revista_aguavai_4_5_2022
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ÍNDICE | SPIS TREŚCI
04
A COMUNIDADE UCRA-
NIANA EM PORTUGAL
07
SPOŁECZNOŚĆ UKRAIŃSKA
W PORTUGALII
Anita Tenizbaieva e
Bohdan Litkovets
Anita Tenizbaieva i
Bohdan Litkovets
09
ARMÉNIOS NO BRASIL
Monika Aramyan e
Natalia Król
18
ORMIANIE W BRAZYLII
Monika Aramyan i
Natalia Król
26
UM VISLUMBRE DE UMA
EUROPA DESCONHECIDA
Olga Poliszuk e
Patrycja Wiraszka
34
ZERKNIĘCIE NA
NIEZNANĄ EUROPĘ
Olga Poliszuk i
Patrycja Wiraszka
42
51
UM ANGOLANO EM
LUBLIN
Hubert Cristóvão e
Mariia Zan
POR QUE OS
ESTRANGEIROS VÃO
PARA PORTUGAL?
Kamila Grochocka
47
55
ANGOLCZYK W LUBLINIE
Hubert Cristóvão e
Mariia Zan
DLACZEGO
OBCOKRAJOWCY PRZY-
JEŻDŻAJĄ DO PORTUGALII?
Kamila Grochocka
32
59
À CONVERSA COM
PATRICIA PINTO
Lino Matos
64
ROZMAWIAM Z
PATRICIĄ PINTO
Lino Matos
69
DULIO OMAR MORENO
Natalia Harmasz
e Natalia Miętus
73
DULIO OMAR MORENO
Natalia Harmasz
i Natalia Miętus
79
90
102
OS FAMOSOS
DESCONHECIDOS
Aleksandra Kacprzak
e Dorota Goździk
OS PORTUGUESES FALAM
APENAS PORTUGUÊS?
Alicja Janielewicz
ATIVIDADES DO
CLP/CAMÕES EM LUBLIN
Alicja Janielewicz
84
94
103
ZNANI NIEZNANI
Aleksandra Kacprzak
i Dorota Goździk
DO OUTRO LADO
DA EUROPA
Alicja Janielewicz
DZIAŁALNOŚĆ CENTRUM
JĘZYKA PORTUGALSKIEGO
/CAMÕES
Alicja Janielewicz
18
102 - Atividades do CLP/Camões
em Lublin
103 - Działalność Centrum Języka
Portugalskiego/Camões
104 - Finalistas
INTRODUÇÃO
Caros leitores
Infelizmente têm nos vossos ecrãs
mais um número da Água Vai. E
dizemos infelizmente porque
gostaríamos que tivessem nas
mãos, em papel. Por razões alheias
à redação esta será mais uma
edição digital. É um número dedicado
quase exclusivamente ao
tema da migração. Vamos conhecer
histórias de vida marcadas
pela migração, perceber os motivos
que levam a emigrar e as
formas de mitigar a inevitável
saudade.
55
O ano letivo de 2020/2021 foi
diferente. E estranho. Por causa de
uma nova realidade a que todos
nos tivemos de adaptar. A pandemia
separou fisicamente as pessoas
mas por outro lado motivou o
uso de novos recursos que permitiram
unir em tempo real pessoas
de diferentes continentes. E isto
foi visível na maioria das atividades
que organizamos no CLP/
Camões em Lublin.
Um especial agradecimento aos
colaboradores deste número, os
finalistas de licenciatura e mestrado
em Linguística Aplicada (Inglês-
Português) e a doutoranda da UW,
Alicja Jancelewicz.
61
A redação
Anita Tenizbaieva e Bohdan Litkovets
Nos últimos 20 anos, a comunidade ucraniana em
Portugal tem vindo a crescer.
Neste momento, a mesma consiste em pelo
menos três dezenas de milhares de pessoas e é a terceira
maior comunidade imigrante no país, depois da diáspora
brasileira e cabo-verdiana.
Esta onda migratória teve o seu
início nos anos noventa do
século passado, com a dissolução
da União Soviética e a consequente
abertura das fronteiras
nacionais ucranianas. O colapso
da URSS foi muito doloroso para
os seus países-membros que
resultou numa onda de imigração
para a Europa. Este processo
Daria Volkova, Unsplash
teve o seu pico nos anos 2000
quando Portugal se tornou o anfitrião do campeonato da Europa de
futebol de 2004 e convidava mão-de-obra estrangeira para trabalhar.
Em 2011, em Portugal residiam cerca de 34.000 ucranianos, de acordo
com o último Censos Nacional disponível. Os distritos mais populares
são: Lisboa, Porto, Aveiro, Leiria, Santarém, Setúbal, Braga, Coimbra e
Faro.
Embora o fluxo migratório fosse predominantemente masculino, a
componente feminina tem vindo a aumentar de modo a equilibrar a
proporção de género, na maior parte das vezes por motivos de
reunificação familiar. De acordo com o mesmo Censos de 2011 as
mulheres constituíam 49.2% da população ucraniana residente em
Portugal, quando em 2001 a percentagem era apenas de 18.6%.
Os ucranianos, em média, são mais jovens do que os próprios portugueses.
A idade média dos
ucranianos em Portugal é de 34
anos, já a portuguesa é de 42.1
anos. O mesmo se aplica ao
nível educacional da faixa etária
entre 15 a 64 anos onde os
ucranianos também prevalecem.
A maioria dos ucranianos em
Portugal desempenham a
função de mão-de-obra barata
trabalhando nas áreas de
limpeza, construção, manufatura,
transportes, hotelaria e
serviços, especialmente a
geração adulta. No entanto, a
população mais jovem que veio
cedo para Portugal está a
conseguir encontrar trabalho
mais bem pago, mais de acordo
com as suas habilitações profissionais
e académicas.
Nestes 20 anos, os ucranianos
tiveram tempo não só de se
adaptarem aos costumes locais,
4
Anita Tenizbaieva e Bohdan Litkovets
mas também de criarem as suas próprias organizações culturais. Por
exemplo, a Associação dos Ucranianos em Portugal que organiza e
promove eventos relacionados com a preservação da identidade étnica
e cultura ucraniana.
Outro tipo de organismo que os ucranianos criaram em Portugal são
as chamadas escolas ucranianas. Estas consistem num método alternativo
para os ucranianos obterem a educação escolar além da escola
portuguesa. Na grande maioria das vezes, as crianças ucranianas
frequentam ambas as escolas, ou seja, de segunda a sexta frequentam a
escola portuguesa, já aos sábados, as mesmas escolas arrendam o seu
estabelecimento para os ucranianos, onde estes têm as suas aulas. A
educação lá é feita exclusivamente em ucraniano e onde se ensina com
as mesmas normas como no seu país natal. Estas escolas ajudam muito
as crianças ucranianas nos seus
estudos em Portugal e permitem
a preservação da identidade e
cultura ucraniana. As escolas
ucranianas também têm exames
nacionais e são consideradas
como uma extensão do sistema
educacional ucraniano, ou seja,
ao terminar este estabelecimento,
receber-se-á um diploma como
se tivesse terminado uma escola
na Ucrânia. Este diploma pode
ser utilizado para entrar num
estabelecimento de ensino
superior português após a sua
tradução.
Além disso, os ucranianos
conseguiram instalar vários
monumentos relacionados com a
história do seu país, tais como
placas em memória das vítimas
do Holodomor, da Centena
Celestial ou mesmo uma escultura
do escritor ucraniano Taras
Shevchenko em Lisboa.
Em 2008 foi também inaugurada
a Avenida da Ucrânia na cidade
de Lisboa. Este acontecimento
teve lugar durante a visita do
então presidente da Ucrânia
Viktor Yushchenko a Portugal,
como foi explicado, pela gratidão
do povo português à contribuição
dos ucranianos na construção
e desenvolvimento da cidade
e do país. Viktor Yushchenko
também mostrou o seu agradecimento
a Portugal por ser um dos
primeiros países a reconhecer o
Holodomor 1932-1933 como um
ato de genocídio do povo
ucraniano. Além disso, o presidente
propôs também em breve
fundar uma Associação
Sociocultural Ucraniana. Mais
tarde, em Lisboa, foi criada a
instituição "Lado a Lado". Neste
momento, em Portugal existem
5
revista água vai
“
PORTUGAL É VISTO
ENTRE OS UCRANIA-
NOS COMO UM PAÍS
AMIGÁVEL E TOLERAN-
TE, COMPROVANDO
ASSIM O SEU ESTATU-
TO DE SER UM DOS
PAÍSES MAIS PACÍFI-
COS DA EUROPA.
”
Anita Tenizbaieva e Bohdan Litkovets
14 associações da comunidade
ucraniana em diversas
cidades como Lisboa, Porto,
Braga e Faro.
Portugal é visto entre os
ucranianos como um país
amigável e tolerante, comprovando
assim o seu estatuto de
ser um dos países mais
pacíficos da Europa. Portugal,
e em particular Lisboa, estão a
tornar-se lugares multiculturais
e multinacionais onde
convivem em paz múltiplas
nacionalidades, cada uma
com os seus costumes e algo
para oferecer a Portugal.
ANITA TENIZBAIEVA
Foi um prazer fazer este trabalho.
Nascida no Cazaquistão, compreendo
o quão é difícil deixar uma marca
cultural noutro país. Adoro viajar e
conhecer novas pessoas.
BOHDAN LITKOVETS
Tive a oportunidade de viver em quatro
países e conhecer uma grande diversidade
de hábitos e costumes. Conhecedor
de várias línguas, o âmago da minha
paixão é a língua portuguesa.
6
revista água vai
Anita Tenizbaieva i Bohdan Litkovets
W ciągu ostatnich 20 lat społeczność ukraińska w Portugalii
rozrastała się. Obecnie liczy ona co najmniej trzydzieści tysięcy
osób i jest trzecią co do wielkości wspólnotą imigrantów w kraju,
po diasporze brazylijskiej i Zielnego Przylądku.
Ta fala migracyjna rozpoczęła się w latach 90. wraz z rozpadem
Związku Radzieckiego i związanym z tym otwarciem ukraińskich
granic państwowych. Upadek ZSRR był bardzo bolesny dla krajów
wchodzących w jego skład, co spowodowało falę imigracji do Europy.
Proces ten osiągnął szczyt na początku XXI wieku, kiedy Portugalia
stała się gospodarzem Mistrzostw Europy w piłce nożnej w 2004 r. i
zaprosiła do pracy zagranicznych pracowników. W 2011 roku, około
34 000 Ukraińców mieszkało w Portugalii, według ostatniego dostępnego
Narodowego Spisu Powszechnego. Do najpopularniejszych
dzielnic należą: Lizbona, Porto, Aveiro, Leiria, Santarém, Setúbal,
Braga, Coimbra i Faro.
Chociaż przepływ migracyjny był w przeważającej mierze męski,
komponent żeński wzrastał w celu zrównoważenia proporcji płci,
głównie z powodu łączenia rodzin. Według tego samego spisu z 2011
r. kobiety stanowiły 49,2% ludności ukraińskiej mieszkającej w
Portugalii, podczas gdy w 2001 r. odsetek ten wynosił zaledwie 18,6%.
Ukraińcy są przeciętnie młodsi od samych Portugalczyków. Średnia
wieku Ukraińców w Portugalii wynosi 34 lata, podczas gdy
Portugalczyków - 42,1 lat. Podobnie jest z poziomem wykształcenia w
grupie wiekowej 15-64 lata, gdzie również przeważają Ukraińcy.
Większość Ukraińców w Portugalii pełni funkcję taniej siły roboczej,
pracując przy sprzątaniu, budownictwie, produkcji, transporcie,
hotelarstwie i usługach, zwłaszcza dorosłe pokolenie. Jednakże
młodszej populacji, która wcześnie przybyła do Portugalii, udaje się
znaleźć lepiej płatną pracę, bardziej odpowiadającą ich kwalifikacjom
zawodowym i akademickim.
W ciągu tych 20 lat Ukraińcy mieli
czas nie tylko na dostosowanie się
do lokalnych zwyczajów, ale
także na stworzenie własnych
organizacji kulturalnych. Na
przykład, Związek Ukraińców w
Portugalii, który organizuje i
promuje wydarzenia związane z
zachowaniem ukraińskiej
tożsamości etnicznej i kultury.
Innym rodzajem organizacji, które
Ukraińcy stworzyli w Portugalii,
są w. szkoły ukraińskie.
Stanowią one dla Ukraińców
alternatywną metodę zdobywania
wykształcenia szkolnego poza
szkołą portugalską. W większości
przypadków dzieci ukraińskie
uczęszczają do obu szkół, n. od
poniedziałku do piątku
uczęszczają do szkoły portugalskiej,
w soboty te same szkoły
wynajmują Ukraińcom swoje
pomieszczenia, gdzie mają zajęcia.
Edukacja odbywa się tam
wyłącznie w języku ukraińskim,
gdzie uczą się według tych
samych standardów, co w ich
ojczystym kraju. Szkoły te bardzo
pomagają ukraińskim dzieciom w
nauce w Portugalii i pozwalają na
zachowanie ukraińskiej
tożsamości i kultury. Szkoły
ukraińskie przeprowadzają
również egzaminy państwowe i
są uważane za przedłużenie
ukraińskiego systemu
edukacyjnego, n. po ukończeniu
tej placówki otrzymuje się
dyplom, tak jakby się ukończyło
szkołę na Ukrainie. Po
przetłumaczeniu tego dyplomu
można go użyć, aby dostać się do
portugalskiej szkoły wyższej.
Ponadto, Ukraińcom udało się
umieścić kilka pomników
7
zaproponował, aby wkrótce
założyć Ukraińskie
Stowarzyszenie Społeczno-
Kulturalne. Później, w
Lizbonie, powstała instytucja
"Lado a Lado". Obecnie w
Portugalii istnieje 14
stowarzyszeń społeczności
ukraińskiej w kilku miastach,
takich jak Lizbona, Porto,
Braga i Faro.
Portugalia jest postrzegana
przez Ukraińców jako kraj
przyjazny i tolerancyjny, co
potwierdza jej status jednego
z najbardziej pokojowych
państw w Europie.
Portugalia, a w szczególności
Lizbona, stają się miejscami
wielokulturowymi i
wielonarodowościowymi,
gdzie wiele narodowości żyje
razem w pokoju, a każda z
nich ma swoje własne
zwyczaje i coś do
zaoferowania Portugalii.
Anita Tenizbaieva i Bohdan Litkovets
związanych z historią ich kraju, takich jak tablice
upamiętniające ofiary Hołodomoru, Niebiańskiej Setki czy
nawet rzeźbę ukraińskiego pisarza Tarasa Szewczenki w
Lizbonie.
W 2008 roku zainaugurowano również Aleję Ukraińską w
Lizbonie. Wydarzenie to miało miejsce podczas wizyty
ówczesnego prezydenta Ukrainy Wiktora Juszczenki w
Portugalii, jak wyjaśniono, przez wdzięczność Portugalczyków
do wkładu Ukraińców w budowę i rozwój miasta i kraju.
Wiktor Juszczenko podziękował również Portugalii za to, że
jako jedno z pierwszych państw uznała Hołodomor 1932-1933
za akt ludobójstwa narodu ukraińskiego. Ponadto prezydent
Anita Tenizbaieva
To była przyjemność
wykonywać tę pracę.
Urodzona w Kazachstanie,
rozumiem jak trudno jest
pozostawić po sobie ślad
kulturowy w innym kraju.
Uwielbiam podróżować i
poznawać nowych ludzi.
Bohdan Litkovets
Miałam okazję mieszkać w 4
krajach i poznać ogromną
różnorodność zwyczajów i
obyczajów. Znam kilka
języków, ale moją pasją jest
język portugalski.
8
Catherine Kachvartanian
Arménios no Brasil
Monika Aramyan e Natalia Król
9
revista água vai
A
população de origem arménia é um grupo bastante
importante de imigrantes no Brasil. Há cerca de
cem mil. Um grande grupo vive em São Paulo onde
existem escolas especiais, escritórios, igrejas e lojas para esta
população. Há até mesmo uma estação de metro chamada
Armênia. Outro lugar com uma grande comunidade arménia é
o Rio de Janeiro e Uberaba.
Alguns brasileiros, de ascendência arménia, tornaram-se famosos nas
artes, na política, e nos desportos tais como: o senador Pedro Pedrossian,
a atriz Aracy Balabanian, o ator e político Stepan Nercessian, o cantor
Fiuk (Filipe Kartalian), o jogador de futebol Marcelo Djian, o preparador
físico Fábio Mahseredjian, o lutador de MMA Daniel Sarafian e o cantor
lírico Jorge Durian.
Como não é difícil encontrar representantes deste grupo, decidimos
entrevistar algumas pessoas para conhecer exatamente a sua história, o
que as trouxe ao Brasil ou se sentem falta da Arménia. Devido ao facto de
que o progresso tecnológico é muito avançado, estabelecemos contactos
no Facebook num um grupo especial para arménios. Os voluntários
mostraram-se tão gentis que ficaram felizes em responder a perguntas e
anexar fotos, que temos o prazer de compartilhar com vocês.
Na entrevista participaram as pessoas de idades e origens diferentes:
è Denise Kherlakian Zadikian (55) - casada com um arménio do
Brasil e tem quatro filhos. Três filhos moram em Erevan.
è Anush Barseghyan (meia-idade) - Estilista. Tem o seu atelier. É
casada com um brasileiro e tem duas filhas.
è Catherine Kachvartanian (26) - formada em Administração, trabalha
como Brazil Country Coordinator no Picsart, em Erevan - Arménia
há 2 anos.
è Daniel Deranian Kraszny (24) - advogado e mora em São Paulo.
è Sueli Salibian (71) - Nasceu no Rio de Janeiro, mora em Roma, é
viúva há 6 anos. É aposentada. Formou-se em Mediação Inter-cultural
em Roma. Não tem filhos.
è Vartine Bohjalian Kalaydijian (meia-idade) – Ela é de São Paulo.
Representa Hamazkayin, Hay Tad, o programa arménio na televisão
brasileira.
è Aní Christina Ajabahian (meia-idade) - Descendente de arménios.
É psicóloga e professora infantil, diretora no Clube Arménio e no
Hamazkayin.
è Regina Kurdoglian Jones (meia-idade) - Nasceu e morou no Brasil
até se casar com um americano. Emigrou para os Estados Unidos.
Tenda estudado línguas no Brasil, passou a lecionar Inglês para estrangeiros
numa escola pública.
Durante treze anos, ajudou
alunos de outras nacionalidades
a começarem as suas vidas aqui
nos Estados Unidos. Com o
advento da pandemia e a volta às
aulas presenciais, passou a
lecionar Inglês como Segunda
Língua para brasileiros (online).
Escolhemos as respostas mais
interessantes para cada pergunta.
Vamos começar aqui.
1. Por que mora no Brasil? Conte
a sua história, a história da sua
família.
Denise Kherlakian Zadikian:
Moro no Brasil porque sou
descendente da diáspora. Meus
avós vieram refugiados do
genocídio de 1915. Meus avós
vieram de navio, como muitos
armênios. Eram de Marash. (hoje
Turquia) Meu bisavô, em Marash
era politico, e em 1915 em Marash
foi degolado e sua cabeça exibida
em praça pública, pelos turcos.
Anush Barseghyan: Eu sou da
Armênia, de Erevan. Com a
minha família nos mudamos
para Argentina, Buenos Aires no
ano 2001. Então conheci um
brasileiro há 9 anos me casei e
mudei para o Brasil. Minha
família continua morando em
Buenos Aires.
Daniel Deranian Kraszny: Eu
moro no Brasil pois meus tataravós
maternos vieram da Armênia,
fugindo do genocídio e meus avós
paternos fugiram da Alemanha,
durante a segunda guerra mundial.
Ou seja, sou metade armênio e
metade alemão.
10
revista água vai
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Não tive opção. Nasci aqui. Meu avô
por parte de pai nasceu na Cesareia e ficou órfão aos 5 anos, foi levado
para o Egito. A mãe do meu pai era filha do prefeito de Kharpert.
Quando souberam que os turcos estavam chegando, meu bisavô
matriculou ela no colégio alemão que depois virou o orfanato do Near
East Relief. A mãe dela ficou viúva, e um turco queria “casar” com ela.
Ela tomou veneno, disse que ia ver os filhos mais uma vez, e foi até a
escola. As freiras deixaram ela em uma sala abraçada com os filhos até
morrer. Minha avó também foi parar no Egito e conheceu meu avô.
Por parte de mãe, meu bisavô era de Adana e minha bisavó era de
Hadjin. Eles se conheceram na Grécia. Moravam em um pequeno
vilarejo na ilha de Evia e minha avó não vendo futuro para os filhos lá,
uma vez que a balsa ia apenas uma vez por semana, veio para o Brasil.
Aqui meus pais se conheceram e eu nasci. Temos planos, eu, meu
marido e meus filhos de nos mudarmos para a Armênia, mas daqui a
alguns anos.
Aní Christina Ajabahian: Nasci no Brasil, meus avós maternos vieram
da Armênia, quando ainda eram crianças fugidos do genocídio, minha
bisavó contava muitas histórias, inclusive que as mulheres ficavam
chamando os maridos e quando fugiam traziam a chave de casa junto.
É uma história muito triste, mas os turcos não conseguiram acabar com
os armênios, estamos vivos para provar isso e continuamos ensinando
as tradições para as crianças porque assim continuamos a nossa
história. Meus avós paternos vieram do Líbano, moraram lá até a
adolescência do meu pai e do meu tio.
Regina Kurdoglian Jones: Eu não moro no Brasil. Moro nos Estados
Unidos. Nasci no Brasil e morei por 38 anos em São Paulo. Embora eu
tenha nascido no Brasil, descendo de famílias armênias de ambos os
lados, e ao longo da minha vida, ouvi de meus avós que eles foram
expulsos de sua terra natal quando eram crianças, que viram seus pais
morrerem pelas mãos dos turcos. Relatavam o ódio que os turcos
tinham contra os armênios, contra o cristianismo. Fui criada vendo
meu avô chorar todas as noites contando-nos suas passagens de
infância, quando aos sete anos ele e sua irmã de cinco tiveram que
deixar a mãe morta na neve e fugir da morte sob as ameaças turcas
logo após a perda do pai. A minha avó paterna contava que teve que
esconder o filho (meu pai) em um navio para não tê-lo jogado no oceano.
A minha avó materna contava que, enquanto mantinham seu pai
escondido no sótão da casa, ela, sua irmã e sua mãe diziam que ele havia
saído para lutar na guerra. Infelizmente ele morreu no sótão e elas
tiveram que fugir. Enterraram suas joias no quintal (ele era joalheiro) e
fugiram para a Grécia e depois para o Brasil. Quando adolescente, eu e
minha irmã íamos todo dia 24 de abril até uma embaixada turca com um
grupo de adolescentes armênios para manifestar meu descontentamento
pelo não reconhecimento do genocídio de 1915.
Sueli Salibian: Meu pai chegou
no Brasil depois do genocídio.
Meu pai, Garabet Salibian, nasceu
em Marash no ano de 1902.
Depois do genocídio foi para o
Brasil, antes passando pela Síria.
No Brasil começou sua vida no
Paraná para depois ir para o Rio
de Janeiro onde morou até 1985,
ano de sua morte.
Catherine Kachvartanian: Meus
bisavós foram parar no Brasil
fugindo do Genocídio Armênio.
Um dos meus avôs, por parte de
pai, nasceu na Síria, depois foi
com a família para Paris e só
depois foram para o Brasil.
2. Fala arménio?
Catherine Kachvartanian: Estou
aprendendo agora, aqui na
Armênia.
Anush Barseghyan: Eu falo
armênio sim.
Vartine Bohjalian Kalaydijian:
Falo fluentemente o armênio
ocidental e oriental, leio e
escrevo, meu marido também e
meus filhos também.
Regina Kurdoglian Jones: Falo
armênio básico. Estudei até a
terceira série no Externato José
Bonifácio (escola armênia em São
Paulo). Meus avós que falavam
armênio connosco faleceram
quando éramos adolescentes.
Os outros falam e entendem
somente poucas palavras.
11
Vartine Bohjalian Kalaydijian
3. Preocupa-se com as tradições na sua família?
Aní Christina Ajabahian: Sim, gosto muito de seguir as tradições e de
estar envolvida com a armenidade, sou diretora do Clube Armênio e
do Hamazkayn Brasil (que é 1 entidade cultural).
Regina Kurdoglian Jones: Sim. Meus sobrinhos estudaram armênio,
frequentam o Clube Armênio e conhecem a Armênia.
Catherine Kachvartanian: Sim, por isso estou tentando aprender a
língua para poder passar para meus filhos, além de outras tradições.
Daniel Deranian Kraszny: Na minha família, infelizmente,
preservamos pouquíssimas tradições. Mas ainda frequento o clube
armênio, consumo comida armênia e ouço músicas armênias com
frequência.
Sueli Salibian: As tradições armênias são um tesouro para preservar.
Os outros disseram que tentam manter as tradições e preocupam-se
com isso.
4. Quer que seus filhos se lembrem das suas raízes?
Denise Kherlakian Zadikian: Sim, eu quero que meus filhos
reconheçam e nunca se esqueçam de suas raízes.
“
EU LEVO A CULTURA
ARMÊNIA PARA TODOS
AO MEU REDOR,
INCLUSIVE AMIGOS,
QUE PASSARAM A SER
FÃS DA ARMÊNIA.
”
Anush Barseghyan: Sim. claro.
Eu tento ensinar minhas filhas a
falar armênio. Coloco música
armênia. Ensino a dançar.
Daniel Deranian Kraszny: Eu
levo a cultura Armênia para
todos ao meu redor, inclusive
amigos, que passaram a ser fãs
da Armênia.
Sueli Salibian: Não tive filhos
mas acabo de escrever um livro
auto-biográfico para que meus
sobrinhos e outros descendentes
12
revista água vai
conheçam um pouco da história de meu pai.
Vartine Bohjalian Kalaydijian: É dever e obrigação deles!
Os outros responderam que obviamente querem ensinar os seus
filhos sobre raízes armênias.
5. O que sente falta no Brasil?
Vartine Bohjalian Kalaydijian: De relações mais estreitas com a
pátria e de um meio ambiente mais propício para a educação dos
meus filhos. Estamos muito longe fisicamente o que influencia nas
pessoas de forma negativa.
Aní Christina Ajabahian: Do reconhecimento do genocídio.
Regina Kurdoglian Jones: Falta de uma vida mais familiar armênia.
Denise Kherlakian Zadikian: Sinto falta de programas culturais da
Armênia aqui no BRASIL.
Anush Barseghyan: De uma comunidade armênia. Eu moro no Rio
de Janeiro. Então aqui não tem quase nada de armênios. Tem só
alguns descendentes, que não têm contato uns com outros.
Catherine Kachvartanian: Sinto falta de que ensinem mais sobra a
Armênia nas escolas, falem mais sobre a Armênia em geral, a cultura...
pois muita gente no Brasil acha que armênios e turcos são a
mesma coisa, por exemplo...
Daniel Deranian Kraszny: Como moro em São Paulo, creio que
consigo suprir a falta que sinto de outros lugares, pela vasta variedade
cultural.
Sueli Salibian: Hoje vivo na Itália porque fui casada com um italiano.
Do Brasil sinto falta dos amigos, a maioria descendentes de armênios.
6. O que há de melhor no Brasil e o que há de melhor na Arménia?
Denise Kherlakian Zadikian: Brasil a liberdade de expressão e
respeito entre os povos de diferentes etnias. Armênia o melhor é a
segurança, vida de custo baixo, e a cultura viva em cada esquina.
Anush Barseghyan: Cada país tem seus lados bons e ruins. Aqui eu
gosto muito da natureza. As praias. As pessoas são bem alegres. Aqui
é mais fácil de ter trabalho. Uma das coisas pela qual um armênio
deixa a Armênia é por falta de trabalho. E por causa da guerra. Para
seu filho não ser morto na fronteira. Eu adoro a Armênia. Tenho
“ NO BRASIL O
MELHOR É A PAZ,
AS PESSOAS DOR-
MEM E SABEM
COMO VÃO ACOR-
DAR NO DIA
SEGUINTE. NUNCA
EXISTE O MEDO
DA GUERRA, APE-
NAS INCERTEZAS
ECONÓMICAS,
MAS EXISTEM
OPORTUNIDADES
PARA TODOS.
NA ARMÊNIA...
EXISTE A NOSSA
ESSÊNCIA, O
CALOR DO POVO,
A SENSAÇÃO DE
PERTENCIMENTO ”
13
revista água vai
“
NÃO NASCI NA
ARMÊNIA MAS FOI
A ARMÊNIA QUE
NASCEU EM MIM.
”
Vartine Bohjalian Kalaydijian:
No Brasil o melhor é a paz, as
pessoas dormem e sabem como
vão acordar no dia seguinte.
Nunca existe o medo da guerra,
apenas incertezas económicas,
mas existem oportunidades para
todos. Na Armênia... existe a
nossa essência, o calor do povo,
a sensação de pertencimento, a
segurança nas ruas.
Aní Christina Ajabahian: No
Brasil a tradição e a cultura
armênia passadas de geração
para geração. Na Armênia o
povo acolhedor.
Vartine Bohjalian Kalaydijian
muito boas lembranças. Sinto falta da nossa comida. Das nossas frutas
frescas. Que pegávamos das árvores e comíamos.
Catherine Kachvartanian: No Brasil o que há de melhor é a diversidade,
a mistura de povo, as diferentes culturas, tradições, além das praias
e das comidas. Na Armênia o que há de melhor é a segurança e o
sentimento de morar em uma grande cidade onde todos são família,
mesmo em Erevan.
Daniel Deranian Kraszny: O Brasil é um país em que se pode encontrar
tudo e não há conflitos internacionais, então temos paz aqui. A
Armênia possui uma cultura extremamente forte e um nacionalismo
apaixonante.
Sueli Salibian: No Brasil o espírito de acolhimento. Ainda não tive o
privilégio de conhecer a amada Armênia.
Regina Kurdoglian Jones: No
Brasil, a paz entre os povos
vizinhos; na Armênia, tirando os
conflitos com os países vizinhos,
tudo é maravilhoso!
7. Tem alguma foto em vestido
tradicional ou durante celebrações
do tipo arménio?
(Ver fotos do artigo)
8. O que significa a identidade
arménia para si?
Denise Kherlakian Zadikian: A
identidade armênia é tudo o que
eu sou, e tudo que vivo em
casa… nas músicas, na dança, na
cultura, nas comidas e na
religiosidade.
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Anush Barseghyan: Eu tenho orgulho de ser armênia. Não importa onde eu morar. Sempre vou ser armênia.
Catherine Kachvartanian: Significa ser descendente de guerreiros, de um povo muito forte e muito
injustiçado, porém feliz.
Daniel Deranian Kraszny: Significa resistência de um povo perseguido até os dias atuais.
Sueli Salibian: Não nasci na Armênia mas foi a Armênia que nasceu em mim.
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Para mim significa a pessoa SENTIR-se armênia. Quando alguém perguntar
na rua: O que você é?? Ela responda: SOU ARMÊNIA!!! Morro quando escuto alguém dizer: SOU NETO DE
ARMÊNIOS, então… você já não é mais???
Aní Christina Ajabahian: A prova que os turcos falharam.
Regina Kurdoglian Jones: Significa raiz profunda, muita cultura, amor pelo Monte Ararat e por toda a
região e muita alegria!
9. Na sua opinião, quais são as semelhanças e as diferenças entre os arménios e os brasileiros?
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Praticamente nenhuma. “Ler u Tsor” como diz a expressão armênia (Montanhas
e Vales), ou seja, grandes contrastes. Os armênios possuem valores, se te dão a palavra, eles vão
cumprir. Um brasileiro fala pra você: “Venho amanhã.” (Ele não apenas não vem, mas esquece de te avisar
que não virá). Podemos dizer apenas que os dois povos gostam de viver a vida, fazer churrascos, e dançarem,
cada um no seu próprio estilo.
Aní Christina Ajabahian: Semelhança a garra do povo e diferença é que os armênios são mais acolhedores
e respeitadores.
Regina Kurdoglian Jones: Muito pouca semelhança. Acho que mais se assemelham pela cultura da limpeza.
Ambos os países têm essa cultura.
Anush Barseghyan: Na minha opinião é o respeito à família. Os
brasileiros gostam de se casar e formar família. Igual que os armênios.
E são muito religiosos. Brasileiro é mais liberal. Armênia é mais
fechada.
Catherine Kachvartanian: A semelhança é a hospitalidade e o "jeitinho
brasileiro" que também se aplica ao "jeitinho armênio". Diferenças são
muitas, os brasileiros são mais mente aberta, mais festeiros, muito
menos conservadores.
Daniel Deranian Kraszny: Os armênios são felizes e solidários, como
os brasileiros. Contudo, acho que os brasileiros levam as coisas com
mais leveza e os armênios possuem mais orgulho do país. Os brasileiros
reclamam demais do Brasil, mas o país é incrível, em todos os
sentidos.
Withsonya, Pexels
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revista água vai
Tatev, Arménia
Norayr Grigoryan, Unsplash
10. Na cultura arménia, algumas pessoas pensam que o arménio só se
devia casar com outro arménio para preservar a nossa identidade. O
que acha disso?
Denise Kherlakian Zadikian: Sim, eu acho que os jovens devem se casar
entre si. Só assim, existirá preservação da nossa cultura e nossas tradições.
Anush Barseghyan: Bom, eu me casei com brasileiro. Então eu acho
que as pessoas devem se casar com a pessoa que amam de verdade
sem importar a nacionalidade. As mulheres muitas vezes preferem se
casar com homens de outras nacionalidades porque os armênios da
Armênia têm mente muito fechada. São machistas.
Catherine Kachvartanian: Acho que é uma besteira. Sou casada com
um brasileiro que veio morar comigo na Armênia e tenho certeza que
em nossa casa a cultura e identidade armênia será sempre lembrada,
porém é importante saber que não existe APENAS a cultura armênia
no mundo e que todas as culturas e tradições devem ser igualmente
respeitadas.
Daniel Deranian Kraszny: Creio que isso ficou para trás, até porque
hoje em dia, vivendo em outro país sem ser a Armênia, acaba se
tornando difícil de encontrar o amor da sua vida da mesma etnia.
Sueli Salibian: As pessoas se casam por amor, independente da
origem. Conheço pessoas não armênias que se casaram com armênios
e que são mais armênias que os próprios armênios.
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Veja, eu concordo, tanto é que assim o
fiz. Mas também conheço amigos armênios que casaram com brasileiras
e as esposas são mais armênias do que eles. Talvez devêssemos agir
como os Judeus, transformando os “odars” em nossa própria gente.
Mas deveríamos estar preparados para isso e com um propósito, senão
fica bem fácil se diluir, principalmente em um país como o Brasil, onde
não existem diferenças religiosas
marcantes como no oriente
médio. Minha mãe sempre me
explicava: “Filha, você não é
obrigada a casar com armênio,
mas você precisa entender que já
existem tantos motivos para um
casal discordar, imagine você
dividindo uma vida com uma
pessoa que não valoriza as
mesmas datas que você, que não
quer frequentar a mesma igreja,
que não gosta das mesmas
comidas e não entende a língua
que seus pais falam. Você acha
justo todo mundo na sua casa
mudar a forma de ser por causa
de uma escolha que você faz??”
Minha mãe estava certa, por que
eu JAMAIS poderia ter a família
que eu criei pra mim hoje se meu
esposo não pensasse como eu.
Aní Christina Ajabahian: Eu
acho que para preservar a nossa
cultura e identidade isso é
importante, mas também acho
que se casar com alguém que
não seja armênio, mas que vai
respeitar e preservar a cultura e a
identidade tudo bem.
Regina Kurdoglian Jones: Acho
que com a diáspora, fica muito
complicado seguir essa norma.
11. Do que gosta ou não gosta
na cultura arménia?
Vartine Bohjalian Kalaydijian:
Tudo! Somos bravos, valentes,
temos história, orgulho, trabalhadores,
em todos os países que
fomos sempre nos viram como
construtores. Somos bons
anfitriões, inteligentes, inovadores,
não tem o que não gostar.
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Bem na verdade, uma coisa... a falta de trabalho de equipa.. Já notou
que na Arménia os únicos desportos de sucesso são individuais??
Nossa realidade de hoje mostra que temos dificuldade em nos reunirmos
e trabalharmos de forma coesa e como grupo. A Armênia é um país que
forma líderes apenas, mas o líder precisa ter seguidores.
Aní Christina Ajabahian: Gosto de tudo: danças, comidas típicas,
comemorações, etc… Não gosto de rememorar o genocídio porque é
muito triste.
Denise Kherlakian Zadikian: Eu adoro as danças, a culinária, e as
músicas. O que me deixa triste não tem nada haver com a cultura, é a
guerra, as injustiças políticas de lá e conflitos com países vizinhos.
Anush Barseghyan: Adoro a nossa música, nossa comida, a nossa
história. Bom, eu saí da Armênia já faz muito tempo então eu acho que
alguns tradições estão mudando. Alguns hábitos machistas. Por
exemplo que a mulher tem que se casar virgem e depois mostram o
lençol para os parentes para confirmar a virgindade da mulher.
Catherine Kachvartanian: Gosto desse sentimento de família, de um
ajudar o outro, de sempre que se encontram em qualquer lugar no
mundo vira uma família! O que não gosto é dessa mentalidade
retrógrada e conservadora que ainda existe e muito aqui e em todas as
comunidades armênias no mundo!
Monika Aramyan: Olá! Sou a
Monika e moro na Polónia, mas a
minha etnia é arménia. Adoro a
cultura e história da Arménia. Eu
estudo Linguística Aplicada (inglês
e português). Adoro aprender
línguas. Também aprendo espanhol
e sei um pouco de russo. Os meus
outros interesses são cozinhar ou
conhecer outras culturas. Trabalho
como professora de inglês e ensino
crianças. No futuro adoraria visitar
Portugal e o Brasil.
Daniel Deranian Kraszny: As músicas armênias, que se assemelham
com as músicas árabes mas possuem alguns tons diferentes.
Sueli Salibian: Procuro ver sempre o lado positivo da cultura armênia.
Que é muito mais importante que qualquer eventual defeito.
Regina Kurdoglian Jones: Acho que tudo que vem da cultura armênia
me encanta muito. Não lembro de nada que me desagrade.
Como vocês podem ver, apesar do facto de muitos deles nem sequer terem
nascido na Arménia, eles tentam preservar as tradições. Apesar de terem
nascido e vivido num país tão distante de sua pátria, o Brasil, eles sentem-se
arménios e a sua identidade nacional é muito importante para eles. Cada
história das famílias dos nossos protagonistas é única e bela, mas elas são
marcadas pela tragédia do genocídio, exceto por uma pessoa cuja família
emigrou por razões económicas. Podemos ver neles a força e a determinação
dos seus ancestrais que conseguiram encontrar asilo tão longe quanto o Brasil.
Estas histórias são tão interessantes que poderiam ser a inspiração para um
livro. Somos muito gratos a todos os que nos ajudaram com este projeto e
esperamos que através dele muitas pessoas aprendam sobre a história dos
arménios. Assim como eles cuidam da memória dessas histórias no Brasil, nós
também queremos comemorá-las na Polónia.
Natalia Król: Olá, o meu nome é
Natalia e tenho 24 anos. Eu moro
em Lublin, Polónia. Adoro
aprender línguas estrangeiras, e o
português é uma das minhas
favoritas! Eu também falo inglês e
espanhol. No meu tempo livre,
gosto de ler poemas, viajar e
cozinhar. Atualmente estou
ensinando inglês a crianças. Que
tempo maravilhoso passo com os
pequenos! Eu gosto de escrever e
entrevistar pessoas, mas no futuro,
gostaria de me tornar uma tradutora
profissional e viver em algum
país caloroso e amigável :)
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Ormianie
w Brazylii
Monika Aramyan i Natalia Król
Ludność pochodzenia ormiańskiego
jest bardzo silną
grupą imigrantów w Brazylii.
Jest ich około stu tysięcy. Wielu
z nich mieszka w São Paulo,
gdzie istnieją specjalne szkoły,
urzędy, kościoły i sklepy dla
Ormian. Jest tam nawet stacja
metra o nazwie Armenia. Innym
miejscem z dużą społecznością
ormiańską jest Rio de Janeiro i
Uberaba.
Niektórzy Brazylijczycy pochodzenia
ormiańskiego stali się znani
w takich dziedzinach jak: sztuka,
polityka i sport, oto niektórzy z
nich: senator Pedro Pedrossian,
aktorka Aracy Balabanian, aktor i
polityk Stepan Nercessian,
piosenkarz Fiuk (Filipe
Kartalian), piłkarz Marcelo Djian,
Catherine Kachvartanian
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revista água vai
trener sportowy Fábio Mahseredjian, zawodnik
MMA Daniel Sarafian i śpiewak operowy Jorge
Durian.
Z racji tego, że nie jest trudno znaleźć
przedstawicieli tej grupy, postanowiliśmy
przeprowadzić wywiady z kilkoma osobami, aby
poznać dokładnie ich historię, dowiedzieć się, co
sprowadziło ich do Brazylii i czy tęsknią za
Armenią. W związku z tym, że postęp
technologiczny jest bardzo zaawansowany,
nawiązaliśmy kontakt z nimi na Facebooku na
specjalnej grupie dla Ormian. Wolontariusze byli
tak mili, że chętnie odpowiadali na pytania i
załączali zdjęcia, którymi mamy przyjemność się
z Państwem podzielić.
W wywiadzie uczestniczyły osoby w różnym
wieku i o różnych doświadczeniach życiowych:
è Denise Kherlakian Zadikian (55) - zamężna z
Ormianinem z Brazylii, ma 4 dzieci. Trójka dzieci
mieszka w Erywaniu.
è Anush Barseghyan (w średnim wieku) -
projektantka mody. Posiada własne atelier. Jest
żoną Brazylijczyka i ma 2 córki.
è Catherine Kachvartanian (26) - absolwentka
Business Administration, od 2 lat pracuje jako
Brazil Country Coordinator w Picsart, w
Erywaniu - Armenia.
è Daniel Deranian Kraszny (24) - prawnik,
mieszka w São Paulo.
è Sueli Salibian (71)-urodzona w Rio de Janeiro,
mieszka w Rzymie, od 6 lat jest wdową. Jest na
emeryturze. Ukończyła studia jako mediator
międzykulturowy w Rzymie. Nie ma dzieci.
è Vartine Bohjalian Kalaydijian (w średnim
wieku) - Pochodzi z São Paulo. Reprezentuje
Hamazkayin, Hay Tad, brazylijski program
ormiański w telewizji.
è Aní Christina Ajabahian (w średnim wieku) -
Jest z pochodzenia Ormianką. Jest psychologiem i
pedagogiem dziecięcym, dyrektorem Klubu
Ormiańskiego i Hamazkayin.
è Regina Kurdoglian Jones (w średnim wieku) -
Urodziła się w Brazylii i mieszkała tam do czasu
ślubu z Amerykaninem, następnie wyemigrowała
do Stanów Zjednoczonych. Po studiach
językowych w Brazylii, zaczęła uczyć angielskiego
obcokrajowców w szkole publicznej. Przez
trzynaście lat pomagała studentom innych
narodowości rozpocząć życie w Stanach
Zjednoczonych. Wraz z nadejściem pandemii,
zaczęła uczyć Brazylijczyków angielskiego jako
drugiego języka (online).
Do każdego pytania wybraliśmy najciekawsze
odpowiedzi. Zaczynajmy!
1. Dlaczego mieszka Pani/ Pan w Brazylii?
Proszę opowiedzieć nam swoją historię, historię
swojej rodziny.
Denise Kherlakian Zadikian: Mieszkam w
Brazylii, ponieważ jestem częścią diaspory. Moi
dziadkowie przybyli tu jako uchodźcy z
ludobójstwa w 1915 roku. Moi dziadkowie
przypłynęli statkiem, jak wielu Ormian. Byli to
ludzie z Marasz. Mój pradziadek był tam
politykiem i w 1915 roku ścięto mu głowę, która
została wystawiona przez Turków na placu
publicznym w Marasz.
Anush Barseghyan: Jestem z Armenii, z Erywania.
Wraz z rodziną przeprowadziliśmy się do Buenos
Aires, w Argentynie w 2001 roku. Dziewięć lat
temu poznałam Brazylijczyka, wyszłam za mąż i
przeprowadziłam się do Brazylii. Moja rodzina
nadal mieszka w Buenos Aires.
Daniel Deranian Kraszny: Mieszkam w Brazylii,
ponieważ moi pradziadkowie ze strony matki
przybyli z Armenii, uciekając przed
ludobójstwem, a dziadkowie ze strony ojca uciekli
z Niemiec w czasie II wojny światowej. Jestem
więc w połowie Ormianinem, a w połowie
Niemcem.
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Nie miałam
wyboru. Urodziłam się tutaj. Mój dziadek ze
strony ojca urodził się w Cezarei. Został
osierocony w wieku pięciu lat i zabrano go do
Egiptu. Matka mojego ojca była córką burmistrza
miasta Kharpert. Kiedy dowiedzieli się, że
nadchodzą Turcy, mój pradziadek zapisał ją do
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niemieckiej szkoły, która później stała się
sierocińcem Near East Relief. Jej matka owdowiała,
a pewien Turek chciał się z nią "ożenić". Wypiła
truciznę, powiedziała, że idzie jeszcze raz
zobaczyć się z dziećmi i poszła do szkoły.
Zakonnice zostawiły ją w pokoju, niedługo potem
umarła, trzymając w objęciach swoje dzieci. Moja
babcia również trafiła do Egiptu i poznała mojego
dziadka. Mój pradziadek ze strony matki
pochodził z Adany, a prababka z Hadjin. Poznali
się w Grecji. Mieszkali w małej wiosce na wyspie
Evia i moja babcia, nie widząc tam przyszłości dla
swoich dzieci, przypłynęła do Brazylii promem,
który kursował tylko raz w tygodniu. Tu spotkali
się moi rodzice i tu przyszłam na świat. Mamy
plany, ja, mój mąż i moje dzieci, aby przenieść się
do Armenii, ale za kilka lat.
Aní Christina Ajabahian: Urodziłam się w
Brazylii, moi dziadkowie ze strony matki
pochodzą z Armenii. Kiedy byli dziećmi, uciekali
przed ludobójstwem. Moja prababcia opowiadała
wiele historii, między innymi o tym, że kobiety
zawiadamiały swoich mężów, a kiedy uciekały,
zabierały ze sobą klucze do domu. Jest to bardzo
smutna historia, ale Turkom nie udało się skończyć
z Ormianami, żyjemy, aby to udowodnić i nadal
uczymy swoich dzieci tradycji, ponieważ w ten
sposób kontynuujemy naszą historię. Moi
dziadkowie ze strony ojca pochodzili z Libanu,
mój ojciec i wujek mieszkali tam aż do wieku
nastoletniego.
Regina Kurdoglian Jones: Nie mieszkam w
Brazylii. Mieszkam w Stanach Zjednoczonych.
Urodziłam się w Brazylii i przez 38 lat mieszkałam
w São Paulo. Chociaż urodziłam się w Brazylii,
mam korzenie ormiańskie po obu stronach rodziny
i przez całe życie słyszałam od moich dziadków, że
zostali wypędzeni ze swojej ojczyzny kiedy byli
dziećmi, że widzieli, jak ich rodzice ginęli z rąk
Turków. Te historie były o nienawiści, jaką Turcy
żywili wobec Ormian, wobec chrześcijaństwa.
Dorastałam, patrząc jak mój dziadek płacze każdej
nocy, opowiadając nam o swoich przejściach z
dzieciństwa, kiedy to w wieku siedmiu lat on i jego
pięcioletnia siostra musieli zostawić swoją martwą
matkę na śniegu, zaraz po stracie ojca, i uciekać
przed śmiercią, przed groźbami Turków. Moja
babcia opowiadała, że musiała ukryć swojego
syna (mojego ojca) na statku, żeby nie wrzucono
go do oceanu. Moja babcia ze strony matki
wspominała, że kiedy ukrywali jej ojca na strychu
domu, ona, jej siostra i jej matka mówiły, że
wyjechał walczyć na wojnę. Niestety zginął na
strychu i musieli uciekać. Zakopali jego biżuterię
na podwórku (był jubilerem) i uciekli do Grecji, a
potem do Brazylii. Jako nastolatka, moja siostra i ja
udawałyśmy się każdego 24 kwietnia do tureckiej
ambasady z grupą ormiańskich nastolatków, aby
wyrazić swoje niezadowolenie z powodu
nieuznania ludobójstwa z 1915 roku.
Sueli Salibian: Mój ojciec przybył do Brazylii po
ludobójstwie. Mój ojciec, Garabet Salibian, urodził
się w Maraszu w 1902 roku. Po ludobójstwie udał
się do Brazylii, wcześniej zamieszkując Syrię. W
Brazylii rozpoczął życie w stanie Parana, a
następnie przeprowadził się do Rio de Janeiro,
gdzie mieszkał do 1985 r., kiedy to zmarł.
Catherine Kachvartanian: Moi pradziadkowie
dotarli do Brazylii, uciekając przed ludobójstwem
Ormian. Jeden z moich dziadków, ze strony ojca,
urodził się w Syrii, potem wyjechał z rodziną do
Paryża, a dopiero potem do Brazylii.
2. Czy mówi Pan/Pani po ormiańsku?
Catherine Kachvartanian: Uczę się teraz, tutaj w
Armenii.
Anush Barseghyan: Mówię po ormiańsku.
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Mówię płynnie w
zachodnioormiańskim, jak i wschodnioormiańskim,
czytam i piszę, mój mąż również i moje dzieci także.
Regina Kurdoglian Jones: Mój ormiański jest na
poziomie podstawowym. Do trzeciej klasy uczyłam
się w Externato José Bonifácio (szkoła ormiańska w
São Paulo). Moi dziadkowie, którzy mówili z nami
po ormiańsku, odeszli, gdy byliśmy nastolatkami.
Pozostali mówią i rozumieją tylko kilka słów.
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revista água vai
“ PRZYBLIŻAM KULTURĘ
ORMIAŃSKĄ WSZYSTKIM
DOOKOŁA, TAKŻE
PRZYJACIOŁOM, KTÓRZY
STALI SIĘ FANAMI ARMENII. ”
3. Czy dba Pan/Pani o tradycje w swojej rodzinie?
Aní Christina Ajabahian: Tak, bardzo lubię
podążać za tradycjami i angażować się w życie
społeczności ormiańskiej, jestem dyrektorem
Klubu Ormiańskiego i Hamazkayn Brasil (który
jest jednostką kulturalną).
Regina Kurdoglian Jones: Tak, moi siostrzeńcy
uczyli się ormiańskiego, chodzą do Klubu
Ormiańskiego i znają Armenię.
Catherine Kachvartanian: Tak, dlatego uczę się
języka, aby móc przekazać go moim dzieciom, jak
również inne tradycje.
Daniel Deranian Kraszny: W mojej rodzinie,
niestety, zachowujemy bardzo mało tradycji. Ale
nadal chodzę do klubu ormiańskiego, jem
ormiańskie jedzenie i często słucham ormiańskiej
muzyki.
Sueli Salibian: Tradycje ormiańskie są skarbem,
który należy zachować.
Inni mówili, że starają się podtrzymywać tradycje
i zależy im na tym.
4. Czy chce Pan/ Pani, aby pańskie dzieci
pamiętały o swoich korzeniach?
Denise Kherlakian Zadikian: Tak, chcę, żeby moje
dzieci znały swoje korzenie i nigdy o nich nie
zapominały.
Anush Barseghyan: Tak, oczywiście. Staram się
uczyć moje córki mówić po ormiańsku. Puszczam
im ormiańską muzykę. Uczę tańca.
Daniel Deranian Kraszny: Przybliżam kulturę
ormiańską wszystkim dookoła, także przyjaciołom,
którzy stali się fanami Armenii.
Sueli Salibian: Nie mam dzieci, ale właśnie
napisałam książkę autobiograficzną, aby moi
siostrzeńcy i inni potomkowie mogli poznać
historię mojego ojca.
Vartine Bohjalian Kalaydijian: To jest ich
obowiązek i powinność!
Inni odpowiadali, że oczywiście chcą uczyć swoje
dzieci o ormiańskich korzeniach.
5. Czego Panu/Pani brakuje w Brazylii?
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Bliższe stosunki z
ojczyzną i bardziej sprzyjające środowisko dla
edukacji moich dzieci. Fizycznie jesteśmy bardzo
daleko, co wpływa na ludzi w negatywny sposób.
Aní Christina Ajabahian: Uznania ludobójstwa.
Regina Kurdoglian Jones: Brak bardziej
ormiańskiego życia rodzinnego.
Denise Kherlakian Zadikian: Brakuje mi
ormiańskich programów kulturalnych tutaj w
Brazylii.
Anush Barseghyan: Ormiańskiej społeczności.
Mieszkam w Rio de Janeiro. Nie ma tu więc prawie
żadnych Ormian. Pozostało tylko kilku potomków,
którzy nie utrzymują ze sobą kontaktów.
Catherine Kachvartanian: Brakuje mi, żeby w
szkołach więcej uczono o Armenii, więcej mówiono
o Armenii ogólnie, o kulturze... ponieważ wielu
ludzi w Brazylii myśli, że Ormianie i Turcy to
jedno i to samo, na przykład…
Daniel Deranian Kraszny: Ponieważ mieszkam w
São Paulo, wierzę, że mogę nadrobić braki, które
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revista água vai
pracę. Jeden z powodów, dla których Ormianie
opuszczają Armenię, jest brak pracy. I z powodu
wojny, aby syn nie został zabity na froncie.
Kocham Armenię. Mam bardzo dobre
wspomnienia. Brakuje mi naszego jedzenia,
naszych świeżych owoców, które zrywaliśmy z
drzew i jedliśmy.
Catherine Kachvartanian: W Brazylii najlepszą
rzeczą, oprócz plaż i jedzenia, jest różnorodność,
mieszanka ludzi, różne kultury, tradycje. W
Armenii najlepsze jest bezpieczeństwo i poczucie
życia w dużej wiosce, gdzie wszyscy są rodziną,
nawet w Erywaniu.
Daniel Deranian Kraszny: Brazylia to kraj, w
którym można znaleźć wszystko i nie ma
konfliktów międzynarodowych, więc mamy tu
pokój. Armenia ma niezwykle bogatą kulturę i
silny nacjonalizm.
Sueli Salibian: W Brazylii panuje atmosfera
gościnności. Niestety nie miałam zaszczytu
poznać ukochanej Armenii.
Vartine Bohjalian Kalaydijian
odczuwam w innych miejscach, ze względu na
ogromną różnorodność kulturową.
Sueli Salibian: Obecnie mieszkam we Włoszech,
ponieważ wyszłam za mąż za Włocha. Brakuje mi
moich przyjaciół w Brazylii, z których większość
to potomkowie Ormian.
6. Co jest lepsze w Brazylii, a co w Armenii?
Denise Kherlakian Zadikian: Brazylia to wolność
słowa i szacunek między ludźmi różnych
narodowości. Armenia to bezpieczeństwo, tani
koszt życia i bogata kultura widoczna na każdym
rogu.
Anush Barseghyan: Każdy kraj ma swoje dobre i
złe strony. Tutaj bardzo podoba mi się przyroda.
Plaże. Ludzie są bardzo weseli. Tutaj łatwiej jest o
Vartine Bohjalian Kalaydijian: W Brazylii
najlepszą rzeczą jest pokój. Nigdy nie ma strachu
przed wojną, tylko niepewność ekonomiczna, ale
są możliwości dla wszystkich. W Armenii... jest
nasza esencja, ciepło ludzi, poczucie
przynależności, bezpieczeństwo na ulicach.
Aní Christina Ajabahian: W Brazylii tradycja i
kultura ormiańska przechodząca z pokolenia na
pokolenie. W Armenii są bardzo gościnni ludzie.
Regina Kurdoglian Jones: W Brazylii pokój
między sąsiednimi narodami; w Armenii, poza
konfliktami z sąsiednimi krajami, wszystko jest
wspaniałe!
7. Czy masz jakieś zdjęcia w tradycyjnych
strojach lub podczas uroczystości typu
ormiańskiego? (Zobacz zdjęcia artykułu)
8. Co oznacza dla Ciebie tożsamość ormiańska?
Denise Kherlakian Zadikian: Tożsamość
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revista água vai
ormiańska jest wszystkim, czym jestem i tym jak ją
celebruję w domu… za pomocą muzyki, tańca,
kultury, jedzenia i religijności.
Anush Barseghyan: Jestem dumna, że jestem
Ormianką. Nie ma znaczenia, gdzie mieszkam.
Zawsze będę Ormianką.
Catherine Kachvartanian: To oznacza wywodzić
się od wojowników, od ludzi bardzo silnych i
bardzo skrzywdzonych, ale pomimo to
szczęśliwych.
Daniel Deranian Kraszny: Oznacza siłę narodu
prześladowanego, który przetrwał do dziś.
Sueli Salibian: Nie urodziłam się w Armenii, ale
to Armenia narodziła się we mnie.
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Dla mnie oznacza
to, że ktoś CZUJE SIĘ Ormianinem. Gdy ktoś pyta
na ulicy: Kim jesteś?? On odpowiada: JESTEM
ORMIANINEM!!! Nie znoszę, gdy słyszę, jak ktoś
mówi: JESTEM WNUKIEM ORMIAN, a więc… ty
już nim nie jesteś???
Aní Christina Ajabahian: Dowód na to, że plan
Turków się nie powiódł.
Regina Kurdoglian Jones: To oznacza głębokie
korzenie, dużo kultury, miłość do góry Ararat i
całego regionu oraz dużo radości!
9. Jakie są Pana/Pani zdaniem podobieństwa i
różnice pomiędzy Ormianami a Brazylijczykami?
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Praktycznie żadne.
„Ler u Tsor” jak mówi ormiańskie wyrażenie
(Góry i Doliny), czyli wielkie kontrasty. Ormianie
mają wartości, jeśli dadzą ci słowo, dotrzymają go.
Brazylijczyk mówi do ciebie: „Przyjdę jutro”. (On
nie tylko nie przychodzi, ale zapomina dać ci znać,
że nie przyjdzie). Możemy tylko powiedzieć, że te
dwa narody lubią cieszyć się życiem, grillować i
tańczyć, każdy w swoim własnym stylu.
Aní Christina Ajabahian: Podobieństwo jest takie,
że oba narody są solidarne, a różnica polega na
tym, że Ormianie są bardziej gościnni i pełni
szacunku.
Regina Kurdoglian Jones: Bardzo małe
podobieństwo. Myślę, że są bardziej do siebie
podobne ze względu na kulturę czystości. Oba
kraje mają tę kulturę.
Anush Barseghyan: Moim zdaniem to szacunek
dla rodziny. Brazylijczycy lubią się pobierać i
zakładać rodzinę. Tak jak Ormianie. I są bardzo
religijni. Brazylia jest bardziej liberalna. Armenia
jest bardziej kosnerwatywna.
Catherine Kachvartanian: Podobieństwo to
gościnność i „jeitinho brasileiro”¹, możemy więc
również przyznać, że istnieje „jeitinho armênio”.
Różnic jest wiele, Brazylijczycy są bardziej otwarci,
więcej imprezują, są znacznie mniej
konserwatywni.
Daniel Deranian Kraszny: Ormianie są szczęśliwi
i solidarni, jak Brazylijczycy. Myślę jednak, że
Brazylijczycy traktują sprawy lżej, a Ormianie są
bardziej dumni z swojego kraju. Brazylijczycy
dużo narzekają na Brazylię, ale ten kraj jest
niesamowity pod każdym względem.
10. W kulturze ormiańskiej jest takie przekonanie,
że Ormianie nie powinni poślubiać osób innego
pochodzenia po to, aby zachować swoją tożsamość
narodową. Co Pan/Pani myśli na ten temat?
Denise Kherlakian Zadikian: Tak, myślę, że
młodzi ludzie powinni brać ślub pomiędzy sobą.
To jedyny sposób na zachowanie naszej kultury i
tradycji.
Anush Barseghyan: Cóż, poślubiłam Brazylijczyka.
Myślę więc, że ludzie powinni poślubić osobę,
którą naprawdę kochają, niezależnie od
narodowości. Kobiety często wolą poślubić
1
Wyrażenie to jest często używane przez Brazylijczyków do
opisania sposobu, w jaki rozwiązują problemy. Często wiąże
się ze znalezieniem rozwiązania, choć coś jest zabronione,
uważane za niemożliwe lub drogie.
23
revista água vai
mężczyzn innej narodowości, ponieważ Ormianie
z Armenii są bardzo ograniczeni. Są seksistami.
Catherine Kachvartanian: Myślę, że to bzdura.
Jestem żoną Brazylijczyka, który zamieszkał ze
mną w Armenii i jestem pewna, że w naszym
domu kultura i tożsamość ormiańska zawsze
będzie pamiętana, ale ważne jest, aby wiedzieć,
że na świecie nie istnieje jest TYLKO kultura
ormiańska i że wszystkie kultury i tradycje
muszą być w równym stopniu szanowane.
Daniel Deranian Kraszny: Myślę, że to już za
nami, bo w dzisiejszych czasach, mieszkając w
innym kraju niż Armenia, trudno znaleźć miłość
swojego życia z tej samej grupy etnicznej.
Sueli Salibian: Ludzie pobierają się z miłości, bez
względu na pochodzenie. Znam nie-Ormianów,
którzy poślubili Ormian i którzy są bardziej
Ormianami niż sami Ormianie.
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Zgadzam się i to
bardzo, sama tak zrobiłam, ale też znam Ormian,
którzy poślubili Brazylijki i ich żony, są bardziej
Ormiankami niż oni sami. Może powinniśmy
zachowywać się jak Żydzi, zamieniając „odars”²
w nasz własny naród. Ale powinniśmy być na to
przygotowani i robić konsekwentnie, w
przeciwnym razie bardzo łatwo jest się pogubić,
zwłaszcza w kraju takim jak Brazylia, gdzie nie
ma wyraźnych różnic religijnych, jak na Bliskim
Wschodzie. Moja mama zawsze mi tłumaczyła:
„Córko, nie musisz poślubić Ormianina, ale
musisz zrozumieć, że jest już tak wiele powodów
do niezgody pomiędzy małżonkami. Wyobraź
sobie, że dzielisz życie z osobą, która nie świętuje
tych samych dat co ty, który nie chce chodzić do
tego samego kościoła, nie lubi tych samych
potraw i nie rozumie języka, którym mówią twoi
rodzice. Czy uważasz, że to sprawiedliwe, aby
wszyscy w twoim domu zmienili swój sposób
bycia z powodu wyboru, którego dokonujesz?”
Moja mama miała rację, bo NIGDY nie
Catherine Kachvartanian
mogłabym mieć rodziny, którą sobie dzisiaj
stworzyłam, gdyby mój mąż nie myślał tak jak ja.
Aní Christina Ajabahian: Myślę, że dla zachowania
naszej kultury i tożsamości jest to ważne, ale
uważam również, że małżeństwo z kimś, kto nie
jest Ormianinem, ale który będzie szanował i
zachował kulturę i tożsamość, jest w porządku.
Regina Kurdoglian Jones: Myślę, że w diasporze
bardzo trudno jest przestrzegać tej normy.
11. Co Pan/ Pani lubi w kulturze ormiańskiej?
Czego Pan/Pani nie lubi w kulturze ormiańskiej?
2
Odar – po ormiańsku „օտար”, dosłownie: inny, nieznajomy. Wyrażenie często używane przez Ormian, oznacza
obcokrajowca lub nieznajomego, czyli nie-Ormianina.
24
revista água vai
Vartine Bohjalian Kalaydijian: Wszystko!
Jesteśmy odważni, waleczni, mamy historię, dumę,
jesteśmy pracowici. We wszystkich krajach, do
których wyemigrowaliśmy, zawsze postrzegali nas
jako osoby przedsiębiorcze. Jesteśmy dobrymi
gospodarzami, inteligentni, innowacyjmi, nie ma
czego nie lubić. Właściwie, jedna rzecz... brak
pracy zespołowej. Czy zauważyłaś, że w Armenii
jedynymi sportami odnoszącymi sukcesy są sporty
indywidualne? Nasza dzisiejsza rzeczywistość
pokazuje, że trudno nam się spotkać i solidarnie
pracować jako grupa. Armenia to kraj, który tylko
szkoli liderów, ale lider musi mieć zwolenników.
Aní Christina Ajabahian: Lubię wszystko: taniec,
typowe jedzenie, uroczystości itp. Nie lubię
rozpamiętywania ludobójstwa, ponieważ jest to
bardzo smutne.
Denise Kherlakian Zadikian: Kocham taniec,
gotowanie i muzykę. To, co mnie smuci, nie ma nic
wspólnego z kulturą, to wojna, niesprawiedliwość
polityczna i konflikty z sąsiednimi krajami.
Anush Barseghyan: Kocham naszą muzykę, nasze
jedzenie, naszą historię. Cóż, opuściłam Armenię
dawno temu, więc myślę, że niektóre tradycje się
zmieniają, niektóre tradycje seksistowskie. Na
przykład panna młoda musi być dziewicą do
ślubu, a następnie pokazuje się jej rodzinie
kawałek prześcieradła, aby potwierdzić jej
dziewictwo.³
Catherine Kachvartanian: Podoba mi się poczucie
bliskości rodziny, pomagania sobie nawzajem, to,
że gdy spotykamy się w dowolnym miejscu na
świecie natychmiast stajemy się rodziną! To, co mi
się nie podoba, to ta staroświecka i konserwatywna
mentalność, która wciąż istnieje tutaj i we
wszystkich społecznościach ormiańskich na
całym świecie!
Daniel Deranian Kraszny: Piosenki ormiańskie,
które są podobne do piosenek arabskich, ale mają
różne tony.
Sueli Salibian: Zawsze staram się dostrzec
pozytywną stronę kultury ormiańskiej, co jest o
wiele ważniejsze niż ewentualna wada.
Regina Kurdoglian Jones: Myślę, że wszystko, co
pochodzi z kultury ormiańskiej, bardzo mnie
urzeka. Nie przypominam sobie niczego, czego
nie lubię.
Jak widać, mimo że większość z nich nawet nie
urodziło się w Armenii, stara się zachować
tradycje ormiańskie. Nawet jeśli urodzili się i
mieszkają w kraju tak odległym od ich ojczyzny,
Brazylii, czują się Ormianami, a ich tożsamość
narodowa jest dla nich bardzo ważna. Każda
historia rodzin naszych bohaterów jest wyjątkowa
i piękna, ale jest naznaczona tragedią
ludobójstwa, z wyjątkiem jednej osoby, której
rodzina wyemigrowała z powodów
ekonomicznych. Widzimy w nich siłę i
determinację ich przodków, którym udało się
znaleźć azyl tak daleko jak w Brazylii. Te historie
są na tyle ciekawe, że mogłyby być inspiracją do
napisania książki. Jesteśmy bardzo wdzięczni
wszystkim, którzy pomogli nam przy tym
projekcie i mamy nadzieję, że dzięki niemu wiele
osób pozna historię Ormian. Tak jak dbają o
pamięć tych historii w Brazylii, tak my chcemy je
upamiętnić także w Polsce.
Monika Aramyan i Natalia Król
3
Karmir khndzor (Կարմիր խնձոր) - praktyka w Armenii polegająca na weryfikacji dziewictwa panny młodej w noc
poślubną i nagrodzeniu jej rodziców prezentem. Polega na sprawdzaniu prześcieradeł przez rodziców panny
młodej lub pana młodego i szukania na nich śladów krwi. Badania terenowe przeprowadzone w połowie 2000
roku ujawniły, że karmir khndzor był wykonywany najbardziej rygorystycznie i sumiennie na obszarach wiejskich,
gdzie normy płciowe były bardziej tradycyjne i hierarchiczne. W miastach praktyka ta przybierała bardziej
umiarkowaną formę - rytuał był odprawiany, ale test dziewictwa był łagodniejszy (Temkina 2008, 2010). Od 2000
roku zaszło kilka zmian, które pomogły na nowo zdefiniować tę praktykę (Temkina 2008, 2010, Pogosyan 2011).
25
Olga Poliszuk e Patrycja Wiraszka
Os residentes de outros continentes, por várias razões, muitas
vezes facilitam a vida a si próprios e descrevem-nos a todos como
"europeus" sem pensar muito. No entanto, os próprios europeus
estão conscientes da diversidade cultural e étnica desta região do
mundo, só que nem sempre pensam nela ou a conhecem por
experiência própria. O objetivo deste texto é proporcionar uma
oportunidade de pensar numa Europa que o preguiçoso médio não
conhece muito bem e de nos introduzir nessa perspetiva. Ambas
estávamos curiosas para ver que tipo de Europa os representantes
das realidades lusófonas nos mostrariam. Por conseguinte,
fizemos algumas perguntas aos nossos amigos.
R: Eu sou o Ricardo, sou do
Porto. Estou a morar em Lisboa
e sem ser em Portugal, já morei
em Malta.
Que países da Europa Central
e do Leste conheces?
que o mais a Leste que eu fui
foi à Alemanha.
Tens algumas associações com
países da Europa Central e de
Leste? (lugares, pessoas,
acontecimentos, coisas)
RICARDO
R: Conheço ou visitei?
Conhecer, conheço a Europa,
mas visitar – o mais central que
visitei foi Alemanha, depois do
Leste – Polónia, Roménia,
Ucrânia – nunca visitei. Acho
R: Não tenho nenhum contacto,
nem estou ligado a nada
diretamente com esses países.
Ora bem, tenho amigos meus
da Polónia, da Roménia, da
Lituânia e acho que é isso. Não
26
Tima Miroshnichenko, Pexels
posso dizer que eu conheço
assim muito em particular a
cultura desses países. Já ouvi
falar dos sítios, algumas
comidas, mas nada que nunca
tivesse visto em primeira mão.
A única coisa que provei foi
pierogi da Polónia e gostei.
Conheces alguns estereótipos
sobre as pessoas destas
regiões?
Anthony Beck, Pexels
R: Vodka. Bebem muito. É o
único que eu conheço.
27
revista água vai
Há alguns estereótipos que se
tornaram válidos depois de
conheceres pessoas destes
países?
R: Humm, por acaso não.
Quais podem ser as
semelhanças e diferenças entre
o teu país e os países destas
regiões?
R: Se calhar…Boa pergunta. A
nível cultural acho que são
países muito diferentes,
principalmente por causa do
tempo. O tempo sendo mais
frio obriga uma convivência
diferente. Mas, pelo menos com
a experiência das pessoas que
eu conheci, a nível cultural é,
por acaso, bastante semelhante.
Mas não conheci tanta gente,
portanto não sei até que ponto é
ou não.
Qual é a tua opinião sobre os
imigrantes destas regiões que
moram no teu país?
O: Que motivos podem ter?
R: Os motivos… suponho que
seja o motivo pelo qual
qualquer pessoa emigra: para
procurar melhores condições,
melhor vida. Pronto, acho que
têm de fazer o que têm de
fazer, não é? Portanto não
tenho opinião negativa. Cada
um tem de fazer a vida.
O: Que países têm mais
imigrantes aqui em Portugal?
R: Aqui em Lisboa não sei, não
conheço muito, mas pelo
menos no Porto o que se vê
muito são Ucranianos e
Romenos.
Polónia por tua culpa [Olga], Alemanha, Áustria. Agora não sei, não
me lembro muito.
Tens algumas associações com países da Europa Central e do
Leste? (lugares, pessoas, acontecimentos, coisas)
MJ: Não. Bem, recentemente fiz aqueles testes genéticos e a minha
família tem alguma origem da Europa do Leste. Talvez deveria
conhecer melhor, de propósito. Mas conheço algumas pessoas, tu,
uma miúda da Rússia, tenho alguns amigos alemães, mas ligações
de família ou assim de género não. Mas conheço algumas pessoas.
MARIA JOÃO
MJ: Olá. Meu nome é Maria
João, tenho 25 anos e sou
portuguesa dos Açores. Já
morei em Malta e Inglaterra e
de momento estou em Lisboa.
Que países da Europa Central
e do Leste Europeu conheces?
MJ: Nunca visitei nenhum
desses países. Conheço a
O: E algumas pessoas famosas?
MJ: Se conheço alguma pessoa famosa? Angela Merkel.
O: E das outras coisas? Comida?
MJ: Pierogi. Eu sei que pessoal come couves com borrego e coisas do
género. Ao menos já vi, não sei se é boato ou não. Vodka. E
chocolate, os doces são muito bons.
Conheces alguns estereótipos sobre as pessoas destas regiões?
MJ: Estereótipos, sim. Normalmente dizem que as pessoas são muito
28
revista água vai
MJ: Algumas sim. A nível de
comida, o pessoal gosta da
salsicha e chouriço e nós também
gostamos. Não bebemos tanto,
gostamos das bebidas mais leves.
Mas acho que todas as pessoas
têm coisas em comum, independentemente
do país. Mas as
tradições são sempre… Algumas
são muito únicas, outras são
vastas. Mas a Páscoa ao pequenoalmoço
é maldição por mim.
Qual é a tua opinião sobre os
imigrantes destas regiões que
moram no teu país?
Jason Toevs, Pexels
frias, mas tu és absolutamente doce e querida, Olga. Mas sim, dizem
que são as pessoas frias, por vezes são mais fechadas. O que acho que
possa ter alguma verdade, tendo em conta que a parte desses países
tem alguma grande concentração de pessoas que apelam a extremadireita
a nível político e por isso é capaz serem mais nacionalistas,
tradicionalistas.
Há alguns estereótipos que se tornaram válidos depois de conheceres
pessoas destes países?
MJ: Não. Das poucas pessoas que conheci de países do Leste e da
Europa Central não. Talvez também por causa das condições em que
nós conhecemos. Foram pessoas de Erasmus, mais abertas. Têm
sempre o sentido de aventura, de não julgar o desconhecido e da
procura de desconhecido.
Quais podem ser as semelhanças e diferenças entre o teu país e os
países destas regiões?
MJ: Por azar, acho que essa
questão de que para emigrar tens
que ter papéis é um pouco
ridícula. Porque o mundo é de
todos, na verdade. Acho normal,
as pessoas vão à procura de
novas oportunidades, novas
aventuras. Eu também gostaria
de viver noutro país se tivesse
essa possibilidade. Quem sabe,
um dia vou a um país do Leste.
Acho que é um caminho que
deve ir nas duas vias. Nós tantos
para lá e eles tantos para cá.
‘‘ o mundo é de todos.
as pessoas vão à
procura de novas
oportunidades, novas
aventuras. Eu também
gostaria de viver
noutro país se tivesse
essa possibilidade.
‘‘
29
revista água vai
P: Onde começa o leste da Europa e onde acaba?
D: Então eu penso que na Lituânia é onde o leste da Europa começa
e Turquia e Chipre é onde isto acaba.
Tens algumas associações com países da Europa Central e do
Leste? (lugares, pessoas, acontecimentos, coisas)
DIOGO
D: Então, sou de Portugal, mais
concretamente do norte de país
(de Braga) e não, nunca vivi no
outro país qualquer. Sempre
vivi cá em Portugal.
Que países da Europa Central
e do Leste conheces?
D: Quando falo sobre o centro
[da Europa] eu penso sobre,
quase sempre, penso em França
e Alemanha na minha cabeça
porque geografia não é o meu
forte, mas por acaso não sei.
Eu sinto que não conheço com
quem tive mais contacto, mas
diga que não sei pessoalmente.
Mas há anos havia muitos
imigrantes, principalmente
ucranianos. Portanto tinha
ligado contacto com pessoas de
aí. Sei que também ouvi de
algumas pessoas que vêm para
cá. Sei que é um país de Europa
de leste, agora não estou a
lembrar, mas vêm para trabalhar
para institutos da nanotecnologia
com bolsas científicas.
Mas na verdade não conheço
mais sobre isso, não me lembro.
D: As pessoas de Leste com quem tive contacto, tinham facilidade
em aprender português, todas tinham o português bastante correto e
até bastante boa pronúncia. Tenho impressões, quando penso em
estes países acho que são sempre países mais frio do que o nosso.
Isto é mesmo da Europa Central. Se calhar mais frio é o Leste mas
[Europa] central, acho que tem temperatura mais baixas do que a
nossa. E em relação à Europa de Leste, não sei se é verdade ou não,
mas que o custo da vida lá é que é mais baixo do que cá. Se calhar o
que podem comprar não é maior, mas que o custo da vida é que é
mais baixo. Que mais... A minha observação é que muitas das
línguas quase se misturam, para mim, acabam por soar bastante
parecidas.
P: E algumas pessoas famosas, pratos ...
D: Pensando na Sérvia (acho que é sérvio) penso em Ðoković. E não
conheço muitos pratos destas cozinhas, mas lembro-me de barszcz.
Conheces alguns estereótipos sobre as pessoas destas regiões?
D: Na verdade não conheço muitos estereótipos mas estes que ouvi
falar eram negativos.
Principalmente, quando era adolescente, em que se viam bastantes
imigrantes da Ucrânia, o estereótipo eram bastante negativo. Do
género, que andavam sempre a tramar alguma e que se falava que é
um dos países mais pobres e que viviam com mais insegurança do que
em Portugal. Acho que as pessoas discriminam as pessoas dessa região.
Há alguns estereótipos que se tornaram válidos depois de conheceres
pessoas destes países?
D: Não, na verdade nenhum. Não falei assim tanto com ninguém ao
ponto de confirmar tudo ou desmentir tudo. Posso dizer é que
pessoas com que falei foram bastante simpáticos comigo, nunca
negativos. Falo daquelas que conheci mais aqui e já há bastante
30
tempo que não falo com ninguém
dessa região que viva em
Portugal. São pessoas engenhosas,
não sei se em geral conseguiram
desenrascar-se ou não mas,
com a língua, até se davam bem.
Quais podem ser as semelhanças
e diferenças entre o teu país
e os países destas regiões?
D: Semelhanças..., quando penso
em semelhanças, o que me vem
à cabeça é Portugal como um
país que não é tão rico, o que é
visível no salário mínimo e essas
coisas que estão na parte mais
Pixabay
baixa de Europa, é a perceção
que eu tenho. Ouvi dizer que
algumas pessoas disseram ou
comentarem que a língua
portuguesa e a língua russa são
muito parecidas. Se calhar
também não conheço bem essa
língua para fazer a comparação,
mas da minha perspetiva não
acho que sejam tão semelhantes
quanto isso. Mas acho que é o
que muitos acham. Talvez seja
imaginação minha, porque
apesar não conhecer muita gente
dessa região, a ideia que tenho,
não sei se pelos próprios países
serem frios, ou pelo menos, eu
achar que sejam frios, mas a
ideia que eu tenho é que muita
gente dessa região não é tão
entusiástica como por exemplo
nos países latinos.
Diferenças, eu acho que a
comida é bastante diferente.
Imagino que a nossa comida
mediterrânea é bastante diferente
da comida do Leste ou Europa
Central. Também penso na ética de trabalho, mas o que há aí é
bastante semelhante. A experiência que tenho com pessoas de Leste
é que são... na realidade são realistas ou um pouco pessimistas com
algumas pessoas positivas, mas, no geral, acho que são pessoas
fechadas. Mas, no geral, acho que há cá muita gente que gosta muito
de se queixar. Quanto às pessoas com quem me lembro de ter falado,
não posso dizer que se queixassem nem nada que se parecesse, as
que viviam cá. Portanto, por aí, talvez poderá ser uma diferença,
mas... A ideia que eu tenho de pessoas de Leste ou do Centro da
Europa, é que se calhar até também gostam de se queixar, por isso
não sei se será muito diferente nesse aspeto.
Qual é a tua opinião sobre os imigrantes destas regiões que moram
no teu país?
D: Eu acho que são bem-vindos. É como digo, as pessoas que
conheci pareciam-me trabalhadoras, e não tinham problemas
nenhuns em trabalhar fosse no que fosse. Acho, no entanto, que de
momento está difícil, em termos de virem para cá, por causa das
rendas e coisas afins, mas isso tem mais a ver com a facilidade deles
virem, não tanto com a minha opinião sobre eles virem ou não.
Porque, em relação a eles virem, eu acho que são perfeitamente bemvindos,
apesar de achar que, de certa forma, ainda existem aqueles
estereótipos negativos em relação a pessoas daí, o que se calhar não
será a coisa mais agradável para eles. Infelizmente há esse aspeto
negativo, de levarem com isso quando vierem para cá.
31
Marek Piwnicki, Pexels (Szrenica, Polónia)
geográficas, sendo eles: Portugal, Alemanha (central), Polónia
(Leste), Hungria, República Checa, Irlanda, Escócia, Inglaterra, Itália,
Espanha (central) e França (central).
Tens algumas associações com países da Europa Central e do
Leste? (lugares, pessoas, acontecimentos, coisas)
NAIARA
N: Sou de Santa Bárbara do Sul
(Rio Grande do Sul) de Brasil.
Morei na Polónia.
N: As associações que faço ultimamente é pensar nas pessoas que
conheci, se falam de algum país e eu conheço alguém de lá vou
pensar no que esse fulano deve estar fazendo ou se sabe do que a
notícia está divulgando. Bem como quando vejo filmes ou qualquer
mídia que traga fragmentos de lugares que eu conheci me perco nas
minhas memórias.
Conheces alguns estereótipos sobre as pessoas destas regiões?
Que países da Europa Central
e do Leste conheces?
N: Durante meu intercâmbio
acabei conhecendo alguns
países da Europa, não sei ao
certo quais são os que ficam no
centro ou em outras direções
N: Sim. Fui alertada antes de ir para a Europa sobre a austeridade
das pessoas, do distanciamento pessoal e para que tomasse cuidado
para não invadir o espaço dos outros com abraços ou até mesmo com
perguntas intrusivas. Europeus são mais frios no convívio foi o que
me disseram.
Há alguns estereótipos que se tornaram válidos depois de conheceres
pessoas destes países?
32
revista água vai
‘‘ Meu país sempre
foi e sempre será
muito aberto a
todos os tipos de
novas experiencias,
somos um povo que
ama conhecer novas
culturas
‘‘
N: Sim. O distanciamento no
convívio é puramente prático e
profissional, eles não enrolam
para falar e parecem não entender
a necessidade de “conversa
fiada”. As conversas sempre
eram muito direto ao ponto.
N: Meu país sempre foi e sempre será muito aberto a todos os tipos de
novas experiencias, somos um povo que ama conhecer novas culturas e
temos uma tendência a achar que tudo que é da Europa é melhor, não
que isso seja verdade, mas tantos anos de colonização deixam suas
marcas, porém minha cultura seria diferente se não fosse assim, o povo
brasileiro aprendeu a ser hospitaleiro e somos felizes por isso.
Algumas das respostas surpreenderam-nos mas as outras foram mais
previsíveis. Como podemos ver, as pessoas que vêm dos países lusófonos têm
algum conhecimento dos países do Leste e do Centro da Europa que obtiveram
pelo contacto com as pessoas destas regiões. É natural então que as
pessoas sem associações ou relações com os países desconhecidos não têm
informação suficiente para criar opiniões imparciais. E isso é relacionado
com a falta de entendimento que leva à imagem negativa e estereótipos.
Mas conhecemos uma receita perfeita: mente aberta. Os lusófonos que já
tiveram a oportunidade de conhecer culturas diferentes têm uma atitude
amigável e acolhedora enquanto receberem as pessoas estrangeiras nos seus
países respetivos. Os estudantes de línguas estrangeiras assumem um papel
de mediador cultural. Nós como entusiastas de várias línguas esperamos
que ainda mais pessoas conheçam outras culturas para nós pudermos sentirnos
bem-vindas assim como nós estamos prontas a receber bem os outros.
Quais podem ser as semelhanças
e diferenças entre o teu país
e os países destas regiões?
N: Como o Brasil e especialmente
a minha região foi colonizada
largamente por países europeus,
há muito da cultura misturada
com a nossa, a cultura Alemã
e Italiana são extremamente
forte e cultivadas, tendo pessoas
que falam dialetos dessas
línguas até hoje, a arquitetura e
culinária tem diversas influências,
me diverti muito comparando
os tipos de tradições com
alguns amigos.
Qual é a tua opinião sobre os
imigrantes destas regiões que
moram ou quererão morar no
teu país?
Olga Poliszuk
Sou a Olga, tenho 27 anos e estou a
terminar o mestrado de linguística
aplicada.
Depois do meu semestre de Erasmus
decidi prolongar a minha
estadia em Lisboa e depois de um
ano e meio ainda estou cá, a viver
com dois portugueses muito
simpáticos: a Maria João e o
Ricardo.
Patrycja Wiraszka
Sou a Patrycja e tenho 24 anos.
Agora estou a terminar o mestrado
de linguística aplicada em Lublin.
Graças à minha afeição por línguas
estrangeiras eu estou a estudar
inglês, português, italiano e
espanhol. Graças a isso também
conheci muitas pessoas interessantes,
duas das quais concordaram em
participar na entrevista.
33
ZERKNIĘCIE
NA NIEZNANĄ
EUROPĘ
Dominika Roseclay, Pexels
34
Olga Poliszuk i Patrycja Wiraszka
Mieszkańcy innych kontynentów z różnych
powodów często ułatwiają sobie życie i
opisują nas wszystkich mianem „europejczyków”
bez większego zastanowienia.
Jednak sami Europejczycy są świadomi
różnorodności kulturowej i etnicznej tego
regionu świata, tylko nie zawsze o tym
myślą lub nie znają ich z osobistego
doświadczenia. Celem niniejszego tekstu
jest stworzenie okazji do zastanowienia
się nad Europą, której przeciętny luzofon
nie zna zbyt dobrze i zapoznania nas z tą
perspektywą. Obie byłyśmy ciekawe tego,
jaką Europę pokażą nam reprezentanci
portugalskojęzycznych realiów. W związku
z tym zadałyśmy kilka pytań naszym
znajomym.
35
RICARDO
R: Jestem Ricardo, jestem z Porto. Mieszkam w
Lizbonie i poza Portugalią mieszkałem już na Malcie.
Jakie znasz kraje Europy Centralnej i Europy
Wschodniej?
R: Znam lub odwiedziłem? Znam Europę, ale aby
odwiedzić... Najbardziej centralnym krajem, jaki
odwiedziłem, były Niemcy, za to na wschodzie
nigdy nie byłem – w Polsce, Rumunii czy na
Ukrainie. Wydaje mi się, że najdalej na wschód
pojechałem do Niemiec.
Czy masz powiązania lub skojarzenia z krajami
Centralnej Europy i Europy Wschodniej?
(miejsca, osoby, wydarzenia, przedmioty)
R: Nie mam żadnego kontaktu, ani nie mam
bezpośrednich powiązań z tymi krajami. Cóż,
mam przyjaciół z Polski, Rumunii, Litwy i myślę,
że to wszystko. Nie mogę powiedzieć, że szczególnie
dobrze znam kulturę tych krajów.
Słyszałem o miejscach, jedzeniu, ale to nic z tego,
czego nigdy wcześniej nie widziałem na własne
oczy. Próbowałem jedynie pierogów z Polski i mi
posmakowały.
Znasz jakieś stereotypy o osobach z tamtych
regionów?
R: Wódka. Dużo piją. To jedyny, jaki znam.
Czy istnieją stereotypy, które po poznaniu osób z
tamtych krajów, okazały się prawdziwe?
R: Hmm, właściwie to nie.
Jakie mogą być podobieństwa i różnice między
twoim krajem a krajami z tamtych regionów?
Anastasiya Vragova, Pexels
R: Może… Dobre pytanie. Myślę, że na poziomie
kulturowym są to bardzo różne kraje, głównie ze
36
względu na pogodę. Zimniejsza pogoda wymaga
innych sposobów wspólnego spędzania czasu.
Przynajmniej jeśli chodzi o moje doświadczenie z
ludźmi, których spotkałem, na poziomie kulturowym
jest całkiem podobnie. Jednak nie spotkałem
wielu osób, więc nie wiem, ile jest w tym prawdy.
Jakie jest twoje zdanie na temat imigrantów
z
tamtych regionów mieszkających w twoim kraju?
moja rodzina ma częściowo wschodnioeuropejskie
pochodzenie. Może z tego powodu powinnam
więcej wiedzieć na ten temat. Znam parę osób,
ciebie, dziewczynę z Rosji, mam kilku znajomych z
Niemiec, ale nie mam żadnych rodzinnych czy
innych tego typu powiązań. Jednak znam parę
osób.
O: A jacyś sławni ludzie?
O: Jakie mogą mieć powody?
R: Powody… Przypuszczam, że to te same
powody, jak u każdego człowieka, który emigruje:
aby znaleźć lepsze warunki, lepsze życie. Cóż, mus
to mus, prawda? Więc nie mam negatywnej opinii.
Każdy musi zarabiać na życie.
O: Z których regionów jest najwięcej imigrantów tu
w Portugalii?
MJ: Czy znam jakichś sławnych ludzi? Angela
Merkel.
O: A inne rzeczy? Jedzenie?
MJ: Pierogi. Wiem, że ludzie jedzą kapustę z
jagnięciną i inne tego typu dania. Przynajmniej
takie kojarzę, nie wiem, czy to prawda, czy nie.
Wódka. I czekolada, słodycze [stamtąd] są bardzo
dobre.
R: Tu w Lizbonie nie wiem, niezbyt dobrze ją
jeszcze znam, ale przynajmniej w Porto często
widuje się osoby z Ukrainy i Rumunii.
MARIA JOÃO
MJ: Cześć, nazywam się Maria João, mam 25 lat i
jestem Portugalką z Azorów. Mieszkałam na
Malcie i w Anglii, a obecnie jestem w Lizbonie.
Jakie znasz kraje Europy Centralnej i Europy
Wschodniej?
Znasz jakieś stereotypy o osobach z tamtych
regionów?
MJ: A, stereotypy, tak. Na przykład mówi się, że
ludzie są bardzo oziębli, ale ty jesteś absolutnie
przekochana, Olga. Ale tak, mówią, że ludzie mają
chłodne podejście, czasami są bardziej zamknięci.
Myślę, że może być w tym trochę prawdy, biorąc
pod uwagę, że kraje te skupiają wielu ludzi, którzy
w kwestiach politycznych skłaniają się ku skrajnej
prawicy, a więc mogą być bardziej nacjonalistyczni,
tradycjonalistyczni.
MJ: Nigdy nie odwiedziłam żadnego z tych
krajów. Znam Polskę przez ciebie [Olga], Niemcy,
Austrię. Nie wiem, nie przypominam sobie w tej
chwili.
Czy masz powiązania lub skojarzenia z krajami
Centralnej Europy i Europy Wschodniej?
(miejsca, osoby, wydarzenia, przedmioty)
MJ: Nie. No cóż, ostatnio zrobiłam test genetyczny i
Czy istnieją stereotypy, które po poznaniu osób z
tamtych krajów, okazały się prawdziwe?
MJ: Nie. Z nielicznych osób, które spotkałam z
krajów Europy Wschodniej i Środkowej nikt. Być
może także ze względu na warunki, w których ich
poznałam. To byli ludzie z Erasmusa, którzy są
bardziej otwarci. Zawsze mają w sobie ducha
przygody, nie oceniają nieznanego, a wręcz go
poszukują.
37
Jakie mogą być podobieństwa i różnice między twoim krajem a krajami z tamtych regionów?
MJ: Jest ich parę. Jeśli chodzi o jedzenie, ludzie lubią kiełbasę i chorizo, my też je lubimy. Nie pijemy za dużo,
lubimy lżejsze napoje. Ale myślę, że wszyscy mamy coś wspólnego, niezależnie od kraju. Jednak tradycje są
zawsze… Niektóre są bardzo wyjątkowe, inne są bardziej powszechne. Ale świętowanie Wielkanocy w
porze śniadaniowej to dla mnie istny koszmar.
Jakie jest twoje zdanie na temat imigrantów z tamtych regionów mieszkających w twoim kraju?
MJ: Niestety, myślę, że wymóg posiadania całej tej papierologii przy emigracji jest trochę śmieszny. Bo tak
naprawdę świat należy do wszystkich. Myślę, że to normalne, że ludzie szukają nowych możliwości,
nowych przygód. Chciałabym też zamieszkać w innym kraju, jak tylko będę miała taką możliwość. Kto wie,
może pewnego dnia pojadę do wschodniego kraju. Myślę, że to droga, która powinna być dwukierunkowa.
Żeby nas było tak wielu tam, jak ich tutaj.
DIOGO
D: A więc pochodzę z Portugalii, konkretniej z
północnej części kraju (z Bragi) i nie, nigdy nie
mieszkałem w żadnym innym kraju. Zawsze
mieszkałem tutaj w Portugalii.
1. Jakie znasz kraje Europy Centralnej i Europy
Wschodniej?
D: Kiedy mówię o centrum [Europy] myślę o,
prawie zawsze myślę o Francji i Niemczech,
ponieważ geografia nie jest moją mocną stroną i
tak się składa, że nie wiem.
Sam już nie wiem, z kim miałem więcej kontaktu i
powiedźmy, że nie był on bezpośredni. Od wielu
lat jest tu sporo imigrantów, zwłaszcza z Ukrainy.
Przez to nawiązałem kontakt z osobami stamtąd.
Wiem, że... widziałem również parę osób, które
tam pojechały. Wiem, że [Ukraina] jest jednym z
krajów Europy Wschodniej i teraz nie pamiętam,
ale pojechali pracować w instytutach nanotechnologicznych
na stypendiach naukowych.
38
‘‘ naprawdę świat należy do
wszystkich. Myślę, że to normalne,
że ludzie szukają
nowych możliwości, nowych
przygód.
Chciałabym też zamieszkać w
innym kraju, jak tylko będę
miała taką możliwość. Kto wie,
może pewnego dnia pojadę do
wschodniego kraju.
Ale w rzeczywistości nie wiem o tym nic więcej,
nie pamiętam.
P: Gdzie się zaczyna, a gdzie kończy Wschodnia
Europa?
D: Myślę, że Litwa jest punktem, w którym
zaczyna się Wschodnia Europa a Turcja i Cypr
tymi, w których się kończy.
Czy masz powiązania lub skojarzenia z krajami
Centralnej Europy i Europy Wschodniej?
(miejsca, osoby, wydarzenia, przedmioty)
D: Osoby ze wschodu, z którymi miałem kontakt z
łatwością uczyły się portugalskiego, wszystkie
miały dość dobry portugalski z całkiem niezłą
wymową. Kiedy myślę o tych krajach, odnoszę
wrażenie, że zawsze są zimniejsze od mojego. To
tyczy się też Europy Centralnej. Być może Europa
Wschodnia jest zimniejsza, ale uważam, że
Środkowa ma niższe temperatury od naszych.
Jeśli chodzi o Europę Wschodnią, nie wiem, czy to
prawda, czy nie, ale tamtejszy koszt życia jest
mniejszy niż tutejszy. Być może nie kupi się tam
więcej, ale koszt życia zdaje się być tam niższy. Co
więcej… Zauważyłem, że wiele języków prawie
‘‘
się wymieszało i dla mnie w ostatecznym
rozrachunku brzmią dosyć podobnie.
P: A słynne osoby, dania …?
D: Myśląc o Serbii (zdaje mi się, że jest serbem)
myślę o Ðokoviću. Nie znam wielu dań tamtejszych
kuchni, jednak pamiętam barszcz.
Znasz jakieś stereotypy o osobach z tamtych
regionów?
D: Szczerze mówiąc, nie znam wielu stereotypów
te, które były często powtarzane miały negatywny
wydźwięk. Głównie, kiedy byłem nastolatkiem,
kiedy przyjeżdżało sporo imigrantów z Ukrainy,
stereotypy były dość negatywne. Typu, że zawsze
kombinowali i z tego, co można było usłyszeć,
ludzie mówili, że ten kraj kojarzy im się jako jeden z
biedniejszych i że żyje się w nim mniej stabilnie niż
w Portugalii. Myślę, że ludzie dyskryminują osoby
z tego regionu.
Czy istnieją stereotypy, które po poznaniu osób z
tamtych krajów, okazały się prawdziwe?
D: Nie, w rzeczywistości nic się nie sprawdziło. Nie
rozmawiałem z nikim na tyle, aby to potwierdzić
czy temu zaprzeczyć. Mogę powiedzieć, że osoby z
którymi rozmawiałem były bardzo sympatyczne,
nigdy negatywne. Mówię o tych, których znałem i
już minęło sporo czasu, odkąd rozmawiałem z kimś
z tego regionu mieszkającym w Portugalii. Okazało
się, że to ludzie dość zaradni, nie wiem, czy ogólnie
sobie dobrze radzili, czy nie, jednak z językiem
radzili sobie nieźle.
Jakie mogą być podobieństwa i różnice między
twoim krajem a krajami z tamtych regionów?
D: Podobieństwa..., kiedy myślę o podobieństwach,
to co przychodzi mi na myśl to Portugalia jako kraj,
który nie jest tak bogaty, że odzwierciedla
wysokość płacy minimalnej i tym rzeczom, które są
w dolnej części Europy, perspektywie, które mam.
Słyszałem, jak ludzie mówili lub komentowali, że
39
język portugalski i język rosyjski są bardzo podobne. Może nie jestem zbytnio zaznajomiony z tymi
językami, żeby je porównywać, ale z mojej perspektywy nie wydaje mi się, żeby były one aż tak podobne.
Ale myślę, że to myśl towarzysząca wielu. Może mamy jakieś wyobrażenie, bo choć nie znam wielu ludzi z
tego regionu, to jednak myśl, która mi się nasuwa, nie wiem, czy dlatego, że same kraje są zimne, a
przynajmniej tak mi się wydaje, ale myśl, którą mam, jest taka, że wielu ludzi z tego regionu nie jest
entuzjastycznych tak jak na przykład [ludzie] w krajach latynoskich.
Różnice, wydaje mi się, że jedzenie jest zupełnie inne. Wyobrażam sobie, że nasze śródziemnomorskie
jedzenie jest zupełnie inne niż wschodnio- czy środkowoeuropejskie. Myślę też o etyce pracy, ale to, co tam
jest, jest dość podobne. Z doświadczenia z tymi ludźmi wynika, że są... w rzeczywistości są realistyczne lub
ździebko pesymistyczne usposobieni z niektórych pozytywnie nastawionymi osobami, ale ogólnie myślę,
że to zamknięci ludzie. Ale ogólnie rzecz biorąc, myślę, że jest tam wielu ludzi, którzy lubią dużo narzekać.
Jeśli chodzi o ludzi, z którymi pamiętam, że rozmawiałem, nie mogę powiedzieć, że narzekali czy coś w
tym stylu, mowa o tych, którzy tu mieszkali. Więc tam, może to może być różnica, ale.... Wyobrażenie, jakie
mam o ludziach z Europy Wschodniej czy Środkowej, jest takie, że być może oni też lubią narzekać, więc nie
wiem, czy pod tym względem bardzo się różnią.
6. Jakie jest twoje zdanie na temat imigrantów z tamtych regionów mieszkających w twoim kraju?
D: Więc myślę, że są mile widziani. Tak jak mówiłem, ludzie, których spotkałem, wydawali się pracowici i
nie mieli żadnych problemów z pracą. Myślę jednak, że obecnie trudno jest tu przyjechać ze względu na
czynsz i tym podobne rzeczy, ale to ma więcej wspólnego z tym, jak łatwo jest im przyjechać, a nie z moją
opinią na temat tego, czy przyjeżdżają, czy nie. Ponieważ, jeśli chodzi o ich przyjazd tutaj, myślę, że są oni
zdecydowanie mile widziani, chociaż myślę, że pod pewnymi względami nadal istnieją te negatywne
stereotypy w odniesieniu do ludzi stamtąd, co prawdopodobnie nie jest dla nich najprzyjemniejszą rzeczą.
Niestety ten negatywny aspekt muszą znieść, kiedy tu przyjeżdżają.
NAIARA
N: Jestem z Santa Bárbara do Sul (Rio Grande do
Sul) z Brazylii. Mieszkałam w Polsce.
Jakie znasz kraje Europy Centralnej i Europy
Wschodniej?
Anthony Beck, Pexels
N: Podczas mojej wymiany studenckiej poznałam
kilka krajów w Europie, nie jestem pewna, które z
nich są w centrum lub w innych kierunkach
geograficznych. Były to: Portugalia, Niemcy
(Europa Centralna), Polska (Wschodnia), Węgry,
Czechy, Irlandia, Szkocja, Anglia, Włochy,
Hiszpania (Europa Centralna) i Francja (Europa
Centralna)
40
Czy masz powiązania lub skojarzenia z krajami
Centralnej Europy i Europy Wschodniej?
(miejsca, osoby, wydarzenia, przedmioty)
N: Skojarzenia, które mam ostatnio, to myśli o
ludziach, których spotkałam. Gdy mówi się o
jakimś kraju, a ja kogoś stamtąd znam, to pomyślę,
co ten ktoś musi robić albo czy wie, o czym się u nas
mówi. Tak samo, gdy oglądam filmy lub przeglądam
jakiekolwiek media, które przywołują
fragmenty miejsc, które znałam, zatracam się we
wspomnieniach.
Znasz jakieś stereotypy o osobach z tamtych
regionów?
N: Tak, przed wyjazdem do Europy ostrzegano
mnie przed powściągliwością ludzi, dystansem
osobistym i tym, by uważać, by nie wkraczać w
przestrzeń innych osób z uściskami czy nawet
natrętnymi pytaniami. Europejczycy są bardziej
oziębli w kontaktach towarzyskich, tak mi
powiedziano.
Czy istnieją stereotypy, które po poznaniu osób z
tamtych krajów, okazały się prawdziwe?
N: Tak. Dystans w relacjach międzyludzkich jest
czysto praktyczny i zawodowy, oni niechętnie
angażują się w pogaduszki i zdają się nie rozumieć
potrzeby prowadzenia rozmowy „o niczym”.
Rozmowy były zawsze bardzo na temat.
Jakie mogą być podobieństwa i różnice między
twoim krajem a krajami z tamtych regionów?
N: Ponieważ Brazylia, a zwłaszcza mój region,
została w dużej mierze skolonizowana przez kraje
europejskie, wiele z ich kultury miesza się z naszą,
kultura niemiecka i włoska są niezwykle silne i
kultywowane, a ludzie mówią dialektami tych
języków do dziś, różne wpływy są widoczne w
architekturze i kuchni, miałam sporo frajdy
porównując różne tradycje z kilkoma przyjaciółmi.
6. Jakie jest twoje zdanie na temat imigrantów
z
tamtych regionów mieszkających w twoim kraju?
N: Mój kraj zawsze był i będzie bardzo otwarty na
wszelkiego rodzaju nowe doświadczenia, jesteśmy
narodem, który uwielbia poznawać nowe kultury i
mamy tendencję do myślenia, że wszystko, co
europejskie jest lepsze. Nie, żeby to była prawda,
ale tak wiele lat kolonizacji pozostawiło swoje
ślady. Moja kultura byłaby inna, gdyby tak nie było,
Brazylijczycy nauczyli się być gościnni i jesteśmy z
tego powodu szczęśliwi.
Niektóre odpowiedzi nas zaskoczyły, podczas gdy inne
były nieco łatwiejsze do przewidzenia. Jak można
zauważyć, osoby z krajów portugalskojęzycznych mają
niewielką znajomość krajów Wschodniej i Środkowej
Europy, którą nabywają przez obcowanie z osobami z
tych regionów. Naturalnie, osoby bez powiązań czy
relacji z nieznanymi krajami nie posiadają wystarczających
informacji by wyrobić sobie obiektywną opinię.
Wiąże się to z brakiem zrozumienia prowadzącym do
powstania negatywnych wyobrażeń i stereotypów.
Jednakże znamy doskonałe rozwiązanie: otwartą głowę.
Luzofoni, którzy już mieli okazję poznać obce kultury
mają przyjazne i gościnne nastawienie przy przyjmowaniu
w swojej ojczyźnie obcokrajowców. Osoby uczące
się języków obcych pełnią rolę mediatorów kultury. Jako
entuzjastki różnych języków liczymy, że coraz więcej
osób pozna inne kultury, tak abyśmy mogły być równie
miło przyjęte, jak same jesteśmy gotowe przyjąć innych.
Olga Poliszuk: Jestem Olga, mam 27 lat i właśnie
kończę studia magisterskie na lingwistyce stosowanej.
Po semestrze spędzonym na wymianie Erazmus
zdecydowałam się przedłużyć mój pobyt w Lizbonie i po
półtorej roku nadal tu jestem mieszkając z dwójką bardzo
sympatycznych portugalczyków: Marią João i Ricardem.
Patrycja Wiraszka: Jestem Patrycja i mam 24 lata.
Obecnie kończę studia magisterskie na lingwistyce
stosowanej w Lublinie. Dzięki mojemu zamiłowaniu do
języków obcych uczę się angielskiego, portugalskiego,
włoskiego i hiszpańskiego. Dzięki temu poznałam
również wielu ciekawych ludzi, z których dwoje zgodziło
się wziąć udział w wywiadzie.
41
Um angolano
em Lublin
42
United Nations Photo, Flickr (Luanda, Angola)
Hubert Cristóvão
e Mariia Zan
Um exemplo de país onde se fala português é Angola,
que não viveu muito tempo uma vida independente de
Portugal. É um país africano com uma cultura única,
localizado a milhares de quilómetros da Polónia.
Portugal deixou
a sua marca em
muitos países,
tanto a nível
cultural como
linguístico.
Sou filho de um imigrante angolano que se mudou para
a Polónia há cerca de 30 anos. Por isso, eu e a minha
colega de turma Mariia decidimos fazer-lhe uma entrevista
para a Água Vai.
Mario Cristovão contou-nos sobre as dificuldades
relacionadas com a emigração para a Polónia, as suas
impressões desde a sua chegada a este país, a vida
atual na Polónia e como ela difere da vida em Angola.
43
revista água vai
Mario: A história da minha mudança para a Polónia começa da seguinte
forma ... Após terminar o ensino secundário, candidatei-me a uma bolsa
de estudos. Como parte da bolsa, tive a possibilidade de escolher o país
onde poderia estudar como Brasil, Portugal, Cuba, União Soviética e
Polónia. Pelo fato de querer estudar mineração, escolhi a Polónia, pois
só neste país existia essa faculdade.
Hubert: Quando te mudaste para a Polónia?
Mario: Em 1987. No primeiro ano, só frequentei o curso de língua polaca
em Łódź. Depois, tive férias de integração em Rzeszów e só mais tarde
fui aceite para os estudos na Universidade.
Mariia: Quais foram as maiores dificuldades que sentiu com a
mudança para a Polónia?
Hubert: Como imaginavas a
Polónia antes de partires e o que
sabias sobre este país?
Mario: A primeira foi a questão da comunicação porque eu não sabia
falar polaco. Naquela época, quase ninguém sabia inglês, muito menos
português. A segunda dificuldade foi acostumar-me ao clima local.
Estava habituado a viver em climas quentes e, como sabemos, o tempo
na Polónia é muito instável, por isso foi muito difícil para mim, adaptarme
e funcionar num país assim. A terceira questão foi a comida porque
adoro a comida e a bebida que há em Angola. Tive de mudar a minha
alimentação, porque na Polónia não havia produtos para preparar
pratos angolanos. Como a minha mulher brinca - felizmente.
Mario: Infelizmente, mesmo
tendo escolhido a Polónia como
país onde queria estudar, não
conhecia a sua história. Eu e os
meus amigos só conhecíamos
jogadores da seleção nacional
como Boniek, Smolarczyk, e
outros. Antes de partir, após ter
sido selecionado, a Embaixada da
Polónia organizou vários encontros
com os futuros bolseiros,
intitulados "Conheça a Polónia".
Nessas reuniões, recebi informações
básicas sobre o país: onde
fica, qual é seu tamanho, quais
são os seus costumes, clima, etc.
Mariia: Tenho uma pergunta
especial, uma vez que gosto
muito de música, que gostaria de
lhe fazer: o que pode dizer sobre
a música em Angola?
Mario Cristóvão
Mario: Acertou porque adoro
música. Tanto que no colégio eu
estava num grupo de alunos que
organizava concertos e encontros
com músicos. A música angolana
44
revista água vai
está enraizada nas experiências dos nossos antepassados. Através da
dança e da música, as pessoas podem voltar ao passado. O género
musical mais conhecido em Angola é o semba nativo. Semba, não
samba. Já o samba brasileiro tem as suas raízes no semba. A música
desempenha um papel importante no meu país. Foi especialmente
importante durante a luta de libertação nacional porque, como sabem,
Angola foi uma colónia portuguesa durante cerca de quinhentos anos.
Quando os primeiros movimentos de guerrilha começaram a surgir,
uma forma de dar força e encorajamento era através da música. Um dos
músicos que influenciaram as pessoas dessa forma foi o Bonga. Ele
ainda é um músico ativo e já esteve várias vezes na Polónia. A música -
é tão importante para os angolanos que acompanha as pessoas em todos
os encontros. Raramente é possível encontrar uma pessoa para quem a
música não seja importante. E agora uma curiosidade, instrumentos
nacionais únicos, como a marimba ou o ndungu, foram criados em
Angola.
Hubert: O que te falta vivendo no estrangeiro?
Mario: Tenho mais saudades da minha família, dos meus amigos e dos
angolanos em geral. Tenho saudades de todos eles. Como disse anteriormente,
também sinto falta da cozinha angolana. Tenho saudades da
música angolana porque ela é o meu passatempo. É verdade, posso
ouvir canções online, mas sinto falta da presença de músicos angolanos.
Felizmente, durante os meus estudos, os meus amigos do dormitório
contagiaram-me com o seu amor pela música polaca. Tocavam frequentemente
diferentes instrumentos e cantavam canções polacas. Eu era
muito ambicioso e queria aprender tanto a tocar guitarra como a língua
polaca, por isso tocava frequentemente música com eles. O meu companheiro
de quarto era um grande fã da banda Dżem, ele tinha todos os
seus discos e revistas. Ele amava-os tanto que convenceu-me a juntarme
a eles, para tal levou-me a um concerto deles. Foi o meu primeiro
concerto na Polónia. Também conheci outras bandas polacas como Papa
Dance ou Republika. É claro que também tive contacto com a música
disco polo. Com um amigo, renovámos uma discoteca em Łęczna e o
dono pediu-me para ser DJ. No início toquei mais funk e música rock,
mas os frequentadores regulares desta discoteca exigiam mais disco
polo. Foi por isso que comecei a colecionar discos de disco polo para os
tocar nesta discoteca e dessa forma conheci melhor este género. Penso
que a música polaca evoluiu muito porque todas as pessoas faziam
música por diversão e para ganhar algum dinheiro, não havia este show
business como agora. Lembro-me também de uma história sobre como
comecei a comer comida polaca. No início não comia nenhum prato
típico polaco, como pepinos em conserva ou bigos. Mas com o tempo
‘‘ Estou na Polónia
desde 1987 e vejo
o quanto mudou.
Vejo o progresso
económico. Penso
que a Polónia é o
país que se desenvolveu
mais rapidamente
em comparação
com outros
países europeus
cuja situação económica
também era
má nos anos 80.
‘‘
comecei a gostar da cozinha
polaca, porque na cantina onde
comíamos durante a semana só
havia comida assim. No entanto,
durante os meus primeiros anos
na universidade, eu e os meus
amigos comíamos em restaurantes
aos fins-de-semana porque a
cantina estava fechada a partir de
sexta-feira. Sempre pedimos
aquilo a que estávamos habituados,
que era frango, batatas fritas
e cerveja. Uma das nossas descobertas
foram os mercados onde
45
revista água vai
podíamos comprar produtos e por isso podíamos tentar cozinhar
pratos semelhantes aos de Angola. Ainda julgo que os nossos pratos
eram realmente saborosos! Finalmente, eu diria que em Angola eu tinha
a praia e o oceano, mas aqui sinto um pouco a falta dessa atmosfera
oceânica.
interessante e atrai a atenção do
ouvinte, principalmente do aluno
que aprende a língua.
Hubert: O que pensas da Polónia passados estes anos?
Mario: Estou na Polónia desde 1987 e vejo o quanto mudou. Vejo o
progresso económico. Penso que a Polónia é o país que se desenvolveu
mais rapidamente em comparação com outros países europeus cuja
situação económica também era má nos anos 80. Em retrospetiva,
também tenho de admitir que a infraestrutura melhorou muito. Para
onde quer que olhe, há novos arranha-céus e autoestradas. Graças a
isto, os transportes urbanos e nacionais desenvolveram-se. Agora viajar
pela Polónia é um prazer. Isto também contribuiu para a melhoria dos
serviços, sendo muito bem prestados. A última coisa a mencionar é o
nível de ensino. As universidades polacas estão entre as melhores da
Europa. Graças a um bom ensino, os polacos podem facilmente encontrar
um emprego no estrangeiro e estão abertos ao mundo.
Hubert Cristóvão:
22 anos, natural de Lublin. Adoro
dançar, viajar e conhecer novas
pessoas.
Mariia: És feliz na Polónia?
Mario: Eu seria um hipócrita se dissesse que não sou feliz aqui. Estou
feliz porque vivo a vida que escolhi. Ninguém me obrigou a fazê-lo. A
decisão foi minha. Não tenho remorsos porque tenho o apoio dos meus
pais. Sempre me disseram que se deve terminar o que se começa e que é
importante para mim ser feliz. Não importa o que aconteça, seremos
sempre uma família. Para ser honesto, não tenho razões para estar
insatisfeito por viver na Polónia. Como angolano, africano que, como
outros dos meus compatriotas, tinha poucas perspetivas para o futuro,
não tenho o direito de queixar-me. Olhando para o que passei e o
quanto consegui alcançar, sou uma pessoa realmente feliz. Quando
penso em outros emigrantes que procuram o seu lugar no mundo,
desejo-lhes sorte e espero que um dia sejam tão felizes como eu.
Em conclusão, podemos dizer com toda a certeza que entrevistar o
Mário foi uma experiência fascinante. Ficamos a conhecer melhor a
cultura angolana. O elemento mais interessante dessa entrevista, no
entanto, foi conhecer a história pessoal da emigração do Mário. É uma
história de adaptação a um lugar completamente diferente, sem
família, sem amigos, num ambiente absolutamente diferente, sem
música e comida angolana, a que o contador de histórias está habituado.
Além disso, a versão angolana da língua portuguesa é extremamente
Mariia Zan:
Sou de Odessa, da costa do mar
Negro da Ucrânia. Emigrei da
Ucrânia para a Polónia quatro
anos atrás, em 2017. Desde então,
estudei linguística aplicada e
trabalhei em diversos lugares.
A minha paixão é a música, por
isso apaixonei-me pela língua
portuguesa por causa dos
artistas do Brasil e de Portugal.
Agora trabalho como tradutora.
46
Angolczyk
w Lublinie
Jak wiadomo, Portugalia zostawiła swój ślad w
wielu krajach, zarówno w aspekcie kulturowym,
jak i językowym. Przykładem kraju, w którym
nadal mówi się po portugalsku, jest Angola,
która nie od tak dawna żyje swoim, niezależnym
od Portugalii, życiem. To państwo afrykańskie, o
wyjątkowej kulturze, znajdujące się tysiące
kilometrów od Polski.
Artem Beliaikin, Pexels
Jestem synem imigranta z Angoli. Z tego powodu, ja
i moja koleżanka mieliśmy okazję przeprowadzić
wywiad z Mariem, który przeprowadził się do
Polski około 30 lat temu.
Pixabay
Mario Cristóvão opowiedział nam o trudnościach
związanych z emigracją do Polski, swoich wrażeniach
z pobytu w tym kraju, obecnym życiu w Polsce
i o tym, czym różni się ono od tego w Angoli.
Mario: Historia mojego wyjazdu do Polski rozpoczyna
się następująco… Po ukończeniu szkoły
średniej złożyłem podanie o stypendium naukowe,
które udało mi się uzyskać. W ramach stypendium
mogłem wyjechać do takich krajów jak Brazylia,
Portugalia, Kuba, Związek Radziecki, czy Polska. Z
racji tego, że chciałem studiować górnictwo, wybrałem
Polskę, gdyż tylko w tym kraju był ten kierunek
studiów.
Hubert: Kiedy przeprowadziłeś się do Polski?
47
revista água vai
‘‘ JESTEM W POLSCE OD
1987 ROKU I WIDZĘ JAK
BARDZO SIĘ ZMIENIŁA.
WIDZĘ POSTĘP EKONO-
MICZNY.
‘‘
Przed wyjazdem, po tym jak zostałem wybrany do
uzyskania stypendium, Ambasada Polski
zorganizowała kilka spotkań ze stypendystami,
zatytułowanych „Poznaj Polskę”. Podczas tych
spotkań dowiedziałem się podstawowych
informacji o Polsce: gdzie się znajduje, jakiej jest
wielkości, jakie są tam zwyczaje itp.
Maria: Mam szczególne pytanie od siebie, z racji
tego, że bardzo lubię muzykę, to chciałabym
zapytać, co możesz powiedzieć o muzyce w
Angoli?
Mario: W 1987 roku wyjechałem do Polski. Przez
pierwszy rok uczęszczałem tylko na kursy języka
polskiego, które odbywały się w Łodzi. Następnie
miałem wakacje integracyjne w Rzeszowie i
dopiero później zostałem przyjęty na studia.
Maria: Jakie były największe trudności związane
z przeprowadzką do Polski?
Mario: Pierwszą z nich była kwestia komunikacji,
ponieważ nie znałem polskiego. W tamtych czasach
mało kto znał język angielski, a co dopiero
portugalski. Drugą trudnością była kwestia
przyzwyczajenia się do tutejszego klimatu. Byłem
przyzwyczajony do życia w gorącym klimacie, a jak
wiemy, w Polsce pogoda jest zmienna, więc bardzo
trudno było mi się przystosować i funkcjonować w
takim kraju. Trzecią kwestią było jedzenie,
ponieważ uwielbiam potrawy i napoje, które są w
Angoli. Musiałem zmienić dietę, bo w Polsce nie
można kupić produktów do przygotowania
angolskich potraw. Jak żartuje moja żona - na
szczęście.
Hubert: Jak wyobrażałeś sobie Polskę przed
wyjazdem i co o niej wiedziałeś?
Mario: Niestety, ale ja i moi przyjaciele znaliśmy
jedynie polskich piłkarzy. Planując przeprowadzkę
do obcego kraju, nawet nie znałem jego historii.
Mario: Dobrze trafiłaś, bo uwielbiam muzykę. Do
tego stopnia, że w liceum byłem w grupie uczniów,
która organizowała koncerty lub spotkania z
muzykami. Muzyka pochodząca z Angoli
zakorzeniona jest w doświadczeniach naszych
przodków. Poprzez taniec i muzykę ludzie mogą
wrócić do przeszłości. Najbardziej znanym
gatunkiem muzycznym w Angoli jest rodzima
semba. Semba nie samba. Jeśli chodzi o sambę
brazylijską, to ma ona swoje korzenie w sembie.
Muzyka odgrywa istotną rolę w mojej ojczyźnie.
Była szczególnie ważna w czasie walki
narodowowyzwoleńczej, bo jak wiadomo, Angola
była kolonią portugalską przez około pięćset lat.
Kiedy zaczęły pojawiać się pierwsze ruchy
partyzanckie, jednym ze sposobów na dodawanie
siły i otuchy, była muzyka. Jednym z muzyków,
który wpływał w ten sposób na ludzi, był Bonga.
Jest on nadal aktywnym muzykiem i kilkakrotnie
był w Polsce. Dla Angolczyków muzyka jest tak
ważna, że towarzyszy ona ludziom podczas
każdego spotkania. Rzadko kiedy można znaleźć
osobę, dla której muzyka nie jest ważna. A teraz
ciekawostka, w Angoli powstały unikalne
instrumenty narodowe, takie jak marimba czy
ndungu.
Hubert: Czego Ci brakuje na obczyźnie?
Mario: Najbardziej brakuje mi mojej rodziny,
przyjaciół i ogółem Angolczyków. Tęsknię za nimi
48
David Stanley, Wikipedia (Luanda)
wszystkimi. Tak jak wcześniej mówiłem, brakuje
mi także angolskiej kuchni. Brakuje mi angolskiej
muzyki, tak jak wspominałem, muzyka to moje
hobby. Co prawda mogę posłuchać piosenek w
Internecie, ale brakuje mi obecności angolskich
muzyków. Na szczęście podczas studiów moi
koledzy z akademika zarazili mnie miłością do
polskiej muzyki. Często grali na różnych
instrumentach i śpiewali polskie piosenki. Byłem
bardzo ambitny, chciałem nauczyć się zarówno
grać na gitarze jak i języka polskiego, dlatego
często z nimi muzykowałem. Mój współlokator
był dużym fanem zespołu Dżem, miał ich
wszystkie płyty i gazety. Uwielbiał ich do tego
stopnia, że postawił sobie za obowiązek
przekonanie mnie do nich, więc zabrał mnie na
ich koncert. To był mój pierwszy koncert w
Polsce. Poznałem także inne polskie zespoły takie
jak Papa Dance czy Republika. Oczywiście
miałem też styczność z disco polo. Razem z
koleżanką odnowiliśmy dyskotekę w Łęcznej. Jej
właściciel poprosił mnie o to, żebym był tam Djem.
Na początku puszczałem bardziej muzykę
funkową i rockową, ale stali bywalcy tej dyskoteki
domagali się więcej disco polo. Z tego powodu
zacząłem kolekcjonować płyty disco polo, żeby
puszczać je w tej dyskotece i przy okazji lepiej
poznałem ten gatunek. Uważam, że polska muzyka
bardzo ewoluowała, bo wszyscy robili muzykę dla
zabawy i żeby trochę dorobić, nie było tego całego
show-biznesu. Przypomniała mi się jeszcze historia
związana z tym, jak zaczynałem jeść polskie
jedzenie. Tak jak mówiłem, niestety nie mogłem
jeść angolskich potraw. Na początku nie jadłem
żadnych typowych polskich rzeczy takich jak
ogórki konserwowe czy kiszona kapusta. Z czasem
jednak polubiłem polską kuchnię, bo na stołówce
było tylko takie jedzenie.
Mimo wszystko, przez pierwsze lata studiów,
razem z kolegami w weekendy jedliśmy w
restauracjach, bo od piątku do niedzieli stołówka
była zamknięta. Zawsze zamawialiśmy to, do
czego byliśmy przyzwyczajeni, czyli kurczaka,
frytki i piwo. Jednym z naszych odkryć były bazary
na których mogliśmy kupować produkty i
mogliśmy próbować gotować potrawy podobne do
tych w Angoli. Ja i tak uważam, że nasze potrawy
49
revista água vai
były naprawdę smaczne! Na koniec powiem, że w Angoli miałem plażę i ocean, a tutaj brakuje mi trochę
tego oceanicznego klimatu.
Hubert: Co sądzisz o Polsce z perspektywy czasu?
Mario: Jestem w Polsce od 1987 roku i widzę jak bardzo się zmieniła. Widzę postęp ekonomiczny.
Uważam, że Polska jest krajem, który najszybciej się rozwinął w porównaniu do innych europejskich
państw, których sytuacja ekonomiczna także była zła w latach 80. Patrząc z perspektywy czasu, muszę też
przyznać, że bardzo poprawiła się infrastruktura. Gdzie nie popatrzeć, tam stoją nowe wieżowce czy są
autostrady. Dzięki temu rozwinęła się komunikacja miejska i krajowa. Teraz podróżowanie po Polsce to
czysta przyjemność. To przyczyniło się także do polepszenia się sektora usług, które są bardzo dobrze
świadczone. Ostatnią rzeczą, o której należy wspomnieć, jest poziom edukacji. Polskie uczelnie są jednymi
z najlepszych w Europie. Dzięki dobremu wykształceniu Polacy mogą bez problemu znaleźć pracę za
granicą i są otwarci na świat.
życia w Polsce. Jako Angolczyk, Afrykańczyk,
który tak jak inni moi rodacy, miałem mało perspektyw
na przyszłość, nie mam prawa narzekać.
Patrząc na to, ile przeszedłem i ile udało mi się
osiągnąć, jestem naprawdę szczęśliwą osobą.
Kiedy myślę o innych emigrantach, którzy szukają
swojego miejsca na świecie, życzę im powodzenia i
mam nadzieję, że kiedyś będą tak samo szczęśliwi
jak ja.
Pixabay (Serra da Leba, Angola)
Maria: Czy jesteś szczęśliwy w Polsce?
Mario: Byłbym hipokrytą, gdybym powiedział, że
nie jestem tutaj szczęśliwy. Jestem szczęśliwy, bo
żyję życiem, które wybrałem. Nikt mnie do tego nie
zmuszał. Taką podjąłem decyzję. Nie mam wyrzutów
sumienia, bo mam wsparcie moich rodziców.
Zawsze mi mówili, że należy kończyć to, co się
zaczęło i ważne jest to, abym był szczęśliwy. Bez
względu na to co by się stało, zawsze będziemy
rodziną. Szczerze powiedziawszy, to nie mam
powodów do bycia niezadowolonym z powodu
Z całą pewnością możemy powiedzieć, że wywiad
z Mariem był fascynującym doświadczeniem.
Dowiedzieliśmy się wielu ciekawych rzeczy
dotyczących Angoli, a także perspektyw.
Najciekawszym elementem tego wywiadu było
jednak poznanie osobistej historii emigracji Mario.
To opowieść o adaptacji w zupełnie innym miejscu,
bez rodziny, bez przyjaciół, w zupełnie innym
środowisku, bez muzyki i jedzenia z Angoli, do
których opowiadający był przyzwyczajony. Co
więcej, wersja języka portugalskiego z Angoli jest
niezwykle ciekawa i przyciąga uwagę słuchacza,
zwłaszcza studenta uczącego się tego języka.
Hubert Cristóvão e Mariia Zan
50
revista água vai
Portugal atrai estrangeiros
não só pelo seu clima
quente, vistas maravilhosas,
comida deliciosa e gente
incrivelmente amigável, mas
também com muitos programas
que apoiam imigrantes.
Desde 1 de janeiro
de 1986, quando Portugal
se tornou membro da União
Europeia, começaram a
chegar cidadãos de vários
países como o Reino Unido,
Itália, França e Espanha,
mas também de ex-colónias
portuguesas e de países de
língua portuguesa como
Brasil, Angola, Moçambique,
Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Segundo as estatísticas do
Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras de 2019, Portugal
tem 590 348 imigrantes, na
sua maioria brasileiros
(151.304), cabo-verdianos
(37.436), ingleses (34.358)
e romenos (31.065).
Relativamente ao ano
anterior, houve um aumento
do número de imigrantes em
22,9%. A maioria dos
estrangeiros vem para os
arredores de Lisboa, Faro,
Setúbal e Porto.
Ginger Berry, Pexels
Por que os
estrangeiros
vão para
Portugal?
Kamila Grochocka
51
revista água vai
‘‘ o governo português
criou programas
de incentivos
aos imigrantes
para os encorajar
a viver e trabalhar
no país.
Esses programas
incluem Vistos
Dourados e benefícios
fiscais para
Residentes-Não-
Habituais em
Portugal (RNH).
‘‘
Contudo, há razões para tanto interesse por Portugal. De acordo com
a Migrant Integration Policy Index (MIPEX), a classificação das
políticas de integração mais amigáveis, Portugal ocupa o terceiro
lugar (logo depois da Suécia e Finlândia). Essa organização tem uma
opinião muito positiva sobre a política de imigração de Portugal em
termos de:
• Mobilidade no mercado de trabalho: Portugal oferece igualdade de
tratamento e apoio tanto aos cidadãos como aos imigrantes,
ajudando-os a conseguir um bom emprego, a melhorar as suas
qualificações profissionais e a aumentar a aceitação social dos
imigrantes.
• Reagrupamento familiar: Graças à política de Portugal, muitas
famílias, mesmo fora da União Europeia, podem reunir-se e ser
tratadas igualmente com as famílias portuguesas.
• Educação: Desde 2016, Portugal tem dado maior atenção à
diversidade cultural nas escolas. O governo dá ênfase ao nível de
educação, diferenciação no ensino superior, qualificação dos
professores e um currículo adequado.
• Cuidados de saúde: O nível de cuidados de saúde em Portugal está
a melhorar gradualmente, especialmente com a introdução das
práticas mais recentes do COVID-19.
• Política: Portugal promove a participação dos imigrantes na
política, mas o direito de voto ainda está limitado.
• Residência Permanente: Embora Portugal facilite aos imigrantes
tornarem-se residentes permanentes a maioria prefere tornar-se
cidadãos portugueses legítimos. Os imigrantes que vivem no país há
5 anos, bem como as crianças nascidas em Portugal podem requerer a
nacionalidade portuguesa.
• Anti-discriminação: A legislação anti-discriminação portuguesa,
bem como os mecanismos de aplicação da lei, estão a aumentar
gradualmente a consciência pública e a encorajar a denúncia de
discriminação.
Além disso, o governo português criou programas de incentivos aos
imigrantes para os encorajar a viver e trabalhar no país. Esses programas
incluem Vistos Dourados e
benefícios fiscais para Residentes-Não-Habituais
em Portugal
(RNH). O Visto Dourado é para
os cidadãos fora da União Europeia
que realizaram investimentos
significativos em Portugal,
como a compra de uma propriedade,
a realização de um investimento
de capital ou a criação de
oportunidades de emprego. Ele
dá o direito de permanecer em
Portugal, bem como a viagem
52
revista água vai
livre sem visto entre os países do espaço Schengen até 90 dias. Além disso, não é necessário
permanecer em Portugal durante toda a duração do visto para renová-lo. Basta estar neste
país 7 dias por ano. Também é possível estender este visto a membros de família para poderem
viver juntos em Portugal e tenham acesso a cuidados de saúde e educação. Após 5 anos, o
imigrante pode requerer a nacionalidade e um passaporte português. Portugal é membro da
União Europeia, por isso o passaporte dá acesso ao mercado europeu e a liberdade de viajar
para mais de 100 países em todo o mundo. Para requerer o visto dourado, é necessário fazer
um investimento como, por exemplo:
• Comprar uma propriedade com valor de pelo menos 500.000 € (numa área de baixa densidade
populacional é 400.000 €),
Serzh Prost, Pexels
53
revista água vai
• Fazer uma transferência de capital de pelo menos 1.000.000 € para
uma conta bancária portuguesa,
• Comprar ações da empresa com um valor de pelo menos 1.000.000 €,
• Investir pelo menos 1.000.000 € na empresa,
• Criar pelo menos 10 empregos para portugueses,
• Fazer uma transferência de capital de pelo menos 350.000 € para
atividades de investigação na área da ciência ou tecnologia através de
instituições de investigação públicas ou privadas,
• Fazer uma transferência de capital de pelo menos 250.000 € para
apoiar a arte ou restaurar o património nacional,
• Investir pelo menos 350.000 € para criar uma sociedade comercial ou
para financiar o capital social de uma sociedade comercial, criando
pelo menos 5 empregos a tempo inteiro.
Este sistema dos benefícios pode
ser usado por pessoas singulares,
estrangeiros ou portugueses que
não tenham residência fiscal em
Portugal nos últimos 5 anos.
Também podem participar as
pessoas consideradas residentes
fiscais em Portugal no ano em que
pretendam requerer o estatuto de
Residente-Não-Habitual (RNH).
Esse residente é considerado uma
pessoa que residiu em Portugal
por mais de 183 dias ou menos,
mas que a 31 de dezembro deste
ano tem uma residência permanente
em Portugal em condições
que sugerem a sua manutenção
como residência permanente.
Além dos Vistos Dourados, existem também benefícios fiscais para
Residentes-Não-Habituais em Portugal (RNH). Estes benefícios para
os estrangeiros são, por exemplo:
• Uma taxa fixa de 20% do imposto sobre o rendimento do trabalho
dependente e do independente obtido em Portugal,
• Uma falta do imposto sobre o rendimento do trabalho fora de
Portugal se for tributado no país de origem,
• Uma taxa fixa de 10% do imposto sobre pensões estrangeiras
• Uma falta do imposto de selo sobre a venda de produtos estrangeiras,
• Uma isenção de imposto sobre o rendimento ou os lucros de criptomoedas,
• Uma isenção de imposto sobre os lucros de venda de bens valiosos -
obras de arte, automóveis e objetos de coleção,
• Uma isenção de imposto sobre os lucros de venda de residência
permanente própria, desde que os rendimentos sejam reinvestidos
noutra residência permanente em Portugal, na União Europeia ou no
Espaço Económico Europeu,
Kamila Grochocka
Eu sou estudante de linguística
aplicada (perfil – inglês e português)
na Universidade Maria Curie-
Skłodowska em Lublin. Línguas
estrangeiras são a minha paixão.
Gosto de fazer todo o tipo de tradução,
principalmente audiovisual.
Além disso, interesso-me por música
e adoro ler livros.
54
Paulo Victor, Unsplash
Dlaczego obcokrajowcy
przyjeżdżają do Portugalii?
Portugalia przyciąga obcokrajowców nie tylko ciepłym klimatem, wspaniałymi
widokami, przepysznym jedzeniem i niesamowicie życzliwymi ludźmi, ale także
wieloma programami wspierającymi imigrantów.
Odkąd od 1 stycznia 1986 r. Portugalia stała się członkiem Unii Europejskie, do
kraju zaczęli napływać obywatele wielu państw jak Wielka Brytania, Włochy, Francja czy
Hiszpania, ale także z byłych portugalskich kolonii i państw portugalskojęzycznych takich jak
Brazylia, Angola, Mozambik, Republika Zielonego Przylądka i Gwinea-Bissau.
Według danych statystycznych Urzędu do spraw
Cudzoziemców i Granic (SEF - Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras) z 2019 roku w Portugalii
mieszka 590 348 imigrantów, wśród których
dominują Brazylijczycy (151.304), obywatele
Republiki Zielonego Przylądka (37.436),
Brytyjczycy (34.358) i Rumuni (31.065). W
porównaniu do roku poprzedniego był to wzrost
liczby imigrantów o 22,9%. Najwięcej
obcokrajowców przyjeżdża w okolice Lizbony,
Faro, Setúbalu i Porto.
Tak duże zainteresowanie Portugalią ma jednak
swoje przyczyny. Według Migrant Integration
Policy Index (MIPEX), rankingu najbardziej
przyjaznych cudzoziemcom polityk
integracyjnych imigrantów, Portugalia znajduje
się na trzecim miejscu (zaraz po Szwecji i
55
revista água vai
Finlandii). Organizacja ta bardzo pozytywnie
ocenia portugalską politykę imigracyjną między
innymi w zakresie:
• Mobilność na rynku pracy: Portugalia oferuje
równe traktowanie i wsparcie zarówno swoim
obywatelom, jak i imigrantom poprzez pomoc w
zdobyciu dobrej pracy, podniesieniu kwalifikacji
zawodowych, a także zwiększeniu akceptacji
społecznej imigrantów.
• Reunifikacja rodzin: Dzięki polityce Portugalii
wiele rodzin nawet spoza Unii Europejskiej jest w
stanie się ponownie połączyć i być traktowane na
równi z rodzinami portugalskimi.
• Edukacja: Od 2016 r. Portugalia zwraca większą
uwagę na różnorodność kulturową w szkołach.
Państwo kładzie nacisk na poziom nauczania,
zróżnicowanie w szkolnictwie wyższym,
kwalifikacje nauczycieli i odpowiedni program
nauczania.
• Opieka zdrowotna: Poziom opieki zdrowotnej w
Portugalii stopniowo się poprawia szczególnie po
wprowadzeniu najnowszych praktyk związanych
z pandemią COVID-19.
• Polityka: Portugalia promuje udział imigrantów
w polityce, jednakże prawa do głosowania
pozostają ograniczone.
• Stały pobyt: Mimo że Portugalia ułatwia
imigrantom uzyskanie statusu stałego rezydenta,
większość z nich woli zostać pełnoprawnymi
obywatelami Portugalii. O obywatelstwo
Portugalskie mogą ubiegać się imigranci
mieszkający 5 lat w kraju, a także dzieci urodzone
w Portugalii.
• Antydyskryminacja: Przepisy
antydyskryminacyjne w Portugalii, jak również
mechanizmy egzekwowania prawa stopniowo
Rodrigo Pederzini, Pexels
zwiększają świadomość społeczną i zachęcają do
zgłaszania przypadków dyskryminacji.
Poza tym rząd Portugalii opracował programy
motywacyjne dla imigrantów zachęcające do
zamieszkania i pracy w tym kraju. Do programów
tych należą w. Złote Wizy i system podatkowy
dla tymczasowych rezydentów w Portugalii
(Residente-Não-Habitual).
Złota Wiza przeznaczona jest dla obywateli spoza
Unii Europejskiej, którzy dokonali znacznych
inwestycji w Portugalii, takich jak zakup
nieruchomości, dokonanie inwestycji kapitałowej
lub stworzenie możliwości zatrudnienia. Daje ona
prawo do pobytu w Portugalii, a także do
swobodnego bezwizowego przemieszczania się
pomiędzy państwami strefy Schengen aż do 90
dni. Co więcej, aby odnowić wizę, nie ma
konieczności przebywania w Portugalii przez cały
okres jej trwania. Wystarczy być na terenie tego
kraju przez 7 dni w roku. Istnieje także możliwość
objęcia tą wizą członków rodziny, dzięki czemu
56
revista água vai
razem można mieszkać w Portugalii i mieć dostęp
zarówno do opieki zdrowotnej, jak i edukacji. Po
5 latach można ubiegać się o obywatelstwo i
przyznanie portugalskiego paszportu. Portugalia
jest członkiem Unii Europejskiej, w związku z
czym paszport zapewnia dostęp do europejskiego
rynku i swobodę podróżowania do ponad 100
krajów na całym świecie.
Oprócz Złotych Wiz jest także system podatkowy
dla tymczasowych rezydentów w Portugalii
(Residente-Não-Habitual). Niesie on ze sobą wiele
korzyści podatkowych dla imigrantów takich jak:
• Stała stawka 20% podatku od dochodu z
zatrudnienia i samozatrudnienia uzyskiwanego w
Portugalii,
Aby ubiegać się o Złotą Wizę, należy dokonać
inwestycji takiej jak na przykład:
• Kupno nieruchomości wartej co najmniej
500.000 € (na obszarze o niskiej gęstości
zaludnienia 400.000 €)
• Brak opodatkowania dochodów z pracy poza
Portugalią, jeśli jest opodatkowany w kraju
pochodzenia,
• Stała stawka 10% podatku od emerytur
zagranicznych,
• Dokonanie przelewu kapitału w wysokości co
najmniej 1.000.000 € na portugalskie konto
bankowe,
• Zakup akcji spółki o wartości co najmniej
1.000.000 €,
• Zainwestowanie co najmniej 1.000.000 € w firmę,
• Utworzenie co najmniej 10 miejsc pracy dla
obywateli Portugalii,
• Dokonanie transferu kapitału w wysokości co
najmniej 350.000 € na działalność badawczą w
dziedzinie nauki lub technologii poprzez
publiczne lub prywatne instytucje naukowobadawcze,
• Dokonanie transferu kapitału w wysokości co
najmniej 250.000 € na wsparcie sztuki lub
odbudowę dziedzictwa narodowego,
• Zainwestowanie co najmniej 350.000 € na
utworzenie spółki handlowej lub na zasilenie
kapitału zakładowego spółki handlowej, dzięki
czemu zostanie utworzone co najmniej 5
pełnoetatowych miejsc pracy.
Magda Ehlers, Pexels
57
revista água vai
• Brak opłaty skarbowej za sprzedaż towarów
zagranicznych,
• Zwolnienie z podatku od dochodów lub zysków
pochodzących z kryptowalut,
• Zwolnienie z opodatkowania zysków ze
sprzedaży cennych towarów - dzieł sztuki,
samochodów i towarów kolekcjonerskich,
• Zwolnienie z opodatkowania zysków ze
sprzedaży własnego stałego miejsca zamieszkania,
pod warunkiem, że dochód jest reinwestowany w
inne stałe miejsce zamieszkania w Portugalii, Unii
Europejskiej lub Europejskim Obszarze Gospodarczym.
Tatiana, Pexels (Porto, Portugalia)
Z tego systemu mogą korzystać osoby fizyczne, obcokrajowcy
lub Portugalczycy, którzy nie byli rezydentami podatkowymi
w Portugalii w ciągu ostatnich 5 lat. Zgłaszać mogą się także
osoby, które są uważane za rezydentów podatkowych w
Portugalii w roku, w którym chcą ubiegać się o status
tymczasowego rezydenta. Za takiego rezydenta uważa się
osobę, która przebywała na terytorium Portugalii dłużej niż
183 dni lub przebywała krócej, ale w dniu 31 grudnia tego
roku ma miejsce zamieszkania na terenie Portugalii w
warunkach sugerujących utrzymanie go i zachowanie jako
zwykłego pobytu.
Kamila Grochocka
Jestem studentką lingwistyki
stosowanej (profil - angielski z
portugalskim) na Uniwersytecie
Marii Curie-Skłodowskiej w
Lublinie. Moją pasją są języki
obce. Lubię wykonywać wszelkiego
rodzaju tłumaczenia a w
szczególności audiowizualne.
Ponadto interesuję się muzyką i
uwielbiam czytać książki.
Bibliografia:
h ps://sefstat.sef.pt/forms/distritos.aspx
h ps://www.mipex.eu/
h ps://www.schengenvisainfo.com/eu-golden-visas/portugal-golden-visa/
h ps://www.jll.com.br/pt/tendencias-insights/investidor/portugal-oferecebeneficios-ve-crescer-numero-brasileiros-residentes-pais
h ps://www.valadascoriel.com/beneficios-fiscais-para-residentes-naohabituais-em-portugal/
h p://cudzoziemiec.eu/?q=cudzoziemcy-Portugalia
58
revista água vai
À conversa com…
PATRICIA
PINTO
Artista, escritora, psicóloga,
professora, funcionária judicial.
Uma mulher multifacetada.
A forma como conheci Patricia Pinto é a prova de que as
atividades que organizamos dão frutos. Quando tive a
ideia de organizar um concurso literário em 2014 estava
longe de imaginar que sete anos mais tarde estaria a
entrevistar uma argentina lusodescendente e que a cidade
patagónica de Comodoro
Rivadavia e alguns membros
da sua comunidade
portuguesa entrariam no
meu coração.
Depois de cinco edições
do concurso literário achei
que poderia fazer uma
coletânea com alguns dos
contos. Entre os participantes
estava um “jovem”
argentino de 80 anos que,
pela sua dedicação e
amor à língua e cultura
portuguesa mereceu
especial destaque no
livro. No dia do lançamento
virtual do livro numa
videoconferência, lá
estava o “jovem” Raúl
Martin e a sua claque, a
“Torcida Patagónica”, que
não eram mais do que
alguns bons amigos dele
mas todos portugueses
ou de origem portuguesa.
Entre eles estava Patricia
Pinto. A partir dai temos
colaborado mutuamente
em diferentes atividades
nomeadamente o projeto
epistolar “Cartas na rota
de Magalhães”.
Lino Matos
59
revista água vai
Patrícia, és artista. Quando começou a paixão pela arte?
Começou muito cedo. Uma vizinha dos meus pais era uma artista muito
reconhecida aqui, Marina Freile de Frank Langer. Ela era de Buenos
Aires mas morava em Comodoro Rivadavia e eu era amiga da sua filha.
E gostava muito de sentir aquele cheiro dos óleos, das tintas e de tudo o
que ela usava nos seus quadros e desenhos. Acho que foi naquela casa
que pela primeira vez senti o desejo de também pintar.
Eras uma criança ainda, então. E desde criança que estás ligada à arte?
Ou seja, estudaste belas artes ou és uma autodidata?
Quando comecei a escola secundária queria ir para a escola de arte mas
os meus pais não aprovaram. Eram mais pragmáticos. Achavam que
não poderia ganhar a vida com a arte. Mas no segundo ano ia de manhã
ao liceu e de tarde à escola de arte sem dizer nada em casa. Dava uma
desculpa qualquer, dizia que tinha de fazer um trabalho na biblioteca
ou trabalho prático com outras moças. Passados dois meses a minha
mãe perguntou porque tinha tantos trabalhos da parte da tarde e tanta
coisa relacionada com arte. E desta forma descobriram a minha mentira
piedosa. Mas continuei a frequentar as duas escolas. Até ao quinto ano
quando a minha mãe disse que já era demasiado. E não terminei o curso
mas toda a vida frequentei cursos e agora com a tecnologia tive aulas de
arte contemporânea em diversas universidades com professores de
Espanha e México. Por isso posso dizer que também sou autodidata.
E neste momento a tua vida profissional é só a arte ou tens outra
atividade?
Neste momento só me dedico à arte mas até 2020 trabalhei no sistema
judiciário. Durante 20 anos dei também aulas na universidade aqui em
Comodoro Rivadavia e na cidade de Caleta Olivia a 60 quilómetros daqui.
E agora, crias arte, escreves e ainda estás ligada ao Museu do Imigrante
Português? Como é que uma funcionária judicial muda para um mundo
tão diferente como é o das artes?
O trabalho no judiciário é por um lado muito estressante, especialmente
na função que eu tinha, porque eu trabalhava na defensoria pública. Os
problemas que eram ali tratados eram todos muito ruins, problemas
socias, falta de direitos e violência doméstica. E eu fui canalizando esses
problemas para o meu mundo da arte. E o trabalho no sistema judiciário
gerou-me muitas perguntas vinculadas a contradições, pessoas,
estigmas sociais. Perguntas sobre qual é a verdade durante um julgamento
ou um expediente judicial. Qual é a verdade? Quem tem a
verdade? É muito complexo e levei essas dúvidas para a arte. Era um
trabalho profundamente pessoal e clinico porque pude estabelecer essa
relação entre o trabalho e a arte. Mas não só com o trabalho. Há uma
coleção completa de obras que se
chama “Lições de psicanálise”
porque também sou psicóloga.
Tenho um interesse particular em
aprofundar no mundo da arte
aquilo que tem a ver com o
trabalho profissional e com o
trabalho doméstico.
A arte é então uma forma de
passar uma mensagem social.
Mas também de mostrares as
tua origens. Fala-me das tuas
raízes e como as mostras nas
tuas criações.
A ideia é interpelar o público em
relação a questões sociais em
todas as minhas obras. Quanto às
minhas origens, o primeiro
projeto que realizei ligado
diretamente a isso é o Museu do
Imigrante Português em 2018 na
Associação Portuguesa de
Comodoro Rivadavia (APCR). É
um marco na minha responsabilidade
social como artista. E é uma
homenagem à minha família. Por
outro lado no meu livro “Patricia
60
revista água vai
Patricia Pinto
Pinto, Artista”, especialmente no livro 3 (NR: o livro é composto de três
livros: livro 1, livro 2 e livro 3), desenvolvo narrativamente experiências
e como foi ser criada numa família portuguesa aqui na Patagónia. E por
último, na obra que realizei em 2021 “Meu irmão, Óscar” faço uma
homenagem ao meu irmão e todos os capítulos são um percurso pela
nossa relação de irmão desde a infância até à despedida já que o meu
irmão morreu no ano passado.
É uma bela homenagem ao teu irmão, sem dúvida. E os teus pais? Já aqui
falaste deles, mas gostava de saber quem eram, de onde eram.
O meu pai nasceu em Estoi, perto de Faro, em Portugal e veio para a
Argentina em 1948. Dedicou-se toda a vida à construção civil. A história
do meu pai é muito interessante porque saiu de casa com 16 anos e foi
enquanto trabalhava no porto de Lisboa que terminou a escola primária.
Não terminou antes porque nasceu com lábio leporino. Depois estudou
para ter o ofício de pedreiro e também de enxertador de árvores.
A minha mãe nasceu numa pequena aldeia perto da Guarda que se
chama Pega. Veio para aqui chamada por familiares que tinham emigrado
algum tempo antes dela.
Enviaram-lhe uma carta de
chamada e ela veio por apenas
por três meses para visitar os
familiares, que eram da mesma
aldeia, e já não regressou a
Portugal. A minha mãe chegou
aqui no ano 1955 em plena
revolução. Ambos estiveram, em
épocas distintas, no Hotel do
Imigrante em Buenos Aires e
depois chegaram aqui por mar ao
porto de Comodoro Rivadavia. A
minha mãe era lavadeira e o meu
pai levava a roupa para lavar na
casa da família da minha mãe. E
foi assim que se conheceram e se
casaram. Depois nasceu o meu
61
revista água vai
Patricia Pinto
irmão e muito depois eu. A minha mãe não tinha uma profissão, toda a
vida fez costura e todo o trabalho da casa.
Não voltaram a ver os seus pais e só em 1983, por assuntos sucessórios,
viajaram para Portugal de avião e não voltaram lá mais. Nessa oportunidade
reviram os irmãos tanto do lado do meu pai como da minha mãe. Em
1990, eu que tinha uma grande necessidade de conhecer a família fui pela
primeira vez a França e a Portugal para conhecer todos os meus tios e primos.
Uma história bonita mas triste pela separação de tantos anos. A vida de
emigrante é dura. Mas naquele tempo era pior. As distâncias eram
maiores. E o que sentiste quando estiveste em Portugal?
Aquele dia marcou um antes e um depois na minha vida. Porque foi
encontrar-me com palavras abstratas até esse momento. A palavra tio, a
palavra primo eram abstratas na minha vida. E muitas coisas mais. O
meu pai falava-me numa nora, eu não conhecia aquele artefacto, nunca
tinha visto uma. Falava na cisterna onde se juntava água da chuva. Falava
do cheiro das flores das laranjeiras. E eram tudo termos e sensações que
para mim eram abstratas. E aos 30 anos, aquelas coisas com as quais eu
me criei ganharam corpo, cheiro, sabor.
E quando pensas voltar a Portugal?
Assim que a pandemia o permita. Aqui no hemisfério sul estamos na
terceira onda ou talvez a entrar na quarta e na Europa já vai na sexta onda.
Eu já tenho a terceira dose da vacina e gostava de ir em maio do próximo
ano mas tudo dependerá da situação sanitária.
Espero que consigas e que este maldito bicho nos deixe viver em paz. Mas
enquanto não podes ir a Portugal vais mantendo bem viva a chama de
Portugal com a tua arte e com o
Museu. Fala-me um pouco desse
museu.
Como já disse, o museu é uma
homenagem a todos os imigrantes
portugueses que se estabeleceram
aqui na Patagónia, na cidade de
Comodoro Rivadavia. Tem um
guião fixo que é modificado em
cada abertura com diferentes
temas, é modificado de modo
temático. E então pedimos aos
lusodescendentes objetos que
pertenceram às suas famílias e que
estejam ligados com a temática da
exposição. Esses objetos ficam por
um tempo e são devolvidos assim
que o desejarem. Desta forma
todos podem homenagear os seus
familiares. Nós compreendemos
que há momentos na vida e
pessoas, principalmente de idade,
a quem custa muita desprenderem-se
daqueles objetos que
representam o afeto. A exposição
fixa começa com a primeira
presença de portugueses na
Patagónia, ou seja Fernão de
62
revista água vai
Magalhães, e no ano passado celebramos 500 anos da sua passagem por
Puerto de San Julian, a poucos quilómetros de Comodoro Rivadavia (N.R
428 quilómetros J). Mostramos também os costumes que os imigrantes
traziam com eles na bagagem, como socializavam, como comunicavam
com Portugal. O nosso museu é interativo e itinerante. Porque apresentamos
partes do museu noutras comunidades ou em eventos onde somos
convidados. Também tem um microcinema onde, em dias festivos ou em
tertúlias, passamos filmes, em geral de jovens cineastas portugueses
atuais e documentários. E também uma sala de exposições onde organizamos
diferentes eventos. Eu já fui curadora de exposições de arte e
fotografia. Neste momento estamos a preparar uma homenagem, que é
surpresa, a uma imigrante portuguesa que celebra 100 anos no dia 15 de
dezembro. E no dia 17 vamos inaugurar um roteiro interpretativo histórico.
Fixamos 10 azulejos com informação em código QR em dez lugares
onde moraram imigrantes portugueses da onda migratória mais importante
e que durou entre 1940 e 1960. Depois já não houve mais. Nesses azulejos
inspirados nos azulejos portugueses temos informações sobre quem viveu
ou trabalhou ali, o nome da família ou que estabelecimento comercial havia
ali. São dez pontos na principal rua de Comodoro Rivadavia.
Vocês fazem um trabalho de grande valor e que deve e merece ser apoiado
e divulgado. Têm algum apoio do governo português?
Não, não recebemos apoio de entidade nenhuma. Só temos o apoio da
Associação Portuguesa de Comodoro Rivadavia (APCR) e da boa
vontade dos sócios. Fazemos tudo com recursos próprios e com a contribuição
e trabalho especialmente do Daniel Amado, com quem desenvolvemos
este projeto. Ambos somos colaboradores. Não há neste museu
cargos nem organização administrativa. Nós colaboramos com a APCR e
apenas isso, colaboramos com o nosso trabalho.
O nosso objetivo é juntar mais pessoas, especialmente jovens pois já
temos aqui a terceira e quarta geração de portugueses. No próximo ano
planeamos constituir um clube de amigos do museu e assim somar
esforços. Se quiserem conhecer o nosso trabalho no museu podem
seguir-nos no Facebook e no Instagram:
www.facebook.com/museoinmigranteportuguesCR
www.instagram.com/patriciapinto.studio
Da minha parte vou divulgar o vosso trabalho valoroso e voluntarioso.
Talvez alguém em Portugal vos apoie. Uma última pergunta, porque aqui
em Lublin já é tarde. A comunidade portuguesa e lusodescendente em
Comodoro Rivadavia é grande? As novas gerações têm orgulho nas suas
raízes e querem continuar o vosso trabalho, do Museu e da Associação?
A comunidade luso-descendente é grande. É a terceira maior da
Argentina depois das comunidades da Província de Buenos Aires. É
curioso que temos tido visitas no museu de pessoas que souberam da sua
existência porque o taxista que apanharam no aeroporto ou o rececionista
‘‘
O MEU PAI FALAVA-ME
(...) FALAVA DO CHEIRO
DAS FLORES DAS LARAN-
JEIRAS. E ERAM TUDO
TERMOS E SENSAÇÕES
QUE PARA MIM ERAM
ABSTRATAS. E AOS 30
ANOS, AQUELAS COISAS
COM AS QUAIS EU ME
CRIEI GANHARAM CORPO,
CHEIRO, SABOR.
‘‘
do hotel eram filhos ou netos de
portugueses. Há um grupo de
dança de jovens que com o tempo
foram perdendo o interesse mas
estamos a trabalhar com muita
força para que isso não aconteça e
para atrair os jovens para o nosso
museu.
Portugal está na moda a nível
mundial e as novas tecnologias
juntam e aproximam as pessoas.
Os jovens, sendo netos ou filhos
de portugueses têm agora a possibilidade
de viajar para Portugal e
adquirir a cidadania portuguesa.
Aqui em Comodoro Rivadavia
temos um cônsul honorário e
podem fazer desde aqui todos os
trâmites através da embaixada de
Portugal em Buenos Aires. É mais
um motivo para os jovens agora
mostrarem mais interesse em
participar.
Lino Matos
63
Rozmawiam z
PATRICIĄ
PINTO
artystką, pisarką,
psychologiem,
wykładowcą,
urzędniczką sądową,
kobietą bardzo
wszechstronną.
Lino Matos • Tłumaczenie: Beata Bronecka,
Dominik Gakan, Edyta Oluf, Izabela Jagitka,
Michał Stefaniuk, Yuliia Sokoliuk
S
posób w jaki poznałem Patrycję Pinto
jest dowodem na to, że wydarzenia
jakie organizujemy w Centrum
Języka Portugalskiego Camões w
Lublinie przynoszą owoce. Kiedy w 2014 roku
wpadłem na pomysł zorganizowania konkursu
literackiego, nie spodziewałem się, że siedem
lat później przeprowadzę wywiad z Argentynką
portugalskiego pochodzenia i że miasto
Comodoro Rivadavia w Patagonii oraz pewni
członkowie tamtejszej społeczności
portugalskiej staną się bliscy mojemu sercu.
Po pięciu edycjach konkursu literackiego
pomyślałem, że uda mi się stworzyć zbiór
opowiadań. Wśród uczestników znalazł się 80-
letni „młody” Argentyńczyk, który ze względu
na swoje oddanie i miłość do języka i kultury
portugalskiej zasłużył w książce na szczególną
uwagę. W dniu wirtualnej premiery książki
podczas wideokonferencji pojawił się „młody”
Raúl Martin i jego fanklub, „Torcida
Patagónica”, który stanowiło tylko kilku jego
dobrych przyjaciół, ale wszyscy byli
Portugalczykami lub mieli portugalskie
korzenie. Wśród nich była Patricia Pinto. Od
tego czasu współpracowaliśmy ze sobą w
różnych działaniach, między innymi w projekcie
epistolarnym „Listy ze szlaku Magellana”.
64
revista água vai
Patrycjo, jesteś artystką. Kiedy zaczęła się twoja
pasja do sztuki?
Zaczęła się bardzo wcześnie. Sąsiadka moich
rodziców, Marina Freile de Frank Langer, była tu
bardzo znaną artystką. Pochodziła z Buenos Aires,
ale mieszkała w Comodoro Rivadavia i jej córka
była moją koleżanką. Bardzo lubiłam zapach farb i
wszystkiego, czego używała do tworzenia swoich
obrazów i rysunków. Myślę, że to w jej domu po
raz pierwszy poczułam chęć malowania.
Byłaś jeszcze dzieckiem. A więc od dziecka jesteś
związana ze sztuką? Studiowałaś sztukę czy
może jesteś samoukiem?
Pobierałam lekcje malarstwa, ale kiedy zaczęłam
szkołę średnią, chciałam studiować sztukę. Moi
rodzice jednak się nie zgodzili. Byli bardzo
pragmatyczni. Uważali, że sztuka nie zapewni mi
godnego życia. Dlatego rano chodziłam do
liceum, a po południu do szkoły artystycznej, bez
wiedzy rodziców. Wymyślałam wymówki,
mówiłam, że chodzę do biblioteki, żeby odrobić
pracę domową razem z innymi dziewczynami. Po
dwóch miesiącach moja mama zapytała mnie,
dlaczego mam aż tyle zadań związanych ze
sztuką. To właśnie wtedy rodzice odkryli moje
drobne oszustwo. Uczyłam się dalej w dwóch
szkołach aż do piątego roku, kiedy moja mama
powiedziała dość. Nie skończyłam więc tej
szkoły, ale przez całe życie uczestniczyłam w
różnych kursach, a teraz, dzięki technologii, biorę
udział w wielu kursach sztuki nowoczesnej
organizowanych przez uniwersytety i
prowadzonych przez wykładowców z takich
krajów jak Hiszpania czy Meksyk. Oprócz tego
jestem też samoukiem.
Obecnie twoje życie zawodowe skupia się na
sztuce czy robisz coś innego?
Teraz zajmuję się sztuką, ale do 2020 roku
pracowałam w sądownictwie. Przez 20 lat
wykładałam na uniwersytecie w Comodoro
Rivadavia i w Caleta Olivia, 60 kilometrów stąd.
W tej chwili tworzysz sztukę, piszesz i jesteś
związana z Muzeum Portugalskich Imigrantów.
Jak to się stało, że pracowniczka systemu
sądownictwa związała się ze sztuką?
Praca w sądownictwie była bardzo stresująca,
szczególnie na moim stanowisku. Pracowałam w
prokuraturze i wszystkie sprawy były bardzo
ciężkie, dotyczyły problemów społecznych, braku
sprawiedliwości, a także przypadków przemocy
domowej. Przelałam to na moją sztukę. Ta praca
wzbudziła we mnie wiele pytań związanych ze
sprzecznościami, problemami osobistymi,
stygmatyzacją społeczną. Zaczęłam się
zastanawiać, gdzie leży prawda i kto ją zna. To
bardzo skomplikowane. Chciałam odpowiedzieć
na te pytania poprzez sztukę. Była to praca bardzo
osobista i wymagająca. Moja sztuka związana jest
nie tylko z sądownictwem, ale też z psychologią.
Mam na przykład kolekcję dzieł pod tytułem
„Lekcje Psychoanalizy”. Chciałam zagłębić się w
świat sztuki i połączyć ze sobą obowiązki domowe
oraz pracę zawodową.
Sztuka jest sposobem przekazywania tematów
społecznych, ale też swojego pochodzenia.
Opowiedz mi o swoich korzeniach i o tym, jak
pokazujesz je w swojej sztuce.
Celem wszystkich moich dzieł jest sprowokowanie
publiczności do zwrócenia uwagi na kwestie
społeczne. Mój pierwszy artystyczny projekt
związany z moim pochodzeniem to otwarcie
Muzeum Portugalskich Imigrantów w 2018 roku
dla Portugalskiego Stowarzyszenia w Comodoro
Rivadavia. To ważna część mojej
odpowiedzialności społecznej jako artystki. Jest to
też hołd złożony mojej rodzinie, a oprócz tego w
trzecim rozdziale mojej książki „Patrícia Pinto,
Artystka”, opowiadam o swoich doświadczeniach i
sposobie w jaki byłam wychowana w portugalskiej
rodzinie tutaj w Patagonii. Moje ostatnie dzieło,
„Mój brat, Oskar” z 2021 roku jest hołdem dla
mojego brata i zbiorem naszych doświadczeń jako
rodzeństwa, od naszego dzieciństwa aż po ostatnie
pożegnanie, gdyż mój brat zmarł w zeszłym roku.
65
revista água vai
To bez wątpienia wspaniały hołd dla twojego
brata. A co z twoimi rodzicami? Już o nich
wspomniałaś, ale chciałbym dowiedzieć się, kim
byli i skąd pochodzili.
Mój tata urodził się w Estoi, niedaleko Faro w
Portugalii. Przyjechał do Argentyny w 1948 roku.
Całe życie pracował przy budowie domów.
Historia mojego taty jest bardzo ciekawa. Opuścił
rodzinny dom w wieku 16 lat. Ukończył szkołę
podstawową dopiero kiedy pracował w porcie w
Lizbonie, ponieważ urodził się z zajęczą wargą.
Po szkole został murarzem, a także nauczył się
szczepić drzewa. Moja mama urodziła się w małej
wiosce o nazwie Pega, w pobliżu Guarda. Do
Argentyny przybyła na zaproszenie krewnych,
którzy już wcześniej tu wyemigrowali. Wysłali jej
zaproszenie i pojechała na trzy miesiące, by
odwiedzić krewnych, którzy pochodzili z tej
samej wioski, jednak nie wróciła do Portugalii.
Mama przyjechała tutaj w 1955 roku w trakcie
rewolucji, i podobnie jak tata, musiała spędzić
pewien czas w hotelu dla imigrantów w Buenos
Aires, po czym przybyła tutaj do portowego
miasta Comodoro Rivadavia. Mama była praczką,
a tata przywoził swoje ubrania do domu rodziny,
u której mieszkała. Tak właśnie się poznali.
Pobrali się, potem urodził się mój brat, a dużo
później ja. Mama nie miała żadnego zawodu,
zajmowała się krawiectwem i domem. Nie
widzieli się z rodzicami i nie wrócili do Portugali
aż do roku 1983, kiedy po raz pierwszy polecieli
tam samolotem, żeby zająć się sprawą spadku.
Była to jedyna okazja do ponownego spotkania z
rodzeństwem zarówno ze strony mojego taty, jak
i mamy. Później nie wrócili do Portugali już
nigdy. W 1990 roku, czując wielką potrzebę
poznania mojej rodziny, pierwszy raz poleciałam
do Francji i do Portugalii, aby spotkać się ze
wszystkimi wujkami i kuzynami.
Piękna historia, ale również smutna z powodu
separacji na tak wiele lat. Życie emigranta jest
trudne, a w tamtych czasach było jeszcze cięższe.
Odległości były większe. Co czułaś, gdy byłaś w
Portugalii?
To był punkt zwrotny w moim życiu. Do tego
czasu moje życie pełne było abstrakcyjnych słów,
takich jak wujek, kuzyn i wiele innych. Tata
opowiadał mi o noriach; wcześniej nie znałam
tego urządzenia, nigdy go nie widziałam. Mówił
o zbiornikach na deszczówkę. Opowiadał o
zapachu kwiatów pomarańczy. Wszystkie te
określenia i odczucia były dla mnie abstrakcyjne.
A w wieku 30 lat wreszcie nabrały kształtu,
zapachu i smaku.
A kiedy planujesz wrócić do Portugalii?
Jak tylko pandemia na to pozwoli. Tu na
południu jesteśmy w trakcie trzeciej fali, a może
wchodzimy w czwartą, natomiast w Europie jest
już szósta. Przyjęłam już trzecią dawkę
szczepionki i chciałabym wrócić do Portugalii w
maju przyszłego roku, ale wszystko będzie
zależało od sytuacji epidemicznej.
Mam nadzieję, że ci się uda i że ten cholerny
wirus zostawi nas w spokoju. Dopóki nie możesz
polecieć do Portugalii, promujesz ten kraj
poprzez swoją sztukę i muzeum. Opowiedz mi o
nim więcej.
Jak już wspomniałam, to muzeum jest hołdem
dla wszystkich portugalskich imigrantów, którzy
osiedlili się w Patagonii w mieście Comodoro
Rivadavia. Stały program muzeum jest lekko
modyfikowany w zależności od tematu wystawy.
Poprosiliśmy potomków Portugalczyków o
przedmioty, które należą do ich rodzin i są
związane z tematyką wystawy. Przedmioty te
służą jako eksponaty w muzeum i są zwracane
rodzinom, kiedy tylko o to poproszą. W ten
sposób każdy może upamiętnić swoich
przodków. To zrozumiałe, że dla wielu osób,
zwłaszcza starszych, pozbycie się przedmiotów,
do których są przywiązani, byłoby ciężkim
przeżyciem. Stała wystawa zaczyna się od
pierwszej obecności Portugalczyków w Patagonii,
66
revista água vai
Patricia Pinto
kiedy przybył tu Ferdynand Magellan. W
zeszłym roku świętowaliśmy 500-lecie jego
wizyty w Puerto de San Julian niedaleko od
Comodoro Rivadavia (a tak naprawdę 428 km).
Pokazujemy również zwyczaje, które imigranci
przywieźli ze sobą, to jak się socjalizowali i jak
komunikowali się z rodzinami w Portugalii.
Nasze muzeum jest interaktywne i mobilne.
Wystawiamy fragmenty ekspozycji muzealnej w
innych miejscach lub na wydarzeniach, na które
jesteśmy zapraszani. Posiadamy również
mikrokino, w którym podczas świąt lub spotkań
pokazujemy głównie produkcje młodych
portugalskich reżyserów oraz filmy
dokumentalne. Mamy także salę wystawową, w
której organizujemy różne imprezy. Byłam już
kuratorką wystaw sztuki i fotografii. Obecnie
przygotowujemy jubileuszowe przyjęcieniespodziankę
dla portugalskiej imigrantki, która
15 grudnia będzie obchodzić swoje setne urodziny.
A 17 grudnia zainaugurujemy historyczny szlak
interpretacyjny. Umieściliśmy dziesięć kafelków z
kodami QR w miejscach, w których mieszkali
portugalscy imigranci z najważniejszej fali
migracyjnej, która trwała od 1940 do 1960 roku.
Więcej fal już nie było. Na tych kafelkach,
inspirowanych portugalskimi azulejos, znajdują się
nazwiska, informacje o tym, kto w danym miejscu
mieszkał lub pracował lub jaki zakład handlowy tam
był. Na głównej ulicy Comodoro Rivadavia znajduje
się dziesięć takich przystanków.
Wykonujesz pracę o wielkiej wartości, która
zasługuje na wsparcie i nagłośnienie. Czy macie
jakieś wsparcie ze strony rządu portugalskiego?
Nie mamy wsparcia ze strony żadnej instytucji.
Wspierają nas tylko Stowarzyszenie Portugalskie
Comodoro Rivadavia (APCR – Associação
67
revista água vai
Portuguesa de Comodoro Rivadavia) i dobra wola
naszych działaczy. Robimy wszystko z własnych
środków oraz przy udziale i pracy Daniela
Amado, z którym realizujemy wspomniany
wcześniej projekt. W tym muzeum nie ma etatów
ani administracji. Działamy dzięki współpracy
naszej i z APCR.
Nasz cel to zaangażowanie jak największej liczby
osób, zwłaszcza młodych, ponieważ mamy tu już
trzecie i czwarte pokolenie Portugalczyków. W
przyszłym roku planujemy założyć klub
przyjaciół muzeum i tym samym połączyć siły.
Żeby dowiedzieć się więcej na temat naszej pracy
w muzeum, można śledzić nas na Facebooku i
Instagramie:
www.facebook.com/museoinmigranteportuguesCR
www.instagram.com/patriciapinto.studio/
Ja ze swojej strony będę promować waszą cenną i,
przecież, dobrowolną pracę. Może ktoś w
Portugalii was wesprze. Ostatnie pytanie, bo tu w
Lublinie robi się już późno. Czy społeczność
pochodzenia portugalskiego w Comodoro
Rivadavia jest duża? Czy nowe pokolenia są
dumne ze swoich korzeni i chcą kontynuować
pracę w muzeum i stowarzyszeniu?
Społeczność portugalska jest duża. Jest trzecia co
do wielkości w Argentynie po społecznościach
prowincji Buenos Aires. Ciekawie się składa, że
wiele osób odwiedza muzeum po tym, jak
dowiedzieli się o naszym istnieniu po rozmowie z
przypadkowym taksówkarzem czy recepcjonistą,
którzy mieli rodziców lub dziadków
Portugalczyków. Jest też grupa taneczna, którą
młodzi ludzie zaczęli tracić zainteresowanie, ale
ciężko pracujemy, aby temu zapobiec i
przyciągnąć młodzież do naszego muzeum.
Portugalia jest w modzie na całym świecie, a nowe
technologie zbliżają ludzi. Młodzi, będąc
wnukami czy dziećmi Portugalczyków, mają teraz
możliwość korzystania z wyjazdów do Portugalii i
‘‘ TATA (...) MÓWIŁ O
ZBIORNIKACH NA DESZ-
CZÓWKĘ. OPOWIADAŁ
O ZAPACHU KWIATÓW
POMARAŃCZY.
WSZYSTKIE TE OKREŚ-
LENIA I ODCZUCIA
BYŁY DLA MNIE
ABSTRAKCYJNE. A W
WIEKU 30 LAT WRESZ-
CIE NABRAŁY KSZTAŁTU,
ZAPACHU I SMAKU.
‘‘
uzyskania portugalskiego obywatelstwa. W
Comodoro Rivadavia mamy konsula honorowego,
więc można stąd załatwić wszelkie formalności
przez Ambasadę Portugalii w Buenos Aires. Jest to
kolejny powód, dla którego młodzi wykazują
coraz większe zainteresowanie.
Lino Matos
Tłumaczenie: Beata Bronecka, Dominik Gakan, Edyta
Oluf, Izabela Jagitka, Michał Stefaniuk, Yuliia Sokoliuk.
68
Formação actual (2019 - )
Dulio Moreno (voz)
Ignacio Long (contrabaixo)
Luis Cativa Tolosa (guitarra clássica)
Juan Pablo Isaia (guitarra portuguesa)
Maria Laura Rojas (voz)
Natalia Harmasz
i Natalia Miętus
Dulio Omar
Moreno sobre
as suas raízes
e o seu amor
pelo fado.
“Se cantas para eles,
também cantas para nós.”
Portugal para alguns é apenas um ponto no
mapa, para outros é a sua casa, e o nosso
convidado considera-o o seu lugar feliz na
terra. Ele está ligado a Portugal não só
pela sua família ou memórias de numerosas viagens,
mas sobretudo pelo fado, que tem um lugar especial no
seu coração.
Dulio Omar Moreno vem da Argentina e é vocalista da
banda "Almalusa". Nesta entrevista ele conta a história
de como a sua família se mudou de Portugal para a
Argentina e como o fado se tornou uma parte integrante
da sua vida.
69
revista água vai
no país. Eles faziam redes aqui e já
conseguiam possibilidades
laborais para os familiares e
amigos em Portugal e assim
poder lograr a “carta de chamada”,
um tipo de justificação que o
migrante tinha ao entrar ao país
para comprovar que ele era
requerido por algum familiar ou
empregador. Sim, claro, neste
momento tenho alguns familiares
e amigos em Portugal.
Formação actual
Como já sabe, a entrevista será, entre outras coisas, relacionada com o
tema da emigração, passando assim à primeira questão: qual é exatamente
a sua relação com Portugal, tem raízes portuguesas ou nasceu lá
mas decidiu partir?
Eu sou bisneto de portugueses…Os meus bisavós, pais da minha avó
materna eram portugueses. A minha avó foi a primeira filha deles a
nascer na Argentina.
E sabe porque é que os seus bisavós decidiram deixar Portugal?
Pois, como muitas e muitos portugueses, tentar conseguir uma melhor
qualidade de vida. As coisas em Portugal estavam difíceis nesses
tempos, anos 30.
Porquê a Argentina? Pensa que escolheram este país por causa do
nível de vida ou talvez tivessem algum sentimento em relação a ele?
Muitas vezes, acho que no caso deles, todas as pessoas duma mesma
localidade saiam e iam morar juntas para uma mesma localidade daqui.
Às vezes eles tinham vizinhos ou até familiares. Eles aqui findaram
numa cidade que fica a uns 600 km de Buenos Aires. Na qual todos os
portugueses eram da mesma freguesia portuguesa. Todos eles escolhiam
a Argentina porque nesse momento, o país oferecia boas e interessantes
condições para ter uma vida com melhores comodidades.
Ah, claro que o facto de terem alguns amigos na Argentina lhes deu
coragem e facilitou a mudança! Por falar em parentes, tem alguma
família ou amigos em Portugal neste momento?
Além da coragem, também lhes facilitava a possibilidade de entrarem
Este foi, sem dúvida, o ponto
mais importante. Então, também
tenho de perguntar se já os
visitou em Portugal?
Visitei sim! Três vezes. Em 2003,
2013 e 2015.
E gostou de Portugal? Quais são
as suas memórias destas viagens?
O que o surpreendeu?
Pois, de mais, muito! Todas as
viagens tiveram coisas especiais.
Em 2003 por ser a primeira vez
que eu saí de Argentina sozinho e
para participar num encontro
mundial de jovens lusodescendentes,
com rapazes e raparigas
do mundo inteiro todos a falar em
português foi único. Em 2013
porque conheci mais lugares e
tive experiências inesquecíveis
com a música portuguesa…E não
viajei só, fui com minha namorada
que também é lusodescendente…Em
2015 voltei novamente
para um evento da comunidade
portuguesa… mas a minha
namorada já era minha esposa e
também já tínhamos um filho! O
que me surpreendeu? Diferentes
aspetos…
70
revista água vai
‘‘ O QUE ME SURPREENDEU?
DIFERENTES ASPETOS…
A RIQUEZA CULTURAL DO PAÍS.
A FORTALEZA DO ESPÍRITO DOS
PORTUGUESES…
‘‘
A riqueza cultural do país. A fortaleza do espírito dos portugueses… eu
tive a oportunidade em 2013 de estar na aldeia e na casa onde nasceu a
minha bisavó e pensar o que isso seria nos anos 30 e o que terá sido a
aventura da viagem que eles decidiram começar para ter uma vida
melhor fez-me considerar o que foi essa força de vontade única.
Esses devem ter sido tempos fantásticos! Então, poderia dizer que
Portugal é o seu lugar feliz ao qual sempre gostará de regressar? E
gostaria de trazer algo típico de Portugal para a Argentina? Talvez
comida, algum aspeto cultural, o clima?
Com certeza total que eu digo que Portugal é o meu lugar feliz ao qual
sempre gostaria de regressar…. E até viver? Pois… se calhar até viver!
Claro que o facto de emigrar é difícil e complexo. Mas, sem dúvidas, em
Portugal o processo seria mais simples e fácil para mim. Claro que
gostaria de trazer coisas típicas de Portugal para aqui: comida, vinhos,
livros, material musical.
Comidas por exemplo…pastéis de nata?
(risos) Temos aqui uma loja de pastéis de nata. São bons mas… Há
imensa quantidade de produtos portugueses que adoro!
Muitos dos nossos amigos dizem que os pastéis de nata portugueses
têm um gosto irresistível e que é difícil encontrar algo semelhante
fora de Portugal. Quando se fala de música portuguesa, vem-me à
cabeça outra questão. Sabemos que se canta numa banda e cria música
que, embora venha de Portugal, toca o coração dos argentinos. Isto
também é em parte devido a si! Foi durante estas viagens a Portugal
que nasceu a ideia de criar uma banda para tocar música portuguesa
na Argentina?
Totalmente! Adesão total a essas palavras. Pode ser mas… O que
aconteceu em Portugal foi uma coisa superior que além de tudo tem
relação com uma questão de
atitude pessoal por cima duma
questão cultural. No ano 2003, em
Lisboa, eu cantei pela primeira
vez perante um público desconhecido.
Claro que eu já tinha
escutado música portuguesa e já
gostava e adorava. Mas até então
só cantava em âmbitos familiares.
Nessa vez, em Lisboa, eu cantei
dois tangos… nunca vou esquecer
essas noites…
Aqui em Buenos Aires tomaram
conhecimento disso e disseram-
-me “se cantas para eles, também
cantas para nós”… apresentaram-
-me um músico e foi assim que
comecei o meu percurso musical.
Desse encontro então surgiu o
meu primeiro projeto musical e eu
comecei a dizer para mim mesmo,
“pois sim, eu canto”.
Essa história parece inacreditável!
Penso que muitos artistas
sonham com um início de carreira
assim. E como é que acabou na
banda em que está agora?
Aquele projeto musical era de
música folclórica portuguesa, um
estilo mais popular. Tocávamos
nas festas da comunidade portuguesa.
Fazíamos dançar as
pessoas. Mas além disso eu
gostava mais de outra coisa que
até esse momento nem era possível
nem eu achava que estava
preparado.
Por causa dessa viagem do ano
2 0 0 3 e u conheço Manuela
Cavaco, fadista, que no ano 2004
consegue vir cantar à Argentina.
Quando a Manuela esteve, um
conhecido organizou um encon-
71
revista água vai
tro aqui, em Buenos Aires, um jantar, e esse conhecido apresentou-me a
sua sobrinha, que eu escutei nesse jantar pela primeira vez. Era atriz e
tinha uma voz daquelas. Ficamos em contacto, falávamos às vezes e
sempre sabíamos da nossa paixão pelo fado. Por volta do ano 2010
começamos a dizer “Temos que fazer alguma coisa em relação à nossa
paixão”. E sei lá, em 2011 decidimos dar o pontapé inicial. A rapariga
que eu conheci nesse jantar é Maria Laura Rojas, minha actual colega.
Uma pequena mulher com uma grande voz. Claro que todos sabemos
que por detrás de cada banda existe uma história que, de alguma
forma, diz respeito a cada um dos membros. Qual é a história de
"Almalusa"?
Acho que a história de Almalusa é sem dúvida uma história de encontros.
Já passaram quase dez anos e quando eu conheci a Maria Laura em
2004 nem imaginava que íamos findar compartilhando um projeto
artístico. Quando ela me propõe fazer isto, ela já tinha na cabeça um
músico para poder fazer alguma coisa juntos. E esse rapaz ia trazer mais
um. Argentinos, mas interessados no projeto. O Juan Pablo é músico
profissional. Estudou numa importante escola de música daqui. E ele
trouxe o Luis Cativa Tolosa que nalgum momento foi seu aluno. Não
era músico profissional porque tinha outra profissão mas gostamos
imensamente dele e ele também ficou interessado no projeto. Com o
correr dos anos, o Juan Pablo e a Maria Laura também começaram a
namorar e agora estão casados e têm uma filha.
E quem inventou o nome da banda e o que é que isso significa?
Foi em conjunto com a Maria Laura. Vem de Alma Lusa, alma lusitana.
Lusitano/a é um adjetivo. Quer dizer “relativo a Portugal”.
NATALIA HARMASZ
Chamo-me Natalia Harmasz,
licenciei-me em linguística
aplicada e turismo histórico.
Agora sou estudante de uma
escola de música onde canto jazz
e aprendo teoria e história da
música clássica e jazz. Gostaria
também de cantar canções em
português e espero que um dia
isso seja possível.
NATALIA MIĘTUS
Olá! O meu nome é Natalia e sou
estudante de Linguística
Aplicada. Estudo português há
três anos e estou muito contente
por poderem ler o artigo que
escrevi juntamente com a minha
amiga. Adoro ler livros porque me
permitem ver o mundo a partir de
uma perspetiva diferente e
descobrir histórias de pessoas de
lugares distantes. Espero que a
Natalia e eu despertemos a vossa
curiosidade sobre o mundo através
da história que descrevemos!
Quando perguntamos aos jovens sobre a música e o que ela traz às suas
vidas, respondem que se identificam com o seu conteúdo, que a música
diz verdades, traz-lhes paz e sossego, traz memórias e um sentimento de
nostalgia. E para si? O que revive em si quando ouve música?
Vou demorar a responder agora mas é questão de que tenham alguma
paciência. Pois…. para mim revive a vida, com certeza. Mas além disso,
eu acho que esse sentimento vai mutando com os anos. Vocês sabem
que Portugal tem uma coisa muito identificadora e própria que se
chama saudade. E com o passar dos anos é incrível ver como essa
saudade se materializa. Se bem que o projeto Almalusa nasceu em 2012,
eu conheci a Maria Laura Rojas por causa da minha viagem em 2003. É
impossível não separar uma coisa de outra. Quando ouço música revive
em mim a minha vida, as minhas lembranças e também as minhas
esperanças. As esperanças num projeto comum. Se calhar é um bocado
do que vocês disseram mas aqui o interessante é que a música portuguesa
tem nessa nostalgia e
nesse jeito do “destino” um
rasgo de identificação. Coisa
que nem sempre sucede com
outras músicas.
Natalia Harmasz i Natalia
Miętus
72
DRUGA FORMACJA (2015 - 2019)
Dulio Moreno (wokal), Maria Laura Rojas (wokal), Martin Pantuso (kontrabas),
Juan Pablo Isaia (gitara portugalska), Luis Cativa Tolosa (gitara klasyczna)
“JEŚLI ŚPIEWASZ DLA NICH,
MOŻESZ RÓWNIEŻ ŚPIEWAĆ DLA NAS.”
“Dulio Omar Moreno o swoich
korzeniach i miłości do fado.”
Portugalia dla niektórych jest po prostu punktem na mapie, dla innych domem, a
nasz gość uważa ją za swoje szczęśliwe miejsce na ziemi. Wiążą go z nią nie
tylko korzenie czy wspomnienia z licznych podróży, ale przede wszystkim fado,
które skradło jego serce.
Dulio Omar Moreno pochodzi z Argentyny i jest wokalistą zespołu „Almalusa”. W wywiadzie
opowiada historię jak jego rodzina trafiła z Portugalii do Argentyny i tego, jak fado stało się
nieodłączną częścią jego życia.
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revista água vai
‘‘ Z CAŁKOWITĄ PEW-
NOŚCIĄ STWIERDZAM,
ŻE PORTUGALIA JEST
MOIM SZCZĘŚLIWYM
MIEJSCEM, DO KTÓRE-
GO ZAWSZE BĘDĘ
CHCIAŁ WRACAĆ...
‘‘
Jak już wiesz, wywiad ma być między innymi
związany z tematem emigracji, a więc
przechodząc do pierwszego pytania: jaki
konkretnie jest twój związek z Portugalią, czy
masz może portugalskie korzenie lub tam się
urodziłeś, ale zdecydowałeś się wyjechać?
Jestem prawnukiem Portugalczyków! Portugalia
to ojczyzna rodziców mojej babci, a ona sama była
ich pierwszą córką, która urodziła się w
Argentynie.
Wiesz może dlaczego twoi pradziadkowie
zdecydowali się przeprowadzić do Argentyny?
Ponieważ, jak wielu Portugalczyków, szukali
lepszego życia. W tamtych czasach, w latach 30
ubiegłego wieku, sytuacja w Portugalii była
trudna.
I dlaczego akurat Argentyna? Myślisz, że
wybrali ten kraj ze względu na poziom życia,
czy może mieli do niego jakiś sentyment?
Niejednokrotnie, myślę, że to był przypadek.
Wszyscy ludzie z tej samej wsi wyjeżdżali i
osiedlali się tutaj, razem, w jednej miejscowości.
Czasami mieli już na miejscu sąsiadów, a nawet
krewnych. Trafili do miasta położonego około
600 km od Buenos Aires, w którym wszyscy
Portugalczycy pochodzili z tego samego
portugalskiego dystryktu. Wybrali Argentynę,
ponieważ w tamtym czasie kraj ten oferował
dobre warunki do prowadzenia wygodniejszego
życia.
Oczywiście fakt, że mieli już jakichś przyjaciół
w Argentynie dodał im odwagi i ułatwił
przeprowadzkę! A jeśli mówimy już o bliskich,
czy masz na ten moment rodzinę albo przyjaciół
w Portugalii?
Oprócz odwagi, ułatwiło im to również
przedostanie się do kraju. Nawiązali tutaj
kontakty i byli w stanie znaleźć pracę dla swoich
krewnych i przyjaciół z Portugalii, a tym samym
uzyskać "carta de chamada", czyli rodzaj
usprawiedliwienia, które osoba migrująca miała
przy wjeździe do kraju, aby udowodnić, że jest
potrzebna członkowi rodziny lub pracodawcy.
A odpowiadając na pytanie, tak, oczywiście, w tej
chwili mam kilku członków rodziny i przyjaciół
w Portugalii.
To było bez wątpienia najważniejsze dla twoich
pradziadków. A więc, muszę również zapytać
czy odwiedziłeś już swoją rodzinę i przyjaciół
w Portugalii?
Ależ oczywiście! Trzy razy! W 2003, 2013 i 2015
roku.
Podobało ci się? Jakie masz wspomnienia z tych
podróży? Co cię najbardziej zaskoczyło?
Bardzo, a nawet bardziej niż bardzo! Każda
podróż miała w sobie coś wyjątkowego:
Podróż w 2003 była tą pierwszą. Wtedy po raz
pierwszy wyjechałem z Argentyny, na dodatek
sam. Uczestniczyłem w światowym spotkaniu
tak zwanych 'lusodescendants', czyli ludzi z
74
revista água vai
FORMACJA POCZĄTKOWA (2011 - 2015)
Juan Pablo Isaia (gitara klasyczna), Maria Laura Rojas (wokal), Dulio Moreno (wokal), Luis Cativa Tolosa (gitara klasyczna)
portugalskimi korzeniami. Byli tam chłopcy i
dziewczęta z całego świata, wszyscy mówiący po
portugalsku... to było doświadczenie jedyne w
swoim rodzaju.
Z kolei wyprawa w 2013 była wyjątkowa,
ponieważ poznałem więcej miejsc i przeżyłem
niezapomniane chwile z portugalską muzyką... I
wtedy nie podróżowałem sam, tylko z moją
dziewczyną, która również ma portugalskie
korzenie…
W 2015 roku wróciłem na spotkanie
lusodescendants... ale moja dziewczyna była już
moją żoną i mieliśmy syna! Co mnie zaskoczyło?
Różne aspekty...Bogactwo kulturowe kraj.. Siła
ducha Portugalczyków... Miałem okazję w 2013
roku być w wiosce i domu, w którym urodziła się
moja prababcia. Rozmyślałem wtedy, co to było w
latach 30-tych i jaka musiała być ta przygoda z
podróżą, którą moi pradziadkowie postanowili
rozpocząć, w poszukiwaniu lepszego życia.
Wszystko to skłoniło mnie do zastanowienia się
nad tym, co to była za wyjątkowa siła woli…
To musiały być wspaniałe chwile! A więc można
powiedzieć, że Portugalia jest twoim
szczęśliwym miejscem na ziemi, do którego
chcesz wracać. Czy jest coś, co najchętniej
zabrałbyś ze sobą z Portugalii i przeniósł do
Argentyny? Może jedzenie, jakiś zwyczaj,
pogodę?
Z całkowitą pewnością stwierdzam, że Portugalia
jest moim szczęśliwym miejscem, do którego
zawsze będę chciał wracać.... a nawet może tam
żyć! Oczywiście, emigracja jest trudna i
skomplikowana. Ale bez wątpienia w Portugalii
proces ten byłby dla mnie łatwiejszy.
Oczywiście chciałbym przywieźć tutaj do siebie
charakterystyczne rzeczy dla Portugalii:
JEDZENIE, WINO, KSIĄŻKI, MATERIAŁY
MUZYCZNE.
Jedzenie na przykład pasteis de nata?
Mamy tutaj sklep, w którym są sprzedawane. Są
dobre, jednak istnieje ogromna ilość portugalskich
produktów, które uwielbiam!
75
revista água vai
Wielu naszych znajomych twierdzi, że te
portugalskie pasteis de nata mają niepodrabialny
smak i że trudno znaleźć coś podobnego poza
Portugalią.
ZDECYDOWANIE! CAŁKOWICIE ZGADZAM
SIĘ Z TYMI SŁOWAMI!
Kiedy mówimy o muzyce portugalskiej nasuwa
nam się jeszcze jedno pytanie. Wiemy, że
śpiewasz w zespole i tworzysz muzykę, która
pomimo tego, że pochodzi z Portugalii, porusza
serca Argentyńczyków. To też po części dzięki
Tobie! Czy to właśnie podczas podróży do
Portugalii pojawił się pomysł stworzenia
zespołu, który grałby muzykę portugalską w
Argentynie?
Być może, ale… To co wydarzyło się w Portugalii
było rzeczą nadrzędną, która przede wszystkim
ma związek z kwestią osobistego nastawienia
bardziej niż z kwestią kulturową.
W 2003 roku w Lizbonie po raz pierwszy
śpiewałem dla publiczności mi nieznanej.
Oczywiście muzyki portugalskiej słuchałem już
wcześniej i lubiłem ją, a nawet kochałem. Jednak
do tego czasu śpiewałem w środowisku mi
znanym. Wtedy w Lizbonie zaśpiewałem dwa
tanga. Nigdy nie zapomnę tamtych nocy…
Usłyszeli o tym tutaj, w Buenos Aires i powiedzieli
mi “jeśli śpiewasz dla nich, możesz również
śpiewać dla nas”. Przedstawili mnie pewnemu
muzykowi i to wtedy zaczęła się moja muzyczna
podróż. Z tego spotkania zrodził się mój pierwszy
muzyczny projekt i zacząłem mówić sobie: “tak,
śpiewam”.
Ta historia brzmi nieprawdopodobnie! Myślę, że
wielu artystów marzy o takim rozpoczęciu
kariery. A jak to się stało, że znalazłeś się w
zespole, w którym grasz teraz?
Ten projekt muzyczny dotyczył portugalskiej
muzyki ludowej, która jest bardziej popularna.
Uczestniczyliśmy w spotkaniach portugalskiej
społeczności. Sprawiliśmy, że ludzie zaczęli
tańczyć. Ale poza tym spodobała mi się jeszcze
jedna rzecz, o której myślałem, że jest niemożliwa
i na którą nie byłem przygotowany...
Dzięki mojej podróży w 2003 roku udało mi się
poznać Manuelę Cavaco, wokalistkę fado, której
w 2004 roku udało się przyjechać by zaśpiewać w
Argentynie…
Kiedy Manuela tam była, mój znajomy
organizował spotkanie, a konkretnie kolację tutaj,
w Buenos Aires. Na tym spotkaniu przedstawił
mnie jej siostrzenicy, którą usłyszałem wtedy po
raz pierwszy. Była aktorką i miała taki głos… W
2004 roku nawiązaliśmy kontakt. Czasem
rozmawialiśmy i zawsze zdawaliśmy sobie
sprawę z naszej pasji do fado. Około 2010 roku
zaczęliśmy mówić “Musimy coś zrobić z naszą
pasją”. I mniej więcej około 2011 roku
postanowiliśmy zacząć działać.
Ta dziewczyna, którą poznałem na kolacji to
Maria Laura Rojas, obecnie moja koleżanka.
Drobna kobieta o wielkim głosie. Oczywiście
wszyscy wiemy, że za każdą nazwą zespołu
kryje się historia, która w jakiś sposób dotyczy
każdego z jego członków. Zatem jaka jest
historia “Almalusa”?
Zacznę od tego, że historia zespołu Almalusa jest
bez wątpienia historią spotkań. Mija już dziesięć
lat i kiedy poznawałem w 2004 roku Marię Laurę
nie wiedziałem, że będziemy mieć kiedyś własny
projekt artystyczny. Kiedy wtedy zaproponowała
byśmy to zrobili miała w głowie jeszcze jednego
muzyka, z którym moglibyśmy współpracować.
A ten chłopak myślał o jeszcze jednym.
Byli to Argentyńczycy - zainteresowani tym
projektem. Juan Pablo jest profesjonalnym
muzykiem. Uczył się w bardzo ważnej tutaj
szkole muzycznej. On przyprowadził Luisa
Cativa Tolosa, który przez pewien czas był jego
uczniem. Nie był on profesjonalistą, w takim
sensie, że wówczas wykonywał inny zawód, ale
bardzo go polubiliśmy i on również zainteresował
się projektem. Z biegiem lat ten Juan Pablo i Maria
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revista água vai
DRUGA FORMACJA (2015 - 2019)
Dulio Moreno (wokal), Maria Laura Rojas (wokal), Martin Pantuso (kontrabas), Juan Pablo Isaia (gitara portugalska), Luis Cativa Tolosa (gitara klasyczna)
Laura zaczęli się spotykać, a teraz są małżeństwem i
mają córkę.
A kto wymyślił nazwę zespołu i co ona oznacza?
Ja we współpracy z Marią Laurą. Pochodzi od
“Alma Lusa” - duszy luzytańskiej. Luzytańska to
przymiotnik oznaczający “związany z Portugalią”.
Pytając młodych ludzi o muzykę i to co wnosi ona
do ich życia usłyszymy, o prawdzie, z którą się
utożsamiają, o spokoju czasem też o
wspomnieniach, które dzięki niej odżywają i
pejzażach, które ponownie malują się w ich pamięci.
A dla Ciebie? Co odżywa w Tobie przy muzyce?
Chociaż projekt Almalusa narodził w 2012 roku,
Marię Laurę poznałem w 2003 roku dzięki mojej
podróży. Nie da się oddzielić jednej rzeczy od
drugiej. Kiedy słucham muzyki odżywają we mnie
moje życie, moje wspomnienia, ale także moje
nadzieje. Nadzieje na wspólny projekt. Może jest to
trochę podobne do tego co powiedziałyście, jednak
tutaj ciekawą rzeczą jest to, że muzyka portugalska
ma w sobie nostalgię i w tym “przeznaczeniu” ślad
identyfikacji. Coś co nie zawsze zdarza się w
przypadku innej muzyki.
Poświęcę teraz trochę czasu na odpowiedź, ale to
zależy od tego czy będziecie miały do mnie trochę
cierpliwości. Dla mnie.. na pewno odżywa życie.
Ale poza tym myślę, że ten sentyment zmienia się
na przestrzeni lat. Na pewno wiecie, że Portugalia
ma pewną rzecz, która ją identyfikuje i jest dla niej
charakterystyczna, która nazywa się SAUDADE
(tęsknota). Z biegiem lat to niesamowite móc
zobaczyć jak ta tęsknota staje się rzeczywistością.
Natalia Harmasz
Natalia Miętus
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Fotos: Wikipedia
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Hollywood, onde teve uma carreira espantosa e
pavimentou o caminho para outras estrelas europeias
na “fábrica dos sonhos”. Apareceu em filmes
como The Spanish Dancer (1923), Forbidden Paradise
(1924), Hotel Imperial (1927) e Loves of an Actress
(1928).
2 - TAMARA ŁEMPICKA
As pinturas desta personagem estão nas coleções
privadas de Jack Nicholson, Madonna e Barbara
Streisand. De quem estamos a falar? Tamara Łemrevista
água vai
OS FAMOSOS DESCONHECIDOS,
ou aqueles que deixaram a sua marca na
história mundial, mas nem todos sabem
que eram polacos
Q
uem não gosta de se gabar dos seus sucessos ou das façanhas dos
compatriotas? Tais situações são sempre felizes e fazem crescer o nosso
orgulho nacional. Se perguntar aos transeuntes numa cidade estrangeira, ou
mesmo, numa cidade polaca, quem consideram ser uma figura polaca
famosa, eles respondem sem hesitação: João Paulo II, Lech Wałęsa, Maria
Skłodowska-Curie, Wisława Szymborska, e recentemente Olga Tokarczuk. E claro, Robert
Lewandowski. Este é um grupo importante que tem ajudado a popularizar a Polónia e a cultura
polaca, a ciência, a arte, a política e o desporto. No entanto, nas páginas da rica história do
nosso país há muitos outros eminentes, mas por várias razões, os compatriotas esquecidos.
Foram forçados a viver e trabalhar em países distantes e estrangeiros, na maioria das vezes
devido à emigração pós-revolta ou pós-guerra. Alguns deles, apesar das façanhas
significativas na cena internacional, continuam a ser conhecidos apenas por alguns leitores
curiosos. Entre estas figuras encontrarão grandes cientistas, criadores de impérios
cosméticos, fundadores de estúdios cinematográficos, artistas... Acreditem, ficarão
surpreendidos ao saber que alguns dos nomes que verão na nossa lista de celebridades
mundiais vêm da Polónia ou têm raízes polacas. Então, vamos começar?
1 - POLA NEGRI
Pola Negri, ou seja, Apolonia Chałupiec, é representante
da indústria cinematográfica na nossa
lista. Ela é considerada a maior estrela de origem
polaca que conquistou Hollywood. Foi uma grande
artista do cinema mudo. Nasceu em 1897 em Lipno
e faleceu aos 90 anos de idade em San Antonio,
Texas. Começou a sua carreira de atriz no palco dos
teatros de Varsóvia. Em 1917 mudou-se para
Berlim, onde prosseguiu com sucesso a sua carreira.
Alguns anos mais tarde, em 1923, foi para
79
revista água vai
picka, a rainha do estilo art déco, é uma das pintoras
polacas mais reconhecidas em todo o mundo.
Nasceu em 16 de maio de 1898 em Varsóvia. No
entanto, é provável que tenha nascido dois anos
antes, em Moscovo, numa influente família judia.
Entrou para a história como uma artista carismática.
Onde quer que ela aparecesse, o seu temperamento
e a sua língua afiada eram sempre evidentes.
Era conhecida pelo abuso da cocaína e pelas sessões
de pintura com modelos nuas, com as quais tinha
frequentemente um caso. Nos leilões, as suas obras
características atingem preços gigantescos. Isto
pode ser provado pelo quadro Portrait de Marjorie
Ferry, que, atenção, foi vendido por 16,28 milhões
de libras (cerca de 82 milhões de zlotys)! O retrato
tornou-se assim a obra de arte mais cara de um
artista polaco leiloada no estrangeiro.
3 - JOSEPH CONRAD
Os amantes da literatura irão certamente reconhecer
esta figura (ou pelo menos aqueles que amam
obras inglesas). Joseph Conrad, ou seja, Józef
Korzeniowski, nasceu em 1857 em Berdyczów
(atualmente Ucrânia) filho de Apollon Korzeniowski.
Em 1874, Joseph foi para França, sem
sequer terminar o liceu, e alistou-se num navio
como um simples marinheiro. Nos 19 anos seguintes,
até janeiro de 1894, trabalhou de facto em
navios – primeiro franceses e depois britânicos.
Enquanto estava a bordo de navios britânicos,
subiu também mais postos, até ao de capitão. A
propósito, ele visitou quase todo o mundo. Não
esqueceu até ao fim da sua vida o que experimentou
nestas viagens. Isto reflete-se na sua prosa,
especialmente no romance O Coração das Trevas,
que se refere às experiências do escritor durante a
expedição para o Estado Livre do Congo. Em 1894
estabeleceu-se em Inglaterra, onde dedicou o
resto da sua vida à escrita.
4 - LUDWIK ZAMENHOF
Inglês, espanhol, chinês ou árabe. Estas são as
línguas mais faladas no mundo. Mas será que
alguém conhece o esperanto, a língua internacional
que foi criada para facilitar a comunicação entre
pessoas de diferentes nacionalidades? Ludwik
Zamenhof é o criador desta língua única. Nasceu
numa família judia em 1857 em Białystok. Também
passou lá a sua infância. Nessa altura, era uma
cidade multinacional e culturalmente diversificada.
Quando ele tinha 10 anos, escreveu um drama
em que partilhou as suas ideias sobre as causas dos
mal-entendidos e disputas entre os habitantes de
Białystok. Na sua opinião, o maior obstáculo era a
barreira linguística. Consequentemente, decidiu
criar a base para uma língua internacional. Após a
graduação, foi publicado o seu livro com as noções
básicas do Esperanto. O projeto de Zamenhof
começou a ganhar popularidade devido à sua
simplicidade e utilidade. Hoje em dia, não se sabe
exatamente quantos esperantistas existem. Estimase
que várias centenas de milhares de pessoas falam
a língua. É falado nos cantos mais remotos do
mundo, por exemplo, no Japão.
5 - KAZIMIERZ FUNK
Vitaminas, vitaminas, para rapazes e raparigas –
estas são as palavras de uma popular canção
infantil polaca sobre vitaminas. E sabem quem
criou a ciência das vitaminas? Ninguém menos que
Kazimierz Funk, um bioquímico polaco que
introduziu este conceito na cena internacional.
Nasceu em 1884 em Varsóvia, numa família de
médicos. Ele apresentou o termo “vitamina” ao
mundo em 1912. O nome foi oficialmente adotado
em 1920. Realizou muitos estudos sobre o uso de
vitaminas e os efeitos da sua falta. Foi nomeado
quatro vezes para o Prémio Nobel, mas nunca o
recebeu.
Após o início da Segunda Guerra Mundial emigrou
para os Estados Unidos, onde permaneceu até ao
fim da sua vida. Também esteve envolvido na
investigação sobre as causas do cancro. Ele foi um
precursor da ciência da nutrição e popularizou um
estilo de vida saudável. Mesmo antes de se tornar
moda.
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revista água vai
6 - MARIA GOEPPERT-MAYER
A física polaca é rica em mulheres! Quase ninguém
sabe que para além de Maria Skłodowska-Curie, a
segunda mulher homenageada com o Prémio Nobel
da Física também veio da Polónia. O seu nome era
Maria Goeppert-Mayer. Ela nasceu em 1906 em
Katowice, numa família de cientistas. Em 1909,
deixou a Silésia quando o seu pai começou a trabalhar
na Universidade de Gö ingen. Nesta cidade,
Maria cresceu e mais tarde estudou matemática e
física. Em 1930, mudou-se para os Estados Unidos.
Ali tornou-se professora nas universidades de
Chicago e Berkeley. Ela também participou no
Projeto Manha an. Depois de 1945, trabalhou na
teoria da estrutura da camada do núcleo atómico. A
sua descoberta da estrutura da camada do núcleo
atómico contribuiu para que ela recebesse o Prémio
Nobel da Física em 1963.
7 - ANTONI PATEK
Hoje em dia, a maioria de nós não consegue imaginar
uma roupa sem este acessório no pulso. Graças a
ele podemos ver as horas, bem como parecer
estilosos. Apresentamos-lhe um homem que
adorava relógios. Antoni Patek nasceu em 1812 na
aldeia de Piaski Szlacheckie, na região de Lublin.
Quando o Levante de Novembro, em que participou,
desabou, mudou-se para Inglaterra e depois
para a Suíça, onde se interessou pela relojoaria.
Trabalhando com um francês, Andrea Philippe,
criou a empresa Patek Philippe. Eles produziram
alguns dos primeiros relógios de pulso. Conquistaram
os corações de figuras como a Rainha Vitória
e Walt Disney com as suas obras-primas de bolso.
Após pouco tempo, esta empresa tornou-se a
melhor e mais cara marca de relógios do mundo.
Fez o luxo de ser medido em segundos.
8 - ANTONI CIERPLIKOWSKI
Qual de vocês teve a ideia de cortar o cabelo de
forma curta? A próxima pessoa na nossa lista entrou
para a história como o criador deste corte de cabelo,
chamado de bob ou chanel. Estamos a falar de
Antoni Cierplikowski, que muitos consideram ser o
“Rei dos Cabeleireiros”. Nasceu em 24 de dezembro
de 1884 em Sieradz, numa família pobre. O seu pai
era sapateiro e a sua mãe era costureira. Antoni
descobriu a profissão de cabeleireiro quando tinha
11 anos. Aprendeu o ofício pela primeira vez em
Łódź, sob a tutela do seu tio, Paweł Lewandowski.
Depois, em 1901, foi para Paris. Foi aí que a sua
carreira ganhou força.
Em pouco tempo, tornou-se o preferido das atrizes e
artistas famosas. Os seus penteados adornavam as
cabeças das mulheres mais conhecidas do mundo
da época: Sarah Bernhardt, Josephine Baker, Édith
Piaf, e Brigi e Bardot. Era amigo de grandes nomes
como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Jean Cocteau ou
Xawery Dunikowski. Também concebeu penteados
para o estúdio de cinema Metro-Goldwyn-
Mayer, trabalhando com estrelas como Greta
Garbo, Pola Negri e Marlene Dietrich. Antoni,
conhecido por um grande público como Antoine,
apesar dos seus numerosos compromissos, visitou
a Polónia regularmente. No final da sua vida,
voltou à sua cidade natal, Sieradz. Ele é chamado o
pai da arte moderna de profissão de cabeleireiro.
Durante a coroação do Rei Jorge VI do Reino
Unido, supervisionou o trabalho dos cabeleireiros,
que pentearam 400 mulheres ao mesmo
tempo. Um génio, não é?
9 - HELENA RUBINSTEIN
Qual de vocês, queridas senhoras, usa rímel todos
os dias? O pincel que se utiliza para aplicá-lo é o
trabalho de Helena Rubinstein. Foi chamada a
“Imperatriz da Beleza”. Esta mulher excecional é a
fundadora de uma das mais famosas marcas de
cosméticos. Foi dona de uma enorme fortuna.
Nasceu em 1872 no seio de uma família judia pobre
em Cracóvia. Quando era jovem, emigrou para a
Austrália, onde a sua família vivia. A razão desta
emigração foi a fuga de um casamento arranjado. Aí
ela rapidamente iniciou o seu próprio negócio.
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revista água vai
Começou com um creme que a sua mãe lhe deu.
Recomendou-o a mulheres australianas que invejavam
a sua tez. O seu creme “Valaze” conquistou
rapidamente os mercados estrangeiros e tornou-se o
primeiro passo na construção de um império
cosmético. Ela costumava dizer que não há mulheres
feias, apenas preguiçosas. Helena também criou
o primeiro protetor solar. Ela é considerada como
uma das mulheres mais ricas do mundo. Os produtos
da marca Helena Rubinstein atingem preços
altos.
10 - OSKAR TROPLOWITZ
Não cremos que haja aqui alguém que não esteja
familiarizado com uma marca como a Nivea.
Cremes, géis, loções – uma grande variedade de
produtos para o cuidado do corpo. Então, quem está
por detrás do fenómeno deste gigante cosmético?
Oskar Troplowi é o co-criador do creme “Nivea” – o
mais famoso do mundo.
Ele nasceu em Gliwice, numa rica família judia em
1863. Apesar do seu gosto pela história da arte, ele
decidiu unir a sua vida à farmácia. Para além do
creme, inventou o emplastro adesivo e a pasta dos
dentes. O primeiro batom também saiu das mãos de
Troplowi . O farmacêutico era conhecido pelos
seus cuidados excecionais com as condições sociais
dos seus empregados.
11- MAX FACTOR
Encontrarão esta marca em todo o lado – em lojas de
produtos de beleza, em anúncios e online. Max
Factor, parece-lhe familiar? O fundador desta marca
é Maksymilian Faktor (aka Faktorowicz), que
nasceu em 1872 em Zduńska Wola.
No início do século XX, emigrou para os Estados
Unidos. Em 1907 abriu uma modesta drogaria em
Los Angeles, e depois tornou-se maquilhador de
estrelas do cinema mudo de Hollywood. Criou
maquilhagem para pessoas como Mary Pickford,
Pola Negri, Gloria Swanson, Jean Harlow, Judy
Garland, Rita Hayworth, Ginger Rogers, Marlena
Dietrich, John Wayne, Charlie Chaplin, Frank
Sinatra e Rudolf Valentino. Foi este polaco que
pintou de ruivo o cabelo de Rita Hayworth, que se
tornou a sua marca registada. Max Factor foi o
primeiro a usar a palavra “maquilhagem”. Graças a
ele os batons começaram a ser produzidos em stick.
A sua marca é agora reconhecida em todo o mundo.
12 - BILLY WILDER
Quem não conhece um clássico do cinema como
Quanto mais Quente melhor (1959)? Provavelmente
poucas pessoas sabem que o autor deste campeão
de bilheteira é um dos mais famosos realizadores
americanos cujas raízes atingem Sucha Beskidzka.
Não é outro senão Billy Wilder, ou seja, Samuel
Wilder.
Nasceu em junho de 1906 em Sucha Beskidzka, na
área da anexação austríaca (a Polónia de hoje). Os
seus pais tinham uma pastelaria muito próspera e
estavam convencidos de que o seu filho iria assumir
o negócio. O Samuel decidiu, no entanto, ir a Viena,
e de lá mudou-se para Berlim. Começou a escrever
guiões para muitos filmes alemães que assinava
como Billy Wilder. Quando Hitler chegou ao poder,
Wilder emigrou para os Estados Unidos. Aí recebeu
a cidadania e começou a usar oficialmente o nome
Billy. A partir desse momento, tornou-se uma
figura permanente na indústria cinematográfica
americana. É o autor de filmes como Pagos a Dobrar
(1944), O Crepúsculo dos Deuses (1950) ou O
Apartamento (1960). Vencedor dos seis Óscares.
13, 14, 15, 16 - WARNER BROTHERS:
Albert (foto 13), Sam (foto 14), Harry (foto 15) e
Jack (foto 16)
Todos os cinéfilos conhecem este nome! É Warner
Brothers. No entanto, nem todos sabem que por
detrás do nome de um dos mais famosos produtores
de filmes estão Albert, Sam, Harry e Jack que
82
revista água vai
vieram da Polónia. Eram imigrantes judeus
nascidos em Krasnosielc, na região de Mazóvia,
como: Aaron, Szmul e Hirsz Wonsal. Jacek nasceu
no Canadá como I hak Wonsal. Hipotecando a
propriedade da família: um cavalo chamado Bob e
vendendo o relógio do seu pai, os irmãos ganharam
capital, que usaram para comprar um projetor.
Vinte anos mais tarde, a 4 de Abril de 1923, fundaram
um estúdio cinematográfico, que é hoje um
dos maiores do mundo.
17 - SAMUEL GOLDWYN
O logótipo com um leão a rugir é uma visão comum
que precede alguns filmes. Já sabem de quem
vamos falar agora? Sobre Szmul Gelbfisz, conhecido
como Samuel Goldwyn, o fundador do Metro-
Goldwyn-Mayer, o estúdio cinematográfico MGM.
Nasceu em Varsóvia. Era o filho mais velho do casal
judeu Abraham e Hanna Gelbfisz. Deixou a
Polónia quando tinha 16 anos. Em 1924, nos EUA,
fundou a companhia Metro-Goldwyn-Mayer, que
no seu melhor momento produzia 40 filmes por
ano. A MGM empregou as maiores estrelas como
Greta Garbo, Elvis Presley e mesmo Laurel and
Hardy, ou seja, Bucha e Estica. Até ao fim dos seus
dias, Szmul não aprendeu a falar bem inglês e as
suas palavras eram deturpadas.
ALEKSANDRA KACPRZAK
O meu nome é Ola. Tenho 24 anos. Estou atualmente
no meu 5º ano de linguística aplicada (inglês/português).
Eu adoro desporto, música e
animais. Espero que no futuro possa combinar todas
as minhas paixões e ter o emprego dos meus sonhos.
Os seus famosos ditos: “Um contrato oral não vale
o papel em que está escrito”, “As mulheres irão ao
cinema para, em primeiro lugar, ver o filme e as
estrelas, e, em segundo lugar, para ver a última
moda” são a prova de que ele era um homem com
sentido de humor. Samuel Goldwyn era um
personagem colorido que também podia ser
malicioso. Apesar da sua vasta riqueza, era poupado.
Adorava fazer longas caminhadas juntamente
com a limusina que o seguia J
Aleksandra Kacprzak e Dorota Goździk
DOROTA GOŹDZIK
Sou a Dorota. É o meu último ano na linguística
aplicada na UMCS. Sou uma grande fã de voleibol e
das viagens pequenas e grandes. Quando vejo
alpacas, o meu coração alegra-se. Um dia, terei um
rebanho inteiro delas. Por último, odeio pizza com
ananás. Nojo!
83
ZNANI NIEZNANI
czyli ci, którzy zasłużyli się w historii świata,
ale nie każdy wie, że byli Polakami
Kto z nas nie lubi chwalić się swoimi osiągnięciami lub dokonaniami rodaków? Takie
sytuacje zawsze cieszą i sprawiają, że nasza duma narodowa nieustannie rośnie.
Gdyby zapytać przechodniów w zagranicznym mieście, czy nawet w polskim, kto
według nich jest słynną polską postacią, bez wahania odpowiedzieliby, że Jan Paweł
II, Lech Wałęsa, Maria Skłodowska-Curie, Wisława Szymborska, a ostatnio Olga Tokarczuk, no i
oczywiście Robert Lewandowski. Jest to ważne grono, które przysłużyło się popularyzacji Polski i
polskiej kultury, nauki, sztuki, polityki oraz sportu. Niemniej jednak, na kartach bogatej historii
naszego kraju zapisało się złotymi zgłoskami wielu innych wybitnych, choć z różnych powodów
zapomnianych w ojczyźnie rodaków. Zmuszeni byli żyć i pracować w dalekich, obcych krajach,
najczęściej z powodu popowstaniowych lub powojennych emigracji. Część z nich, mimo znaczących
dokonań na arenie międzynarodowej, dalej pozostaje znana tylko nielicznym, zaciekawionym
czytelnikom. Wśród tych postaci znajdziemy wybitnych naukowców, twórców kosmetycznych
imperiów, założycieli wytwórni filmowej, artystów… Uwierzcie nam, będziecie zaskoczeni, że niektóre
nazwiska, które ujrzycie na naszej liście światowych sław, pochodzą właśnie z Polski lub mają polskie
korzenie. No to co, zaczynamy?
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1 - POLA NEGRI
Pola Negri, a właściwie Apolonia Chałupiec, to
przedstawicielka branży filmowej na naszej
liście. Jest uznawana za największą gwiazdę
polskiego pochodzenia, która podbiła
Hollywood. Była wielką artystką kina niemego.
Urodziła się w 1897 r. w Lipnie, zmarła w wieku
90 lat w San Antonio w Teksasie. Karierę
aktorską rozpoczęła na deskach warszawskich
teatrów. W 1917 roku wyjechała do Berlina,
gdzie z sukcesem kontynuowała swoją karierę.
Kilka lat później, w 1923 roku, przyjechała do
Hollywood, w którym zrobiła oszałamiającą
karierę i utorowała drogę innym gwiazdom
europejskim w „Fabryce Snów". Wystąpiła w
takich filmach jak „Hiszpańska tancerka",
„Zakazany raj", „Hotel Imperial", czy „Miłość
aktorki".
2 - TAMARA ŁEMPICKA
Obrazy tej postaci są w posiadaniu prywatnych
kolekcji m.in. Jacka Nicholsona, Madonny oraz
Barbary Streisand. O kim mowa? Tamara
Łempicka, królowa art deco, jest jedną z
najbardziej rozpoznawalnych polskich malarek
na świecie. Na świat przyszła 16 maja 1898 roku
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revista água vai
w Warszawie (tak twierdziła sama malarka).
Jednak prawdopodobnie urodziła się dwa lata
wcześniej w Moskwie, we wpływowej
żydowskiej rodzinie. Na kartach historii zapisała
się jako charyzmatyczna artystka. Gdziekolwiek
by się nie pojawiła, jej temperament oraz
niewyparzony język zawsze dawały o sobie
znać. Znana była z nadużywania kokainy oraz
sesji malarskich z nagimi modelkami, z którymi
często wchodziła w romans. Jej
charakterystyczne prace osiągają na aukcjach
kosmiczne ceny. Świadczyć o tym może obraz
„Portrait de Marjorie Ferry", który, uwaga, został
sprzedany za 16,28 mln funtów (ok. 82 mln zł).
Portret stał się tym samym najdroższym dziełem
sztuki polskiego artysty wylicytowanym za
granicą.
twórczość angielską). Joseph Conrad, a właściwie
Józef Korzeniowski, urodził się w 1857 roku w
Berdyczowie (obecnie Ukraina). Jego ojcem był
Apollon Korzeniowski. W 1874 r. wyjechał do
Francji, nie kończąc nawet gimnazjum i zaciągnął
się na statek jako prosty marynarz. Kolejne 19 lat,
do stycznia 1894 roku, faktycznie pracował na
statkach – najpierw francuskich, a następnie
brytyjskich. Będąc na pokładzie brytyjskich
statków zdobywał też kolejne stopnie, do
kapitańskiego włącznie. Przy okazji zwiedził
prawie cały świat. To, co przeżył w tych
podróżach nie zapomniał do końca życia.
Uwydatnia się to w jego prozie, zwłaszcza w
„Jądrze ciemności", nawiązującym do
doświadczeń pisarza z wyprawy w głąb
Wolnego Państwa Konga. W roku 1894 osiadł w
Anglii, gdzie resztę życia poświęcił pisaniu.
Wikipedia
3 - JOSEPH CONRAD
Miłośnicy literatury na pewno rozpoznają tę
postać (a przynajmniej ci, którzy uwielbiają
4 - LUDWIK ZAMENHOF
Angielski, hiszpański, chiński czy arabski. To są
najczęściej używane języki świata. Ale czy ktoś z
was zna język esperanto – międzynarodowy
język, który został stworzony do ułatwienia
komunikacji między osobami różnych
narodowości? Otóż twórcą tego wyjątkowego
języka jest Ludwik Zamenhof. Urodził się w
rodzinie żydowskiej w 1857 roku w Białymstoku.
Tam spędził też swoje dzieciństwo. Na tamten
czas było to wielonarodowe i zróżnicowane
kulturowo miasto. Gdy miał 10 lat, napisał
dramat, w którym podzielił się swoimi
przemyśleniami na temat przyczyn
nieporozumień i sporów między mieszkańcami
Białegostoku. Według niego największą
przeszkodą była bariera językowa. W związku z
tym postanowił stworzyć podstawy języka
międzynarodowego. Po ukończeniu studiów
ukazała się jego książka z podstawami esperanto.
Projekt Zamenhofa zaczął zyskiwać na
popularności ze względu na swoją prostotę i
użyteczność. Obecnie dokładnie nie wiadomo ilu
85
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jest esperantystów. Szacuje się, że kilkaset
tysięcy osób zna ten język. Mówi się nim w
najdalszych zakątkach świata, np. w Japonii.
5 - KAZIMIERZ FUNK
Witaminki, witaminki, dla chłopczyka i
dziewczynki – tak brzmią słowa popularnej
polskiej piosenki dla dzieci o witaminach. A
wiecie kto jest twórcą nauki o witaminach? Nie
kto inny jak Kazimierz Funk – polski biochemik,
który wprowadził to pojęcie na arenę
międzynarodową. Urodził się w 1884 roku w
Warszawie w lekarskiej rodzinie. Termin
„witamina" przedstawił światu w 1912 roku.
Nazwę oficjalnie przyjęto w 1920 roku.
Prowadził wiele badań nad wykorzystaniem
witamin oraz skutkami ich niedoboru.
Był czterokrotnie nominowany do Nagrody
Nobla, lecz nigdy nie dostąpił zaszczytu jej
odebrania. Po wybuchu II wojny światowej
wyemigrował do Stanów Zjednoczonych, gdzie
pozostał do końca życia. Zajmował się również
badaniem przyczyn raka. Był prekursorem
nauki o żywieniu oraz popularyzatorem
zdrowego stylu życia. Jeszcze zanim stało się to
modne.
6 - MARIA GOEPPERT-MAYER
Polska fizyka kobietą stoi! Mało kto wie, że
oprócz Marii Skłodowskiej-Curie, druga kobieta
uhonorowana Nagrodą Nobla z fizyki również
pochodziła z Polski. Nazywała się Maria
Goeppert-Mayer. Urodziła się w 1906 roku w
Katowicach w rodzinie naukowców. W 1909 r.
opuściła Śląsk, gdy jej ojciec zaczął pracować na
uniwersytecie w Getyndze. W tym mieście Maria
dorastała, a następnie studiowała matematykę i
fizykę. W 1930 roku przeprowadziła się do
Stanów Zjednoczonych. Została tam profesorem
na uniwersytetach w Chicago i Berkeley. Brała
również udział w projekcie Manha an.
Po 1945 r. pracowała nad teorią powłokowej
struktury jądra atomowego. Odkrycie dotyczące
Wikipedia
struktury powłokowej jądra atomowego
przyczyniło się do otrzymania przez nią
Nagrody Nobla z fizyki w 1963 r.
7 - ANTONI PATEK
Dziś, większość z nas nie może sobie wyobrazić
stroju bez tego gadżetu na ręce. Dzięki niemu
sprawdzimy czas, jak również będziemy
wyglądać stylowo. Przedstawiamy wam
człowieka, który kochał zegarki. Antoni Patek
przyszedł na świat w 1812 roku we wsi Piaski
Szlacheckie na Lubelszczyźnie. Gdy upadło
powstanie listopadowe, w którym uczestniczył,
ruszył do Anglii, a potem do Szwajcarii, gdzie
zainteresował się zegarmistrzostwem. Działając z
Francuzem Andreą Philippe, założył firmę Patek
Philippe. Produkowali oni jedne z pierwszych
zegarków na rękę. Swoimi kieszonkowymi
arcydziełami podbili serca takich postaci jak
królowa Wiktoria oraz Walt Disney. Po krótkim
czasie owa firma stała się najlepszą i najdroższą
marką zegarków na świecie. Sprawiła, że luksus
zaczęto mierzyć w sekundach.
86
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8 - ANTONI CIERPLIKOWSKI
Która z was, drogie panie, nie wpadła kiedyś na
pomysł, żeby ściąć włosy na krótko? Kolejna
postać na naszej liście zapisała się kartach historii
jako autor fryzury „na chłopczycę". Mowa o
Antonim Cierplikowskim, który wśród wielu ludzi
uznawany jest za „króla fryzjerów". Urodził się 24
grudnia 1884 roku w Sieradzu, w niezamożnej
rodzinie. Jego ojciec był szewcem, a matka
krawcową. Po raz pierwszy zetknął się z
fryzjerstwem gdy miał 11 lat. Najpierw uczył się
rzemiosła w Łodzi, pod okiem swojego wuja Pawła
Lewandowskiego. Następnie, w 1901 roku,
wyjechał do Paryża. To tam jego kariera nabrała
rozpędu. W błyskawicznym tempie stał się
ulubieńcem znanych aktorek i artystek. Jego
fryzury zdobiły głowy najsłynniejszych wówczas
kobiet na świecie: Sary Bernhardt, Josephine Baker,
Édith Piaf czy Brigi e Bardot. Przyjaźnił się z
takimi tuzami jak Pablo Picasso, Salvador Dalí,
Jean Cocteau czy Xawery Dunikowski. Projektował
również fryzury dla wytwórni filmowej Metro-
Goldwyn-Mayer, współpracując z takimi
gwiazdami jak Greta Garbo, Pola Negri czy
Marlene Dietrich. Antoni, znany szerszej
publiczności jako Antoine, mimo licznych
zobowiązań, regularnie odwiedzał Polskę. Pod
koniec życia powrócił do rodzinnego Sieradza.
Nazywany jest ojcem nowoczesnej sztuki
fryzjerskiej. W czasie koronacji króla Anglii Jerzego
VI, nadzorował pracę fryzjerów, którzy zajmowali
się czesaniem naraz 400 kobiet. Prawda, że
geniusz?
9 - HELENA RUBINSTEIN
Która z was, drogie panie, codziennie używa tuszu
do rzęs? Szczoteczka, której używacie do jego
nakładania, jest dziełem Heleny Rubinstein. Była
nazywana „cesarzową piękna". Ta wybitna kobieta
to założycielka jednej z najsłynniejszych marek
kosmetycznych, właścicielka ogromnej fortuny.
Urodziła się w biednej żydowskiej rodzinie w
Krakowie w 1872 r. Za młodu wyemigrowała do
Australii, gdzie mieszkała jej rodzina. Powodem tej
emigracji była ucieczka przed zaaranżowanym
Wikipedia
małżeństwem. Tam szybko ruszyła z własnym
biznesem. Zaczęło się od kremu, który dostała od
matki. Polecała go Australijkom, które zazdrościły
jej cery. Jej krem „Valaze" w niedługim czasie
podbił zagraniczne rynki i stał się pierwszym
krokiem do budowy kosmetycznego imperium.
Mawiała, że nie ma kobiet brzydkich, są tylko
leniwe. Stworzyła pierwszy krem
przeciwsłoneczny na świecie. Jest uznawana za
jedną z najbogatszych kobiet na świecie. Produkty
marki Helena Rubinstein osiągają zawrotne ceny.
10 - OSKAR TROPLOWITZ
Chyba nie ma tutaj nikogo kto nie znałby takiej
marki jak Nivea. Kremy, żele, balsamy – ogrom
kosmetyków do pielęgnacji ciała. Kto więc stoi za
fenomenem tego kosmetycznego giganta? Oskar
Troplowi to współtwórca najsłynniejszego kremu
na świecie „Nivea". Urodził się w Gliwicach, w
bogatej żydowskiej rodzinie w 1863 roku. Mimo
upodobań do historii sztuki, postanowił związać
swoje życie z farmacją. Oprócz kremu, na swoim
koncie ma takie wynalazki jak plaster
samoprzylepny oraz pasta do zębów. Pierwsza
87
revista água vai
pomadka do ust również wyszła z rąk Troplowi a.
Farmaceuta znany był z wyjątkowej dbałości o
warunki socjalne swoich pracowników.
11 - MAX FACTOR
Tę markę zobaczycie wszędzie – w drogeriach,
reklamach czy Internecie. Max Factor, brzmi
znajomo? Założycielem tej marki jest Maksymilian
Faktor (vel Faktorowicz), który urodził się w 1872 r.
w Zduńskiej Woli.
Z początkiem XX wieku wyemigrował do Stanów
Zjednoczonych. W 1907 roku otworzył w Los
Angeles skromny sklep drogeryjno-perukarski, a
następnie został charakteryzatorem hollywoodzkich
gwiazd kina niemego. Tworzył
makijaże/charakteryzacje takich osobistości jak Mary
Pickford, Pola Negri, Gloria Swanson, Jean Harlow,
Judy Garland, Rita Hayworth, Ginger Rogers,
Marlena Dietrich, John Wayne, Charlie Chaplin,
Frank Sinatra i Rudolf Valentino. To właśnie ten
Polak ufarbował na rudo włosy Rity Hayworth,
które stały się jej znakiem rozpoznawczym. Max
Factor jako pierwszy zaczął używać słowa „make
up". Dzięki niemu szminki do ust zaczęto
produkować w sztyfcie. Jego marka jest obecnie
rozpoznawana na całym świecie.
do przeniósł się do Berlina. Zaczął tworzyć
scenariusze do wielu niemieckich filmów, pod
którymi podpisywał się Billy Wilder. Po dojściu do
władzy przez Hitlera, wyemigrował do Stanów
Zjednoczonych. Otrzymał tam obywatelstwo i
zaczął oficjalnie używać imienia Billy. Od tego
momentu na stałe zagościł w amerykańskim
przemyśle filmowym. Jest twórcą takich filmów jak
„Podwójne ubezpieczenie" (1944), „Bulwar
Zachodzącego Słońca" (1950) czy „Garsoniera"
(1960). Sześciokrotny laureat Oscara.
13, 14, 15, 16 - WARNER BROTHERS:
Albert (fot. 13), Sam (fot. 14), Harry (fot. 15) i Jack
(fot. 16)
Każdy kinomaniak zna tę nazwę! To Warner
Brothers. Jednak nie każdy wie, że za nazwą
jednego z najsłynniejszych producentów
filmowych kryją się pochodzący z Polski Albert
(fot. 13), Sam (fot. 14), Harry (fot. 15) i Jack (fot. 16).
Byli żydowskimi imigrantami urodzonymi w
Krasnosielcu na Mazowszu jako: Aaron, Szmul i
Hirsz Wonsal. Jacek urodził się już w Kanadzie
jako I hak Wonsal. Bracia zastawiając rodzinny
majątek: konia o imieniu Bob oraz sprzedając
12 - BILLY WILDER
Któż z nas nie zna takiego kinowego klasyku jakim
jest „Pół żartem, pół serio" z 1959 roku? Pewnie
mało która osoba wie, że twórcą tego hitu jest jeden
z najsłynniejszych amerykańskich reżyserów,
którego korzenie sięgają Suchej Beskidzkiej. To nikt
inny jak Billy Wilder, a właściwie Samuel Wilder.
Urodził się czerwca 1906 r. w Suchej Beskidzkiej, na
terenie ówczesnego zaboru austriackiego (tereny
dzisiejszej Polski).
13 14
Jego rodzice prowadzili bardzo dobrze prosperującą
cukiernię i byli przeświadczeni o tym, że ich syn
chętnie przejmie rodzinny biznes. Samuel
postanowił jednak wyjechać do Wiednia, a stamtąd
15 16
88
revista água vai
zegarek ojca, zyskali kapitał, który przeznaczyli na
zakup projektora. Dwadzieścia lat później, 4
kwietnia 1923 r., założyli wytwórnię filmową,
która obecnie jest jedną z największych na świecie.
17 - SAMUEL GOLDWYN
Logotyp z ryczącym lwem to częsty widok
poprzedzający niektóre filmy. Wiecie o kim teraz
będziemy mówić? O Szmulu Gelbfiszu, znanym
jako Samuel Goldwyn, założycielu wytwórni
filmowej Metro-Goldwyn-Mayer, czyli MGM.
Urodził się w Warszawie i był najstarszym
dzieckiem żydowskiego małżeństwa Abrahama i
Hanny Gelbfisz. Kiedy miał 16 lat wyjechał z
Polski. W 1924 r. w USA założył wytwórnię
MGM, która w najlepszym momencie
produkowała 40 filmów rocznie. To tu były
zatrudniane największe gwiazdy, takie jak Greta
Garbo, Elvis Presley czy nawet Laurel i Hardy,
czyli Flip i Flap. Do końca swoich dni Szmul nie
nauczył się dobrze mówić po angielsku i
przeinaczał słowa. Jego słynne powiedzenia:
„Umowa ustna nie jest warta papieru, na którym
została spisana", „Kobiety będą chodzić do kina,
by, po pierwsze, zobaczyć film i gwiazdy, a po
drugie, by zobaczyć najnowszą modę" są
dowodem na to, że był człowiekiem z poczuciem
humoru. Samuel Goldwyn to barwna postać,
bywał też złośliwy. Pomimo ogromnego majątku
był oszczędny. Uwielbiał chodzić na długie
spacery wraz z limuzyną, która jechała za ni.
Aleksandra Kacprzak i Dorota Goździk
89
revista água vai
OS PORTUGUESES FALAM
APENAS PORTUGUÊS?
Não necessariamente.
Alicja Janielewicz
Neste artigo tentamos descrever como os fenómenos
do bilinguismo e do multilinguismo no âmbito
da União Europeia aplicam-se para Portugal,
tanto como damos conta de alguns factos sócio históricos
sobre o bilinguismo e o multilinguismo em Portugal.
A União Europeia fala 24 línguas. Ou pelo menos as instituições da
união europeia falam 24 línguas. Português é uma destas línguas
desde 1986 quando Portugal entrou na comunidade europeia junto
com a Espanha (STAS).
Bilinguismo é virtualmente isso,
o conhecimento de duas línguas
distintas e a possibilidade de
comunicar-se em ambas as
línguas no nível bastante parecido.
E como podemos ver na
definição seguinte do multilinguismo:
1. coexistência de sistemas
linguísticos diferentes (língua,
dialeto, etc.) numa comunidade
Embora, como já mencionei as instituições falam todas as 24 línguas
graças aos tradutores e intérpretes. O cidadão europeu médio não fala
tantas línguas e sinceramente duvido que exista uma pessoa que
falasse tantas. No entanto, segundo os dados de 2016 trabalhados pelo
Eurostat 64,6% dos europeus falam pelo menos uma língua estrangeira
("Foreign Language Skills Statistics”). Isso parece bastante impressionante
e ao que parece podemos dizer que na Europa, vivemos numa
sociedade que fala várias línguas, e é até bilingue ou multilíngue.
Antes de mais nada vale a pena explicar, portanto, os termos em
questão, i.e. o bilinguismo e o multilinguismo. Segundo o dicionário
online Infopedia, o bilinguismo é:
1. coexistência de dois sistemas linguísticos (língua, dialeto, etc.)
numa comunidade;
3. utilização simultânea de várias
línguas por uma pessoa ou por
um grupo, com idêntica fluência
ou com proeminência de uma
delas (Infopédia, “Multilinguismo
| Definição Ou Significado
de Multilinguismo No
Dicionário Infopédia Da Língua
Portuguesa”)
No caso do multilinguismo a
definição é quase a mesma, só
que em vez de duas línguas
faladas e usadas por uma pessoa
temos mais.
2. utilização simultânea de duas línguas por uma pessoa ou por um
grupo, com idêntica fluência ou com proeminência de uma delas.
(Infopédia, “Bilinguismo | Definição Ou Significado de Bilinguismo
No Dicionário Infopédia Da Língua Portuguesa”)
Entretanto, estas definições não
são as definições completas de
bilinguismo e de multilinguismo.
Isto é porque existem vários
90
revista água vai
tipos de bilinguismo e de multilinguismos. Uma investigadora do
bilinguismo, Cristina Flores, da Universidade de Minho, numa entrevista
para a Revista Linguíʃtica destaca alguns tipos de bilinguismo:
O mais comum é ter como critério a idade de aquisição, considerando falante
bilingue aquele que teve contacto regular e naturalístico com pelo menos
duas línguas desde a infância. Como há perfis linguísticos muito diversificados,
existem, no entanto, vários sub-conceitos que dão conta dessa variedade.
Se o falante teve contacto com as duas línguas até aos três anos de idade, é
considerado um bilingue simultâneo. Se o contacto com a segunda língua se
deu ainda na infância, mas depois dessa idade, é designado de falantes
bilingue sucessivo ou consecutivo (seguindo, por exemplo, a definição de
Meisel, 2004). (Meisel apud. De Oliveira 2018: 12)
Como podemos ver aqui, temos dois tipos de bilinguismo que
surgem na infância do falante bilingue. Mas não podemos esquecernos
das pessoas que lograram a habilidade de ser bilingue ou até
multilíngue na sua vida adulta, ou seja devemos lembrar-nos que
estas não são as pessoas sobre quais fala o Eurostat. Isto é porque na
pesquisa do Eurostat são incluídas tanto as pessoas bilingues, como
as pessoas que têm conhecimento de línguas estrangeiras.
Voltando para as estatísticas do Eurostat, vejamos o caso particular de
Portugal onde 69% dos portugueses falam pelo menos uma língua
estrangeira, semelhante à Polónia com 67% e Grécia 66,5%. Os líderes
do bilinguismo na Europa são os escandinavos. A saber 92,1% dos
noruegueses falam pelo menos uma língua estrangeira, 95,7% dos
dinamarqueses e ganham os suecos com 96,6% de pessoas que falam
pelo menos uma língua estrangeira! O grande perdedor? Inglaterra
com 34,6% das pessoas que falam pelo menos uma língua estrangeira¹
(“Foreign Language Skills Statistics”).
Note-se que no caso português destes 69% de portugueses falam pelo
menos uma língua estrangeira, quase metade fala duas ou mais
línguas estrangeiras e um quarto fala três línguas ou mais! (“Foreign
Language Skills Statistics”).
Então que línguas estrangeiras falam os portugueses? Entre as mais
populares estão, e segundo os dados do Instituto Nacional de
Estatística (INE): inglês, francês e espanhol (“Portugueses Falam
Cada Vez Mais (E Melhor) Línguas Estrangeiras”).
1
Relembramos que na altura a Inglaterra era parte da UE, ademais na investigação participaram
também os países fora da comunidade como Suíça ou Albânia.
A popularidade de inglês, a
língua franca global, não nos
surpreende. Além disso, em
Portugal o nível de conhecimento
de inglês não para de crescer
(“Portugal, El País Donde Más
Aumenta El Nivel de Inglés”).
Por outro lado a popularidade
do francês, cujo conhecimento é
bastante extenso nas gerações
mais velhas devido a facto de
que esta língua estava presente
no passado nos currículos
escolares antes do inglês tornarse
tão extensivamente usado.
No que toca ao espanhol esta
língua está na moda em toda a
Europa. Daí pode afirmar-se que
Portugal segue esta voga. Por
outro lado, a aprendizagem e o
conhecimento desta língua pode
parecer natural porque a
Espanha é o único vizinho de
Portugal. Acresce que na realidade
o bilinguismo espanholportuguês
não é novo na península
ibérica. Ana Isabel Buescu
escreve sobre isso no seu artigo
“Aspectos do bilinguismo
Português-Castelhano na época
moderna”. Segundo a autora a
presença da língua castelhana na
corte portuguesa já no século XV
nos tempos da dinastia Avis
(Buescu 2004:14). Buescu também
destaca, que devido às
relações matrimoniais entre as
famílias reais portuguesas e
espanholas, no século XVI a
corte em Lisboa foi realmente
bilingue, podia ouvir-se tanto
português como espanhol
91
revista água vai
(Buescu 2004:15). Vale a pena
notar também que no século XVIII
começa a parar a grande popularidade
do espanhol e do latim em
Portugal a favor da língua
portuguesa, que neste século
começou a normalizar-se graças
ao trabalho de Luís António
Verney (Gonçalves 2010:95).
Nos tempos presentes, não
podemos esquecer, que o português
não é a única língua oficial
de Portugal. Também existe a
língua mirandesa, falada na vale
de Douro perto da fronteira com
a Espanha em Miranda do Douro
e os seus arredores. Está língua
foi oficialmente reconhecida no
dia 29 de junho de 2009 como
língua oficial minoritária
(Czopek 2008:19). O mirandês é a
única língua minoritária original
no território português (Nunes
Martins 2016: 41). Então a
comunidade de Miranda de
Douro junto com os seus falantes
de mirandês acrescenta ainda
uma dose das pessoas que falam
mais do que uma língua ou até
das pessoas bilingues e/ou
multilingues em Portugal.
Também não podemos esquecer
um outro grupo de portugueses
bilingues ou multilingues. Falo
aqui dos descendentes dos vários
imigrantes que vieram para
Portugal. Neste grupo podemos
encontrar as pessoas que falam,
entre outras ucraniano, crioulo,
chinês, urdo, russo, romeno ou
moldavo e muitas outras línguas.
(Martins et al. 2019:489).
Wikipedia - Placa de identificação de arruamento, em Genísio (freguesia do município de Miranda
do Douro), com o nome da rua em mirandês e em português.
Resumindo, embora Portugal não se situe no top dos países com o
maior conhecimento de línguas estrangeiras, nas investigações do
Eurostat, podemos afirmar que com sua história e a sua grande
diversidade cultural Portugal facilmente forma um mosaico de
diferentes línguas e culturas que entrelaçam-se entre si. Encontramos
neste país pessoas de várias etnias que falam várias línguas, mas
também os portugueses falam mais que o português e as línguas
minoritárias graças ao sistema de educação que oferece possibilidades
de aprender, entre outras, inglês como língua estrangeira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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Na Época Moderna.” Hispania, vol. 64, no. 216, 30 Apr. 2004, pp. 13–38,
10.3989/hispania.2004.v64.i216.195. Accessed 18 Feb. 2020.
• De Oliveira, Diana. “Entrevista a Cristina Flores.” Revista
Linguí tica, vol. 14, no. 2, 15 Sept. 2018, pp. 10–17,
10.31513/linguistica.2018.v14n2a17914. Accessed 19 Apr. 2021.
• Czopek, Natalia. “O Mirandês – Um Enclave Linguístico de
Portugal.” Romanica Cracoviensia, vol. 8, no. 1, 2008, pp. 11–20,
www.ejournals.eu/Romanica-Cracoviensia/2008/Numer-1/art/2748/.
Accessed 5 June 2021.
• “Foreign Language Skills Statistics.” Ec.europa.eu,
ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php?
title=Foreign_language_skills_statistics#Number_of_foreign_languag
es_known. Accessed 31 May 2021.
92
revista água vai
• Gonçalves, Maria Filomena. “A Normalização Da Língua Portuguesa No Século XVIII E O Verdadeiro
Método de Estudar de Luís António Verney.” Confluência - Revista Do Instituto de Língua Portuguesa, vol.
no 37/38, 2010, pp. 84–109. CIDEHUS - Publicações - Artigos em Revistas Internacionais Com Arbitragem
Científica, rdpc.uevora.pt/handle/10174/8510. Accessed 5 June 2021.
• Infopédia. “Bilinguismo | Definição Ou Significado de Bilinguismo No Dicionário Infopédia Da Língua
Portuguesa.” Infopédia - Dicionários Porto Editora, www.infopedia.pt/dicionarios/linguaportuguesa/bilinguismo.
Accessed 31 May 2021.
• ---. “Multilinguismo | Definição Ou Significado de Multilinguismo No Dicionário Infopédia Da Língua
Portuguesa.” Infopédia - Dicionários Porto Editora, www.infopedia.pt/dicionarios/linguaportuguesa/multilinguismo.
Accessed 31 May 2021.
• “Interpreting Students: Native vs. Acquired Bilinguals :: EMCI.” Www.emcinterpreting.org,
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Alicja Janielewicz
93
revista água vai
DO OUTRO LADO DA EUROPA
o Levante de Janeiro na imprensa portuguesa
KA Polónia e Portugal são dois países que à primeira vista podem parecer muito
distintos. A Polónia fica no leste e Portugal no oeste da Europa. As culturas,
literaturas, comidas etc. são muito diferentes. No entanto, nesta comunicação
gostava de apresentar que ambos estes países, não são tão distintos como
podem parecer. Para mostrar estes paralelismos e o interesse dos portugueses pela Polónia e
pelos polacos, vai servir-me a cobertura mediática da dita «questão polaca» na imprensa
portuguesa do século XIX, nomeadamente o assunto do Levante de Janeiro ou, noutras
palavras, a revolta de janeiro que teve lugar nas terras polacas entre 1863 e 1864.
O ESTADO DAS PESQUISAS
A bibliografia sobre este assunto é bastante
modesta. Do lado polaco podemos encontrar
algumas publicações que relatam e comentam este
fenómeno, como por exemplo a reportagem de
Franciszek Ziejka Moja Portugalia, o artigo de Lidia
Romaniszyn-Ziomek «Studenci z Coimbry i echa
Powstania styczniowego» e a monografia de
Elżbieta Milewska Związki kulturalne i literackie
polsko-portugalskie w XVI-XIX wieku¹. Entretanto,
estas publicações parecem focar-se mais nos
assuntos literários e culturais entre estes dois
países do que históricos. Além disso, os autores
destes textos focam-se nos relatos da imprensa
lisboeta ou portuense. A meu ver vale a pena
também verificar e comentar como este assunto foi
apresentado noutras cidades em Portugal, fora
dos grandes centros urbanos. Por isso nesta
comunicação apresentarei também os títulos mais
provinciais.
O LEVANTE DE JANEIRO - PANO DE FUNDO
Na sequência das três chamadas “Partições da
Polónia” ocorridas respetivamente nos anos 1772,
1793 e 1795 pelos impérios da Rússia, Prússia e
Áustria², A República das Duas Nações³ literalmente
foi riscada dos mapas. Por isso, o século
seguinte, quer dizer o século XIX tornou-se o
século da luta continua pela independência e o
século dos levantamentos que sucessivamente
1
Existe também uma dissertação de licenciatura «O Levante de Novembro (1830-1831) e a Revolta de Janeiro (1863-1864) na imprensa portuguesa
do século XIX: a Gazeta de Lisboa e o Jornal do Comércio» de Dorota Sadowska, orientada pela Profa. Doutora Anna Rzepka, defendida na
Universidade Jaguelónica em 2015. Além disso, existem ensaios sobre Portugal que incluem as informações sobre este assunto por Renata
Gorczyńska intitulado Szkice portugalskie. Infelizmente a dissertação não é disponível on-line e, no que toca aos ensaios, não pude aceder à
coletânea devido à pandemia da COVID-19.
2
Na partilha de 1793 a Áustria não participou porque na altura estava preocupada com a guerra contra a França.
3
A República das Duas Nações país europeu que surgiu em 1569 pela União de Lublin, que uniu o Reino da Polónia e o Grão-Ducado da Lituânia. A
República das Duas Nações deixou de existir em 1795 após a terceira partilha. Para simplificar, neste artigo vou usar o termo Polónia.
94
revista água vai
Noël Le Mire, Primeira Partição da Polónia (Wikipedia)
surgiam nos territórios partilhados. Os dois
levantamentos mais notáveis foram o Levante de
Novembro dos anos 1830-1831, que segundo
Elżbieta Milewska não foi tão bem notado em
Portugal devido à Guerra dos Dois Irmãos dos anos
1832-1834 (1991:43) e o Levante na Bélgica nos anos
1830-1831.
OS INTELECTUAIS PORTUGUESES E A
QUESTÃO POLACA
A situação do povo polaco foi bastante bem reconhecida
e obteve cobertura na imprensa europeia
nomeadamente, especialmente nos jornais e
revistas franceses e ingleses (Romaniszyn-Ziomek
2016:77). Provavelmente devido ao facto de que
esses países receberam o maior fluxo dos migrantes
polacos.
No entanto, os intelectuais portugueses, também
tinham consciência da partilha da antiga República
das Duas Nações. No decorrer do século XIX
houve vários comentários no âmbito político e
literário – vejamos dois deles.
Um dos comentadores foi o grande escritor do
período romântico português Almeida Garre , na
obra dele Portugal na balança da Europa fala sobre a
Polónia assim:
…a Polonia sacrificada â ambição do usurpado
(…) a Polónia, a infeliz e heróica Polónia, retalhada,
como havia sido, entre os tres grandes déspotas
do Norte, e dotado seu maior quinhão com falsa
independência e fingida liberdade, necessários
instrumentos do despotismo e seguridade do
invasor principal…(Garre 1830: 36,41)
De maneira similar fala sobre a situação polaca D.
Gastão Coutinho o conde da Taipa no parlamento
português na Câmara dos Dignos Pares na sessão e
30 de março de 1864:
95
revista água vai
Vejam o que succedeu na Polónia, na infeliz
Polónia, que hoje está pugnando pela sua liberdade.
Em 1830 fez esse paiz um esforço, e combateu o
dominio do czar; o exercito russo estava então
intacto, estava em toda a sua força, não tinha tido
Sebastopol, nem todas essas insurreições que têem
tido que combater; os polacos lutaram com exito, e
por muitas vezes combateram as numerosas legiões
do autocrata; clubs porém trabalhavam, e assim que
deitaram a mão ao poder, em quinze dias os russos
estavam era Varsóvia, degolavam os polacos ou os
agrilhoavam e os mandavam para o fundo da
Sibéria. Estes é que são os factos. (‘Pagina 1147’)
Então como podemos ver, em Portugal os intelectuais
não somente tinham conhecimento sobre a
história recente polaca mas também tinham uma
opinião sobe o que tinha acontecido e aplicaram
este conhecimento comparando a situação do povo
polaco com a do povo português, usando-a para
prevenir os conterrâneos.
Além disso, como podemos ler nas publicações
polacas sobre o interesse português pela questão
polaca no século XIX, os estudantes da
Universidade de Coimbra estavam muito preocupados
com a questão polaca, especialmente no
contexto do Levante de Janeiro. Segundo Ziejka:
Głównymi orędownikami „sprawy polskiej” w
Portugalii w 1863 r. stali się studenci Uniwersytetu
w Coimbrze. Nie była to sprawa przypadku. W
latach sześćdziesiątych studia w Coimbrze podjęła
sławna w dziejach kultury portugalskiej geração de
Coimbra: grono ludzi, którzy dokonali w kulturze
portugalskiej prawdziwego przełomu. Wystarczy
przypomnieć nazwiska choćby kilku twórców:
Antero de Quental, Eça de Queiroz, Castelo
Branco, João de Deus, Teofilo Braga czy Guerra
Junqueiro, by zdać sobie sprawę z niezwykłej
prężności sŕodowiska akademickiego w Coimbrze
de 60, a geração de Coimbra – famosa na história
da cultura portuguesa, começa a estudar em
Coimbra. Foi um grupo de pessoas que deu um
verdadeiro salto à cultura portuguesa. Basta
recordar os nomes de pelo menos alguns artistas:
Antero de Quental, Eça de Queiroz, Castelo
Branco, João de Deus, Teófilo Braga e Guerra
Junqueiro, para perceber a extraordinária
resiliência da comunidade académica de Coimbra
naqueles tempos.⁴ (Ziejka 2008:371)
Por esta mesma razão os ditos estudantes, que se
preocupavam tanto pela Polónia e apoiavam as
tentativas independentistas dos polacos são
conhecidos na Polónia como os estudantes de
Coimbra. De facto nem tanto se tratou dos estudantes
cujos maiores representantes intelectuais da
literatura portuguesa do século XIX (Ziejka
2008:372).
Acresce que todos estes estudantes pertenciam à
«Sociedade do Raio», uma organização estudantil
secreta da Universidade de Coimbra que podemos
tratar como uma organização paralela aos
Philomatas e Philaretas da Universidade de Vilnius
(Romaniszyn-Ziomek 2016:80; Danielewicz-
Zielińska: 98), à qual pertenciam os grandes
intelectuais polacos, entre outros o famoso bardo
polaco, Adam Mickiewicz.
Os mesmos estudantes da «Sociedade do Raio»
foram autores de vários textos sobre a Polónia ou
inspirados na questão polaca, também as tentativas
das traduções das obras literárias polacas para a
língua portuguesa, publicados nos efeméricos como
Estreia Literária, Literatura Ilustrada, O Académico,
Tira’Teimas, A Atila ou O Phosporo (Ziejka
2008:374). Sobre os estudantes de Coimbra na
questão polaca, a produção e as campinas deles
informaram os jornais O Progressista, A Liberdade,
Diário Mercantil (Ziejka 2008:376), O Nacional (Ziejka
2008:378), O Braz Tisana (Ziejka 2008:379).
96
revista água vai
O LEVANTE DE JANEIRO NA IMPRENSA
PORTUGUESA
Como já mencionei, devido à elevada migração
polaca causada pelas partilhas da Comunidade
Polaco-Lituana, a questão polaca foi bem
reconhecida internacionalmente na Europa. Ziejka
destaca que:
Na wieść o wybuchu walk powstańczych w Polsce
w całej Europie powstały komitety obywatelskie,
których zadaniem miało być niesienie pomocy
rodzinom polskich żołnierzy. Pod koniec marca
1863 roku komitet taki powstał także w Lizbonie.
Jego to staraniem w dniu 6 kwietnia został
zorganizowany w królewskim teatrze S. Carlos
benefis na rzecz rodzin polskich powstańców.
Com a notícia da eclosão do levante na Polónia,
foram estabelecidos em toda a Europa «comités
cívicos», cuja tarefa era ajudar as famílias dos
revolucionários polacos. No final de março de
1863, um comité assim foi estabelecido em Lisboa.
Graças aos seus esforços, no dia 6 de abril, foi
organizado um espetáculo para recolher os recursos
financeiros para as famílias dos insurgentes
polacos no teatro real de S. Carlos. (Ziejka
2008:369)
Ziejka logo explica que este evento foi comentado
em vários jornais portugueses. Os jornais que
Ziejka cita ou destaca são: Gazeta de Portugal (Ziejka
2008: 369), A Liberdade (Ziejka 2008: 370), Gazeta de
Lisboa (Ziejka 2008: 370) e O Fornal de Porto (Ziejka
2008: 371).
Segundo Elżbieta Milewska, nas mesmas revistas
sobre as quais escreve Ziejka, isto é, A Liberdade, O
Jornal do Porto e O Progressista há relatos sobre a
revolta de janeiro de 1863 (1991:58-60).
Nomeadamente, O Progressista até tenta comparar
o líder da revolta de janeiro, Marian Langiewicz,
com Tadeusz Kosciusko, o herói nacional polaco e
o líder da primeira revolta contra o Império Russo
em 1794.
As comparações deste tipo podem levar a uma
pressuposição que os redatores portugueses
tinham um vasto conhecimento da situação nas
terras polacas, e da história do povo polaco.
Entretanto, como podemos ler nas páginas
anteriores do texto de Milewska:
W czasie powstania [styczniowego] Portugalia nie
miała w Polsce własnego korespondenta jak
A n g l i a c z y F r a n c j a , t o t e ż w i a d o m o ś c i
publikowane w tamtejszych gazetach opierały
się na depeszach agencji telegraficznych,
doniesieniach portugalskich korespondentów z
innych krajów, lub też były przedrukowywane,
głównie z prasy francuskiej. Bardzo często jako
źródło informacji występuje krakowski „Czas”, co
w pierwszej chwili zaskakuje, ale staje się
zrozumiałe gdy uświadomimy sobie, że
wiadomości z Polski trafiały do Portugalii głównie
przez Francję, a „Czas” współpracował z Hotelem
Lambert pełniącym w czasie powstania rolę
agencji dyplomatycznej i propagandowej Rządy
Narodowego i bardzo aktywnie wpływającym na
prasę francuską przez organizowanie spotkań z
dziennikarzami dostarczanie im wiadomości a
nawet gotowych artykułów. (Czartoryski1860-
1864:178) Mogły więc gazety portugalskie
powoływać sie na „Czas” za prasą francuską, bądź
za agencją telegraficzną „Havas”, z którą Polacy w
Paryżu również współpracowali.
Durante a Revolta [de Janeiro], Portugal não tinha
correspondente na Polónia, como a Inglaterra ou a
França. Por este motivo as notícias publicadas nos
97
revista água vai
Polonia - Rok 1863, Jan Matejko (Wikipedia)
jornais locais baseavam-se em cabos de agências
telegráficas, reportagens de correspondentes
portugueses de outros países, ou eram reimpressas,
principalmente na imprensa francesa. O
"Czas" de Cracóvia surge muitas vezes como uma
fonte de informação, o que é surpreendente à
primeira vista, mas torna-se compreensível
quando percebemos que as notícias da Polónia
eram enviadas para Portugal principalmente
através de França. O "Czas" colaborava com o
Hotel Lambert, que era uma agência diplomática e
de propaganda do Governo Nacional [Polaco]
muito ativa com influência na imprensa francesa,
organizando encontros com jornalistas, fornecendo-lhes
notícias e até artigos prontos. (Czartoryski1860-1864:
178) Assim, os jornais portugueses
podiam citar "Czas" na imprensa francesa, ou na
agência telegráfica "Havas", com a qual também
colaboraram polacos em Paris.(Milewska 1991:58)
Então, como se constata com base no estudo de
Milewska, as informações sobre o Levante de
Janeiro nas terras polacas em Portugal, não foram
as notícias em «primeira mão». Pese a este facto,
foram baseadas nas fontes extremamente fidedignas
como Czas, um dos principais jornais políticoinformativos
publicado em Vilnius nesta altura.
Estes jornais portugueses que acabei de apresentar
são os jornais das cidades grandes, isto é de Lisboa
e do Porto. O aparecimento das notícias sobre a
revolta de janeiro aparece também nas revistas
provinciais.
O século XIX é o século da imprensa. Além dos
grandes jornais estabelecidos nos grandes centros
urbanos, surgem nesta altura os empreendimentos
mais modestos. Cite-se a este respeito José
Tengarrinha: «Um dos fenómenos mais significativos
resultantes do estabelecimento da Renegação
98
revista água vai
foi a grande expansão da imprensa da província.»
(Tengarrinha 2013:791). Isto é surgem jornais
locais e estes jornais várias vezes têm uma coluna
com as notícias estrangeiras. É, por exemplo, o
caso das revistas O Algarviense, O Reino do Algarve
de Faro ou O Figueirense da Figueira da Foz.
No entanto Tengarrinha sublinha que:
informações da toda a Europa e não só. Em todos
estes números que permaneceram até hoje, podemos
ler pelo menos um boletim sobre a situação da
revolta de janeiro nas terras polacas. Para mim,
porém, os mais interessantes parecem ser estes
trechos onde podemos ler toda a descrição das
notícias como, por exemplo, neste excerto do 5º
número de O Algarviense de 3 de maio de 1863:
… o surto da imprensa nas províncias encontrou
fortes limitações, nomeadamente quanto ao muito
elevado grau de analfabetismo e aos meios técnicos
de que podia dispor, embora neste período se
tivesse assistido um incremento notável da industria
tipográfica, mas que se fez sentir, sobretudo,
nos maiores centros. Por isso alguns jornais eram
redigidos no local e impressos fora, como aconteceu,
por exemplo com O Algarviense (Faro, onde
foi redigido em 1863, mis impresso em
Lisboa)…(Tengarrinha 2013:792)
Isto significa, que embora os jornais provinciais
fossem escritos na província, e tentassem emancipar-se
dos grandes centros de informação, nem
sempre o conseguiam com no caso do O Algarviense.
Mas é importante reconhecer que embora O
Algarviense fosse impresso em Lisboa, era uma
revista para as pessoas de Faro. Por outro lado, vale
a pena, também notar que outro jornal provinciano
– o Figueirense era um semanário redigido e impresso
na Figueira da Foz o que mostra que alguns dos
jornais conseguiram emancipar-se do centro
informativo Lisboa-Porto.
Vejamos agora o caso do Algarviense que foi um
semanário impresso entre 5 de abril de 1863 e 18 de
dezembro de 1864 para o público de Faro. De todos
os 126 números impressos, salvaram-se até aos
nossos tempos nas digitalizações da Biblioteca
Nacional de Portugal 97 números (faltam os
números 98-125). Entre outras colunas, o semanário
tem uma coluna «Noticias estrangeiras» na qual
podemos ler o ponto de situação atual no estrangeiro
e o conjunto dos boletins telegráficos com
(«Noticias Estrangeiras» 3)
Como podemos ver neste trecho, o leitor depara
com uma descrição detalhada dos acontecimentos
nas terras polacas. Temos as informações tanto de
Varsóvia como de Cracóvia. Relembremos que a
Polónia foi partilhada a finais do século XVIII por
três países: Rússia, Prússia e Áustria. Portanto neste
trecho temos as informações dos dois países:
Cracóvia — Império Austríaco e Varsóvia —
Império Russo.
Semelhante como a revista O Reino do Algarve, da
qual temos 14 números lançados entre 10 de julho
99
revista água vai
1864 e 26 de agosto de 1864. Nos 5 de 14 números do
repositório digital da Biblioteca Nacional aparecem
informações sobre a Polónia e o Levanto de Janeiro,
por exemplo no trecho seguinte do 2º número de O
Reino do Algarve de 14 de julho de 1864:
onde foram retiradas as informações. A saber, falase
sobre A Abelha do Norte (Северная пчела), um
jornal do São Petersburgo e O Ojczyzna, uma revista
de Vilnius impressa na língua polaca. Então,
embora a notícia não seja em primeira mão, provém
das fontes fidedignas.
As notícias sobre o levantamento chegam, também
para outros títulos da imprensa periférica. Por
exemplo para o 12º número de O Figueirense de 1 de
novembro de 1863, no qual descreve emocionalmente
as circunstancias nas quais o povo polaco se
encontra naquela altura («Exterior» 3).
CONCLUSÕES
Como mostrei nesta comunicação, a Polónia e
Portugal podem parecer muito distintos e distantes,
especialmente da perspetiva do século XIX.
Entretanto parece haver um interesse aprofundado
pela questão polaca em Portugal. Podemos notar
isso nas notícias sobre o Levante de Janeiro na
imprensa publicada e lida tanto em Lisboa e no
Porto, como na imprensa periférica. Além disso a
causa polaca estava presente no parlamento português
e na vida sociocultural portuguesa. Isto mostra
que os contactos entre os polacos e os portugueses
neste século eram maiores do que se pode esperar.
Vale a pena também dar uma olhada na imprensa
portuguesa procurando a questão polaca já após o
Levante de Janeiro especialmente a imprensa mais
recente durante a Grande Guerra.
(«Revista Estrangeira» 2)
Outra vez temos informações das diferentes partes
das terras polacas espalhadas pelos três impérios,
como no O Algarviense, mas neste caso temos a
informação sobre a germanização dos polacos na
Prússia e sobre as operações insurretas em Varsóvia
e em Vilnius (as terras sob o domínio russo).
Acresce que neste semanário temos informações de
ALICJA JANCELEWICZ
Alicja Jancelewicz é estudante de mestrado na
filologia ibérica, especialidade português europeu
na Universidade de Varsóvia. Estuda também
interpretação de conferências no Instituto de
Linguística Aplicada da Universidade de Varsóvia.
Fala três línguas estrangeiras: português, espanhol
e inglês. É cotradutora da banda desenhada
"Kassumai" do português para o polaco.
100
revista água vai
FONTES BIBLIOGRÁFCIAS:
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succedeu%2Bna%2BPol%25C3%25B3nia%252C%2Bna%2Binfeliz%2BPol%25C3%25B3nia%252C%2Bque%2Bho
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Ziomek, Katowice, Wydawnictwo Uniwersytetu Śląskiego, 2016, pp. 77–97.
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2013.
• Ziejka, Franciszek. Moja Portugalia. Kraków, Wydawnictwo prac naukowych UNIVERSITAS, 2008.
101
Atividades do CLP/Camões
em Lublin - 2020/2021
10/11/2020
e 17/11/2020
A Dr. Jaqueline Russczyk, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Canoas (Brasil) colaborou com o Ciclo
de Palestras “Brasilidades” proferindo duas palestras com o título geral “A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA CULTURA
BRASILEIRA”.
23/11/2020
Oficina online sobre a Língua Mirandesa, com a participação de Alcides Meirinho e Alfredo Cameirão, da Associaçon
de la Lhéngua i Cultura Mirandesa e de Michał Belina, estudante de doutoramento, que se dedica ao estudo da língua
mirandesa.
1/12/2020
Ciclo de Palestras “Brasilidades”: palestra do professor de Literatura Brasileira Contemporânea de Santa Maria de
Jetibá (Brasil) António da Silva Pereira Neto intitulada “ESPÍRITO SANTO: MÚLTIPLAS IDENTIDADES, UM SÓ
ESTADO”.
11ª edição do Concurso Nacional de Apresentações Multimédia, tema: Fado – ontem e hoje.
1º lugar: Lena Badylak, EB nº 150 Walery Wróblewski , Varsóvia.
2º lugar: Amelia Gałaj, EB nº 352 Jerzy Hubert Wagner, Varsóvia
3º lugar: Natalia Gregorczyk, EB nº 112 Przymierza Rodzin im. Jana Pawła II, Varsóvia
30/12/2020
Publicação da Revista Água Vai nº 10
26/1/2021
Ciclo de Palestras “Brasilidades”: Dr Francisco Alves Gomes, Universidade Federal de Roraima (Brasil), “REGIÃO
NORTE: TRAMAS E CARTOGRAFIAS EM INTENSA EBULIÇÃO”.
29/1/2021
Ciclo de Palestras “Brasilidades”: Daiana dal Ros de Ijuí/RS (Brasil), “Cultura Gaúcha: um legado que perpassa
gerações”.
8/3/2021
Palestra do Professor Doutor Paulo Osório, Universidade da Beira Interior (Covilhã, Portugal): “O português como
Língua Pluricêntrica: norma e variação”.
17/4/2021
Apresentação do livro “Contos e outras histórias”. Esta coletânea reúne 25 contos que participaram nos concursos
literários organizados pelo CLP/Camões em Lublin de concorrentes da Argentina, Uruguai, México, Cuba, China,
Índia, Espanha, Itália, Roménia e Polónia.
5/5/2021
No âmbito das celebrações do centenário do nascimento de Amália Rodrigues e da do Dia Mundial da Língua
Portuguesa, teve lugar um encontro com o diretor de programação da Rádio Amália, José Madaleno.
6/5/2021
Ainda no âmbito das celebrações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, teve lugar a palestra da Professora Doutora
Vesela Chergova, da Universidade de Sófia (Bulgária), intitulada “ Temas de prosódia portuguesa: o acento”.
15/6/2021
Palestra da escritora brasileira Clarissa Macedo, “O conto na literatura portuguesa e Miguel Torga: uma introdução”.
21/6/2021
Palestra do ciclo “Viagens na minha terra”, com a artista argentina Patricia Pinto: “O livro como destino, na vida e
na arte”.
30/6/2021
Palestra do ciclo “Viagens na minha terra”, com o fadista argentino Dulio Moreno, “ Breve história dum fado”.
Działalność Centrum Języka
Portugalskiego/Camões - 20/21
10/11/2020
17/11/2020
Dr Jaqueline Russczyk, wykładowczyni i badaczka w IFRS (Brazylia) wzięła udział w cyklu wykładów „Brasilidades” i
wygłosiła dwa wykłady pt.: „Wkład ludności pochodzenia afrykańskiego w kulturę brazylijską”
23/11/2020
Warsztaty online na temat języka mirandyjskiego, w którym udział wzięli Alcides Meirinho i Alfredo Cameirão z
Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa oraz doktorant i badacz języka mirandyjskiego Michał Belina.
1/12/2020
António da Silva Pereira Neto, brazylijski profesor z Santa Maria de Jetibá (Brazylia) wygłosił online wykład pt.:
„Espíritu Santo: wiele tożsamości, jeden tylko stan”. Po wykładzie miała miejsce dyskusja ze studentami.
XI edycja konkursu na najciekawszą prezentację multimedialną ogłoszona została pod hasłem: Fado – wczoraj i dziś
I miejsce: Lena Badylak, Szkoła Podstawowa nr 150 , im. Walerego Wróblewskiego w Warszawie.
II miejsce, Amelia Gałaj, Szkoła Podstawowa nr 352, im. Jerzego Huberta Wagnera w Warszawie
III miejsce, Natalia Gregorczyk, Szkoła Podstawowa nr 112 Przymierza Rodzin im. Jana Pawła II w Warszawie
30/12/2020
Revista Água Vai nr. 10
26/1/2021
Dr. Francisco Alves Gomes z Centrum Komunikacji Społecznej, Literatury i Sztuk Wizualnych Uniwersytetu Federalnego
Roraima (UFRR/Brazylia), wygłosił w ramach cyklu „Brasilidades” wykład nt. Regionu Północnego Brazylli.
29/1/2021
odbyło się spotkanie „Brasilidades”. Gościem spotkania była Daiana dal Ros i zaprezentowała temat: Kultura
gaucho: dziedzictwo, które łączy pokolenia.
8/3/2021
odbył się wykład profesora Paulo Osório pt.: „Portugalski jako język pluricentryczny: norma i odmiany”. Paulo Osório
jest profesorem na Wydziale Sztuki i Nauk Humanistycznych Uniwersytetu Beira Interior (Covilhã, Portugalia).
17/4/2021
Prezentacja książki „Opowiadania i inne historie”.
Książka jest zbiorem 25 opowiadań nadesłanych na Międzynarodowy Konkurs Literacki organizowany przez
CJP/Camões w Lublinie. Łącznie odbyło się pięć edycji konkursu na który zgłoszono prace z następujących krajów:
Argentyny, Urugwaju, Meksyku, Kuby, Chin, Indii, Hiszpanii, Włoch, Rumunii i Polski.
5/5/2021
Światowy Dzień Języka Portugalskiego: Amália i fado - spotkanie z José Madaleno, dyrektorem programowym Rádio
Amália.
6/5/2021
Światowy Dzień Języka Portugalskiego: Wykład prof. Veseli Chergovej z Uniwersytetu Sofijskiego.
15/6/2021
Spotkanie z pisarką brazylijską Clarissą Macedo.
21/6/2021
Patricia Pinto - wykład z cyklu "Podróże po moim kraju". Patricia Pinto urodziła się w Comodoro Rivadavia w Argentynie,
w rodzinie imigrantów portugalskich. Jest artystką plastykiem. Jej prace przezentowane były w Stanach
Zjednoczonych, Austrii, Kolumbii, Chile, Słowenii i Portugalii. Z jej inicjatywy powstało jedyne w Argentynie Muzeum
Imigrantów Portugalskich. W 2020 r. ukazała się książka jej autorstwa pt.: Patricia Pinto - artista.
30/6/2021
Odbyło się kolejne spotkanie online z cyklu „Podróże po moim kraju”, którego gościem był argentyński pieśniarz
fado Dúlio Moreno.
Anita Tenizbaieva Bohdan Litkovets Hubert Cristovão Kamila Grochocka
Mariia Zan Natalia Harmasz Natalia Miętus Viktoriia Luchyn
INGLÊS-PORTUGUÊS 2018-2021
Agata Lupa Aleksandra Kacprzak Dorota Goździk Iga Wieczorek
Monika Aramyan
Natalia Król
Olga Poliszuk
Patrycja Wiraszka
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INGLÊS-PORTUGUÊS 2019-2021 (MESTRADO)
Agata Sędzielewska Alicja Chołyst Elina Toyos Emilia Dudek
Ewelina Budzyńska Magdalena Płaneta Patrycja Winiarska Roksana Lipowska
Yana Stsiapura Agnieszka Bernaś Jagoda Zollner Jędrzej Lipnicki
PORTUGUÊS 2019-2021 (MESTRADO)
EDITADO PELO:
Centro de Língua Portuguesa/Camões
em Lublin
WYDANE PRZEZ:
Centrum Języka Portugalskiego/
Camões w Lublinie
DIRETORA DO CENTRO:
Professora Doutora Barbara
Hlibowicka-Węglarz
DYREKTOR CENTRUM:
Prof. Dr. Hab. Barbara
Hlibowicka-Węglarz
REDAÇÃO/REDAKCJA:
Aleksandra Kacprzak
Alicja Jancelewicz
Anita Tenizbaieva
Bohdan Litkovets
Dorota Goździk
Hubert Cristóvão
Kamila Grochocka
Lino Matos
Mariia Zan
Monika Aramyan
Natalia Harmasz
Natalia Król
Natalia Miętus
Olga Poliszuk
Patrycja Wiraszka
ZDJĘCIE NA OKŁADCE: Ben Neale, Unsplash
FOTOGRAFIA DA CAPA: Ben Neale, Unsplash
GRAFIKA / GRAFISMO: Alexandre Cardoso
Nº11 • Ano letivo 2021 / 2022
FICHA TÉCNICA
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