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O JUDEU

Untitled - Luso Livros

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desestimava com entranhado desafeto; o terceiro, chamado Filipe, não seestremava do amor ao primeiro.Que havia de estranho e desamável em Jorge para exceção assim odiosa?Qualidades justamente dignas de sentimento inverso. Na infância distinguirasedos irmãos pela quietação e meiguice. Na juventude avantajava-se-lhes emaplicação e engenho na cultura do espírito, já mancebo, se não era isento deculpas, seus irmãos excediam-no em crimes.Porque não amava, pois, D. Francisca, de preferência, o filho Jorge, se osoutros, sobre serem ineptos, lhe estavam dando grandíssimos desgostos emcada dia?E mais triste coisa ainda: o pai compartia da indiferença, senão desafeto, damulher àquele filho! Às estouvices de Jorge aplicava a severa correção dovício; à libertinagem de Garcia e Filipe chamava “verduras da juventude”.Jorge, porém, tinha um amigo na família, amigo que a Providência lhe dera noseu avô Luís Pereira de Barros, pai da sua mãe. Afeiçoara-se o velho àmansidão do neto infantil; vira-o crescer nos seus braços com brandurasameigadoras, como se a criança previsse o futuro desamor dos pais, e estivessede contínuo a granjear a amizade do avô. Aumentava a ternura do velho àmedida que o desprezo da mãe recrudescia.O menino, refugindo aos maus tratos dos pais, acolhia-se aos joelhos doancião, que, trémulo de cólera, se erguia a exprobrar as ruins entranhas da

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