01.10.2015 Views

as contribuições do distrito industrial municipal de ... - Unitau

as contribuições do distrito industrial municipal de ... - Unitau

as contribuições do distrito industrial municipal de ... - Unitau

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

AS CONTRIBUIÇÕES DO DISTRITO INDUSTRIAL MUNICIPAL DE PEQUENAS EMPRESAS<br />

PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL: O C<strong>as</strong>o <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>-GO<br />

Carlos Alberto da Fonte Nogueira<br />

nogueira@fesurv.br<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Planejamento e Desenvolvimento Regional – Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Taubaté - UNITAU - Rua Viscon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Branco, 210, Taubaté-SP - Brazil.<br />

Edson Aparecida <strong>de</strong> Araujo Queri<strong>do</strong> Oliveira<br />

edsonaaqo@gmail.com<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Planejamento e Desenvolvimento Regional – Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Taubaté – UNITAU - Rua Viscon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Branco, 210, Taubaté-SP - Brazil.<br />

RESUMO - O estimulo ao empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo tem si<strong>do</strong> alvo <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> no Br<strong>as</strong>il, por ser<br />

uma opção à geração <strong>de</strong> renda e empregos para a população. Uma d<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong> que vem se<br />

mostran<strong>do</strong> exitos<strong>as</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento local <strong>do</strong>s municípios é o oferecimento <strong>de</strong> áre<strong>as</strong> para<br />

instalação <strong>de</strong> empres<strong>as</strong> <strong>de</strong> pequeno porte. Este artigo fará a abordagem da implantação <strong>do</strong> Distrito<br />

Industrial Municipal <strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong> <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>. Como objetivo principal preten<strong>de</strong><br />

apresentar <strong>as</strong> contribuições <strong>de</strong> se implementar os <strong>distrito</strong>s industriais para pequen<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> e<br />

ainda discutir e avaliar o uso <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> participação da socieda<strong>de</strong>, previstos em lei para a<br />

gestão pública <strong>municipal</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> realizada uma pesquisa<br />

exploratória e participante no perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre 2003 a 2012. Para tanto, realizou-se uma<br />

revisão bibliográfica com b<strong>as</strong>e n<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial. Os resulta<strong>do</strong>s preliminares<br />

<strong>de</strong>ssa pesquisa apontam para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um planejamento mais <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> para o<br />

oferecimento d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>, on<strong>de</strong> a socieda<strong>de</strong> civil possa participar <strong>do</strong> processo.<br />

Palavr<strong>as</strong>-chave: Gestão. Desenvolvimento Local. Participação. Polític<strong>as</strong> Públic<strong>as</strong>. Setores<br />

Industriais.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

No Br<strong>as</strong>il, <strong>as</strong> discussões para facilitar a abertura e funcionamento <strong>de</strong> MPE´s - Micro e pequen<strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong>, bem como outr<strong>as</strong> ações que pu<strong>de</strong>ssem beneficiá-l<strong>as</strong>, tais como polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> incentivos<br />

fiscais, incentivar a participação d<strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> em compr<strong>as</strong> governamentais, estimular a formação <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong> para produtos locais, facilitar o acesso ao crédito, abriram caminho para o fortalecimento<br />

d<strong>as</strong> micro e pequen<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>. Atualmente consi<strong>de</strong>rada uma d<strong>as</strong> alternativ<strong>as</strong> mais eficazes para<br />

viabilizar a geração <strong>de</strong> emprego, o crescimento econômico e a inclusão social na atualida<strong>de</strong>.<br />

A articulação entre a socieda<strong>de</strong> civil e os governos municipais po<strong>de</strong> trazer benefícios importantes<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento, aumentan<strong>do</strong> a legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r local, uma vez que amb<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong> partes <strong>as</strong>sumem a responsabilida<strong>de</strong> pela gestão <strong>do</strong> bem público.<br />

Nesse ambiente <strong>de</strong> diálogo permanente, os gestores públicos p<strong>as</strong>sam a receber pressão por<br />

parte <strong>do</strong>s representantes da socieda<strong>de</strong> civil, on<strong>de</strong> os cidadãos são expostos aos efeitos da falta <strong>de</strong><br />

emprego, violência urbana e no campo, falta <strong>de</strong> moradi<strong>as</strong>, serviços <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong> precários,<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


trânsito e impactos ambientais n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> mais variad<strong>as</strong> form<strong>as</strong>, <strong>de</strong>ntre outros efeitos que prejudicam a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

O presente artigo faz uma reflexão sobre esse diálogo entre socieda<strong>de</strong> civil e gestores públicos,<br />

abordan<strong>do</strong> a criação <strong>do</strong> Distrito Industrial <strong>de</strong> Micro e Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong> em Rio Ver<strong>de</strong>, Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Goiás - Br<strong>as</strong>il. Preten<strong>de</strong> apresentar <strong>as</strong> contribuições <strong>de</strong> se implementar os <strong>distrito</strong>s industriais para<br />

pequen<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> e ainda discutir e avaliar o uso <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> participação da socieda<strong>de</strong>,<br />

previstos em lei para a gestão pública <strong>municipal</strong>. Para sistematizar <strong>as</strong> informações conceituais que<br />

nortearão <strong>as</strong> discussões da pesquisa, o artigo está organiza<strong>do</strong> além <strong>de</strong>ssa introdução em quatro<br />

partes.<br />

A primeira parte <strong>de</strong>staca <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> utilizad<strong>as</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> trabalho. A segunda<br />

parte explana sobre os materiais e méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para elaboração da pesquisa. A terceira parte<br />

relata os resulta<strong>do</strong>s provoca<strong>do</strong>s pela criação <strong>do</strong> Distrito Industrial e discute <strong>as</strong> contribuições<br />

verificad<strong>as</strong> com a implantação <strong>do</strong> Distrito Industrial <strong>de</strong> Micro e Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong> no município <strong>de</strong><br />

Rio Ver<strong>de</strong>. A última parte apresenta <strong>as</strong> conclusões e apresenta sugestões que estão relacionad<strong>as</strong><br />

b<strong>as</strong>icamente à forma <strong>de</strong> atuação da socieda<strong>de</strong> civil e gestores públicos, no papel que <strong>de</strong>sempenham<br />

melhor seus papéis como articula<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local.<br />

2. MATERIAL E METODOS<br />

Para o estu<strong>do</strong> que ora se apresenta, foi realiza<strong>do</strong> um levantamento <strong>do</strong>cumental, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong><br />

material interno <strong>de</strong> órgãos públicos municipais, como leis, <strong>de</strong>cretos, ofícios, memoran<strong>do</strong>s e relatórios,<br />

alguns acessíveis e outros não acessíveis ao público em geral, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver como foi cria<strong>do</strong> o<br />

Distrito Industrial Municipal <strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong> na Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>-GO.<br />

Para tanto, utilizou-se da taxonomia a<strong>do</strong>tada por Vergara (2007), quanto aos meios utiliza<strong>do</strong>s,<br />

uma vez que para dar o suporte teórico necessário para conhecer o <strong>as</strong>sunto foram utilizad<strong>as</strong><br />

informações contid<strong>as</strong> em livros e publicações técnic<strong>as</strong>, acadêmic<strong>as</strong>, tornan<strong>do</strong>-se estes o referencial<br />

bibliográfico da pesquisa.<br />

Quanto aos fins a pesquisa é exploratória e estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o, pois consiste no aprofundamento a<br />

respeito da criação <strong>de</strong> um <strong>distrito</strong> <strong>industrial</strong> em uma área adquirida pelo Município, on<strong>de</strong> foram<br />

cria<strong>do</strong>s empreendimentos que estivessem <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s requisitos estabeleci<strong>do</strong>s pelo município,<br />

trazen<strong>do</strong> vantagens para a socieda<strong>de</strong> local como por exemplo, a geração <strong>de</strong> emprego e renda.<br />

A pesquisa participante, <strong>de</strong>senvolvida no âmbito <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, reflete a realida<strong>de</strong><br />

temporal <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2012 e preten<strong>de</strong> refletir, em que medida o Distrito Industrial Municipal<br />

<strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um instrumento capaz <strong>de</strong> colaborar com a construção<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local? Far-se-á para tanto uma análise <strong>de</strong> su<strong>as</strong> origens, sobre como foi<br />

implementa<strong>do</strong>, como foram distribuí<strong>do</strong>s os lotes e como vem sen<strong>do</strong> administra<strong>do</strong> pelo Município <strong>de</strong><br />

Rio Ver<strong>de</strong> nesse perío<strong>do</strong>.<br />

Para fazer esta pesquisa foi necessário levantar <strong>as</strong> meto<strong>do</strong>logi<strong>as</strong> a<strong>do</strong>tad<strong>as</strong> para elaboração <strong>de</strong><br />

seu regulamento; como foram realiza<strong>do</strong>s os parcelamentos, como foram disciplina<strong>do</strong>s o uso e da<br />

ocupação <strong>do</strong> solo, zoneamento ambiental, planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social alinha<strong>do</strong>s<br />

com o crescimento d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> <strong>do</strong> setor.<br />

Justifica-se a importância teórica <strong>de</strong>sse trabalho, uma vez que a partir <strong>de</strong>le po<strong>de</strong>r-se-á:<br />

Aprofundar o conhecimento sobre o funcionamento <strong>do</strong> Setor Industrial <strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong><br />

Empres<strong>as</strong>, su<strong>as</strong> relações com o po<strong>de</strong>r público e entre os empresários que atuam naquele<br />

segmento para o <strong>de</strong>senvolvimento local;<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


Estimular o aparecimento <strong>de</strong> outros Distritos Industriais Municipais <strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong><br />

Empres<strong>as</strong> no Esta<strong>do</strong> e no país; e<br />

Constituir-se referencial para a socieda<strong>de</strong> local e regional.<br />

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />

Para se avaliar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um município, não se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar apen<strong>as</strong> o processo<br />

<strong>de</strong> acumulação e <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se levar em consi<strong>de</strong>ração também, outros<br />

<strong>as</strong>pectos sociais como a cultura, educação, lazer, saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntre outros, que possam aten<strong>de</strong>r às<br />

<strong>as</strong>pirações da comunida<strong>de</strong> local.<br />

Nessa perspectiva, <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local/regional requerem também a<br />

revisão <strong>de</strong> conceitos inter-relaciona<strong>do</strong>s, tais como: <strong>distrito</strong>s industriais, clusters, arranjos e sistem<strong>as</strong><br />

produtivos e inovativos locais, <strong>do</strong>s quais <strong>de</strong>stacam a importância d<strong>as</strong> micro e pequen<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> no<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma região.<br />

Para discorrer sobre a criação <strong>de</strong> <strong>distrito</strong>s industriais municipais <strong>de</strong> pequen<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>:<br />

contribuições para o <strong>de</strong>senvolvimento local fez-se necessário expressar alguns conceitos surgi<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

teori<strong>as</strong> alternativ<strong>as</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> tem como vertente teórica <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento territorial, on<strong>de</strong> <strong>as</strong> relações sociais e econômic<strong>as</strong> e <strong>as</strong> relações entre <strong>as</strong> empres<strong>as</strong><br />

são <strong>de</strong>terminantes para o <strong>de</strong>senvolvimento local.<br />

Para Paula (2008): “o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> (<strong>de</strong>senvolvimento humano), tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> (<strong>de</strong>senvolvimento social), <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que<br />

estão viv<strong>as</strong> hoje e <strong>as</strong> que viverão no futuro (<strong>de</strong>senvolvimento sustentável)”.<br />

Em seu estu<strong>do</strong> para análise da situação social br<strong>as</strong>ileira, Jaguaribe (1978) afirma que “a<br />

socieda<strong>de</strong> é um sistema <strong>de</strong> interação humana, a partir <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> papéis sociais”. Ao<br />

<strong>de</strong>sempenhar seu papel social, o indivíduo necessita <strong>de</strong> conhecimento, e para obtê-lo existe uma<br />

série <strong>de</strong> obstáculos que muit<strong>as</strong> vezes tornam-se limita<strong>do</strong>res para alcançá-lo.<br />

A intensificação d<strong>as</strong> relações sociais (gestores públicos e socieda<strong>de</strong> civil) po<strong>de</strong> garantir<br />

aproximação <strong>de</strong>sses atores e permitir um melhor entendimento entre os envolvi<strong>do</strong>s. Brandão (2007)<br />

faz critic<strong>as</strong> a alguns mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento participativos: “Nos últimos anos, a concepção <strong>de</strong><br />

que a escala local tem po<strong>de</strong>r ilimita<strong>do</strong> invadiu o <strong>de</strong>bate sobre o <strong>de</strong>senvolvimento territorial, no Br<strong>as</strong>il e<br />

no Mun<strong>do</strong>.<br />

Muit<strong>as</strong> d<strong>as</strong> abordagens <strong>de</strong> clusters, sistem<strong>as</strong> locais <strong>de</strong> inovação, incuba<strong>do</strong>r<strong>as</strong>, <strong>distrito</strong>s industriais<br />

etc., possuem tal viés. A banalização <strong>de</strong> <strong>de</strong>finições como “capital social”, re<strong>de</strong>s, “economia solidária e<br />

popular”; o abuso <strong>de</strong> toda a sorte <strong>de</strong> “empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismos”, voluntaria<strong>do</strong>s, talentos pessoais e<br />

coletivos, microiniciativ<strong>as</strong>, “comunida<strong>de</strong>s solidári<strong>as</strong>”; a crença em que formatos institucionais i<strong>de</strong>ais<br />

para a promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento necessariamente p<strong>as</strong>sam por parceri<strong>as</strong> “público-privad<strong>as</strong>”,<br />

b<strong>as</strong>ead<strong>as</strong> no po<strong>de</strong>r da “governança” d<strong>as</strong> cooperativ<strong>as</strong>, agênci<strong>as</strong>, consórcios, comitês etc., criaram<br />

uma cortina <strong>de</strong> fumaça n<strong>as</strong> abordagens <strong>do</strong> tema”.<br />

A participação da socieda<strong>de</strong> nesses mecanismos visa estimular e contribuir com os indivíduos e<br />

grupos a <strong>de</strong>senvolverem o senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> em relação aos problem<strong>as</strong> sociais,<br />

imprescindível para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com Milani (2008): “A crise <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e a consequente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reforma da<br />

administração pública são o reflexo <strong>de</strong> um para<strong>do</strong>xo gera<strong>do</strong> pela combinação entre <strong>de</strong>mocracia e<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


merca<strong>do</strong>, a primeira incluin<strong>do</strong> politicamente os cidadãos, e o segun<strong>do</strong> excluin<strong>do</strong> os indivíduos<br />

ineficientes e não competitivos”.<br />

Ao fazer tal referência percebe-se o para<strong>do</strong>xo existente entre serviços públicos e priva<strong>do</strong>s no<br />

país. São problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> toda or<strong>de</strong>m encontra<strong>do</strong>s n<strong>as</strong> repartições públic<strong>as</strong>, e que apesar <strong>de</strong> relata<strong>do</strong>s<br />

diariamente pela imprensa, continuam a acontecer em to<strong>do</strong>s os níveis <strong>de</strong> governo, fican<strong>do</strong> o gestor<br />

público idôneo impossibilita<strong>do</strong> <strong>de</strong> agir em função <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>s firma<strong>do</strong>s.<br />

As mudanç<strong>as</strong> tecnológic<strong>as</strong> pela qual o mun<strong>do</strong> está p<strong>as</strong>san<strong>do</strong>, já estão permitin<strong>do</strong> que <strong>as</strong><br />

organizações operem <strong>de</strong> forma integrada, mesmo que não estejam com seus representantes<br />

fisicamente presentes.<br />

As vi<strong>de</strong>oconferênci<strong>as</strong>, amplamente utilizad<strong>as</strong> em seminários, fóruns e outros tipos <strong>de</strong> reuniões no<br />

meio empresarial, é uma tecnologia que, apesar <strong>de</strong> estar disponível para to<strong>do</strong>s, ainda não é muito<br />

utilizada na gestão pública, com a <strong>de</strong>sculpa <strong>de</strong> que a presença física é imprescindível para se fazer<br />

política.<br />

O uso d<strong>as</strong> tecnologi<strong>as</strong> <strong>de</strong> informação para realização <strong>de</strong> controle é também um meio <strong>de</strong> se<br />

reduzir a corrupção no país, evitar favorecimentos, agilizar processos e garantir transparência e a<br />

cidadania. Fazen<strong>do</strong> uma abordagem aos “territórios re<strong>de</strong>” Costa (2004) afirma que: “[...] a<br />

“experiência integrada” <strong>do</strong> espaço (m<strong>as</strong> nunca “total”, como na antiga conjugação íntima entre espaço<br />

econômico, político e cultural num espaço contínuo e relativamente bem <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>) é possível<br />

somente se estivermos articula<strong>do</strong>s (em re<strong>de</strong>) através <strong>de</strong> múltipl<strong>as</strong> escal<strong>as</strong>, que muit<strong>as</strong> vezes se<br />

esten<strong>de</strong>m <strong>do</strong> local ao global. Não há território sem uma estruturação em re<strong>de</strong> que conecta diferentes<br />

pontos ou áre<strong>as</strong>”.<br />

O requisito conhecimento tornou-se tão valioso na atualida<strong>de</strong> que, ao rep<strong>as</strong>sá-lo para outros, a<br />

pessoa que transmitiu acaba ganhan<strong>do</strong> duplamente: primeiro em consi<strong>de</strong>ração por parte daquele que<br />

recebeu o conhecimento e segun<strong>do</strong> por permitir que a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrute <strong>do</strong> conhecimento novo. No<br />

Br<strong>as</strong>il, pelo fato <strong>de</strong> uma expressiva quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> terem acesso ao ensino superior, não se<br />

po<strong>de</strong> afirmar que houve igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s entre os que tiveram acesso ao conhecimento e<br />

aquel<strong>as</strong> que ficaram à margem <strong>do</strong> conhecimento.<br />

Existem <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sim, não somente em relação à forma <strong>de</strong> acesso ao conhecimento<br />

(proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> ensino superior, gratuida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> tais instituições, forma <strong>de</strong><br />

acesso presencial ou virtual e principalmente qualida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> instituições <strong>de</strong> ensino superior), to<strong>do</strong>s<br />

estes são fatores limita<strong>do</strong>res para aquele que necessita trabalhar para se manter estudan<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> Coutinho (1991): “Cidadania é a capacida<strong>de</strong> conquistada por alguns indivíduos, ou (no<br />

c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>mocracia efetiva) por to<strong>do</strong>s os indivíduos, <strong>de</strong> se apropriarem <strong>do</strong>s bens socialmente<br />

cria<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> atualizarem tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> realização humana abert<strong>as</strong> pela vida social em<br />

cada contexto historicamente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>.<br />

Ao estudar os problem<strong>as</strong> relaciona<strong>do</strong>s ao conhecimento <strong>do</strong>s indivíduos que atuam no setor<br />

público, po<strong>de</strong>-se observar que existe paternalismo ou protecionismo por parte <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>tém o<br />

po<strong>de</strong>r no Br<strong>as</strong>il, o que acaba <strong>de</strong>smotivan<strong>do</strong> e fazen<strong>do</strong> com que os bons servi<strong>do</strong>res públicos a<strong>do</strong>tem<br />

um comportamento imparcial com relação aos <strong>as</strong>suntos que envolvam a participação da socieda<strong>de</strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com Souza (2005): “A socieda<strong>de</strong> compõe-se <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições em<br />

permanente conflito, geran<strong>do</strong> mutações que agem sobre os indivíduos e que se refletem n<strong>as</strong><br />

instituições. Os indivíduos e instituições buscam a sobrevivência, adaptan<strong>do</strong>-se constantemente ao<br />

meio, por intermédio da formação <strong>de</strong> hábitos e padrões <strong>de</strong> comportamento.<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


Além d<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s básic<strong>as</strong>, o indivíduo procura conquistar um espaço em seu grupo social,<br />

como reconhecimento e po<strong>de</strong>r. O indivíduo apresenta uma tendência natural à inércia (hábito), m<strong>as</strong><br />

existem forç<strong>as</strong> dinâmic<strong>as</strong> que o movimentam (inovações)”.<br />

Parece inevitável, num futuro próximo a utilização <strong>de</strong> tecnologi<strong>as</strong> <strong>de</strong> informação, para garantir a<br />

integração em re<strong>de</strong> entre socieda<strong>de</strong> civil e o Governo, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> reforçar conceitos <strong>de</strong>mocráticos<br />

e prátic<strong>as</strong> mais efetiv<strong>as</strong> <strong>de</strong> gestão (no âmbito priva<strong>do</strong> e público).<br />

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O município <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> teve origem no rápi<strong>do</strong> aumento da população e consequente<br />

prosperida<strong>de</strong> <strong>do</strong> então Arraial d<strong>as</strong> Abóbor<strong>as</strong>, datan<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1840 a formação <strong>do</strong>s primeiros núcleos que<br />

começaram a se mobilizar em torno da i<strong>de</strong>ia da criação <strong>do</strong> município. O movimento migratório na<br />

oc<strong>as</strong>ião ocorreu <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à isenção <strong>de</strong> impostos pelo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos ofereci<strong>do</strong>s pela Província <strong>de</strong><br />

Goyaz (Lei no. 11 <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1838) aos mora<strong>do</strong>res da região e àqueles que ali quisessem<br />

se estabelecer (CAMPOS, 1971).<br />

No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1940 a 1970, o Governo Fe<strong>de</strong>ral promoveu uma série <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong>, sen<strong>do</strong><br />

que <strong>as</strong> du<strong>as</strong> mais representativ<strong>as</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Goiás e consequentemente <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> foram respectivamente o “Projeto Marcha para o Oeste” <strong>de</strong> Getúlio Varg<strong>as</strong><br />

(1938) objetivan<strong>do</strong> ocupar e <strong>de</strong>senvolver o interior <strong>do</strong> Br<strong>as</strong>il e o Plano <strong>de</strong> Met<strong>as</strong> <strong>de</strong> Juscelino<br />

Kubitschek (1956-1961) com a criação <strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ília, o que possibilitou a inserção <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político na<br />

região central <strong>do</strong> Br<strong>as</strong>il;<br />

Segun<strong>do</strong> Cano (1998), “a economia paulista foi o centro dinâmico e o núcleo da acumulação<br />

produtiva <strong>do</strong> país ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> transição ao capitalismo até os anos 1970”.<br />

As polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> que <strong>de</strong>finitivamente influenciaram o crescimento <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong><br />

1970, foram à criação <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong>s Cerra<strong>do</strong>s (POLOCENTRO) executa<strong>do</strong><br />

no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1975 a 1982 e o Programa <strong>de</strong> Cooperação Nipo-br<strong>as</strong>ileira para o Desenvolvimento <strong>do</strong>s<br />

Cerra<strong>do</strong>s (PRODECER II) executa<strong>do</strong> 1985 foram mais específicos para o <strong>de</strong>senvolvimento e a<br />

mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s agropecuári<strong>as</strong> da região Centro-Oeste.<br />

Procurou-se difundir o consumo da produção <strong>industrial</strong> junto ao setor agrícola, transferin<strong>do</strong>-lhe<br />

tecnologia, especialmente na soja e na pecuária, fruto <strong>de</strong> incentivos e subsídios <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong><br />

<strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Dentre <strong>as</strong> principais obr<strong>as</strong> <strong>de</strong> infraestrutura executad<strong>as</strong> pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar<br />

a criação da nova capital Br<strong>as</strong>ília, a criação <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res ro<strong>do</strong>viários através da construção d<strong>as</strong><br />

Ro<strong>do</strong>vi<strong>as</strong> BR153 que liga Belém a Br<strong>as</strong>ília, a BR060 que liga Br<strong>as</strong>ília a Mato Grosso, a BR452 que<br />

liga o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Min<strong>as</strong> à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> e a BR262 que liga Jataí a São Paulo.<br />

A população <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> é formada por pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong> vári<strong>as</strong> procedênci<strong>as</strong>, migrantes <strong>de</strong> divers<strong>as</strong><br />

regiões <strong>do</strong> país que se juntaram às famíli<strong>as</strong> pioneir<strong>as</strong> da região, atraíd<strong>as</strong> pelo bom <strong>de</strong>sempenho da<br />

agropecuária e, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2000 a 2010, pela agroindústria (ver Tabela 1).<br />

Segun<strong>do</strong> o IBGE, a estimativa populacional em 2011 era <strong>de</strong> 181.020 habitantes distribuí<strong>do</strong>s entre<br />

<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> rural e urbana. Localiza-se estrategicamente há 215 quilômetros da Capital. O município<br />

possui atualmente quatro <strong>distrito</strong>s industriais municipais e <strong>do</strong>is estaduais.<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


Tabela1. Evolução da população <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1940 a 2010<br />

Ano Rural Urbana Total<br />

1.940 5.862 25.515 31.377<br />

1.950 6.196 18.562 24.758<br />

1.960 11.684 28.706 40.390<br />

1.970 28.770 26.927 55.697<br />

1.980 19.158 55.541 74.699<br />

1.990 12.167 84.142 96.309<br />

2.000 10.473 106.079 116.552<br />

2.010 12.881 163.621<br />

Fonte: IBGE CENSO 1940-2010<br />

176.502<br />

De acor<strong>do</strong> com levantamento realiza<strong>do</strong> em 2010 pela Secretaria da Fazenda <strong>do</strong> Municipal <strong>de</strong> Rio<br />

Ver<strong>de</strong> (Tabela 2) i<strong>de</strong>ntificou-se a atuação <strong>de</strong> 8.958 empres<strong>as</strong> distribuíd<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s:<br />

Tabela 2. Empres<strong>as</strong> atuantes em Rio Ver<strong>de</strong>-GO em 2010<br />

Ativida<strong>de</strong> Número <strong>de</strong> empres<strong>as</strong><br />

Comércio 3.743<br />

Serviços 4.191<br />

Indústria 457<br />

Comércio e Serviços 257<br />

Comércio e Indústria 114<br />

Indústria e serviços 44<br />

Agropecuária 119<br />

Agricultura 33<br />

Fonte: Secretaria da Fazenda <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong><br />

4.1 Polític<strong>as</strong> Públic<strong>as</strong> e Articulação para Criação <strong>de</strong> Distritos Industriais<br />

São inúmer<strong>as</strong> <strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s propiciad<strong>as</strong> pela cultura <strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo orienta<strong>do</strong> para a<br />

Inovação no Br<strong>as</strong>il atualmente. Dentre <strong>as</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> po<strong>de</strong>-se citar:<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


Tecnologi<strong>as</strong> sociais que promovem a inclusão d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> mediante re<strong>de</strong>s voltad<strong>as</strong> para<br />

a solidarieda<strong>de</strong> e redução <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s (polític<strong>as</strong> muito comuns no norte e nor<strong>de</strong>ste);<br />

e<br />

Incuba<strong>do</strong>r<strong>as</strong> e parques tecnológicos que se situam na maioria d<strong>as</strong> vezes agrega<strong>do</strong>s à<br />

universida<strong>de</strong>s e instituições <strong>de</strong> ensino e que abrigam empreendimentos inova<strong>do</strong>res.<br />

O estímulo ao empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo fora <strong>do</strong> contexto acima cita<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong><br />

não é uma tarefa simples, pois envolve uma série <strong>de</strong> fatores alheios à vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s gestores públicos.<br />

Pensan<strong>do</strong> em articular a solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is problem<strong>as</strong> que se avolumavam no município <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>-<br />

GO, quais sejam:<br />

Fluxo <strong>de</strong> imigração <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> advind<strong>as</strong> <strong>de</strong> outros Esta<strong>do</strong>s para trabalharem n<strong>as</strong><br />

gran<strong>de</strong>s indústri<strong>as</strong> e que não dispunham <strong>de</strong> moradia e/ou moravam em <strong>as</strong>sentamentos<br />

irregulares;<br />

Reduzir/eliminar distúrbios causa<strong>do</strong>s por pequen<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> instalad<strong>as</strong> no Centro da<br />

Cida<strong>de</strong>;<br />

Gerar empregos e renda para a população; e<br />

Aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda por serviços especializa<strong>do</strong>s d<strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s indústri<strong>as</strong>.<br />

A solução para os problem<strong>as</strong> p<strong>as</strong>savam necessariamente pela construção <strong>de</strong> moradi<strong>as</strong>, pela<br />

transferência d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> instalad<strong>as</strong> no centro da cida<strong>de</strong> para a periferia (longe <strong>do</strong> centro) e pela<br />

criação e/ou <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos empreendimentos.<br />

Para proce<strong>de</strong>r a remoção d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> carentes <strong>as</strong>sentad<strong>as</strong> em área pública e que encontravamse<br />

em condições precári<strong>as</strong> (sem saneamento básico, água, energia, <strong>as</strong>falto, escol<strong>as</strong> para os filhos),<br />

articulou-se junto ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás, a <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> terrenos <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>, que<br />

localizavam-se na periferia da cida<strong>de</strong>, para que tais famíli<strong>as</strong> (que ocupavam in<strong>de</strong>vidamente terrenos à<br />

margem da estrada) pu<strong>de</strong>ssem construir c<strong>as</strong><strong>as</strong> com um mínimo <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>.<br />

No ano <strong>de</strong> 2004 o Governo <strong>de</strong> Goiás estava implementan<strong>do</strong> o Programa Social <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong><br />

Cheque Moradia, on<strong>de</strong> cada família carente estaria receben<strong>do</strong> um valor em cheque, para ser utiliza<strong>do</strong><br />

na construção <strong>de</strong> su<strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong>, com projeto e execução realiza<strong>do</strong>s pela Agência <strong>de</strong> Habitação <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> e o acompanhamento d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> realiza<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong> Obr<strong>as</strong> <strong>do</strong> Município. To<strong>do</strong> o<br />

processo <strong>de</strong> articulação para remoção <strong>de</strong> famíli<strong>as</strong> foi realiza<strong>do</strong> entre os representantes <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res, gestores <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> e representantes <strong>do</strong> Governo <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> um novo <strong>distrito</strong> <strong>industrial</strong> em Rio Ver<strong>de</strong>, vinha sen<strong>do</strong> cogitada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

chegada d<strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s indústri<strong>as</strong> que se instalaram no Distrito Industrial localiza<strong>do</strong> na BR060 no ano<br />

2000. Através <strong>de</strong> um convênio com o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> no ano<br />

<strong>de</strong> 2000, aportaram gran<strong>de</strong>s empres<strong>as</strong> <strong>de</strong> embalagens, manutenção <strong>de</strong> veículos e outros serviços<br />

para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> maior frigorífico <strong>de</strong> aves e suínos da América latina (antiga Perdigão e<br />

atual BR Foods).<br />

Apostan<strong>do</strong> na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> solucionar alguns transtornos provoca<strong>do</strong>s por indústri<strong>as</strong> localizad<strong>as</strong> no<br />

centro da cida<strong>de</strong>, o município adquiriu uma área <strong>de</strong> 402.091,43 metros quadra<strong>do</strong>s, localizada à<br />

margem da Ro<strong>do</strong>via GO174, à direita <strong>de</strong> quem vai para o município <strong>de</strong> Montividiu. Nesta área<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


consoli<strong>do</strong>u-se o primeiro Distrito Industrial <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a micro e pequen<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>, proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o<br />

<strong>de</strong>smembramento da área total em lotes, resultan<strong>do</strong> em um total <strong>de</strong> 23 quadr<strong>as</strong> e 436 lotes (figura 1).<br />

O município se propôs a <strong>do</strong>ar um ou mais lotes que pu<strong>de</strong>sse aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s da<br />

empresa a ser transferida para esse novo <strong>distrito</strong>. A aquisição da área foi feita através <strong>de</strong> permuta<br />

com o governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás (esta área estava sen<strong>do</strong> ocupada por representantes <strong>do</strong><br />

Movimento Sem Terra).<br />

As empres<strong>as</strong> interessad<strong>as</strong> e que reunissem os requisitos para o recebimento <strong>do</strong> lote na oc<strong>as</strong>ião<br />

<strong>de</strong>veriam se dirigir à Secretaria <strong>de</strong> Indústria e Comércio para candidatar-se ao pleito. A Lei No.<br />

4746/2003 <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003 criou o Distrito Industrial, <strong>de</strong>nominan<strong>do</strong>-o DIMPE (Distrito<br />

Industrial Municipal <strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong>). Em 03 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004 a Lei 4775/2004 em seu<br />

artigo primeiro autoriza a <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> lotes para instalação <strong>de</strong> indústri<strong>as</strong> e presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que atendam ao disposto na Lei 4746/2003.<br />

Dentre os requisitos para se candidatar a um lote no DIMPE estavam:<br />

Apresentação <strong>de</strong> projeto por parte <strong>do</strong> interessa<strong>do</strong> no terreno;<br />

Ser pequeno empresário;<br />

Estejam funcionan<strong>do</strong> em condições precári<strong>as</strong> <strong>de</strong>ntro da cida<strong>de</strong> (áre<strong>as</strong> <strong>de</strong> risco) e/ou<br />

próximo a instalações coletiv<strong>as</strong> (escol<strong>as</strong>, hospitais, con<strong>do</strong>mínios resi<strong>de</strong>nciais), causan<strong>do</strong><br />

poluição sonora e outros efeitos prejudiciais ou que utilizem máquin<strong>as</strong> e equipamentos<br />

que causem interferência na energia <strong>de</strong> transforma<strong>do</strong>res, n<strong>as</strong> rádios/televisões da<br />

vizinhança <strong>de</strong>ntro da cida<strong>de</strong>;<br />

Estejam enquadra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro d<strong>as</strong> categori<strong>as</strong> empresariais <strong>de</strong>finid<strong>as</strong> como industria e/ou<br />

presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviços para indústri<strong>as</strong>.<br />

Tais requisitos não estavam explícitos em nenhum regulamento, no entanto eram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

para fins <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>s projetos. A Figura 1 apresenta a localização <strong>do</strong> Distrito Industrial Municipal<br />

<strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong> (DIMPE).<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


Figura 1 - Distrito Industrial Municipal <strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong> (DIMPE)<br />

Somente em 25 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011, através <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto N. 877/2011 foi cria<strong>do</strong> regulamento para o<br />

Setor Industrial Municipal <strong>de</strong> Pequen<strong>as</strong> Empres<strong>as</strong>. Este regulamento objetiva disciplinar a instalação<br />

<strong>de</strong> empres<strong>as</strong>.<br />

4.2 O Processo <strong>de</strong> Doação <strong>do</strong> Imóvel<br />

O processo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> um bem público <strong>de</strong>ve ser trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma transparente, sob pena <strong>de</strong><br />

incriminar o gestor público que falhar na aplicação correta da Lei. Os br<strong>as</strong>ileiros estão acostuma<strong>do</strong>s a<br />

ouvir a expressão <strong>do</strong> tipo “Lei <strong>de</strong> Gerson” 1 , e nesse contexto, após a divulgação pela mídia <strong>de</strong> que o<br />

município <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> – GO, estaria ofertan<strong>do</strong> lotes para pequenos empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res, começaram a<br />

surgir, <strong>de</strong> divers<strong>as</strong> partes <strong>do</strong> país, pesso<strong>as</strong> interessad<strong>as</strong> em receberem a <strong>do</strong>ação <strong>do</strong> bem público.<br />

Foram apresenta<strong>do</strong>s um total <strong>de</strong> 655 projetos junto à Secretaria Municipal <strong>de</strong> Indústria e<br />

Comércio. Dentre os benefícios para os empreendimentos que se instal<strong>as</strong>sem no DIMPE estavam:<br />

Doação <strong>do</strong> imóvel para micro e pequen<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>;<br />

Infra-estrutura completa (água, luz, energia, fácil acesso à ro<strong>do</strong>via);<br />

Benefícios fiscais (redução <strong>de</strong> ISSQN durante um ano);<br />

Facilitação <strong>de</strong> crédito através <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Povo e d<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> Centro Oeste;<br />

Construção <strong>de</strong> Show Room coletivo;<br />

Criação da Associação d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> <strong>do</strong> DIMPE;<br />

Criação <strong>do</strong> escritório <strong>municipal</strong> <strong>de</strong> exportação; e<br />

Consultoria gratuita através <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>.<br />

Diante da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rep<strong>as</strong>sar para os empresários interessa<strong>do</strong>s um imóvel que pertencia<br />

ao Po<strong>de</strong>r Público, a Lei No. 4.775/2004, já mencionada acima, <strong>de</strong>screve:<br />

- Art. 2º. A <strong>do</strong>ação tratada pelo artigo 1º. fica gravada <strong>de</strong> ônus <strong>de</strong><br />

inalienabilida<strong>de</strong>, ressalvada a hipótese <strong>do</strong> <strong>do</strong>natário oferecer o bem em<br />

garantia hipotecária junto à instituição financeira, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o recurso aloca<strong>do</strong><br />

seja investi<strong>do</strong> única e exclusivamente no empreendimento a ser instala<strong>do</strong> no<br />

DIMPE, sen<strong>do</strong> também gravada <strong>de</strong> ônus <strong>de</strong> reversibilida<strong>de</strong> ao Patrimônio<br />

Municipal, se porventura o <strong>do</strong>natário não implantar no imóvel o<br />

empreendimento a que se propôs no prazo <strong>de</strong> 06 (seis) meses.<br />

Durante a implantação d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> no DIMPE, foi importante a parceria realizada entre a<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> e o Centro <strong>de</strong> Empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, que é o núcleo <strong>de</strong><br />

extensão <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, uma vez que através <strong>de</strong>ssa parceria<br />

foram realizad<strong>as</strong> palestr<strong>as</strong> junto aos empresários, crian<strong>do</strong>-se condições para que estes pu<strong>de</strong>ssem<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


ealizar projetos para captação <strong>de</strong> recursos junto às instituições financeir<strong>as</strong>, bem como para que o<br />

município pu<strong>de</strong>sse estruturar <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada o novo Distrito Industrial.<br />

4.3 Participação Social n<strong>as</strong> Polític<strong>as</strong> Públic<strong>as</strong><br />

A questão da participação da socieda<strong>de</strong> na gestão pública <strong>do</strong>s municípios no Br<strong>as</strong>il p<strong>as</strong>sou a ser<br />

encarada com maior responsabilida<strong>de</strong> por parte <strong>do</strong>s gestores públicos na década <strong>de</strong> 1990 a partir d<strong>as</strong><br />

du<strong>as</strong> diretrizes da atuação governamental no território nacional:<br />

A <strong>de</strong>scentralização administrativa d<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong>, através <strong>do</strong> pacto <strong>de</strong>mocráticoreformista<br />

<strong>de</strong> 1994, com os municípios p<strong>as</strong>san<strong>do</strong> a exercer um papel mais estratégico; e<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecerem maior participação à população, seja no planejamento,<br />

implementação ou avaliação <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> polític<strong>as</strong>, diretamente ou por meio <strong>de</strong> organizações<br />

representativ<strong>as</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> Dagnino, “o marco formal <strong>de</strong>sse processo é a Constituição <strong>de</strong> 1988, que consagrou o<br />

princípio <strong>de</strong> participação da socieda<strong>de</strong> civil. As principais forç<strong>as</strong> envolvid<strong>as</strong> nesse processo<br />

compartilham um projeto <strong>de</strong>mocratizante e participativo, construí<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos oitenta ao re<strong>do</strong>r da<br />

expansão da cidadania e <strong>do</strong> aprofundamento da <strong>de</strong>mocracia”.<br />

Ao conferir aos municípios natureza <strong>de</strong> ente fe<strong>de</strong>rativo autônomo, o artigo 30 da Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>fine su<strong>as</strong> competênci<strong>as</strong> legislativ<strong>as</strong> e administrativ<strong>as</strong>:<br />

Art. 30. Compete aos Municípios:<br />

I - legislar sobre <strong>as</strong>suntos <strong>de</strong> interesse local;<br />

II - suplementar a legislação fe<strong>de</strong>ral e a estadual no que couber;<br />

III - instituir e arrecadar os tributos <strong>de</strong> sua competência, bem como aplicar<br />

su<strong>as</strong> rend<strong>as</strong>, sem prejuízo da obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> prestar cont<strong>as</strong> e publicar<br />

balancetes nos prazos fixa<strong>do</strong>s em lei;<br />

IV - criar, organizar e suprimir <strong>distrito</strong>s, observada a legislação estadual;<br />

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime <strong>de</strong> concessão ou<br />

permissão, os serviços públicos <strong>de</strong> interesse local, incluí<strong>do</strong> o <strong>de</strong> transporte<br />

coletivo, que tem caráter essencial;<br />

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

program<strong>as</strong> <strong>de</strong> educação infantil e <strong>de</strong> ensino fundamental; (Redação dada pela<br />

Emenda Constitucional nº 53, <strong>de</strong> 2006);<br />

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

serviços <strong>de</strong> atendimento à saú<strong>de</strong> da população;<br />

VIII - promover no que couber, a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> or<strong>de</strong>namento territorial, mediante<br />

planejamento e controle <strong>do</strong> uso, <strong>do</strong> parcelamento e da ocupação <strong>do</strong> solo<br />

urbano;<br />

IX - promover a proteção <strong>do</strong> patrimônio histórico-cultural local, observada a<br />

legislação e a ação fiscaliza<strong>do</strong>ra fe<strong>de</strong>ral e estadual.<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


A competência legislativa correspon<strong>de</strong> à competência exclusiva para legislar sobre <strong>as</strong>suntos <strong>de</strong><br />

interesse local (CF, art. 30, I) e para suplementar a legislação fe<strong>de</strong>ral ou estadual, no que couber (CF,<br />

art. 30, II). Enten<strong>de</strong>-se por competência administrativa aquela que autoriza o município a atuar sobre<br />

os <strong>as</strong>suntos <strong>de</strong> interesse local, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> princípio da pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong> interesse (CF,<br />

art. 30, III ao IX).<br />

A <strong>de</strong>scentralização administrativa é uma maneira simples <strong>de</strong> fazer com que os responsáveis pela<br />

gestão pública p<strong>as</strong>sem a selecionar melhor o seu quadro <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res públicos, <strong>de</strong> tal forma que<br />

pesso<strong>as</strong> comprometid<strong>as</strong> com a socieda<strong>de</strong> venham fazer parte <strong>do</strong> quadro efetivo.<br />

O diálogo entre a socieda<strong>de</strong> civil e os gestores públicos para <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong>,<br />

apesar <strong>de</strong> estimula<strong>do</strong> pelo governo fe<strong>de</strong>ral, requer para fins <strong>de</strong> organização, que sejam criad<strong>as</strong><br />

divers<strong>as</strong> instânci<strong>as</strong> colegiad<strong>as</strong> (fóruns, conselhos, etc.), envolven<strong>do</strong> representantes <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público<br />

e da socieda<strong>de</strong> civil, que p<strong>as</strong>sarão a funcionar como instânci<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação.<br />

Tal participação po<strong>de</strong> ocorrer por meio <strong>de</strong> audiênci<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> aos tem<strong>as</strong>, bem<br />

como, representação da socieda<strong>de</strong> civil organizada que queira fazer parte nos conselhos e fóruns<br />

municipais. Faz-se necessário que durante a formação <strong>de</strong>sses mecanismos <strong>de</strong> participação (fóruns,<br />

conselhos e outr<strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> organização), sejam avalia<strong>do</strong>s requisitos <strong>de</strong> participação <strong>do</strong>s membros,<br />

<strong>de</strong> tal forma que os representantes escolhi<strong>do</strong>s possam contribuir efetivamente para a finalida<strong>de</strong> para<br />

o qual foi cria<strong>do</strong> o mecanismo <strong>de</strong> participação.<br />

Nesse novo processo <strong>de</strong> gestão pública, se faz necessário organizar informações para apoiar a<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, ser transparente com relação aos resulta<strong>do</strong>s e manter o controle social por meio<br />

da <strong>de</strong>mocratização da informação. Os gestores públicos que estiverem interessa<strong>do</strong>s em promover<br />

tais mudanç<strong>as</strong> <strong>de</strong>verão capacitar, formar quadros técnicos e agentes sociais para a gestão planejada<br />

e participativa.<br />

A Campanha Nacional "Plano Diretor Participativo - Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> To<strong>do</strong>s", lançada pela Secretaria<br />

Nacional <strong>de</strong> Program<strong>as</strong> Urbanos <strong>do</strong> Ministério d<strong>as</strong> Cida<strong>de</strong>s, em maio <strong>de</strong> 2005, estimulou a<br />

constituição <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> trabalhos em divers<strong>as</strong> regiões <strong>do</strong> país, inclusive no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás, com<br />

representantes <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, orientan<strong>do</strong> sobre a meto<strong>do</strong>logia para elaboração <strong>do</strong> Plano Diretor<br />

Participativo. Os trabalhos dividi<strong>do</strong>s em Oficin<strong>as</strong> previam a participação <strong>de</strong> gestores públicos,<br />

li<strong>de</strong>ranç<strong>as</strong> comunitári<strong>as</strong> e representantes <strong>de</strong> ONGs convidad<strong>as</strong>. Durante <strong>as</strong> Oficin<strong>as</strong> foram<br />

levantad<strong>as</strong> <strong>as</strong> principais dificulda<strong>de</strong>s e os <strong>de</strong>safios a serem enfrenta<strong>do</strong>s:<br />

Muitos municípios não sabiam o que era Plano Diretor e muito menos sobre obrigação<br />

imposta pela lei <strong>do</strong> Estatuto da Cida<strong>de</strong>;<br />

Dos que conheciam a maioria não acreditava nos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> planejamento;<br />

Poucos municípios tinham prátic<strong>as</strong> <strong>de</strong> planejamento e gestão com participação popular; e<br />

Poucos profissionais tinham conhecimento <strong>do</strong>s novos instrumentos e experiência com<br />

gestão participativa.<br />

To<strong>do</strong>s os participantes foram orienta<strong>do</strong>s a se informarem sobre os instrumentos <strong>de</strong> Política<br />

Urbana, orienta<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s trabalhos a serem realiza<strong>do</strong>s pelos futuros Conselheiros conforme <strong>de</strong>fini<strong>do</strong><br />

no Art. 4º <strong>do</strong> Estatuto da Cida<strong>de</strong>. Para os fins <strong>de</strong>sta Lei, serão utiliza<strong>do</strong>s, entre outros instrumentos:<br />

I - planos nacionais, regionais e estaduais <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> território e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico e social;<br />

II - planejamento d<strong>as</strong> regiões metropolitan<strong>as</strong>, aglomerações urban<strong>as</strong> e microrregiões; III -<br />

planejamento <strong>municipal</strong>, em especial:<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


• a) plano diretor;<br />

• b) disciplina <strong>do</strong> parcelamento, <strong>do</strong> uso e da ocupação <strong>do</strong> solo;<br />

• c) zoneamento ambiental;<br />

• d) plano plurianual;<br />

• e) diretrizes orçamentári<strong>as</strong> e orçamento anual;<br />

• f) gestão orçamentária participativa;<br />

• g) planos, program<strong>as</strong> e projetos setoriais;<br />

• h) planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social;<br />

IV - institutos tributários e financeiros.<br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Percebe-se que falta, por parte da Prefeitura e su<strong>as</strong> Secretari<strong>as</strong>, bem como por parte da Câmara<br />

<strong>de</strong> Verea<strong>do</strong>res, criarem mecanismos para que haja uma articulação efetiva entre os representantes<br />

<strong>do</strong>s empresários que ocupam os <strong>distrito</strong>s industriais e os gestores públicos.<br />

Utilizar o conceito <strong>de</strong> governança para o estabelecimento <strong>de</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>de</strong>mocrátic<strong>as</strong> locais por<br />

meio da intervenção e participação d<strong>as</strong> diferentes categori<strong>as</strong> empresariais que ocupam os <strong>distrito</strong>s<br />

industriais. Sugere-se para que haja maior integração entre a Gestão Pública e os representantes <strong>do</strong>s<br />

<strong>distrito</strong>s industriais:<br />

Que os gestores públicos e representantes <strong>do</strong>s empresários façam uma visita a outros<br />

<strong>distrito</strong>s industriais semelhantes para que se possa ter uma visão <strong>de</strong> como são trata<strong>do</strong>s<br />

os problem<strong>as</strong> e como são conduzid<strong>as</strong> <strong>as</strong> soluções <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>mocrática;<br />

Que o Portal da Prefeitura mantenha informações a respeito <strong>do</strong> número <strong>de</strong> empres<strong>as</strong> e<br />

seus respectivos setores <strong>de</strong> atuação em cada um <strong>do</strong>s <strong>distrito</strong>s <strong>do</strong> município; e<br />

Que a presente pesquisa seja ampliada, buscan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar, através da percepção <strong>do</strong>s<br />

atores envolvi<strong>do</strong>s os motivos que levam a prejudicar o diálogo permanente entre a<br />

socieda<strong>de</strong> civil e a gestão pública para que haja efetiva participação e controle social<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> município.<br />

Utilizar o conceito <strong>de</strong> governança para o estabelecimento <strong>de</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>de</strong>mocrátic<strong>as</strong> locais por<br />

meio da intervenção e participação d<strong>as</strong> diferentes categori<strong>as</strong> empresariais que ocupam os <strong>distrito</strong>s<br />

industriais. Sugere-se para que haja maior integração entre a Gestão Pública e os representantes <strong>do</strong>s<br />

<strong>distrito</strong>s industriais. Também significa um enorme <strong>de</strong>safio para a <strong>de</strong>sburocratização e mo<strong>de</strong>rnização<br />

da administração publica no município e no Br<strong>as</strong>il.<br />

REFERÊNCIAS<br />

Brandão, C.A. 2007. Território e Desenvolvimento: <strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> escal<strong>as</strong> entre o local e o global.<br />

Campin<strong>as</strong>: Editora da Unicamp.<br />

Br<strong>as</strong>il. 1990. Constituição da República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Br<strong>as</strong>il: promulgada em 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

1988. Org.: Juarez <strong>de</strong> Oliveira. São Paulo: Saraiva.<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7


______. 2011. Lei Nº 12.527 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2011. Regula o acesso a informações previsto<br />

no inciso XXXIII <strong>do</strong> art. 5o, no inciso II <strong>do</strong> § 3o <strong>do</strong> art. 37 e no § 2o <strong>do</strong> art. 216 da Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral; altera a Lei no 8.112, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1990; revoga a Lei no 11.111, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

2005, e dispositivos da Lei no 8.159, <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1991; e dá outr<strong>as</strong> providênci<strong>as</strong>. Diário oficial<br />

[da] República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Br<strong>as</strong>il, Br<strong>as</strong>ília, DF, 18 nov. Seção 1, Edição Extra.<br />

Campos, O. 1971. Rio Ver<strong>de</strong> Histórico: Aspectos históricos <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> (Goiás). São Paulo:<br />

Gráfica e Editora Edigraf S.A.<br />

Cano, W. 1998. Desequilíbrios regionais e concentração <strong>industrial</strong> no Br<strong>as</strong>il: 1930-197 e 1970 –<br />

1995. Campin<strong>as</strong>: UNICAMP/IE.<br />

Costa, R. H. da. 2004. O mito da <strong>de</strong>sterritorialização: <strong>do</strong> “fim <strong>do</strong>s territórios” à<br />

multiterritorialização. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Bertrand Br<strong>as</strong>il.<br />

Coutinho, C. N. 1991. Cidadania e Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. São Paulo. Editora Br<strong>as</strong>iliense.<br />

Dagnino, E. 2004.“¿Socieda<strong>de</strong> civil, participação e cidadania: <strong>de</strong> que estamos falan<strong>do</strong>?” In: Daniel<br />

Mato (org), Polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> ciudadanía y sociedad civil en tiempos <strong>de</strong> globalización. Carac<strong>as</strong>:<br />

FACES, Universidad Central <strong>de</strong> Venezuela, p. 95-110.<br />

Jaguaribe, H. 1978. Introdução ao Desenvolvimento Social. São Paulo: Circulo <strong>do</strong> Livro, p. 39.<br />

Milani, C. R. S. 2008. O princípio da participação social na gestão <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> locais:<br />

uma análise <strong>de</strong> experiênci<strong>as</strong> latino-american<strong>as</strong> e europei<strong>as</strong>. Revista <strong>de</strong> Administração Pública:<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, 42(3): 551-79, maio/jun. 2008. ISSN 0034-7612<br />

Paula, J. 2008. Desenvolvimento local: como fazer? Br<strong>as</strong>ília: SEBRAE.PEREIRA, L. C. B. Da<br />

administração pública burocrática à gerencial. Revista <strong>do</strong> Serviço Público, 47(1) janeiro-abril 1996.<br />

Trabalho apresenta<strong>do</strong> ao seminário sobre Reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na América Latina organiza<strong>do</strong> pelo<br />

Ministério da Administração Fe<strong>de</strong>ral e Reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e patrocina<strong>do</strong> pelo Banco Interamericano<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento (Br<strong>as</strong>ília, maio <strong>de</strong> 1996).<br />

Souza, N. J. 2005. Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Atl<strong>as</strong>.<br />

Vergara, S. C. 2007. Projetos e Relatórios <strong>de</strong> Pesquisa em Administração. 9. ed. São Paulo:<br />

Atl<strong>as</strong>.<br />

The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012<br />

ISBN 978-85-62326-96-7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!