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ENTREVISTA<br />
EXCLUSIVA<br />
DR. GUILHERME<br />
GORGA MELLO<br />
DR. GUILHERME GORGA MELLO<br />
Revista Atual: Você é advogado especializado nas áreas<br />
criminal e de improbidade administrativa. Quais as<br />
dificuldades de um advogado criminalista no Brasil?<br />
Dr. Guilherme Mello: Nós, advogados que atuamos na<br />
área criminal, ainda somos alvos de críticas pela sociedade,<br />
que acaba nos enxergando como “inimigos”. É um<br />
pensamento retrógrado e generalista, mas, por incrível<br />
que pareça, ainda está muito presente. Tal constatação<br />
fica evidente, inclusive, no dia-a-dia da atuação profissional,<br />
pois muitas vezes é com essa visão que somos tratados<br />
pelos operadores da Justiça.<br />
Revista Atual: Ainda tratando sobre o advogado criminalista,<br />
se compararmos a atuação desses profissionais<br />
nos dias de hoje com aqueles que atuavam há<br />
15 ou 20 anos, é possível afirmar que houve significativo<br />
crescimento no campo de atuação?<br />
Dr. Guilherme Mello: Com certeza. Já foi o tempo em<br />
que o advogado criminalista atuava apenas em furtos,<br />
roubos, homicídios e sempre de maneira reativa. Hoje, a<br />
vida em sociedade está mais complexa, os negócios exigem<br />
mais atenção e o número de condutas tidas como<br />
criminosas aumentou, o que faz do advogado criminalista<br />
um profissional muito importante na prevenção da<br />
prática de crimes. Cito como exemplo a “Lei de Falências”,<br />
que prevê onze condutas criminosas desconhecidas pela<br />
maioria dos empresários. Tal fato, somado com o atual<br />
cenário de crise econômica, faz da consultoria criminal<br />
preventiva uma importante aliada dos empresários,<br />
já que diminui os riscos destes figurarem como réus em<br />
processos criminais. Aliás, apenas para complementar, é<br />
cultural na nossa sociedade a busca pelo serviço de um<br />
advogado apenas quando o problema já se instalou. Posso<br />
afirmar que a prevenção, além de outros benefícios, é<br />
bem menos onerosa para o cliente.<br />
Revista Atual: Você foi assistente jurídico do Ministério<br />
Público do Estado de São Paulo, no Grupo de Atuação<br />
Especial de Combate ao Crime Organizado – Gaeco<br />
– em Piracicaba. Como foi essa experiência e como<br />
avalia o combate ao crime organizado, que aumenta a<br />
cada dia, não só a nível municipal, mas nacional?<br />
Dr. Guilherme Mello: A experiência no GAECO foi muito<br />
rica, pois tive a oportunidade de trabalhar com alguns<br />
dos melhores e mais dedicados profissionais da área,<br />
o que me possibilitou viver experiências inesquecíveis.<br />
Além disso, cresci muito profissionalmente, pois estava<br />
“do outro lado da mesa”, ou seja, exercendo minhas<br />
atividades no órgão acusador, com o olhar da acusação.<br />
Durante os anos no Ministério Público participei de diversas<br />
investigações cujos alvos eram organizações criminosas<br />
voltadas à prática dos mais variados crimes,<br />
desde o tráfico de drogas a crimes eletrônicos. Pude,<br />
então, constatar que essas organizações estão atuando<br />
de forma cada vez mais complexa, o que exige do Estado<br />
um constante investimento nos instrumentos de<br />
combate e aperfeiçoamento dos servidores que se dedicam<br />
a essa função.<br />
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