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Leia um trecho do livro - Editora Aleph

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13Os respiradouros de seu tanque emitiam uma nuvem clara e alaranjada, impregnadacom o odor da especiaria geriátrica, o mélange.– Se seguirmos por esse caminho, morreremos de estupidez!Essa era a quarta pessoa presente – o membro potencial da conspiração –, a princesaIrulan, esposa (mas não mulher, Scytale lembrou) de seu inimigo comum. Estavaa um dos cantos do tanque de Edric, uma beldade alta e loura, esplêndida em seumanto de pele de baleia azul e chapéu combinando. Botões dourados cintilavam emsuas orelhas. Ela se portava com uma altivez aristocrática, mas algo na suavidade absortade sua fisionomia denunciava os controles de sua criação Bene Gesserit.A mente de Scytale passou das nuances da língua e das expressões faciais para as nuancesdo local. Ao redor de toda a cúpula repousavam colinas manchadas pelo degelo querefletiam numa azulância úmida e matizada o sol branco-azulado que pairava no zênite.Por que este local em particular?, Scytale se perguntou. As Bene Gesserit raramentefaziam alguma coisa por acaso. A amplitude da cúpula, por exemplo: um espaçomais convencional e restritivo poderia ter afligido o membro da Guilda com umaansiedade claustrofóbica. As inibições de sua psique decorriam de ter nascido e vividono espaço aberto, e não na superfície de um planeta.Mas a construção daquele lugar especialmente para Edric... que maneira maislancinante de apontar um dedo para sua fraqueza.O que foi que prepararam para mim aqui?, imaginou Scytale.– E você não tem nada a dizer, Scytale? – indagou a Reverenda Madre.– Você quer me arrastar para essa discussão tola? – Scytale perguntou. – Muitobem. Estamos lidando com um possível messias. Não se lança um ataque frontal contraalguém assim. Um mártir seria nossa derrota.Todos olharam fixamente para ele.– Acha que esse é o único perigo? – indagou a Reverenda Madre, com voz ofegante.Scytale deu de ombros. Escolhera uma aparência insossa e de rosto redondo paraaquela reunião, feições joviais, lábios cheios e insípidos, o corpo inflado de um homenzinhorechonchudo. Ocorreu-lhe, então, ao examinar os outros conspiradores,que ele fizera a escolha ideal – por instinto, talvez. Era o único naquele grupo capaz demanipular a aparência física e assumir uma grande variedade de formas e característicascorpóreas. Era o camaleão humano, um Dançarino Facial, e a forma que assumiano momento convidava os demais a julgá-lo com excessiva leviandade.– Bem? – insistiu a Reverenda Madre.– Eu estava desfrutando o silêncio – disse Scytale. – É melhor não dar voz a nossashostilidades.A Reverenda Madre recuou, e Scytale viu que ela o reavaliava. Todos ali eramprodutos do profundo treinamento prana-bindu, capazes de um controle muscular e

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