo<br />

com o risco <strong>de</strong> cada paciente


Fluxograma 11 - Atenção odontológica ao portador do HIV e doente <strong>de</strong> AIDS<br />

Anamnese<br />

Exame clínico extrabucal<br />

Sim<br />

Anomalia<br />

Não<br />

facial?<br />

Encaminhar ao médico<br />

responsável<br />

Exame clínico intrabucal<br />

Lesões em<br />

tecidos moles?<br />

Sim Não<br />

Encaminhamento<br />

para serviço <strong>de</strong><br />

referência<br />

especializado<br />

Tratamento<br />

odontológico<br />

Preventivo<br />

Restaurador<br />

Endodôntico<br />

Peridontal<br />

Cirúrgico<br />

Protético<br />

Manutenção<br />

344


4.22 Atenção à Pessoa com Deficiência<br />

346<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Martha Beatriz Esgaib Issa<br />

De acordo com dados da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) <strong>de</strong>z por cento da<br />

população mundial apresenta algum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência sejam estas físicas, motoras ou<br />

sensoriais. Segundo o Censo <strong>de</strong> 2000, do Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE),<br />

o Brasil apresenta 24,5 milhões <strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiência, o que equivale a 14,5% da<br />

população. Na realida<strong>de</strong> o conceito <strong>de</strong> paciente especial tem se modificado e se distanciado um<br />

pouco daquele que <strong>de</strong>finia o do excepcional (portador <strong>de</strong> retardo mental).<br />

Estudos epi<strong>de</strong>miológicos têm <strong>de</strong>monstrado que estes pacientes acabam por<br />

concentrar maior prevalência <strong>de</strong> doenças bucais, especialmente pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao<br />

serviço que, quando oferecido, ocorre em caráter emergencial.<br />

Alguns pacientes po<strong>de</strong>m, eventualmente, impor certa dificulda<strong>de</strong> ao atendimento<br />

odontológico, muitas vezes, <strong>de</strong>vido à limitação intelectual que possuem ou <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> medo<br />

frente ao atendimento.<br />

A aplicação <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> gerenciamento comportamental po<strong>de</strong> ser útil no<br />

atendimento a certos pacientes, no entanto, em outros po<strong>de</strong>m se mostrar ineficazes justificando<br />

a utilização <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> contenção física, química ou hospitalar, com isso oferecendo a estes<br />

pacientes um atendimento mais seguro e menos estressante.<br />

É importante que se <strong>de</strong>staque a necessida<strong>de</strong> do atendimento ao paciente com<br />

<strong>de</strong>ficiência mental ser, primeiramente, oferecido pela USF do seu local <strong>de</strong> moradia, quando este<br />

se mostrar cooperativo.<br />

Dentro do grupo <strong>de</strong>sses pacientes, o CEO oferece atendimento especializado a<br />

aqueles com <strong>de</strong>ficiência mental, distúrbios comportamentais que imponham alguma dificulda<strong>de</strong><br />

ao atendimento na USF.


4.22.1 Retardo Mental<br />

O retardo mental é um termo genérico utilizado quando o <strong>de</strong>senvolvimento intelectual<br />

<strong>de</strong> um indivíduo é significativamente mais baixo do que a média, acompanhado <strong>de</strong> limitação na<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se adaptar ao seu meio em pelo menos duas das seguintes áreas:<br />

Comunicação, autocuidado, vida doméstica, habilida<strong>de</strong>s sociais/interpessoais, uso <strong>de</strong> recursos<br />

comunitários, autossuficiência, habilida<strong>de</strong>s acadêmicas, trabalho, lazer, saú<strong>de</strong> e segurança. O<br />

início <strong>de</strong>ve ocorrer antes dos 18 anos.<br />

Causas conhecidas<br />

• Anormalida<strong>de</strong>s cromossômicas<br />

• Condições pré-natais (rubéola, consumo <strong>de</strong> álcool, uso <strong>de</strong> drogas, etc.)<br />

• Condições perinatais (anóxia ou hipóxia, prematurida<strong>de</strong>, hiperbilirrubinemia, infecções, etc.)<br />

• Condições pós-natais (meningite, encefalite, trauma, <strong>de</strong>snutrição severa, privação<br />

econônima e sociocultural, etc.)<br />

O retardo mental po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido através do Quociente <strong>de</strong> Inteligência (QI) ou por<br />

outras categorias. Estas classificações, embora possam servir como parâmetro, nem sempre<br />

são recomendadas, o melhor seria uma abordagem individualizada.<br />

• Retardo mental leve: QI entre 50 e 55 até aproximadamente 70<br />

o Desenvolvem habilida<strong>de</strong>s sociais e <strong>de</strong> comunicação<br />

o Apresentam mínimo prejuízo nas áreas sensório motoras<br />

o Não são facilmente diferenciados <strong>de</strong> crianças sem retardo mental até uma ida<strong>de</strong><br />

mais tardia<br />

o Durante a ida<strong>de</strong> adulta, geralmente adquirem habilida<strong>de</strong>s sociais e profissionais<br />

• Retardo mental mo<strong>de</strong>rado: QI entre 35 e 40 até 50 e 55<br />

o A maioria adquire habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação durante os primeiros anos <strong>de</strong> vida<br />

o Beneficiam-se <strong>de</strong> treinamento profissional e são capazes <strong>de</strong> realizar trabalhos<br />

menos complexos, necessitando <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada supervisão<br />

o Po<strong>de</strong>m adquirir uma relação <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência em viagens a locais que lhes<br />

sejam familiares, sendo socialmente adaptáveis<br />

347


• Retardo mental severo: QI entre 20 e 25 até 35 e 40<br />

o Durante os primeiros anos <strong>de</strong> vida adquirem pouca ou nenhuma fala<br />

comunicativa<br />

o Durante o período escolar po<strong>de</strong>m adquirir habilida<strong>de</strong>s elementares como cuidar<br />

da higiene pessoal<br />

o O aprendizado escolar é bastante limitado, embora possam dominar habilida<strong>de</strong>s<br />

348<br />

tais como reconhecimento visual <strong>de</strong> algumas palavras fundamentais à<br />

"sobrevivência”<br />

o Na ida<strong>de</strong> adulta, po<strong>de</strong>m ser capazes <strong>de</strong> executar tarefas simples sob supervisão<br />

direta<br />

o Adaptam-se bem à vida em comunida<strong>de</strong>, a menos que tenham alguma<br />

<strong>de</strong>ficiência que exija cuidados especializados<br />

• Retardo mental profundo: QI menor que 20 e 25<br />

o A maioria dos indivíduos apresenta danos neurológicos i<strong>de</strong>ntificados<br />

o Durante os primeiros anos da infância, apresentam prejuízos consi<strong>de</strong>ráveis no<br />

funcionamento sensório motor<br />

o Exigem constante auxílio e supervisão<br />

o O <strong>de</strong>senvolvimento motor e as habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> higiene e comunicação po<strong>de</strong>m<br />

melhorar com treinamento apropriado<br />

o Alguns <strong>de</strong>sses indivíduos conseguem executar tarefas simples, necessitando <strong>de</strong><br />

supervisão direta<br />

• Retardo mental <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> inespecificada<br />

o Quando existe forte indício <strong>de</strong> retardo mental, mas a inteligência da pessoa não<br />

po<strong>de</strong> ser testada por instrumentos padronizados. Em geral, é muito difícil <strong>de</strong> ser<br />

diagnosticado nos primeiros anos <strong>de</strong> vida


Desor<strong>de</strong>ns associadas<br />

• Desenvolvimento motor <strong>de</strong>ficiente<br />

• Comprometimento da visão e audição<br />

• Convulsões<br />

• Anormalida<strong>de</strong>s cardíacas<br />

• Desor<strong>de</strong>ns emocionais<br />

Achados bucais mais frequentes<br />

• Higiene bucal precária<br />

• Maloclusão<br />

• Defeitos do esmalte<br />

• Hiperplasia gengival<br />

• Bruxismo<br />

• Sialorreia<br />

• Protrusão <strong>de</strong> língua<br />

• Automutilação<br />

• Distúrbios <strong>de</strong> conduta ingestão <strong>de</strong> objetos não comestíveis (PICA)<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Permita que o paciente se familiarize com o ambiente clínico e com os membros da equipe<br />

antes <strong>de</strong> manipulá-lo<br />

• Sugira que o paciente traga <strong>de</strong> casa um objeto favorito para segurar durante a visita<br />

(bichinho <strong>de</strong> pelúcia ou brinquedo)<br />

• Converse sempre com o paciente, mesmo que aparentemente ele não entenda<br />

• Fale <strong>de</strong>vagar, seja repetitivo e use termos simples<br />

• Procure tocá-lo suavemente e sorrir, uma vez que seu grau <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> é extremanente<br />

aguçado, apresentando maior nível <strong>de</strong> compreensão do que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />

• Dê somente uma explicação <strong>de</strong> cada vez<br />

• Elogie-o após o término <strong>de</strong> cada sessão<br />

• Ouça-o, estando atento aos gestos e pedidos verbais<br />

349


• Realize consultas breves<br />

• Progrida gradualmente para procedimentos mais difíceis, após adaptação ao ambiente<br />

odontológico<br />

• Os equipamentos e instrumentos <strong>de</strong>vem ser apresentados <strong>de</strong> forma gradual, dando-se<br />

especial atenção aos que produzem ruídos (sugadores e motores <strong>de</strong> rotação), uma vez que<br />

são muito sensíveis<br />

• Entre em contato com o médico para obter história médica completa<br />

• Po<strong>de</strong>m apresentar distúrbios <strong>de</strong> conduta como inquietação, hiperativida<strong>de</strong>, agresssivida<strong>de</strong>,<br />

etc.<br />

• Os retornos <strong>de</strong>vem ser frequentes em função da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> monitoramento constante<br />

4.22.2 Paralisia Cerebral (PC)<br />

Disfunção neuromuscular causada por injúria ou dano permanente no cérebro nos<br />

períodos pré, peri ou pós-natal, quando o SNC ainda está em fase <strong>de</strong> maturação. Afeta entre 1<br />

e 4 indivíduos para cada 1000 nascidos vivos.<br />

Causas<br />

• Qualquer fator que contribua para diminuir a oxigenação do cérebro em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

po<strong>de</strong> levar a dano cerebral. Em pelo menos um terço dos casos <strong>de</strong> PC não existe causa<br />

discernível. Exemplos:<br />

o Nascimentos prematuros<br />

o Complicações no trabalho <strong>de</strong> parto<br />

o Meningites e encefalites<br />

o Toxemia na gravi<strong>de</strong>z (pré-eclâmpsia e eclâmpsia)<br />

o Defeitos congênitos no cérebro<br />

o Icterícia nuclear<br />

o Envenamento com certas drogas e metais pesados<br />

o Traumas<br />

350


Classificação <strong>de</strong> acordo com as áreas do corpo envolvidas<br />

• Monoplegia: Envolvimento <strong>de</strong> um único membro<br />

• Hemiplegia: Envolvimento <strong>de</strong> um lado do corpo<br />

• Paraplegia: Envolvimento <strong>de</strong> ambas as pernas<br />

• Diplegia: Envolvimento <strong>de</strong> ambas as pernas com mínimo envolvimento <strong>de</strong> ambos os braços<br />

• Quadriplegia: Envolvimento dos quatro membros<br />

Classsificação <strong>de</strong> acordo com a disfunção neuromuscular<br />

• Paralisia Espástica: Presente em aproximadamente 70% dos casos. Contração exagerada<br />

da musculatura quando estimulada. Músculos envolvidos são tensos e contraídos. Ex: Mãos<br />

e braços flexionados e mantidos contra o corpo, pé e perna flexionados e virados para<br />

<strong>de</strong>ntro. O paciente apresenta dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e <strong>de</strong> mastigação. Os pacientes se<br />

irritam com facilida<strong>de</strong> e choram sem causa aparente. As convulsões ocorrem em carca <strong>de</strong><br />

50% dos casos e a inteligência po<strong>de</strong> estar severamente afetada<br />

• Paralisia Discinética (atetose e coreoatetose): Aproximadamente 15% dos casos,<br />

apresentando movimento constante e incontrolável dos músculos envolvidos. Sucessão <strong>de</strong><br />

movimentos involuntários lentos, rotativos e contorcionais (atetose) ou rápidos e<br />

espasmódicos (coreoatetose). Apresentam dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, mastigação e <strong>de</strong> fala.<br />

A inteligência é menos afetada do que a aparência sugere, não sendo raro encontrar casos<br />

com inteligência normal<br />

• Paralisia Atáxica: Correspon<strong>de</strong> a 5% a 10% dos casos, apresentando perda <strong>de</strong> equilíbrio,<br />

andar cambaleante e estremecimento incontrolável ao tentar fazer tarefas voluntárias. A<br />

inteligência é afetada e a fala é pastosa<br />

• Rigi<strong>de</strong>z: Apresenta períodos prolongados nos quais os músculos das extremida<strong>de</strong>s ou do<br />

tronco permanecem rígidos, resistindo a qualquer esforço para movê-los. Presente em<br />

aproximadamente 10% dos indivíduos com PC<br />

• Hipotonia: Todos os músculos são flácidos e com função reduzida, sendo uma condição<br />

rara<br />

• Mistas: Afeta aproximadamente 10% dos casos, sendo a combinação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong><br />

paralisia<br />

351


Manifestações comuns<br />

• Retardo mental: Aproximadamente 60% das pessoas com PC apresentam algum grau <strong>de</strong><br />

retardo metal<br />

• Desor<strong>de</strong>ns convulsivas: Aparecem em 30 a 50% dos casos, ocorrendo primariamente<br />

durante a infância. A maioria dos ataques po<strong>de</strong> ser controlada com anticonvulsivantes<br />

• Deterioração da audição<br />

• Estrabismo<br />

• Contrações articulares: Posturas anormais dos membros, principalmente por <strong>de</strong>suso do<br />

grupo dos músculos<br />

• Reflexo <strong>de</strong> sobressalto<br />

• Reflexo <strong>de</strong> náusea<br />

• Sensibilida<strong>de</strong> a toques, jatos <strong>de</strong> ar e água<br />

• Engasgos frequentes<br />

Condições bucais<br />

• Higiene bucal precária<br />

• Maior incidência doença periodontal<br />

• Hiperplasia gengival induzida por medicamento. Ex: Fenitoína<br />

• Hipoplasia do esmalte<br />

• Traumatismos <strong>de</strong>ntários: Devido a uma tendência aumentada <strong>de</strong> cair. Acomete<br />

principalmente os incisivos superiores<br />

• Má oclusão: Protrusão dos <strong>de</strong>ntes ântero-superiores, sobremordida e trespasse horizontal<br />

exagerado, mordida aberta e cruzada unilateral<br />

• Bruxismo e atrição severa dos <strong>de</strong>ntes, perda <strong>de</strong> dimensão vertical e distúbios da ATM<br />

• Cárie <strong>de</strong>ntária: Tendência a ingerir dietas pastosas e ricas em carboidratos, dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

autocuidado na higiene bucal, levando a um aumento <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong> cárie<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Os tratamentos educativo e preventivo <strong>de</strong>vem envolver membros da família e o cuidador<br />

• Evitar consultas longas<br />

352


• Po<strong>de</strong> ser necessário tratar o paciente em sua própria ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas<br />

• Se o paciente tiver que ser transferido para a ca<strong>de</strong>ira odontológica, <strong>de</strong>ve-se perguntar a ele<br />

sobre o modo que prefere. Se ele não tiver predileção, é recomendável que seja levantado<br />

por duas pessoas<br />

• É importante estabilizar a cabeça do paciente durante todo o tratamento para evitar<br />

aci<strong>de</strong>ntes tanto para o paciente quanto para o profissional<br />

• A posição totalmente <strong>de</strong>itada (supina) <strong>de</strong>ve ser evitada para prevenir engasgos<br />

• Evitar forçar os membros para que fiquem em posição normal<br />

• O uso <strong>de</strong> travesseiros ou toalhas po<strong>de</strong> ajudar a apoiar o tronco e os membros<br />

• O abridor <strong>de</strong> boca é importante para se estabilizar a mandíbula. Blocos <strong>de</strong> mordida <strong>de</strong><br />

borracha <strong>de</strong>vem ser ligados por fio <strong>de</strong>ntal para facilitar a sua retirada caso se <strong>de</strong>sloquem na<br />

boca. Abaixadores <strong>de</strong> língua <strong>de</strong>scartáveis po<strong>de</strong>m ser unidos e acolchoados, servindo como<br />

abridor<br />

• Evitar movimentos abruptos, mudanças repentinas <strong>de</strong> posição da ca<strong>de</strong>ira, barulhos e luzes,<br />

avisando previamente o paciente a fim <strong>de</strong> se prevenir o reflexo <strong>de</strong> sobressalto<br />

4.22.3 Síndrome <strong>de</strong> Down (SD) ou Trissomia do 21<br />

Síndrome cromossômica em que ocorrem três cromossomos 21 ao invés <strong>de</strong> dois. A<br />

literatura antiga referia-se à SD como mongolismo, porém o uso <strong>de</strong>ste termo é inapropriado e<br />

po<strong>de</strong> ser ofensivo, <strong>de</strong>vendo-se evitá-lo.<br />

Características gerais<br />

• Órbitas pequenas<br />

• Olhos inclinados para cima<br />

• Nariz em sela<br />

• Orelhas malformadas e <strong>de</strong> implantação baixa<br />

• Retardo mental, com a maioria variando na faixa <strong>de</strong> leve a mo<strong>de</strong>rado<br />

• Baixa estatura<br />

• Ocasionalmente obesos<br />

• Pescoço e tronco curtos<br />

• Nuca plana<br />

353


• Mãos e pés pequenos e grossos<br />

• Prega palmar única<br />

• Hipotonia com tendência <strong>de</strong> manter a boca aberta e protruir a língua<br />

• Respiração bucal<br />

• Palato ogival<br />

• Sialorreia<br />

• Perda <strong>de</strong> dimensão vertical<br />

• Língua fissurada<br />

• Macroglossia<br />

• Anodontia<br />

• Maloclusão (Classe III)<br />

• Bruxismo<br />

• Raízes curtas e conoi<strong>de</strong>s<br />

• Apinhamento <strong>de</strong>ntário<br />

• Maior susceptibilida<strong>de</strong> à doença periodontal<br />

• Baixa susceptibilida<strong>de</strong> à cárie <strong>de</strong>ntária<br />

• Atraso na erupção <strong>de</strong>ntária nas duas <strong>de</strong>ntições<br />

• Alta frequência <strong>de</strong> queilite angular<br />

OBS: A gran<strong>de</strong> maioria dos pacientes com SD é agradável, alegre, afetuoso, colaborador.<br />

Normalmente po<strong>de</strong>m ser tratados em consultório <strong>de</strong>ntário do mesmo modo que os <strong>de</strong>mais<br />

pacientes<br />

Condições sistêmicas mais frequentes<br />

• Alta frequência <strong>de</strong> cardiopatias congênitas, aparecendo em cerca <strong>de</strong> 40% dos indivíduos<br />

com SD. Este fato implica na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profilaxia antibiótica para EI, antes da<br />

realização <strong>de</strong> procedimentos cruentos<br />

• Incidência 10 a 20 vezes maior <strong>de</strong> leucemia durante a infância, comparada com a<br />

população em geral, o que não se mantém mais tar<strong>de</strong> na vida<br />

• Inflamação crônica da conjuntiva<br />

• Baixa resposta imunológica, o que as torna mais susceptíveis a infecções, problemas na<br />

mucosa e doença periodontal<br />

354


• Infecções repetidas do trato respiratório superior<br />

• Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> convulsões<br />

• Os indivíduos com SD po<strong>de</strong>m estar em maior risco para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>mência do<br />

tipo Alzheimer. As alterações patológicas do cérebro associadas com este transtorno<br />

geralmente <strong>de</strong>senvolvem-se à época em que esses indivíduos estão na casa dos 40 anos,<br />

embora os sintomas clínicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>mência sejam evi<strong>de</strong>ntes apenas mais tar<strong>de</strong><br />

4.22.4 Autismo<br />

• Distúrbio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mental e emocional muito incapacitante, que causa problemas<br />

<strong>de</strong> aprendizado, comunicação e relacionamento. Manifesta-se durante os três primeiros<br />

anos <strong>de</strong> vida, é <strong>de</strong> difícil diagnóstico e não tem cura<br />

• Ocorre em aproximadamente 5 para cada 10000 nascimentos<br />

• É quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas<br />

• Crianças têm aparência normal e períodos <strong>de</strong> vida normais, entretanto têm capacida<strong>de</strong><br />

limitada para se comunicar, socializar, apren<strong>de</strong>r<br />

• Aproximadamente 60% têm QI abaixo <strong>de</strong> 50, 20% entre 50 e 70 e somente 20% maior que<br />

70<br />

• Apresentam pouco tônus muscular, pouca coor<strong>de</strong>nação, sialorreia, espasmos hiperativos do<br />

joelho<br />

• Po<strong>de</strong>m necessitar <strong>de</strong> várias visitas ao consultório para se adaptarem ao ambiente, pois têm<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> rotina<br />

• Preferem comidas moles e adocicadas<br />

• Pouca coor<strong>de</strong>nação da língua<br />

• Ten<strong>de</strong>m a armazenar comida na boca, em vez <strong>de</strong> engolí-la<br />

• Higiene bucal é geralmente precária<br />

• Alta susceptibilida<strong>de</strong> à cárie e doença periodontal<br />

• Po<strong>de</strong>m apresentar fala anormal e ativida<strong>de</strong>s repetitivas estereotipadas<br />

• O uso <strong>de</strong> medicamentos antipsicóticos é comum nestes pacientes, po<strong>de</strong>ndo causar<br />

hipossalivação<br />

• Po<strong>de</strong>m apresentar alteração <strong>de</strong> comportamento, dificultando o tratamento odontológico<br />

ambulatorial<br />

• Técnicas <strong>de</strong> manejo, contenção física, sedação ou anestesia geral po<strong>de</strong>m ser necessárias<br />

355


4.22.5 Incapacida<strong>de</strong> Visual<br />

A <strong>de</strong>ficiência visual varia <strong>de</strong> cegueira total a limitações na percepção <strong>de</strong> cores, <strong>de</strong><br />

distância, reconhecimento <strong>de</strong> formas e também o tamanho do campo visual. As causas<br />

conhecidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência visual são:<br />

Causas pré-natais<br />

• Atrofia óptica<br />

• Microftalmia<br />

• Catarata<br />

• Coloboma 40<br />

• Tumores<br />

• Toxoplasmose<br />

• Sífilis congênita<br />

• Rubéola congênita<br />

• Meningite tuberculosa<br />

• Doença <strong>de</strong> inclusão citomegálica 41<br />

Causas pós-natais<br />

• Trauma<br />

• Fibroplasia retrolental 42<br />

• Hipertensão<br />

• Nascimento prematuro<br />

• Policitemia verda<strong>de</strong>ira 43<br />

• Desor<strong>de</strong>ns hemorrágicas<br />

• Leucemia<br />

40<br />

Nome dado a qualquer fissura, fenda ou <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> em qualquer segmento do globo ocular <strong>de</strong><br />

origem congênita<br />

41<br />

Infecção congênita por citomegalovírus<br />

42<br />

Fibrose vitreorretiniana, com formação <strong>de</strong> novos vasos, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> hiperoxigenação <strong>de</strong> incubadora<br />

43<br />

Aumento da massa <strong>de</strong> eritrócitos, hemoglobina e hematócrito, acompanhado <strong>de</strong> um aumento do<br />

volume sanguíneo total. Como são <strong>de</strong>masiados, tornam o sangue muito viscoso e po<strong>de</strong>m "entupir" alguns<br />

vasos ou facilitar que sangrem<br />

356


• Diabetes Mellitus<br />

• Glaucoma<br />

Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Avise o paciente <strong>de</strong> sua presença<br />

• Determine o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficência visual (Ex: O paciente po<strong>de</strong> distinguir claro do escuro?)<br />

• Apresente a equipe <strong>de</strong> maneira informal<br />

• No caso <strong>de</strong> paciente infantil, encoraje o responsável a acompanhá-lo<br />

• Crie uma imagem na mente do paciente usando palavras, <strong>de</strong>screvendo instalação do<br />

consultório, instrumentos e o tratamento<br />

• Dê orientações verbais. Explique os procedimentos antes <strong>de</strong> realizá-los. Ex: Eu vou colocar<br />

um pequeno espelho na sua boca, do tamanho <strong>de</strong> uma moeda <strong>de</strong> cinquenta centavos<br />

• Deixe o paciente fazer perguntas sobre o curso do tratamento, respon<strong>de</strong>ndo-as<br />

• Comente sobre texturas, vibrações e sabores que o paciente po<strong>de</strong> experimentar<br />

• Não toque o paciente antes <strong>de</strong> avisá-lo, pois <strong>de</strong>ficientes visuais têm maior sensibilida<strong>de</strong> ao<br />

tato e po<strong>de</strong>m se alarmar com isto<br />

• Não se ausente da sala sem antes avisar<br />

• Quando for guiar o paciente, ofereça o braço e <strong>de</strong>ixe-o segurá-lo, não puxando ou<br />

empurrando-o. Descreva os obstáculos conforme andam<br />

• Permita ao paciente que usa óculos que o mantenha em posição<br />

• Em vez <strong>de</strong> usar a abordagem dizer, mostrar, sentir, fazer, convi<strong>de</strong>-o a tocar, experimentar<br />

ou cheirar. Evite referência à visão<br />

• Evite barulho alto inesperado<br />

• Demonstre na unha do paciente a taça <strong>de</strong> borracha ou outros instrumentos<br />

• Crie vínculo com o paciente, gerando segurança no mesmo<br />

357


seguinte forma:<br />

4.22.6 Perda <strong>de</strong> Audição<br />

Refere-se à perda parcial ou total das possibilida<strong>de</strong>s auditivas sonoras, variando da<br />

• Sur<strong>de</strong>z leve: De 25 a 49 <strong>de</strong>cibéis (dB)<br />

• Sur<strong>de</strong>z mo<strong>de</strong>rada: De 41 a 55 dB<br />

• Sur<strong>de</strong>z acentuada: De 56 a 70 dB<br />

• Sur<strong>de</strong>z severa: De 71 a 90 dB<br />

• Sur<strong>de</strong>z profunda: Acima <strong>de</strong> 91 dB<br />

• Anacusia<br />

Causas mais conhecidas<br />

• Fatores pré-natais<br />

o Infecções virais, tais como rubéola e influenza<br />

o Drogas ototóxicas<br />

o Sífilis congênita<br />

o Síndromes hereditárias<br />

• Fatores perinatais<br />

o Toxemia tardia na gravi<strong>de</strong>z<br />

o Prematurida<strong>de</strong><br />

o Trauma ao nascimento<br />

o Anóxia<br />

o Eritroblastose fetal<br />

• Fatores pós-natais<br />

o Infecções virais (caxumba, sarampo, catapora, influenza, poliomielite, meningite, etc.)<br />

o Traumas<br />

o Drogas ototóxicas como aspirina, estreptomicina, neomicina, canamicina<br />

358


Consi<strong>de</strong>rações odontológicas<br />

• Durante a anamnese, avalie a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala e o grau <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong> auditiva<br />

• I<strong>de</strong>ntifique em que ida<strong>de</strong> começou, grau, causa da perda auditiva e se existem outros<br />

problemas associados<br />

• Verifique como o paciente prefere se comunicar: Por intérprete (acompanhante), leitura<br />

<strong>de</strong> lábios, linguagem <strong>de</strong> sinais, notas escritas ou combinação <strong>de</strong>stes<br />

• Facilite a comunicação reduzindo ruídos externos como sugador, rádio, etc.<br />

• Remova a máscara para mostrar seus lábios durante a conversa com o paciente<br />

• Fale <strong>de</strong> frente para o paciente, em ritmo normal, sem gritar<br />

• Use espelhos, mo<strong>de</strong>los, <strong>de</strong>senhos e a forma escrita para se comunicar<br />

• Empregue a abordagem diga, mostre e faça<br />

• Antes <strong>de</strong> usar aparelhos rotatórios e o ultrassom, ajuste o aparelho auditivo (se paciente<br />

usar um), pois o mesmo amplifica todos os sons. Muitas vezes, o paciente preferirá<br />

<strong>de</strong>sligá-lo. Se for o caso, procure dar todas as explicações antes <strong>de</strong> iniciar os<br />

procedimentos<br />

• Pacientes com perda auditiva po<strong>de</strong>m ser muito sensíveis à vibração das brocas<br />

Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

• Os familiares e responsáveis <strong>de</strong>vem ser orientados sobre a importância da sua conduta<br />

frente ao tratamento odontológico e na manutenção da saú<strong>de</strong> bucal do paciente. Os<br />

mesmos <strong>de</strong>vem ser criteriosamente informados pela equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal sobre todos os<br />

passos a serem tomados antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cada intervenção<br />

• No caso <strong>de</strong> pacientes com movimentos involuntários, cerramento da boca e aumento do<br />

reflexo <strong>de</strong> engasgar, a manutenção da higiene bucal pelos responsáveis po<strong>de</strong> ser difícil,<br />

havendo, portanto, necessida<strong>de</strong> aumentada <strong>de</strong> cuidado preventivo odontológico<br />

• Na presença <strong>de</strong> dieta pastosa e/ou rica em carboidrato ou, quando do uso <strong>de</strong> medicamentos<br />

adocicados, orientar sobre a importância da higiene após a alimentação para evitar cárie e<br />

doença periodontal<br />

• Para facilitar a higiene bucal, recomendar a utilização <strong>de</strong> pouco creme <strong>de</strong>ntal e a adoção <strong>de</strong><br />

escova <strong>de</strong>ntal pequena. Escovar, sempre que possível, todas as faces dos <strong>de</strong>ntes<br />

359


• Pacientes com impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escovação <strong>de</strong>ntária, recomenda-se limpeza com gaze<br />

umi<strong>de</strong>cida em solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, duas vezes ao dia, em todas as<br />

faces do <strong>de</strong>nte, com auxílio do abridor <strong>de</strong> boca (feito com abaixadores <strong>de</strong> língua)<br />

360


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365


CAPÍTULO 5<br />

ATENÇÃO ESPECIALIZADA<br />

366


367


5. ATENÇÃO ESPECIALIZADA<br />

368<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

João Fernando Balan<br />

Euterpe Frigeri Barczysczyn<br />

5.1 CRITÉRIOS GERAIS PARA REFERÊNCIA AO CENTRO DE ESPECIALIDADES<br />

ODONTOLÓGICAS (CEO)<br />

• Antes do encaminhamento, certificar-se <strong>de</strong> que o usuário esteja motivado para o<br />

tratamento odontológico especializado<br />

• Esse usuário <strong>de</strong>ve ter concluído ou estar em tratamento nas USF<br />

• O agendamento do mesmo <strong>de</strong>ve ser realizado na USF, <strong>de</strong> acordo com a oferta <strong>de</strong><br />

vagas das diversas especialida<strong>de</strong>s<br />

• Os usuários encaminhados ao CEO <strong>de</strong>verão levar duas vias da guia <strong>de</strong><br />

referência/contrarreferência contendo:<br />

o I<strong>de</strong>ntificação da USF <strong>de</strong> origem<br />

o Nome do profissional responsável e seu registro no CRO<br />

o Descrição do motivo do encaminhamento<br />

o Procedimentos realizados na USF<br />

o Radiografias, laudos médicos e exames complementares, se houver<br />

o Outras informações pertinentes<br />

• O encaminhamento <strong>de</strong>verá indicar a especialida<strong>de</strong> em questão<br />

o Pacientes com Necessida<strong>de</strong>s Especiais<br />

o Cirurgia Odontológica<br />

o Endodontia<br />

o Periodontia<br />

o Prótese Dental<br />

• O usuário <strong>de</strong>ve ser encaminhado ao CEO após a eliminação da dor, resolução dos<br />

casos <strong>de</strong> urgência e com os tratamentos básicos realizados (a<strong>de</strong>quação do meio


ucal, terapia periodontal básica, remoção dos focos <strong>de</strong> infecção e selamento<br />

provisório das cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cárie, entre outros)<br />

• Os usuários com patologias sistêmicas <strong>de</strong>vem estar, preferencialmente,<br />

compensados antes <strong>de</strong> serem encaminhados para o CEO<br />

• Com a conclusão do tratamento especializado, o usuário retornará à USF <strong>de</strong> origem<br />

com a guia <strong>de</strong> contrarreferência preenchida, constando a i<strong>de</strong>ntificação do<br />

profissional e o tratamento realizado. Uma via permanecerá no prontuário do usuário<br />

no CEO<br />

• Orientar o usuário para respeitar o horário da consulta agendada<br />

• Ocorrendo falta na Primeira Consulta (PC) no CEO, o mesmo <strong>de</strong>verá reagendar<br />

nova consulta na USF <strong>de</strong> origem<br />

• Nos casos <strong>de</strong> dúvidas, recomenda-se o contato com o profissional da especialida<strong>de</strong><br />

para a discussão do tratamento<br />

369


5.2 ENDODONTIA<br />

Referência<br />

Encaminhar<br />

• Dentes permanentes mono, bi ou multirradiculares<br />

Critérios <strong>de</strong> encaminhamento<br />

• Verificar<br />

o Se a coroa clínica será restaurável após tratamento endodôntico<br />

370<br />

o Se há condições <strong>de</strong> receber isolamento absoluto. Caso contrário,<br />

encaminhar previamente para o serviço <strong>de</strong> Periodontia para aumento <strong>de</strong><br />

coroa<br />

o Se o <strong>de</strong>nte irá necessitar <strong>de</strong> uma prótese (orientar o usuário quanto ao seu<br />

custo, já que a mesma não será realizada pelo CEO)<br />

• Antes <strong>de</strong> encaminhar o usuário, remover toda a cárie do <strong>de</strong>nte suspeito e verificar o<br />

potencial <strong>de</strong> reversão do processo patológico, realizando:<br />

o Proteção pulpar direta ou indireta<br />

o Aguardar por um período para verificar a reação pulpar, realizando testes <strong>de</strong><br />

vitalida<strong>de</strong><br />

o Verificar se o <strong>de</strong>nte apresenta sintomas <strong>de</strong> alteração pulpar<br />

o Dentes com indicação <strong>de</strong> endodontia, fazer abertura coronária,<br />

reconstrução <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s ausentes e curativo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mora (formocresol ou<br />

tricresol)<br />

• Estabelecer diagnóstico diferencial entre dor <strong>de</strong> origem endodôntica ou periodontal<br />

antes <strong>de</strong> encaminhá-lo ao serviço especializado<br />

• Dente com evidência clínica <strong>de</strong> abscesso com tumefação facial e/ou dor, realizar a<br />

<strong>de</strong>vida intervenção e medicação anti-infecciosa com o intuito <strong>de</strong> aliviar os sintomas,<br />

antes <strong>de</strong> encaminhar ao serviço especializado


Não encaminhar<br />

• Dentes com periodonto severamente comprometido com:<br />

o Gran<strong>de</strong> perda <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> sustentação<br />

o Alto grau <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> horizontal e vertical<br />

o Envolvimento <strong>de</strong> furca<br />

• Dentes com coroa <strong>de</strong>struída abaixo do nível ósseo<br />

Consi<strong>de</strong>ração<br />

Após a conclusão do tratamento endodôntico, o usuário retornará à USF <strong>de</strong> origem<br />

para restauração do <strong>de</strong>nte e conclusão do tratamento.<br />

371


Fluxograma 12 - Encaminhamento para Endodontia<br />

USF<br />

• Diagnóstico<br />

• Remoção <strong>de</strong> cárie<br />

• Acesso endodôntico<br />

• Curativo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mora<br />

(formocresol ou tricresol)<br />

Encaminhamento para Endodontia<br />

Endodontia<br />

• Realiza a endodontia<br />

• Encaminha o usuário para a USF<br />

<strong>de</strong> origem para a conclusão do<br />

tratamento<br />

USF<br />

• Restauração do <strong>de</strong>nte tratado<br />

• Finaliza o tratamento<br />

372


5.3 PERIODONTIA<br />

Referência<br />

Encaminhar<br />

• Dentes com bolsa periodontal > 4 mm e/ou nos casos <strong>de</strong> insucesso após raspagem<br />

subgengival<br />

• Cirurgia pré-protética: Aumento <strong>de</strong> coroa clínica para restaurações ou próteses<br />

(<strong>de</strong>ntes que apresentem fraturas ou cárie subgengival e casos <strong>de</strong> prótese anterior<br />

ou posterior em que o paciente tenha condições <strong>de</strong> arcar com o custo da mesma)<br />

• Frenectomia: De freio lingual e em casos on<strong>de</strong> o freio labial é bem <strong>de</strong>senvolvido,<br />

que penetre na papila, causando diastemas. Este procedimento <strong>de</strong>verá,<br />

preferencialmente, ser realizado após a erupção dos incisivos superiores<br />

permanentes<br />

• Bri<strong>de</strong>ctomia: Quando sua inserção dificultar a higienização e/ou estiver causando<br />

recessão gengival<br />

• Contenção (Splintagem): Em caso <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> severa dos <strong>de</strong>ntes causada por<br />

doença periodontal avançada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja controle a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Cunha distal ou mesial: Nos casos <strong>de</strong> bolsas > 4 mm, on<strong>de</strong> se verifique hiperplasia<br />

gengival que impossibilite a higienização ou restauração a<strong>de</strong>quada<br />

• Gengivectomia e gengivoplastia: On<strong>de</strong> exista hiperplasia gengival, inclusive<br />

induzida por medicamento<br />

Não encaminhar<br />

• Pacientes sem tratamento básico realizado (raspagem supra e subgengival,<br />

a<strong>de</strong>quação do meio, exodontias, etc.)<br />

• Pacientes sem controle efetivo do biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Pacientes <strong>de</strong>smotivados<br />

• Pacientes com bolsas periodontais até 4mm<br />

374


• Dentes com acentuada mobilida<strong>de</strong> (grau III) 44<br />

• Dentes com indicação <strong>de</strong> exodontia<br />

• Dentes com severa <strong>de</strong>struição coronária por cárie ou fratura, cujo paciente não<br />

possa arcar com os custos <strong>de</strong> uma prótese<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Tratamento periodontal agudo <strong>de</strong>verá ser realizado na USF, como: Drenagem <strong>de</strong><br />

abscessos, gengivite necrotizante aguda, pericoronarite, prescrição terapêutica<br />

• Orientar os pacientes a respeito dos procedimentos que serão realizados na<br />

Primeira Consulta (PC): Anamnese, mapeamento periodontal, exames<br />

radiográficos e plano <strong>de</strong> tratamento<br />

• A remoção <strong>de</strong> sutura será ser realizada no CEO para controle pós-operatório. Em<br />

situações excepcionais, como nos casos <strong>de</strong> baixa complexida<strong>de</strong> e visando-se<br />

maior conforto do paciente, será solicitada à USF a remoção <strong>de</strong> sutura<br />

• Na guia <strong>de</strong> referência, <strong>de</strong>screver o motivo <strong>de</strong> encaminhamento, o diagnóstico,<br />

especificando a região, quadrante, <strong>de</strong>nte, etc. Não escrever somente: Avaliação e<br />

conduta periodontal<br />

44 Classificação das mobilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntárias:<br />

Grau I – Mobilida<strong>de</strong> leve, até 1mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento vestíbulo-lingual<br />

Grau II – Mobilida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada, até 2mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento vestíbulo-lingual<br />

Grau III – Mobilida<strong>de</strong> severa, mobilida<strong>de</strong> > 2mm em todas as direções ( vestíbulo-lingual , mésio-distal e vertical)<br />

375


Sim<br />

CEO realiza<br />

tratamento<br />

periodontal<br />

Contrarreferência para a USF<br />

que realizará a proservação<br />

Fluxograma 13 - Encaminhamento para Periodontia<br />

USF diagnostica e encaminha<br />

para Periodontia<br />

CEO<br />

Paciente aten<strong>de</strong> aos<br />

critérios<br />

estabelecidos?<br />

Não<br />

Solução do problema na<br />

USF<br />

376


5.4 PRÓTESE DENTÁRIA<br />

Referência<br />

Encaminhar<br />

• Des<strong>de</strong>ntado total que atenda aos critérios<br />

o Rebordo alveolar em condições a<strong>de</strong>quadas<br />

o Exodontias realizadas pelo menos 30 dias antes do encaminhamento<br />

o Ausência <strong>de</strong> hiperplasias gengivais e/ou em regiões da bochecha<br />

o Ausência <strong>de</strong> lesões ou alterações na mucosa e/ou rebordos alveolares<br />

378<br />

o Pacientes com problemas <strong>de</strong> ATM, em <strong>de</strong>corrência da falta <strong>de</strong> prótese ou<br />

prótese <strong>de</strong>sgastadas, com perda <strong>de</strong> dimensão vertical<br />

• Usuário com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prótese unitária para <strong>de</strong>ntes anteriores (entrar em<br />

contato telefônico com o CEO para verificar a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vagas para este<br />

tipo <strong>de</strong> encaminhamento), após conclusão do tratamento endodôntico<br />

• Des<strong>de</strong>ntado parcial que atenda aos critérios<br />

o Quando houver comprometimento estético (ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes anteriores)<br />

o Rebordo alveolar regular que possibilite o assentamento da prótese<br />

o Tratamento básico realizado (periodontal, restaurações, exodontias, etc.) e<br />

Não encaminhar<br />

especializados, principalmente nos elementos <strong>de</strong> suporte da prótese<br />

• Pacientes com síndrome motora, psiquiátrica ou nervosa severa. Após avaliação<br />

criteriosa, verificar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confecção e uso <strong>de</strong> prótese<br />

• Usuários com elementos <strong>de</strong>ntários que possam ser tratados <strong>de</strong> forma conservadora<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Retornos para ajustes ou outros motivos, <strong>de</strong>verão ser agendados diretamente no<br />

CEO<br />

• Em média, a prótese será confeccionada em 4 sessões, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a moldagem até a<br />

entrega da mesma, exceto os ajustes posteriores


• Somente serão realizados consertos ou ajustes <strong>de</strong> próteses confeccionadas pelo<br />

CEO<br />

379


Fluxograma 14 - Encaminhamento para Prótese Dentária<br />

USF encaminha <strong>de</strong> acordo<br />

com os critérios da<br />

especialida<strong>de</strong><br />

Avaliação pelo CD da<br />

Especialida<strong>de</strong><br />

O CEO confecciona:<br />

• Prótese parcial removível<br />

• Prótese total<br />

• Prótese unitária anterior<br />

CEO realiza ajustes<br />

A USF realiza proservação e<br />

orientação <strong>de</strong> higiene<br />

380


5.5 CIRURGIA ODONTOLÓGICA<br />

Referência<br />

Encaminhar<br />

• Dentes retidos (inclusos ou impactados)<br />

• Dentes anquilosados<br />

• Dentes supranumerários<br />

• Hiperplasia tecidual anormal<br />

• Lesões brancas (Leucoplasia, Líquen plano, Ceratose actínea)<br />

• Lesões vermelhas (Eritroplasias)<br />

• Lesões ulceradas<br />

• Todas as lesões que persistirem mais <strong>de</strong> 2 a 3 semanas acompanhadas <strong>de</strong><br />

endurecimento ou sangramento (para realização <strong>de</strong> biópsia)<br />

• Lesões malignas (carcinomas, tumores <strong>de</strong> glândulas salivares, sarcomas,<br />

melanomas, nevos)<br />

• Cirurgias pré-protéticas<br />

• Frenectomias labial e lingual<br />

• Cirurgia <strong>de</strong> cistos (odontogênicos ou não)<br />

• Apicetomias (com tratamento endodôntico realizado)<br />

• Fístulas Bucossinusal<br />

Não encaminhar<br />

• Exodontias simples, inclusive para finalida<strong>de</strong> protética (<strong>de</strong>vem ser realizadas nas<br />

USF)<br />

• Raízes residuais<br />

• Procedimentos para atendimento em ambiente hospitalar<br />

• Usuários com patologias sistêmicas não compensadas<br />

382


Consi<strong>de</strong>rações<br />

• A remoção <strong>de</strong> sutura <strong>de</strong>verá ser realizada na USF <strong>de</strong> origem, em 7 dias, exceto em<br />

casos especiais, retornar ao CEO para avaliação pelo profissional da especialida<strong>de</strong><br />

• Nos casos <strong>de</strong> ulcerações, remover o agente causal como: Arestas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes,<br />

raízes residuais e próteses mal adaptadas. Reavaliar o caso antes do<br />

encaminhamento para a especialida<strong>de</strong><br />

383


Fluxograma 15 - Encaminhamento para Cirurgia Odontológica<br />

Resultado do<br />

exame<br />

positivo para<br />

câncer<br />

Encaminhamento<br />

para especialista<br />

em Oncologia<br />

Biópsia<br />

USF encaminha <strong>de</strong> acordo<br />

com critérios da especialida<strong>de</strong><br />

Resultado do<br />

exame<br />

negativo para<br />

câncer<br />

Avaliação pelo CD da<br />

Especialida<strong>de</strong><br />

Avaliação clínica e <strong>de</strong><br />

imagens<br />

Procedimento <strong>de</strong> Rotina<br />

Retorno para USF<br />

Proservação<br />

384


5.6 PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS<br />

Referência<br />

Encaminhar<br />

• Usuários que foram avaliados pelo CD da USF quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tratamento odontológico e que não permitiram o atendimento clínico ambulatorial<br />

convencional<br />

• Pacientes que apresentam movimentos involuntários que coloquem em risco a sua<br />

integrida<strong>de</strong> física<br />

• Portadores <strong>de</strong> sofrimento mental que não permitem atendimento na USF<br />

• Deficiente mental com comprometimento <strong>de</strong> fala e/ou que não respon<strong>de</strong> a<br />

comandos i<strong>de</strong>ntificados (não cooperativo)<br />

• Deficientes sensoriais e físicos, quando associados a distúrbios <strong>de</strong> comportamento<br />

• Patologias sistêmicas crônicas, endócrino/metabólicas, alterações genéticas e<br />

outras, quando associadas a distúrbio <strong>de</strong> comportamento<br />

• Deficiente neurológico “grave” (ex: Paralisia Cerebral)<br />

• Doenças <strong>de</strong>generativas do sistema nervoso central, quando impossibilitados <strong>de</strong><br />

atendimento na USF<br />

• Autista não colaborador<br />

• Superdotados, limítrofes e infradotados (<strong>de</strong>ficiência mental), que não permitem<br />

tratamento na USF<br />

• Síndromes e <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s crânio/faciais: Genéticos (Ex: Síndrome <strong>de</strong> Down,<br />

Displasia ectodérmica), ambientais (Ex: Infecções, ida<strong>de</strong> da mãe) e multifatoriais<br />

(Ex: Deficiência mental), não colaboradores<br />

• Pessoas com distúrbios <strong>de</strong> comportamentos (Ex: Medo, ansieda<strong>de</strong>, disfunção<br />

cerebral mínima), não colaboradores<br />

• Pessoas com <strong>de</strong>svios psiquiátricos (neurose e psicoses), não colaboradores<br />

• Pessoas com <strong>de</strong>ficiências sensoriais <strong>de</strong> comunicação: Comunicação oral (afasia),<br />

áudio-comunicação (<strong>de</strong>ficiência auditiva) e distúrbios visuais (<strong>de</strong>ficiência visual),<br />

que não permitem tratamento na USF<br />

386


Agendamento<br />

• Contato telefônico com o CEO para efetuar o agendamento. O usuário <strong>de</strong>ve retirar<br />

a guia <strong>de</strong> agendamento na USF <strong>de</strong> origem<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• O tratamento <strong>de</strong> manutenção po<strong>de</strong>rá ser realizado:<br />

o Na USF <strong>de</strong> origem (<strong>de</strong>vido à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso do paciente)<br />

o No CEO, quando o não houver condições <strong>de</strong> manutenção na USF<br />

• Relatar as condições sistêmicas do paciente, como uso <strong>de</strong> medicamentos, exames<br />

laboratoriais, avaliação médica, etc., na guia <strong>de</strong> referência<br />

• Encaminhar ao CEO somente os usuários que não permitiram o tratamento na<br />

USF<br />

• Usuários não colaboradores ou que apresentam comprometimento sistêmico<br />

severo, após a avaliação do profissional da USF, serão avaliados pelo profissional<br />

do CEO que indicará a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento hospitalar sob sedação<br />

387


Fluxograma 16 - Encaminhamento <strong>de</strong> Pacientes com Necessida<strong>de</strong>s Especiais<br />

Não<br />

Atendimento<br />

hospitalar<br />

Não<br />

Entrar em contato com<br />

CEO para o<br />

agendamento<br />

Tem condições <strong>de</strong><br />

atendimento<br />

ambulatorial?<br />

USF acolhe e a avalia o<br />

paciente<br />

Sim<br />

É colaborador?<br />

Atendimento ambulatorial<br />

• Educação em saú<strong>de</strong><br />

• Procedimento clínico<br />

Sim<br />

USF<br />

Educação em saú<strong>de</strong><br />

Procedimento clínico<br />

Manutenção na USF<br />

Manutenção no<br />

CEO<br />

388


389


CAPÍTULO 6<br />

PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS<br />

390


6.1 PROCEDIMENTOS PREVENTIVOS<br />

6.1.1 Terapia com Flúor<br />

6. PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS<br />

392<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

O flúor é comprovadamente um método seguro e eficaz na prevenção e controle <strong>de</strong><br />

cárie <strong>de</strong>ntária. Sua utilização em larga escala tem gerado benefícios a inúmeros grupos<br />

populacionais nas últimas décadas.<br />

Em <strong>Londrina</strong>, o início da fluoração das águas <strong>de</strong> abastecimento público ocorreu no ínício<br />

da década <strong>de</strong> setenta. A utilização crescente do flúor, associado às melhorias no acesso aos<br />

serviços <strong>de</strong> odontologia, ações <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong> bucal, apropriação do conhecimento<br />

pela população, vem contribuindo para o <strong>de</strong>clínio na prevalência <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária no município,<br />

<strong>de</strong>monstrado através dos resultados dos levantamentos epi<strong>de</strong>miológicos <strong>de</strong> cárie e <strong>de</strong> fluorose<br />

<strong>de</strong>ntária realizados. O índice CPOD (número <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes cariados, perdidos e obturados por<br />

indivíduo) aos 12 anos passou <strong>de</strong> 6,95 em 1981 para 0,97 em 2004, representando um <strong>de</strong>clínio<br />

superior a 85% em 23 anos. Por outro lado, dado o contexto <strong>de</strong> múltipla exposição ao flúor,<br />

constataram-se níveis mais elevados <strong>de</strong> Fluorose Dentária, conforme verificado pelos estudos<br />

epi<strong>de</strong>miológicos conduzidos.<br />

Desta maneira, reafirma-se a importância da utilização racional do flúor a fim <strong>de</strong> que<br />

este método preventivo continue a ser empregado <strong>de</strong> forma segura e eficaz na população<br />

londrinense.


6.1.1.2 Mecanismo <strong>de</strong> ação<br />

Durante muitos anos prevaleceu o conceito <strong>de</strong> que o importante seria a ingestão <strong>de</strong> flúor<br />

durante a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ntário, visando-se sua incorporação ao esmalte e<br />

obtenção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte mais resistente à ação dos ácidos provindos do biofilme <strong>de</strong>ntal. Assim,<br />

sua principal ação seria pré-eruptiva, justificando sua ingestão somente até os treze anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, época em que os <strong>de</strong>ntes permanentes estariam com suas coroas formadas, excetuando-<br />

se os terceiros molares.<br />

Atualmente, entretanto, predomina o conceito da ação dinâmica do flúor durante os<br />

processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smineralização (DES) e remineralização (RE) do esmalte <strong>de</strong>ntário ou <strong>de</strong> uma<br />

atuação predominantemente pós-eruptiva. De acordo com este pensamento, o flúor <strong>de</strong>ve estar<br />

presente <strong>de</strong> forma contínua na saliva, com isto ofecerendo efeito tópico e terapêutico nos<br />

<strong>de</strong>ntes, participando ativamente na inibição <strong>de</strong> cárie.<br />

Nos métodos sistêmicos (água fluorada ou suplementos <strong>de</strong> flúor), o reservatório <strong>de</strong> flúor<br />

é o osso renovável, o qual se mantém como manancial <strong>de</strong>ste elemento para o plasma e,<br />

posteriormente, para a saliva.<br />

Nos métodos tópicos, o uso frequente dos fluoretos leva à formação <strong>de</strong> um mineral<br />

semelhante ao fluoreto <strong>de</strong> cálcio (CaF2), o qual se <strong>de</strong>posita sobre superfície <strong>de</strong>ntária,<br />

funcionando como reservatório local <strong>de</strong> flúor. Nos episódios <strong>de</strong> queda do pH, em que ocorre a<br />

<strong>de</strong>smineralização, o flúor é liberado <strong>de</strong>sta camada, potencializando o processo <strong>de</strong><br />

remineralização.<br />

6.1.1.3 Métodos <strong>de</strong> utilização<br />

6.1.1.3.1 Flúor sistêmico<br />

• Água fluorada<br />

A fluoração da água <strong>de</strong> consumo público é um método seguro, efetivo, simples e<br />

econômico para a prevenção <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária. Reduz a prevalência da cárie em torno <strong>de</strong> 60%<br />

em média. É recomendada pela OMS e pelo MS sendo obrigatória por lei no Brasil on<strong>de</strong> houver<br />

estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água (Lei Fe<strong>de</strong>ral 6.050, <strong>de</strong> 24/05/1974), pois é uma medida <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Pública extremamente importante para países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

393


No Município <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>, a fluoração da água <strong>de</strong> abastecimento iniciou-se no ano <strong>de</strong><br />

1971, através Serviço Autárquico <strong>de</strong> Saneamento (SAS) para a região central da cida<strong>de</strong>.<br />

Posteriormente este serviço foi substituído pela Companhia Paranaense <strong>de</strong> Saneamento<br />

(SANEPAR) que ampliou a área <strong>de</strong> abrangência da fluoração para todas as regiões urbanas do<br />

município. Atualmente, a água oferecida na área urbana do município é proveniente das fontes<br />

do Ribeirão Cafezal, Rio Tibagi e <strong>de</strong> mais 05 poços artesianos (Vivi Xavier, Nova Esperança,<br />

Jamile Dequech, Semiramis e São Lourenço).<br />

Na maioria dos distritos rurais, a água <strong>de</strong> abastecimento não é fluorada, com exceção<br />

dos distritos <strong>de</strong> Paiquerê, Lerroville e Guaravera, on<strong>de</strong> a mesma recebe flúor.<br />

O processo <strong>de</strong> fluoração das águas é realizado nas Estações <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Água<br />

(ETAs) e também nas fontes (poços artesianos), e daí para a distribuição pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> água.<br />

seguintes:<br />

Os limites recomendados para a concentração do íon fluoreto em <strong>Londrina</strong> são os<br />

• Concentração mínima na água: 0,6 mg/L<br />

• Concentração média: 0,77 mg/L<br />

• Concentração máxima: 1,1 mg/L<br />

A eficácia preventiva da fluoração das águas <strong>de</strong> abastecimento público <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

continuida<strong>de</strong> da aplicação <strong>de</strong>sta medida e da manutenção <strong>de</strong> níveis a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> flúor. A<br />

empresa <strong>de</strong> saneamento faz controle operacional quando adiciona flúor às águas. Entretanto,<br />

faz-se necessário que além <strong>de</strong>sse controle existam sistemas <strong>de</strong> vigilância baseados no<br />

princípio do heterocontrole.<br />

Em <strong>Londrina</strong>, o heterocontrole é realizado rotineiramente, tendo sido estabelecidos 16<br />

pontos <strong>de</strong> coleta mensal em diferentes regiões da cida<strong>de</strong>. Os pontos <strong>de</strong> coleta foram<br />

<strong>de</strong>terminados observando-se as cinco (05) regiões da zona urbana (centro, norte, sul, leste e<br />

oeste) e também a zona rural, do município. Este serviço está sob responsabilida<strong>de</strong> da<br />

Vigilância Sanitária da AMS.<br />

• Suplementos <strong>de</strong> flúor (comprimidos e gotas)<br />

De acordo com tendências atuais aplicadas à Saú<strong>de</strong> Pública, não se justifica a<br />

prescrição <strong>de</strong> medicamentos contendo flúor em gestantes por não apresentarem nenhum<br />

benefício comprovado.<br />

394


A sua utilização pós-natal para o bebê não está indicada na região urbana <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>,<br />

pois a água <strong>de</strong> abastecimento público é fluorada.<br />

Em localida<strong>de</strong>s sem água fluorada, seu uso também não está indicado, já que a<br />

população infantil tem acesso a <strong>de</strong>ntifrícios com flúor.<br />

6.1.1.3.1 Flúor tópico<br />

• Dentifrícios fluorados<br />

A utilização dos <strong>de</strong>ntifrícios fluorados nas últimas décadas tem contribuído<br />

significativamente para redução na prevalência <strong>de</strong> cárie. Sua eficácia varia <strong>de</strong> 25 a 40% e<br />

resi<strong>de</strong> no efeito <strong>de</strong> limpeza, pela escovação e efeitos mineralizantes obtidos pelo flúor.<br />

Atualmente no Brasil, 99% dos <strong>de</strong>ntifrícios comercializados contêm flúor, com mais <strong>de</strong><br />

30 marcas comerciais disponíveis. Entretanto, 5 <strong>de</strong>stas marcas representam 92% do consumo<br />

brasileiro. Diferentes formas <strong>de</strong> flúor po<strong>de</strong>m ser adicionadas ao <strong>de</strong>ntifrício, como o monoflúor<br />

fosfato <strong>de</strong> sódio (Na2PO3F) ou MFP, o fluoreto <strong>de</strong> sódio (NaF), o fluoreto <strong>de</strong> estanho (SnF2). A<br />

maioria dos <strong>de</strong>ntifrícios brasileiros contém o MFP, compatível com o abrasivo à base <strong>de</strong><br />

carbonato cálcio, que é <strong>de</strong> menor preço e facilmente encontrado no mercado nacional,<br />

entretanto <strong>de</strong>ntifrícios contendo NaF também estão disponíveis. A concentração <strong>de</strong> flúor, na<br />

maioria, varia entre 1000 a 1500 partes por milhão (ppm), sendo encontrados também em<br />

concentrações mais baixas.<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flúor ingerido durante a escovação por crianças varia conforme a<br />

ida<strong>de</strong>, representando um fator <strong>de</strong> risco para a Fluorose Dentária. O percentual médio <strong>de</strong><br />

ingestão <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrício durante a escovação <strong>de</strong>ntária, <strong>de</strong> acordo com a ida<strong>de</strong> da criança, é:<br />

o 2 anos: 65%<br />

o 3 anos: 36%<br />

o 4 a 5 anos: 26%<br />

o 6 a 7 anos: 20%<br />

Sendo assim frisa-se a importância <strong>de</strong> supervisão da escovação pelos pais ou<br />

responsáveis até os sete anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, bem como a utilização <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s do<br />

produto.<br />

395


Vantagens<br />

o Sua forma <strong>de</strong> utilização leva à <strong>de</strong>sorganização <strong>de</strong> biofilme (pela ação mecânica da<br />

escovação) e manutenção <strong>de</strong> flúor na saliva<br />

o Uso diário inibe <strong>de</strong>smineralização do esmalte<br />

Desvantagens<br />

o Ingestão continuda/rotineira, mesmo em pequenas quantida<strong>de</strong>s, por crianças menores<br />

<strong>de</strong> 7 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> levar à Fluorose Dentária<br />

Indicações<br />

o Indivíduos acima <strong>de</strong> 36 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do risco <strong>de</strong> cárie<br />

Frequência <strong>de</strong> utilização<br />

o Pelo menos 2 vezes ao dia<br />

Quantida<strong>de</strong><br />

o 3 a 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: Equivalente a 1 grão <strong>de</strong> arroz (ou dois tufos <strong>de</strong> cerdas), com<br />

concentração 500 ppm <strong>de</strong> flúor<br />

o 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: Equivalente a 1 grão <strong>de</strong> ervilha ou técnica transversal, com<br />

concentração <strong>de</strong> 1000 a 1100 ppm <strong>de</strong> flúor<br />

o Adulto: Técnica transversal, com concentração <strong>de</strong> 1000 a 1500 ppm <strong>de</strong> flúor<br />

396


• Soluções <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio (NaF)<br />

Fluoreto <strong>de</strong> Sódio 0,05%<br />

Concentração <strong>de</strong> flúor<br />

o 0,05% ou 225 ppm <strong>de</strong> íon flúor<br />

Indicação<br />

o Pacientes ou indivíduos <strong>de</strong> médio ou alto risco/ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie, conforme avaliação<br />

criteriosa do profissional. Ex: Radioterapia <strong>de</strong> cabeça e pescoço, tratamento ortodôntico<br />

fixo, diminuição do fluxo salivar por medicamentos ou presença <strong>de</strong> patologia, portador<br />

HIV ou doente <strong>de</strong> AIDS, famílias com alta ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie, etc.<br />

Vantagens<br />

o Uso diário inibe <strong>de</strong>smineralização do esmalte<br />

Desvantagens<br />

o A<strong>de</strong>são ao método<br />

o Risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> aguda<br />

o Contraindicado para menores <strong>de</strong> 7 anos <strong>de</strong>vido ao risco <strong>de</strong> ingestão<br />

Técnica <strong>de</strong> aplicação<br />

o Bochecho com 10 mL <strong>de</strong> solução por 1 minuto, uma vez ao dia, antes <strong>de</strong> dormir. A ação<br />

do flúor não é diminuída em função da presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal. Entretanto, como<br />

forma <strong>de</strong> se estimular o hábito, reforça-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escovação <strong>de</strong>ntária. Não<br />

ingerir nada ou lavar a boca durante os primeiros 30 minutos.<br />

397


Preparo da solução <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,05%<br />

o 1 grama <strong>de</strong> Fluoreto <strong>de</strong> Sódio (1 comprimido ou 1 sachê <strong>de</strong> 1 grama) diluído em 2 litros<br />

<strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada ou <strong>de</strong>ionizada<br />

o Tempo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> da solução: 3 meses<br />

o A solução po<strong>de</strong>rá ser preparada pela farmácia conveniada pela AMS ou pela clínica<br />

odontológica, conforme protocolo da USF em relação a produtos manipulados<br />

o A solução para uso domiciliar <strong>de</strong>verá ser dispensada na clínica odontológica ou na<br />

farmácia, conforme protocolo da USF, através <strong>de</strong> receita fornecida pelo profissional, já<br />

que este produto é um medicamento<br />

o O frasco <strong>de</strong>verá estar i<strong>de</strong>ntificado com o nome do produto, prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>, nome do<br />

paciente e com a recomendação: Não ingerir e manter longe do alcance <strong>de</strong> crianças<br />

o Os sachês ou comprimidos e as soluções <strong>de</strong>vem ser armazenados em lugar seco,<br />

arejado, sem exposição ao sol e seguro, <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificados, a fim <strong>de</strong> se<br />

prevenir a ingestão aci<strong>de</strong>ntal dos mesmos<br />

Fluoreto <strong>de</strong> Sódio 0,2%<br />

Concentração <strong>de</strong> flúor<br />

o 0,2% ou 900 ppm <strong>de</strong> íon flúor<br />

Indicação<br />

o Para grupos <strong>de</strong> indivíduos que apresentem uma ou mais das seguintes condições, <strong>de</strong>ve-<br />

se instituir o bochecho semanal<br />

� Exposição à água <strong>de</strong> abastecimento sem flúor ou com teores abaixo <strong>de</strong> 0,4 ppm<br />

<strong>de</strong> flúor<br />

� CPOD médio maior que 3 aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

� Menos <strong>de</strong> 30% dos indivíduos livres <strong>de</strong> cárie aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

o Aplicação clínica em crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, para aumento da resistência à<br />

cárie, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 3, item 3.1.5.2<br />

o No tratamento domiciliar <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinária<br />

398


Vantagens<br />

o Inibe <strong>de</strong>smineralização do esmalte<br />

o Maior concentração <strong>de</strong> flúor na solução, permitindo o uso semanal para a prevenção <strong>de</strong><br />

cárie<br />

o Auxilia na obliteração <strong>de</strong> canalículos <strong>de</strong>ntinários expostos<br />

Desvantagens<br />

o Sua eficácia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da continuida<strong>de</strong> do método<br />

o Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> motivação dos envolvidos (equipe, usuários, <strong>de</strong>mais envolvidos)<br />

o Contraindicado na forma <strong>de</strong> bochecho para menores <strong>de</strong> 7 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido<br />

ao risco <strong>de</strong> ingestão e intoxicação<br />

Técnica <strong>de</strong> aplicação<br />

o Bochecho semanal<br />

� Bochecho com 10 mL <strong>de</strong> solução por no mínimo 1 minuto, uma vez por semana. A<br />

ação do flúor não é diminuída em função da presença <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal. Entretanto,<br />

como forma <strong>de</strong> se estimular o hábito <strong>de</strong> higiene bucal, reforça-se a importância da<br />

escovação <strong>de</strong>ntária. Para se garantir a eficácia do método é preciso realizar, no<br />

mínimo, 25 aplicações por ano<br />

o Aplicação clínica em crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 3, item<br />

3.1.5.2<br />

o Bochecho diário para sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinária<br />

� Bochecho com 10 mL <strong>de</strong> solução por no mínimo 1 minuto, uma vez ao dia, para<br />

<strong>de</strong>ssensibilização <strong>de</strong>ntinária, até a remissão dos sintomas apresentados<br />

399


Preparo da solução <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,2%<br />

o 2 gramas <strong>de</strong> Fluoreto <strong>de</strong> Sódio (2 comprimidos ou 2 saches <strong>de</strong> 1 grama) diluído em<br />

1litro <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada ou <strong>de</strong>ionizada<br />

o Tempo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> da solução: 3 meses<br />

o A solução po<strong>de</strong>rá ser preparada pela farmácia conveniada pela AMS ou pela clínica<br />

odontológica, conforme protocolo da USF em relação a produtos manipulados<br />

o A solução para uso domiciliar <strong>de</strong>verá ser dispensada na clínica odontológica ou na<br />

farmácia, conforme protocolo da USF, através <strong>de</strong> receita fornecida pelo profissional, já<br />

que este produto é um medicamento<br />

o O frasco <strong>de</strong>verá estar i<strong>de</strong>ntificado com o nome do produto, prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>, nome do<br />

paciente e com a recomendação: Não ingerir e manter longe do alcance <strong>de</strong> crianças<br />

o Os sachês ou comprimidos e as soluções <strong>de</strong>vem ser armazenados em lugar seco,<br />

arejado, sem exposição ao sol e seguro, <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificados a fim <strong>de</strong> se<br />

prevenir a ingestão aci<strong>de</strong>ntal dos mesmos<br />

Fluoreto <strong>de</strong> Sódio 0,02%<br />

Concentração <strong>de</strong> flúor<br />

o 0,02% ou 90 ppm <strong>de</strong> íon flúor<br />

Indicação<br />

o Crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

Vantagens<br />

o Uso diário inibe <strong>de</strong>smineralização do esmalte<br />

Desvantagens<br />

o A<strong>de</strong>são ao método pelo responsável pela criança<br />

400


Técnica <strong>de</strong> aplicação do fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02%<br />

o Gotejar a solução na ponta <strong>de</strong> um cotonete até que a mesma esteja bem molhada<br />

(aproximadamente 4 gotas por arco) e esfregar a mesma em todos os <strong>de</strong>ntes após a<br />

realização <strong>de</strong> limpeza/escovação (sem <strong>de</strong>ntifrício fluorado), no mínimo uma vez ao dia<br />

Preparo da solução <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,02%<br />

o 1 grama <strong>de</strong> Fluoreto <strong>de</strong> Sódio (1 comprimido ou 1 sachê <strong>de</strong> 1 grama) diluído em 5 litros<br />

<strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada ou <strong>de</strong>ionizada<br />

o Tempo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> da solução: 3 meses<br />

o A solução po<strong>de</strong>rá ser preparada pela farmácia conveniada pela AMS ou pela clínica<br />

odontológica, conforme protocolo da USF em relação a produtos manipulados<br />

o A solução para uso domiciliar <strong>de</strong>verá ser dispensada na clínica odontológica ou na<br />

farmácia, conforme protocolo da USF, através <strong>de</strong> receita fornecida pelo profissional, já<br />

que este produto é um medicamento<br />

o O frasco <strong>de</strong>verá estar i<strong>de</strong>ntificado com o nome do produto, prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>, nome do<br />

paciente e com a recomendação: Não ingerir e manter longe do alcance <strong>de</strong> crianças<br />

o Os sachês, comprimidos e as soluções <strong>de</strong>vem ser armazenados em lugar seco, arejado,<br />

sem exposição ao sol e seguro, <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificados a fim <strong>de</strong> se prevenir a<br />

ingestão aci<strong>de</strong>ntal dos mesmos<br />

• Flúor gel<br />

Gel Acidulado<br />

O gel <strong>de</strong> flúor fosfato acidulado consiste em uma mistura <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio, ácido<br />

fluorídrico e ácido fosfórico, com concentração <strong>de</strong> 1, 23% <strong>de</strong> fluoreto (12300 ppm <strong>de</strong> íon flúor),<br />

0,98% <strong>de</strong> ácido fosfórico e um pH <strong>de</strong> 3,0 a 3,5. Sua utilização clínica leva a uma redução <strong>de</strong><br />

aproximadamente 22% no índice <strong>de</strong> cárie.<br />

Indicações<br />

o Pacientes <strong>de</strong> médio e alto risco <strong>de</strong> cárie<br />

o Também indicado nas seguintes situações:<br />

401


� Radioterapia <strong>de</strong> cabeça e pescoço<br />

� Tratamento ortodôntico fixo<br />

� Diminuição do fluxo salivar por medicamentos ou presença <strong>de</strong> patologia (Ex:<br />

Síndrome <strong>de</strong> Sjogren)<br />

� Deficiência física ou mental com repercussão na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção da<br />

Vantagens<br />

saú<strong>de</strong> bucal<br />

o Praticida<strong>de</strong> na aplicação<br />

o Po<strong>de</strong> ser aplicado por TSB ou ASB, <strong>de</strong>vidamente treinados<br />

o pH ácido da solução incrementa a incorporação <strong>de</strong> flúor pelo esmalte<br />

Desvantagens<br />

o Risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> aguda, se <strong>de</strong>glutido<br />

o Induz salivação, facilitando <strong>de</strong>glutição aci<strong>de</strong>ntal<br />

o Po<strong>de</strong> induzir à ânsia <strong>de</strong> vômito<br />

o Po<strong>de</strong> atacar superfícies <strong>de</strong> resina ou porcelana <strong>de</strong>vido pH baixo<br />

o Não recomendado para pacientes com problemas gástricos como gastrite, úlcera, etc.<br />

Técnica <strong>de</strong> aplicação<br />

o A aplicação tópica <strong>de</strong> flúor (ATF) po<strong>de</strong> ser realizada utilizando-se mol<strong>de</strong>ira ou por<br />

pincelamento / embrocação<br />

Aplicação com mol<strong>de</strong>ira<br />

o Limpeza com gaze, escovação ou profilaxia <strong>de</strong>ntária<br />

o Paciente <strong>de</strong>ve estar sentado, com cabeça ligeiramente inclinada para frente<br />

o Colocar uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gel equivalente a uma colher <strong>de</strong> café por mol<strong>de</strong>ira (2,5 mL/<br />

mol<strong>de</strong>ira)<br />

o Aspiração constante da saliva<br />

o Orientar paciente para não <strong>de</strong>glutir<br />

402


o Após a aplicação paciente <strong>de</strong>ve cuspir exaustivamente<br />

o Tempo <strong>de</strong> aplicação: 1 a 4 minutos ou conforme indicação do fabricante<br />

o Não ingerir nada ou enxaguar a boca nos primeiros 30 minutos<br />

o Esta técnica é contraindicada para crianças menores <strong>de</strong> 7 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

Aplicação por embrocação ou pincelamento<br />

o Limpeza com gaze, escovação ou profilaxia <strong>de</strong>ntária<br />

o Isolamento relativo com rolos <strong>de</strong> algodão ou gaze<br />

o Paciente semissentado<br />

o Aspiração constante <strong>de</strong> saliva<br />

o Orientar para não <strong>de</strong>glutir<br />

o Utilizar pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flúor<br />

� Crianças: 3 mL ou parte mais rasa do dappen (não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> vidro) para o<br />

boca toda<br />

� Adultos: 5 mL ou parte mais funda do dappen (não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> vidro) para a<br />

boca toda<br />

o Nas proximais, o gel <strong>de</strong>ve ser aplicado com o auxílio <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong>ntal<br />

o Após a aplicação, retirar excesso com gaze e solicitar ao paciente cuspir exaustivamente<br />

o Tempo <strong>de</strong> aplicação: 1 a 4 minutos ou conforme indicação do fabricante<br />

o Não ingerir ou enxaguar a boca nos primeiros 30 minutos<br />

Frequência <strong>de</strong> aplicação<br />

o Médio risco <strong>de</strong> cárie: 1 aplicação 1 a 2 vezes ao ano<br />

o Alto risco <strong>de</strong> cárie: 1 aplicação 3 a 4 vezes ao ano<br />

403


Gel Neutro<br />

O flúor gel neutro contém fluoreto <strong>de</strong> sódio 2%, apresentando 9040 ppm <strong>de</strong> íon flúor.<br />

Indicação<br />

o Pacientes <strong>de</strong> médio e alto risco <strong>de</strong> cárie, com facetas <strong>de</strong> resina ou porcelana em <strong>de</strong>ntes<br />

anteriores ou gran<strong>de</strong>s restaurações anteriores <strong>de</strong> resina<br />

o Pacientes <strong>de</strong> médio e alto risco <strong>de</strong> cárie, com problemas gástricos como gastrite, úlcera,<br />

etc.<br />

Vantagens<br />

o Praticida<strong>de</strong> na aplicação<br />

o Po<strong>de</strong> ser aplicado por CD ou TSB ou ASB, <strong>de</strong>vidamente treinados<br />

Desvantagens<br />

o Risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> aguda, se <strong>de</strong>glutido<br />

o Po<strong>de</strong> induzir à ânsia <strong>de</strong> vômito<br />

o Menor <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> cálcio sobre o <strong>de</strong>nte comparado com o gel acidulado<br />

Técnica e frequência <strong>de</strong> aplicação<br />

o I<strong>de</strong>m flúor gel acidulado<br />

• Verniz com flúor<br />

Tem como objetivo prolongar o contato entre o esmalte <strong>de</strong>ntário e os íons <strong>de</strong> flúor e,<br />

<strong>de</strong>sta forma, aumentar a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>ste elemento químico na superfície <strong>de</strong>ntária. O produto<br />

contém 5% <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio (equivalente a 2,26% <strong>de</strong> íon flúor ou 22600 ppm <strong>de</strong> F), em uma<br />

base <strong>de</strong> resina natural, apresentando-se como um material viscoso amarelado que após o<br />

endurecimento torna-se uma película <strong>de</strong> cor amarela-amarronzada sobre o <strong>de</strong>nte. Atualmente já<br />

404


existem no mercado produtos com tonalida<strong>de</strong>s mais compatíveis com a cor do esmalte.<br />

Apresenta uma efetivida<strong>de</strong> clínica na redução <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong> aproximadamente 38%.<br />

Indicações<br />

o Prevenção/controle <strong>de</strong> cárie em pacientes <strong>de</strong> médio e alto risco<br />

o Remineralização <strong>de</strong> manchas brancas <strong>de</strong> cárie<br />

o Erosão <strong>de</strong>ntária<br />

o Hipersensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinária<br />

o Dentes posteriores em erupção<br />

Vantagens<br />

o Facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação<br />

o Diminuição do tempo <strong>de</strong> trabalho<br />

o Liberação <strong>de</strong> flúor por aproximadamente 12 horas (a maior liberação seria nas primeiras<br />

quatro horas)<br />

o Alta margem <strong>de</strong> segurança<br />

o Não exige elevada cooperação do paciente<br />

o Endurece em contato com água ou saliva, po<strong>de</strong>ndo-se utilizar isolamento relativo para<br />

proteção dos tecidos moles<br />

o Sabor aceitável<br />

Desvantagens<br />

o Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação em horário distante <strong>de</strong> refeições ou utilização <strong>de</strong> alimentação<br />

pastosa nas primeiras 4 horas<br />

o Custo maior comparado com outros produtos fluorados<br />

Técnica <strong>de</strong> aplicação<br />

o Limpeza com gaze, escovação ou profilaxia <strong>de</strong>ntária<br />

o Isolamento relativo<br />

o Secagem com jato <strong>de</strong> ar ou gaze<br />

405


o Aplicação <strong>de</strong> fina camada com aplicador ou pincel <strong>de</strong>scartável, cotonete ou com bolinha <strong>de</strong><br />

algodão (neste caso, utilizar a pinça hemostática para evitar risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição da bolinha<br />

pelo paciente). A quantida<strong>de</strong> necessária para se cobrir a <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua completa varia<br />

<strong>de</strong> 0,3 a 0,5 mL <strong>de</strong> verniz<br />

o O produto irá se solidificar em contato com umida<strong>de</strong><br />

o Orientar o paciente a não escovar os <strong>de</strong>ntes ou comer alimentos duros nas primeiras 4<br />

horas<br />

OBS: Aplicar somente nas superfícies <strong>de</strong>ntárias afetadas ou sob risco <strong>de</strong> cárie<br />

Frequência <strong>de</strong> aplicação<br />

• Na prevenção <strong>de</strong> cáries<br />

o Paciente <strong>de</strong> médio risco <strong>de</strong> cárie: 1 a 2 aplicações ao ano<br />

o Paciente <strong>de</strong> alto risco <strong>de</strong> cárie: 3 a 4 aplicações ao ano<br />

• Remineralização <strong>de</strong> lesões incipientes <strong>de</strong> cárie (mancha branca)<br />

o No mínimo 3 aplicações com intervalo <strong>de</strong> 1 semana<br />

Nomes comerciais mais utilizados<br />

o Duraphat ®<br />

o Fluorniz ®<br />

o Duraflur ®<br />

o Flúor Protector ®<br />

406


• Diamino fluoreto <strong>de</strong> prata<br />

O diamino fluoreto <strong>de</strong> prata é uma solução cariostática e anticariogênica, composta <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong> amônia, nitrato <strong>de</strong> prata, hidróxido <strong>de</strong> cálcio, ácido fluorídrico e solvente. No Brasil<br />

é comercializado nas concentrações <strong>de</strong> 10%, 12%, 30% e 38%.<br />

Indicações<br />

o Cárie precoce da infância, cárie <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira, cárie rampante (principalmente nos<br />

primeiros anos <strong>de</strong> vida)<br />

o Na a<strong>de</strong>quação do meio bucal visando interromper o processo carioso e reduzir a<br />

ativida<strong>de</strong> bacteriana<br />

o Prevenção <strong>de</strong> cáries recorrentes<br />

Vantagens<br />

o Age simultaneamente na paralisação e na prevenção <strong>de</strong> cárie<br />

o Promove endurecimento da <strong>de</strong>ntina cariada pela <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> íons <strong>de</strong> prata<br />

Desvantagens<br />

o Descoloração <strong>de</strong>ntária irreversível (escurecimento) pela precipitação <strong>de</strong> íons prata<br />

o Po<strong>de</strong> causar irritação pulpar<br />

o Antiestético<br />

o Sabor metálico<br />

o Po<strong>de</strong> lesar a mucosa <strong>de</strong>vido ao pH básico<br />

Marcas comerciais<br />

o Cariostatic ® (Inodon): 100 mg/mm 3 <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata<br />

o Biori<strong>de</strong> ® (Herpe), Cariestop ® (Biodinâmica): 120 mg/mm 3 <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata<br />

o Safluori<strong>de</strong> di Walter ® (Poli<strong>de</strong>ntal), Cariestop ® (Biodinâmica): 300 mg/mm 3 <strong>de</strong> diamino<br />

fluoreto <strong>de</strong> prata<br />

o Safori<strong>de</strong> ® : 380 mg/mm 3 <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata<br />

407


Técnica <strong>de</strong> aplicação<br />

o Limpeza dos <strong>de</strong>ntes com gaze, escovação ou profilaxia<br />

o Remoção parcial da <strong>de</strong>ntina amolecida (necrótica), quando necessário. Em cavida<strong>de</strong>s<br />

médias e profundas, protegê-las com CTZ e CIV antes da aplicação do diamino fluoreto<br />

<strong>de</strong> prata<br />

o Isolamento relativo e secagem do campo operatório<br />

o Proteção dos tecidos moles com vaselina sólida<br />

o Aplicação com bolinha <strong>de</strong> algodão com pinça apropriada ou aplicador <strong>de</strong>scartável, por 3<br />

minutos<br />

o Lavar com água para remoção <strong>de</strong> excessos<br />

Consi<strong>de</strong>ração<br />

o Antes da sua aplicação, informar aos responsáveis sobre a <strong>de</strong>scoloração <strong>de</strong>ntária<br />

irreversível (escurecimento) na região em que o processo da cárie estiver presente. Por<br />

isso a importância da autorização por escrito (Apêndice E) do responsável<br />

principalmente quando houver indicação em <strong>de</strong>ntes anteriores<br />

o Caso ocorra contato <strong>de</strong>sta substância com tecido mole, por exemplo, a gengiva,<br />

formando uma área esbranquiçada, po<strong>de</strong>-se neutralizar a ação do diamino aplicando-se<br />

solução salina a 3%<br />

408


Os quadros 65 a 68 apresentam a indicação, <strong>de</strong> forma sucinta, da utilização racional<br />

do flúor tópico em função do risco <strong>de</strong> cárie e na sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinária.<br />

Faixa<br />

etária<br />

0 a 36<br />

meses<br />

3 a 6<br />

anos<br />

7 a 19<br />

anos<br />

Adulto<br />

Dentifrício<br />

Não<br />

Duas vezes<br />

ao dia<br />

No mínimo<br />

2 vezes ao<br />

dia<br />

No mínimo<br />

2 vezes ao<br />

dia<br />

Gel<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Verniz<br />

Não<br />

Não<br />

Uma aplicação<br />

nos <strong>de</strong>ntes em<br />

erupção<br />

Não<br />

Diamino<br />

fluoreto <strong>de</strong><br />

prata<br />

Não<br />

Não<br />

Fluoreto<br />

<strong>de</strong> sódio<br />

0,2%<br />

Sim 45<br />

Não<br />

Fluoreto<br />

<strong>de</strong> sódio<br />

0,02%<br />

Sim 46<br />

Quadro 65 - Utilização do flúor tópico em indivíduos com BAIXO RISCO <strong>de</strong> cárie<br />

45 Nos atendimentos clínicos<br />

46 Uso caseiro diário<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

409<br />

Bochecho<br />

diário<br />

NaF 0,05%<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Não


Faixa etária<br />

0 a 36 meses*<br />

3 a 6 anos<br />

7 a 19 anos<br />

Adulto<br />

Dentifrício<br />

2 vezes ao dia<br />

No mínimo 2<br />

vezes ao dia<br />

No mínimo 2<br />

vezes ao dia<br />

Gel<br />

Não<br />

1 a 2 aplicações ao ano<br />

1 aplicação ao ano<br />

Verniz<br />

• Remineralização <strong>de</strong><br />

manchas brancas: No<br />

mínimo 3 aplicações com<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

• Dentes em erupção: 1<br />

aplicação<br />

• Remineralização <strong>de</strong><br />

manchas brancas: No<br />

mínimo 3 aplicações com<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

• Dentes em erupção: 1<br />

aplicação<br />

Remineralização <strong>de</strong> manchas<br />

brancas: No mínimo 3<br />

aplicações com intervalo <strong>de</strong> 7<br />

dias<br />

Diamino<br />

fluoreto <strong>de</strong><br />

prata<br />

Prevenção e<br />

controle <strong>de</strong> cárie<br />

em <strong>de</strong>cíduos: 3 a 4<br />

aplicações com<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

Prevenção e<br />

controle <strong>de</strong> cárie<br />

em <strong>de</strong>cíduos<br />

posteriores: 3 a 4<br />

aplicações com<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

Fluoreto <strong>de</strong><br />

sódio 0,2%<br />

* Na faixa etária <strong>de</strong> 0 a 36 meses a classificação <strong>de</strong> médio risco não é utilizada, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 3, item 3.1.4<br />

Quadro 66 - Utilização do flúor tópico em indivíduos com MÉDIO RISCO <strong>de</strong> cárie<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Bochecho<br />

diário<br />

NaF 0,05%<br />

Não<br />

410<br />

Após avaliação do<br />

profissional:<br />

1 vez ao dia<br />

Após avaliação do<br />

profissional:<br />

1 vez ao dia


Faixa<br />

etária<br />

0 a 36<br />

meses<br />

3 a 6<br />

anos<br />

7 a 19<br />

anos<br />

Adulto<br />

Dentifrício<br />

Não<br />

2 vezes ao<br />

dia<br />

No mínimo 2<br />

vezes ao dia<br />

No mínimo 2<br />

vezes ao dia<br />

Gel<br />

Não<br />

Não<br />

3 a 4 aplicações<br />

ao ano<br />

1 a 2 aplicações<br />

ao ano<br />

Verniz<br />

Dentes anteriores: No<br />

mínimo 3 aplicações com<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

• Remineralização <strong>de</strong><br />

manchas brancas:<br />

No mínimo 3<br />

aplicações com<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

• Dentes em erupção:<br />

1 aplicação<br />

• Remineralização <strong>de</strong><br />

manchas brancas:<br />

No mínimo 3<br />

aplicações com<br />

•<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

Dentes em erupção:<br />

1 aplicação<br />

• Remineralização <strong>de</strong><br />

manchas brancas:<br />

No mínimo 3<br />

aplicações com<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

Diamino fluoreto <strong>de</strong> prata<br />

• Prevenção e controle <strong>de</strong><br />

cárie em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos<br />

posteriores: 4 aplicações<br />

com intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

• Cárie <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira: 4<br />

aplicações com intervalo<br />

<strong>de</strong> 7 dias<br />

Prevenção e controle <strong>de</strong> cárie<br />

em <strong>de</strong>cíduos posteriores: 3 a 4<br />

aplicações com intervalo <strong>de</strong> 7<br />

dias<br />

Prevenção e controle <strong>de</strong> cárie<br />

em <strong>de</strong>cíduos posteriores: 3 a 4<br />

aplicações com intervalo <strong>de</strong> 7<br />

dias<br />

Quadro 67 - Utilização do flúor tópico em indivíduos com ALTO RISCO <strong>de</strong> cárie<br />

47 Nos atendimentos clínicos<br />

48 Uso caseiro diário<br />

Não<br />

Fluoreto<br />

<strong>de</strong> sódio<br />

0,2%<br />

Sim 47<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

Fluoreto <strong>de</strong><br />

sódio 0,02%<br />

Sim 48<br />

Não<br />

Não<br />

Não<br />

411<br />

Bochecho<br />

diário<br />

NaF 0,05%<br />

Não<br />

Não<br />

Após<br />

avaliação do<br />

profissional: 1<br />

vez ao dia<br />

Após<br />

avaliação do<br />

profissional: 1<br />

vez ao dia


Dentifrício específico para<br />

sensibilida<strong>de</strong><br />

No mínimo 2 vezes ao dia<br />

Verniz com flúor<br />

No mínimo 3 aplicações com<br />

intervalo <strong>de</strong> 7 dias<br />

Bochecho diário a 0,2%<br />

No domicílio<br />

• Após avaliação do<br />

profissional<br />

• 1 vez ao dia, enquanto<br />

persistir a sensibilida<strong>de</strong><br />

Quadro 68 - Terapia com flúor na sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinária para adolescentes e adultos<br />

6.1.1.4 Terapia com flúor na atenção coletiva<br />

Na região urbana, a realização <strong>de</strong> bochechos com flúor <strong>de</strong> forma coletiva em escolares<br />

não está indicada em função dos indicadores epi<strong>de</strong>miológicos apresentados no levantamento<br />

realizado em 2004, quando se constatou um CPOD = 0,97 e mais <strong>de</strong> 30% <strong>de</strong> livres <strong>de</strong> cárie aos<br />

12 anos, além da presença <strong>de</strong> níveis i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> flúor na água <strong>de</strong> abastecimento público,<br />

constatados pelo heterocontrole <strong>de</strong> flúor realizado pela Vigilância Sanitária da AMS.<br />

Na zona rural, o programa <strong>de</strong> bochecho <strong>de</strong> flúor nas escolas <strong>de</strong>verá ser realizado<br />

rotineiramente e será coor<strong>de</strong>nado pela clínica odontológica da USF.<br />

Os quadros 69 e 70 apresentam a terapia com flúor na atenção coletiva em centros <strong>de</strong><br />

educação infantil (CEI) e em escolas.<br />

Faixa etária<br />

0 a 36 meses<br />

3 a 6 anos<br />

Dentifrício fluorado<br />

Não<br />

2 vezes ao dia<br />

Bochecho com fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,2%<br />

Quadro 69 - Terapia com flúor na atenção coletiva em CEI(s) – Zonas urbana e rural<br />

Não<br />

Não<br />

412


Faixa etária<br />

7 a 14 anos<br />

> 14 anos<br />

Dentifrício<br />

fluorado<br />

1 vez ao dia<br />

1 vez ao dia<br />

Bochecho com fluoreto <strong>de</strong> sódio 0,2%<br />

Zona urbana<br />

Não<br />

Não<br />

Quadro 70 - Terapia com flúor na atenção coletiva em escolas<br />

6.1.1.5 Toxicida<strong>de</strong> do flúor<br />

A toxicida<strong>de</strong> do flúor é dividida em:<br />

• Aguda: Ingestão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flúor <strong>de</strong> uma só vez<br />

Zona rural<br />

Sim: 1 vez por semana<br />

Sim: 1 vez por semana<br />

• Crônica: Ingestão <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s por um longo período <strong>de</strong> tempo<br />

6.1.1.5.1 Toxicida<strong>de</strong> aguda<br />

Po<strong>de</strong>rá estar associada ao uso exagerado <strong>de</strong> flúor ou ingestão excessiva <strong>de</strong> produtos<br />

<strong>de</strong> uso profissional ou suplementos fluorados. A Dose Provavelmente Tóxica (DPT) é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 5 mg <strong>de</strong> flúor por quilograma <strong>de</strong> peso corporal.<br />

odontológica.<br />

O Quadro 71 apresenta a DPT dos diferentes tipos <strong>de</strong> flúor tópico utilizados na prática<br />

413


Soluções<br />

Dentifrício<br />

Produto<br />

Flúor gel acidulado<br />

Verniz com flúor<br />

NaF<br />

NaF<br />

NaF<br />

MFP<br />

MFP<br />

NaF<br />

Diamino fluoreto <strong>de</strong> prata<br />

Concentração<br />

Composto<br />

(Sal)<br />

%<br />

0,02<br />

0,05<br />

0,2<br />

0,76<br />

1,14<br />

0,22<br />

2,72<br />

5,0<br />

10,0<br />

12,0<br />

30,0<br />

38,0<br />

Íon Flúor<br />

ppm<br />

90<br />

230<br />

910<br />

1000<br />

1500<br />

1000<br />

12300<br />

22600<br />

21000<br />

25000<br />

64000<br />

80000<br />

Criança <strong>de</strong> 10 kg*<br />

550 mL<br />

215 mL<br />

55 mL<br />

50 g<br />

33 g<br />

50 g<br />

4 mL<br />

2,2 mL<br />

2,8 mL 49<br />

2,25 mL<br />

0,86 mL<br />

0,625 mL<br />

* Peso médio <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> aproximadamente <strong>de</strong> 1 ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

** Peso médio <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> aproximadamente <strong>de</strong> 5 a 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

Quantida<strong>de</strong> contendo<br />

a DPT<br />

Quadro 71 - DPT dos diferentes tipos <strong>de</strong> flúor para uso tópico na odontologia<br />

414<br />

Criança <strong>de</strong> 20 kg**<br />

1100 mL<br />

430 mL<br />

110 mL<br />

100 g<br />

66 g<br />

100 g<br />

8 mL<br />

4,4 mL<br />

5,6 mL<br />

4,5 mL<br />

1,72 mL<br />

1,25 mL<br />

Os sintomas <strong>de</strong> intoxicação aguda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da dose e variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma leve<br />

gastrinterite até paralisia cardiorespiratória.<br />

49 1 mL correspon<strong>de</strong> a 20 gotas


Sinais e sintomas<br />

• Gastrintestinais: Náuseas, vômitos, diarreia, cólicas e dores abdominais<br />

• Neurológicos: Parestesia, tetania, <strong>de</strong>pressão do SNC e coma<br />

• Cardiovascular: Pulso fraco, hipotensão, pali<strong>de</strong>z, choque, irregularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> batimentos<br />

cardíacos e posterior falha <strong>de</strong>stes<br />

• Sanguíneos (bioquímica): Acidose, hipocalcemia e hipomagnesemia<br />

• Iniciam geralmente após 15 minutos da ingestão do produto<br />

Tratamento Inicial (primeiros 15 minutos)<br />

• Tentar provocar vômito imediatamente<br />

• Ingerir bastante leite<br />

• Assistência médica e hospitalar imediata<br />

415


6.1.1.5. Toxicida<strong>de</strong> crônica: Fluorose <strong>de</strong>ntária<br />

Tem-se observado um aumento do diagnóstico da fluorose <strong>de</strong>ntária em locais on<strong>de</strong> as<br />

concentrações <strong>de</strong> flúor na água <strong>de</strong> abastecimento público se encontra <strong>de</strong>ntro dos valores<br />

consi<strong>de</strong>rados i<strong>de</strong>ais.<br />

As formas brandas <strong>de</strong> fluorose são comuns em locais cuja água <strong>de</strong> abastecimento<br />

público é fluorada, contribuindo para isso a ingestão <strong>de</strong> flúor através <strong>de</strong> diversas formas dos<br />

fluoretos. A prevalência <strong>de</strong> fluorose leve na população com acesso a água fluorada está entre<br />

15 a 25%. Consi<strong>de</strong>ra-se que acima <strong>de</strong> 0,07 mg <strong>de</strong> flúor por quilograma <strong>de</strong> peso corporal<br />

aumenta-se o risco <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> fluorose leve na população.<br />

As formas mais severas são observadas, geralmente, em locais on<strong>de</strong> o flúor está<br />

presente em altas concentrações.<br />

Nos levantamentos epi<strong>de</strong>miológicos realizados em <strong>Londrina</strong> nos anos <strong>de</strong> 1995, 1996,<br />

2001 e 2004, verificou-se que a fluorose <strong>de</strong>ntária acomete, em média, 40% das crianças <strong>de</strong> 12<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, na zona urbana. A maioria dos casos diagnosticados foi classificada como<br />

fluorose muito leve ou leve.<br />

Definição<br />

Defeito <strong>de</strong> esmalte (hipomineralização), em <strong>de</strong>ntes homólogos, causados pela ingestão<br />

<strong>de</strong> flúor em excesso durante as fases secretora ou <strong>de</strong> maturação da amelogênese.<br />

Período <strong>de</strong> risco<br />

• Incisivos e primeiro molar permanentes: A faixa etária entre 0 e 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> é<br />

consi<strong>de</strong>rada crítica em termos <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> flúor por coincidir com a maturação do<br />

esmalte dos <strong>de</strong>ntes anteriores. Em particular, o período compreendido dos 15 aos 30<br />

meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> é tido como a janela <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong> para fluorose <strong>de</strong>ntária<br />

• Pré-molares, segundo molares e caninos: Dos 3 aos 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, são os <strong>de</strong>ntes<br />

com maior risco <strong>de</strong> fluorose <strong>de</strong>ntária<br />

416


Histopatologia<br />

O flúor afeta sobretudo o processo <strong>de</strong> maturação do esmalte, prejudicando a remoção<br />

<strong>de</strong> proteínas e subsequente mineralização (<strong>de</strong>posição matriz inorgânica).<br />

Histologicamente, a fluorose apresenta-se como uma hipomineralização difusa,<br />

exibindo uma porosida<strong>de</strong> mais pronunciada no terço externo do esmalte, abaixo da camada<br />

superficial mineralizada. Quanto maior a severida<strong>de</strong> da fluorose, maior o grau <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong> da<br />

estrutura do esmalte.<br />

Características Clínicas<br />

A fluorose <strong>de</strong>ntária apresenta uma gama <strong>de</strong> mudanças clínicas no esmalte cuja<br />

gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da duração da exposição, da dose ingerida e da susceptibilida<strong>de</strong><br />

individual.<br />

Alterações mais frequentes<br />

• Nos casos muito leves e leves notam-se finas linhas brancas e opacas cruzando o <strong>de</strong>nte em<br />

todas as partes da superfície do esmalte e “cobertura <strong>de</strong> neve” nas pontas das cúspi<strong>de</strong>s, bordas<br />

incisais ou cristas marginais. Pequenos <strong>de</strong>sgastes da superfície do esmalte e pigmentação<br />

amarelada ou marrom po<strong>de</strong>m aparecer, com o passar do tempo, pela impregnação <strong>de</strong> corantes<br />

dos alimentos<br />

• Nos casos mais severos o esmalte é extremamente poroso e opaco, altamente friável, po<strong>de</strong>ndo<br />

se partir (<strong>de</strong>stacar) e pigmentar após a erupção do <strong>de</strong>nte<br />

• O diagnóstico diferencial mais importante é com mancha branca <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> cárie e com<br />

outras opacida<strong>de</strong>s<br />

Padrão <strong>de</strong> distribuição na <strong>de</strong>ntição<br />

• É simétrica, atingindo <strong>de</strong>ntes homólogos<br />

o Todas as superfícies <strong>de</strong> um dado <strong>de</strong>nte são igualmente afetadas na época da erupção<br />

o Dentes que erupcionam mais cedo são menos afetados: Incisivos inferiores e 1º molares<br />

permanentes<br />

o Dentes que erupcionam mais tar<strong>de</strong> são mais afetados: Pré-molares e 2 º molares permentes<br />

417


Consi<strong>de</strong>ração<br />

As características da fluorose na <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua são bastante semelhantes às dos<br />

<strong>de</strong>ntes permanentes, mas com menor grau <strong>de</strong> severida<strong>de</strong>. Devido às características dos <strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>cíduos (mais brancos e sem o padrão incremental), as formas brandas são difíceis <strong>de</strong><br />

diagnosticar.<br />

Fatores <strong>de</strong> risco<br />

• Água fluorada com teores <strong>de</strong> flúor acima dos consi<strong>de</strong>rados i<strong>de</strong>ais<br />

• Uso <strong>de</strong> suplementos <strong>de</strong> flúor em locais com água <strong>de</strong> abastecimento fluorada<br />

• Ingestão <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrícios fluorados no período <strong>de</strong> risco<br />

• Ingestão <strong>de</strong> flúor através da dieta. Ex: Uso prolongado <strong>de</strong> fórmulas infantis<br />

• Uso abusivo <strong>de</strong> fluoreto tópico (ocorrendo ingestão dos mesmos)<br />

• Múltipla exposição ao flúor<br />

Tratamento<br />

• Fluorose muito leve: Acompanhamento clínico. Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecimento em<br />

<strong>de</strong>corrência da abrasão proporcionada pela escovação <strong>de</strong>ntária<br />

• Fluorose leve a mo<strong>de</strong>rada (com comprometimento estético): Microabrasão<br />

• Casos severos: Confecção <strong>de</strong> facetas, coroas, etc.<br />

Prevenção<br />

• Ações <strong>de</strong> competência do gestor municipal<br />

o Realização permanente do heterocontrole dos teores <strong>de</strong> flúor nas águas <strong>de</strong><br />

abastecimento público<br />

o Realizar vigilância sanitária dos teores <strong>de</strong> flúor <strong>de</strong> águas minerais, bebidas enlatadas,<br />

refrigerantes, sucos e chás, etc., e <strong>de</strong> produtos ou medicamentos contendo flúor<br />

disponíveis no mercado<br />

o Realização <strong>de</strong> estudos epi<strong>de</strong>miológicos rotineiros para acompanhar a tendência da<br />

prevalência e severida<strong>de</strong> do agravo, bem como a i<strong>de</strong>ntificação dos fatores <strong>de</strong> risco e<br />

posterior controle <strong>de</strong> exposição aos mesmos<br />

418


o Informar os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (CDs, pediatras, ginecologistas, nutricionista e<br />

outros) sobre os riscos <strong>de</strong> fluorose <strong>de</strong>ntária e as diretrizes atuais <strong>de</strong> utilização do flúor<br />

• Ações <strong>de</strong> competência da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

o I<strong>de</strong>ntificação dos casos <strong>de</strong> fluorose <strong>de</strong>ntária na área <strong>de</strong> abrangência da USF<br />

o Realização <strong>de</strong> tratamento dos casos com comprometimento estético ou<br />

encaminhamento dos mesmos para serviço especializado<br />

o Planejamento <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> educativas para a prevenção <strong>de</strong> fluorose <strong>de</strong>ntária<br />

Ações educativas<br />

As ações visam conscientizar pais, responsáveis, cuidadores e educadores <strong>de</strong> crianças<br />

<strong>de</strong> 0 a 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. As principais recomendações estão <strong>de</strong>scritas abaixo.<br />

Uso apropriado <strong>de</strong> produtos fluorados<br />

• Suplementos <strong>de</strong> flúor<br />

o Seu uso está contraindicado em <strong>Londrina</strong>, pois a água já é fluorada. Orientar sobre riscos<br />

<strong>de</strong> automedicação. Para indivíduos não expostos à água fluorada, indica-se o uso <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntifrícios com flúor<br />

• Dentifrícios fluorados<br />

o Indicação: Após os 36 meses<br />

o Concentração <strong>de</strong> flúor<br />

� Até os seis anos: 500 ppm<br />

� Sete anos ou mais: 1000 a 1100 ppm<br />

� Adolescentes e adultos: 1100 a 1500 ppm<br />

o Frequência<br />

� 3 a 6 anos: Duas vezes ao dia<br />

� 7anos ou mais: No mínimo 2 vezes ao dia<br />

419


o Quantida<strong>de</strong> utilizada em cada escovação<br />

� 3 a 6 anos:<br />

• Um grão <strong>de</strong> arroz ou<br />

• Dois tufos <strong>de</strong> cerdas da escova ou<br />

420<br />

• Técnica da tampa: Com a bisnaga fechada, pressionar levemente o tubo <strong>de</strong><br />

� > 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>:<br />

o Orientar quanto a<br />

modo a que fique retida na parte interna da tampa uma pequena quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> pasta. Em seguida, abre-se o tubo e pressionam-se as cerdas da escova<br />

a fim <strong>de</strong> se transferir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pasta ali retida<br />

• Um grão <strong>de</strong> ervilha ou<br />

• Técnica transversal, que consiste em, com o tubo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrício em posição<br />

perpendicular ao longo eixo da escova, dispensar sobre as cerdas centrais<br />

da mesma uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pasta equivalente a, no máximo, meta<strong>de</strong> da<br />

largura da cabeça da escova. Esta técnica também é recomendada para<br />

adolescentes e adultos<br />

� Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> supervisão da escovação pelos pais / responsáveis ou cuidador<br />

� Evitar a ingestão ou <strong>de</strong>glutição do <strong>de</strong>ntifrício pela criança<br />

� Manter produto longe do alcance da criança<br />

• Aleitamento materno 50<br />

o Incentivar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> como forma <strong>de</strong> evitar<br />

o consumo <strong>de</strong> água ou outros líquidos fluorados<br />

• Soluções para bochecho<br />

o Uso diário (0,05%) ou semanal (0,2%): Somente para indivíduos maiores <strong>de</strong> 6 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, conforme indicação do profissional<br />

6.1.2 Selantes <strong>de</strong> Fóssulas e Fissuras<br />

Superfícies com fóssulas e fissuras são particularmente vulneráveis ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cárie. As superfícies oclusais, por exemplo, representam somente 12,5%<br />

50 O aleitamento materno está contraindicado no caso <strong>de</strong> mães HIV positivo ou doente <strong>de</strong> AIDS


do total <strong>de</strong> superfícies da <strong>de</strong>ntição permanente, sendo responsáveis por mais <strong>de</strong> 60% das<br />

cáries. A explicação para este fato está na morfologia das mesmas, que favorece o acúmulo <strong>de</strong><br />

biofilme <strong>de</strong>ntal, não sendo possível sua remoção mecânica, além <strong>de</strong> não se beneficiar da<br />

proteção oferecida pelo flúor como as superfícies lisas.<br />

Os selantes, por sua vez, são efetivos na prevenção <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong> fóssulas e fissuras. O<br />

uso dos mesmos <strong>de</strong>ve se basear no risco <strong>de</strong> cárie do indivíduo e da fóssula/fissura analisada. A<br />

morfologia da fissura e a experiência passada <strong>de</strong> cárie são os principais preditores da doença<br />

cárie, <strong>de</strong>vendo-se consi<strong>de</strong>rar também fatores como o diagnóstico clínico, o padrão <strong>de</strong><br />

exposição ao flúor e <strong>de</strong> higiene bucal, além da experiência do profissional .<br />

O risco <strong>de</strong> cárie po<strong>de</strong> se alterar <strong>de</strong>vido mudanças <strong>de</strong> hábitos, das condições físicas, da<br />

microflora do paciente, etc. Desta forma, as fissuras <strong>de</strong>vem ser analisadas continuamente até a<br />

ida<strong>de</strong> adulta.<br />

A seguir, o Quadro 72 apresenta as condutas para a indicação <strong>de</strong> selantes.<br />

Condição encontrada na<br />

fóssula/ fissura<br />

Conduta<br />

• Fóssulas e fissuras profundas: Selar<br />

Ausência <strong>de</strong> cárie • Fóssulas e fissuras rasas e coalescentes: Não selar 51<br />

• Optar por uma das alternativas abaixo<br />

Cárie questionável o Selar 52<br />

o Restauração Preventiva <strong>de</strong> Resina (RPR) 53<br />

Mancha branca<br />

(ao longo do sulco) • Selar<br />

• Optar por uma das alternativas abaixo<br />

Cárie limitada ao esmalte o Selar<br />

o RPR<br />

• Optar por uma das alternativas abaixo<br />

Cárie em <strong>de</strong>ntina o RPR<br />

o Restauração classe I convencional<br />

Quadro 72 - Indicação <strong>de</strong> selantes segundo condição da fóssula /fissura<br />

51<br />

No caso <strong>de</strong> diagnóstico duvidoso quanto à profundida<strong>de</strong> do sulco, indica-se selar<br />

52<br />

A integrida<strong>de</strong> marginal do selante é fundamental para a não evolução <strong>de</strong> cárie. Por isso, o controle do selante<br />

<strong>de</strong>verá ser periódico.<br />

53<br />

Restauração preventiva <strong>de</strong> resina (RPR) segundo classificação <strong>de</strong> Simonsen (1977):<br />

• Tipo A – Broca esférica (alta rotação) ¼ ou ½ - esmalte – selante<br />

• Tipo B – Broca esférica (alta rotação) 1 ou 2 – esmalte – resina ou CIV + selante<br />

• Tipo C – Broca esférica (alta rotação) ≥ 2 – <strong>de</strong>ntina – resina ou CIV + selante<br />

421


Consi<strong>de</strong>rações<br />

• A ida<strong>de</strong> pós-eruptiva do <strong>de</strong>nte não é o principal critério na seleção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte para<br />

selamento<br />

• Apesar da maioria dos selantes serem indicados para crianças, estudos sugerem que o<br />

risco <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong> fissura po<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>r até a adolescência e a ida<strong>de</strong> adulta<br />

• Pacientes adultos que por algum motivo apresentem-se com alto risco <strong>de</strong> cárie (Ex:<br />

Hipossalivação, uso <strong>de</strong> aparelho ortodôntico, presença <strong>de</strong> cáries oclusais nos <strong>de</strong>mais<br />

<strong>de</strong>ntes, etc.) po<strong>de</strong>m receber selantes preventivos nas fóssulas e fissuras livres <strong>de</strong> cárie<br />

• Os molares permanentes (1º e 2º) são os <strong>de</strong>ntes sob maior risco <strong>de</strong> cárie oclusal e<br />

constituem os principais candidatos para receberem selantes<br />

• Pré – molares, incisivos superiores permanentes po<strong>de</strong>rão ser preventivamente selados<br />

quando estiverem sob risco <strong>de</strong> cárie<br />

• Dentes <strong>de</strong>cíduos po<strong>de</strong>rão ser selados preventivamente se as fóssulas e fissuras<br />

estiverem sob risco e apresentarem tempo prolongado para esfoliação<br />

• Dentes com fóssulas e fissuras coalescentes, rasas e facilmente higienizáveis são<br />

menos susceptíveis à cárie e pouco prováveis para receberem selantes<br />

• Na presença <strong>de</strong> lesão <strong>de</strong> cárie proximal, com integrida<strong>de</strong> oclusal, o uso <strong>de</strong> selante está<br />

indicado nessa superfície<br />

• Procedimentos conservadores como a remineralização ou a realização <strong>de</strong> restaurações<br />

proximais conservadoras (slot ou gaveta, etc.) permitem o tratamento <strong>de</strong> cáries<br />

proximais posteriores, sem o sacrifício da oclusal<br />

• Avaliar os selantes periodicamente quanto à integrida<strong>de</strong>, retenção e progressão <strong>de</strong> cárie<br />

• Sempre realizar ajuste oclusal após a aplicação do selante<br />

• No caso <strong>de</strong> perda parcial do selante e ausência <strong>de</strong> cárie na fissura, não há necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> remover o selante remanescente para reaplicar o mesmo<br />

• Dentes parcialmente erupcionados: Optar pela aplicação <strong>de</strong> verniz fluorado ou<br />

selamento provisório com CIV, quando houver dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle da umida<strong>de</strong><br />

Técnica <strong>de</strong> aplicação<br />

• Profilaxia com escova <strong>de</strong> Robinson e água oxigenada 3%<br />

• Lavagem e secagem dos <strong>de</strong>ntes<br />

422


• Isolamento com rolos <strong>de</strong> algodão e controle <strong>de</strong> saliva<br />

• Condicionamento com ácido fosfórico 37%, no mínimo 20 segundos. Em <strong>de</strong>nte <strong>de</strong>cíduo,<br />

60 segundos<br />

• Lavagem por 15 a 20 segundos, removendo todo remanescente <strong>de</strong> ácido da superfície<br />

• Secagem com jato <strong>de</strong> ar até que o <strong>de</strong>nte tenha aspecto opaco<br />

• Aplicação do selante<br />

• Polimerização<br />

• Avaliação com sonda exploradora<br />

• Teste <strong>de</strong> oclusão e, se necessário, ajuste oclusal<br />

• Controle do paciente<br />

423


BIBLIOGRAFIA<br />

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Disponível em: . Acesso em: 23 outubro 2008.<br />

425


6.2 PROCEDIMENTOS CURATIVOS BÁSICOS<br />

Têm como objetivo orientar os profissionais da USF sobre normas e procedimentos<br />

básicos adotados nas diversas especialida<strong>de</strong>s. A padronização dos procedimentos em todas as<br />

clínicas odontológicas é necessária em virtu<strong>de</strong> do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> profissionais e pela<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> técnicas nos procedimentos odontológicos.<br />

• Dentística<br />

o Proteção pulpar indireta<br />

o Proteção pulpar direta<br />

o Tratamento expectante<br />

o Restauração provisória (curativo)<br />

o Tratamento Restaurador Atraumático (TRA)<br />

o Restauração em amálgama<br />

o Restauração em resina fotopolimerizável<br />

o Restauração em cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro (CIV)<br />

o Fraturas <strong>de</strong> coroa<br />

• Periodontia<br />

• Cirurgia<br />

o Tratamento periodontal básico: Raspagem, curetagem e polimento supra e<br />

426<br />

subgengival, remoção ou tratamento <strong>de</strong> fatores retentivos <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal,<br />

exodontias, <strong>de</strong>ntística, etc.<br />

o Diagnóstico periodontal<br />

o Urgência periodontal<br />

o Exodontia<br />

o Hemorragia e hemostasia<br />

o Alveolite<br />

o Aci<strong>de</strong>ntes e complicações cirúrgicas


• Endodontia<br />

o Em <strong>de</strong>nte <strong>de</strong>cíduo<br />

o Em <strong>de</strong>nte permanente<br />

o Urgência endodôntica em <strong>de</strong>nte permanente<br />

427


6.2.1 Dentística<br />

6.2.1.2 Proteção pulpar indireta<br />

428<br />

Wagner José Silva Ursi<br />

Márcio Grama Hoeppner<br />

Rodrigo Borges Fonseca<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Consiste na aplicação <strong>de</strong> materiais odontológicos protetores no interior da cavida<strong>de</strong><br />

para manutenção da vitalida<strong>de</strong> do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa frente aos fatores irritantes pré, trans<br />

e pós-operatórios, além <strong>de</strong> estimular a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina esclerosada, reacional e/ou<br />

reparadora.<br />

Indicação<br />

• Em preparos cavitários <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> rasa, média ou profunda, sem exposição do tecido<br />

pulpar<br />

• No tratamento expectante, em que há o risco <strong>de</strong> exposição do tecido pulpar durante a<br />

remoção da mesma, com objetivo <strong>de</strong> estimular a remineralização <strong>de</strong>ntinária<br />

Para amálgama<br />

• Cavida<strong>de</strong> rasa<br />

o Lavar com água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada) ou solução/gel <strong>de</strong><br />

gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2% 54 , por 30 segundos<br />

o Aplicar 2 camadas <strong>de</strong> verniz cavitário, flúor ou sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

54 Assepsia com gluconato <strong>de</strong> clorexidina a 2% (gel ou solução) antes dos procedimentos restauradores<br />

não interfere na a<strong>de</strong>são e ajuda na prevenção da entrada <strong>de</strong> bactérias gram negativas e positivas nos<br />

túbulos <strong>de</strong>ntinários, po<strong>de</strong>ndo minimizar a sensibilida<strong>de</strong> pós-operatória. Essa assepsia <strong>de</strong>verá ser<br />

realizada por 30 segundos, em seguida lavar e secar.


• Cavida<strong>de</strong> média<br />

o Lavar com água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada) ou solução/gel <strong>de</strong><br />

gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

o Inserir cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro ou cimento <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco modificado na<br />

pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundo (pulpar e/ou axial)<br />

o Aplicar 2 camadas <strong>de</strong> verniz cavitário, flúor ou sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

• Cavida<strong>de</strong> profunda 55<br />

o Lavar com água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada) ou solução/gel <strong>de</strong><br />

gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

o Aplicar cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundo (axial e/ou pulpar)<br />

o Inserir cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro ou cimento <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco modificado<br />

o Aplicar 2 camadas <strong>de</strong> verniz cavitário, flúor ou sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

Para resina composta<br />

• Cavida<strong>de</strong> rasa<br />

o Lavar com água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada) ou solução/gel <strong>de</strong><br />

gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

o Aplicar sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

• Cavida<strong>de</strong> média<br />

o Lavar com água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada) ou solução/gel <strong>de</strong><br />

gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

o Inserir cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio ou cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro nas pare<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> fundo (axial e/ou pulpar)<br />

o Aplicar sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

55 Sugere-se, em cavida<strong>de</strong>s profundas, com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> pós-operatória, aplicar<br />

curativo à base <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong> (Otosporin ® - sulfato <strong>de</strong> polimixina B, sulfato <strong>de</strong> neomicina e<br />

hidrocortisona), durante 5 minutos, antes do forramento. Atua na redução/controle da pressão interna da<br />

polpa <strong>de</strong>ntal após a realização do preparo cavitário reduzindo, assim, a sensibilida<strong>de</strong>.<br />

429


• Cavida<strong>de</strong> profunda 56<br />

o Lavar com água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada) ou solução/gel <strong>de</strong><br />

gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

o Inserir cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio ou cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro nas pare<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> fundo (axial e/ou pulpar)<br />

o Aplicar sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

Para cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro<br />

• Cavida<strong>de</strong> rasa e média<br />

o Lavar a cavida<strong>de</strong> com água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada) ou<br />

solução/gel <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina a 2%, por 30 segundos<br />

o Tratamento <strong>de</strong>ntinário com ácido poliacrílico (10 a 20%), por 15 segundos, <strong>de</strong> forma<br />

ativa (esfregar), lavar e secar (sem ressecar a <strong>de</strong>ntina)<br />

o Inserir o cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro na cavida<strong>de</strong><br />

o Cobrir com matriz <strong>de</strong> poliéster sob pressão durante a presa inicial (aproximadamente<br />

5 minutos, a partir da manipulação), manobra essa que contribui na sua proteção<br />

superficial e reduz a necessida<strong>de</strong> do acabamento imediato<br />

o Proteger superficialmente com verniz cavitário, sistema a<strong>de</strong>sivo ou esmalte <strong>de</strong> unha<br />

incolor<br />

o Realizar o acabamento para remoção dos excessos com instrumento cortante<br />

manual (lamina <strong>de</strong> bisturi) e reaplicar a proteção superficial<br />

o Polimento <strong>de</strong>ve ser realizado em outra sessão<br />

• Cavida<strong>de</strong> profunda 57<br />

o Lavar a cavida<strong>de</strong> com água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada) ou<br />

solução/gel <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina a 2%, por 30 segundos<br />

o Aplicar nas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fundo (axial e/ou pulpar) cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio<br />

o Tratamento <strong>de</strong>ntinário com ácido poliacrílico (10 a 20%), por 15 segundos, <strong>de</strong> forma<br />

ativa (esfregar), lavar e secar (sem ressecar a <strong>de</strong>ntina)<br />

o Inserir o cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro na cavida<strong>de</strong><br />

56 I<strong>de</strong>m nota 53.<br />

57 Sugere-se, em cavida<strong>de</strong>s profundas, com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> pós-operatória, aplicar<br />

curativo à base <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong> (Otosporin ® ), durante 5 minutos, antes do forramento<br />

430


o Cobrir com matriz <strong>de</strong> poliéster sob pressão durante a presa inicial, por<br />

aproximadamente 5 minutos, a partir da manipulação<br />

o Proteger superficialmente com verniz cavitário, sistema a<strong>de</strong>sivo ou esmalte <strong>de</strong> unha<br />

incolor<br />

o Realizar o acabamento para remoção dos excessos com instrumento cortante<br />

manual (lamina <strong>de</strong> bisturi) e reaplicar a proteção superficial<br />

o Polimento <strong>de</strong>ve ser realizado em outra sessão<br />

O Quadro 73 apresenta a síntese dos materiais <strong>de</strong> proteção do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa <strong>de</strong><br />

acordo com a profundida<strong>de</strong> da cavida<strong>de</strong> e o material restaurador utilizado<br />

431


Material<br />

restaurador<br />

Amálgama<br />

<strong>de</strong> prata<br />

Resina<br />

composta<br />

CIV<br />

Profundida<strong>de</strong> da cavida<strong>de</strong><br />

Rasa Média Profunda<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou<br />

clorexidina 2%<br />

• Verniz cavitário, flúor<br />

ou sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou<br />

clorexidina 2%<br />

• Sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou<br />

clorexidina 2%<br />

• Ácido poliacrílico<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou<br />

clorexidina 2%<br />

• CIV ou cimento <strong>de</strong><br />

óxido <strong>de</strong> zinco<br />

modificado<br />

• Verniz cavitário, flúor<br />

ou sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou<br />

clorexidina 2%<br />

• Cimento <strong>de</strong> hidróxido<br />

<strong>de</strong> cálcio ou CIV<br />

• Sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou<br />

clorexidina 2%<br />

• Ácido poliacrílico<br />

Quadro 73 – Materiais para proteção indireta do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa<br />

6.2.1.3 Proteção pulpar direta<br />

432<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou clorexidina<br />

2%<br />

• Aplicação <strong>de</strong> Otosporin®<br />

• CIV ou cimento <strong>de</strong> óxido<br />

<strong>de</strong> zinco modificado<br />

• Verniz cavitário, flúor ou<br />

sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou clorexidina<br />

2%<br />

• Aplicação <strong>de</strong> Otosporin ®<br />

• Cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong><br />

cálcio ou CIV<br />

• Sistema a<strong>de</strong>sivo<br />

• Água <strong>de</strong> cal ou clorexidina<br />

2%<br />

• Aplicação <strong>de</strong> Otosporin ®<br />

• Cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong><br />

cálcio<br />

• Ácido poliacrílico<br />

Procedimento executado quando há exposição do tecido pulpar clinicamente<br />

comprovada ou suspeita <strong>de</strong> exposição, com o propósito <strong>de</strong> estimular a formação <strong>de</strong> barreira<br />

<strong>de</strong>ntinária e manter a vitalida<strong>de</strong> do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa. Depen<strong>de</strong>ndo do caso, após a<br />

realização da proteção direta, po<strong>de</strong>-se restaurar com material provisório ou <strong>de</strong>finitivo.


Técnica 58<br />

• Lavar a cavida<strong>de</strong> com soro fisiológico ou água <strong>de</strong> cal (hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + água<br />

<strong>de</strong>stilada)<br />

• Secar a cavida<strong>de</strong> com bolinhas <strong>de</strong> algodão estéreis<br />

• Aplicar curativo à base <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong> (Otosporin ® ), durante 5 minutos. Lavar com soro<br />

fisiológico ou água <strong>de</strong> cal<br />

• Colocar hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. (puro ou em pasta) em contato com o tecido pulpar exposto<br />

• Forrar as pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fundo (axial e/ou pulpar) com cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio<br />

• Inserir cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro como base cavitária<br />

• Restaurar o <strong>de</strong>nte com amálgama <strong>de</strong> prata, resina composta e/ou cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong><br />

vidro, <strong>de</strong> acordo o <strong>de</strong>scrito no protocolo<br />

6.2.1.3 Tratamento expectante<br />

Consiste na remoção do tecido cariado mais <strong>de</strong>sorganizado em uma cavida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> a<br />

remoção total <strong>de</strong>ste invariavelmente levaria à exposição pulpar, com posterior selamento<br />

hermético da cavida<strong>de</strong> por um período <strong>de</strong> quatro a seis semanas, dando condições ao tecido<br />

pulpar <strong>de</strong> reorganizar e remineralizar a <strong>de</strong>ntina subjacente.<br />

Técnica<br />

• Estabelecer a forma <strong>de</strong> acesso ao tecido cariado através <strong>de</strong> broca esférica gran<strong>de</strong> em baixa<br />

rotação<br />

• Remover todo tecido cariado nas pare<strong>de</strong>s circundantes e, em especial, próximo ao ângulo<br />

cavo-superficial para permitir a<strong>de</strong>quado selamento da cavida<strong>de</strong><br />

• Remover a camada mais superficial do tecido cariado com colher <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina afiada <strong>de</strong><br />

tamanho compatível com a lesão, <strong>de</strong>ixando-se remanescente <strong>de</strong> tecido cariado no assoalho<br />

da cavida<strong>de</strong><br />

• Lavar a cavida<strong>de</strong> com solução <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio, secando-a em seguida com bolinhas<br />

<strong>de</strong> algodão estéreis<br />

58 Diante da polpa exposta, quer seja após remoção total do tecido cariado ou frente a um <strong>de</strong>nte com<br />

fratura.<br />

433


• Sobre a pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundo, aplicar uma fina camada <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio, obtida a<br />

partir da associação do hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. e um veículo aquoso ou oleoso inerte<br />

(propilenoglicol)<br />

• Restaurar provisoriamente a cavida<strong>de</strong> com cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro ou cimento <strong>de</strong><br />

óxido <strong>de</strong> zinco modificado por um período <strong>de</strong> aproximadamente 45 dias, quando o material<br />

restaurador provisório <strong>de</strong>verá ser removido para reavaliação das condições do tecido<br />

<strong>de</strong>ntinário (consistência e coloração)<br />

6.2.1.4 Restauração provisória (curativo)<br />

A restauração provisória está indicada nos casos <strong>de</strong> tratamento expectante,<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restauração <strong>de</strong>finitiva por força maior (Ex: Queda <strong>de</strong> energia, falta <strong>de</strong><br />

material, quebra <strong>de</strong> equipamento, criança que não permitiu terminar o tratamento, etc.), <strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>cíduos próximos à esfoliação e <strong>de</strong>ntes com encaminhamento para endodontia, po<strong>de</strong>ndo-se<br />

utilizar cimento <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco modificado ou CIV restaurador.<br />

6.2.1.5 Técnica restauradora atraumática - TRA<br />

Consiste na escavação em massa <strong>de</strong> tecido cariado <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos ou<br />

permanentes e o preenchimento das cavida<strong>de</strong>s com cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar o ambiente bucal <strong>de</strong> pacientes com alto índice <strong>de</strong> cárie, principalmente em<br />

locais on<strong>de</strong> não se po<strong>de</strong> contar com equipamentos convencionais para o preparo cavitário.<br />

6.2.1.6 Restaurações em amálgama<br />

Indicações<br />

• Restaurações classe I em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e permanentes<br />

• Restaurações classe II em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e em pré-molares e molares permanentes,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não comprometa a estética<br />

• Restaurações classe V em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e permanentes posteriores, sem<br />

comprometimento estético<br />

434


6.2.1.7 Restaurações em resina composta<br />

Este material restaurador é indicado para a substituição <strong>de</strong> tecido <strong>de</strong>ntal perdido por<br />

cárie, trauma (fratura) e/ou <strong>de</strong>sgaste, principalmente em regiões on<strong>de</strong> existe comprometimento<br />

estético. O <strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quadamente isolado para evitar a contaminação com umida<strong>de</strong> ou<br />

saliva.<br />

Indicações<br />

• Restaurações preventivas <strong>de</strong> resina (RPR) em <strong>de</strong>ntes permanentes e <strong>de</strong>cíduos<br />

• Classe I 59 , II, III, IV e V em <strong>de</strong>ntes permanentes e <strong>de</strong>cíduos<br />

• Lesões cervicais cariosas e não cariosas<br />

• Facetas em <strong>de</strong>ntes com alteração cromática e/ou malformação do esmalte<br />

• Preenchimento <strong>de</strong> esmalte socavado em resturações <strong>de</strong> amálgama ou resina<br />

6.2.1.8 Restaurações com cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro (CIV)<br />

Este material restaurador, quando bem indicado, se mostra bastante efetivo na<br />

a<strong>de</strong>quação do meio bucal do paciente com alto risco à cárie. Entretanto, é bastante sensível à<br />

técnica, <strong>de</strong>vendo-se respeitar suas limitações e principalmente seguir fielmente às instruções do<br />

fabricante. Suas indicações são múltiplas, indo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a restauração provisória <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>cíduos e permanentes até a restauração <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s proximais conservativas.<br />

Para amenizar a perda ou absorção <strong>de</strong> água, o material restaurador <strong>de</strong>ve sempre ser protegido<br />

com uma matriz <strong>de</strong> poliéster até sua geleificação e, em seguida, proteger com verniz cavitário,<br />

sistema a<strong>de</strong>sivo ou esmalte <strong>de</strong> unha incolor.<br />

Indicações<br />

• Restaurações provisórias em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e permanentes<br />

• Restaurações conservativas oclusal e/ou proximal em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e permanentes<br />

posteriores<br />

59 Este material não está indicado para pacientes vulneráveis à carie <strong>de</strong>ntária e em condições nas quais o<br />

controle da contaminação por saliva seja <strong>de</strong>ficiente.<br />

435


• Restaurações <strong>de</strong> Classe III e V em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e permanentes<br />

• Base cavitária em restaurações <strong>de</strong> amálgama <strong>de</strong> prata e/ou resina composta<br />

• Selamento cavitário em <strong>de</strong>ntes tratados endodonticamente ou com tratamento expectante<br />

• A<strong>de</strong>quação do meio bucal em paciente com alto risco à doença cárie<br />

• Tratamento Restaurador Atraumático (TRA)<br />

• Reparo <strong>de</strong> restaurações<br />

• Selamento <strong>de</strong> cicatrículas e fissuras, principalmente em <strong>de</strong>ntes parcialmente erupcionados<br />

6.2.1.9 Fratura da coroa <strong>de</strong>ntal<br />

Colagem <strong>de</strong> fragmento <strong>de</strong>ntal sem exposição do tecido pulpar<br />

Técnica<br />

• Anestesia, se necessária<br />

• Prova do fragmento em posição no remanescente <strong>de</strong>ntal para checar a adaptação<br />

• Isolamento absoluto ou relativo do campo operatório, conforme a possibilida<strong>de</strong><br />

• Profilaxia do remanescente <strong>de</strong>ntal e limpeza do fragmento<br />

• Preparo do remanescente <strong>de</strong>ntal<br />

o Condicionamento ácido da <strong>de</strong>ntina e do esmalte <strong>de</strong>ntal 60<br />

o Lavagem e secagem<br />

o Aplicação do sistema a<strong>de</strong>sivo, sem fotopolimerização<br />

• Preparo do fragmento <strong>de</strong>ntal<br />

o Alívio interno do tecido <strong>de</strong>ntinário, sem tocar na margem em esmalte, para<br />

compensar a espessura do material <strong>de</strong> proteção do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa, caso<br />

esse seja inserido sobre a <strong>de</strong>ntina no remanescente <strong>de</strong>ntal<br />

o Lavagem e secagem<br />

o Condicionamento ácido da <strong>de</strong>ntina e do esmalte <strong>de</strong>ntal<br />

o Lavagem e secagem<br />

o Aplicação do sistema a<strong>de</strong>sivo, sem fotopolimerização<br />

• Aplicação da resina no fragmento 61<br />

60 Se necessário, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> comprometimento do tecido <strong>de</strong>ntinário, ida<strong>de</strong> do paciente e<br />

volume pulpar, antes do condicionamento ácido, po<strong>de</strong>-se utilizar cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio e/ou CIV<br />

para proteção do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa, antes da realização do condicionamento ácido.<br />

436


• Adaptação do fragmento ao remanescente <strong>de</strong>ntal<br />

• Remoção dos excessos <strong>de</strong> resina (se necessário)<br />

• Fotopolimerização por 40 segundos, por face (vestibular e lingual)<br />

• Acabamento<br />

• Avaliação da oclusão<br />

• Polimento<br />

Colagem <strong>de</strong> fragmento <strong>de</strong>ntal com exposição pulpar<br />

Técnica<br />

• Anestesia<br />

• Isolamento absoluto ou relativo do campo operatório, conforme a possibilida<strong>de</strong><br />

• Lavar a área <strong>de</strong> exposição do tecido pulpar com soro fisiológico ou água <strong>de</strong> cal (hidróxido<br />

<strong>de</strong> cálcio p.a. + água <strong>de</strong>stilada)<br />

• Secar o local com bolinhas <strong>de</strong> algodão estéreis<br />

• Aplicar curativo à base <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong> (Otosporin ® ), durante 5 minutos. Lavar com soro<br />

fisiológico ou água <strong>de</strong> cal<br />

• Colocar hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. em contato com o tecido pulpar exposto<br />

• Inserir nas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fundo (axial e/ou pulpar) cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio e, se<br />

necessário e tiver espaço suficiente, cimento <strong>de</strong> ionômero <strong>de</strong> vidro<br />

• Prova do fragmento em posição no remanescente <strong>de</strong>ntal para checar a adaptação<br />

• Profilaxia do remanescente <strong>de</strong>ntal e limpeza do fragmento<br />

• Preparo do remanescente <strong>de</strong>ntal<br />

o Condicionamento ácido da <strong>de</strong>ntina e do esmalte <strong>de</strong>ntal 62<br />

o Lavagem e secagem<br />

o Aplicação do sistema a<strong>de</strong>sivo, sem fotopolimerização<br />

61 Por necessida<strong>de</strong> estética, quando não há uma boa adaptação do fragmento ao remanescente <strong>de</strong>ntal ou<br />

para aumentar a resistência na linha <strong>de</strong> colagem entre fragmento e remanescente, po<strong>de</strong>-se confeccionar<br />

canaleta na linha <strong>de</strong> união fragmento/remanescente vestibular, com ponta diamantada esférica, em alta<br />

rotação. Recondicionamento ácido, aplicação <strong>de</strong> sistema a<strong>de</strong>sivo, inserção da resina composta e<br />

fotopolimerização.<br />

62 Se necessário, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> comprometimento do tecido <strong>de</strong>ntinário, ida<strong>de</strong> do paciente e<br />

volume pulpar antes do condicionamento ácido, po<strong>de</strong>-se utilizar cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio e/ou CIV<br />

para proteção do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa, antes da realização do condicionamento ácido.<br />

437


• Preparo do fragmento <strong>de</strong>ntal<br />

o Alívio interno do tecido <strong>de</strong>ntinário, sem tocar na margem em esmalte, para<br />

compensar a espessura do material <strong>de</strong> proteção do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa, caso<br />

esse seja inserido sobre a <strong>de</strong>ntina no remanescente <strong>de</strong>ntal<br />

o Lavagem e secagem<br />

o Condicionamento ácido da <strong>de</strong>ntina e do esmalte <strong>de</strong>ntal<br />

o Lavagem e secagem<br />

o Aplicação do sistema a<strong>de</strong>sivo, sem fotopolimerização<br />

• Aplicação da resina no fragmento 63<br />

• Adaptação do fragmento ao remanescente <strong>de</strong>ntal<br />

• Remoção dos excessos <strong>de</strong> resina (se necessário)<br />

• Fotopolimerização por 40 segundos, por face (vestibular e lingual)<br />

• Acabamento<br />

• Avaliação da oclusão<br />

• Polimento<br />

Técnica<br />

• Anestesia<br />

Restauração direta com resina composta <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes anteriores fraturados<br />

• Profilaxia dos <strong>de</strong>ntes anteriores<br />

• Seleção da resina composta: Tipo(s) e cor(es)<br />

• Isolamento absoluto ou relativo do campo operatório, conforme a possibilida<strong>de</strong><br />

• Profilaxia do remanescente <strong>de</strong>ntal<br />

• Limpeza do fragmento <strong>de</strong>ntal<br />

• Bisel do ângulo cavo-superficial<br />

• Forramento do complexo <strong>de</strong>ntina/polpa<br />

• Condicionamento ácido do esmalte e/ou <strong>de</strong>ntina<br />

• Lavagem e secagem<br />

• Aplicação do sistema a<strong>de</strong>sivo e fotopolimerização<br />

• Colocação da matriz <strong>de</strong> poliéster e cunha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

63 I<strong>de</strong>m nota 59.<br />

438


• Inserção da resina composta em incrementos<br />

• Fotopolimerização <strong>de</strong> cada incremento por 40 segundos<br />

• Acabamento<br />

• Avaliação da oclusão<br />

• Polimento<br />

439


6.2.2 Periodontia<br />

6.2.2.1 Tratamento das urgências periodontais<br />

6.2.2.1.1 Abscesso gengival agudo<br />

• Descrição<br />

440<br />

Domingos Alvanhan<br />

Wagner José Silva Ursi<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

o Lesão localizada, dolorosa, <strong>de</strong> rápida expansão e geralmente <strong>de</strong> início súbito<br />

o E<strong>de</strong>ma avermelhado com superfície lisa e brilhante<br />

o Causada pela penetração <strong>de</strong> substância estranha no tecido como cerda <strong>de</strong><br />

• Tratamento<br />

escova, casca <strong>de</strong> pipoca, casca <strong>de</strong> crustáceos, espinha <strong>de</strong> peixe, pedaço <strong>de</strong><br />

palito, banda ortodôntica introduzida <strong>de</strong> forma vigorosa na gengiva, restauração<br />

com excesso, etc.<br />

o Drenagem do abscesso e remoção do agente agressor<br />

6.2.2.1.2 Abscesso periodontal agudo<br />

• Descrição<br />

o Inflamação purulenta nos tecidos periodontais, também conhecido como abscesso<br />

lateral ou parietal<br />

o Elevação ovoi<strong>de</strong> da gengiva ao longo da face lateral da raiz<br />

o Gengiva e<strong>de</strong>matosa, avermelhada, lisa e brilhante<br />

o Forma <strong>de</strong> cúpula, relativamente firme ou pontiaguda e amolecida


o Presença <strong>de</strong> pus na margem gengival mediante pressão digital suave<br />

o Ocasionalmente, o paciente po<strong>de</strong> apresentar sintomas <strong>de</strong> um abscesso periodontal<br />

agudo sem nenhuma lesão clínica notável ou manifestações radiográficas<br />

• Tratamento<br />

1ª Sessão<br />

o Drenagem do abscesso (se possível via sulco gengival)<br />

o Antibioticoterapia recomendada quando o paciente apresentar temperatura elevada<br />

e/ou linfoa<strong>de</strong>nopatia<br />

� Amoxacilina 500mg <strong>de</strong> 8 em 8 horas por 7 a 10 dias. Nos casos mais severos,<br />

Amoxacilina com ácido clavulânico 500 mg <strong>de</strong> 8 em 8 horas, por 7 a 10 dias.<br />

� Alérgicos à penicilina: Indicar eritromicina 500 mg ou clindamicina 500 mg, <strong>de</strong> 8<br />

em 8 horas, por 7 a 10 dias<br />

o Na presença <strong>de</strong> dor po<strong>de</strong>rá ser prescrito analgésico<br />

OBS: No caso <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> EI, realizar também a profilaxia antibiótica conforme <strong>de</strong>scrito no<br />

Capítulo 4, item 4.6<br />

• Descrição<br />

2ª Sessão<br />

o O e<strong>de</strong>ma em geral está pronunciadamente reduzido ou ausente, e os sintomas estão<br />

abrandados<br />

o Os sintomas <strong>de</strong>saparecem invariavelmente e então a lesão está preparada para o<br />

tratamento normal do abscesso periodontal crônico<br />

6.2.2.1.3 Pericoronarite<br />

o Processo inflamatório dos tecidos gengivais que recobrem as coroas dos <strong>de</strong>ntes em<br />

erupção ou parcialmente erupcionados através <strong>de</strong> bactérias ali colonizadas<br />

441


• Tratamento<br />

1ª Sessão<br />

o Limpeza suave com bola <strong>de</strong> algodão embebida em água oxigenada 3% diluída na<br />

proporção 1:1, para eliminar resíduos e exsudato superficiais<br />

o Nesta primeira visita são contraindicados a curetagem profunda ou procedimentos<br />

cirúrgicos<br />

o Instruções ao paciente<br />

� Bochechos 02 vezes ao dia com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por<br />

um minuto ou<br />

� Bochechos 04 vezes ao dia com solução <strong>de</strong> água morna mais água oxigenada<br />

3% na proporção 1:1<br />

o O uso <strong>de</strong> antibiótico será necessário quando o paciente apresentar trismo, febre,<br />

taquicardia, infartamento ganglionar, falta <strong>de</strong> apetite, mal estar geral etc. ou for<br />

imuno<strong>de</strong>primido, conforme esquemas <strong>de</strong>scritos no item 6.2.2.1.2 <strong>de</strong>ste Capítulo<br />

o Em casos <strong>de</strong> trismo indicam-se compressas quentes na região e o uso <strong>de</strong> relaxante<br />

muscular<br />

2ª Sessão<br />

o Repetem-se os procedimentos <strong>de</strong> limpeza do local como na sessão anterior<br />

3ª Sessão<br />

o Neste momento, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>-se pela conservação ou remoção do elemento <strong>de</strong>ntal. Na<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservar o <strong>de</strong>nte, os procedimentos cirúrgicos necessários <strong>de</strong>vem<br />

ser realizados para remoção do capuz (cunha distal)<br />

442


• Descrição<br />

6.2.2.1.4 Gengivo estomatite herpética aguda<br />

o Primeira infecção herpética (herpes vírus tipo I)<br />

o A maioria dos casos ocorre até 5 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com pico <strong>de</strong> incidência entre 2 e 3<br />

anos<br />

o Raramente ocorre antes dos 6 meses <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>vido a anticorpos circulantes da<br />

mãe, quando a criança encontra-se em aleitamento materno<br />

o Primeiras 24 horas: Mal estar geral, febre alta (> 38,5 C), cefaleia, irritabilida<strong>de</strong>,<br />

perda <strong>de</strong> apetite, linfa<strong>de</strong>nopatia cervical anterior<br />

o Após 24 a 36 horas: Gengiva e<strong>de</strong>maciada, salivação intensa, dor, formação <strong>de</strong><br />

múltiplas vesículas na gengiva, palato, lábios, língua. Em poucas horas, vesículas se<br />

rompem e formam úlceras dolorosas, cobertas por pseudomembrana e com margem<br />

eritematosa<br />

o Po<strong>de</strong> haver envolvimento herpético dos lábios ou face (herpes labial) com vesículas<br />

e formação <strong>de</strong> crostas superficiais<br />

o Não <strong>de</strong>ixa cicatrizes após a cura<br />

o Duração <strong>de</strong> 6 a 16 dias, com <strong>de</strong>sconforto maior entre terceiro e sétimo dias<br />

o Po<strong>de</strong> aparecer também em adolescentes e adultos, sendo, entretanto, mais raro<br />

• Tratamento<br />

o Limpeza da boca com água oxigenada 3% diluída na proporção 1:4 ou com água<br />

boricada três a quatro vezes ao dia<br />

o Aplicação tópica <strong>de</strong> VASA 2% antes das refeições e após a limpeza<br />

o Prescrição <strong>de</strong><br />

� Vitamina B (10 a 20 gotas ao dia até o término do frasco)<br />

443<br />

� Vitamina C (Ex: CETIVA AE ® ) uma gota por Kg peso corporal, duas vezes ao<br />

dia, até término do frasco, para aumentar a resistência do organismo.<br />

� Analgésicos: Paracetamol ou Dipirona<br />

o A higiene bucal diária, feita em casa, é <strong>de</strong> extrema importância para o controle <strong>de</strong><br />

infecção secundária por bactérias ou fungos


• Descrição<br />

o No caso <strong>de</strong> infecção secundária po<strong>de</strong>-se dissolver uma cápsula <strong>de</strong> Tetraciclina 500<br />

mg na solução <strong>de</strong> VASA 2% e aplicar no local antes das refeições e após a limpeza<br />

o Recomendar dieta pastosa ou líquida e fria (chá, leite, sucos, gelatina, iogurte,<br />

sorvete, mingau, etc.)<br />

o Hidratação a<strong>de</strong>quada<br />

6.2.2.1.5 Gengivite ulcerativa necrosante aguda<br />

Doença <strong>de</strong>strutiva infecciosa e inflamatória. Conhecida como infecção <strong>de</strong> Vincent, boca<br />

<strong>de</strong> trincheira, gengivite ulcerosa aguda, etc.<br />

• Sinais bucais<br />

o Depressões crateriformes perfurantes na crista da gengiva<br />

o Envolve a papila inter<strong>de</strong>ntal, gengiva marginal ou ambas<br />

o Sensível ao tato<br />

o Dor constante e irradiada, intensificada pelo contato <strong>de</strong> comidas quentes e<br />

mastigação<br />

o Gosto metálico<br />

o Saliva pastosa<br />

• Sinais e sintomas sistêmicos e extrabucais<br />

o Forma leve a mo<strong>de</strong>rada: Linfoa<strong>de</strong>nopatia local e aumento leve <strong>de</strong> temperatura<br />

o Casos graves: Febre alta, pulso acelerado, falta <strong>de</strong> apetite e <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> geral<br />

o Reações sistêmicas mais graves em crianças<br />

o Insônia, constipação, distúrbios gastrintestinais, dor <strong>de</strong> cabeça e <strong>de</strong>pressão,<br />

algumas vezes, acompanham a doença<br />

444


• Tratamento inicial<br />

o Anestésico tópico por três minutos<br />

o Limpeza com bolas <strong>de</strong> algodão embebidas em com solução <strong>de</strong> água morna e água<br />

oxigenada 3% na proporção 1:1<br />

o Recomendações ao paciente<br />

� Repousar<br />

� Evitar o cigarro, álcool e condimentos<br />

445<br />

� Enxaguar a boca a cada duas horas com solução <strong>de</strong> água morna e água<br />

oxigenada 3% na proporção 1:1<br />

� Antibioticoterapia: Metronidazol 400 mg <strong>de</strong> 8 em 8 horas por 7 a 10 dias<br />

• Tratamento <strong>de</strong> rotina – após 24 a 48 horas<br />

1ª Sessão<br />

o Anestésico tópico por três minutos<br />

o Limpeza com bolas <strong>de</strong> algodão embebidas em com solução <strong>de</strong> água morna e água<br />

oxigenada 3% na proporção 1:1<br />

o Remoção <strong>de</strong> cálculos superficiais<br />

o Raspagem e curetagem profunda está contraindicada<br />

o Instruções para o paciente<br />

2ª Sessão<br />

� Evitar o cigarro, álcool e condimentos<br />

� Bochechar solução <strong>de</strong> água oxigenada 3% e água morna na proporção 1:1, a<br />

cada duas horas<br />

� Limitar a escovação <strong>de</strong>ntária à remoção dos resíduos superficiais com um<br />

<strong>de</strong>ntifrício, uso <strong>de</strong> fio <strong>de</strong>ntal<br />

o Repetir procedimentos da primeira sessão<br />

o Raspagem subgengival<br />

o Prescrever bochecho com a solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um<br />

minuto, duas vezes ao dia


3ª Sessão<br />

o Repetir raspagem e curetagem<br />

o O paciente é instruído sobre os procedimentos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> biofilme<br />

4ª Sessão<br />

o Reavaliar a continuida<strong>de</strong> ou não do bochecho com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong><br />

clorexidina 0,12%, por um minuto. Havendo presença <strong>de</strong> sequelas da enfermida<strong>de</strong>, o<br />

paciente <strong>de</strong>ve ser encaminhado ao tratamento especializado<br />

446


6.2.3 Cirurgia<br />

6.2.3.1 Exodontias<br />

448<br />

Domingos Alvanhan<br />

José Roberto Pinto<br />

Wagner José Silva Ursi<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Sempre que se proce<strong>de</strong>rem exodontias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes permanentes em menores <strong>de</strong> 18<br />

anos, as mesmas <strong>de</strong>verão ser comunicadas aos pais ou responsáveis, esclarecendo-se aos<br />

mesmos as implicações da perda <strong>de</strong>ntal e solicitando-se consentimento por escrito do<br />

procedimento a ser realizado e assinatura da ficha clínica. Este procedimento <strong>de</strong>ve sempre ser<br />

realizado em pacientes menores acompanhados dos pais ou <strong>de</strong> um responsável. Os pacientes<br />

ou seus pais/responsáveis <strong>de</strong>verão ser orientados sobre as condutas pós-operatórias. Na<br />

exodontia <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte <strong>de</strong>cíduo recomenda-se também a autorização.<br />

A exodontia por indicação ortodôntica será realizada somente com a carta <strong>de</strong><br />

encaminhamento, a qual <strong>de</strong>verá ser anexada ao prontuário.<br />

• Indicação<br />

o Decíduos<br />

� Cárie extensa on<strong>de</strong> não é possível a colocação <strong>de</strong> curativo ou restauração<br />

� Dentes com perfuração <strong>de</strong> assoalho da câmara pulpar<br />

� Presença <strong>de</strong> pólipo pulpar<br />

� Presença <strong>de</strong> fístula perto da margem gengival, indicando possível<br />

comunicação endondôntica e periodontal<br />

� Indicação ortodôntica<br />

o Permanentes


� Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação do elemento <strong>de</strong>ntário<br />

� Dente unitário com indicação <strong>de</strong> prótese total<br />

� Raiz residual<br />

• Cuidados operatórios<br />

� Indicação ortodôntica<br />

449<br />

� Pré-tratamento médico (Ex: radioterapia <strong>de</strong> cabeça e/ou pescoço), po<strong>de</strong>ndo<br />

ser conservadora ou radical<br />

o Sin<strong>de</strong>smotomia a<strong>de</strong>quada para a adaptação correta do fórceps ou extrator e<br />

visualização do <strong>de</strong>nte<br />

o Cuidados com os tecidos moles, <strong>de</strong>ntes vizinhos, germe do <strong>de</strong>nte permanente e<br />

ATM<br />

o Curetagem do alvéolo e da fístula, se necessário. Dentes com indicação<br />

ortodôntica e sem lesão ou utilização <strong>de</strong> osteotomia, não se faz necessária a<br />

curetagem<br />

• Condutas do ASB<br />

o Osteotomia e osteoplastia, se necessário<br />

o Inspeção do alvéolo e do <strong>de</strong>nte removido<br />

o Cuidados para não <strong>de</strong>ixar corpos estranhos na área cirúrgica<br />

o Cuidados para evitar a <strong>de</strong>glutição aci<strong>de</strong>ntal<br />

o Prevenção e controle <strong>de</strong> hemorragia no trans e pós-operatório<br />

o Profilaxia antibiótica quando necessário (prevenção <strong>de</strong> infecção)<br />

o Os instrumentais cirúrgicos e as gazes com sangue <strong>de</strong>verão permanecer fora do<br />

alcance da visão do paciente<br />

o Facilitar o campo <strong>de</strong> visualização do CD<br />

o Manter o campo cirúrgico livre <strong>de</strong> saliva e sangue<br />

o Estar atento às <strong>de</strong>glutições aci<strong>de</strong>ntais<br />

o Manter a mesa organizada e servida <strong>de</strong> material<br />

• Aci<strong>de</strong>ntes profissionais mais frequentes


o Perfuração do <strong>de</strong>do com alavanca ou com agulha <strong>de</strong> sutura<br />

o Laceração da mão ou <strong>de</strong>do com a dobradiça do fórceps<br />

6.2.3.2 Aci<strong>de</strong>ntes e complicações cirúrgicas<br />

6.2.3.2.1 Aci<strong>de</strong>ntes mais comuns no trans-operatório<br />

• Principais causas<br />

o Exames radiográficos insuficientes ou com distorções<br />

o Técnica cirúrgica não compatível com o procedimento<br />

o Planejamento ina<strong>de</strong>quado<br />

o Desconhecimento anatômico da área a ser operada<br />

o Preparo insuficiente em relação à técnica cirúrgica<br />

o Uso <strong>de</strong> instrumentais ina<strong>de</strong>quados e insuficientes<br />

• Aci<strong>de</strong>ntes mais comuns<br />

o Luxação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes vizinhos<br />

o Luxação da ATM<br />

o Lesões <strong>de</strong> tecido mole<br />

o Comunicação bucosinusal<br />

o Fratura da mandíbula<br />

o Lesão dos nervos mardibular, mentoniano e lingual<br />

o Fratura da tábua óssea<br />

o Fratura <strong>de</strong> raiz<br />

o Extração equivocada do elemento <strong>de</strong>ntário<br />

o Deslocamento do <strong>de</strong>nte para regiões circunvizinhas<br />

o Hemorragia<br />

Luxação da ATM<br />

A intervenção em <strong>de</strong>ntes inferiores com uma força excessiva durante os movimentos e<br />

a falta <strong>de</strong> apoio mandibular po<strong>de</strong>m levar a uma luxação da ATM uni ou bilateral, po<strong>de</strong>ndo<br />

ocorrer também por abertura exagerada da boca durante o ato cirúrgico ou tempo <strong>de</strong> abertura<br />

450


prolongado. Nesse caso, o paciente não consegue fechar a boca, criando uma situação<br />

alarmante e <strong>de</strong>sconfortável.<br />

Conduta<br />

• Manobras para a redução da ATM<br />

o Proteger os <strong>de</strong>dos com gaze ou com tecido, <strong>de</strong>vido ao impacto no retorno à posição <strong>de</strong><br />

oclusão<br />

o Pren<strong>de</strong>r fortemente a mandíbula com os polegares introduzidos na boca, sobre os<br />

<strong>de</strong>ntes inferiores, e os <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>dos por baixo da mandíbula, empurrando-a para baixo,<br />

para trás e para cima<br />

o Receitar analgésico e relaxante muscular<br />

o Orientar repouso para a ATM (alimentação pastosa, evitar movimentos amplos da<br />

mandíbula)<br />

o Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redução: Encaminhamento para atendimento hospitalar<br />

6.2.3.2.2 Complicações pós-operatórias<br />

Principais causas<br />

• Inobservância do momento mais a<strong>de</strong>quado para a realização do procedimento (Ex: Paciente<br />

sistêmica e emocionalmente <strong>de</strong>scompensado, horário ina<strong>de</strong>quado, entre outros) e <strong>de</strong><br />

normas <strong>de</strong> biossegurança<br />

Complicações<br />

• Resposta inflamatória exacerbada<br />

• Alveolite<br />

• Hematoma<br />

• Hemorragia pós-operatória<br />

• Trismo mandibular<br />

• Outros<br />

451


6.2.3.3 Hemorragia e hemostasia na prática odontológica<br />

452<br />

Hilton Hirabara<br />

Pedro Sperandio Lopes Morales<br />

José Roberto Pinto<br />

Wagner José Silva Ursi<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Faz parte da rotina odontológica a presença <strong>de</strong> sangramento durante o trabalho do CD.<br />

A intensida<strong>de</strong> varia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequeno sangramento até a lesão <strong>de</strong> veias e artérias em<br />

procedimentos cirúrgicos.<br />

Basicamente, duas situações afetam o processo <strong>de</strong> hemostasia em um paciente: A<br />

presença <strong>de</strong> doenças sistêmicas (Ex: Hipertensão) e os medicamentos por ele utilizados.<br />

Geralmente os pacientes têm conhecimento <strong>de</strong> sua doença e a relação com problemas<br />

hemorrágicos, estão em tratamento ou acompanhamento médico e muitas vezes frequentam<br />

serviços especializados. Nessa situação o profissional po<strong>de</strong> se cercar <strong>de</strong> cuidados que<br />

garantirão um trabalho com maior segurança e conforto, sendo a realização da anamnese <strong>de</strong><br />

fundamental importância.<br />

Porém, durante um atendimento odontológico corriqueiro em um paciente<br />

aparentemente saudável, po<strong>de</strong> ocorrer uma hemorragia inesperada e incomum, <strong>de</strong>nunciando<br />

uma alteração <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ainda <strong>de</strong>sconhecida. Por isso é fundamental ter conhecimento do<br />

processo <strong>de</strong> hemostasia e das variáveis que po<strong>de</strong>m afetá-lo, assim como as medidas para lidar<br />

com hemorragias em nossa prática.<br />

Os exames complementares para o estudo da coagulação são utilizados como<br />

instrumentos diagnósticos para avaliação <strong>de</strong> sinais como formação espontânea <strong>de</strong> equimoses,<br />

petéquias, sangramentos prolongados, epistaxes anormais, fluxo menstrual intenso, história<br />

familiar positiva para coagulopatias ou sangramentos gastrintestinais. Segundo critério<br />

profissional po<strong>de</strong>rá ser solicitado ao paciente a realização <strong>de</strong> exames complementares.<br />

Os valores <strong>de</strong> referência do coagulograma são:


• Tempo <strong>de</strong> coagulação: 5 a 10 minutos<br />

• Tempo <strong>de</strong> sangramento: 1 a 3 minutos<br />

• Retração do coágulo: Completa<br />

• Prova do laço: Negativa<br />

• Tempo <strong>de</strong> protrombina: 70 a 100%<br />

• International Normalized Ratio 64 (INR): Até 1,30<br />

• Tempo <strong>de</strong> tromboplastina parcial ativada (Ttpa): 22 a 42 segundos<br />

• Plaquetas: 150000 a 450000/mm³<br />

Coagulopatias hereditárias mais frequentes<br />

As coagulopatias hereditárias são doenças hemorrágicas resultantes da <strong>de</strong>ficiência<br />

quantitativa e/ou qualitativa <strong>de</strong> uma ou mais proteínas plasmáticas (fatores) da coagulação.<br />

Entre as coagulopatias hereditárias, as mais comuns são a Hemofilia e a Doença <strong>de</strong> von<br />

Willebrand (DVW). Para maiores informações reportar-se ao Capítulo 4, item 4.14.<br />

Medicamentos que po<strong>de</strong>m alterar a hemostasia<br />

• O AAS e os AINHs são inibidores da agregação plaquetária<br />

• Anticoagulantes utilizados em cardiopatas, vasculopatas e pacientes nefropatas que<br />

necessitam <strong>de</strong> hemodiálise<br />

• Anti<strong>de</strong>pressivos também são inibidores da ativida<strong>de</strong> das plaquetas<br />

Anticoagulantes<br />

Heparina Sódica<br />

É um anticoagulante para uso intravenoso, intramuscular e subcutâneo profundo, mais<br />

indicado para nível hospitalar. A principal complicação da heparina é a hemorragia por<br />

64 O INR é um exame que me<strong>de</strong> o tempo <strong>de</strong> coagulação e o compara com uma média. Pessoas sadias<br />

apresentam um INR até 1.3. Pessoas anticoaguladas têm um INR entre 2.0 e 4.0. Um INR > 4.0 po<strong>de</strong><br />

indicar que a coagulação sanguínea está excessivamente lenta, criando um risco <strong>de</strong> hemorragia<br />

incontrolada.<br />

453


alterações da coagulação, impedindo a função plaquetária e aumentando a permeabilida<strong>de</strong><br />

vascular.<br />

Anticoagulantes orais mais utilizados e <strong>de</strong> importância para a Odontologia<br />

Os anticoagulantes orais do tipo cumarínico (Ex: Varfarina sódica) interferem com a<br />

produção dos fatores vitamina K <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, agindo como antagonistas competitivos da<br />

vitamina K. Os <strong>de</strong>rivados cumarínicos não agem sobre os fatores já circulantes e sim, sobre<br />

aqueles que estão sendo sintetizados no fígado.<br />

As marcas disponíveis comercialmente são: Warfarin ® , Marevan ® , Coumadim ® ,<br />

Dicumarol ® , Varfarina ® .<br />

Interações medicamentosas da Varfarina Sódica<br />

Os quadros 74 a 76 apresentam as interações medicamentosas mais importantes da<br />

Varfarina Sódica para conhecimento dos profissionais <strong>de</strong> odontologia, tanto potencializando<br />

como inibindo a ação da mesma.<br />

• Eritromicina<br />

• Claritromicina<br />

Antibióticos / antifúngicos • Metronidazol<br />

• Trimetropim<br />

• Trimetropim-sulfametoxazol<br />

• Salicilatos<br />

Anti-inflamatórios e analgésicos • Fenilbutazona (doses elevadas)<br />

Antiarrítmicos • Amiodarona<br />

• Andrógenos<br />

Miscelânia<br />

• Cimetidina<br />

• Glucagon<br />

• Hormônio tiroi<strong>de</strong>ano<br />

Quadro 74 - Drogas que potencializam a ação da Varfarina <strong>de</strong> forma significativa<br />

Drogas antitiroi<strong>de</strong>anas<br />

Barbitúricos<br />

Rifampicina<br />

Carbamazepina<br />

Colestiramina<br />

Quadro 75 - Drogas que inibem a ação da Varfarina <strong>de</strong> forma significativa<br />

454


Efeito anticoagulante<br />

Aumentado<br />

Drogas<br />

• Acetaminofem<br />

• Anti-inflamatórios não hormonais<br />

• Miconazol, fluconazol, cetoconazol<br />

• Anticoncepcional oral<br />

• Griseofulvina<br />

Diminuído<br />

• Espiranolactona<br />

• Diuréticos tiazídicos<br />

Quadro 76 - Drogas mais utilizadas que possuem interações com a Varfarina em menor<br />

intensida<strong>de</strong><br />

Antiagregantes plaquetários mais utilizados e <strong>de</strong> importância para a Odontologia<br />

• Acido Acetilsalicílico<br />

• Dipiridamol (Persantim ® )<br />

• Sutura<br />

Procedimentos odontológicos com objetivo <strong>de</strong> promover a hemostasia<br />

• Compressão com gaze<br />

• Utilização <strong>de</strong> gelo<br />

• Colocação <strong>de</strong> esponja <strong>de</strong> fibrina no alvéolo<br />

• Colocação <strong>de</strong> cera cirúrgica no alvéolo<br />

• Infiltração local com solução anestésica com vasoconstritor<br />

• Cauterização com instrumento metálico aquecido<br />

• Cauterização com bisturi elétrico<br />

455


Consi<strong>de</strong>ração<br />

Caso essas medidas não produzam resultado e <strong>de</strong> acordo com a gravida<strong>de</strong> do caso, é<br />

aconselhável o encaminhamento do paciente para um serviço médico e/ou para cirurgião buco-<br />

maxilo-facial.<br />

Conduta para hemostasia e prevenção <strong>de</strong> hemorragia pós-exodontia<br />

1. Anamnese criteriosa<br />

2. Curetagem <strong>de</strong> tecido <strong>de</strong> granulação<br />

3. Compressão digital para aproximação das pare<strong>de</strong>s do alvéolo<br />

4. Sutura<br />

5. Compressão com gaze por 15 minutos<br />

6. Aplicação <strong>de</strong> gelo por 15 minutos<br />

456


Fluxograma 17 - Conduta frente à hemorragia pós-exodontia<br />

Pronto-atendimento<br />

Inspeção da intensida<strong>de</strong><br />

do sangramento e sua<br />

origem (tecidos moles<br />

ou ósseo?)<br />

Pequeno Gran<strong>de</strong><br />

• Compressão<br />

(mor<strong>de</strong>dura) com<br />

gaze por 15 minutos<br />

embebida em soro<br />

fisiológico gelado<br />

• Aplicação <strong>de</strong> gelo<br />

Sim<br />

Observação por<br />

30 minutos e<br />

recomendações<br />

Aferição da PA<br />

Retorno após 24<br />

horas para nova<br />

avaliação<br />

• Remoção do coágulo<br />

• Medidas físico-químicas locais.<br />

Ex: Esponja <strong>de</strong> fibrina<br />

Fibrinol ® )<br />

• Nova sutura<br />

• Compressão com gaze por 15<br />

minutos<br />

• Aplicação <strong>de</strong> gelo<br />

Resolução do<br />

sangramento?<br />

Não<br />

Encaminhamento<br />

hospitalar em<br />

conformida<strong>de</strong><br />

com fluxo da USF<br />

Avaliação pelo<br />

cirurgião bucomaxilo-facial<br />

457


6.2.3.4 Alveolite<br />

É a infecção superficial do alvéolo <strong>de</strong>ntal, causada principalmente por estreptococos e<br />

estafilococos que se instalam após uma exodontia, sendo uma condição na qual o alvéolo<br />

<strong>de</strong>ntal apresenta uma <strong>de</strong>sagregação do coágulo. A incidência da alveolite é variável, estando<br />

presente entre 2% a 6% das exodontias.<br />

Classificação<br />

• Alveolite úmida ou por corpo estranho: Alvéolo purulento, sangrante e doloroso,<br />

normalmente em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> reação a corpos estranhos, inclusive restos<br />

alimentares. Ocorre entre cinco a sete dias após a cirurgia. Apresenta odor fétido e dor<br />

localizada<br />

• Alveolite seca: Alvéolo aberto, sem coágulo, pare<strong>de</strong>s ósseas expostas, dolorosas,<br />

tecido gengival pouco infiltrado, muito doloroso, sobretudo nos bordos. É uma lesão em<br />

que, por falta imediata ou por <strong>de</strong>saparecimento prematuro do coágulo, o alvéolo ficará<br />

aberto, o qual, entra em comunicação com a cavida<strong>de</strong> bucal, com suas pare<strong>de</strong>s ósseas<br />

<strong>de</strong>sprotegidas e seus bordos gengivais separados. Suas pare<strong>de</strong>s ósseas apresentam<br />

uma cor acinzentada, a dor é irradiada e ocorre entre dois a três dias após a cirurgia<br />

Fatores <strong>de</strong> risco<br />

• Exodontias mandibulares<br />

• Exodontias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes inclusos mandibulares<br />

• Exodontias traumáticas e difíceis<br />

• Exodontias no sexo feminino quando utiliza anticoncepcional<br />

• Higiene bucal precária<br />

• Tabagismo<br />

• Diabetes Mellitus<br />

• Senilida<strong>de</strong><br />

• Ausência <strong>de</strong> adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> biossegurança<br />

• Pacientes imuno<strong>de</strong>primidos (Ex: HIV/AIDS)<br />

458


Prevenção<br />

• I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco<br />

• Higiene bucal antes do ato cirúrgico<br />

• Bochecho com gluconato <strong>de</strong> clorexidina a 0,12%, por um minuto<br />

• Traumatismo mínimo durante a intervenção cirúrgica<br />

• Não efetuar exodontais com infecção bucal ativa<br />

• Evitar infiltração anestésica em excesso<br />

• Profilaxia antibiótica prévia em pacientes <strong>de</strong> risco (Ex: Imuno<strong>de</strong>primidos)<br />

• Aconselhar abstinência <strong>de</strong> fumo no dia anterior e dois dias após a cirurgia<br />

• Não efetuar bochechos durante as primeiras 24 horas<br />

• Evitar uso prolongado <strong>de</strong> terapia com gelo<br />

Tratamento<br />

Terapias básicas - Padrão<br />

1ª opção<br />

• Irrigação do alvéolo com soro fisiológico morno<br />

• Irrigação do alvéolo com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina a 0,12% ou solução <strong>de</strong><br />

PVPI<br />

• Preenchimento do alvéolo com pasta <strong>de</strong> acetil-cisteína e própolis sem eugenol (<br />

Alveolex ® )<br />

• Repetir os passos anteriores diariamente até a remissão completa dos sintomas<br />

2ª opção<br />

• Anestesia infiltrativa ou troncular, conforme a região<br />

• Limpeza do alveolo (curetagem e irrigação com soro fisiológico, se possível morno)<br />

• Aguardar preencimento com novo coágulo<br />

• Sutura oclusiva<br />

459


• Administração <strong>de</strong> analgésico, anti-inflamatório e antibiótico, conforme <strong>de</strong>scrito no<br />

Capítulo 3, item 3.4.4<br />

• Compressa quente na região da alveolite por 15 minutos, quatro vezes ao dia.<br />

Observar atentamente a presença <strong>de</strong> sangramento.<br />

460


6.2.4. Endodontia<br />

6.2.4.1 Endodontia em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos<br />

Pulpotomia<br />

462<br />

Alice Tayoko Ogawa<br />

Carlos Alberto Spironelli Ramos<br />

Remoção da polpa coronária seguida do uso <strong>de</strong> medicamentos que visam manter a<br />

polpa radicular em condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Indicação<br />

• Exposição pulpar aci<strong>de</strong>ntal ou por cárie<br />

• História <strong>de</strong> dor (durante a noite ou espontânea)<br />

Técnica<br />

• Anestesia<br />

• Isolamento absoluto ou relativo, conforme disponibilida<strong>de</strong><br />

• Remoção do tecido cariado mais contaminado com brocas<br />

• Remoção da polpa coronária com cureta afiada ou brocas esféricas estéreis, em<br />

baixa ou alta rotação.<br />

• Hemostasia com água oxigenada 3%<br />

• Aplicação <strong>de</strong> bolinha <strong>de</strong> algodão esterilizada com formocresol<br />

• Capeamento com óxido <strong>de</strong> zinco e eugenol + 1 gota <strong>de</strong> formocresol ou CTZ<br />

(Cloranfenicol + Tetraciclina +Cimento Oxido <strong>de</strong> Zinco)<br />

• Forramento, <strong>de</strong> preferência com CIV<br />

• Restauração


Pulpectomia<br />

Indicação<br />

• Dentes <strong>de</strong>cíduos anteriores com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição coronária que necessitem <strong>de</strong><br />

restauração<br />

• Dentes <strong>de</strong>cíduos com mortificação pulpar<br />

Contraindicação<br />

• Dentes <strong>de</strong>cíduos em esfoliação<br />

• Dentes sem condições <strong>de</strong> serem restaurados<br />

• Dentes com perfuração <strong>de</strong> assoalho<br />

• Dentes que apresentem gran<strong>de</strong>s lesões e fístula próxima à linha mucogengival<br />

Condições especiais<br />

• Dentes que apresentam algumas das contraindicações citadas po<strong>de</strong>rão ser<br />

preservados na tentativa <strong>de</strong> manter o espaço para a <strong>de</strong>ntição permanente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que o responsável esteja informado<br />

Técnica<br />

• Anestesia, se necessária<br />

• Isolamento absoluto ou relativo, conforme disponibilida<strong>de</strong><br />

• Remoção total <strong>de</strong> tecido cariado e polpa coronária<br />

• Localização dos condutos<br />

• Remoção do tecido necrótico com limas endodônticas. Na ausência <strong>de</strong> isolamento<br />

absoluto, é obrigatório o uso <strong>de</strong> amarrilhas com fio <strong>de</strong>ntal nos cabos das limas<br />

endodônticas para evitar a <strong>de</strong>glutição aci<strong>de</strong>ntal das mesmas<br />

• Lavagem e irrigação com soro fisiológico, água <strong>de</strong>stilada ou água oxigenada 3%<br />

• Secagem com cones <strong>de</strong> papel<br />

463


• Colocação da medicação (pasta <strong>de</strong> iodofórmio + Rifocort ®65 + paramonoclorofenol<br />

canforado - PC ou CTZ)<br />

• Forramento, <strong>de</strong> preferência com CIV<br />

• Restauração<br />

• Em presença <strong>de</strong> fístulas realizar sua curetagem<br />

6.2.4.2 Endodontia em <strong>de</strong>ntes permanentes<br />

Os casos <strong>de</strong> endodontia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes permanentes (com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restauração)<br />

<strong>de</strong>verão ser encaminhados ao CEO ou às entida<strong>de</strong>s conveniadas, conforme <strong>de</strong>scrito no<br />

Capítulo 1, item 1.3.2.5.<br />

Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento endodôntico e para evitar a exodontia, os molares <strong>de</strong><br />

crianças até nove anos completos que se apresentarem vitalizados po<strong>de</strong>rão ser submetidos à<br />

pulpotomia.<br />

Pulpotomia<br />

Técnica<br />

• Exame radiográfico inicial, se possível<br />

• Anestesia infiltrativa ou por bloqueio regional, complementada por intraligamentar<br />

(segundo o caso)<br />

• Remoção do tecido cariado e/ou restauração pré-existente<br />

• Isolamento absoluto ou relativo, conforme disponibilida<strong>de</strong><br />

• Trepanação inicial (sugerem-se pontas diamantadas esféricas <strong>de</strong> haste longa 1012<br />

HL, 1014 HL ou 1016 HL)<br />

• Remoção completa do teto da câmara pulpar (sugerem-se pontas diamantadas<br />

tronco-cônicas 3081 e 3082)<br />

• Exame do conteúdo pulpar e confirmação diagnóstica (polpa viva ou necrose)<br />

• Remoção completa da polpa coronária, preferentemente com curetas afiadas,<br />

indicada para <strong>de</strong>ntes posteriores<br />

65 Rifamicina SV sódica + acetato <strong>de</strong> prednisolona<br />

464


• Lavagem e irrigação com soro fisiológico ou água <strong>de</strong>stilada abundantemente até a<br />

hemostasia, sem formação <strong>de</strong> coágulo<br />

• Secagem com mecha <strong>de</strong> algodão hidrófilo estéril<br />

• Gotejamento com medicação à base <strong>de</strong> corticoesteroi<strong>de</strong> e antibiótico (Otosporin ® ),<br />

aguardando um período <strong>de</strong> 3 a 5 minutos <strong>de</strong> ação<br />

• Lavagem da cavida<strong>de</strong> com solução saturada <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio (água <strong>de</strong> cal)<br />

• Secagem da cavida<strong>de</strong> com mecha <strong>de</strong> algodão hidrófilo estéril<br />

• Aplicação <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a., forrando o assoalho da<br />

câmara pulpar<br />

• Colocação <strong>de</strong> base forradora (cimento <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco modificado ou similar)<br />

• Colocação <strong>de</strong> CIV<br />

• Restauração final<br />

• Ajuste oclusal<br />

• Prescrição <strong>de</strong> analgésicos, se necessário<br />

Pulpectomia (bio ou necro)<br />

Técnica<br />

• Exame radiográfico inicial, se possível<br />

• Anestesia infiltrativa ou por bloqueio regional, complementada por intraligamentar<br />

(segundo o caso)<br />

• Remoção do tecido cariado e/ou restauração pré-existente<br />

• Isolamento absoluto ou relativo, conforme disponibilida<strong>de</strong><br />

• Trepanação inicial (sugerem-se pontas diamantadas esféricas <strong>de</strong> haste longa 1012<br />

HL, 1014 HL ou 1016 HL)<br />

• Remoção do teto da câmara pulpar e <strong>de</strong> toda a polpa presente (coronária e<br />

radicular)<br />

• Na presença <strong>de</strong> tecido necrótico realizar uma leve instrumentação dos condutos<br />

• Lavagem e irrigação com hipoclorito <strong>de</strong> sódio 1% (Solução <strong>de</strong> Milton), soro<br />

fisiológico ou água <strong>de</strong>stilada<br />

• Secagem com cones <strong>de</strong> papel absorvente<br />

465


• Acomodação <strong>de</strong> bolinha <strong>de</strong> algodão esterilizada ligeiramente ume<strong>de</strong>cida em<br />

formocresol ou tricresolformalina sobre as entradas dos condutos<br />

• Vedamento da cavida<strong>de</strong> com cimento <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco e eugenol<br />

• Prescrever medicação analgésica, anti-inflamatória e antibiótica, quando necessário<br />

• Na presença <strong>de</strong> exsudato purulento em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, a cavida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ve ser<br />

vedada, sendo protegida somente com uma mecha <strong>de</strong> algodão estéril e <strong>de</strong>ve-se<br />

indicar a terapêutica antibiótica<br />

• Havendo presença <strong>de</strong> abscesso <strong>de</strong>ntal com flutuação, os procedimentos acima<br />

mencionados <strong>de</strong>vem ser realizados e complementados com a drenagem do<br />

exsudato da região <strong>de</strong> flutuação, com uma incisão utilizando um bisturi,<br />

principalmente, nos casos em que não houver drenagem suficiente via canal. A<br />

terapêutica antibiótica é sempre indicada quando existe infecção<br />

• Encaminhamento para especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Endodontia<br />

6.2.4.3 Urgência endodôntica em <strong>de</strong>ntes permanentes<br />

O tratamento <strong>de</strong> urgência em endodontia é executado quando o paciente se apresenta<br />

com sintomatologia dolorosa, normalmente não <strong>de</strong>belada pelo uso <strong>de</strong> analgésicos. Geralmente<br />

com dor intensa e prostação, necessita da intervenção local e sistêmica quando necessária,<br />

realizada por um Cirurgião-Dentista. Enten<strong>de</strong>-se como urgências endodônticas aquelas<br />

relacionadas à polpa e periápice <strong>de</strong>ntais como pulpite aguda reversível ou irreversível,<br />

pericementite aguda e abscesso <strong>de</strong>nto-alveolar.<br />

Os quadros 77 a 79 apresentam uma síntese <strong>de</strong> condutas e procedimentos<br />

endodônticos diante das alterações inflamatórias pulpares e periapicais agudas e crônicas.<br />

466


Alteração inflamatória pulpar<br />

Polpa <strong>de</strong>ntária<br />

Fase Reversível<br />

Fase Irreversível<br />

Aguda<br />

Pulpite<br />

aguda<br />

Pulpite<br />

crônica<br />

Sintomatologia<br />

Dor provocada<br />

ou exacerbada<br />

com frio,<br />

localizada,<br />

curta duração,<br />

cessando com<br />

analgésicos<br />

Dor forte,<br />

espontânea,<br />

exacerbada<br />

pelo calor,<br />

diminuída pelo<br />

frio, difusa,<br />

contínua, não<br />

cessa com<br />

analgésicos<br />

Sem sintomas<br />

característicos<br />

(dor<br />

mastigação,<br />

à<br />

difusa e mal<br />

<strong>de</strong>finida)<br />

Inspeção<br />

intrabucal<br />

Cárie,<br />

Restauração<br />

ou Prótese<br />

<strong>de</strong>ntária<br />

Cárie,<br />

Restauração<br />

ou Prótese<br />

<strong>de</strong>ntária<br />

Presença <strong>de</strong><br />

pólipo<br />

pulpar,<br />

exposição<br />

pulpar<br />

Palpação<br />

apical<br />

-<br />

Ligeira<br />

sensibilida<strong>de</strong><br />

Fonte: Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> – Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 2005<br />

Quadro 77 - Alterações inflamatórias pulpares e conduta<br />

-<br />

Percussão Teste térmico Exame<br />

Horizontal Vertical Frio Calor radiográfico<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

Ligeira<br />

sensibilida<strong>de</strong><br />

Sensação<br />

diferente,<br />

sem<br />

caracterizar<br />

quadro<br />

álgico<br />

Sensível<br />

Sensível<br />

-<br />

Ligeira<br />

sensibilida<strong>de</strong><br />

Exacerbação<br />

da dor<br />

Sensível<br />

-<br />

Espessamento<br />

do espaço<br />

pericementário<br />

Cavida<strong>de</strong><br />

pulpar aberta,<br />

rizogênese<br />

incompleta<br />

467<br />

Conduta<br />

Tratamento<br />

conservador<br />

Pulpectomia<br />

Pulpectomia


Alteração periapical aguda<br />

Alterações<br />

periapicais<br />

Pericementite Aguda<br />

Polpa<br />

vital<br />

Polpa<br />

Não<br />

Vital<br />

Abscesso<br />

<strong>de</strong>nto<br />

alveolar<br />

agudo<br />

Sintomatologia<br />

Sensação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nte crescido, dor<br />

localizada e<br />

permanente<br />

Sensação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nte crescido, dor<br />

localizada e<br />

permanente<br />

Dor pulsátil,<br />

localizada ou<br />

difusa,<br />

permanente,<br />

presença ou não<br />

<strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma<br />

Inspeção<br />

intrabucal<br />

Contato<br />

prematuro<br />

Contato<br />

prematuro<br />

Cárie,<br />

restauração,<br />

Prótese<br />

<strong>de</strong>ntária<br />

e<strong>de</strong>ma apical,<br />

mobilida<strong>de</strong><br />

Palpação<br />

apical<br />

Sensibilida<strong>de</strong><br />

Sensibilida<strong>de</strong><br />

Gran<strong>de</strong><br />

sensibilida<strong>de</strong><br />

Percussão Teste térmico Exame<br />

Horizontal Vertical Frio Calor radiográfico<br />

Positiva<br />

Positiva<br />

Sensível<br />

Fonte: Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> – Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 2005<br />

Quadro 78 - Alterações periapicais agudas e conduta<br />

Positiva<br />

Positiva<br />

Sensível<br />

Vitalida<strong>de</strong><br />

pulpar<br />

Não<br />

respon<strong>de</strong><br />

Não<br />

respon<strong>de</strong><br />

Vitalida<strong>de</strong><br />

pulpar<br />

Não<br />

respon<strong>de</strong><br />

Não<br />

respon<strong>de</strong><br />

Espessamento<br />

do espaço<br />

pericementário<br />

Espessamento<br />

do espaço<br />

pericementário<br />

Ruptura da<br />

lâmina dura,<br />

rarefação óssea<br />

periapical<br />

468<br />

Conduta<br />

Remoção da<br />

causa com ajuste<br />

oclusal e<br />

analgésico<br />

Necropulpectomia<br />

Ajuste oclusal<br />

Medicação<br />

sistêmica, se<br />

necessário<br />

Necropulpectomia<br />

Ajuste oclusal<br />

Drenagem<br />

Medicação<br />

sistêmica, se<br />

necessário


Alteração periapical crônica<br />

Alterações<br />

periapicais<br />

Pericementite<br />

crônica<br />

Abscesso<br />

<strong>de</strong>nto<br />

alveolar<br />

crônico<br />

Granuloma<br />

Cisto<br />

Sintomatologia<br />

Assintomática<br />

Assintomático,<br />

presença <strong>de</strong><br />

fístula<br />

Assintomático<br />

Assintomático,<br />

abaulamento<br />

ósseo<br />

Inspeção<br />

intrabucal<br />

Cárie,<br />

restauração<br />

ou prótese<br />

<strong>de</strong>ntária<br />

Cárie,<br />

restauração,<br />

prótese<br />

<strong>de</strong>ntária,<br />

fístula<br />

cutânea ou<br />

mucosa<br />

Cárie,<br />

restauração<br />

ou prótese<br />

<strong>de</strong>ntária<br />

Cárie,<br />

Restauração<br />

ou prótese<br />

<strong>de</strong>ntária<br />

abaulamento<br />

ósseo<br />

Palpação<br />

apical<br />

-<br />

Sensível<br />

Sensível<br />

Sensível<br />

Fonte: Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> – Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 2005<br />

Quadro 79 - Alterações periapicais crônicas e conduta<br />

Percussão Teste térmico Exame<br />

Horizontal Vertical Frio Calor radiográfico<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

Sensível<br />

Sensível<br />

Sensível<br />

Sensível<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

Espessamento<br />

do espaço<br />

pericementário<br />

Rarefação<br />

óssea<br />

periapical<br />

difusa<br />

Rarefação<br />

óssea<br />

periapical<br />

circunscrita<br />

Rarefação<br />

óssea<br />

periapical<br />

circunscrita<br />

Conduta<br />

469<br />

Necropulpectomia<br />

Medicação<br />

sistêmica, se<br />

necessário<br />

Necropulpectomia<br />

Medicação<br />

sistêmica, se<br />

necessário<br />

Necropulpectomia<br />

Medicação<br />

sistêmica, se<br />

necessário


BIBLIOGRAFIA<br />

ANTONIO, P.R. A. et al. Interações medicamentosas da Varfarina Sódica. Boletim<br />

informativo projeto sentinela. n. 1, nov. 2007. Disponível em:<<br />

http://www.iamspesau<strong>de</strong>.com.br/ohospital/projeto_sentinela/Boletim_Informativo%20do%20<br />

Projeto%20Sentinela%20%20n%2001.pdf>. Acesso em: 22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2008.<br />

BERG, J.H. Glass ionomer cements. Pediatric Dentistry, v. 24, n. 5, p. 43-08, 2002.<br />

GREGORI, C; CAMPOS, A. C. Cirurgia buco-<strong>de</strong>nto-alveolar. 2 ed. Sarvier, 2004.<br />

PEDIATRIC RESTORATIVE DENTISTRY CONSENSUS CONFERENCE. CONSENSUS<br />

STATEMENTS. Pediatric Dentistry, v. 24, n. 5, p. 37-46, 2002.<br />

RICIERI, C. B et al. Alveolite: Ocorrência e tratamento em consultórios odontológicos <strong>de</strong><br />

Araçatuba/SP. Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, v.18, n.1, p.33-40, 2006. Disponível em<br />

Acesso em: 11<br />

setembro 2008.<br />

SÃO PAULO. Secretaria <strong>de</strong> Estado da Saú<strong>de</strong>. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong>. Qualida<strong>de</strong> e<br />

resolubilida<strong>de</strong> na atenção básica: recomendações <strong>de</strong> endodontia. Dezembro 2005.<br />

SÃO PAULO. Secretaria <strong>de</strong> Estado da Saú<strong>de</strong>. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong>. Qualida<strong>de</strong> e<br />

resolubilida<strong>de</strong> na atenção básica: recomendações <strong>de</strong> cirurgia ambulatorial. Dezembro<br />

2005.<br />

470


CAPÍTULO 7<br />

TRAUMATISMO EM DENTES PERMANENTES<br />

472


7. TRAUMATISMO EM DENTES PERMANENTES<br />

474<br />

Alice T. Ogawa<br />

Antônio Ferelle<br />

Domingos Alvanhan<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

O exame dos pacientes com traumatismo <strong>de</strong>ntário <strong>de</strong>ve ser feito o mais<br />

rápido possível, logo após o aci<strong>de</strong>nte. Neste exame <strong>de</strong>ve-se conseguir o máximo <strong>de</strong><br />

informações como: Histórico do paciente (anamnese), histórico do trauma, exames clínicos<br />

e radiográficos, que <strong>de</strong>verão ser anotados na ficha para posterior consulta.<br />

7.1 ANAMNESE<br />

Ao realizar uma anamnese são necessárias informações do estado geral do<br />

paciente como problemas sanguíneos, sensibilida<strong>de</strong> a medicamentos (anestesia, antibiótico,<br />

anti-inflamatório, etc.), se está em tratamento médico, fazendo uso <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong><br />

medicamento, se tem imunização antitetânica, etc.<br />

Imunização antitetânica: Quando ocorrem ferimentos é muito importante saber<br />

se o paciente está imunizado contra o tétano. Se o paciente recebeu a última dose <strong>de</strong><br />

vacina nos últimos 5 anos, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reforço. No caso <strong>de</strong> haver <strong>de</strong>corrido mais<br />

<strong>de</strong> 5 anos da última vacina, recomenda-se a dose <strong>de</strong> reforço. Para pessoas não<br />

imunizadas, indica-se a aplicação da vacina.<br />

História do trauma<br />

Anotar por or<strong>de</strong>m cronológica as informações sobre o aci<strong>de</strong>nte, fazendo as<br />

clássicas perguntas: Quando? On<strong>de</strong>? Como?<br />

Depen<strong>de</strong>ndo da resposta, po<strong>de</strong>rá variar o procedimento clínico, principalmente<br />

nos casos <strong>de</strong> avulsão do elemento <strong>de</strong>ntário.<br />

<strong>de</strong>ntes.<br />

7.2 EXAME CLÍNICO<br />

Se o trauma for recente é preciso verificar: Tecidos moles, osso alveolar e os


475<br />

A inspeção, palpação e radiografias são procedimentos importantes para a<br />

constatação <strong>de</strong> qualquer anormalida<strong>de</strong>.<br />

Exame dos ferimentos dos tecidos moles: Verificar a presença <strong>de</strong> corpos<br />

estranhos como fragmentos <strong>de</strong> vidro, pedriscos ou tipos <strong>de</strong> objetos que se encontravam no<br />

local do aci<strong>de</strong>nte, através do exame visual ou pela palpação. Nos casos <strong>de</strong> dúvida, proce<strong>de</strong>r<br />

a exame radiográfico o mais breve possível.<br />

Exame dos <strong>de</strong>ntes: Verificar o <strong>de</strong>slocamento dos <strong>de</strong>ntes, fratura da coroa,<br />

exposição ou não da polpa, vitalida<strong>de</strong> pulpar e mobilida<strong>de</strong> anormal do <strong>de</strong>nte, levando-se à<br />

suspeita <strong>de</strong> fratura radicular ou do osso alveolar.<br />

Teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong>: Logo após o trauma, a polpa po<strong>de</strong> não respon<strong>de</strong>r ao teste<br />

<strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> durante 2 a 3 meses. Mesmo que a polpa volte a respon<strong>de</strong>r aos testes<br />

positivamente, po<strong>de</strong> ocorrer necrose pulpar meses ou anos após o trauma. Recomenda-se o<br />

acompanhamento do <strong>de</strong>nte traumatizado por 2 a 3 anos, realizando testes <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong>,<br />

radiografias periapicais. Po<strong>de</strong> ocorrer escurecimento do <strong>de</strong>nte (discromia).<br />

7.3 EXAME RADIOGRÁFICO<br />

A radiografia é importante para o diagnóstico e para o tratamento do trauma<br />

<strong>de</strong>ntário, com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar fratura radicular e óssea, <strong>de</strong>senvolvimento do ápice<br />

radicular, normalida<strong>de</strong> ou não do espaço periodontal, presença <strong>de</strong> corpos estranhos, etc.<br />

É fundamental o acompanhamento após 6 semanas, 6 meses e anualmente por<br />

pelo menos dois anos, para verificar estreitamento do espaço pulpar (indicativo <strong>de</strong><br />

calcificação pulpar), reabsorções <strong>de</strong>ntárias internas e/ou externas, lesões periapicais, não<br />

<strong>de</strong>senvolvimento radicular, etc. Quando ocorre calcificação pulpar, porém, sem sinais <strong>de</strong><br />

alteração apical, não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento endodôntico, apenas o<br />

acompanhamento radiográfico periódico. Nos casos <strong>de</strong> reabsorções internas/externas,<br />

indica-se o tratamento endodôntico.<br />

7.4 PROCEDIMENTOS CLÍNICOS NOS DIFERENTES TRAUMAS DENTÁRIOS EM RELAÇÃO<br />

AO TECIDO DENTAL<br />

7.4.1 Trauma Coronário<br />

Trauma sem fratura do esmalte


Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial e nos retornos <strong>de</strong> manutenção com objetivo <strong>de</strong> verificar<br />

alteração periapical<br />

• Acompanhamento clínico: Teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3 em 3 meses e observar<br />

presença <strong>de</strong> discromia, etc.<br />

• Tratamento endodôntico nos casos <strong>de</strong> alteração pulpar irreversível<br />

Fratura do esmalte<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Alisamento do esmalte ou, se necessário, restauração<br />

• Acompanhamento clínico, teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> e radiografias <strong>de</strong> 3 em 3 meses<br />

• Tratamento endodôntico nos casos <strong>de</strong> alteração pulpar irreversível<br />

Fratura do esmalte e <strong>de</strong>ntina<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Limpeza do local com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

• Teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> e radiografias<br />

• Próximo à polpa: Proteção com cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio e restauração<br />

• Distante da polpa: Restauração<br />

• Acompanhamento clínico, teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> e radiografias <strong>de</strong> 3 em 3 meses<br />

Fratura do esmalte e <strong>de</strong>ntina com exposição pulpar<br />

Formação radicular incompleta<br />

Tratamento imediato (primeiras horas)<br />

476


Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Limpeza do local com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

• PPD com hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + solução anestésica ou propilenoglicol<br />

• Cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio ou CIV<br />

• Colagem do fragmento ou restauração<br />

• Teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> e radiografias periódicas<br />

Tratamento tardio (<strong>de</strong> 24 a 48 horas)<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Limpeza do local com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

• Pulpotomia<br />

• Aplicação <strong>de</strong> Otosporin ® por 5 a 10 minutos<br />

• Irrigação com soro fisiológico<br />

• Aplicação <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. + solução anestésica ou propilenoglicol<br />

• Cimento <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio ou CIV<br />

• Colagem do fragmento ou restauração<br />

• Teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> e radiografias periódicas<br />

Fratura da coroa a nível cervical<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Limpeza do local com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30 segundos<br />

• Tratamento endodôntico<br />

• Se possível, colagem com resina composta, se a fratura for supragengival e a<br />

coroa fraturada apresentar condições satisfatórias<br />

• Confecção <strong>de</strong> prótese, no caso em que não for possível a colagem<br />

477


7.4.2 Fratura Radicular<br />

Fratura sem <strong>de</strong>slocamento<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Contenção rígida com fio ortodôntico 0,5 mm + resina composta nos <strong>de</strong>ntes<br />

vizinhos durante 2 a 4 meses<br />

• Testes <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong>: De 3 a 6 semanas e 3 meses após o trauma, pois há<br />

gran<strong>de</strong> chance da polpa manter-se vital<br />

• Radiografias periapicais periódicas. Se após algumas semanas ou meses,<br />

478<br />

ocorrer zona radiolúcida na região da fratura, é indicativo <strong>de</strong> necrose pulpar.<br />

Nessa situação, realiza-se o tratamento endodôntico, com curativo prévio <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a., durante no mínimo 1 mês<br />

Fratura com pequeno <strong>de</strong>slocamento da porção coronária<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Quando houver separação das partes radiculares com extrusão parcial da<br />

porção coronária, introduzir a porção <strong>de</strong>slocada <strong>de</strong>licadamente para <strong>de</strong>ntro do<br />

alvéolo e imobilizar com fio ortodôntico 0,5 mm + resina composta nos <strong>de</strong>ntes<br />

vizinhos, por um período <strong>de</strong> 4 meses<br />

• Testes <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong>: De 3 a 6 semanas e 3 meses após o trauma, pois há<br />

gran<strong>de</strong> chance da polpa permanecer vital<br />

• Radiografias periapicais periódicas. Se após algumas semanas ou meses,<br />

ocorrer zona radiolúcida na região da fratura, é indicativo <strong>de</strong> necrose pulpar.<br />

Nessa situação, realiza-se o tratamento endodôntico, com curativo prévio <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a., durante no mínimo 1 mês


Fratura com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento da porção coronária<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Quando ocorre <strong>de</strong>slocamento coronário para fora do alvéolo, sendo este muito<br />

gran<strong>de</strong>, tenta-se o reposicionamento até on<strong>de</strong> for possível<br />

• Imobilização rígida com fio ortodôntico 0,5 mm + resina composta durante 4<br />

meses<br />

• Ajuste oclusal com <strong>de</strong>sgaste do rebordo incisal, se necessário<br />

• Tratamento endodôntico: Realiza-se o tratamento endodôntico apenas da<br />

479<br />

porção que se <strong>de</strong>slocou do alvéolo. Nem sempre é possível o tratamento da<br />

porção apical fraturada. Nesse caso, realiza-se somente controle radiográfico<br />

• Não se recomenda a remoção cirúrgica da porção apical fraturada, exceto nos<br />

casos <strong>de</strong> alteração patológica, i<strong>de</strong>ntificada através <strong>de</strong> exame radiológico<br />

(imagem radiolúcida em volta da raiz)<br />

7.4.3 Deslocamento <strong>de</strong>ntário sem fratura<br />

Sub-luxação<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Antissepsia do local com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 2%, por 30<br />

segundos<br />

• Contenção inter<strong>de</strong>ntal semirrígida por aproximadamente 10 dias<br />

• Analgésico, se necessário<br />

• Controle clinico e radiográfico<br />

Extrusão parcial<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial


• Se for imediatamente após o trauma, é possível seu reposicionamento,<br />

preferencialmente após anestesia<br />

• Se ocorreu num período mais prolongado é necessário anestesiar, e introduzir o<br />

<strong>de</strong>nte no local com pressão digital firme e constante<br />

• Contenção semirrígida por aproximadamente 10 dias<br />

• Se for uma extrusão <strong>de</strong> até 1 mm, é possível que a polpa se mantenha vital.<br />

480<br />

Nesses casos realiza-se teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> pulpar periódico. Nos casos <strong>de</strong><br />

extrusão maior em que houve necrose pulpar, são indicados a<br />

necropulpectomia e tratamento endodôntico<br />

Intrusão<br />

Conduta<br />

• Exame radiográfico inicial<br />

• Dente em estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento radicular<br />

o Intrusão pequena: Esperar a reerupção espontânea. Existe uma<br />

pequena chance da polpa manter-se vital<br />

o Intrusão <strong>de</strong> 50% ou mais da coroa <strong>de</strong>ntária. Reposicionamento e<br />

esplintagem com fio <strong>de</strong> nylon por 10 a 14 dias.<br />

o Acompanhamento radiográfico periódico para constatação <strong>de</strong><br />

reabsorção externa e/ou interna e radiolucência periapical. Nessas<br />

situações realiza-se o tratamento endodôntico com curativo intracanal <strong>de</strong><br />

hidróxido <strong>de</strong> cálcio e posterior obturação após o fechamento apical com<br />

tecido mineralizado<br />

• Dente com raiz formada<br />

o Não ocorre a reerupção<br />

o Tracionamento ortodôntico para a posição original. Após exposição da<br />

coroa, realizar curativo intracanal com hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a, que<br />

<strong>de</strong>verá ser trocado a cada 30 dias<br />

o Obturação do canal será realizada entre 6 e 12 meses<br />

o Acompanhamento radiográfico pelo menos uma vez ao ano


clínicos.<br />

Avulsão total<br />

Conduta<br />

481<br />

O tempo que o <strong>de</strong>nte fica fora da boca é que irá estabelecer os procedimentos<br />

• Imediatamente após o trauma (até uma hora)<br />

o Exame radiográfico inicial<br />

o Se o <strong>de</strong>nte apresentar indícios <strong>de</strong> contaminação, lavar com soro fisiológico ou<br />

água corrente, sem manipular a raiz<br />

o Manusear o <strong>de</strong>nte avulsionado com cuidado para evitar maiores danos ao<br />

ligamento periodontal já traumatizado<br />

o Anestesiar<br />

o Recolocar o <strong>de</strong>nte no alvéolo<br />

o Contenção semirrígida (fio <strong>de</strong> nylon) durante 10 a 14 dias<br />

o Realização <strong>de</strong> novo exame radiográfico imediatamente após a contenção<br />

o Antibioticoterapia<br />

o Vacina antitetânica, se necessário<br />

o Encaminhar para endodontia<br />

o Acompanhamento radiográfico pelo menos uma vez ao ano<br />

• Decorridas <strong>de</strong> uma a duas horas após o trauma<br />

o Exame radiográfico inicial<br />

o Se o <strong>de</strong>nte apresentar indícios <strong>de</strong> contaminação, lavar com soro fisiológico ou<br />

água corrente, sem manipular a raiz<br />

o Manusear o <strong>de</strong>nte avulsionado com cuidado para evitar maiores danos ao<br />

ligamento periodontal já traumatizado<br />

o Se o <strong>de</strong>nte foi mantido durante esse período <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um meio líquido (soro<br />

fisiológico, leite ou <strong>de</strong>ntro da boca) lavar e mantê-lo no soro fisiológico ou no<br />

leite, enquanto se prepara o local para reimplante.<br />

o Anestesiar<br />

o Se houver presença <strong>de</strong> coágulo no alvéolo, realizar remoção <strong>de</strong>licada do<br />

mesmo


482<br />

o Examinar possíveis fraturas da pare<strong>de</strong> alveolar, removendo fragmentos<br />

ósseos cuidadosamente, se necessário<br />

o Recolocar o <strong>de</strong>nte no alvéolo, inserindo-o suavemente e assentando-o no<br />

lugar<br />

o Verificar a posição <strong>de</strong> alinhamento e hiperoclusão<br />

o Estabilizar o <strong>de</strong>nte com contenção semirrígida por a10 a 14 semanas<br />

o Encaminhar para endodontia<br />

o Antibioticoterapia<br />

o Vacina antitetânica, se necessário<br />

o Acompanhamento radiográfico pelo menos uma vez ao ano<br />

Após duas horas do trauma ou <strong>de</strong>nte totalmente seco<br />

• Verificar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaminhamento imediato ao CEO para realização do<br />

tratamento endodôntico do <strong>de</strong>nte antes do reimplante<br />

• Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaminhamento imediato, <strong>de</strong>ve-se realizar:<br />

o Tratamento da superfície radicular com raspagem dos remanescentes do<br />

ligamento periodontal com uma cureta periodontal afiada<br />

o Desinfecção da superfície radicular com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina<br />

2%, por 30 segundos<br />

o Mergulhar o <strong>de</strong>nte numa solução <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> sódio 2,0% durante 30<br />

minutos com o objetivo <strong>de</strong> agregação <strong>de</strong> íons <strong>de</strong> flúor na superfície radicular<br />

o Em seguida lavar com soro fisiológico e secar com gaze esterilizada<br />

o Anestesiar<br />

o Curetar o coágulo alveolar<br />

o Reposicionar o <strong>de</strong>nte no alvéolo<br />

o Contenção semirrígida durante 45 dias<br />

o Antibioticoterapia<br />

o Vacina antitetânica, se necessário<br />

o Encaminhamento para tratamento endodôntico<br />

o Acompanhamento radiográfico pelo menos uma vez ao ano<br />

Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

• Nunca manusear o <strong>de</strong>nte pela raiz, sempre prendê-lo pela região da coroa


• A endodontia <strong>de</strong>verá ocorrer <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 10 a 14 dias após o reimplante para<br />

evitar a reabsorção radicular externa inflamatória<br />

• Dentes com rizogênese incompleta <strong>de</strong>verão receber tratamento visando-se a<br />

apecificação antes da realização do tratamento endodôntico <strong>de</strong>finitivo<br />

• A contenção semirrígida visa permitir a movimentação fisiológica do <strong>de</strong>nte evitar<br />

a anquilose<br />

7.5 PULPOTOMIA DE DENTES ANTERIORES TRAUMATIZADOS<br />

A pulpotomia é um procedimento clínico que consiste na remoção parcial da polpa.<br />

Este procedimento po<strong>de</strong> ser realizado em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> qualquer ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

o <strong>de</strong>nte apresente uma polpa com boa irrigação sanguínea. É indicada quando a polpa está<br />

vitalizada, mas apresenta-se parcialmente inflamada. O sucesso <strong>de</strong>sta técnica está na<br />

<strong>de</strong>pendência do estado do remanescente pulpar e na execução <strong>de</strong> procedimentos clínicos<br />

corretos.<br />

Po<strong>de</strong>-se realizar a pulpotomia em <strong>de</strong>ntes anteriores mesmo quando a polpa esteja<br />

exposta ao meio bucal por vários dias. O critério <strong>de</strong> analise da polpa é clínico. Ela é<br />

consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> boa condição quando se apresenta com consistência firme e fibrosa e <strong>de</strong><br />

coloração vermelho vivo e após seu corte apresenta-se uma hemorragia <strong>de</strong> cor viva e<br />

hemostasia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 10 a 15 minutos. É consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> má condição, quando se<br />

apresenta com aspecto gelatinoso, sem consistência, cujo corte se faz sem gran<strong>de</strong><br />

resistência e ela se apresenta com cor avermelhada escura com hemorragia abundante e<br />

incontrolável ou com a polpa com cor bastante clara, pen<strong>de</strong>ndo-se para o amarelo, sendo a<br />

pulpectomia o tratamento mais indicado.<br />

Procedimentos clínicos<br />

• Anestesia<br />

• Isolamento absoluto ou relativo<br />

• Acesso coronário com broca <strong>de</strong> alta rotação com bastante refrigeração a partir<br />

483<br />

do local em que a polpa está exposta, com o cuidado <strong>de</strong> não se introduzir<br />

<strong>de</strong>mais a broca no interior da polpa<br />

• Remoção parcial da polpa com uma broca diamantada <strong>de</strong> alta rotação (esférica,<br />

tronco-cônica ou cilíndrica) com bastante refrigeração. Não se recomenda a<br />

utilização <strong>de</strong> curetas, escariadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina ou brocas <strong>de</strong> baixa rotação<br />

para esse procedimento, <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>slocamento da polpa e introdução <strong>de</strong>


484<br />

raspas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina no interior da mesma. A altura do corte pulpar é <strong>de</strong> acordo<br />

com a condição da polpa coronária. Po<strong>de</strong> ser no 1/3 coronário, médio ou<br />

cervical, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo on<strong>de</strong> a polpa remanescente se apresente firme e<br />

consistente. Há autores que recomendam o corte pulpar <strong>de</strong> 2 a 3 mm a partir do<br />

local da exposição pulpar<br />

• Irrigação abundante com soro fisiológico, água <strong>de</strong>stilada ou água <strong>de</strong> hidróxido<br />

<strong>de</strong> cálcio até que ocorra a hemostasia da polpa. Geralmente a hemostasia<br />

ocorre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 10 a 15 minutos. Nos casos em que a hemorragia é<br />

incontrolável e abundante após <strong>de</strong>corrido esse tempo, é indicativo que a polpa<br />

remanescente apresenta-se inflamada e não está em condição <strong>de</strong> recuperação<br />

• Após a hemostasia, colocar medicamento a base <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong> e antibiótico<br />

(Ex: Otosporin ® , Rifocort ® ) sobre remanescente pulpar durante, 1 a 3 minutos,<br />

pois minimiza a inflamação pós-operatória<br />

• Colocação <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio p.a. sobre o remanescente pulpar, com o<br />

cuidado <strong>de</strong> verificar se não há coágulo sobre a polpa. A presença <strong>de</strong> coágulo<br />

entre o hidróxido <strong>de</strong> cálcio e o tecido pulpar dificultará a formação da ponte <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntina. O hidróxido <strong>de</strong> cálcio po<strong>de</strong> ser levado com um porta amálgama ou com<br />

uma cureta, na consistência cremosa (misturado com água <strong>de</strong>stilada, água <strong>de</strong><br />

cal ou soro fisiológico)<br />

• Remover cuidadosamente o excesso <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> cálcio das pare<strong>de</strong>s laterais<br />

para se evitar uma posterior infiltração marginal<br />

• Colocação <strong>de</strong> cimento <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> zinco modificado<br />

• Colocação <strong>de</strong> CIV sobre o cimento quando se necessita melhor fixação<br />

• Decorridos 30 a 45 dias, remove-se toda a proteção (cimento, hidróxido <strong>de</strong><br />

cálcio) para verificar a formação da barreira <strong>de</strong>ntinária. Se a barreira<br />

mineralizada estiver presente, proce<strong>de</strong>-se a restauração <strong>de</strong>finitiva usual. No<br />

caso <strong>de</strong> sua ausência, indica-se a pulpectomia total


BIBLIOGRAFIA<br />

ANDREASEN, J.O. Replantation of avulsed teeth. In: ANDREASEN, JO. Atlas of<br />

replantation and transplantation of teeth. Freiburg: Mediglobe, 1992.<br />

ANDREASEN, J.O., ANDRESEN, F.M. Texbook and Color Atlas of Traumatic Injuries to<br />

the Teeth 3 rd ed. Copenhagen, Munksgaard Publishers, 1993.<br />

ANDREASEN, J.O., BORUM, M., JACOBSEN, H.L. Replantation of 4oo traumatically<br />

avulsed permanent incisors. 1. Diagnosis of healing complications. Endod Dent Trumatol,<br />

v. 11, p. 51-58, 1995.<br />

ANDREASEN, J.O., ANDREASEN, F.M. Fundamentos <strong>de</strong> traumatismo <strong>de</strong>ntal: guia <strong>de</strong><br />

tratamento passo a passo. 2. ed. Artmed Editora, 2001.<br />

BARRET, E.J., KENNY, D.J. Avulsed permanent teeth: a review of the literature and<br />

treatment gui<strong>de</strong>lines. Endod Dent Traumatol, v. 13, p. 153-163, 1997.<br />

BASTOS, J. V. et al. Avulsão <strong>de</strong>ntal: manejo e tratamento emergencial dos casos<br />

encaminhados à clínica <strong>de</strong> traumatismos <strong>de</strong>ntários da FOUFMG. In: Encontro <strong>de</strong><br />

Extensão da UFMG. 8, 2005. Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2005.<br />

Disponível em . Acesso em<br />

27 março 2009.<br />

CVEK, M. Partial pulpotomy in crownfratured incisors – Results 3 to 15 years after treatment.<br />

Acta Stomatologica Croatica, v. 27, p. 167 – 73, 1993.<br />

485


CAPÍTULO 8<br />

HIPOSSALIVAÇÃO<br />

486


487


8. HIPOSSALIVAÇÃO<br />

488<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

Hipossalivação refere-se à diminuição da produção <strong>de</strong> saliva acarretando, na<br />

maioria das vezes, a xerostomia (sensação <strong>de</strong> boca seca). Esta última, por sua vez, não é<br />

consi<strong>de</strong>rada uma patologia, mas sim um sintoma ou sensação subjetiva.<br />

A hipossalivação po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como:<br />

• Primária: Ocorre em função <strong>de</strong> lesão patológica nas glândulas salivares como<br />

consequência <strong>de</strong> uma doença sistêmica (Ex: Síndrome <strong>de</strong> Sjogren) ou <strong>de</strong> um<br />

problema localizado (infecção, radioterapia <strong>de</strong> cabeça e <strong>de</strong> pescoço, etc.)<br />

• Secundária: Não apresenta lesão nas glândulas salivares, mas aparece como<br />

efeito <strong>de</strong> drogas sobre a fisiologia das glândulas, resultando em hipossalivação<br />

O Quadro 80 apresenta as causas mais frequentes <strong>de</strong> hipossalivação.<br />

• Síndrome <strong>de</strong> Sjogren<br />

• Artrite<br />

• Sarcoidose<br />

• Imuno<strong>de</strong>ficiências congênitas ou<br />

adquiridas<br />

• Anemia<br />

• Demência<br />

• Analgésicos narcóticos<br />

• Antiacneicos<br />

• Antiarrítmicos<br />

• Anticoagulantes<br />

• Anti<strong>de</strong>pressivos<br />

• Anti-histamínicos<br />

• Anti-hipertensivos<br />

• Antieméticos<br />

• Antipsicóticos<br />

• Ansiolíticos<br />

Patologias ou condições<br />

Medicamentos<br />

Fonte: Mialhe e Pereira, 2003<br />

Quadro 80 - Etiologias da hipossalivação crônica<br />

• Desor<strong>de</strong>ns hormonais (Ex:<br />

menopausa)<br />

• Diabetes Melittus <strong>de</strong>scompensado<br />

• Lúpus eritematoso<br />

• Radioterapia <strong>de</strong> cabeça e pescoço<br />

• Hipertensão arterial<br />

• Infecção, obstrução glandular<br />

• Antiparkinsonianos<br />

• Antineoplásicos<br />

• Sedativos/tranquilizantes<br />

• Antiparasitários<br />

• Diuréticos<br />

• Expectorantes<br />

• Reguladores <strong>de</strong> apetite<br />

• Antinauseantes<br />

• Descongestionantes<br />

• Relaxantes musculares


Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se medir o fluxo salivar, algumas características intrabucais<br />

po<strong>de</strong>m confirmar a suspeita <strong>de</strong> hipossalivação, conforme <strong>de</strong>scrito no Quadro 81.<br />

Bucais<br />

• Saliva: Diminuição da secreção e<br />

aumento da viscosida<strong>de</strong><br />

• Lábios: Secos, fissurados, queilite<br />

angular<br />

• Língua: Lobulada, fissurada,<br />

ardência, dor<br />

• Glândulas salivares: E<strong>de</strong>maciadas,<br />

doloridas<br />

• Mucosa bucal: Pálida e seca<br />

• Candidíase: Afetando principalmente<br />

região da língua e dos lábios e<br />

comissuras labiais<br />

• Frequente ingestão <strong>de</strong> líquidos,<br />

especialmente quando se alimenta.<br />

Mantém copo <strong>de</strong> água ao lado da<br />

cama para ingestão<br />

• Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mastigação e <strong>de</strong><br />

utilização <strong>de</strong> próteses totais<br />

• Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição<br />

• Alteração <strong>de</strong> paladar<br />

• Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala<br />

• Acúmulo <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal<br />

• Mau hálito<br />

• Aumento da incidência <strong>de</strong> cárie,<br />

principalmente na região cervical<br />

• Gengivite<br />

Adaptado <strong>de</strong> Mialhe e Pereira, 2003<br />

Sinais e sintomas<br />

Sistêmicos<br />

489<br />

• Garganta: Secura, rouquidão, tosse<br />

seca persistente<br />

• Nariz: Secura, frequente formação <strong>de</strong><br />

crostas, diminuição olfativa<br />

• Olhos: Secura, coceira, pálpebras<br />

a<strong>de</strong>ridas, visão borrada, sensibilida<strong>de</strong><br />

à luz<br />

• Pele: Secura, erupções cutâneas<br />

• Trato gastrintestinal: Constipação<br />

• Sintomas gerais: Fadiga, fraqueza,<br />

perda <strong>de</strong> peso, <strong>de</strong>pressão<br />

Quadro 81 - Sinais e sintomas mais frequentes associados a hipossalivação<br />

Recomendações e conduta<br />

O paciente com hipossalivação apresenta, entre outros, um risco muito alto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cárie, requerendo uma abordagem individualizada a fim <strong>de</strong> que possa<br />

manter a saú<strong>de</strong> bucal. Na maioria dos casos, o tratamento a ser adotado é paliativo. As<br />

recomendações abaixo têm se mostrado úteis:<br />

• I<strong>de</strong>ntificar a causa da hipossalivação


• Evitar fumo, cafeína e consumo <strong>de</strong> bebidas alcoólicas<br />

• Ingerir pelo menos dois litros <strong>de</strong> água por dia, principalmente durante as refeições<br />

• Controle <strong>de</strong> dieta, principalmente <strong>de</strong> substâncias ácidas e doces, dando especial<br />

atenção à frequência <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> balas, café com açúcar, refrigerantes, etc.<br />

• Controle rigoroso <strong>de</strong> biofilme <strong>de</strong>ntal, tanto domiciliar como no consultório<br />

• Aplicação tópica <strong>de</strong> flúor em consultório com maior frequência do que em pacientes<br />

que não apresentam hipossalivação (Ex: Trimestral)<br />

• Aplicação caseira <strong>de</strong> fluoretos:<br />

o Dentifrícios fluorados<br />

o Soluções <strong>de</strong> NaF 0,05% (sem álcool), duas vezes ao dia<br />

• Para prevenção <strong>de</strong> candidíase, remover próteses durante a noite. As mesmas <strong>de</strong>vem<br />

ser higienizadas diariamente<br />

• Uso <strong>de</strong> antifúngicos, no caso <strong>de</strong> candidíase<br />

• Para estimulação mecânica do fluxo salivar, utilizar gomas <strong>de</strong> mascar sem açúcar,<br />

contendo, se possível, xilitol, dando preferência àquelas que não se a<strong>de</strong>rem<br />

facilmente. Ressalta-se que o efeito é transitório<br />

• Outros tratamentos po<strong>de</strong>rão melhorar o fluxo salivar como acupuntura, homeopatia,<br />

etc.<br />

• Po<strong>de</strong> ser necessário o contato com o médico a fim <strong>de</strong> se verificar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

substituição <strong>de</strong> medicamentos que levem à hipossalivação ou alteração da dosagem<br />

dos mesmos. Entretanto, na maioria dos casos, esta medida acaba não sendo<br />

possível<br />

Bibliografia<br />

MIALHE, F. L; PEREIRA, A. C. Diagnóstico da doença cárie. In: PEREIRA, A. C<br />

(org). Odontologia em Saú<strong>de</strong> Coletiva: planejando ações e promovendo saú<strong>de</strong>. Porto<br />

Alegre: Artmed, 2003.<br />

490


CAPÍTULO 9<br />

ABUSO INFANTO-JUVENIL<br />

492


9. ABUSO INFANTO-JUVENIL<br />

494<br />

Domingos Alvanhan<br />

Renato Mikio Moriya<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Maus tratos da criança e do adolescente constituem um sério problema social e <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Pública. Estudos atuais têm <strong>de</strong>monstrado um aumento da visibilida<strong>de</strong> em diversos<br />

países, inclusive no Brasil. É a violência mais comum contra crianças e adolescentes, sendo<br />

na maioria das vezes, praticada por pessoas que mantêm algum vínculo familiar ou <strong>de</strong><br />

relacionamento mais próximo.<br />

A compreensão <strong>de</strong>ssa violência leva a refletir sobre vários fatores <strong>de</strong> risco que,<br />

quando associados, principalmente com abuso <strong>de</strong> álcool e substâncias químicas, geram<br />

conflito familiar, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando um <strong>de</strong>scontrole e levando à agressão da criança e do<br />

adolescente.<br />

Os fatores <strong>de</strong> risco referentes aos pais são socioculturais e individuais, po<strong>de</strong>ndo-se<br />

citar: Pobreza, <strong>de</strong>semprego, isolamento social, educação rígida com estilo punitivo, relação<br />

conjugal instável e <strong>de</strong>sequilibrada, falta <strong>de</strong> planejamento familiar, problemas emocionais e<br />

<strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong>, baixa autoestima, <strong>de</strong>pressão, história pregressa <strong>de</strong> violência, abuso <strong>de</strong><br />

drogas ou álcool, transtorno ou doença psiquiátrica.<br />

Dentre os fatores <strong>de</strong> risco referentes à criança po<strong>de</strong>mos pensar em prematurida<strong>de</strong>,<br />

malformações congênitas, adoção, crianças menores <strong>de</strong> três anos, algumas fases difíceis<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento neuropsicomotor (cólicas dos primeiros meses, anorexia, controle dos<br />

esfíncteres entre 18 e 24 meses).<br />

Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (CD, Médico, entre outros) estão em posição única para<br />

i<strong>de</strong>ntificar possíveis abusos contra esta fase da vida, <strong>de</strong>vendo, portanto estar instruídos para<br />

realizar o reconhecimento, documentação, tratamento e notificação <strong>de</strong> casos em que se<br />

suspeite <strong>de</strong> maus tratos. Esta suspeita no ambiente médico/odontológico, tem como ponto<br />

<strong>de</strong> partida o acolhimento, a anamnese e os exames clínicos complementares.<br />

Os maus tratos po<strong>de</strong>m ser classificados como:<br />

• Violência física<br />

• Violência psicológica<br />

• Violência sexual<br />

• Negligência/omissão <strong>de</strong> cuidar


Violência Física<br />

Os maus tratos realizados no ambiente familiar ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenas<br />

palmadas, tidas como educativas, até queimaduras e espancamentos.<br />

Alguns indicadores, conforme Pfeiffer e Waksman (2003), são importantes para<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> crianças maltratadas, como:<br />

• Lesões que não são compatíveis com a ida<strong>de</strong> ou com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

psicomotor da criança<br />

• Lesões que não se justificam pelo aci<strong>de</strong>nte relatado<br />

• Lesões em várias partes do corpo ou lesões bilaterais<br />

• Lesões que envolvem partes usualmente protegidas do corpo<br />

• Lesões que lembram o objeto usado para agressão<br />

• Lesões em estágios diferentes <strong>de</strong> cicatrização ou cura<br />

• Inexplicável atraso entre o aci<strong>de</strong>nte e a procura <strong>de</strong> tratamento<br />

De acordo com Hibbard e San<strong>de</strong>rs (2000), aproximadamente 50% das agressões<br />

físicas resultam em danos na cabeça e na face que po<strong>de</strong>m ser reconhecidos pelo CD, 25%<br />

dos quais ocorrem na boca ou ao seu redor.<br />

Violência psicológica<br />

Na violência psicológica também conhecida também como "tortura psicológica", o<br />

diagnóstico se torna um pouco mais difícil, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong>sta não <strong>de</strong>ixar marcas.<br />

Caracteriza-se por atitu<strong>de</strong>s como: <strong>de</strong>preciação, ameaças <strong>de</strong> abandono, discriminação,<br />

<strong>de</strong>sprezo, chantagens e outras, levando ao:<br />

• Isolamento emocional<br />

• Baixa autoestima e autoconfiança<br />

• Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fala ou linguagem<br />

• Fraco <strong>de</strong>sempenho escolar<br />

• Comportamento regressivo<br />

• Medo (real ou aparente) em relação ao agressor(es)<br />

• Agressivida<strong>de</strong> ou violência e comportamento suicida<br />

495


Violência sexual<br />

Configura-se a violência sexual doméstica como todo ato ou jogo sexual, em uma<br />

relação hetero ou homossexual, entre um ou mais adultos e uma criança ou adolescente,<br />

tendo por finalida<strong>de</strong> obter a estimulação sexual da criança ou adolescente ou utilizá-la para<br />

obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou <strong>de</strong> outra pessoa. O abuso sexual,<br />

mesmo quando não traz danos visíveis à integrida<strong>de</strong> física da criança e do adolescente, é<br />

um fenômeno danoso. Em 80% dos casos, o abuso é praticado por membros da família ou<br />

por pessoas conhecidas da vítima.<br />

Esta forma <strong>de</strong> abuso inclui a presença da violência, como no estupro, brutalização<br />

ou mesmo assassinato <strong>de</strong> crianças e adolescentes. Inclui também atos on<strong>de</strong> não há contato<br />

físico, como exibicionismo e “voyeurismo”; on<strong>de</strong> há contato físico, como os físico/genitais,<br />

contato oral e genital e uso sexual do ânus.<br />

No caso do CD, cabe lembrar que o abuso sexual po<strong>de</strong> acarretar infecções no<br />

complexo bucofacial e sistêmico, em <strong>de</strong>corrência do sexo oral (felação), tais como:<br />

• HIV<br />

• Hepatite B<br />

• Gonorreia<br />

• Condiloma acuminado<br />

• Sífilis<br />

• Infecção por Herpes Tipo II<br />

• Monilíase<br />

• Tricomona vaginalis<br />

Neste sentido, em caso <strong>de</strong> violência sexual on<strong>de</strong> há contato <strong>de</strong> sêmen com a<br />

mucosa bucal, é imperativo se proce<strong>de</strong>r à profilaxia <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>stas doenças<br />

mencionadas, até o prazo máximo <strong>de</strong> 72 horas do ocorrido.<br />

Negligência / Omissão <strong>de</strong> cuidar<br />

496<br />

Configura-se quando os pais (ou responsáveis) falham em termos <strong>de</strong><br />

alimentação, <strong>de</strong> vestir a<strong>de</strong>quadamente, <strong>de</strong> prover educação, etc. Não há roupas limpas, o<br />

ambiente físico é muito sujo, com lixo espalhado por todos os lados, as crianças são muitas<br />

vezes <strong>de</strong>ixadas sós por diversos dias, peso da criança anormal para a sua ida<strong>de</strong>.


A negligência consiste em uma omissão em termos <strong>de</strong> prover as necessida<strong>de</strong>s<br />

básicas a uma criança ou adolescente. Dois critérios são necessários para caracterizar a<br />

negligência:<br />

• A cronicida<strong>de</strong> (<strong>de</strong>ve-se observar a ocorrência reiterada e contínua <strong>de</strong> algum<br />

indicador)<br />

• A omissão (um responsável <strong>de</strong>ve ter <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> satisfazer alguma necessida<strong>de</strong><br />

da criança)<br />

A criança negligenciada po<strong>de</strong> se apresentar para os profissionais com aspecto <strong>de</strong><br />

má higiene (corporal, roupas sujas, <strong>de</strong>rmatite <strong>de</strong> fraldas, lesões <strong>de</strong> pele <strong>de</strong> repetição),<br />

<strong>de</strong>snutrição por falta <strong>de</strong> alimentação, por erros alimentares persistentes, roupas não<br />

a<strong>de</strong>quadas ao clima local, falta <strong>de</strong> supervisão da criança, provocando lesões e aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

repetição, frequência irregular à escola.<br />

Avaliação odontológica<br />

De acordo com Hibbard e San<strong>de</strong>rs (2000), o trauma às estruturas bucofaciais é<br />

uma manifestação frequente <strong>de</strong> violência contra crianças. O CD que suspeita <strong>de</strong> negligência<br />

ou abuso <strong>de</strong> criança <strong>de</strong>ve realizar um meticuloso exame físico e <strong>de</strong>ntário. Como os pais<br />

molestadores, ao visitar o profissional <strong>de</strong> odontologia, não mostram os mesmos cuidados<br />

que ao visitar o Médico, o CD po<strong>de</strong> ser a primeira pessoa a i<strong>de</strong>ntificar a criança maltratada.<br />

Por isso, o mesmo <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r a i<strong>de</strong>ntificar a criança que sofre abuso e a fazer as<br />

intervenções apropriadas.<br />

Qualquer avaliação requer uma história médica e um exame físico. A combinação<br />

<strong>de</strong> informações é o que gera a suspeita <strong>de</strong> possíveis maus tratos. A história clínica e<br />

<strong>de</strong>ntária <strong>de</strong>ve ser abrangente. Os profissionais que i<strong>de</strong>ntificam e resolvem notificar uma<br />

suspeita <strong>de</strong> maus tratos <strong>de</strong>vem, na medida do possível, falar com as crianças, a fim <strong>de</strong><br />

esclarecer os fatos. No entanto, não conduzir as entrevistas <strong>de</strong> forma investigativa para<br />

apurar todos os <strong>de</strong>talhes ou classificar a veracida<strong>de</strong> dos fatos. Se a criança quiser revelar<br />

mais, torna-se a<strong>de</strong>quado ouvi-la e apoiá-la.<br />

O exame físico do paciente começa antes mesmo que o indivíduo esteja em<br />

tratamento. Observe sua postura, seu modo <strong>de</strong> andar e <strong>de</strong> vestir. O pessoal auxiliar<br />

necessita ser treinado para reconhecer sinais <strong>de</strong> violência e negligência <strong>de</strong> forma que possa<br />

alertar o CD quando houver suspeitas. Roupas ina<strong>de</strong>quadas po<strong>de</strong>m ser uma indicação <strong>de</strong><br />

abuso ou negligência. Por exemplo, uma criança que esteja usando camisa <strong>de</strong> mangas<br />

compridas em pleno verão, po<strong>de</strong> estar vestida assim para ocultar lesões antigas. O<br />

497


comportamento da criança também po<strong>de</strong> ser ina<strong>de</strong>quado. Não sorrir espontaneamente e<br />

evitar o contato <strong>de</strong> olhos nos olhos po<strong>de</strong>m ser indicativos, assim como um comportamento<br />

<strong>de</strong>masiado alerta e vigilante.<br />

O CD <strong>de</strong>ve iniciar o exame do alto, começando pela cabeça e couro cabeludo, e<br />

observar as estruturas mais baixas, sistematicamente. A alopecia sem motivo médico po<strong>de</strong><br />

indicar má nutrição ou o arrancar <strong>de</strong> cabelos. O exame continua com a observação do nariz<br />

e septo nasal. Um septo <strong>de</strong>sviado ou com sangue coagulado po<strong>de</strong> indicar um trauma prévio.<br />

Procurar por algum indício <strong>de</strong> trauma facial significativo como equimoses periorobitais,<br />

ptoses e pupilas <strong>de</strong>sviadas ou <strong>de</strong>siguais. Contusões com forma <strong>de</strong> objetos tais como cinto,<br />

corda, vara ou chicote <strong>de</strong>vem alertar o profissional para a ocorrência <strong>de</strong> trauma provocado.<br />

Variações <strong>de</strong> cores em equimoses <strong>de</strong>vem ser particularmente observadas como estágios<br />

diferentes <strong>de</strong> recuperação. O pescoço <strong>de</strong>ve ser examinado à procura <strong>de</strong> evidências <strong>de</strong><br />

marcas <strong>de</strong> cordas ou contusões que possam indicar tentativas <strong>de</strong> estrangulamento. O<br />

trauma físico no peito ou nas costelas da criança po<strong>de</strong> ocasionar uma resposta dolorosa<br />

quando se movimenta a criança para cima ou para baixo na ca<strong>de</strong>ira odontológica, durante o<br />

exame. A presença <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> mordidas <strong>de</strong> um adulto também po<strong>de</strong> ser sinal <strong>de</strong><br />

agressão física ou abuso sexual. Tais marcas são úteis para i<strong>de</strong>ntificar o agressor e<br />

necessitam ser claramente documentadas, se possível por fotografias, assim que forem<br />

observadas, pois ten<strong>de</strong>m a <strong>de</strong>saparecer rapidamente.<br />

Após completar o exame físico geral, o CD <strong>de</strong>ve examinar os <strong>de</strong>ntes e estruturas<br />

<strong>de</strong> suporte. É indispensável observar qualquer ausência <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong>ntários ou <strong>de</strong>ntes<br />

previamente traumatizados (avulsões, luxações, intrusões e fraturas) e prestar bastante<br />

atenção especialmente a ferimentos em tecidos moles. Examinam-se, na mandíbula, <strong>de</strong>svio<br />

<strong>de</strong> abertura, amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, trismo e oclusão em posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso. A maxila<br />

também <strong>de</strong>ve ser examinada para a evi<strong>de</strong>nciação <strong>de</strong> qualquer mobilida<strong>de</strong> que indique<br />

fratura facial. Sangramento sob a língua po<strong>de</strong> indicar fratura do corpo da mandíbula.<br />

Observa-se também a condição dos freios labial superior e língua. Um freio labial<br />

superior rompido numa criança que ainda não sabe andar indica um possível trauma na<br />

boca, tanto por uma bofetada ou soco, como por alimentação forçada. A ruptura do freio<br />

lingual po<strong>de</strong> ser indicativa <strong>de</strong> abuso sexual ou, também, alimentação forçada.<br />

Contusões ou petéquias no palato mole ou duro po<strong>de</strong>m indicar abuso sexual na<br />

forma <strong>de</strong> penetração oral. Qualquer indício <strong>de</strong> infecção ou ulceração <strong>de</strong>ve ser prontamente<br />

pesquisado, para evi<strong>de</strong>nciar doenças sexualmente transmissíveis.<br />

A criança que apresenta lesões <strong>de</strong> cárie extensas e não tratadas, infecções não<br />

cuidadas ou dor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada vítima <strong>de</strong> negligência física, já que os pais<br />

não estão aten<strong>de</strong>ndo às suas necessida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. O CD <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>terminar se a<br />

498


omissão <strong>de</strong> prover cuidados odontológicos é intencional ou <strong>de</strong>vida à falta <strong>de</strong><br />

consciência, <strong>de</strong> recursos financeiros ou <strong>de</strong> acesso aos serviços.<br />

Tratamento<br />

Deve-se provi<strong>de</strong>nciar o tratamento médico ou odontológico indicado <strong>de</strong> acordo com<br />

a condição em que a criança se encontra. Um relatório da história pediátrica completa e do<br />

exame físico ajudará na i<strong>de</strong>ntificação e tratamento <strong>de</strong> outras situações possivelmente<br />

associadas (falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, anemia, etc.). Uma criança pequena (menos <strong>de</strong> 18 a<br />

24 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>), que tenha sofrido fratura, <strong>de</strong>ve passar por um exame geral, a fim <strong>de</strong> se<br />

localizarem outras fraturas; crianças com contusões e equimoses precisam ser examinadas<br />

para se <strong>de</strong>tectarem possíveis disfunções associadas.<br />

Encaminhamento<br />

Como profissionais da área da saú<strong>de</strong>, os CD(s) precisam estar especialmente<br />

atentos à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteger as crianças contra maus tratos. É importante também<br />

saberem que estão legalmente incumbidos <strong>de</strong> notificar suspeitas <strong>de</strong> abuso e negligência em<br />

relação à criança, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê no artigo 13,<br />

capítulo do Direito à Vida e à Saú<strong>de</strong>, que “Os casos <strong>de</strong> suspeita ou confirmação <strong>de</strong> maus<br />

tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho<br />

Tutelar da respectiva localida<strong>de</strong>, sem prejuízo <strong>de</strong> outras providências legais”. A omissão em<br />

relação ao citado artigo po<strong>de</strong>rá resultar em responsabilida<strong>de</strong> civil e criminal.<br />

O CD, no exercício <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional, responsável pela promoção da<br />

saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve estar sensibilizado e capacitado para suspeitar <strong>de</strong> qualquer situação que sugira<br />

maus tratos.<br />

Estudos recentes têm <strong>de</strong>monstrado que o CD é um gran<strong>de</strong> parceiro, fundamental<br />

na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> crianças e adolescentes em situações <strong>de</strong> maus tratos, sendo em muitos<br />

casos no seu cotidiano, o primeiro profissional a <strong>de</strong>nunciar essa situação.<br />

O profissional que se <strong>de</strong>frontar com um caso <strong>de</strong> violência contra a criança ou<br />

adolescente <strong>de</strong>ve ter consciência <strong>de</strong> que está diante <strong>de</strong> uma situação complexa que exige<br />

intervenção e investigação multiprofissional, visando medidas protetivas. Assim sendo, no<br />

caso <strong>de</strong> suspeita ou diagnóstico, o CD <strong>de</strong>verá preencher a Ficha <strong>de</strong> Notificação (Anexo<br />

A) e enviá-la para o Núcleo <strong>de</strong> Prevenção às Violências e Aci<strong>de</strong>ntes, Promoção da<br />

Saú<strong>de</strong> e Cultura da Paz.<br />

499


BIBLIOGRAFIA<br />

HIBBARD, R.A.; SANDERS, B.J. Abuso e Negligência da Criança. In: Odontopediatria.<br />

McDONALD, R.E.; AVERY, D.R. 7 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2001.<br />

BRASIL. LEI 8.069 <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990. Dispõe sobre o estatuto da criança e do<br />

adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1990.<br />

PFEIFFER, L.; WAKSMAN, R. Violência contra crianças e adolescente. In: <strong>Manual</strong> <strong>de</strong><br />

segurança da criança e do adolescente. São Paulo: Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong><br />

Pediatria/Nestlé Nutrição, 2004.<br />

500


CAPÍTULO 10<br />

FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL<br />

502


503


10. FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL<br />

10.1 ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR EM SAÚDE BUCAL (ASB)<br />

• Ligar equipamentos como compressor, autoclave, estufa, etc., verificando se estão<br />

funcionando a<strong>de</strong>quadamente<br />

• Limpar equipos, ca<strong>de</strong>iras, mochos e mesas, verificando reservatórios <strong>de</strong> água e<br />

lubrificação das pontas<br />

• Organizar arquivo, estoque e reposição <strong>de</strong> todo material <strong>de</strong> consumo necessário<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar os prontuários dos pacientes agendados<br />

• Preparar mesas e ban<strong>de</strong>jas clínicas<br />

• Proce<strong>de</strong>r à limpeza e antissepsia do campo operatório antes e após qualquer<br />

procedimento clínico<br />

• Fazer a recepção, acolhimento e agendamento dos usuários, respeitando as normas<br />

do local <strong>de</strong> trabalho<br />

• Instrumentar o CD e o TSB junto à ca<strong>de</strong>ira operatória, inclusive em ambientes<br />

hospitalares<br />

• Manipular materiais intermediários ou restauradores necessários para os<br />

procedimentos clínicos<br />

• Realizar procedimentos como escovação supervisionada, evi<strong>de</strong>nciação <strong>de</strong> biofilme<br />

<strong>de</strong>ntal e bochechos fluorados na USF e espaços sociais i<strong>de</strong>ntificados<br />

• Participar dos programas educativos e preventivos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Aplicar os procedimentos <strong>de</strong> biossegurança, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 11<br />

• Dar <strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado ao lixo produzido na clínica, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 11<br />

ou <strong>de</strong> acordo com o protocolo da USF<br />

• Desligar equipamentos e compressor ao final do período <strong>de</strong> trabalho<br />

• Proce<strong>de</strong>r à conservação e a manutenção do equipamento odontológico e solicitar<br />

reparos técnicos, se necessário<br />

• Selecionar mol<strong>de</strong>iras<br />

• Confeccionar mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gesso<br />

• Revelar e montar radiografias intraorais<br />

• Preencher ficha clínica e relatórios<br />

• Realizar o controle <strong>de</strong> estoque e verificar a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material permanente e <strong>de</strong><br />

consumo<br />

• Agendar e orientar o paciente quanto ao retorno<br />

• Dar orientações pós-procedimentos odontológicos<br />

504


• Acompanhar e apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento dos trabalhos da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da<br />

família no tocante à saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Colaborar nos estudos epi<strong>de</strong>miológicos e científicos<br />

• Colaborar nos estágios curriculares e extracurriculares<br />

10.2 ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL (TSB)<br />

• Fazer a recepção e acolhimento do usuário<br />

• Colaborar com a equipe no planejamento <strong>de</strong> trabalho para promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />

e supervisionar sua aplicação pela equipe auxiliar<br />

• Propor e participar <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> junto à equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da<br />

família no tocante à saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Participar do treinamento e capacitação <strong>de</strong> ASB e <strong>de</strong> agentes multiplicadores das<br />

ações <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

• Colaborar nos estudos epi<strong>de</strong>miológicos e científicos<br />

• Colaborar nos estágios curriculares e extracurriculares<br />

• Fazer orientação aos usuários sobre prevenção e tratamento das doenças bucais.<br />

Exemplo: Ensinar técnicas <strong>de</strong> higiene bucal para controle mecânico <strong>de</strong> biofilme<br />

<strong>de</strong>ntal<br />

• Organizar as ações administrativas da clínica<br />

• Proce<strong>de</strong>r à limpeza e à antissepsia do campo operatório, antes e após atos<br />

cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares<br />

• Aplicar os procedimentos <strong>de</strong> biossegurança, conforme <strong>de</strong>scrito no Capítulo 11<br />

• Realizar procedimentos clínicos <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> cárie e doença periodontal como<br />

aplicação tópica <strong>de</strong> flúor, selantes , etc., conforme a orientação do CD<br />

• Inserir, con<strong>de</strong>nsar e esculpir materiais restauradores<br />

• Fazer polimento <strong>de</strong> restaurações executadas<br />

• Remover suturas<br />

• Fazer tomada e revelação <strong>de</strong> radiografias intraorais<br />

• Realizar teste <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> pulpar<br />

• Confeccionar mol<strong>de</strong>iras<br />

• Preparar mol<strong>de</strong>iras<br />

• Solicitar a supervisão e avaliação do CD para todos os procedimentos clínicos<br />

• Instrumentar o CD em ambientes clínicos e hospitalares (trabalho a quatro mãos)<br />

• Realizar o controle <strong>de</strong> estoque e verificar a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material permanente e <strong>de</strong><br />

consumo<br />

505


• Supervisionar e ajudar na conservação e manutenção dos equipamentos<br />

odontológicos e solicitar reparos técnicos, se necessário<br />

• Preencher e assinar ficha clínica<br />

• Fazer relatórios diário e mensal<br />

10.3 ATRIBUIÇÕES DO CIRURGIÃO-DENTISTA (CD)<br />

• Fazer a recepção e acolhimento do usuário<br />

• Realizar anamnese, exame clínico inicial, diagnóstico e plano <strong>de</strong> tratamento<br />

• Prescrever medicamentos e outras orientações em conformida<strong>de</strong> com os<br />

diagnósticos efetuados<br />

• Emitir laudos, pareceres e atestar estados mórbidos e outros, inclusive para<br />

justificação <strong>de</strong> falta ao trabalho<br />

• Encaminhar e orientar os usuários que apresentarem problemas mais complexos a<br />

outros níveis <strong>de</strong> especialização, assegurando o seu retorno e acompanhamento,<br />

inclusive para fins <strong>de</strong> complementação do tratamento<br />

• Realizar atendimentos <strong>de</strong> urgências<br />

• Realizar cirurgias ambulatoriais<br />

• Supervisionar os procedimentos realizados pelo ASB e TSB<br />

• Respon<strong>de</strong>r pela administração da clínica<br />

• Registrar todos os procedimentos realizados nos relatórios diários e mensais<br />

(individual e <strong>de</strong> produção)<br />

• Capacitar as equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família no que se refere às ações educativas e<br />

preventivas em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Coor<strong>de</strong>nar a equipe na elaboração do planejamento <strong>de</strong> ações para promoção <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> bucal, supervisionar sua implementação e avaliar os resultados obtidos,<br />

propondo correção caso necessária<br />

• Realizar levantamentos epi<strong>de</strong>miológicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal na comunida<strong>de</strong><br />

• Estimular a elaboração <strong>de</strong> trabalhos científicos pela equipe<br />

• Supervisionar estágios curriculares, extracurriculares e <strong>de</strong> pós-graduação<br />

• Promover ações <strong>de</strong> intersetorialida<strong>de</strong> na USF e sua área <strong>de</strong> abrangência<br />

• Executar as ações <strong>de</strong> assistência integral, aliando a atuação clínica à <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

coletiva, assistindo as famílias, indivíduos ou grupos específicos, <strong>de</strong> acordo com<br />

plano <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s locais<br />

• Reportar-se à Coor<strong>de</strong>nação da USF ou à Gerência <strong>de</strong> Odontologia sempre que<br />

necessário<br />

506


10.4 AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE (ACS)<br />

• Desenvolver ações <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal e <strong>de</strong> prevenção das doenças neste<br />

âmbito mais prevalentes, no seu território <strong>de</strong> atuação<br />

• I<strong>de</strong>ntificar espaços coletivos e grupos sociais para o <strong>de</strong>senvolvimento das ações<br />

educativas e preventivas em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar as fichas “A” dos pacientes da sua microárea para posterior avaliação<br />

pela ESB<br />

• Acompanhar a ESB durante as ativida<strong>de</strong>s extraclínica (visita domiciliar, grupos,<br />

reuniões, etc.) e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s referentes à sua área <strong>de</strong> atuação<br />

• Registrar os procedimentos <strong>de</strong> sua competência realizados<br />

10.5 ATRIBUIÇÕES GERAIS À ESB<br />

• A equipe <strong>de</strong>verá manter a ética com a comunida<strong>de</strong> e entre os componentes da<br />

mesma<br />

• Realizar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, inclusive na ausência do CD<br />

• Cumprir prazos para a entrega <strong>de</strong> relatórios <strong>de</strong>terminados pela AMS<br />

• Manter os cuidados pessoais <strong>de</strong> acordo com os preceitos <strong>de</strong> biossegurança<br />

• Usar obrigatoriamente todos os EPI(s)<br />

• Capacitar a equipe da USF para orientação <strong>de</strong> usuários (mães, gestantes, crianças,<br />

etc.) com relação à saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Participar do processo <strong>de</strong> planejamento, acompanhamento e avaliação das ações<br />

<strong>de</strong>senvolvidas no território <strong>de</strong> abrangência da USF<br />

• I<strong>de</strong>ntificar as necessida<strong>de</strong>s e expectativas da população em relação à saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Estimular e executar medidas <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, ativida<strong>de</strong>s educativas e<br />

preventivas em saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Executar ações básicas <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica em sua área <strong>de</strong> abrangência<br />

• Organizar o processo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> acordo com as diretrizes do PSF e do plano <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> municipal<br />

• Sensibilizar as famílias para a importância da saú<strong>de</strong> bucal na manutenção da saú<strong>de</strong><br />

• Programar e realizar visitas domiciliares <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s<br />

i<strong>de</strong>ntificadas<br />

• Desenvolver ações intersetoriais para a promoção da saú<strong>de</strong> bucal<br />

• Os casos omissos serão resolvidos ou tratados pela Coor<strong>de</strong>nação da USF e<br />

Gerência <strong>de</strong> Odontologia<br />

507


BIBLIOGRAFIA<br />

BRASIL. Lei nº 11.889 <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, que regulamenta as profissões <strong>de</strong><br />

Técnico em Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (TSB) e Auxiliar em Saú<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (ASB)<br />

CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA DO PARANÁ. <strong>Manual</strong> do Cirurgião-<br />

Dentista. Disponível em Acesso em 23<br />

setembro 2008.<br />

CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA DO PARANÁ. <strong>Manual</strong> do Técinico em<br />

Higiene Dental do do Auxiliar <strong>de</strong> Consultório Dentário. Disponível em Acesso em 23 setembro 2008.<br />

508


CAPÍTULO 11<br />

BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA<br />

510


INTRODUÇÃO<br />

11. BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA<br />

512<br />

Patrícia Helena Vivan Ribeiro<br />

Cristiana Castello Branco Nascimento<br />

Cristiane <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Janene Gonini<br />

Domingos Alvanhan<br />

Este capítulo tem por finalida<strong>de</strong> padronizar a prática do controle <strong>de</strong> infecção no<br />

atendimento prestado aos usuários nas clínicas odontológicas do Serviço Municipal <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, recomendando-se rotinas e técnicas a serem seguidas pelos profissionais que<br />

exercem ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> risco biológico.<br />

O exercício da Odontologia expõe direta, indireta e continuamente os profissionais<br />

e pacientes a uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> micro-organismos patogênicos que po<strong>de</strong>m estar presentes<br />

no sangue, na saliva e nas vias aéreas dos envolvidos. Os procedimentos invasivos,<br />

instrumentos pontiagudos e cortantes contaminados, aerossóis provenientes da utilização<br />

<strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> alta rotação, ultrassônicos, etc., e a proximida<strong>de</strong> física entre<br />

profissionais e pacientes são meios <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> micro-organismos e favorecem os<br />

riscos <strong>de</strong> infecção cruzada.<br />

Como medida <strong>de</strong> segurança, todo paciente e pessoal da equipe <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>rados como potenciais portadores <strong>de</strong> alguma doença infectocontagiosa e as<br />

medidas preventivas aqui apresentadas <strong>de</strong>vem ser rigorosamente seguidas no serviço.<br />

A anamnese é <strong>de</strong> fundamental importância, <strong>de</strong>vendo incluir todos os <strong>de</strong>talhes<br />

mórbidos atuais e pregressos do paciente, seu histórico médico anterior e atual,<br />

antece<strong>de</strong>ntes familiares, assim como exames laboratoriais, quando necessários.<br />

11.2 MEDIDAS DE PROTEÇÃO PARA A EQUIPE<br />

11.2.1 Imunização<br />

• Todos os profissionais da equipe <strong>de</strong>vem estar imunizados contra:<br />

o Hepatite B<br />

o Sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice viral)


<strong>de</strong> odontologia.<br />

o Difteria e tétano (Dupla bacteriana)<br />

Consi<strong>de</strong>ração<br />

A imunização contra Influenza está fortemente recomendada para os profissionais<br />

11.2.2 Equipamentos <strong>de</strong> Proteção Individual – EPIs<br />

Toda a equipe <strong>de</strong>ve utilizar os seguintes EPIs: Gorro, máscara, luvas, sobreluvas,<br />

óculos <strong>de</strong> proteção, jaleco e sapatos fechados.<br />

Gorro ou touca<br />

• Deve ser <strong>de</strong>scartável, colocado antes da lavagem das mãos, cobrindo todo o cabelo<br />

• Descartar a cada período ou em qualquer indício <strong>de</strong> contaminação como presença <strong>de</strong><br />

respingos <strong>de</strong> sangue<br />

• No caso <strong>de</strong> procedimentos cirúrgicos, o mesmo <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scartado após o atendimento<br />

Máscara<br />

• Deve ser colocada antes da lavagem das mãos<br />

• Deve cobrir totalmente a boca e o nariz, sendo <strong>de</strong>scartada a cada período ou em<br />

qualquer indício <strong>de</strong> contaminação como presença <strong>de</strong> respingos <strong>de</strong> sangue ou presença<br />

<strong>de</strong> umida<strong>de</strong><br />

• No caso <strong>de</strong> procedimentos cirúrgicos, a mesma <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scartada após o atendimento<br />

Luvas<br />

• Devem ser trocadas a cada atendimento<br />

• Não manipular objetos fora do campo <strong>de</strong> trabalho enquanto estiver <strong>de</strong> luvas<br />

• Caso haja ruptura <strong>de</strong> uma das luvas durante o procedimento, <strong>de</strong>scartá-las<br />

imediatamente e, em seguida, lavar as mãos, calçando novo par<br />

513


o Tipos <strong>de</strong> luvas<br />

� Luvas para procedimentos: Devem ser utilizadas em todos os procedimentos<br />

odontológicos, exceto nos cirúrgicos e <strong>de</strong>scartadas após cada paciente<br />

� Luvas cirúrgicas estéreis: Devem ter utilização restrita a procedimentos cirúrgicos<br />

� Sobreluvas <strong>de</strong> plástico: Também <strong>de</strong>scartáveis, <strong>de</strong>vem ser calçadas por cima das<br />

514<br />

luvas <strong>de</strong> procedimento durante o atendimento, sempre que for necessário tocar<br />

em outras superfícies. Ex: Puxadores <strong>de</strong> gavetas e <strong>de</strong> armários, telefone,<br />

maçanetas, canetas, lápis, prontuários, etc. Devem ser <strong>de</strong>scartadas após cada<br />

paciente<br />

� Luvas grossas <strong>de</strong> borracha: Serão utilizadas na lavagem dos instrumentais e na<br />

limpeza do local on<strong>de</strong> os pacientes realizam a higiene bucal (escovódromo).<br />

Após o uso, <strong>de</strong>vem ser lavadas com água e sabão e <strong>de</strong>ixadas arejadas para<br />

secar bem, interna e externamente<br />

Óculos <strong>de</strong> proteção<br />

• Devem ser utilizados durante todos os procedimentos<br />

• Usá-los mesmo sobre óculos <strong>de</strong> grau, pois os mesmos não oferecem proteção<br />

a<strong>de</strong>quada<br />

• Devem ser fornecidos a todos os pacientes sempre que o procedimento colocar em<br />

risco a integrida<strong>de</strong> ocular do mesmo. Ex: Agentes químicos, instrumentais<br />

perfurocortantes, etc.<br />

• Após cada atendimento, <strong>de</strong>vem ser lavados com água e sabão. Agentes químicos como<br />

álcool 70% danificam a película protetora antiembaçamento<br />

Jaleco (avental)<br />

• Po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> tecido ou <strong>de</strong>scartável 66 , ter colarinho alto, mangas longas e ser,<br />

preferencialmente, na cor branca<br />

• Deve ser colocado antes da lavagem das mãos e ser usado abotoado<br />

• Retirá-lo todas as vezes que se ausentar da clínica<br />

• Deve ser trocado no final do período ou em qualquer indício <strong>de</strong> contaminação como<br />

presença <strong>de</strong> respingos <strong>de</strong> sangue<br />

66 Se a opção for por jaleco <strong>de</strong>scartável, o mesmo <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>scartado no final do período.


• No caso <strong>de</strong> procedimentos cirúrgicos <strong>de</strong> rotina, o mesmo <strong>de</strong>ve ser trocado após o<br />

atendimento<br />

• Após o uso, acondicioná-lo em saco plástico para transporte ao local on<strong>de</strong> será lavado<br />

• Deve ser <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> molho em água sanitária na diluição 1:9 <strong>de</strong> água sanitária e água<br />

por 30 minutos<br />

• Lavá-lo separadamente das <strong>de</strong>mais roupas <strong>de</strong> uso doméstico<br />

• Utilizar jalecos específicos para a clínica odontológica, visitas domiciliares e outras<br />

ativida<strong>de</strong>s extraclínica<br />

Calçados<br />

• Devem ser fechados e, <strong>de</strong> preferência, com solado anti<strong>de</strong>rrapante<br />

• Visam proteger os pés <strong>de</strong> impactos <strong>de</strong> quedas <strong>de</strong> objetos, choques elétricos, agentes<br />

térmicos, cortantes e escoriantes, umida<strong>de</strong> proveniente <strong>de</strong> operações com uso <strong>de</strong> água<br />

e respingos <strong>de</strong> produtos químicos<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Anéis, pulseiras, relógios, etc., são passíveis <strong>de</strong> acúmulo <strong>de</strong> micro-organismos assim<br />

como serem vetores <strong>de</strong> infecção cruzada, sendo o seu uso contraindicado durante os<br />

atendimentos<br />

• Toda equipe <strong>de</strong>ve apresentar unhas aparadas <strong>de</strong> forma a não acumular micro-<br />

organismos sob as mesmas, usar produtos <strong>de</strong> higiene pessoal (<strong>de</strong>sodorantes, colônias e<br />

perfumes) <strong>de</strong> odor suave e às mulheres que costumam fazer uso <strong>de</strong> maquiagem<br />

recomenda-se utilizá-la <strong>de</strong> forma discreta<br />

• Ferimentos em áreas expostas, inclusive nas mãos, <strong>de</strong>vem ser protegidos com<br />

esparadrapo ou curativo tipo Bandaid ® antes da colocação da luva<br />

• É expressamente proibido fumar no ambiente odontológico<br />

1.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS E MATERIAIS ODONTOLÓGICOS SEGUNDO<br />

POTENCIAL DE TRANSMISSÃO DE INFECÇÃO<br />

515<br />

Artigos não críticos: Materiais utilizados em procedimentos com baixo risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> infecção associada ou que entram em contato apenas com pele<br />

íntegra. Requerem limpeza ou <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> baixo ou médio nível, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do<br />

risco <strong>de</strong> transmissão secundária <strong>de</strong> micro-organismos <strong>de</strong> importância epi<strong>de</strong>miológica


(Ex: Superfícies do equipo odontológico, placas <strong>de</strong> vidro e potes <strong>de</strong> Dappen, mufla, arco<br />

<strong>de</strong> Young, óculos <strong>de</strong> proteção, sacabroca e outros).<br />

516<br />

Artigos semicríticos: Materiais que entram em contato com secreções<br />

orgânicas (saliva) e que não inva<strong>de</strong>m o sistema vascular. Requerem esterilização ou<br />

<strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> alto nível para uso. Ex: Espelhos clínicos, sonda exploradora, pinça<br />

clínica, mol<strong>de</strong>iras, material <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntística (instrumentais para amálgama, resina, porta-<br />

matriz e outros), canetas <strong>de</strong> baixa e alta rotação sem contaminação com sangue.<br />

Artigos críticos: Materiais utilizados em procedimentos <strong>de</strong> alto risco para<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> infecções ou que penetram no sistema vascular, em tecido<br />

conjuntivo ou ósseo (áreas corporais <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> flora própria). Requerem<br />

esterilização para uso (Ex: Agulhas, seringas, materiais para os implantes, pinças<br />

cirúrgicas, instrumentos <strong>de</strong> corte ou pontiagudos, instrumentos <strong>de</strong> periodontia e <strong>de</strong><br />

cirurgia, broca cirúrgica, instrumentos endodônticos, canetas <strong>de</strong> baixa e alta rotação e<br />

outros).<br />

11.4 LIMPEZA DO AMBIENTE DO CONSULTÓRIO<br />

A limpeza do ambiente <strong>de</strong>ve ser realizada ao final <strong>de</strong> cada turno, na troca <strong>de</strong><br />

equipes e <strong>de</strong>ve seguir as orientações vigentes para o restante da USF, sendo executada<br />

pelo profissional <strong>de</strong> serviços gerais que <strong>de</strong>verá:<br />

• Proce<strong>de</strong>r à limpeza do piso com pano <strong>de</strong> chão ou mop (esfregão) ume<strong>de</strong>cido com água<br />

e sabão. Não utilizar varredura seca (vassoura)<br />

• Conservar limpas, com água e sabão, a parte externa das mangueiras e fiação do<br />

equipamento sobre o piso, assim como a parte externa <strong>de</strong> todo o mobiliário, pias,<br />

arquivos, ventiladores, gela<strong>de</strong>ira (<strong>de</strong>gelo periódico inclusive), etc.<br />

• Quando houver presença <strong>de</strong> matéria orgânica (sangue, vômito) no chão, retirar o resíduo<br />

com papel toalha usando luvas <strong>de</strong> procedimento, <strong>de</strong>scartá-la junto com o papel infectado<br />

e o material biológico no LIXO INFECTADO e, em seguida, borrifar o local com ácido<br />

peracético 0,5% (Peresal ® ) ou hipoclorito <strong>de</strong> sódio 1%<br />

procedimentos.<br />

11.5 ROTINA DA EQUIPE (ASB E TSB) EM BIOSSEGURANÇA<br />

A equipe odontológica <strong>de</strong>verá respeitar e executar as seguintes normas e rotinas <strong>de</strong>


11.5.1 Antes do Atendimento<br />

• No início do período <strong>de</strong> atendimento:<br />

o Arejar o ambiente, abrindo as janelas<br />

517<br />

o Preparar a cuba plástica com a diluição <strong>de</strong> <strong>de</strong>tergente enzimático para<br />

<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> instrumentos usados<br />

o Conferir e corrigir, se necessário, as condições <strong>de</strong> asseio do ambiente: Piso,<br />

pias, mesas auxiliares, escrivaninhas, espelhos, etc.<br />

o Buscar os instrumentos estéreis na sala <strong>de</strong> esterilização<br />

o Provi<strong>de</strong>nciar campos para a embalagem dos instrumentos e os <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sinfecção que será feita após cada atendimento<br />

o Paramentar-se para as ativida<strong>de</strong>s do período<br />

o Acionar as pontas <strong>de</strong> baixa e alta rotação por 20 a 30 segundos<br />

• Realizar <strong>de</strong>sinfecção por fricção com ácido peracético 0,5% (Peresal ® ) nas canetas <strong>de</strong><br />

alta e baixa rotação termossensíveis 67 , ponta da cânula e mangueira do sugador, seringa<br />

tríplice, alça e o interruptor do refletor, controle <strong>de</strong> manobra das ca<strong>de</strong>iras, mesa auxiliar,<br />

equipo e ca<strong>de</strong>ira odontológicos, mochos e equipamentos periféricos antes <strong>de</strong> cada<br />

atendimento. Borrifar o ácido peracético 0,5% (Peresal ® ) diluído sobre as superfícies e<br />

espalhá-lo com campo para limpeza ou “bolachas” <strong>de</strong> algodão. Este processo <strong>de</strong>verá ser<br />

realizado antes <strong>de</strong> cada atendimento<br />

• Lavar as mãos antes <strong>de</strong> calçar as luvas, fechando a torneira com papel toalha, caso não<br />

tenha o acionamento por pé<br />

• Colocar babador <strong>de</strong>scartável no paciente<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Manter os materiais <strong>de</strong> consumo e permanente organizados, em locais secos, arejados,<br />

livres <strong>de</strong> odores e umida<strong>de</strong>, abrigados <strong>de</strong> calor, observando seus prazos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>.<br />

Locais on<strong>de</strong> há conexões <strong>de</strong> água e esgoto são contraindicados para armazenamento<br />

<strong>de</strong> materiais odontológicos<br />

• Todos os materiais odontológicos <strong>de</strong>verão ser armazenados em caixas fechadas. Ex:<br />

Anestésico, gaze, algodão, etc.<br />

67 Em situações corriqueiras, as canetas <strong>de</strong> baixa e alta rotação são classificadas como artigos<br />

semicríticos. Se houver contato com sangue, são classificadas como artigos críticos. A recomendação<br />

nesta situação é a esterilização em autoclave. Não sendo possível, proce<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>sinfecção com ácido<br />

peracético 0,5% por fricção durante 20 a 30 segundos. A utilização da imersão em ácido peracético<br />

está contraindicada por causar corrosão às mesmas, principalmente nas partes internas.


11.5.2 Durante o Atendimento<br />

• Manter somente o material que será utilizado na área <strong>de</strong> trabalho, a fim <strong>de</strong> evitar<br />

contaminação <strong>de</strong>snecessária<br />

• Lavar a pia e o espelho on<strong>de</strong> os pacientes escovam os <strong>de</strong>ntes (escovódromo) após a<br />

escovação <strong>de</strong> cada turno<br />

• Os materiais restauradores <strong>de</strong>verão ser manipulados preferencialmente pelo ASB, com a<br />

utilização <strong>de</strong> sobreluvas. Caso se observe presença <strong>de</strong> matéria orgânica nos frascos,<br />

realizar <strong>de</strong>sinfecção com ácido peracético 0,5% (Peresal ® )<br />

• Realizar <strong>de</strong>sinfecção com álcool 70% ou gel <strong>de</strong> clorexidina a 2%, nos tubetes <strong>de</strong><br />

anestésico antes do seu uso, sem imergi-los em nenhum tipo <strong>de</strong> solução <strong>de</strong>sinfetante<br />

• Calçar sobreluvas se for necessário aten<strong>de</strong>r telefone ou porta durante o atendimento ou<br />

tocar na alça do refletor, botões <strong>de</strong> acionamento da ca<strong>de</strong>ira, puxadores, canetas, lápis,<br />

prontuários, etc. e <strong>de</strong>scarta-las <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cada paciente<br />

• Entregar instrumentos pontiagudos ou cortantes e seringa Carpule montada para o<br />

operador <strong>de</strong> forma muito cuidadosa, evitando aci<strong>de</strong>ntes<br />

• Nunca passar quaisquer materiais ou instrumentos ao operador sobre a face do<br />

paciente, principalmente olhos, evitando aci<strong>de</strong>ntes<br />

• Manter a agulha usada protegida pela tampa, inserindo-a após o uso <strong>de</strong>ntro do<br />

respectivo protetor sobre a mesa auxiliar sem tocá-lo com os <strong>de</strong>dos (técnica <strong>de</strong><br />

pescagem). Uma vez que a agulha esteja introduzida no protetor, com a mão livre<br />

ajustá-lo pela base à seringa, nunca colocando a mão ou os <strong>de</strong>dos à frente da agulha<br />

• Ao substituir o tubete <strong>de</strong> anestésico para nova infiltração, fazê-lo sob rigorosa atenção,<br />

observando que o protetor da agulha esteja ajustado à base e a agulha usada bem<br />

protegida e não posicionar a mão ou os <strong>de</strong>dos à frente da agulha. Muita perícia também<br />

ao entregá-la e recebê-la do CD<br />

• Para o <strong>de</strong>scarte da agulha, proce<strong>de</strong>r da mesma forma: Desrosquear o conjunto<br />

agulha+protetor da seringa sem posicionar a mão ou os <strong>de</strong>dos à frente da agulha.<br />

Depositá-los na caixa ou frasco rígidos próprios para receber <strong>de</strong>scartes perfurocortantes<br />

• Notificar ocorrências <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho aos encarregados (CD e Coor<strong>de</strong>nador da<br />

USF) e seguir as orientações previstas para estas situações, conforme as disposições<br />

ao final <strong>de</strong>ste capítulo<br />

• Não manipular envelopes, prontuários, canetas, lápis e carteirinhas dos pacientes com<br />

luvas contaminadas.<br />

• Moldagens, mo<strong>de</strong>los, peças <strong>de</strong> prótese e aparelhos ortodônticos <strong>de</strong>vem ser<br />

518<br />

consi<strong>de</strong>rados sempre como contaminados. Os mesmos <strong>de</strong>vem ser lavados em água


corrente para a eliminação <strong>de</strong> sangue e saliva residual. Antes <strong>de</strong> serem transportados ao<br />

Laboratório <strong>de</strong> Prótese, a <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong>ve ser realizada, conforme orientações a seguir<br />

11.5.3 Orientações para Desinfecção <strong>de</strong> Mol<strong>de</strong>s<br />

Embora haja controvérsias quanto à técnica e produtos <strong>de</strong>sinfetantes para este fim,<br />

consi<strong>de</strong>rando a concentração e o tempo <strong>de</strong> exposição do material <strong>de</strong> moldagem e possível<br />

alteração dimensional, medidas <strong>de</strong> biossegurança no tratamento dos mol<strong>de</strong>s se fazem<br />

imprescindíveis.<br />

O quadro 82 resume as principais informações concernentes à <strong>de</strong>sinfecção dos<br />

materiais <strong>de</strong> moldagem, próteses e impressão em cera.<br />

Material<br />

Alginato<br />

Prótese removível (PPR<br />

ou total)<br />

Registros em cera<br />

Desinfecção<br />

Hipoclorito <strong>de</strong> sódio 1%<br />

Hipoclorito <strong>de</strong> sódio 1%<br />

Hipoclorito <strong>de</strong> sódio 1%<br />

Quadro 82 - Desinfeção <strong>de</strong> moldagens e aparelhos protéticos<br />

11.5.4 Após o Atendimento<br />

Técnica<br />

519<br />

• Lavagem em água corrente<br />

• Aspersão 68 com hipoclorito, por<br />

alguns minutos<br />

• Enxágue com água corrente<br />

• Lavagem em água corrente<br />

• Imersão por 10 minutos<br />

• Lavagem<br />

• Secagem<br />

• Lavagem em água corrente<br />

• Imersão por 10 minutos<br />

• Lavagem<br />

• Secagem<br />

• Descartar em recipiente rígido próprio e i<strong>de</strong>ntificado todo material perfurocortante<br />

utilizado ao final <strong>de</strong> cada atendimento (agulhas <strong>de</strong>scartáveis, <strong>de</strong> sutura, <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong><br />

ácido gel e <strong>de</strong> alguns selantes, brocas, limas endodônticas, lixas <strong>de</strong> metal para<br />

68 Aspergir: Borrifar


amálgama, lâminas <strong>de</strong> bisturi, cunhas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, bicos <strong>de</strong> sugador e quaisquer outros<br />

perfurocortantes)<br />

• Recolher todos os medicamentos e instrumentos usados e imergir estes últimos em<br />

<strong>de</strong>tergente enzimático, seguindo as orientações <strong>de</strong> tempo e diluição do fabricante<br />

• Materiais termossensíveis 69<br />

o Sacabrocas termossensíveis: Imergi-los em <strong>de</strong>tergente enzimático, por 5 minutos.<br />

Em seguida, lavar com água e <strong>de</strong>tergente ou sabão líquido utilizando escovas <strong>de</strong><br />

cerdas macias ou esponja. Enxaguar em água corrente, secar e fricionar ácido<br />

peracético a 0,5% por 20 a 30 segundos<br />

o Escovas <strong>de</strong> Robinson termossensíveis, pontas <strong>de</strong> borrachas para profilaxia ou<br />

polimento e outros: Imergi-los em <strong>de</strong>tergente enzimático, por 5 minutos. Em seguida,<br />

enxaguar abundantemente e secar. Esterilizar através <strong>de</strong> imersão em ácido<br />

peracético 2%, por 8 horas ou <strong>de</strong>scartá-los<br />

o Pontas <strong>de</strong> baixa e alta rotação termossensíveis:<br />

� Remover a broca<br />

� Acionar o sistema <strong>de</strong> ar e água, por 20 a 30 segundos, a fim <strong>de</strong> eliminar ou<br />

reduzir o refluxo do líquido aspirado<br />

� Limpar as pontas com gaze umi<strong>de</strong>cida em água e <strong>de</strong>tergente ou sabão líquido<br />

para remoção das sujida<strong>de</strong>s<br />

� Secar em gaze ou papel toalha<br />

� Lubrificar, se necessário<br />

� Retirar o excesso <strong>de</strong> óleo acionando a ponta novamente por 20 a 30 segundos<br />

� Friccionar ácido peracético (Peresal ® ) 0,5% por 20 a 30 segundos<br />

• Materiais termorresistentes<br />

o Imergir em <strong>de</strong>tergente enzimático por 5 minutos. Em seguida, lavar com água e<br />

<strong>de</strong>tergente ou sabão líquido utilizando escovas <strong>de</strong> cerdas macias ou esponja. Após<br />

abundante enxágue, os instrumentos <strong>de</strong>vem ser enxutos com pano limpo ou papel<br />

absorvente e, em seguida, acondicionados a<strong>de</strong>quadamente, conforme o tipo <strong>de</strong><br />

esterilização a ser utilizada.<br />

o Escovas <strong>de</strong> Robinson termorresistentes <strong>de</strong>verão ser autoclavadas, após passarem<br />

pelo processo acima <strong>de</strong>scrito<br />

69<br />

Materiais que ficaram imersos em ácido peracético e logo em seguida forem utilizados, <strong>de</strong>verão ser<br />

enxaguados com água <strong>de</strong>stilada ou <strong>de</strong>ionizada.<br />

520


o Pontas <strong>de</strong> baixa e alta rotação termorresistentes:<br />

� Remover a broca<br />

� Acionar o sistema <strong>de</strong> ar e água, por 20 a 30 segundos, antes <strong>de</strong> retirar a peça a<br />

fim <strong>de</strong> eliminar ou reduzir o refluxo do líquido aspirado<br />

� Limpar as pontas com gaze umi<strong>de</strong>cida em água e <strong>de</strong>tergente ou sabão líquido<br />

para remoção das sujida<strong>de</strong>s<br />

� Secar em gaze ou papel toalha<br />

� Lubrificar<br />

� Retirar o excesso <strong>de</strong> óleo acionando a ponta novamente por 20 a 30 segundos<br />

� Acondicionar<br />

� Autoclavar<br />

� Antes <strong>de</strong> utilizar, lubrificar novamente<br />

• Acondicionamento dos instrumentos para esterilização em:<br />

Autoclave<br />

o Campo <strong>de</strong> algodão cru duplo, no caso <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> uso diário (valida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

esterilização: 7 dias)<br />

o Envelopes <strong>de</strong>scartáveis <strong>de</strong> papel grau cirúrgico com filme plástico (Plastiesteril ® ):<br />

� Instrumentos <strong>de</strong> uso menos frequente, <strong>de</strong>vidamente vedados através <strong>de</strong> seladora<br />

(valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esterilização: 3 meses)<br />

� Lacrados com fita a<strong>de</strong>siva (valida<strong>de</strong>: 7 dias). Não é o meio mais a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong><br />

selamento. Sempre que possível realizar o vedamento indicado (seladora)<br />

o Caixas metálicas perfuradas ou abertas acondicionadas em uma das duas<br />

Estufa<br />

embalagens citadas anteriormente (prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> algodão cru: 7 dias; papel grau<br />

cirúrgico com filme plástico: 3 meses)<br />

o Os instrumentos <strong>de</strong>verão ser acondicionados em caixas metálicas lacradas,<br />

respeitando-se o tempo <strong>de</strong> exposição do material (valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esterilização: 7 dias)<br />

• Após cada atendimento, realizar a <strong>de</strong>sinfecção das ca<strong>de</strong>iras odontológicas, mochos,<br />

521<br />

equipo, refletores, mesas auxiliares e dos equipamentos usados borrifando ácido


peracético 0,5% (Peresal ® ) sobre a superfície e espalhandoo com campo <strong>de</strong> algodão<br />

para limpeza ou “bolacha” <strong>de</strong> algodão<br />

• A fim <strong>de</strong> evitar infecção cruzada, <strong>de</strong>ve ser usado um campo após cada atendimento e<br />

todos os utilizados no período encaminhados à lavan<strong>de</strong>ria ao final do mesmo. Na<br />

indisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campos, usar a bolacha <strong>de</strong> algodão para <strong>de</strong>sinfecção da bancada,<br />

<strong>de</strong>scartando-a <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cada uso no LIXO INFECTADO<br />

• Descartar também no LIXO INFECTADO luvas, sobreluvas, máscara, gorro, canudos<br />

para proteção <strong>de</strong> seringa tríplice, <strong>de</strong>ntes extraídos, películas <strong>de</strong> radiografia e tudo o que<br />

contiver sangue ou secreções purulentas<br />

• Papéis toalha, copos <strong>de</strong>scartáveis <strong>de</strong> uso comum, embalagens <strong>de</strong> papel <strong>de</strong>vem ser<br />

<strong>de</strong>sprezados no LIXO COMUM<br />

• Tubetes <strong>de</strong> anestésico <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>sprezados no LIXO QUÍMICO<br />

• Lavar as mãos após a remoção e <strong>de</strong>scarte das luvas <strong>de</strong> procedimento<br />

• Seguir as orientações e rotinas da Central <strong>de</strong> Esterilização da USF e observar que<br />

estejam sendo realizados testes químicos (indicadores multiparamétricos) diariamente<br />

na primeira carga nos esterilizadores e testes biológicos (Bacillus stearothermophilus<br />

para autoclave ou Bacillus subtillis para estufa) no mínimo uma vez por semana, a fim <strong>de</strong><br />

comprovar a eficácia do processo <strong>de</strong> esterilização<br />

• Realizar a <strong>de</strong>sinfecção <strong>de</strong> objetos como telefone, maçanetas, puxadores <strong>de</strong> gavetas,<br />

armários e gela<strong>de</strong>ira, etc. com ácido peracético 0,5% (Peresal ® ). Não usar o mesmo<br />

campo utilizado nos equipamentos odontológicos, pois este po<strong>de</strong> conter contaminação<br />

<strong>de</strong> material biológico<br />

11.5.5 Orientações para Utilização <strong>de</strong> Autoclave / Estufa<br />

On<strong>de</strong> não há uma Central <strong>de</strong> Esterilização, como no CEO, e que todo o processo<br />

<strong>de</strong> esterilização fica sob responsabilida<strong>de</strong> da Odontologia, os seguintes cuidados <strong>de</strong>verão<br />

ser observados pela equipe auxiliar, durante o ciclo <strong>de</strong> esterilização.<br />

Autoclave<br />

A esterilização em autoclave <strong>de</strong>verá ser a primeira escolha <strong>de</strong>vido à comprovada<br />

eficácia do processo.<br />

522


Tipos <strong>de</strong> autoclave a vapor sob pressão<br />

o Gravitacional: 15 a 30 minutos a uma temperatura <strong>de</strong> 121 a 127º C e 01 atm <strong>de</strong><br />

pressão. É o mais utilizado no Brasil<br />

o Pré-vácuo: 04 a 07 minutos a uma temperatura <strong>de</strong> 132 a 134º C e 02 atm <strong>de</strong> pressão<br />

o Cicloflash: Recomendado para situações <strong>de</strong> uso imediato<br />

Material que po<strong>de</strong>rá ser esterilizado em autoclave<br />

o Brocas (<strong>de</strong> aço, carbi<strong>de</strong>, tungstênio ou pedra), instrumentais <strong>de</strong> endodontia,<br />

mol<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> inox e plásticas, instrumentos metálicos, ban<strong>de</strong>jas, placas, potes <strong>de</strong><br />

vidro, materiais plásticos, borracha, tecidos, etc. que não sejam termossensíveis<br />

Cuidados básicos<br />

o Realizar limpeza semanal externa e interna da autoclave com bucha, água e sabão<br />

o Carregar somente 80% da capacida<strong>de</strong> do equipamento, favorecendo a penetração<br />

do vapor nos pacotes e a secagem<br />

o Posicionar os pacotes <strong>de</strong> modo vertical e com as aberturas voltadas para o fundo da<br />

câmara, para facilitar a entrada e a circulação do vapor, bem como a eliminação do<br />

ar<br />

o Dispor os pacotes <strong>de</strong> forma que não fiquem muito apertados, permitindo que o vapor<br />

passe por todos os itens<br />

o As embalagens <strong>de</strong> acondicionamento <strong>de</strong>vem ser permeáveis ao vapor e <strong>de</strong> tamanho<br />

suficiente para envolver o item a ser esterilizado<br />

o Todas as embalagens <strong>de</strong>vem ser lacradas com fita termocrômica (que indica o que<br />

foi esterilizado) e conter datas <strong>de</strong> esterilização e <strong>de</strong> valida<strong>de</strong><br />

o A porta da autoclave <strong>de</strong>ve ser aberta lentamente após o término do processo e<br />

mantida entreaberta <strong>de</strong> 5 a 15 minutos para auxiliar na secagem do material<br />

o Descarregar a autoclave usando máscara e luvas <strong>de</strong> proteção térmica e os materiais<br />

<strong>de</strong>vem ser dispostos em superfície protegida com campo para evitar a diferença<br />

brusca <strong>de</strong> temperatura e umi<strong>de</strong>cimento dos pacotes por con<strong>de</strong>nsação, po<strong>de</strong>ndo levar<br />

à contaminação<br />

o A autoclave <strong>de</strong>ve realizar automaticamente o processo <strong>de</strong> secagem efetivo. Se<br />

ocorrer que os pacotes saiam úmidos, isto <strong>de</strong>verá ser comunicado ao responsável<br />

523<br />

para que o equipamento seja encaminhado à manutenção. Pacotes úmidos não


<strong>de</strong>vem ser colocados em estufas para secarem. Este procedimento é con<strong>de</strong>nado e<br />

incorreto, não garantindo a esterilização do material<br />

o Testes químicos (indicadores multiparamétricos) <strong>de</strong>vem ser realizados diariamente<br />

autoclave.<br />

na primeira carga da autoclave e testes biológicos (Bacillus stearothermophilus ou<br />

Bacillus subtillis), no mínimo uma vez por semana, a fim <strong>de</strong> comprovar a eficácia do<br />

processo <strong>de</strong> esterilização<br />

Estufa<br />

Deverá ser utilizada somente na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se realizar a esterilização em<br />

Ciclo <strong>de</strong> esterilização 70<br />

� 170º C por 1 hora ou<br />

� 160º C por 2 horas<br />

Material que po<strong>de</strong>rá ser esterilizado em estufa<br />

o Brocas (<strong>de</strong> aço, carbi<strong>de</strong>, tungstênio ou pedra), instrumentais <strong>de</strong> endodontia,<br />

mol<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> inox, instrumentais metálicos, ban<strong>de</strong>jas, placas <strong>de</strong> vidro e potes <strong>de</strong><br />

vidro<br />

Cuidados Básicos<br />

o Realizar limpeza semanal externa e interna da estufa com bucha, água e sabão<br />

o A temperatura <strong>de</strong>verá ser controlada por termômetro externo tipo bulbo<br />

o Distribuir os materiais no interior da estufa. As caixas <strong>de</strong>vem ser colocadas <strong>de</strong><br />

maneira que fique um espaço entre elas, permitindo que o ar circule livremente<br />

<strong>de</strong>ntro da câmara. As caixas menores <strong>de</strong>vem ser colocadas sobre as maiores e<br />

nunca ao contrário<br />

o Fechar a porta da estufa<br />

o Aguardar o termômetro indicar a temperatura <strong>de</strong>sejada<br />

o Quando o termômetro já indicar a temperatura <strong>de</strong>sejada, marcar o tempo <strong>de</strong><br />

esterilização: O material <strong>de</strong>ve ficar exposto por 1 hora a 170ºC<br />

70 O ciclo <strong>de</strong> esterilização adotado pela Autarquia Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>: 170º C por uma hora.<br />

524


o Após ter completado o ciclo <strong>de</strong> esterilização, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>sligar a estufa e aguardar a<br />

temperatura abaixar até 70 ºC para a retirada do material<br />

o Retirar o material (calçar luvas protetoras <strong>de</strong> tecido, caso o material ainda esteja<br />

quente)<br />

o Passar fita a<strong>de</strong>siva (crepe), lacrando a tampa <strong>de</strong> todas as caixas, colocando data <strong>de</strong><br />

esterilização e data <strong>de</strong> valida<strong>de</strong><br />

11.5.6 Consi<strong>de</strong>rações<br />

• Detergente enzimático: Deve conter <strong>de</strong> 3 a 4 enzimas. Diluir 5 mL do produto em 1 litro<br />

<strong>de</strong> água. Trocar uma vez ao dia ou antes, caso a solução fique turva. Po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>sprezado na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto. Os instrumentos contaminados <strong>de</strong>vem ficar imersos por,<br />

no mínimo, 5 minutos e enxaguados em água corrente, para <strong>de</strong>pois serem lavados com<br />

água, <strong>de</strong>tergente líquido, escovinha e/ou esponja. Sempre seguir as recomendações do<br />

fabricante<br />

• Peresal ® : É composto por ácido peracético e peróxido <strong>de</strong> hidrogênio. É fotossensível,<br />

por isso <strong>de</strong>ve ser mantido em frasco que não permita a passagem <strong>de</strong> luz para seu<br />

interior. Deve ser aplicado borrifando as superfícies que possam conter material<br />

biológico e esfregando-as com campo <strong>de</strong> algodão cru ou “bolachas” <strong>de</strong> algodão, sem<br />

enxágue. Po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sprezado na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto. Após a diluição <strong>de</strong> 5 mL em 1 litro<br />

<strong>de</strong> água (0,5%) ele tem a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 7 dias, em frasco a<strong>de</strong>quado. Esta diluição <strong>de</strong>ve ser<br />

seguida criteriosamente, pois caso a solução fique mais concentrada po<strong>de</strong>rá causar<br />

danos aos equipamentos e <strong>de</strong>mais superfícies<br />

• O operador que realizar a limpeza do material <strong>de</strong>verá calçar luvas <strong>de</strong> borracha grossa,<br />

avental impermeável, além dos <strong>de</strong>mais EPIs<br />

11.7 ROTINA DO CD NA BIOSSEGURANÇA<br />

11.7.1 Antes do Atendimento<br />

• Paramentar-se para as ativida<strong>de</strong>s do período, conforme <strong>de</strong>scrito no item 11.2.2<br />

• Lavar as mãos antes <strong>de</strong> calçar as luvas, fechar a torneira com papel toalha, caso o<br />

acionamento não seja realizado por pé<br />

525


• Analisar o prontuário antes <strong>de</strong> calçar as luvas. Caso seja necessária sua manipulação<br />

durante o atendimento, usar sobreluvas e, prevendo esta situação, <strong>de</strong>ixá-lo em local <strong>de</strong><br />

fácil acesso<br />

• Fazer o ajuste na ca<strong>de</strong>ira e no refletor antes <strong>de</strong> calçar as luvas <strong>de</strong> procedimento<br />

• Supervisionar os procedimentos <strong>de</strong> biossegurança realizados pela equipe e também se<br />

os testes químicos e biológicos estão sendo realizados conforme recomendação<br />

11.7.2 Durante o Atendimento<br />

• Tratar todos os pacientes como potencialmente infectados<br />

• É recomendado, antes <strong>de</strong> qualquer procedimento, que todo paciente realize bochecho<br />

com solução <strong>de</strong> gluconato <strong>de</strong> clorexidina 0,12%, por um minuto<br />

• Evitar a permanência na clínica <strong>de</strong> mais do que um acompanhante por paciente menor<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

• Não permitir a permanência na clínica <strong>de</strong> pessoas estranhas ao serviço como<br />

ven<strong>de</strong>dores, visitantes, etc.<br />

• Não manipular envelopes, prontuários, canetas, lápis e cartão <strong>de</strong> retorno dos pacientes<br />

com luvas contaminadas<br />

• Calçar sobreluvas se for necessário aten<strong>de</strong>r telefone ou porta durante o atendimento ou<br />

tocar na alça do refletor, botões <strong>de</strong> acionamento da ca<strong>de</strong>ira, em puxadores, canetas,<br />

lápis, prontuários, etc. e <strong>de</strong>scartá-las <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cada paciente<br />

• Entregar instrumentos pontiagudos ou cortantes para o ASB <strong>de</strong> forma cuidadosa,<br />

evitando aci<strong>de</strong>ntes<br />

• Nunca passar quaisquer materiais ou instrumentos ao ASB por sobre a face do paciente<br />

• Nunca reutilizar materiais <strong>de</strong>scartáveis como pincel, microbrush, espátula <strong>de</strong><br />

manipulação, casulos para a<strong>de</strong>sivos ou selantes, etc.<br />

• Notificar quaisquer ocorrências <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho à coor<strong>de</strong>nação da USF,<br />

conforme <strong>de</strong>scrito neste capítulo<br />

• Garantir que todas as medidas <strong>de</strong> biossegurança sejam seguidas<br />

11.7.3 Após o Atendimento<br />

• Descartar no LIXO INFECTADO luvas, sobreluvas usadas, máscaras, gorro e tudo mais<br />

que contiver sangue e secreções purulentas e, em seguida, lavar as mãos<br />

• Preencher os relatórios e prontuários sem luvas, após lavagem das mãos<br />

526


11.8 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS<br />

O gerenciamento é tido como um instrumento capaz <strong>de</strong> minimizar ou até mesmo<br />

impedir os efeitos adversos causados pelos resíduos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, do ponto <strong>de</strong> vista sanitário,<br />

ambiental e ocupacional.<br />

11.8.1 Tipos <strong>de</strong> Resíduos Produzidos no Atendimento Odontológico<br />

Com base na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional <strong>de</strong><br />

Vigilância Sanitária (ANVISA) 306/04, a segregação e acondicionamento <strong>de</strong>verão ser<br />

realizados obrigatoriamente conforme as seguintes recomendações:<br />

Grupo A - Resíduos Infectantes<br />

• Devem ser acondicionados nas lixeiras com tampa e pedal, forradas com sacos plásticos<br />

branco leitosos, com i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> RESÍDUO INFECTANTE. Exemplo: Recipientes e<br />

materiais contendo sangue ou líquidos corpóreos (gaze, algodão, campos, barreiras,<br />

aventais, luvas, máscaras, peças anatômicas provenientes <strong>de</strong> procedimentos cirúrgicos,<br />

etc.)<br />

• O uso <strong>de</strong> sacos individuais pequenos (como os usados para sanduíches) como porta<br />

<strong>de</strong>tritos permite o <strong>de</strong>scarte prático e seguro <strong>de</strong> pequenos <strong>de</strong>jetos<br />

Grupo B - Resíduos Químicos<br />

• São resíduos contendo substâncias químicas que apresentam riscos à Saú<strong>de</strong> Pública ou<br />

ao meio ambiente. Exemplo: Desinfetantes, reveladores, fixadores, restos <strong>de</strong> amálgama,<br />

mercúrio, frascos <strong>de</strong> medicamentos ou <strong>de</strong> produtos odontológicos sólidos e líquidos,<br />

medicamentos, cápsulas <strong>de</strong> amálgama vazias, etc.<br />

• Devem ser acondicionados em recipientes individualizados, <strong>de</strong> compatibilida<strong>de</strong> química<br />

com o resíduo, <strong>de</strong> forma a evitar reação química entre os componentes, não permeáveis<br />

e encaminhados para empresa <strong>de</strong>vidamente licenciada pelo órgão ambiental<br />

competente para tratamento<br />

• Resíduos <strong>de</strong> amálgama e mercúrio <strong>de</strong>vem ser acondicionados em recipientes sob selo<br />

d’água e encaminhados para recuperação<br />

527


• Cápsulas <strong>de</strong> amálgama vazias <strong>de</strong>vem ser acondicionadas em recipientes rígidos com<br />

tampa (Ex: Frasco <strong>de</strong> álcool, garrafa Pet, etc.) e com a i<strong>de</strong>ntificação “Cápsulas <strong>de</strong><br />

Amálgama”<br />

• Frascos <strong>de</strong> medicamentos vencidos ou vazios, tubetes <strong>de</strong> anestésico (usados ou não)<br />

<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>sprezados no lixo químico<br />

Grupo E - Resíduos Perfurocortantes ou Escarificantes<br />

• São todos os objetos e instrumentos contendo: Cantos, bordas, pontos ou<br />

protuberâncias rígidas e agudas capazes <strong>de</strong> cortar, escarificar ou perfurar. Exemplo:<br />

Lâminas, agulhas, ampolas <strong>de</strong> vidro, brocas, limas endodônticas, lixa <strong>de</strong> amálgama,<br />

cunha proximal, sugador, etc.<br />

• As brocas <strong>de</strong>vem ser retiradas das pontas, logo após o seu uso, para evitar aci<strong>de</strong>ntes<br />

• Os materiais perfurocortantes, como agulhas <strong>de</strong>scartáveis, lâminas <strong>de</strong> bisturi e agulhas<br />

<strong>de</strong> sutura também <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scartados logo após o seu uso<br />

• Não se <strong>de</strong>ve entortar nenhum tipo <strong>de</strong> agulha, para se evitar aci<strong>de</strong>nte<br />

• Esse material <strong>de</strong>ve ser acondicionado em recipientes rígidos com tampa vedante e<br />

encaminhados para disposição final com i<strong>de</strong>ntificação INFECTANTE E MATERIAL<br />

PERFUROCORTANTE<br />

Grupo D - Resíduos Comuns e Recicláveis<br />

• São todos os resíduos gerados nos serviços odontológicos que não apresentam riscos<br />

biológico, químico ou radioativo. Exemplo: Papel toalha, embalagens <strong>de</strong> esterilização<br />

não contaminadas, papel <strong>de</strong> uso sanitário, papéis em geral, caixas <strong>de</strong> papelão e <strong>de</strong><br />

medicamentos, copos <strong>de</strong>scartáveis <strong>de</strong> uso comum, etc.<br />

o Devem ser <strong>de</strong>scartados como lixo comum ou reciclável<br />

o As lixeiras <strong>de</strong>vem ser forradas com plástico e ter tampas e pedais, <strong>de</strong>vendo ser a <strong>de</strong><br />

lixo comum separada da <strong>de</strong> material contaminado<br />

• Resíduos recicláveis: Recomenda-se não armazenar no interior da clínica. Seguir fluxo<br />

da USF para tais resíduos. Exemplos <strong>de</strong> materiais recicláveis: Caixas <strong>de</strong> papelão, <strong>de</strong><br />

medicamentos, papéis em geral não contaminados, copos <strong>de</strong>scartáveis <strong>de</strong> uso comum,<br />

etc.<br />

528


11.9 ACIDENTES DE TRABALHO: ORIENTAÇÕES GERAIS CONFORME PROTOCOLO<br />

DO CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR (CEREST)<br />

530<br />

Mara Ferreira Ribeiro<br />

Renata Cristina da Silva Baldo<br />

11.9.1 Aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Trabalho sem Exposição a Material Biológico<br />

• Quando o aci<strong>de</strong>ntado for servidor da AMS (Estatutário)<br />

o Comunicar imediatamente o profissional responsável (CD e/ou Coor<strong>de</strong>nador da USF)<br />

que emitirá o Comunicado <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Trabalho (CAT) e encaminhará o<br />

aci<strong>de</strong>ntado ao serviço <strong>de</strong> atendimento médico cadastrado pela Caixa <strong>de</strong> Assistência,<br />

Aposentadoria e Pensões dos Servidores Municipais <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> (CAAPSML).<br />

Depois <strong>de</strong> ocorrido o atendimento, encaminhamento para CAAPSML, on<strong>de</strong> efetuará<br />

o registro da CAT<br />

• Quando o aci<strong>de</strong>ntado for funcionário <strong>de</strong> Organização da Socieda<strong>de</strong> Civil <strong>de</strong><br />

Interesse Público (OSCIP), Centro Integrado <strong>de</strong> Apoio Profissional (CIAP) ou<br />

outras Instituições<br />

o Comunicar imediatamente o profissional responsável (CD e/ou Coor<strong>de</strong>nador da USF)<br />

que encaminhará para atendimento médico<br />

o Após o atendimento, o funcionário será encaminhado para o respectivo RH para<br />

emissão da CAT e acompanhamento do aci<strong>de</strong>ntado<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

• As guias <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho que têm preenchimento obrigatório (Comunicação <strong>de</strong><br />

Aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Trabalho – CAT e Sistema <strong>de</strong> Informação <strong>de</strong> Agravos <strong>de</strong> Notificação -<br />

SINAN) estão disponíveis na USF e CEO ou na página do CEREST (SINAN), com<br />

acesso pelo en<strong>de</strong>reço eletrônico http://sau<strong>de</strong>.londrina.pr.gov.br/cerest/<br />

• A abertura da CAT <strong>de</strong>ve ser feita no ato do aci<strong>de</strong>nte, com exceção dos casos <strong>de</strong><br />

urgência que <strong>de</strong>verão ser atendidos antes do preenchimento do documento


11.9.2 Aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Trabalho com Exposição a Material Biológico<br />

Aci<strong>de</strong>ntes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos ocorrem com os<br />

profissionais da área da saú<strong>de</strong> durante o <strong>de</strong>senvolvimento do seu trabalho, on<strong>de</strong> os<br />

mesmos estão expostos a materiais biológicos potencialmente contaminados. Os ferimentos<br />

com agulhas e material perfurocortante em geral são consi<strong>de</strong>rados extremamente perigosos<br />

por serem potencialmente capazes <strong>de</strong> transmitir mais <strong>de</strong> 20 tipos <strong>de</strong> patógenos diferentes,<br />

sendo o vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência humana (HIV), o da hepatite B (HBV) e o da hepatite C<br />

(HCV) os agentes infecciosos mais comumente envolvidos. Para situações <strong>de</strong> ferimento<br />

com presença <strong>de</strong> material biológico seguir as orientações abaixo.<br />

• Quando o aci<strong>de</strong>ntado for servidor da AMS (Estatutário)<br />

Conduta no local <strong>de</strong> trabalho<br />

o Comunicar imediatamente o profissional responsável (CD e/ou Coor<strong>de</strong>nador da USF)<br />

o Cuidar do ferimento do funcionário aci<strong>de</strong>ntado conforme protocolo da USF<br />

o Quando a fonte <strong>de</strong> contaminação (paciente) for i<strong>de</strong>ntificada, solicitar autorização<br />

para a coleta dos exames (sangue) que será realizado na USF, conforme Protocolo<br />

da mesma<br />

o Encaminhar o funcionário aci<strong>de</strong>ntado impreterivelmente até 02 horas após o<br />

aci<strong>de</strong>nte com as Fichas <strong>de</strong> Notificação do SINAN e CAT da CAAPSML <strong>de</strong>vidamente<br />

preenchidas junto com o sangue da fonte (i<strong>de</strong>ntificado com nome, data <strong>de</strong><br />

nascimento, unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem e nome da mãe) ao CENTROLAB. Ressalta-se que<br />

esse procedimento <strong>de</strong>verá ser realizado mesmo se a fonte for <strong>de</strong>sconhecida,<br />

por exemplo: Aci<strong>de</strong>ntes na hora da limpeza dos instrumentais, manuseio do<br />

lixo contaminado, etc.<br />

o O local <strong>de</strong> trabalho será responsável pela entrega do resultado da fonte, on<strong>de</strong> o<br />

paciente passará por consulta médica<br />

o Na ausência da coor<strong>de</strong>nação da USF, qualquer outra pessoa habilitada po<strong>de</strong>rá<br />

preencher a Ficha <strong>de</strong> Notificação do Aci<strong>de</strong>nte – SINAN e CAT<br />

o A CAAPSML fará o acompanhamento do aci<strong>de</strong>ntado até a alta<br />

• Quando o aci<strong>de</strong>ntado for funcionário <strong>de</strong> outras Instituições Empregadoras<br />

o Comunicar imediatamente o profissional responsável (CD e/ou Coor<strong>de</strong>nador da<br />

USF)<br />

531


o Cuidar do ferimento do funcionário aci<strong>de</strong>ntado conforme Protocolo da USF<br />

o Quando a fonte <strong>de</strong> contaminação (paciente) for i<strong>de</strong>ntificada solicitar autorização<br />

para a coleta dos exames (sangue), que será realizado na USF, conforme Protocolo<br />

o Encaminhar o funcionário aci<strong>de</strong>ntado impreterivelmente até 02 horas após o<br />

aci<strong>de</strong>nte, junto com o sangue da fonte (i<strong>de</strong>ntificado com nome, data <strong>de</strong> nascimento,<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem e nome da mãe), conforme Protocolo da USF. Ressalta-se que<br />

esse procedimento <strong>de</strong>verá ser realizado mesmo se a fonte for <strong>de</strong>sconhecida,<br />

por exemplo: Aci<strong>de</strong>ntes na hora da limpeza dos instrumentais, manuseio do<br />

lixo contaminado, etc.<br />

Locais que irão acolher as pessoas aci<strong>de</strong>ntadas<br />

1) Pronto Atendimento Municipal - PAM<br />

o Servidores da AMS<br />

2) Hospital Dr. Anísio Figueiredo (Hospital da Zona Norte – HZN)<br />

o Funcionários do CISMEPAR, SESA/ISEP, OSCIP, Hospital Zona Sul, ICL, INAMPS<br />

e outras Instituições empregadoras<br />

o Estagiários da Universida<strong>de</strong> Norte do Paraná - UNOPAR e <strong>de</strong> outras Instituições <strong>de</strong><br />

ensino, com exceção da UEL<br />

o Funcionários estatutários quando o CENTROLAB estiver fechado<br />

3) Hospital Universitário da UEL<br />

532<br />

o Estagiários, resi<strong>de</strong>ntes e funcionários da UEL, lotados nas USF, CEO e<br />

Maternida<strong>de</strong> Municipal<br />

• Quando o aci<strong>de</strong>ntado for o usuário<br />

o Comunicar imediatamente os profissionais responsáveis, tanto pela clínica<br />

odontológica como pela USF<br />

o Lavar o local com água abundante e sabão ou soro fisiológico, em caso <strong>de</strong><br />

exposição em mucosa ocular. Sempre seguir o Protocolo da USF<br />

o O responsável auxiliará no preenchimento obrigatório do SINAN e no<br />

encaminhamento imediato do paciente ao Hospital da Zona Norte para o primeiro<br />

atendimento. Posteriormente o usuário também receberá acompanhamento<br />

conforme orientações do Hospital <strong>de</strong> referência


Bibliografia<br />

BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Agência Nacional <strong>de</strong> Vigilância Sanitária. Serviços<br />

Odontológicos: Prevenção e Controle <strong>de</strong> Riscos. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2006.<br />

BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Controle <strong>de</strong> Infecções e a Prática Odontológica em<br />

Tempos <strong>de</strong> AIDS: <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> Condutas. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2000.<br />

CASEMIRO, L A; PANZERI H; Material <strong>de</strong> Moldagem: Solução Desinfetante. Pólo <strong>de</strong><br />

Odontologia Digital Aplicada à Educação (PODAE) FORPUSP, 2006.<br />

PEDROSO, L. H. Recomendações Práticas <strong>de</strong> biossegurança e esterilização em<br />

odontologia. Campinas: Ed. Komedi, 2004.<br />

SILVA, A. S. F. et al. Protocolo <strong>de</strong> Biossegurança. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia e Centro <strong>de</strong><br />

Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic. Disponível em: <<br />

http://www.slmandic.com.br/download/protocolo<strong>de</strong>biosseguranca2008.pdf>. Acesso em: 16<br />

outubro 2008.<br />

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> Rotinas para o Atendimento<br />

Ambulatorial. <strong>Londrina</strong>: UEL, 2008.<br />

UNIVERSIDADE SANTO AMARO. <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> Biossegurança da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Odontologia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santo Amaro. São Paulo, 2004.<br />

533


APÊNDICES<br />

534


APÊNDICE A – FICHA DE TERRITORIALIZAÇÃO PSF/BUCAL<br />

1. INTEGRAÇÃO COM ESF<br />

USF<br />

Coor<strong>de</strong>nador(a)<br />

Assessores<br />

Técnicos<br />

ACS<br />

Auxiliar <strong>de</strong><br />

Enfermagem<br />

Enfermeiro(a)<br />

Médico (a)<br />

NASF<br />

Demais<br />

membros<br />

da<br />

USF<br />

Grupos<br />

<strong>de</strong> Apoio/<br />

Programas<br />

A<br />

Componentes da ESF<br />

B<br />

Nome do grupo Dia e Horário Responsável<br />

C<br />

D<br />

536


APÊNDICE A – FICHA DE TERRITORIALIZAÇÃO PSF/BUCAL - Continuação<br />

2. DADOS EPIDEMIOLÓGICOS<br />

USF:<br />

População/Área<br />

0 a 19 anos<br />

20 a 59 anos<br />

> 60 anos<br />

Casos <strong>de</strong><br />

Hipertensão<br />

Arterial (HIPERDIA)<br />

Casos <strong>de</strong> Diabetes<br />

Mellitus (HIPERDIA)<br />

Nº <strong>de</strong> Acamados<br />

(preso ao leito)<br />

Nº <strong>de</strong> pessoas com<br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong><br />

locomoção<br />

Nº médio <strong>de</strong><br />

gestantes<br />

% <strong>de</strong><br />

abastecimento<br />

público <strong>de</strong><br />

água<br />

(água fluorada)<br />

%<br />

LIVRES<br />

DE<br />

CÁRIE<br />

3 ANOS<br />

Ceo-d<br />

5 ANOS<br />

A<br />

B<br />

DADOS DE SAÚDE BUCAL (ÚLTIMO LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO)<br />

ANO:<br />

%<br />

LIVRES<br />

DE<br />

CÁRIE<br />

5 ANOS<br />

CPO-D<br />

12<br />

ANOS<br />

%<br />

LIVRES<br />

DE<br />

CÁRIE<br />

12<br />

ANOS<br />

CPO-D<br />

15 – 19<br />

ANOS<br />

%<br />

LIVRES<br />

DE<br />

CÁRIE<br />

15-19<br />

ANOS<br />

C<br />

CPO-D<br />

35 - 44<br />

ANOS<br />

%<br />

LIVRES<br />

DE<br />

CÁRIE<br />

35-44<br />

ANOS<br />

D<br />

CPO-D<br />

65 - 74<br />

ANOS<br />

IPC<br />

35 – 44<br />

TOTAL<br />

IPC<br />

65 - 74<br />

ANOS<br />

537<br />

%<br />

NECESSI<br />

DADE<br />

PRÓTESE


3. ÁREA DE ABRANGÊNCIA<br />

USF:<br />

ESCOLAS<br />

(PÚBLICAS/PARTICULARES)<br />

CENTROS EDUC. INFANTIL<br />

ASS. MORADORES/CENTROS<br />

COMUNITÁRIOS<br />

CONSELHEIROS<br />

DE SAÚDE<br />

Centro <strong>de</strong> Referência<br />

<strong>de</strong> Assistência Social<br />

CRAS<br />

IGREJAS/TEMPLOS/<br />

INSTITUIÇÕES<br />

FILANTRÓPICAS/ONGS<br />

etc.<br />

ESPAÇOS PÚBLICOS<br />

DE LAZER OU DE<br />

REUNIÃO<br />

BARREIRAS DE ACESSO A USF<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

1<br />

2<br />

1<br />

2<br />

3<br />

1<br />

2<br />

3<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

1<br />

2<br />

3<br />

1<br />

2<br />

3<br />

NOME<br />

ENDEREÇO/TELE/FONE<br />

REPRESENTANTE/TELEFONE<br />

ÁREA:<br />

NOME ENDEREÇO/TELEFONE<br />

Nº DE ALUNOS<br />

RESPONSÁVEL ENDEREÇO TELEFONE<br />

NOME ENDEREÇO TELEFONE<br />

ENDEREÇO TELEFONE<br />

CONTATO<br />

538


APÊNDICE B - FICHA DE AVALIAÇÃO DE RISCO<br />

Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido<br />

Afirmo que as <strong>de</strong>clarações abaixo foram fornecidas por mim durante a realização da Visita Domiciliar<br />

da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal da USF a qual pertenço e são <strong>de</strong> minha inteira responsabilida<strong>de</strong>. Declaro<br />

estar ciente da forma <strong>de</strong> seleção para tratamento odontológico (avaliação <strong>de</strong> risco) e autorizo a<br />

utilização das informações para estudos científicos.<br />

( ) autorizo a realização da Visita Domiciliar e do Tratamento Odontológico (se necessário)<br />

( ) autorizo a realização da Visita Domiciliar, mas não autorizo o Tratamento Odontológico<br />

( ) não autorizo a Visita Domiciliar e nem o Tratamento Odontológico<br />

Nome: ___________________________________________________Telefone: ______________<br />

Data___/___/___<br />

Assinatura:______________________________________________________________________<br />

USF:____________________________________________________________ Data da V.D:____/___/___<br />

Responsável pelo levantamento: _____________________________________________________________<br />

Dados Pessoais do Usuário Priorizado<br />

Nome: __________________________________________________ Telefone: _______________<br />

Data <strong>de</strong> nascimento.:___/____/___ Grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>:________________________________<br />

En<strong>de</strong>reço: ______________________________________________________ Nº____________<br />

Bairro:_________________________________________________________Área:____________<br />

ACS:_____________________________________<br />

NOME/MORADORES IDADE OCUPAÇÃO CONDIÇÃO DE SAÚDE<br />

Observações:______________________________________________________________________<br />

_________________________________________________________________________________<br />

_________________________________________________________________________________<br />

_________________________________________________________________________________<br />

_________________________________________________________________________________<br />

� Risco Biológico<br />

Critérios<br />

Avaliação <strong>de</strong> Risco<br />

1 – Indivíduos saudáveis<br />

2 – Indivíduos com uma única patologia crônica controlada<br />

3 – Indivíduos com duas ou mais patologias crônicas controladas ou com uma patologia sem controle<br />

a<strong>de</strong>quado<br />

4 – Indivíduos com duas ou mais patologias sem controle a<strong>de</strong>quado<br />

5 – Indivíduos acamados, transplantados (órgãos vitais) ou insulino <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

Nota <strong>de</strong> Risco Biológico (RB): ___________<br />

539


� Risco Social<br />

Critérios<br />

A. Renda Familiar: Renda per capita inferior a 1/2 salário mínimo vigente no país<br />

B. Congestionamento familiar excessivo presente: Relação nº morador/nº cômodos > 1<br />

C. Habitação <strong>de</strong> risco: Barracos, taipa, construções com materiais reaproveitáveis, entre outros<br />

D. Moradia em áreas <strong>de</strong> risco: Fundo <strong>de</strong> vale, regiões sujeitas a enchentes, acúmulo <strong>de</strong> lixo, áreas <strong>de</strong> encosta,<br />

assentamentos, invasões, etc.<br />

E. Violência Intrafamiliar: Abusos físicos, psicológicos, sexual, negligência, além do uso <strong>de</strong> drogas e álcool por<br />

parte dos cuidadores.(Verificar com ACS)<br />

F. Presença <strong>de</strong> crianças com ida<strong>de</strong> abaixo <strong>de</strong> 14 anos<br />

G. Crianças com cuidadores abaixo dos 12 anos<br />

H. Participação em programas sociais (Ex: Bolsa Família)<br />

I. Trabalho infantil<br />

J. Pessoa com incapacida<strong>de</strong> funcional para realizar ativida<strong>de</strong>s da vida diária sem cuidador<br />

Classificação do risco social da família<br />

1 Sem presença <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> Risco Social<br />

2 Presença <strong>de</strong> até 2 fatores <strong>de</strong> Risco Social<br />

3 Presença <strong>de</strong> até 4 fatores <strong>de</strong> Risco Social<br />

4 Presença <strong>de</strong> até 6 fatores <strong>de</strong> Risco Social<br />

5 Presença <strong>de</strong> 7 ou mais fatores <strong>de</strong> Risco Social<br />

Nota <strong>de</strong> Risco Social (RS): __________<br />

� Necessida<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (NB)<br />

Nota<br />

1<br />

Indivíduos sem necessida<strong>de</strong>s odontológicas<br />

Classificação das necessida<strong>de</strong>s bucais do usuário<br />

Condição encontrada<br />

Indivíduos que apresentem pelo menos um dos critérios abaixo:<br />

2 • Até 3 elementos <strong>de</strong>ntários cariados, sem envolvimento pulpar<br />

• Presença <strong>de</strong> gengivite e cálculo supragengival<br />

Indivíduos que apresentem pelo menos um dos critérios abaixo:<br />

3 • 4 ou mais elementos <strong>de</strong>ntários cariados, sem envolvimento pulpar<br />

• Cálculo supra e subgengival, com ou sem e mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntária (grau I 71 )<br />

Indivíduos que apresentem pelo menos dois dos critérios abaixo:<br />

4<br />

•<br />

•<br />

Até 3 elementos <strong>de</strong>ntários cariados, com envolvimento pulpar<br />

Cálculo supra e subgengival e presença <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> (grau II), com ou sem retração gengival<br />

• Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exodontias <strong>de</strong> 4 a 6 elementos <strong>de</strong>ntários <strong>de</strong>vido à cárie ou doença periodontal<br />

Indivíduos que apresentem pelo menos dois dos critérios abaixo:<br />

• 4 ou mais elementos <strong>de</strong>ntários cariados, com envolvimento pulpar<br />

5 • Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exodontia <strong>de</strong> 7 ou mais elementos <strong>de</strong>ntários <strong>de</strong>vido à cárie ou doença periodontal<br />

• Cálculo supra e subgengival e presença <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> (grau III) com ou sem retração gengival<br />

• Pacientes com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prótese total ou parcial anterior (com ausência <strong>de</strong> prótese)<br />

Nota <strong>de</strong> Necessida<strong>de</strong> <strong>Bucal</strong> (NB): _____<br />

NP/NF = RB+RS+NB<br />

3<br />

RESULTADO FINAL: _______<br />

71 Grau I – Mobilida<strong>de</strong> leve, até 1mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento vestíbulo-lingual.<br />

Grau II – Mobilida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada, até 2mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento vestíbulo-lingual.<br />

Grau III – Mobilida<strong>de</strong> severa, mobilida<strong>de</strong> > 2mm em todas as direções (vestíbulo-lingual , mésio-distal e vertical).<br />

540


Mês/Ano:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

APÊNDICE C - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES EXTRACLÍNICAS (AEC)<br />

USF: _____________________________________________________________<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

Mês/Ano:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

Mês/Ano:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

Data:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

ÁREA:<br />

ACS:<br />

TIPO:<br />

541


PREFEITURA PREFEITURA MUNICIPAL MUNICIPAL DE DE LONDRINA<br />

LONDRINA<br />

LONDRINA<br />

AUTARQUIA AUTARQUIA MUNICIPAL MUNICIPAL DE DE SAÚDE<br />

SAÚDE<br />

FICHA FICHA CLÍNICA CLÍNICA CLÍNICA ODONTOLÓGICA ODONTOLÓGICA PSF PSF / / / CEO<br />

CEO<br />

NOME: Nº ID. PAC./ HIGIA:<br />

DATA DE NASCIMENTO:<br />

ENDEREÇO:<br />

BAIRRO:<br />

USF:<br />

SEXO:<br />

ESTADO CIVIL:<br />

CIDADE – ESTADO:<br />

PROFISSÃO: ESCOLARIDADE:<br />

Nº CARTÃO SUS:<br />

TELEFONE:<br />

EQUIPE / MICROÁREA: ACS RESPONSÁVEL:<br />

ANAMNESE<br />

ANAMNESE<br />

ESTÁ EM TRATAMENTO MÉDICO? SIM NÃO QUAL?<br />

ESTÁ TOMANDO ALGUM MEDICAMENTO? SIM NÃO QUAL?<br />

TEM PROBLEMAS COM ALERGIA? SIM NÃO A QUE?<br />

APRESENTA DOENÇA INFECTO<br />

CONTAGIOSA?<br />

SIM NÃO QUAL?<br />

JÁ FOI HOSPITALIZADO? SIM NÃO POR QUÊ?<br />

JÁ TOMOU ANESTESIA? SIM NÃO TEVE COMPLICAÇÕES:<br />

PROBLEMAS RENAIS? SIM NÃO ESPECIFICAR:<br />

PROBLEMAS CARDÍACOS? SIM NÃO ESPECIFICAR:<br />

PROBLEMAS DIGESTIVOS? SIM NÃO ESPECIFICAR:<br />

PROBLEMAS NEUROLÓGICOS? SIM NÃO ESPECIFICAR:<br />

PROBLEMAS COM HEMORRAGIA? SIM NÃO ESPECIFICAR:<br />

PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS? SIM NÃO ESPECIFICAR:<br />

É DIABÉTICO? SIM NÃO É HIPERTENSO? SIM NÃO FUMA? SIM NÃO<br />

FAZ USO DE ÁLCOOL? SIM NÃO<br />

OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES:<br />

É DOADOR DE<br />

SANGUE?<br />

543<br />

SIM NÃO ESTÁ GRÁVIDA? SIM NÃO<br />

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO:<br />

EU (RESPONSÁVEL),_______________________________________________________________________________ AUTORIZO A<br />

REALIZAÇÃO DE TRATAMENTO ODONTOLÓGICO, COMTEMPLANDO TODAS AS INTERVENÇÕES E EXAMES<br />

NECESSÁRIOS, ASSIM COMO AUTORIZO A UTILIZAÇÃO EM APRESENTAÇÕES DOS TRABALHOS QUE FOREM<br />

REALIZADOS (SLIDES, FOTOGRAFIAS, RADIOGRAFIAS, MODELOS DE ESTUDO, ETC.).<br />

DATA:__________________ ASSINATURA:_____________________________________________<br />

PROFISSIONAL:________________________________________________


18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

DATA: ___/___/___<br />

ODONTOGRAMA<br />

OBS: _____________________________________________________________<br />

________________________________________________________________________<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

\\<br />

55 54 53 52 51 61 62 63 64 65<br />

85 84 83 82 81 71 72 73 74 75<br />

48 47 46<br />

45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38<br />

\\<br />

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DATA: ___/___/___<br />

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OBS: _____________________________________________________________<br />

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\\<br />

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\\<br />

544


APÊNDICE E - AUTORIZAÇÃO/ NÃO AUTORIZAÇÃO DE APLICAÇÃO DE<br />

CARIOSTÁTICO<br />

(DIAMINO FLUORETO DE PRATA)<br />

Eu, _______________________________________________________________<br />

responsável pelo(a) paciente__________________________________________________:<br />

( ) Autorizo a aplicação <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata nos <strong>de</strong>ntes ( ) anteriores ( )<br />

posteriores do mesmo (a) e estou ciente que este flúor po<strong>de</strong>rá levar ao escurecimento<br />

irreversível <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>ntes, na cor marrom ou preta. Fui informado(a) também que o objetivo<br />

<strong>de</strong>sta(s) aplicação(ões) é contribuir para paralisação <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária<br />

( ) Não autorizo a aplicação <strong>de</strong> diamino fluoreto <strong>de</strong> prata (cariostático). Estou<br />

ciente sobre a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> cárie neste caso.<br />

Assinatura:_________________________________________ Data ___/___/____<br />

545


ANEXO<br />

547


ANEXO A - FICHA DE NOTIFICACAO DO CENTRO DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO<br />

ADOLESCENTE<br />

N°<br />

(Campo exclusivo Centro <strong>de</strong> Proteção)<br />

1- DADOS DA CRIANÇA/ ADOLESCENTE:<br />

Nome:<br />

Data <strong>de</strong> Nasc: Ida<strong>de</strong>: Sexo: ( )M ( ) F<br />

Escolarida<strong>de</strong>: ( ) nenhuma ( )ed. Inf. ( ) ensino fund./ médio série: ( ) fora da<br />

escola<br />

Nome da Escola:<br />

Filiação:<br />

Mãe:<br />

Pai:<br />

Responsável:<br />

Turno:<br />

En<strong>de</strong>reço:<br />

Bairro:<br />

Região: ( ) norte ( ) sul ( ) leste ( ) oeste ( ) central ( ) rural Município:<br />

Ponto <strong>de</strong> referência: Fone(s):<br />

2- DADOS DA OCORRÊNCIA: Data do Ocorrido: ___/___/___<br />

Descrição do ocorrido/ motivo da suspeita:<br />

Tipo <strong>de</strong> violência/ suspeita: ( ) física ( ) psicológica ( ) abandono<br />

( ) sexual ( ) negligência<br />

Natureza da violência/ suspeita ( ) intrafamiliar ( ) extrafamiliar – Local:<br />

Existe algum tipo <strong>de</strong> lesão física<br />

aparente?<br />

Há indícios <strong>de</strong> violência sofrida<br />

anteriormente?<br />

Há suspeita <strong>de</strong> violência contra<br />

outros membros da família?<br />

Houve notificação anterior pela<br />

Unida<strong>de</strong>?<br />

( ) sim ( ) corte<br />

( ) hematomas<br />

( ) fraturas<br />

( ) queimaduras<br />

( ) outro/qual?<br />

Em que parte do corpo?<br />

( ) não<br />

( ) <strong>de</strong>sconhece ( ) não ( ) sim/qual:<br />

( ) <strong>de</strong>sconhece ( ) não ( ) sim/quem:<br />

( ) não ( ) sim Órgão acionado:<br />

3- DADOS DO PROVÁVEL AUTOR DA VIOLÊNCIA<br />

Relação com a criança/adolescente ( ) <strong>de</strong>sconhecido ( ) pai<br />

( ) autoagressão ( ) mãe<br />

( ) outro/especificar:<br />

Nome: ( ) Ignorado<br />

En<strong>de</strong>reço: Bairro:<br />

Município: Ida<strong>de</strong>: Sexo:<br />

4- PROCEDIMENTOS/ENCAMINHAMENTOS<br />

( ) Conselho Tutelar ( ) IML ( )Outros Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>/qual:<br />

( ) Hospital <strong>de</strong> Referência ( ) Centro <strong>de</strong> Proteção ( ) Programas da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Assist. Social/qual:<br />

( ) Delegacia <strong>de</strong> Polícia ( ) Outros/qual:<br />

Condutas/ intervenções<br />

imediatas<br />

Unida<strong>de</strong> Notificadora: Ficha enviada em: Fone:<br />

Responsável pelo preenchimento:<br />

549

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