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O Título do trabalho deverá ser centralizado, em fonte arial 12 e ...

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10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451Imagens de casamento: m<strong>em</strong>órias coletivas a partir de acervos pessoaisEsp. Frantieska Huszar Schneid (UFPel)Dra. Francisca Ferreira Michelon (UFPel)1. IntroduçãoO presente artigo t<strong>em</strong> o objetivo de investigar fotografias de casamentos, noperío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre 1900 a 1970. O referencial teórico apresenta<strong>do</strong> abordao casamento como rito compartilha<strong>do</strong> no qual as fotografias <strong>do</strong> evento assum<strong>em</strong> umformato colaborativo para a m<strong>em</strong>ória familiar. Posteriormente este mesmoreferencial <strong>ser</strong>á aprofunda<strong>do</strong> de forma que cont<strong>em</strong>ple tu<strong>do</strong> que está presente nouniverso destas fotografias, como: materiais, fotógrafos, ateliês fotográficos,cenários <strong>em</strong> que foram registradas as fotos, poses <strong>do</strong>s fotografa<strong>do</strong>s, objetos quecompõ<strong>em</strong> a cena e indumentária, destacan<strong>do</strong> o vesti<strong>do</strong> de noiva.No geral, as fotografias são feitas como registros de fatos considera<strong>do</strong>simportantes. Não substitu<strong>em</strong> a experiência vivida, mas geram sobre ela apossibilidade de uma nova experiência m<strong>em</strong>orial.A fotografia aqui é abordada não como ilustração de texto escrito, mas, elaprópria, como evidência histórica e protagonista da história, um instrumento porta<strong>do</strong>rde m<strong>em</strong>ória. A fotografia pode ativar a m<strong>em</strong>ória e reavivar sentimentos antesesqueci<strong>do</strong>s. Felizar<strong>do</strong> e Samaian (2007, p. 217) afirmam que “é incontestávelafirmar que a fotografia pode <strong>ser</strong> considerada um <strong>do</strong>s grandes relicários,<strong>do</strong>cumento/ monumento, objeto porta<strong>do</strong>r de m<strong>em</strong>ória viva e própria”.Mauad (1998, p. 4) fala da possível relação da fotografia como lugar d<strong>em</strong><strong>em</strong>ória: “portanto, a fotografia apresenta, para então, representar – assumir a suadimensão de mensag<strong>em</strong> significativa, de classificação ou, quiçá, de lugar d<strong>em</strong><strong>em</strong>ória”.A meto<strong>do</strong>logia aplicada estrutura-se <strong>em</strong> estu<strong>do</strong> de caso, com pesquisabibliográfica, pesquisa historiográfica <strong>em</strong> periódicos da época e principalmente<strong>fonte</strong>s iconográficas, através das fotografias fornecidas pelas entrevistadas. Adiversidade de materiais utiliza<strong>do</strong>s para a reconstituição <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, através <strong>do</strong>s


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451fragmentos de m<strong>em</strong>ória, “ass<strong>em</strong>elha o pesquisa<strong>do</strong>r a um bricoleur que a partir <strong>do</strong>estu<strong>do</strong> e da montag<strong>em</strong> das peças de um quebra-cabeça começa a perceber aimag<strong>em</strong> <strong>do</strong> to<strong>do</strong>” (DENZIN e LINCOLN apud, ESSINGER, 2009, p.21).A partir das entrevistas, forma-se um banco de da<strong>do</strong>s com depoimentos, que<strong>ser</strong>á fundamental para analisar as fotografias. Elas explicarão foto a foto, quais sãoos personagens <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> retrata<strong>do</strong>s e <strong>em</strong> que contexto foram feitas. Cerqueira,Peixoto e Gehrke (2008, p.169) nos falam desta combinação “...as l<strong>em</strong>brançasorais foram se mesclan<strong>do</strong> com fotografias que apareciam con<strong>ser</strong>vadas <strong>em</strong> gavetas,caixas ou se encontravam na sala, suspensas nas paredes sobre nossas cabeças”.Os procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>em</strong>pregarão técnicas utilizadasna história oral, a partir de entrevista s<strong>em</strong>i-estruturada, com perguntas abertas –permitin<strong>do</strong> às entrevistadas rel<strong>em</strong>brar<strong>em</strong> os usos e costumes de uma épocadistante, mas ainda presente na m<strong>em</strong>ória. Conforme Nuncia Constantino apudEssinger (2009, p. 22), com a História Oral o pesquisa<strong>do</strong>r cria <strong>fonte</strong>s, auxilia<strong>do</strong> pelosque vivenciaram e narraram os fatos passa<strong>do</strong>s.(...) dinâmica da M<strong>em</strong>ória Social que, neste caso, não é umfenômeno meramente individual mas familiar, na medida <strong>em</strong> qu<strong>em</strong><strong>em</strong>órias se completam e se modificam no ato de l<strong>em</strong>brar<strong>em</strong> juntos,mãe, filho e nora, e até mesmo neto.(CERQUEIRA, PEIXOTO eGEHRKE, 2008, p. 177)Os vestígios visuais são cataloga<strong>do</strong>s e dividi<strong>do</strong>s conforme perío<strong>do</strong>, local,estilo das roupas, fotógrafo e estúdio <strong>em</strong> que as fotos foram tiradas, possibilitan<strong>do</strong>,assim, a formação de um banco de da<strong>do</strong>s sobre a história da fotografia.O roteiro elabora<strong>do</strong> para leitura das fotografias prioriza os da<strong>do</strong>sconcretos sobre a fotografia; da<strong>do</strong>s sobre o conteú<strong>do</strong> da fotografia; e os da<strong>do</strong>sexteriores à fotografia. Basea<strong>do</strong> nas fichas de análise fotográfica utilizadas porMauad (1996) <strong>ser</strong>ão construídas fichas para catalogar as fotografias aquiestudadas. El<strong>em</strong>entos como local, data, pessoas, fotógrafo, cenário, indumentária,objetos, material e tipo de dedicatória <strong>ser</strong>ão analisa<strong>do</strong>s para que haja umacatalogação das fotografias.2. Rito de passag<strong>em</strong>: O casamentoSenna (1999, p. 17) define casamento como “arranjos para a uniãoaprova<strong>do</strong>s pela sociedade, como referência especial ao relacionamento


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451institucionaliza<strong>do</strong> de mari<strong>do</strong> e mulher”. O casamento, um <strong>do</strong>s cerimoniais fundantesda família nuclear, é encontra<strong>do</strong> <strong>em</strong> quase todas as sociedades, como uma dasinstituições sociais mais antigas. Ele simboliza uma alteração irreversível dasituação social <strong>do</strong> casal que, proveniente de duas famílias ou de <strong>do</strong>is ramos dafamília, une-se para formar uma terceira. Nascimento apud Santos (2009, p. 148)aborda a relação de amor e entrega entre mari<strong>do</strong> e mulher quan<strong>do</strong> nos fala que “(...)o matrimônio se baseia na aliança conjugal, no mútuo e irrevogável consentimento,pelo qual os noivos livr<strong>em</strong>ente entregam-se e receb<strong>em</strong> um ao outro”.Cavalcanti apud Santos (2009, p. 138) fala que o ritual <strong>do</strong> casamento“funciona como autorização para a mulher exercer os seus <strong>do</strong>is principais papéis,capazes de lhe dar identidade social, a saber, o de mãe e de mulher espiritualizadasegun<strong>do</strong> o modelo de Maria”. Ana Maria Mauad (1998, p. 9) corrobora com aafirmação de Cavalcanti, quan<strong>do</strong> nos fala <strong>do</strong> casamento como sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s ritosmais importantes da vida católica: “dentre to<strong>do</strong>s os ritos da vida católica, o de maiorprestígio <strong>em</strong> termos de representação fotográfica, é o casamento”.Ob<strong>ser</strong>va-se aqui o casamento na sua importância para a estrutura <strong>do</strong>s gruposna sociedade <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, Halbwachs (1968, p. <strong>12</strong>) enfatizaa força <strong>do</strong>s diferentes pontos de referência que estruturam nossa m<strong>em</strong>ória e que sein<strong>ser</strong><strong>em</strong> na m<strong>em</strong>ória da coletividade. O autor afirma que para se l<strong>em</strong>brar,precisamos <strong>do</strong>s outros. No que tange às fotografias estudadas, ob<strong>ser</strong>va-se quecada uma delas pode indicar valores culturais e sociais que faz<strong>em</strong> parte de umacoletividade. Leite apud Senna (1999, p. 24) também aborda as questões acerca dam<strong>em</strong>ória individual e coletiva relacionadas ao retrato: “tais rituais, que inclu<strong>em</strong> oretrato, evidenciam a permanência de questões ligadas à m<strong>em</strong>ória individual ecoletiva, aproximan<strong>do</strong>-se de Baudelaire que coloca a foto como um auxiliar dam<strong>em</strong>ória, uma test<strong>em</strong>unha daquilo que já foi”.Santos (2009, p.150) afirma que “o rito reatualiza, presentifica o mito,mediante passos sagra<strong>do</strong>s organiza<strong>do</strong>s numa narrativa verbal e visual, o álbum, <strong>em</strong>Fotografia de casamento, <strong>ser</strong>ia, portanto, a narrativa visual <strong>do</strong> rito”.3. Fotografias de casamento: o compartilhamento


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451O casamento, neste perío<strong>do</strong> e sociedade, é um evento que reunia osenvolvi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> um rito afirmativo que se desejava compartilhar. Fotografias comdedicatórias eram enviadas aos parentes e amigos que não podiam comparecer nascelebrações, os versos <strong>do</strong>s retratos eram ocupa<strong>do</strong>s pelos fotografa<strong>do</strong>s commensagens ternas, <strong>em</strong> protesto de afeição e amizade. Amaral (1983, p.117) fazquestionamentos a cerca <strong>do</strong> motivo de compartilhar tais fotos. “Seria um desejo deeternizar o instante captura<strong>do</strong>? Ou apenas a vontade de se fazer chegar aos maisqueri<strong>do</strong>s o seu s<strong>em</strong>blante, para sentir-se próximo das pessoas caras?”Ximena Cruzat Amunátegui, diretora <strong>do</strong> Museu Histórico Nacional fala no livroRetratos de Mujer-1880-1920: rostros, poses, vestimentas y mo<strong>do</strong>s del <strong>ser</strong> f<strong>em</strong>inino<strong>do</strong> Museo Histórico Nacional <strong>do</strong> Chile (2010) sobre o compartilhamento defotografias “Los retrata<strong>do</strong>s <strong>em</strong>plea<strong>do</strong>s para <strong>do</strong>nar a los amigos y parientes han si<strong>do</strong><strong>do</strong>cumentos personales de amplia difusión desde el siglo XIX hasta hoy, y nosaportan, bajo velos más o menos translúci<strong>do</strong>s, mun<strong>do</strong>s que es necessário y gozosodescifrar.”Ana Maria Mauad (1998, p. 7) afirma que “a prática de trocar fotografais e deguardá-las <strong>em</strong> álbuns, ratificou a padronização da imag<strong>em</strong> retratada, como forma degarantir a comunicação entre fotografias, concebidas como objetos de m<strong>em</strong>ória”. Afotografia que t<strong>em</strong> potencial evoca<strong>do</strong>r de imaginar o passa<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> mais vivo,tanto cumpria, assim, a função de registro como possibilitava que ocompartilhamento fosse estendi<strong>do</strong> para além da sua ocorrência. Segun<strong>do</strong> Leite(1991, p. 187), <strong>em</strong> seu estu<strong>do</strong> sobre retratos de família:Os retratos são objetos de exibição e distribuição entre convida<strong>do</strong>s eparentes que não puderam comparecer, desenvolven<strong>do</strong> assim umafunção integra<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros e ramos imigra<strong>do</strong>s com os queficaram na terra de orig<strong>em</strong>. E passam a construir a m<strong>em</strong>ória dafamília, fixan<strong>do</strong> l<strong>em</strong>branças da crônica oral e registran<strong>do</strong> para osdescendentes o grande evento matriarcal.4. Guardiã da m<strong>em</strong>ória familiarExist<strong>em</strong> pessoas dentro de cada família responsáveis por <strong>ser</strong> o elo entre asgerações. São media<strong>do</strong>res que t<strong>em</strong> o papel de transmitir a história e as “marcas” <strong>do</strong>passa<strong>do</strong> vivi<strong>do</strong>. Barros (1989, p. 33) fala destas pessoas como “referênciafundamental para a reconstrução <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>”. No grupo familiar a mesma autoradestaca a figura <strong>do</strong> guardião ou guardiã, aquela pessoa escolhida para cuidar e


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451transmitir a m<strong>em</strong>ória familiar <strong>do</strong> grupo. Pereira apud Caixeta (2006, p.164)corrobora com isto afirman<strong>do</strong>: “o guardião é um m<strong>em</strong>bro da família que t<strong>em</strong> o direitoe também a obrigação de cuidar da m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong> grupo familiar. Para tanto, reúne econ<strong>ser</strong>va bens materiais de extr<strong>em</strong>o valor simbólico”.Caixeta (2006, p. 44) na sua tese de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> intitulada “Guardiãs dam<strong>em</strong>ória: tecen<strong>do</strong> significações de si, suas fotos e seus objetos”, nos diz que “estepapel é assumi<strong>do</strong> pelos i<strong>do</strong>sos da família, especialmente, os avós que são o elovivo entre as gerações e os significa<strong>do</strong>s que eles ‘guardam’ são constituí<strong>do</strong>s aolongo da sua historicidade no convívio com os outros”.Gomes (1996, p. 7) define guardiã de m<strong>em</strong>ória:(...) é um <strong>ser</strong> ‘narra<strong>do</strong>r privilegia<strong>do</strong>’ da história <strong>do</strong> grupo a quepertence o sobre o qual está autoriza<strong>do</strong> a falar. Ele guarda/possui as‘marcas’ <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> sobre o qual se r<strong>em</strong>ete, tanto porque se tornaum ponto de convergência de histórias vividas por muitos outros <strong>do</strong>grupo (vivos e mortos), quanto porque é ‘coleciona<strong>do</strong>r’ <strong>do</strong>s objetosmateriais que encerram aquela m<strong>em</strong>ória.Pereira apud Caixeta (2006, p. 44) compl<strong>em</strong>enta este conceito, falan<strong>do</strong> que:Durante todas as suas vidas [essas mulheres guardiãs]selecionaram e guardaram fotografias e cartões-postais, cartas ebilhetes, convites de batiza<strong>do</strong>s, l<strong>em</strong>branças de aniversário,“santinhos” de missa de 7º dia, broches, relógios, bibelôs, moedas ealgumas cédulas, cachinhos de cabelo amarra<strong>do</strong>s por fita,medalhinhas de santos, enfim, pequenos objetos de m<strong>em</strong>ória queforam sen<strong>do</strong> deposita<strong>do</strong>s <strong>em</strong> caixas, na qual denominei caixinhas del<strong>em</strong>brança.É importante salientar o papel f<strong>em</strong>inino como mantene<strong>do</strong>ra das l<strong>em</strong>brançasfamiliares, pre<strong>ser</strong>van<strong>do</strong>, reorganizan<strong>do</strong>, catalogan<strong>do</strong> as fotos, a m<strong>em</strong>ória fotográficada família. Essa m<strong>em</strong>ória que ajuda a dar senti<strong>do</strong> à nossa existência, compreendermelhor qu<strong>em</strong> somos. O papel de mantene<strong>do</strong>ra de acervos familiares era atribuí<strong>do</strong>às mulheres, que encarnam <strong>em</strong>oções, e portan<strong>do</strong> mais afetivas à pre<strong>ser</strong>vação <strong>do</strong>svalores permanentes e familiares propicia<strong>do</strong>s pela imag<strong>em</strong> fotográfica.Susan Sontag (1981) refere-se à Walter Benjamim, abordan<strong>do</strong> o papel <strong>do</strong>coleciona<strong>do</strong>r que passa a <strong>ser</strong> aquele individuo <strong>em</strong>penha<strong>do</strong> num <strong>trabalho</strong> devoto deresgate, escavan<strong>do</strong> seus fragmentos mais seletos e <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticos. Neste presenteestu<strong>do</strong> a guardiã da m<strong>em</strong>ória familiar reúne fotografias isoladas e reunidas <strong>em</strong>álbuns de família, com o sentimento de reunir um <strong>do</strong>s mais preciosos lugares d<strong>em</strong><strong>em</strong>ória familiar. Segun<strong>do</strong> Schapochnik (1998, p. 460):


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451O papel des<strong>em</strong>penha<strong>do</strong> pelo guardião se ass<strong>em</strong>elha ao de um dublêde arquivista, que reúne e atribui uma ord<strong>em</strong> de pertinência aoacervo, de cura<strong>do</strong>r, que decide quais as imagens deverão passar àcondição de objetos decorativos ou peças de exibição sob a formade retratos <strong>em</strong>oldura<strong>do</strong>s nas paredes ou de ornamento sobre aspeças <strong>do</strong> mobiliário, de marchand, que determina a distribuição ecirculação <strong>do</strong> espólio da m<strong>em</strong>ória fotográfica familiar, e, ainda, deguia de visitantes de exposições, legendan<strong>do</strong> os retratos da famíliapor meio da <strong>do</strong>ce arte da narrativa.A guardiã <strong>do</strong> acervo Tereza da Silva Schneid reúne as fotos que foramcompartilhadas entre os amigos e familiares, porém o registro <strong>do</strong> seu casamento elanão possui. Através de relato oral afirmou que seu avô dizia que não “prestava” tirarfoto no dia <strong>do</strong> casamento, pois dava azar, Schapochnik (1998, p. 461) corroboracom esta afirmação da entrevistada quan<strong>do</strong> fala que “costume de avô, reponsos deavó, receitas de comida, crenças, canções, supertições familiares duram e sãopassadas adiante nos dias de batiza<strong>do</strong>, de casamento, de velório”. O mesmo autornos diz que:Embora o guardião da iconoteca familiar se esforce para pre<strong>ser</strong>var oacervo e imprimir uma lógica no seu ordenamento, algumas peçaspod<strong>em</strong> <strong>ser</strong> perdidas, outras pod<strong>em</strong> <strong>ser</strong> acrescentadas e, ao fim e aocabo, a sua própria morte propiciará uma redistribuição e a“invenção” de uma nova crônica familiar. (SCHAPOCHNIK, 1998, p.463)Para Halbwachs (apud Caixeta, 2006, p. 161),a tarefa de guardar, é também uma tarefa criativa, de construção de‘museu da família’. Através dele, as famílias pod<strong>em</strong> encontrar suashistórias e os objetos que fizeram parte de sua construção econstruir novos significa<strong>do</strong>s para si-mesmos e para o próprio grupo.5. Fotografias e seus el<strong>em</strong>entosSchapochnik (1998, p. 466) no seu estu<strong>do</strong> sobre álbuns de família, afirmaque “ocorre com frequência a inscrição de marcas, data e local da foto, identificação<strong>do</strong>s retrata<strong>do</strong>s e dedicatórias que muitas vezes pod<strong>em</strong> oferecer algumas pistassobre o circuito de difusão das fotos entre o grupo familiar”. O acervo originário estásen<strong>do</strong> acresci<strong>do</strong> de outros acervos, relaciona<strong>do</strong>s a parentes e amigos da detentoradas fotos. Portanto, a análise dá-se <strong>em</strong> uma rede de relações que se estáamplian<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> processo. Ob<strong>ser</strong>va-se a constituição das teias desociabilidade que se compl<strong>em</strong>entam com relatos orais das pessoas envolvidas.Moura ao se referir ao álbum de família organiza<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s anos, afirma que:


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451Este exercício constituiu uma tentativa de perceber a comunicaçãovisual que estabelecia através <strong>do</strong> objeto fotográfico-retrato, que eravendi<strong>do</strong>, veicula<strong>do</strong>, manipula<strong>do</strong>, ofereci<strong>do</strong>, admira<strong>do</strong> e guarda<strong>do</strong>com orgulho, com zelo, por qu<strong>em</strong> o recebia, <strong>em</strong> caixas, gavetas, <strong>em</strong>álbuns de família. (AMARAL, 1983, p. 130)Sontag (apud Amaral 1983, p. <strong>12</strong>0) se refere às marcas da fotografia, dizen<strong>do</strong>que “ao tornar-se escrupulosa, s<strong>em</strong> brilho, manchada, rachada, desbotada, aindamantém certa aparência; às vezes, parece até mais bonita”. Eram diversos osmateriais para a apresentação das fotografias, muito comum que os retratos decasamento no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> foss<strong>em</strong> fixadas sobre um papel cartona<strong>do</strong> especial,<strong>em</strong>oldura<strong>do</strong>s por linhas ou com gravações <strong>em</strong> <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> e protegidas por papel deseda. Segun<strong>do</strong> Schapochnik (1998, p. 480) “a dedicatória no verso da fotografiamesclava consagradas fórmulas de polidez com as hierarquias e solidariedadescompartilhadas entre a família <strong>do</strong> retrata<strong>do</strong> e aquele a qu<strong>em</strong> era dirigi<strong>do</strong> no retrato”.Amaral nos seus estu<strong>do</strong>s sobre fotografia <strong>do</strong> século XIX, nos diz que:A partir da década de 80 começamos a encontrar os versos decartes-de-visite não apenas carimba<strong>do</strong>s e impressos comsimplicidade, porém com inscrições cuida<strong>do</strong>sas, indicativas nãoapenas da importância de sua imag<strong>em</strong> – como veicula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> nívelprofissional por elas responsável – como o verdadeiro mimo que afotografia representava para qu<strong>em</strong> recebia. (AMARAL, 1983, p. <strong>12</strong>9,grifo <strong>do</strong> autor)O livro Retratos de Mujer-1880-1920: rostros, poses, vestimentas y mo<strong>do</strong>s del<strong>ser</strong> f<strong>em</strong>inino <strong>do</strong> Museo Histórico Nacional <strong>do</strong> Chile (2010, p. 25) expõe questõesacerca <strong>do</strong> compartilhamento que corrobora com Amaral, quan<strong>do</strong> nos fala que:...firmaba su carte de visite e inscribía sus datos, para repartirlosentre personas de su círculo social, a mo<strong>do</strong> de las tarjetas derepresentación personal, o la enviaba a parientes lejanos que nopodían participar <strong>em</strong> celebraciones como matrimonios ycumpleaños.Estas dedicatórias permitirán, com el paso del ti<strong>em</strong>po,datar con exactitud las imágenes, ad<strong>em</strong>ás de entregar valiosainformación para reconstruir con mayor precisión la historia personal,consolidan<strong>do</strong> a la fotografia como <strong>do</strong>cu<strong>em</strong>nto social y fuentehistórica [...] ad<strong>em</strong>ás del retrato mismo del matrimonio, se puedeidentificar la fecha, lós nombres de lós contrayentes y, com cierta<strong>do</strong>cumentación, el contexto <strong>em</strong> el que fue enviada esta carte devisite.A fotografia de casamento é s<strong>em</strong>pre posada. Leite (1991, p. 185) fala sobreas duas formas fundamentais <strong>do</strong>s retratos de casamento: “os retratos das duasfamílias, com m<strong>em</strong>bros de duas ou três gerações, com os noivos senta<strong>do</strong>s ou de péna primeira fila, ou o retrato frontal <strong>do</strong>s noivos, de pé, fixan<strong>do</strong> a objetiva”. Senna


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451(1999, p. 19) nos fala de outra pose comum nas fotografias de casamento:“convencionalismo das atitudes, ora apresentan<strong>do</strong> a clássica imag<strong>em</strong> <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>patriarcal cômodamente senta<strong>do</strong> e sua esposa <strong>em</strong> pé”.As fotos analisadas neste estu<strong>do</strong> são tiradas na igreja, no local da celebraçãoou no estúdio, procedimento que acontecia após a celebração religiosa <strong>do</strong>casamento e muitas vezes dias depois da data da festa. O estúdio fotográfico erauma espécie de camarim, palco, cenário. Pois recriava ambientaçõespretensamente requintadas, <strong>em</strong>bora não muito diversas. Mobiliário varia<strong>do</strong>, objetosdecorativos e ornamentais, peças de vestuário, acessórios, painéis, biombos, telõesfaziam parte <strong>do</strong> universo <strong>do</strong>s estúdios fotográficos. O uso destes recursos cumpriapapel importantíssimo na produção de mensagens por meia da ambientaçãoilusória. Schapochnik (1998, p. 482) fala que “nos ambientes abertos, lençóis ecolchas usa<strong>do</strong>s como pano de fun<strong>do</strong> <strong>ser</strong>viram para ocultar indícios de rusticidade oude apuro financeiro...”.Segun<strong>do</strong> Leite (2001, p. 111), o retrato de casal é a parte insubstituível <strong>do</strong>sritos <strong>do</strong> casamento, b<strong>em</strong> como o vesti<strong>do</strong> da noiva. A autora diz que ambos“compreend<strong>em</strong> significa<strong>do</strong>s e interdições tendentes a fixar na m<strong>em</strong>ória coletiva al<strong>em</strong>brança da cerimônia”.Outro el<strong>em</strong>ento da indumentária que está s<strong>em</strong>pre presente nas fotografias decasamento é o véu. As fotografias visam a recriação da imag<strong>em</strong> de uma pessoanum momento especial diverso <strong>do</strong> cotidiano e revesti<strong>do</strong> de uma aura sagrada.Segun<strong>do</strong> Santos (2009, p. 143) “tu<strong>do</strong> indica que o uso <strong>do</strong> véu <strong>ser</strong>ia uma referência aVesta, deusa mitológica virg<strong>em</strong> que, entre os romanos, era a protetora <strong>do</strong> lar esimbolizava a pureza e a perfeição”.Em relação ao noivo, ob<strong>ser</strong>va-se que não há vestimenta especial ou símbolosespecíficos. Ao longo das três décadas analisadas eles apresentam-se de ternosescuros, camisa branca, lenço branco no bolso <strong>do</strong> paletó, gravata ou gravataborboleta escura ou clara e sapatos pretos.No que se refere aos símbolos conti<strong>do</strong>s no casamento, a aliança aparececomo signo da indissolubilidade <strong>do</strong> casamento, o círculo de ouro representacompromisso eterno e s<strong>em</strong>pre presente no de<strong>do</strong> anelar da mão esquerda como


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451símbolo de submissão. Ferro (apud Santos 2009, p. 148) fala que “a troca dealianças é uma das partes simbólicas mais importantes da cerimônia de casamento,e s<strong>em</strong> ela o matrimônio não se completa”.As flores também faz<strong>em</strong> parte deste universo, <strong>ser</strong>v<strong>em</strong> para enfeitar afotografia. Brandão apud Santos (2009, p. 144) nos fala da relação das flores com omatrimônio:Não é por mero acaso (...) que o símbolo central da virgindade sejaa flor e é extr<strong>em</strong>amente significativo que a consumação <strong>do</strong>matrimônio, a destruição da virgindade, se denomine defloração.Para o f<strong>em</strong>inino o ato da defloração representa um verdadeiro <strong>em</strong>isterioso vínculo entre um fim e um começo (...).Outro el<strong>em</strong>ento presente <strong>em</strong> diversas fotos é uma almofada nos pés <strong>do</strong>s noivos.Senna (2009, p. 20) nos diz que esta “situação que <strong>ser</strong>á característica a toda adécada de 30, 40 e mea<strong>do</strong>s da de 50”. Segun<strong>do</strong> depoimento obti<strong>do</strong> através deconversa informal entre a autora e a guardiã <strong>do</strong> acervo fotográfico Tereza da SilvaSchneid, <strong>em</strong> 05/07/2013:N<strong>em</strong> todas as noivas tinham as almofadas, somente nas cerimôniasmais requintadas é que elas apareciam. As almofadas eramprovidenciadas pela família da noiva, geralmente feitas de organdimuito bonitas, cheias de ornamentos, borda<strong>do</strong>s e babadinhos. Só asnoivas com muita habilidade que confeccionavam a sua, <strong>do</strong> contrárioeram feitas por profissionais com estas competências. A almofadaera conduzida s<strong>em</strong>pre por uma menina antes <strong>do</strong>s noivos entrar<strong>em</strong>na igreja, era posta no ajoelhatório para os noivos se ajoelhar<strong>em</strong>durante a cerimônia. Depois de utilizada no dia <strong>do</strong> matrimônio elaficava de enfeite <strong>em</strong> cima da cama <strong>do</strong> casal. Cada noiva tinha a suaalmofada, não ten<strong>do</strong> circulação dentro da família. Para os casais queiam tirar fotos no estúdio, muitos já possuíam lá almofadas que<strong>ser</strong>viam apenas de a<strong>do</strong>rno para a fotografia.6. Considerações FinaisAs fotografias são uma referência para a m<strong>em</strong>ória familiar, Schapochnik(1998, p. 457) nos diz que:Percorrer essas fotografias é como mergulhar no registro virtual dam<strong>em</strong>ória familiar. As fotografias são, pois um recurso<strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente moderno que possibilita a con<strong>ser</strong>vação e apermanência de uma continuidade visual <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> familiar.Resistin<strong>do</strong> a aceleração <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po, elas proporcionam umaorientação para a m<strong>em</strong>ória num contexto que tende a <strong>ser</strong>fragmentário e dispersivo. [...] A fotografia se afigura um suporte d<strong>em</strong><strong>em</strong>ória, quan<strong>do</strong> não a própria história visual da família <strong>em</strong> que seentrecruzam da vida e a entronização <strong>do</strong>s mortos.


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451É uma representação <strong>do</strong> que já foi e principalmente daqueles que jádesapareceram, recuperan<strong>do</strong> assim a presença <strong>do</strong>s ausentes, permitin<strong>do</strong>-nosconhecer situações e momentos <strong>do</strong> cotidiano que nos chegam silenciosos eimóveis. Borges (2005, p. 41) afirma que “desde ce<strong>do</strong> o retrato fotográfico se colocacomo uma prova material da existência humana, além de alimentar a m<strong>em</strong>óriaindividual e coletiva de homens públicos e de grupos sociais”. Leite (2001, p. 87)constata que:[...] a fotografia é utilizada para reforçar a integração <strong>do</strong> grupofamiliar, reafirman<strong>do</strong> o sentimento que t<strong>em</strong> de si e de sua unidade,tanto tirar fotografias, como con<strong>ser</strong>vá-las ou cont<strong>em</strong>plá-las<strong>em</strong>prestam à fotografia de família o teor de ritual de culto <strong>do</strong>méstico.Sontag (apud Amaral, 1983, p. 118) diz que: “através da fotografia, cadafamília constrói uma crônica - retrato de si mesma- uma coleção portátil de imagensque test<strong>em</strong>unha sua coesão”. Mitsi e Souza (2008, p. 147) afirmam que “O retrato<strong>em</strong> si é a prova concreta da união matrimonial, tornan<strong>do</strong>-a pública, legitiman<strong>do</strong> ocasamento e a nova família que aí se inicia, além de se fixar como m<strong>em</strong>ória damesma”. Le Goff (2003, p. 460) destaca que “é a fotografia, que revoluciona am<strong>em</strong>ória: multiplica-a e d<strong>em</strong>ocratiza-a, dá-lhe uma precisão e uma verdade visuaisnunca antes atingidas, permitin<strong>do</strong> assim guardar a m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po e da evoluçãocronológica”.O grupo de fotografias <strong>do</strong> qual parte este estu<strong>do</strong> é característico dascolocações feitas: reúne imagens que foram produzidas ao longo de três décadas eresultam deste compartilhamento. As fotografias vão forman<strong>do</strong> o fio da teia, tecen<strong>do</strong>imagens e recordações que un<strong>em</strong> o passa<strong>do</strong> e presente, ascendentes edescendentes. Estes retratos não apenas con<strong>ser</strong>vam o passa<strong>do</strong>, masprincipalmente produz<strong>em</strong> referências para a r<strong>em</strong><strong>em</strong>oração <strong>do</strong> presente. Éfundamental a manutenção das fotografias, <strong>do</strong>s álbuns de família, pois o passa<strong>do</strong>, opresente e o futuro estão atrela<strong>do</strong>s a nossa m<strong>em</strong>ória. Schapochnik (1998, p. 461)expõe a relação entre as fotografias e o vocabulário familiar, afirman<strong>do</strong> aimportância deste recurso na perpetuação da m<strong>em</strong>ória das famílias como objeto der<strong>em</strong><strong>em</strong>oração pela posteridade:Passo a passo, a cada nova exposição recompõe-se o léxicofamiliar, teci<strong>do</strong> de l<strong>em</strong>branças e esquecimentos, familiaridade e


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451estranhamento, amor e ódio, invocan<strong>do</strong> os s<strong>em</strong>blantes e traçosdaqueles que jaz<strong>em</strong> eterniza<strong>do</strong>s nas fotografias.Felizar<strong>do</strong> e Samain (2007, p. 210) nos diz<strong>em</strong> que “... m<strong>em</strong>ória e fotografia se(con)fund<strong>em</strong>, são uníssonas, uma está contida na outra, estão intrinsecamenteligadas, fundamentalmente ‘enamoradas’”. O casamento é um evento que osenvolvi<strong>do</strong>s consideram digno de m<strong>em</strong>ória, e dentre as formas de pre<strong>ser</strong>vaçãohistórica <strong>do</strong> casamento se destaca a fotografia, graças a sua capacidade decongelar instantes, transforman<strong>do</strong>-os <strong>em</strong> imagens. Esta celebração, a partir <strong>do</strong>sanos 40, passa a ter direito inclusive a um álbum próprio, no qual to<strong>do</strong>s osmomentos da cerimônia são retrata<strong>do</strong>s.É possível verificar a possibilidade da leitura fotográfica de família como<strong>do</strong>cumento histórico. Registro não só de m<strong>em</strong>ória familiar, como também decomportamentos, relações familiares, vestimentas, ritos de passag<strong>em</strong>, história dafamília. A fotografia de casamento consegue recriar o rito <strong>do</strong> casamento com seussímbolos e cenas próprias. As fotos vão muito além <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, integram umanarrativa visual que consiste <strong>em</strong> possibilitar ao especta<strong>do</strong>r <strong>em</strong> qualquer t<strong>em</strong>po,r<strong>em</strong><strong>em</strong>orar, reiterar o rito, ou, noutras palavras: revivê-lo, não como passa<strong>do</strong>, mascomo se fosse presente.Ob<strong>ser</strong>va-se que ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> as fotografias de casamentopouco ou nada mudam <strong>em</strong> relação a cenários, poses e comportamento <strong>do</strong>sfotografa<strong>do</strong>s. A mudança mais evidente é na indumentária da noiva, alterações queos vesti<strong>do</strong>s sofr<strong>em</strong> de acor<strong>do</strong> com a evolução da moda de cada perío<strong>do</strong>.A escolha de utilizar as fotografias neste estu<strong>do</strong> deu-se por acreditar que éuma categoria de imag<strong>em</strong> rica <strong>em</strong> signos, e que além de se apresentar comom<strong>em</strong>ória familiar, permite a leitura de uma cultura material da época. Pretende-se,por fim, verificar como o registro da imag<strong>em</strong> permite que famílias acumul<strong>em</strong> duranteanos fragmentos capazes de constituír<strong>em</strong>-se como um lugar de m<strong>em</strong>ória. Concluiseeste artigo com a citação de Leite (1991, p. 189):E na criação e recriação da imag<strong>em</strong> paradigmática da criação dafamília os velhos símbolos conviv<strong>em</strong> com os novos sentimentos easpirações, pois é de sua essência uma reversibilidade contínua desenti<strong>do</strong>s que se transfiguram nos rituais <strong>do</strong> casamento, através daredundância da renovação, <strong>do</strong> reinício, da reparação, da


10.4025/6cih.pphu<strong>em</strong>.451restauração, <strong>do</strong> restabelecimento, <strong>do</strong> reaparecimento e <strong>do</strong>rejuvenescimento, como afirmações da vida.REFERÊNCIAS:AMARAL, Aracy. Aspectos da comunicação visual numa coleção de retratos. In:MOURA, Carlos Eugênio de M. Retratos quase inocentes. São Paulo: Nobel,1983.BARROS, Myriam Moraes Lins de. M<strong>em</strong>ória e Família. In: Estu<strong>do</strong>s Históricos, Riode Janeiro, v.2, n.3, p.29-42, 1989.BORGES, Maria Eliza Linhares. História e fotografia. Belo Horizonte: Autêntica,2005.CAIXETA, Juliana Eugênia. Guardiãs da m<strong>em</strong>ória: tecen<strong>do</strong> significações de si,suas fotografias e seus objetos. Brasília, 2006. Tese (<strong>do</strong>utora<strong>do</strong>) <strong>do</strong> Instituto dePsicologia da Universidade de Brasília, 2006.CERQUEIRA, Fabio Vergara; PEIXOTO, Luciana da Silva; GEHRKE, Cristiano.Fotografia e m<strong>em</strong>ória social: Etnografia de uma experiência <strong>em</strong> um núcleo rural decolonização italiana <strong>em</strong> Pelotas. In: MICHELON, Francisca; TAVARES, Francine(Org.). Fotografia e M<strong>em</strong>ória. Pelotas: Editora e gráfica Universitária da UFPel,2008. 163-209 p.ESSINGER, Cíntia Vieira. Entre a Fábrica e a Rua: A Companhia Fiação eTeci<strong>do</strong>s Pelotense e a criação de um espaço operário. Bairro da Várzea,Pelotas, RS (1953-1974). Pelotas: Editora Universitária UFPEL, 2009.FELIZARDO, Adair; SAMAIAN, Etienne. A fotografia como objeto e recurso d<strong>em</strong><strong>em</strong>ória. In: Discursos Fotográficos, Londrina, v.3, n.3, p. 205-220, 2007.GOMES, Angela de Castro. A História da Arte. Rio de Janeiro: Guanabara koogan,1996.HALBWACHS, Maurice. La Mémoire Collective. Paris: PUF, 1968.LE GOFF, Jacques. História e m<strong>em</strong>ória. 5.ed. Campinas: Ed. UNICAMP, 2003LEITE, Miriam Moreira. O retrato de casamento. In: Novos Estu<strong>do</strong>s CEBRAP, n.29,p. 182-189, mar. 1991.___________________. Retratos de Família, leitura da fotografia histórica. SãoPaulo, SP: Editora da Universidade de São Paulo, 1993.MAUAD, Ana Maria. Através da imag<strong>em</strong>: fotografia e história interfaces. T<strong>em</strong>po. Riode Janeiro, v.1, n.2, p.73-98, 1996.


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