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O JUDEU

Untitled - Luso Livros

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— E o senhor Jorge não te incomoda? — replicou a fidalga comdesabrimento.— O senhor Jorge?... — disse Maria, corando.— Ah!, coras?... — acudiu a matreira vitoriosa. — Então sempre é certo!...— Certo o quê, senhora? — tartamudeou Maria.— Não gaguejes, impostora! Eu já o desconfiava... Ora cautela, cautela,que eu sou tão boa como má, quando os ingratos me voltam do invés!Maria, sem acordo da sua situação para rebater as suspeitas, confirmou-as coma mudez. Saiu da presença da fidalga, chorando. Terrível confissão aquela,cujo efeito, ainda o mais desastroso, segundo a lógica da humana maldade,ninguém podia prever.Assim que o lanço se ocasionou, a judia referiu a Jorge o acontecido: o jovemtremeu, ocultou os seus pavores, e foi desafogar-se com o avó, sem contudo,menos respeitoso, lhe confessar quanto amava Sara. A grande e terrível afliçãode Jorge era o medo de vê-la ainda nas garras da suprema Inquisição.Consolou-o o avô, desvanecendo-lhe preocupações horríveis sobre o futuroprocedimento da sua mãe. Dizia-lhe o velho:— Pois não vês que a tua mãe é minha filha? Seria capaz ela da fereza quea tua imaginação concebeu? É verdade que eu me espanto dos sentimentosdesavergonhados desta filha que eduquei religiosamente, sem biocos nem

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