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— É que... Senta-te, Madalena; aqui ao pé de mim, Maria. Jorge, sentemonos,<br />
que estou cansado. (Sentam-se todos.) Pois agora sabei as novidades, que<br />
seriam estranhas, se não fosse o tempo em que vivemos. (Pausa.) É preciso<br />
sair já desta casa, Madalena.<br />
MARIA<br />
— Ah? Ainda bem, meu pai!<br />
MANUEL<br />
— Ainda mal! Mas não há outro remédio. Sairemos esta noite mesma. Já<br />
dei ordens a toda a família. Telmo foi avisar as tuas aias do que tinham de<br />
fazer, e lá andam pelas câmaras velando nesse preparo. Sempre é bom que vás<br />
dar um relance de olhos ao que por lá se faz; eu também irei pela minha parte.<br />
Mas temos tempo: isto são oito horas, à meia-noite vão quatro; daqui lá o<br />
pouco que me importa salvar estará salvo. E eles não virão antes da manhã.)<br />
— Então sempre é verdade que Luís de Moura e os outros governadores?<br />
MANUEL<br />
— Luís de Moura é um vilão ruim: faz como quem é. O arcebispo é… o<br />
que os outros querem que ele seja. Mas o conde de Sabugal, o conde de Santa<br />
Cruz, que deviam olhar por quem são, e que tomaram este encargo odioso. E<br />
vil, de oprimir os seus naturais em nome de um rei estrangeiro! Oh, que gente,