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PESQUISA INTERDISCIPLINARIDADE I

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ções científicas, esse período de dominação da Igreja e imposição da ignorância ao cidadão foi conhecidocomo “obscurantismo”, vindo subjugar o brilhante espírito grego e a alegria e criatividade romana nafamília e no Estado.Os dogmas eram instrumentos eficazes da Igreja para coibir a curiosidade e os eventuais interessespela ciência, pela investigação e por questionamentos de toda ordem. Parte do mundo cristão passou a odiare rejeitar o ensinamento pagão. A história registra tristes exemplos de obediência e passividade que tomaramconta do povo, como a destruição de uma seção da Biblioteca de Alexandria pelo Bispo Teófilo, cerca doano 390, e o assassinato de Hipácio, o último matemático de Alexandria, em 415 d.C., com requintes decrueldade, por uma multidão de cristãos, que se supõe ter sido instigada pelo Patriarca Cinilo.O sofrimento terreno era visto como necessário para a salvação da alma, que já nascia em pecado;uma vida de privações e dor na terra dava às pessoas créditos para subir aos céus, quando morressem. Opróprio termo “trabalho” encontra ressonância, no contexto medieval, no termo “tripallium”, ou seja,instrumento de tortura. Sob esta significação, o trabalho era também uma via de salvação; entretanto, tendopor parâmetro as perspectivas contemporâneas do ato de trabalhar, afirma-se seguramente que, sob otítulo de tortura, não promovia o desenvolvimento humano; ao contrário, garantia a submissão.A medida da fé de uma pessoa era a medida do sofrimento terreno que ela era capaz de suportar. Opecado, que, em síntese, significava desobedecer aos ensinamentos religiosos, levava à perdição da alma;o sofrimento e a penitência eram necessários para purificar a alma, salvando-a do fogo do inferno. Comtudo isso, a Igreja tinha um propósito: coibir o cultivo da lógica, do uso da razão, do questionamentoe da dúvida, essência do conhecimento científico, para não correr o risco de perder a fidelidade cega, asubmissão e obediência das pessoas. Por mais de mil anos, entre os séculos III e XVI, aproximadamente,a ciência pouco ou nada progrediu na Europa.É interessante notar que nos séculos XIII e XIV, quando já renasciam o gosto e a prática pelo conhecimentode toda espécie (época em que deve ter começado a nascer a ciência experimental moderna),a Idade Média passou por um dos momentos mais radicais da história, marcado pelo recrudescimento desuas crenças e práticas de punição e conversão de fiéis e o uso da antiga magia sob a forma de feitiçaria.Alguns autores atribuem esse agravamento dos métodos de punição e controle sobre o homem a umareação natural da religião, que começa a ver seu poder de manipulação e controle sobre as pessoas ameaçadopelo avanço da liberdade de pensar, investigar e fazer ciência.Nesse período, o Demônio torna-se um Lúcifer deserdado, objeto de crença, que devia ser oprimido.Forjou-se, assim, uma nova arma para combater os hereges (aqueles que ousavam duvidar e questionaros ensinamentos divinos): estes podiam ser declarados feiticeiros e contra eles levantada a forçadas multidões. Após a Reforma Protestante, a injunção bíblica: “Não toleras a presença de feiticeiro!” foilevada às máximas conseqüências.RenascimentoA história da humanidade é cíclica e mostra que não existem realidades, situações, valores imortaisou eternos. A partir de meados do século XV a religião começou a dar sinais de ser incapaz de deter oimpulso natural do homem pela curiosidade, pela sede do saber, e de criar e explicar o mundo. A históriaé testemunha de que o conhecimento e a ciência, porque cuidam de explicar racionalmente a vida, fazemcom que as pessoas abandonem, gradualmente, os mitos e os medos, libertando-se de crenças limitadoras.O Renascimento, como o próprio nome diz, caracteriza-se por ser a volta, o retorno ao direito do serhumano de pensar racionalmente, de fazer ciência livre e adquirir conhecimentos.Retornam o direito e a preocupação com a qualidade de vida terrena. Inverte-se a filosofia de Aristóteles,para quem tudo aquilo que servia ao bem-estar material já tinha sido descoberto, e inicia-se umaépoca utilitarista. Bacon, no século XVI, reflete claramente esse momento: “Chega de filosofia e poesia,é hora de dedicar-se ao progresso da vida cotidiana.”Leonardo da Vinci, considerado a maior personalidade do Renascimento, foi pintor, escultor, en-Pesquisa e Interdisciplinaridade I 9

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