Sociedade_Em Foco_Quemseimporta

sociedade society
EM FOCO FOCUS
“Qualquer pessoa pode fazer
a diferença com projectos sociais
incríveis, criativos,
de baixo custo e alto impacto”
“Anyone can make a difference
with all sorts of amazing social
and creative projects of a low-cost
and high-impact nature”
Mara Mourão
Quem se Importa features a variety of social entrepreneurs from different
countries operating in a wide range of areas with the aim of proving that this
is a rich and very diversified world movement. “All the film’s participants are
very different from one another and from all sorts of backgrounds. Some are
middle-class while others were raised in poverty”. Nevertheless, they’ve all had
the kind of adverse experience that made them want to start doing something
in contrast to the reality they lived in and the things they saw happening
around them.
“They made it their life’s mission and found fulfilment in that manner. The
message of the film is that anyone can change the world. Social entrepreneurs
can change a pattern in society no matter what area he or she is operating in,
whether it’s the social, private or public sector. This kind of social spirit driven
by get-up-and-go citizens needs to permeate itself through the whole of society.
Anyone can make a difference with all sorts of amazing social and creative
projects of a low-cost and high-impact nature,” she explains. To this end, she
feels that only with a binding relationship between the social, private and
public sectors can we solve the biggest challenges of today.
People’s sector
The film-maker goes on to explain that the social sector has grown a lot over
the past three decades for a variety of reasons. Firstly, because more than ninety
different countries have become democracies in that time, while the Internet has
helped people become better informed about social problems. Besides this, Mara
Mourão believes that many people lost the belief that governments and local
authorities alone were capable of resolving the biggest issues facing humanity.
“Social entrepreneurship isn’t just about plugging the gap of governmental inefficiency.
Obviously, in richer countries like Denmark and Switzerland, there
are fewer social entrepreneurs. Needless to say, the countries with more social
problems have more social entrepreneurs. Governments aren’t always capable
of doing what social entrepreneurs can do, and vice versa, because they have
different characteristics. The former is all about winning elections and as such
is much slower and more bureaucratic with no room for experimental manoeuvre
because errors can be scandalous and could cause them to get voted out of
power. With social entrepreneurship, everything is feasible, which allows for
a more agile and creative approach. However, when people in the social sector
want something to happen, they still have to wait for it to become state policy,”
she explains.
Um filme com impacto social
A realizadora considera que o impacto social de um filme não
passa apenas pelo resultado de bilheteira. “O filme ‘Uma Verdade
Inconveniente’, de Al Gore, por exemplo, levantou a questão
climática. O documentário ‘Super Size Me’, do Morgan Spurlock,
também teve uma bilheteira pequena e acabou mudando o
cardápio do McDonald’s. O impacto social do cinema é muito
forte. Gosto muito disso e vou usar o cinema como uma arte que
impacta as pessoas para uma mudança positiva”.
“Quem se Importa” tem um painel de empreendedores sociais de
diversos países, e de diversas áreas de actuação, com o objectivo
de mostrar que este é um movimento mundial, rico e diversificado.
“Todos os participantes são muito diferentes entre si, com
backgrounds diversos. Alguns vieram de classe média, outros
vieram da pobreza absoluta”. No entanto, todos tiveram uma experiência
de contraste que os motivou a sair da inércia. Contraste
entre a realidade que viviam e viam.
“Conseguiram unir missão de vida a trabalho e isso fá-los igualmente
plenos. O filme passa a mensagem de que todos podem
mudar o mundo. O empreendedor social muda um padrão na
sociedade, não importando em que sector actua. Seja ele privado,
governamental ou social. Esse espírito do sector cidadão actuante
deve permear toda a sociedade. Qualquer pessoa pode fazer
a diferença com projectos sociais incríveis, criativos, de baixo
custo e alto impacto”, refere. Para o efeito, acredita que só o ca-
samento entre os sectores social, privado e público pode resolver
os grandes desafios actuais.
Sector cidadão
A realizadora explica que o sector social cresceu muito nas últimas
três décadas, por várias razões históricas. Primeiro, porque
mais de 90 países passaram a ter sistemas democráticos, enquanto
a Internet fez com que mais pessoas estivessem informadas
sobre os problemas sociais. Ao mesmo tempo, Mara Mourão
acrescenta que as pessoas também perderam a crença de que são
os governos e autoridades que vão resolver os grandes problemas
da humanidade sozinhos.
“O empreendedorismo social não existe apenas para tapar o buraco
deixado pela ineficiência do governo. Obviamente, em países
mais ricos, como a Dinamarca e a Suíça, há menos empreendedores
sociais. Já os países com mais problemas sociais vão ter
mais empreendedores sociais. Porém, nem sempre o governo
pode fazer o que os empreendedores sociais fazem, e vice-versa,
porque eles têm características diferentes. O primeiro vive de
eleições e é mais lento e burocrático, não tendo espaço para
experimentação porque o erro é considerado um escândalo e não
reelege ninguém; no segundo caso isso é permitido, revelando-se
mais ágil e criativo. Porém, quando o sector cidadão quer escalar,
então precisa se tornar política pública”, explica.
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Africa today nº129 YEAR 2015