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Revista Atual: Atualmente um dos temas mais tratados<br />
pela mídia é a corrupção, prática esta intimamente<br />
relacionada com o Direito Penal. Tomei conhecimento<br />
que você vem se aprofundando no estudo sobre a Lei<br />
Anticorrupção e por isso gostaria que falasse um pouco<br />
sobre o tema.<br />
Dr. Guilherme Mello: A Lei Anticorrupção é resultado de<br />
compromissos internacionais firmados pelo Brasil, nos<br />
quais se comprometeu a punir não só os indivíduos envolvidos<br />
em corrupção, mas também as empresas. Essa<br />
Lei, portanto, tem como objetivo punir severamente as<br />
pessoas jurídicas de alguma forma beneficiadas em atos<br />
praticados contra a administração pública,<br />
podendo ser fixada multa no valor de até<br />
20% do faturamento bruto. O que me preocupa<br />
é que os destinatários dessa Lei, ou<br />
seja, os empresários, desconhecem os riscos<br />
a que estão sujeitos se não passarem a<br />
adotar mecanismos na empresa que evitem<br />
essa prática. Além disso, é importante<br />
mencionar que, ao se depararem com<br />
o termo “Lei Anticorrupção”, muitos acreditam<br />
que somente as grandes empresas<br />
seriam objeto dessa novidade legislativa, o<br />
que é um engano. O Legislador teve a intenção<br />
de abarcar qualquer pessoa jurídica,<br />
inclusive as micro e pequenas empresas.<br />
Revista Atual: Como advogado criminalista, qual a<br />
sua opinião sobre a redução da maioridade penal de<br />
18 para 16 anos?<br />
Dr. Guilherme Mello: Essa é uma questão complexa, mas<br />
depois de muito refletir formei minha opinião. Entendo<br />
que não basta a simples redução da maioridade se em<br />
contrapartida não houver investimento público em todas<br />
as áreas que influenciam na formação de crianças e adolescentes.<br />
A redução, a meu ver, é a maneira mais cômoda<br />
para o combate a esse problema social. Por outro lado,<br />
entendo que a sociedade deve ter uma resposta mais rí-<br />
ESSAS ORGANIZAÇÕES (CRIMINOSAS) ESTÃO<br />
ATUANDO DE FORMA CADA VEZ MAIS COMPLEXA,<br />
O QUE EXIGE DO ESTADO UM CONSTANTE<br />
INVESTIMENTO NOS INSTRUMENTOS DE COMBATE<br />
gida do Estado quando crimes graves são praticados por<br />
adolescentes. Por tais razões acredito na necessidade de<br />
uma punição mais rigorosa para os menores autores de<br />
crimes graves, como os considerados hediondos. Nesses<br />
casos, sim, sou a favor da redução.<br />
Revista Atual: Há uma porcentagem da população<br />
que acredita que o cerne de todo o problema da violência<br />
e da criminalidade no Brasil está numa legislação<br />
falha. As leis precisam ser alteradas para que as<br />
punições sejam justas?<br />
Dr. Guilherme Mello: Não entendo dessa forma. A meu<br />
ver, o problema da violência está, entre outras causas, na<br />
falta de investimento público nos serviços básicos, necessários<br />
a uma vida digna, e no descaso do Estado com a<br />
desigualdade social. É claro que a lei penal tem seus defeitos<br />
e deve ser melhorada, mas não vejo como o cerne<br />
da questão. Além disso, quando falamos em justiça nas<br />
punições, mais do que alterar as leis é preciso melhorar, e<br />
muito, nosso sistema penitenciário.<br />
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