Cap´ıtulo 2 Vetores — uma introduç˜ao geométrica ... - UFSCar
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Capítulo 2<br />
<strong>Vetores</strong> <strong>—</strong> <strong>uma</strong> introdução<br />
<strong>geométrica</strong><br />
Atividades com GeoGebra<br />
Mais Octave<br />
Palavras-chave: ponto, vetor, escalar, coordenada, segmento, segmentos equipo-<br />
lentes, soma de vetores, multiplicação de vetor por escalar, soma de ponto com vetor,<br />
módulo de vetor, vetores colineares, vetores coplanares, dependência linear de vetores,<br />
equação vetorial de reta, equação vetorial de plano, GeoGebra<br />
Vamos introduzir o conceito de vetor, as operações básicas de vetores, e um pouco<br />
sobre dependência linear, com as primeiras aplicações no equacionamento de retas e<br />
planos. Introduziremos também, junto com o texto, a utilização do programa GeoGebra,<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
além do Octave, como <strong>uma</strong> ferramenta para fixação dos conceitos geométricos em estudo,<br />
no caso plano.<br />
54
2.1 Grandezas escalares e grandezas vetoriais<br />
2.1.1 Grandezas escalares e sistema referencial em <strong>uma</strong> reta<br />
As grandezas escalares são conceitos que podem ser representados por números reais<br />
e que podem ser obtidos, ou não, por um processo de medição, com <strong>uma</strong> unidade fixada.<br />
Exemplos simples de grandezas escalares que podem ser encontradas na vida cotidiana<br />
são: distância entre dois pontos, comprimentos de segmentos e curvas, áreas, volumes,<br />
temperatura, densidade, e assim por diante.<br />
Então, quando se trata de grandezas escalares, trabalha-se que com números reais que<br />
as representam. Isto não significa que um número real sempre representa <strong>uma</strong> grandeza<br />
escalar, porém, um número real é chamado de escalar.<br />
Veja <strong>uma</strong> planilha do GeoGebra, com a distância entre os pontos A e B e a área do<br />
triângulo CDE calculados. Veja que são representados por números (escalares).<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Os números reais possuem <strong>uma</strong> representação <strong>geométrica</strong> por meio de <strong>uma</strong> reta, de<br />
55
maneira que haja <strong>uma</strong> correspondência entre os números reais e os pontos da reta. Isto<br />
se faz da seguinte maneira:<br />
Seja r <strong>uma</strong> reta qualquer. Sobre a reta, determine um ponto, chamado O. Este ponto<br />
determina duas semirretas. A escolha de <strong>uma</strong> das semirretas determina <strong>uma</strong> orientação<br />
da reta, isto é, chamando a semirreta escolhida de semieixo positivo, a semirreta oposta<br />
será chamada de semieixo negativo. A nomenclatura fica clara a partir da correspondência<br />
que se estabelece com os números reais como veremos a seguir.<br />
O<br />
Na figura acima, temos a representação de um sistema referencial para a reta r,<br />
formado por um ponto O sobre r e a escolha do semieixo positivo. N<strong>uma</strong> representação<br />
“horizontal” de <strong>uma</strong> reta, cost<strong>uma</strong>-se escolher como semieixo positivo a semirreta à direita<br />
de O. O sistema referencial é denotado por S = {O, x}, ou simplesmente, Ox.<br />
Suponhamos escolhida <strong>uma</strong> unidade de medida para o comprimento de segmentos por<br />
meio de um segmento fixado. Então, dado um ponto geométrico qualquer P sobre a reta,<br />
podemos medir a distância de P a O, como o comprimento do segmento OP, usando a<br />
unidade fixada. Ao ponto P associamos o número real xP, de modo que:<br />
• xP é a distância de P a O, se P estiver no semieixo positivo, sendo xP > 0<br />
• xP é 0 se P = O.<br />
• xP é oposto da distância de P a O, se P estiver no semieixo negativo, sendo xP < 0.<br />
Estamos estabelecendo <strong>uma</strong> correspondência entre os pontos da reta r e o conjunto<br />
dos números reais.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Reciprocamente, dado um número real x ∈ R, podemos associar um ponto geométrico<br />
Px sobre a reta r, de modo que:<br />
• Px está à distância x de O, à direita de O, se x > 0.<br />
x<br />
r<br />
56
• Px é o ponto O se x = 0.<br />
• Px está à distância |x| de O, à esquerda de O, se x < 0.<br />
Temos então <strong>uma</strong> correspondência biunívoca entre os pontos de <strong>uma</strong> reta e o conjunto<br />
dos números reais.<br />
−3 −2 −1 O 1 2 3 4 5 6 P x<br />
unidade<br />
Px = 10.28<br />
Na ilustração acima, lê-se a representação de alguns números inteiros, obtidos a partir<br />
do segmento-unidade fixado previamente. O ponto P na figura está associado ao número<br />
real Px = 10.28, n<strong>uma</strong> representação decimal com precisão de 2 casas decimais. Este<br />
número associado ao ponto P é chamado coordenada de P no sistema S = {O, x} da<br />
reta r. A coordenada x de um ponto pode ser um número inteiro, racional ou irracional.<br />
Está estabelecida <strong>uma</strong> correspondência biunívoca entre o conjunto dos pontos da reta<br />
r e o conjunto de números reais R.<br />
Observamos que, com esta representação <strong>geométrica</strong>, o módulo de um número real x<br />
é interpretado como o comprimento do segmento OP, onde P é o ponto geométrico que<br />
possui x como sua coordenada.<br />
Assim, |x| = x, se x ≥ 0 e |x| = −x, se x < 0.<br />
Exercício 1: Represente num sistema referencial de <strong>uma</strong> reta, pontos A e B que<br />
correspondem às coordenadas Ax = 3/7 e Bx = −8. Encontre a distância entre os<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
pontos A e B, usando propriedades do módulo.<br />
Exercício 2: No desenho sistema referencial anterior, como poderia construir <strong>uma</strong> re-<br />
presentação <strong>geométrica</strong> do ponto C = √ 2, podendo utilizar régua e compasso? (Obs:<br />
√<br />
m<br />
2 é um número irracional, isto é, não podemos escrevê-lo na forma , com m e n<br />
n<br />
57
inteiros, n = 0. Este número aparece naturalmente na diagonal de um quadrado de lado<br />
1.)<br />
2.1.2 Introdução às grandezas vetoriais<br />
Intuitivamente, usando exemplos da vida cotidiana, diz-se que as grandezas vetoriais<br />
são conceitos que precisam não apenas de um escalar para representá-los, mas também<br />
de direção e sentido.<br />
Um exemplo simples pode ser dado pelo conceito de velocidade de <strong>uma</strong> partícula que<br />
se desloca ao longo de <strong>uma</strong> curva.<br />
Supondo o caso simples da curva ser retilínea, considere um ponto A que se desloca<br />
em linha reta com velocidade de 4 km/h dirigindo-se a um ponto B situado sobre a reta.<br />
4 km/h<br />
A B<br />
Ao conceito de velocidade no ponto A está associado não apenas o número real 4<br />
(unidade = km/h), mas a direção da reta r(A, B) onde ocorre o deslocamento e o<br />
sentido de percurso. Considere outro ponto X se deslocando sobre a mesma reta, no<br />
mesmo sentido de percurso de A e com mesma taxa de variação do espaço percorrido em<br />
relação à unidade de tempo, 4 km/h no caso.<br />
4 km/h 4 km/h<br />
A X B<br />
Podemos dizer que A e X se deslocam à mesma velocidade.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Se o ponto X estiver se deslocando sobre a mesma reta, mas no sentido de B para<br />
A, a 4 km/h, não temos mais a mesma velocidade, mas sim, vetores velocidades com<br />
sentidos opostos, apesar de terem a mesma direção e a mesma intensidade.<br />
58
4 km/h 4 km/h<br />
A X B<br />
Agora, ainda considerando que A se desloca como descrito acima, se o ponto X<br />
estiver se deslocando a 4 km/h sobre <strong>uma</strong> reta r(C, D) paralela à reta r(A, B), temos<br />
que as velocidades têm a mesma intensidade e mesma direção (dizemos que retas paralelas<br />
definem a mesma direção), mas podem ter sentidos opostos ou iguais. Considere a reta<br />
passando por A e C: esta divide o plano contendo as duas retas paralelas em dois<br />
semiplanos. Suponha que o ponto D esteja no mesmo semiplano que B em relação à<br />
reta r(A, C). Então o sentido de A para B é o mesmo que de C para D e a velocidade<br />
de X será a mesma que a de A se o sentido for a mesma de C para D, e em sentidos<br />
opostos caso contrário.<br />
A<br />
C X<br />
4 km/h<br />
4 km/h<br />
O conceito de velocidade de deslocamento de <strong>uma</strong> partícula como <strong>uma</strong> grandeza<br />
vetorial, fica ainda mais claro, se considerarmos <strong>uma</strong> trajetória curvilínea.<br />
A<br />
X<br />
<br />
4 km/h<br />
4 km/h<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Vamos considerar, sobre <strong>uma</strong> trajetória curvilínea, os pontos A e X, ambos se deslo-<br />
cando a 4 km/h dirigindo-se para B, como na figura. Neste caso, o vetor velocidade em<br />
A e o vetor velocidade em X possuem em comum apenas o escalar 4 (km/h) que repre-<br />
B<br />
D<br />
B<br />
59
senta o seu valor numérico da sua intensidade mas não possuem a mesma direção. Sem<br />
direção em comum, nem se compara o sentido. A taxa de variação do vetor velocidade<br />
por unidade de tempo é sentida, neste caso, como o vetor aceleração normal, na direção<br />
normal à trajetória, que se estuda na Física.<br />
Outros exemplos de grandezas vetoriais que podem ser encontradas na vida cotidiana<br />
são: força, peso, campo elétrico, campo magnético, etc.<br />
Mas um exemplo mais natural de vetor aparece nas chamadas translações, quando<br />
deslocamos objetos de lugar. Quando levamos um objeto na posição A para <strong>uma</strong> posição<br />
B, estamos definindo um vetor deslocamento. Podemos aplicar o mesmo deslocamento<br />
num outro objeto, em outra posição, com o mesmo vetor deslocamento. Como exercício,<br />
desenhe dois pontos A e B num plano, e considere a translação (deslocamento) que<br />
leva A em B. Depois desenhe outro ponto X e imagine efetuando a mesma translação<br />
anterior, agora no ponto X. Onde deve ficar o ponto Y que representa X depois do<br />
deslocamento?<br />
Atividades com GeoGebra (1):<br />
• Desenhe 3 pontos A, B e C: selecione (novo ponto) na Barra de Ferramentas,<br />
e clique com o mouse nos locais de sua escolha, dentro da Área de Trabalho. Prova-<br />
velmente os pontos serão nomeados automaticamente, mas podemos renomeá-los<br />
(observação: o GeoGebra se recusará em nomear um ponto de X, como no exercício<br />
anterior).<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
• Volte à Barra de Ferramentas e selecione (vetor definido por dois pontos).<br />
Determine o vetor −→<br />
AB, clicando primeiro no ponto A e depois, no ponto B.<br />
• Agora, selecione (Transladar por um vetor), clique no ponto C e no vetor<br />
−→<br />
AB. Aparecerá um novo ponto, C ′ .<br />
60
• Defina o vetor −−→<br />
CC ′ utilizando novamente a ferramenta vetor definido por dois pon-<br />
−→<br />
tos. É verdade que AB = −−→<br />
CC ′ ?<br />
Selecione (relação entre dois elementos), clique sobre os dois vetores e veja<br />
a resposta!<br />
• Analise a posição do ponto C ′ com as ferramentas à sua disposição.<br />
• Selecione (Mover) e movimente os pontos A, B e C. Suas conclusões ante-<br />
riores dependem dos pontos?<br />
2.1.3 Representação de vetores por segmentos orientados<br />
Para representar geometricamente as grandezas vetoriais que ocorrem na vida real,<br />
os conceitos da geometria euclidiana no plano e no espaço fornecem os elementos ideais<br />
para estudar os vetores nestes ambientes. As propriedades matemáticas de vetores que<br />
são estudadas com as representações <strong>geométrica</strong>s permitem estender o conceito de vetor,<br />
posteriormente, para ambientes mais abstratos, chamados espaços vetoriais, que consti-<br />
tuem <strong>uma</strong> ferramenta essencial para o entendimento da Matemática e suas aplicações em<br />
outros ramos da Ciência.<br />
Neste primeiro momento, os ambientes dos vetores serão o plano e o espaço. O modelo<br />
geométrico para representar um vetor é dado pelo conceito de segmento orientado, como<br />
segue.<br />
Dados dois pontos quaisquer A e B, distintos, eles determinam a reta r(A, B), na qual<br />
distinguimos o segmento de reta AB. Estabelecendo um dos pontos, digamos A, como a<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
origem do segmento, o outro ponto B é a extremidade final, e tem-se determinado um<br />
sentido de percurso no segmento AB: de A para B.<br />
Diz-se que o segmento AB é orientado e denota-se por −→<br />
AB.<br />
61
segmento orientado −→<br />
AB<br />
A = origem<br />
r(A, B)<br />
B = extremidade final<br />
Este segmento possui um comprimento associado (um escalar), a direção da reta<br />
suporte r(A, B) e o sentido determinado pela escolha de A como origem e B como final.<br />
Dizemos então que o segmento orientado −→<br />
AB representa um vetor v e denotamos<br />
v = −→<br />
AB.<br />
A<br />
P<br />
v = −→<br />
AB<br />
B<br />
v = −→<br />
PQ<br />
r(A, B)<br />
r(P, Q)<br />
Se P é um outro ponto, podemos considerar a reta que passa por P e é paralela à reta<br />
r(A, B). Sobre esta reta, podemos considerar Q, ponto tal que o segmento orientado<br />
−→<br />
PQ tenha o mesmo comprimento de −→<br />
AB, a mesma direção (retas paralelas) e o mesmo<br />
sentido. Então −→<br />
PQ representa o mesmo vetor v.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Observação: Se P é um ponto da reta r(A, B), podemos tomar Q na própria reta, de<br />
modo que o segmento orientado −→<br />
PQ tenha o mesmo comprimento, direção e sentido de<br />
−→<br />
AB.<br />
Q<br />
62
Portanto, um vetor v é representado geometricamente por <strong>uma</strong> coleção de segmen-<br />
tos orientados que possuem em comum comprimento, direção e sentido. Os segmentos<br />
orientados que representam um determinado vetor são chamados equipolentes.<br />
Temos o conceito de vetor livre, no sentido que um vetor v não depende de um ponto<br />
inicial de um segmento orientado que o representa.<br />
Por outro lado, se v = −→<br />
AB e um ponto P é dado, existe um único ponto Q tal que<br />
v = −→<br />
PQ.<br />
A<br />
P<br />
v = −→<br />
AB<br />
B = A + −→<br />
AB = A + v<br />
v = −→<br />
PQ<br />
Q = P + v = P + −→<br />
PQ<br />
Denotamos então Q = P +v. Com esta notação, temos claramente que se v = −→<br />
AB,<br />
então B = A + v. Cada segmento orientado −−→<br />
CD que representa um vetor v tem origem<br />
fixada em C e extremidade D. Além disso, ABDC são vértices consecutivos de um<br />
paralelogramo (que pode ser degenerada em casos especiais, como quando A, B, C, D<br />
são alinhados).<br />
Outra notação muito utilizada, para o vetor v = −→<br />
AB é v = B −A, já que B = A+v.<br />
Nesses termos, se Q = P + v temos que Q − P = B − A = v. Veremos mais adiante<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
que esta notação será muito útil operacionalmente.<br />
Atividades com GeoGebra (2):<br />
• Determine 2 pontos A e B e defina o vetor u = −→<br />
AB usando a ferramenta vetor<br />
63
definido por dois pontos, como na atividade anterior, ou entrando com o comando<br />
“u = Vetor(A,B)”no Campo de Entrada (que se localiza abaixo da Janela de<br />
Álgebra e da Área de Trabalho).<br />
• Trace a reta por A e B, com a ferramenta (reta definida por 2 pontos).<br />
• Escolha mais um ponto e nomeie-o P. Para renomear um ponto, clique com o<br />
botão direito do mouse sobre o ponto e selecione Renomear.<br />
• Trace a reta paralela a r(A, B) por P, com a ferramenta (reta paralela).<br />
• Selecione a ferramenta (vetor a partir de um ponto) e clique sobre o ponto<br />
P e o vetor −→<br />
AB. Isto cria um ponto P ′ e um vetor −−→<br />
PP ′ . Observe que P ′ está na<br />
reta paralela a r(A, B) passando por P. Verifique que os vetores −→<br />
AB e −−→<br />
PP ′ são<br />
iguais.<br />
• Vá ao Campo de Entrada (abaixo da Janela de Álgebra e da Área de Trabalho) e<br />
digite “Q = P + Vetor(A,B)”.<br />
Observe que Q coincide com P ′ (veja na Janela de Álgebra e na Área de Trabalho).<br />
• Ainda no Campo de Entrada, digite “w = B - A”. Isto desenhará o vetor w = B−A<br />
a partir da origem (ponto (0, 0) da Área de Trabalho).<br />
Compare w com os vetores anteriormente criados.<br />
O que acontece se digitar simplesmente “ B - A” ou ainda, “C = B - A”? Ex-<br />
perimente! (As notações do GeoGebra são semelhantes às notações utilizadas no<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
cotidiano da Geometria, onde letras maiúsculas denotam pontos, e as minúsculas,<br />
retas, segmentos, vetores <strong>—</strong> ainda sem flecha)<br />
• Mova os pontos A, B e P com o mouse e observe a dinâmica do movimento.<br />
64
2.2 Sistema de coordenadas e operações com ve-<br />
tores<br />
2.2.1 Sistema de coordenadas cartesianas no plano<br />
Um par de retas perpendiculares no plano com ponto de intersecção O constitui um<br />
referencial cartesiano do plano denotado por<br />
y<br />
+<br />
O<br />
<br />
+<br />
x<br />
S = {O, x, y}<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
65<br />
quando cada <strong>uma</strong> das retas se constitui<br />
um referencial (de reta) com origem em<br />
O, em que um sentido é estabelecido com<br />
a escolha do semieixo positivo a partir do<br />
ponto O.<br />
O ponto O de intersecção das retas é chamado origem do sistema. Denotamos por<br />
Ox e Oy as retas perpendiculares em O que serão chamados de eixos cartesianos.<br />
Dado um sistema cartesiano<br />
O<br />
<br />
y<br />
v<br />
P<br />
w<br />
<br />
Q<br />
gem em O.<br />
Temos <strong>uma</strong> correspondência biunívoca bem definida<br />
v ←→ P ←→<br />
x<br />
S = {O, x, y} temos <strong>uma</strong> origem prefe-<br />
rencial fixada e então, dado um vetor v<br />
(livre) teremos um único ponto P do plano<br />
tal que −→<br />
OP = v.<br />
Reciprocamente, dado um ponto Q do<br />
plano, ele determina o segmento orientado<br />
−→<br />
OQ que representa um vetor w, com ori-<br />
−→<br />
OP<br />
vetor livre ←→ ponto do plano ←→ segmento orientado com origem O
Seja P um ponto no plano com um re-<br />
ferencial cartesiano.<br />
Por P tracemos retas perpendiculares<br />
aos eixos Ox e Oy respectivamente, deter-<br />
minando pontos de intersecção P ′ e P ′′ , res-<br />
pectivamente.<br />
A escolha de um referencial no eixo Ox, determinada pela escolha de <strong>uma</strong> das se-<br />
mirretas, localiza o ponto P ′ , projeção ortogonal de P sobre Ox, de modo que podemos<br />
associar a este ponto um número real a. Este número a representa essencialmente o<br />
comprimento do segmento OP ′ , medido na unidade fixada no referencial, com sinal po-<br />
sitivo ou negativo, conforme a posição de P ′ no eixo Ox esteja na semirreta positiva ou<br />
negativa.<br />
Analogamente, associamos ao ponto P ′′ , projeção de P sobre Oy, um número real b,<br />
que representa o comprimento do segmento OP ′′ , segundo a unidade fixada no eixo Oy,<br />
e com sinal positivo ou negativo, conforme P ′′ esteja localizado na semirreta positiva ou<br />
negativa do eixo Oy.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Para identificar a ordem com que associamos os números a essas projeções, denotamos<br />
por (a, 0) e (0, b) as respectivas coordenadas dos pontos P ′ e P ′′ sobre os eixos cartesianos.<br />
P ′′<br />
b<br />
O<br />
<br />
<br />
y<br />
v<br />
a<br />
P<br />
<br />
P ′<br />
x<br />
66
Ao ponto P associamos então o par<br />
ordenado de números reais (a, b), onde a<br />
é chamado abscissa de P e b é chamado<br />
de ordenada de P, sendo (a, 0) e (0, b)<br />
as coordenadas das projeções P ′ e P ′′ .<br />
v ←→ (a, b)<br />
P = (a, b)<br />
P ′ = (a, 0)<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
y<br />
P ′′ = (0, b)<br />
Assim, temos <strong>uma</strong> correspondência entre os pontos do plano e o conjunto de pares<br />
ordenados de números reais (P ←→ (a, b)). Voltando à correspondência entre vetores do<br />
plano e pontos do plano, temos:<br />
É claro que O ↔ (0, 0).<br />
O<br />
v ←→ −→<br />
OP ←→ P ←→ (x, y)<br />
Vamos observar agora que os pontos P ′ e<br />
P ′′ também determinam vetores: −−→<br />
OP ′ e<br />
−−→<br />
OP ′′ .<br />
<br />
<br />
b<br />
<br />
<br />
O<br />
y<br />
P ′′<br />
−−→<br />
OP ′′<br />
a<br />
v<br />
−−→<br />
OP ′<br />
<br />
<br />
P<br />
<br />
P ′<br />
x<br />
x<br />
67
Também observamos as igualdades −−→<br />
P ′ P = −−→<br />
OP ′′ e −−→<br />
P ′′ P = −−→<br />
OP ′ .<br />
O<br />
<br />
y<br />
P<br />
<br />
′′<br />
−−→<br />
OP ′′<br />
v<br />
P<br />
<br />
−−→<br />
P ′ P<br />
P ′<br />
x<br />
O<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
<br />
y<br />
P<br />
<br />
′′<br />
−−→<br />
P ′′ P<br />
v<br />
−−→<br />
OP ′<br />
Assim, o ponto P = O + v é extremidade também como P ′′ + −−→<br />
OP ′ e P ′ + −−→<br />
OP ′′ .<br />
Isto sugere a regra do paralelogramo para a adição de vetores. De fato, podemos ver<br />
a decomposição do vetor v = −→<br />
OP como soma de vetores v = −→<br />
OP = −−→<br />
OP ′ + −−→<br />
P ′ P onde o<br />
segmento OP é a diagonal do paralelogramo (no caso, um retângulo) OP ′ PP ′′ .<br />
Em coordenadas, esta situação <strong>geométrica</strong> corresponde a<br />
Atividade com GeoGebra (3):<br />
v = (a, b) = (a, 0) + (0, b)<br />
= −→<br />
OP = −−→<br />
OP ′ + −−→<br />
OP ′′<br />
• No Campo de Entrada, digite “O = (0,0)”. Isto criará o ponto O = (0, 0).<br />
Para que ninguém altere o ponto O de lugar, vamos fixar o ponto (clique com o<br />
botão direito do mouse sobre o ponto O, selecione Propriedades e depois, Fixar<br />
objeto.<br />
• Escolha um ponto P. Por exemplo, P = (3, 4). Vá ao Campo de Entrada e digite<br />
“P = (3,4)”. Isto cria o ponto P = (3, 4) na Área de Trabalho e Janela de<br />
Álgebra, mostrando a correspondência P ←→ (3, 4).<br />
P<br />
<br />
P ′<br />
x<br />
68
• No Campo de Entrada, digite “v = Vetor[O,P]”. Será desenhado o vetor v = −→<br />
OP<br />
na Área de Trabalho ao mesmo tempo que na Janela de Álgebra aparece escrito “v<br />
= (3,4)”, mostrando a correspondência −→<br />
OP ←→ (3, 4).<br />
• Agora vamos criar os pontos P ′ e P ′′ no eixos Ox e Oy. Podemos fazer isso por<br />
coordenadas (1), ou usando o perpendicularismo dos eixos de coordenadas (2).<br />
1. No Campo de Entrada, digite “P’ = (x(P),0)” e “P’’ = (0, y(P))”.<br />
No Geogebra, x(P) e y(P) são as coordenadas do ponto P.<br />
2. Selecione a ferramenta (reta perpendicular), e trace a reta por P,<br />
perpendicular ao eixo Ox. Selecione (Ponto de intersecção) e encontre<br />
a intersecção dessa reta com o eixo Ox. Renomeie o ponto por P ′ . Repita a<br />
operação para obter P ′′ no eixo Oy.<br />
• Crie os vetores −−→<br />
OP ′ , −−→<br />
OP ′′ , −−→<br />
P ′ P e −−→<br />
P ′′ P usando ferramentas ou comandos.<br />
Quais são iguais? Quando iguais, quais as propriedades <strong>geométrica</strong>s entre os seg-<br />
mentos orientados?<br />
• Obtenha w = −−→<br />
OP ′ + −−→<br />
OP ′′ , digitando no Campo de Entrada, “w = Vetor(O,P’)<br />
+ Vetor(O,P’’)”. Compare com −→<br />
OP.<br />
A correspondência entre P = (x, y) e o vetor −→<br />
OP = (x, y) é clara no Octave, onde<br />
não há distinção para entrada de ponto ou vetor. Veja o exemplo acima no Octave:<br />
Comandos no Octave<br />
O = [0 0] % definindo a origem O=(0,0)<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
P = [3 4] % definindo o ponto P=(3,4)<br />
u = P - O % u = vetor(O,P) = (3,4)<br />
P1 = [P(1) 0] % Obs: n~ao usamos a notaç~ao P’ pois no Octave,<br />
% transpomos matrizes com a apóstrofe ’<br />
69
P2 = [0 P(2)] % P(1) e P(2) s~ao as coordenadas de P<br />
u1 = P1 - O % = vetor(O,P1)<br />
u2 = P2 - O % = vetor(O,P2)<br />
u1 + u2 % = u = vetor(O,P)<br />
P1 + P2 % o resultado é P identificado com vetor(O,P)<br />
P - P1 % P2, identificado com vetor(O,P2)<br />
P - P2 % P1, identificado com vetor(O,P1)<br />
Para entender melhor a corres-<br />
pondência entre representação <strong>geométrica</strong><br />
de vetores e suas coordenadas, considere-<br />
mos a seguinte situação:<br />
Seja v = −→<br />
OP um vetor dado.<br />
...<br />
Sejam P = (a, b) as coordenadas do<br />
ponto P e portanto, do vetor v, e um<br />
A<br />
ponto A = (x, y) qualquer.<br />
P ′<br />
v<br />
C<br />
x<br />
O<br />
Então teremos um único ponto B tal que −→<br />
AB = v, isto é, o segmento orientado com<br />
origem A e extremidade B, de modo que B = A + v.<br />
Vemos claramente na ilustração que −→<br />
AB = −→<br />
AC+ −→ −→ −−→ ′ −→ −−→ ′′<br />
CB, onde AC = OP e CB = OP<br />
Logo, as coordenadas de B são dadas por: B = A+v = (x, y)+(a, b), onde se torna<br />
natural efetuar a adição coordenada a coordenada, isto é, B = (x + a, y + b).<br />
Em geral, se v = −→<br />
AB, temos B = A + v e, se B = (Bx, By) e A = (Ax, Ay) são as<br />
P<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
coordenadas dos pontos B e A, então as coordenadas de v são dadas por<br />
v = B − A = (Bx, By) − (Ax, Ay) = (Bx − Ax, By − Ay).<br />
Daí, a notação v = B − A para o vetor v = −→<br />
AB.<br />
P ′′<br />
y<br />
B<br />
v<br />
70
Exemplo: v = (−1, 3) e A = (2, 1) encontrar as coordenadas do ponto B tal que<br />
−→<br />
AB = v.<br />
P<br />
−1<br />
v<br />
1<br />
y<br />
3<br />
O<br />
Atividades com GeoGebra (4):<br />
B<br />
v<br />
2<br />
A<br />
x<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
71<br />
O ponto P = (−1, 3) é a extremidade do<br />
segmento orientado −→<br />
OP que representa o ve-<br />
tor v = (−1, 3) no sistema.<br />
B = A + v implica que as coordenadas de<br />
B(x, y), satisfazem<br />
(x, y) = (2, 1) + (−1, 3) = (2 − 1, 1 + 3) =<br />
(1, 4).<br />
• Escolha um ponto A, por exemplo, P = (2, 1), e crie no GeoGebra, digitando “ A<br />
= (2,1)” no Campo de Entrada.<br />
• Escolha um vetor v, por exemplo, v = (2, 1). No Campo de Entrada, digite “v =<br />
(-1,3)”. Observe que a diferença com a entrada anterior é a letra minúscula no<br />
nome. Isto leva o GeoGebra a interpretar que (−1, 3) é um vetor, e desenha-o com<br />
origem em (0, 0) e final em P = (−1, 3). Tente desenhar o ponto P utilizando<br />
somente o Campo de Entrada.<br />
• Obtenha B = A + v. No Campo de Entrada, basta digitar “B = A+v”. Com<br />
a Barra de Ferramentas, basta utilizar (vetor a partir de um ponto) ou<br />
(transladar por um vetor) e clicar no ponto A e no vetor v. Neste último<br />
caso, o ponto criado será nomeado A ′ em vez de B.<br />
• Qual o resultado de digitar “w = B-A”? E “u = Vetor[A,B]”? E “B - A”?<br />
• Selecione a ferramenta Mover e movimente tudo que for possível. Veja a diferença<br />
entre os chamados Objetos livres (A e v, neste exemplo) e Objetos dependentes.
No Octave, podemos efetuar também estes cálculos em coordenadas. Neste caso,<br />
não há distinção no tratamento de vetor e ponto. Vamos também obter alguns desenhos<br />
iniciais, obtendo os pontos e ligando, utilizando o comando plot(X,Y).<br />
%<br />
O = [0 0] % O = (0,0)<br />
Comandos no Octave<br />
P = [-1 3] % P = (-1,3)<br />
A =[2 1] % A = (2,1)<br />
v = P - O % v = vetor(O,P)<br />
B = A + v % B é tal que B -A = v<br />
B - A % = v<br />
% Vamos desenhar o segmento AB<br />
plot([A(1) B(1)], [A(2),B(2)])<br />
% Agora vamos definir outro vetor, em outra direç~ao,<br />
w = [2 4]<br />
% e encontrar mais um ponto no plano<br />
C = B + w<br />
% Vamos desenhar o tri^angulo ABC (poligonal fechada ABCA)<br />
plot([A(1) B(1) C(1) A(1)], [A(2),B(2) C(2) A(2)])<br />
% Agora vamos definir mais um ponto.<br />
D = A + w<br />
% e desenhar o quadrilátero ABCD<br />
plot([A(1) B(1) C(1) D(1) A(1)], [A(2),B(2) C(2) D(2) A(2)])<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
% O mesmo desenho, utilizando matrizes<br />
M = [A;B;C;D;A]<br />
% M = matriz cujas linhas s~ao as coordenadas dos pontos<br />
X = M(:,1) % lista das primeiras coordenadas dos pontos<br />
72
Y = M(:,2) % lista das segundas coordenadas dos pontos<br />
plot(X,Y)<br />
2.2.2 Sistema de coordenadas cartesianas no espaço<br />
x<br />
O<br />
z<br />
...<br />
Ainda utilizando o conceito geométrico de segmentos orientados, podemos representar<br />
os vetores do espaço por meio de um referencial contituído de 3 retas perpendiculares<br />
entre si com um ponto em comum O, com um sentido escolhido em cada um dos eixos.<br />
Notação: S = {O, x, y, z}.<br />
Os eixos Ox, Oy e Oz são chamados eixos coordenados. Os planos: Oxy (contendo<br />
os eixos Ox e Oy), Oxz (contendo os eixos Ox e Oz) e Oyz (contendo Oy e Oz), são<br />
chamados planos coordenados.<br />
De maneira análoga a que foi feita no plano, os vetores livres serão representados<br />
através de segmentos orientados com origem natural O, determinando de maneira única<br />
pontos no espaço. Temos <strong>uma</strong> correspondência biunívoca<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
v ←→ −→<br />
OP ←→ P<br />
Dado um ponto P ( e portanto o vetor v = −→<br />
OP), a projeção ortogonal de P sobre o<br />
plano Oxy determina de maneira única um ponto ¯ P.<br />
y<br />
73
x<br />
P ′<br />
•<br />
z<br />
P ′′′<br />
•<br />
O<br />
v<br />
O ponto ¯ P está a <strong>uma</strong> distância do ponto P, que medida em <strong>uma</strong> unidade fixada,<br />
fornece <strong>uma</strong> coordenada z na direção do eixo Oz, em que o sinal é tomado como positivo<br />
ou negativo, conforme P esteja no semiespaço (determinado pelo plano Oxy) que contém<br />
o semieixo positivo ou negativo do eixo Oz.<br />
O ponto ¯ P pertence ao plano Oxy em que já existe um sistema cartesiano, de modo<br />
que podemos associar a ¯ P as coordenadas das projeções ortogonais de ¯ P sobre os eixos<br />
•P<br />
•<br />
¯P<br />
P ′′<br />
•<br />
Ox e Oy, respectivamente, dados pelos pontos P ′ e P ′′ como na figura.<br />
Observemos que geometricamente temos um paralelepípedo com três arestas contidas<br />
nos eixos Ox, Oy e Oz, com vértices em O e os pontos P ′ , P ′′ e P ′′′ , respectivamente.<br />
Associando as coordenadas naturais destes pontos sobre os eixos temos: P ′ = (x, 0, 0),<br />
P ′′ = (0, y, 0) e P ′′′ = (0, 0, z).<br />
Temos −→<br />
OP = −→<br />
O ¯ P + −→<br />
¯PP, em que −→<br />
O ¯ P = −−→<br />
OP ′ + −−→<br />
OP ′′ e −→<br />
¯PP = −−→<br />
OP ′′′ , isto é, −→<br />
OP<br />
é representado que é a diagonal do paralelepípedo como na figura. Temos então as<br />
coordenadas do ponto P (e portanto do vetor v = −→<br />
OP) no espaço como<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
P = (x, y, z) = (x, 0, 0) + (0, y, 0) + (0, 0, z),<br />
onde novamente verificamos a operação natural de soma de coordenadas.<br />
Assim temos a correspondência v ←→ P ←→ (x, y, z) entre vetores no espaço e<br />
ternas ordenadas de números reais.<br />
y<br />
74
Exercícios<br />
1. Represente geometricamente o vetor v = (2, 3, −3) num sistema cartesiano. Dado<br />
A = (1, −1, 0) encontre B tal que B = A + v.<br />
2. Sejam os pontos A = (1, 2, −3) e B = (2, 3, 0). Represente geometricamente o<br />
vetor v = −→<br />
AB num sistema cartesiano, a partir da origem. Dado P = (5, −1, 0)<br />
encontre Q tal que Q = P + v.<br />
3. Sejam o A = (1, 2, −3) e os vetores v1 = (3, 4, 1), v2 = (−2, 1, 0). Obtenha os<br />
pontos B = A + v1, C = B + v2 e D = A + v2. Observe que ABCD é um<br />
paralelogramo.<br />
Observação: Todas as considerações feitas para vetores no plano são válidas para vetores<br />
no espaço, e não vamos repetir aqui.<br />
Podemos generalizar os cálculos e figuras obtidas no caso plano do Octave para o<br />
espaço. A versão espacial do plot(X,Y) é o plot3(X,Y,Z).<br />
A = [1 2 -3]<br />
v1 = [3,4,1] %<br />
v2 = [-2,1,2]<br />
B = A + v1<br />
C = B + v2<br />
D = A + v2<br />
% Teste alg<strong>uma</strong>s igualdades:<br />
Exemplo no Octave<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
A + (v1+v2) % = C<br />
D + v1 % = C<br />
B - A % = v1<br />
% Para desenhar o segmento AB:<br />
75
plot3([A(1) B(1)], [A(2) B(2)], [A(3) B(3)])<br />
% Para desenhar o tri^angulo ABC (ABCA, para fechar<br />
plot3([A(1) B(1) C(1) A(1)], [A(2) B(2) C(2) A(2)],<br />
% Para desenhar outra figura junto com a atual:<br />
hold on<br />
[A(3) B(3) C(3) A(3)])<br />
% Para desenhar ABCD, usando matrizes para generalizar<br />
M = [A;B;C;D;A] % M = matriz cujas linhas s~ao A,B,C,D,A<br />
X = M(:,1) % X = lista contendo A(1),B(1),C(1),D(1),A(1)<br />
Y = M(:,2) % Y contendo as segundas coordenadas<br />
Z = M(:,3) % Z contendo as terceiras coordenadas<br />
plot3(xx,yy,zz) % desenho de ABCD (um paralelogramo)<br />
...<br />
Observamos que o software GeoGebra a que referimos trabalha no plano (o GeoGe-<br />
bra3D está em desenvolvimento pelo mesmo autor). Mas podemos construir <strong>uma</strong> visão<br />
tridimensional, projetando o espaço no plano. Existem muitos tipos de projeções do plano<br />
no espaço, mas vamos trabalhar aqui com um exemplo tecnicamente bastante simples<br />
chamada Perspectiva Cavaleira, que é muito utilizada em sala de aula.<br />
Veja o desenho de um cubo nesta per-<br />
pectiva de aresta 3, tendo 3 faces nos planos<br />
coordenados:<br />
k<br />
j<br />
O<br />
i<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
<br />
<br />
Nas atividades abaixo, vamos recordar os conceitos da definição do sistema de coor-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
76
denadas cartesianas no espaço.<br />
Atividades com GeoGebra (5):Construção de <strong>uma</strong> representação 3D<br />
do ponto P = (px, py, pz)<br />
• Vamos escolher a origem do espaço O = (0, 0, 0) e desenhá-lo na origem do sistema<br />
plano do Geogebra:<br />
Entre com o comando “O=(0,0)”. Selecione fixar objeto, para aproveitar os eixos.<br />
• Vamos determinar os eixos coordenados Ox, Oy e Oz a partir do ponto O escolhido,<br />
determinando primeiro a posição dos vetores ı = (1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k =<br />
(0, 0, 1) na projeção 2D. Para o desenho ficar próximo da representação do professor<br />
na sala de aula, sugerimos as seguintes entradas no Campo de Entrada:<br />
“j=(1,0)” para desenhar j sobre o eixo das abscissas da Área de Trabalho,<br />
“k=(0,1)” para desenhar k sobre o eixo das ordenadas da Área de Trabalho,<br />
“i=(-.5,-.5)” para desenhar ı (<strong>uma</strong> sugestão, para a perspectiva).<br />
• Vamos desenhar também o ponto I = (1, 0, 0) nessa representação, digitando<br />
“I=O+i”.<br />
O ponto I será utilizado para desenhar a reta por O e I, simulando o eixo Ox do<br />
espaço, a seguir:<br />
• Selecione (reta por dois pontos) e clique sobre O e I. Este será o eixo Ox.<br />
• Vamos acrescentar alguns pontos a mais de referência no eixo Ox, escrevendo no<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Campo de Entrada: “I 2=O+2*i” para desenhar I2 = (2, 0, 0) sobre o eixo Ox,<br />
“I 3=O+3*i” para desenhar I3 = (3, 0, 0),<br />
“I 4=O+4*i” para desenhar I4 = (4, 0, 0), e assim por diante (aqui, estamos adi-<br />
antando que n ∗ (1, 0, 0) = (n, 0, 0), da multiplicação de vetor por escalar).<br />
77
Para que estes pontos não chamem muita atenção, diminua o tamanho do círculo,<br />
entrando em suas Propriedades, Estilo e selecionando um Tamanho menor.<br />
• Vamos considerar um ponto P = (px, py, pz) = (2, 3, 4). Entramos no GeoGebra<br />
as coordenadas, separadamente, para construir o ponto. Se não quiser utilizar a<br />
geometria dinâmica, para alteração posterior do ponto via mouse, basta digitar no<br />
Campo de Entrada: “px= 2”, “py= 3” e “pz= 4”.<br />
Para aproveitar a dinâmica, utilize a ferramenta (Seletor), posicionando o<br />
seletor num local de sua preferência. Renomeie o seletor para px, para escolher com<br />
o mouse a coordenada px. O mesmo para py e pz. Nas propriedades do seletor,<br />
pode-se escolher a variação, o passo da variação, entre outras coisas.<br />
• Agora vamos desenhar as projeções de P nos eixos coordenados, Px = (px, 0, 0),<br />
Py = (0, py, 0), Pz = (0, 0, pz), digitando:<br />
“Px= O + px*i”, “Py= O + py*j” e “Pz= O + pz*k”. (aqui também adian-<br />
tamos a multiplicação de vetor por escalar, em casos especiais: px ∗ (1, 0, 0) =<br />
(px, 0, 0), py ∗(0, 1, 0) = (0, py, 0) e pz ∗(0, 0, 1) = (0, 0, pz), para px, py, pz ∈ R).<br />
• Agora, as projeções Pxy, Pyz e Pxz de P nos planos coordenados Oxy, Oyz e<br />
Oxz, respectivamente:<br />
“Pxy= Px + py*j”, “Pyz= Py + pz*k” e “Pxz= Px + pz*k”.<br />
Exercício: Descubra outras maneiras de definir estes mesmos pontos.<br />
• E finalmente, o ponto P: “P= Pxy+pz*k”.<br />
Exercício: Experimente “P= O + (px*i+py*j+pz*k)”, “P= Pyz + px*i”, ...<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
• Para melhorar a visualização espacial, vamos desenhar as arestas do paralelepípedo<br />
que tem −→<br />
OP na diagonal, com opção de linha tracejada:<br />
Para cada segmento, selecione a ferramenta (Segmento definido por dois<br />
78
pontos) e clique nas extremidades. Isto criará um segmento em linha cheia, com<br />
rótulo. Altere as propriedades de um dos segmentos, de forma desejada. A alteração<br />
dos outros segmentos pode ser feita em série, utilizando a ferramenta (Copiar<br />
estilo visual).<br />
Com mais alg<strong>uma</strong>s alterações, obtemos:<br />
Este processo de se criar <strong>uma</strong> “caixa” para cada ponto P = (x, y, z) pode ser trans-<br />
formada n<strong>uma</strong> “macro” ou ferramenta.<br />
Observe que estamos utilizando transformações do espaço no plano, em que retas são<br />
levadas em retas, mantendo-se as proporções entre seus segmentos, isto é, dois segmentos<br />
AB e CD sobre <strong>uma</strong> reta r são levados em dois segmentos A ′ B ′ e C ′ D ′ de <strong>uma</strong> reta r ′ ,<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
sendo que a proporção entre AB e CD é a mesma entre A ′ B ′ e C ′ D ′ . Eventualmente<br />
<strong>uma</strong> reta pode se degenerar num ponto. Além disso, esta transformação preserva as<br />
grandezas de figuras paralelas ao plano Oyz, incluindo ângulos.<br />
• Continuando, o vetor v = −→<br />
OP definido por P, tem as mesmas coordenadas do<br />
79
ponto P = (2, 3, 4). Para desenhar o vetor v, tendo-se O e P podemos escrever<br />
“v=Vetor(O,P)”, ou utilizar a ferramenta Vetor definido por 2 pontos.<br />
• Escolha mais um ponto, A = (3, 4, −2), por exemplo. Desenhe a caixa do ponto<br />
A, como no ponto P.<br />
Lembre-se: Ax = O + 3ı, Ay = O + 4j e Az = O − 2 k, Axy = Ax + 4j, ...<br />
• Encontre a caixa do ponto B, tal que −→<br />
AB = v. Quais as coordenadas de B no<br />
espaço?<br />
x<br />
<br />
i<br />
<br />
z<br />
k<br />
<br />
<br />
O<br />
j<br />
v<br />
<br />
P<br />
<br />
2.2.3 Adição de vetores<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
A<br />
<br />
<br />
v ′<br />
<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Na definição de sistemas de coordenadas, tanto no plano como no espaço, já começamos<br />
a trabalhar com somas de vetores para alguns casos especiais, como v = −→<br />
OP = −−→<br />
OP ′ + −−→<br />
OP ′′<br />
no caso plano, onde O é a origem do sistema de coordenadas, e P ′ , P ′′ as projeções de P<br />
nos eixos Ox e Oy, respectivamente. Vamos agora à definição geral de adição de vetores.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
B<br />
<br />
<br />
y<br />
80
A adição de vetores v e w é representada geometricamente da seguinte forma:<br />
v<br />
w<br />
A<br />
v<br />
w<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
B<br />
v + w<br />
se v = −→<br />
AB e w = −→<br />
AC então v + w = −→<br />
AD, onde AD é a diagonal do paralelogramo<br />
ABDC.<br />
É a regra do paralelogramo.<br />
Observe que −→<br />
AD = −→<br />
AB + −→<br />
AC = −→<br />
AB + −−→<br />
BD e também que D = A + (v + w).<br />
Em coordenadas do plano, suponha que v = (a, b), w = (c, d) e A = (x, y). Então<br />
B = (x+a, y +b) e D = B + w = ((x+a)+c, (y +b)+d) = (x+(a+c), y +(b+d)),<br />
donde concluímos que v + w = D − A = (a + c, b + d).<br />
Assim, v + w = (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d).<br />
<br />
No espaço, temos analogamente que (a, b, c) + (d, e, f) = (a + d, b + e, c + f).<br />
v = [1 2 3]<br />
w = [-2 3 1]<br />
v<br />
Exemplo no Octave<br />
v + w % ans = [-1 5 4]<br />
z = [3 -4] + [0 1] % z = [3 -3]<br />
...<br />
Exercício 1: Dados v = (4, 3) e w = (−5, 6) encontre v+ w e represente-o no sistema<br />
cartesiano. Dado A = (10, 2), encontre os vértices B, C e D do paralelogramo tal que<br />
−→<br />
AB = v, −→<br />
AC = w e −→<br />
AD = v + w. Represente graficamente no sistema cartesiano.<br />
Solução: Temos v + w = (4, 3) + (−5, 6) = (4 − 5, 3 + 6) = (−1, 9). Agora, dado<br />
A = (1, 1), como −→<br />
AB = v, temos que B = A + v = (10, 2) + (4, 3) = (14, 5); como<br />
−→<br />
AC = w, temos que C = A + w = (10, 2) + (−5, 6) = (5, 8); e como −→<br />
AD = v + w,<br />
w<br />
C<br />
D<br />
v+w<br />
81
D = A+v+ w = (10, 2)+(−1, 9) = (9, 11). Veja as representações no plano cartesiano,<br />
dos vetores na origem e do paralelogramo ABCD, obtidas no GeoGebra.<br />
−6<br />
Q<br />
<br />
w<br />
−4<br />
−2<br />
12<br />
10<br />
R<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
−2<br />
Vetor nulo e vetor oposto:<br />
<br />
v<br />
2 4 6 8 10 12 14 16<br />
Um ponto representa um segmento que possui as extremidades coincidentes.<br />
C<br />
P<br />
<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
w ′<br />
D<br />
<br />
A<br />
v ′<br />
B<br />
82<br />
É claro<br />
que tal “segmento”possui comprimento nulo e não possui direção definida. Dizemos que<br />
o ponto representa o vetor nulo e denotamos por 0.<br />
No plano, quando um sistema cartesiano S = {O, x, y} está fixado, a origem O é o<br />
representante natural do vetor nulo 0 que possui portanto coordenadas (0, 0). Se P =<br />
(x, y) é um ponto qualquer, o vetor nulo com origem em P é dado por 0 = −→<br />
PP = P −P,<br />
pois a extremidade coincide com o próprio P.<br />
Logo 0 = (0, 0) = (x, y) − (x, y) = (x, y) + (−x, −y).<br />
Analogamente, temos 0 = (0, 0, 0) no espaço.<br />
O ponto ¯ P = (−x, −y) é o simétrico de P = (x, y) em relação a O = (0, 0) no plano<br />
e determina o vetor −v = −→<br />
O ¯ P, que satisfaz v + (−v) = 0. Este vetor, −v, é chamado
oposto de v = (x, y). Analogamente, se v = (x, y, z) no espaço, −v = −(x, y, z) =<br />
(−x, −y, −z) é o seu oposto.<br />
<br />
<br />
<br />
¯P<br />
−v<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
k<br />
O<br />
i<br />
v<br />
j<br />
<br />
O vetor v e seu oposto se relacionam da seguinte forma:<br />
0 = −→<br />
OP + −→<br />
PO = −→<br />
OP + −→<br />
O ¯ P<br />
= v + −→<br />
PO = v +(−v)<br />
<br />
<br />
<br />
P<br />
0 = (0, 0, 0)<br />
v = (2, 3, 4)<br />
−v = (−2, −3, −4)<br />
Além disso, dados dois pontos A e B, se v = B − A então −v = A − B. Ou seja,<br />
−(B − A) = A − B. Também utilizamos a notação v + (−w) = v − w.<br />
oposto, no plano<br />
Atividades com GeoGebra (6): Adição de vetores, vetor nulo e vetor<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
• Escolha dois pontos A e B quaiquer. Use a Barra de Ferramentas ou a Campo de<br />
Entrada.<br />
• No Campo de Entrada, digite “v = B-A” para obter v = B −A, desenhado a partir<br />
<br />
<br />
83
da origem.<br />
• Obtenha u = −v desenhado a partir da origem, digitando u = −v.<br />
• Selecione a ferramenta Vetor definido por 2 pontos e clique primeiro em B e depois<br />
em A. O que aparece na Janela de<br />
definir? Compare com u.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
84<br />
Álgebra com o nome do vetor que acaba de<br />
• Escolha mais um ponto P e outro vetor w. Desenhe v + w e v − w = v + (−w) a<br />
partir da origem.<br />
• Obtenha os pontos Q = P + v, R = P + w e S = P + (v + w), digitando no<br />
Campo de Entrada: “Q=P+v”, “R = P+w” e “S=P+v+w”, respectivamente. Quais<br />
são as outras maneiras de obter os mesmos pontos?<br />
• Obtenha v − w com os pontos P, Q, R e S.<br />
• Trace as retas r = r(P, Q) e s = r(P, R). Agora, selecione a ferramenta<br />
(reta paralela) e clique em R e r para obter a reta que passa por R e é paralela a<br />
r. Renomeie-a como r ′ . Analogamente, desenhe a reta s ′ por Q e paralela a s.<br />
• Comprove que S está na intersecção de r ′ e s ′ , donde se conclui que PQSR é um<br />
paralelogramo.<br />
• Altere os objetos independentes com o mouse e veja que as propriedades das cons-<br />
truções se mantém, exceto quando v e w ficam alinhados e o paralelogramo se<br />
degenera.<br />
Exercícios<br />
1. Considere <strong>uma</strong> sequência de pontos, P1, P2, ..., Pn. Sejam v1 = −−−→<br />
P1, P2, v2 =<br />
−−−→<br />
P2, P3, ..., vn = −−−→<br />
Pn, P1. Qual o resultado da soma v1 +v2 + · · · +vn? (Resp: 0)
2. Considere vetores v1, v2, ..., vn. Obtenha w tal que w +v1 +v2 + · · · +vn = 0.<br />
(Resp: −(v1 + v2 + · · · + vn) = −v1 − v2 − · · · − vn)<br />
3. Sejam A = (1, 2, −3), B = (3, −2, 0) e C = (−2, 5, 3). Obtenha o vértice D do<br />
paralelogramo ABDC. Determine os vetores com as direções das diagonais do<br />
paralelogramo.<br />
2.2.4 Módulo de um vetor<br />
Por definição, módulo de um vetor v, denotado por |v| ou ||v||, é o comprimento<br />
de um segmento orientado −→<br />
AB que o representa. Logo, ||v|| ≥ 0 e ||v|| = 0 quando e<br />
somente quando v = 0.<br />
Em coordenadas,<br />
• Se v = (a, b) então ||v|| = √ a 2 + b 2 (no plano) e se v = (a, b, c) então ||v|| =<br />
√ a 2 + b 2 + c 2 (no espaço), pelo Teorema de Pitágoras.<br />
O<br />
y z<br />
v<br />
a<br />
• P<br />
||v|| = || −→<br />
OP|| = √ a 2 + b 2<br />
b<br />
x<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
O<br />
v<br />
√ a 2 + b 2<br />
•P<br />
c<br />
y<br />
85<br />
• ¯P<br />
x<br />
<br />
||v|| = || −→<br />
O ¯ P|| 2 + || −→<br />
¯PP || 2 = (a2 + b2 ) + c2 • Se v = −→<br />
AB, A = (x1, y1, z1) e B = (x2, y2, z2), então temos que v = B − A =<br />
(x2, y2, z2) − (x1, y1, z1) = (x2 − x1, y2 − y1, z2 − z1).<br />
Logo, ||v|| = (x2 − x1) 2 + (y2 − y1) 2 + (z2 − z1) 2 .
• Um vetor v é unitário se sua norma é 1.<br />
• O versor de um vetor v é um vetor u unitário, na direção e sentido de v.<br />
Um pouco de Octave] ...<br />
v=[1 2 3] % definindo o vetor v<br />
norm(v) % = norm(v,2) norma euclidiana ou módulo de v<br />
norm(v,inf) % máximo dos valores absolutos da coordenadas<br />
Exercícios:<br />
1. Calcule o módulo do vetor determinado por −→<br />
AB quando A = (2, 7) e B =<br />
(−5, −1). O vetor é unitário?<br />
2. Encontre os valores de a tal que o vetor −→<br />
AB tenha módulo 3, sendo A = (2a, 0, 3)<br />
e B = (1, a, −1).<br />
3. Encontre a projeção ortogonal ¯ P do ponto P = (4, −3, 1) no plano Oxy e calcule<br />
o módulo do vetor −→<br />
O ¯ P. Resp: (4, −3, 0), 5<br />
2.2.5 Multiplicação de um vetor por um escalar<br />
Dado um vetor v e um escalar λ ∈ R, o vetor λv é definido como:<br />
• λv = 0 se λ = 0 ou v = 0.<br />
• caso ⎧ contrário, λv é um vetor com:<br />
||λv|| = |λ| ||v||<br />
⎪⎨ mesma direção de v<br />
⎪⎩ sentido oposto de v se λ < 0<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
mesmo sentido de v se λ > 0<br />
v<br />
λv (λ > 0)<br />
λv (λ < 0)<br />
86
Geometricamente, se v = −→<br />
AB e λ é não nulo, então λv é representado por −→<br />
AC tal<br />
que || −→<br />
AC|| = |λ||| −→<br />
AB||. Os pontos A, B e C são colineares e o sentido do novo vetor<br />
depende do sinal de λ.<br />
É claro que 1 · v = v e (−1) · v = −v.<br />
D<br />
Em coordenadas:<br />
•<br />
A<br />
• No plano com S = {O, x, y},<br />
se v = (a, b) então<br />
v<br />
λv = λ(a, b) = (λa, λb),<br />
para λ ∈ R.<br />
B<br />
C<br />
λv<br />
λ > 0<br />
•<br />
λa<br />
v<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
•<br />
a<br />
y<br />
µb<br />
87<br />
−→ −→<br />
AC = λAB com λ > 0<br />
−→<br />
AD = µ −→<br />
AB com µ < 0<br />
λb<br />
b<br />
µa<br />
x<br />
•µv,<br />
µ < 0<br />
• No espaço com S = {O, x, y, z}, se v = (a, b, c) então λv = λ(a, b, c) =<br />
(λa, λb, λc), λ ∈ R.
ℓb<br />
u = −→<br />
OP = (a, b, c)<br />
<br />
R<br />
<br />
<br />
x<br />
w<br />
<br />
a<br />
λa<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
z<br />
λc<br />
c<br />
O<br />
ℓa<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
ℓc<br />
<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
u<br />
P<br />
<br />
<br />
Q<br />
<br />
v<br />
b λb<br />
v = −→<br />
OQ = λu, λ > 0<br />
w = −→<br />
OR = ℓu, ℓ < 0<br />
Definimos o versor de um vetor não nulo v como sendo um vetor u unitário, na direção<br />
e sentido de v.<br />
Logo o versor de vetor v é u = 1<br />
1 1<br />
v. De fato, ||u|| = || v|| = | | · ||v|| = 1 e,<br />
||v|| ||v|| ||v||<br />
> 0, a direção e sentido de u e v são iguais.<br />
como u = λv com λ = 1<br />
||v||<br />
Assim, para se obter um vetor w de norma X na direção e sentido de v, basta fazer<br />
w = X versor(v). Por exemplo, seja v = (1, 3, −2) e X = 100. Então versor(v) =<br />
1 (1, 3, −2) = ( √1 , √14 3 , ||(1,3,−2)|| 14 −2 √ ) e portanto, o vetor procurado é w = (<br />
14 100 √ ,<br />
14 300 √ ,<br />
14 −200 √ ).<br />
14<br />
Exercícios:<br />
1. Dado v = (2, 3, 1) encontre −3v e represente os vetores no sistema cartesiano.<br />
2. Dados v = (−1, 5) e o ponto A = (3, 1), encontre o ponto B = A + 2v e<br />
represente o vetor −→<br />
AB = 2v no sistema cartesiano.<br />
3. Obtenha um vetor w de norma 1375 na direção e sentido do vetor v = (1, −4, 3).<br />
Obtenha também o vetor a de mesma norma que w, paralela a v, mas no sentido<br />
contrário.<br />
<br />
<br />
y<br />
88
4. Considere dois pontos A e B, distintos. Faça <strong>uma</strong> figura representando A, B,<br />
C, D e E, onde C = A + 1<br />
1<br />
A+B<br />
(B − A), D = A + (B − A) e E = . Aqui,<br />
2 3 3<br />
A + B representa O + (A − O) + (B − O) (com abuso de linguagem, como se<br />
usa em GeoGebra e Octave, mas que a correspondência P = (x, y) ←→ P − O<br />
permite).<br />
5. Divida o segmento AB em 10 partes iguais (AB = AP1 ∪ P1P2 ∪ . . .P9B).<br />
Escreva os pontos Pi definidos por essa divisão, em termos de A e −→<br />
AB. Por<br />
exemplo, o primeiro ponto mais próximo de A é P1 = A + 1/10 ∗ (B − A).<br />
6. Ainda com dois pontos A e B distintos, o que representa geometricamente o<br />
conjunto dos pontos { P = A + λ(B − A) | 0 ≤ λ ≤ 1 }? Resp: o segmento AB<br />
7. Encontre <strong>uma</strong> definição como a do ítem anterior (usando A e B − A) que<br />
descreva a semirreta definida na reta r(A, B), com origem em A e contendo B.<br />
Defina também a semirreta oposta, com origem em A e não contendo B. (No<br />
GeoGebra, esta semirreta pode ser construída utilizando a ferramenta<br />
(semirreta definida por 2 pontos)).<br />
8. Considere agora um ponto A = (1, 1, 1) e dois vetores v = (0, −1, 3) e w =<br />
(5, −1, 3). Obtenha os vértices do paralelogramo ABCD, com B − A = v e<br />
D − A = w. Depois, encontre o ponto médio da diagonal AC e o ponto médio<br />
da diagonal BD. Coincidem!<br />
9. Considere no plano R 2 os vetores u da forma (cos θ, sen θ), onde θ é um número<br />
real representando o ângulo entre u e o eixo Ox. Mostre que os vetores são<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
unitários. Dado um vetor qualquer v = (a, b), escreva v como múltiplo de<br />
(cosθ, sen θ) (qual o ângulo θ? qual o fator de multiplicação?). Explicite as<br />
contas para v = (3, 4).<br />
89
v = [1 2 3]<br />
w = [5 -1 3]<br />
Um pouco de Octave<br />
pi*v % ans = 3.1416 6.2832 9.4248<br />
-5*w % ans = 3.1416 6.2832 9.4248<br />
a = pi*v - 5*w % a = -21.8584 11.2832 -5.57<br />
u = 1/norm(a)*a % u = versor de a<br />
b = 10*u % vetor de norma 10 na direç~ao e sentido de a<br />
% Agora vamos construir o segmento AB,<br />
% utilizando 11 pontos igualmente espaçados<br />
A = [2 -3 4]; B = [2,3,-1];<br />
t = linspace(0,1,11) % t = 0 .1 .2 ... .9 1<br />
x = A(1)+t*(B(1)-A(1)); % lista das coordenadas x<br />
y = A(2)+t*(B(2)-A(2)); % lista das coordenadas y<br />
z = A(3)+t*(B(3)-A(3)); % lista das coordenadas z<br />
plot3(x,y,z) % curva poligonal ligando os 11 pontos<br />
% que é o mesmo que ...<br />
% = segmento AB<br />
A = [2 -3 4]; B = [2,3,-1];<br />
t = linspace(0,1,11) % t = 0 .1 .2 ... .9 1<br />
M = ones(size(t))’ * A + t’ * (B-A) % Que matriz é essa?<br />
x = M(:,1); y = M(:,2); z=M(:,3);<br />
plot3(x,y,z) % ???<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
...<br />
90
2.2.6 Propriedades da adição e da multiplicação por escalar<br />
As operações de adição de vetores e multiplicação de vetor por escalar de um determi-<br />
nado conjunto de vetores (vetores no plano ou vetores no espaço) satisfazem as seguintes<br />
propriedades:<br />
1. v + w = w + v, para quaisquer vetores v e w. (propriedade comutativa).<br />
Visualização <strong>geométrica</strong>: Considere v = −→<br />
AB e w = −→<br />
AC.<br />
v<br />
B<br />
w<br />
D<br />
v<br />
A<br />
w<br />
v + w<br />
C<br />
A<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
w<br />
B<br />
w + v<br />
Pela regra do paralelogramo, como −−→<br />
BD = −→<br />
AC = w, segue que −→ −→ −−→<br />
AD = AB+ BD =<br />
v + w.<br />
Por outro lado, temos também que −→<br />
AC + −→ −→ −→ −→<br />
CD = AD, onde AC = w e CD = v.<br />
Logo, −→<br />
AD = v + w = w + v.<br />
Em coordenadas: Se v = (x1, y1) e w = (x2, y2) são dois vetores no plano, então<br />
v + w = (x1, y1) + (x2, y2) = (x1 + x2, y1 + y2) (⋆)<br />
= (x2 + x1, y2 + y1) = w + w,<br />
onde em (⋆) utilizamos a propriedade comutativa da soma de números reais. Para<br />
dois vetores no espaço, é análogo e fica como exercício.<br />
2. (v + w) +t = v + (w +t ), para quaisquer vetores v, w e t (propriedade associati-<br />
va).<br />
Geometricamente, podemos interpretar esta propriedade na seguinte figura:<br />
C<br />
v<br />
91<br />
D
t<br />
v<br />
w<br />
v + w<br />
w +t<br />
t<br />
w +t<br />
v t<br />
(v + w) +t<br />
= v + (w +t)<br />
v + w<br />
Use a regra do paralelogramo para a adição de vetores e verifique a propriedade<br />
associativa.<br />
Em coordenadas, faça como exercício, lembrando que o argumento essencial é a<br />
propriedade associativa da adição dos números reais.<br />
3. Para todo vetor v vale 0 + v = v +0 = v (propriedade da existência do elemento<br />
neutro)<br />
v<br />
•<br />
A = A +0<br />
•B<br />
Considere v = −→<br />
AB. Como A = A +0 e B = B +0,<br />
temos que B = A+v = (A+0)+v donde v = 0+v.<br />
Analogamente, A + v = B = B +0 = A + v +0 e<br />
portanto, v +0 = v.<br />
4. Para todo vetor v, existe o elemento oposto denotado por −v que satisfaz v + (−v) = 0.<br />
Se v = −→<br />
AB, o vetor representado por −→<br />
BA é o elemento oposto.<br />
5. Para quaisquer números reais a, b e qualquer vetor v vale a(bv) = b(av) = (ab)v.<br />
Veja a ilustração <strong>geométrica</strong> quando a = −2 e b = 3, com v = −→<br />
AB.<br />
•<br />
E<br />
•<br />
D<br />
v<br />
• •<br />
A B<br />
•<br />
C −→<br />
AC = 3v, −→<br />
AD = −2v<br />
−→<br />
AE = −2(3v) = 3(−2v) = (3 × (−2))v.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Prove esta propriedade usando coordenadas, como exercício.<br />
6. Para quaisquer números reais a e b e qualquer vetor v, vale a propriedade distributiva<br />
92
em relação à soma de números reais: (a + b)v = av + bv.<br />
Justifique esta propriedade usando coordenadas.<br />
7. Para qualquer número real a equaisquer vetores v e w, vale a propriedade distributiva<br />
em relação à adição de vetores: a(v + w) = av + aw.<br />
v<br />
B<br />
F<br />
v + w<br />
D<br />
✔ ✔✔✔✔<br />
✔ ✔✔✔✔✔✔✔✔✔<br />
A w C E<br />
Ilustração <strong>geométrica</strong> para a = 2, dados v = −→<br />
AB e w = −→<br />
AC.<br />
−→<br />
AD = v + w<br />
−→<br />
AG = 2(v + w) = −→<br />
AF + −→<br />
AE<br />
= 2v + 2w.<br />
Em coordenadas, fica como exercício.<br />
8. Dado qualquer vetor v e o número real 1 vale que 1v = v.<br />
O conjunto de vetores do plano (e do espaço) representados por segmentos orienta-<br />
dos equipolentes possui, portanto, as operações de adição e multiplicaçao por escalar,<br />
satisfazendo as 8 propriedades acima.<br />
Quando fixamos um sistema de referencial cartesiano S = {O, x, y} no plano, temos<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
a correspondência v ←→ (x, y) entre vetores e pares ordenados de números reais, tal que<br />
R 2 = { (x, y) | x, y ∈ R } fica munido de operações de adição e multiplicação por escalar<br />
com as 8 propriedades acima.<br />
G<br />
93
Analogamente, quando fixamos um referencial cartesiano S = {O, x, y, z} no espaço,<br />
temos a correspondência v ←→ (x, y, z) tal que R 3 = { (x, y, z) | x, y, z ∈ R } fica<br />
munido de operações de adição e multiplicação por escalar com as 8 propriedades acima.<br />
As propriedades das operações com vetores podem ser aplicadas para demonstrar<br />
outras propriedades algébricas e muitos resultados geométricos clássicos através de vetores.<br />
Vejamos alguns exemplos:<br />
Exemplos e exercícios:<br />
1. Mostre, sem usar coordenadas, que o vetor nulo é único..<br />
Seja −→ U tal que v + −→ U = v, para qualquer v (propriedade que caracteriza o vetor<br />
nulo).<br />
Então, −→ U = −→ U +0 = 0 + −→ U = 0.<br />
A primeira igualdade é da propriedade de 0, a segunda, da comutatividade, e a<br />
terceira, da propriedade exigida de −→ U .<br />
2. Mostre, sem coordenadas, a lei do concelamento: u + v = u + w ⇒ v = w.<br />
De fato, v = v +0 = v + (u − u) = (u + v) − u = · · · = w.<br />
Complete a demonstração e indique quais propriedades foram utilizadas.<br />
3. Seja ABC um triângulo. Sejam M e N os pontos médios dos lados AC e BC,<br />
respectivamente.<br />
Então MN é um segmento paralelo a AB, cujo comprimento é a sua metade.<br />
C<br />
<br />
M<br />
<br />
<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
−−→<br />
MN = 1 −→<br />
AB<br />
2<br />
N<br />
A B<br />
<br />
Observe que a tese é equivalente a<br />
−−→<br />
MN = 1−→<br />
AB em linguagem veto-<br />
rial.<br />
2<br />
94
Temos que −−→<br />
AM = 1−→<br />
AC = 2<br />
−−→<br />
MC e que −−→<br />
CN = 1 −→<br />
CB = 2<br />
−−→<br />
NB.<br />
Logo, −−→<br />
MN = −−→<br />
MC + −−→<br />
CN = 1−→<br />
AC + 2<br />
1 −→<br />
CB 2<br />
(∗7)<br />
= 1<br />
2 (−→ AC + −→ 1−→<br />
CB) = AB. ((∗7) se<br />
2<br />
refere à propriedade (7))<br />
4. Dado um triângulo ABC, seja o triângulo XY C com X no lado AC, Y no lado<br />
BC, de forma que XC e Y C estão para AC e BC, respectivamente, como 1<br />
está para n. Então, o lado XY mantém a mesma proporção para o lado AB.<br />
Exercício: Faça um esboço da situação e demostrar o resultado.<br />
5. A diagonais de um paralelogramo se interceptam no ponto médio de cada um.<br />
Seja um paralelogramo ABCD. Sejam u = −→<br />
AB e v = −→<br />
AD. Então as diagonais<br />
são AC e BD, que determinam vetores −→<br />
AC = u + v e −−→<br />
BD = v − u. O ponto<br />
médio M de AC é dado por M = A + 1−→<br />
AC = A + 2<br />
1(u<br />
+ v) , e o ponto médio<br />
2<br />
N de BD é N = B + 1−−→<br />
BD = B + 1<br />
(v − u). Como B = A + u, temos que<br />
2<br />
N = (A+u)+ 1<br />
1<br />
1 1 1<br />
(v −u) = A+(u+ (v −u)) = A+(u+ v − u) = A+<br />
2<br />
2<br />
2<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
2<br />
2<br />
2<br />
95<br />
1 u+ v = 2<br />
A + 1<br />
(u + v) = M. Como exercício, aponte as propriedades utilizadas. E claro,<br />
2<br />
faça um esboço.<br />
6. As medianas de um triângulo se encontram num ponto que divide cada mediana<br />
em dois segmentos com proporção 1:2.<br />
Seja um triângulo ABC e sejam Ma, Mb e Mc os pontos médios dos lados opostos<br />
a A, B e C, respectivamente, determinando as medianas AMa, BMb e CMc.<br />
Seja Oa = A+ 2<br />
3 (Ma −A) que divide a mediana AMa nos segmentos AOa e OaMa<br />
na proporção de 2 para 1. Vamos mostrar que Oa coincide com Ob = B+ 2<br />
3 (Mb−B)<br />
definido sobre a mediana BMb. De forma análoga, Oa = Oc (exercício).<br />
De fato, Ob = B+ 2<br />
A) = B + 2<br />
A + 1<br />
3<br />
3 (1<br />
2<br />
(B − A) + 1<br />
3<br />
3 (Mb−B) = B+ 2<br />
3 ((Mb−A)−(B−A)) = B+ 2 2 (Mb−A)− 3 3 (B−<br />
2<br />
2<br />
(C −A)) − (B −A) = (A+(B −A))+<br />
3<br />
(C − A) = 1<br />
3<br />
(B − A) + 1<br />
3<br />
3 (1<br />
2<br />
2 (C −A)) − (B −A) =<br />
2<br />
((C − B) + (B − A)) = A + (B − 3<br />
A)+ 1<br />
2 1<br />
(C −B) = A+ (B −A)+ 3 3 3 (2(Ma −B)) = A+ 2<br />
3 ((B −A)+(Ma −B)) =<br />
3
A+ 2<br />
3 (Ma −A) = Oa. Quais foram as propriedades utilizadas? Experimente outras<br />
formas!<br />
7. O ponto G de encontro das medianas é o baricentro do triângulo ABC. Mostre<br />
que G = 1<br />
(A + B + C) (identificando ponto com vetor).<br />
3<br />
2.3 Dependência e independência linear, equações<br />
vetoriais da reta e do plano<br />
Consideremos agora um vetor não nulo v e um segmento orientado v = −→<br />
AB. Os<br />
múltiplos w = λv possuem a mesma direção de v, se λ = 0. Portanto, se w = λv = −→<br />
AC,<br />
os pontos A, B e C estarão situados sobre a mesma reta r(A, B) que passa por A e B.<br />
Lembramos que o ponto A estará entre B e C ou não, conforme λ < 0 ou λ > 0.<br />
•<br />
D A B C<br />
−→<br />
AD = µ −→<br />
AB, µ < 0<br />
r(A, B)<br />
−→<br />
AC = λ −→<br />
AB, λ > 0<br />
Dizemos que A, B e C são colineares e que os vetores v e w são paralelos (por<br />
possuirem a mesma direção ou que são linearmente dependentes (abreviadamente, l.d.)<br />
Variando o valor de λ podemos percorrer todos os pontos da reta r(A, B).<br />
Observamos agora que se X é um ponto qualquer da reta r(A, B), o segmento orientado<br />
−−→<br />
AX representa o vetor w que possui a mesma direção de v = −→<br />
AB. Logo, −−→<br />
AX = λ −→<br />
AB<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
para algum número real λ. Isto quer dizer que o ponto X da reta r(A, B) fica determinado<br />
de maneira única por um parâmetro real λ.<br />
Assim, temos a equação vetorial da reta que passa por A e tem a direção do vetor<br />
96
v = −→<br />
AB:<br />
r : X = A + λv, λ ∈ R, v = 0<br />
Em coordenadas no plano: se A = (x0, y0) e v = (a, b) = (0, 0), então temos a<br />
equação<br />
r : (x, y) = (x0, y0) + λ(a, b), λ ∈ R,<br />
⎧<br />
⎪⎨ x = z0 + λa<br />
donde X = (x, y) é um ponto da reta r(A,v) se<br />
⎪⎩ y = y0 + λb<br />
A ilustração da reta a passando pelo ponto<br />
A = (3, 4) e com direção dada pelo vetor<br />
v = (−1, 2) foi obtida no GeoGebra, usando<br />
a ferramenta (reta paralela) e cli-<br />
cando sobre o ponto e o vetor, previamente<br />
definidos:<br />
a y<br />
12<br />
−2<br />
2<br />
v<br />
, λ ∈ R.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
<br />
X = A + λv<br />
A′ = A + v<br />
A<br />
2 4 6<br />
Atividades com GeoGebra (7): Vamos construir <strong>uma</strong> planilha, onde<br />
dados o ponto A e o vetor v, o ponto P = A + tv percorre a reta definida por A e v,<br />
dinamicamente.<br />
• Defina o ponto A e o vetor v, usando as ferramentas ou comandos. Por exemplo,<br />
digitando no Campo de Entrada: “A=(3,1)” e “v=(-2,3)”.<br />
• Desenhe a reta por A e com direção de v como na ilustração acima, ou, através do<br />
comando “r = Reta[A,v]”.<br />
x<br />
97
• Na Barra de Ferramentas, selecione a ferramenta (seletor) e clique n<strong>uma</strong><br />
posição da Área de Trabalho para posicionar o seletor. Renomeie o seletor para t.<br />
• Vamos definir um ponto P, usando a parametrização da reta. No Campo de En-<br />
trada, digite:<br />
“P = (x(A)+t*x(v), y(A)+t*y(v))”, ou simplesmente, “P = A + t*v”.<br />
Lembramos que x(A), y(A) e x(v), y(v) representam as coordenadas do ponto<br />
A e do vetor v, respectivamente.<br />
• Defina o vetor w = P − A, pelas ferramentas ou por comando, desenhando-o pela<br />
origem.<br />
• Agora experimente movimentar o seletor t. O ponto P(t) acompanhará a variação,<br />
movendo-se sobre a reta. O vetor w também acompanha a variação, mas mantendo-<br />
se alinhado com v. As coordenadas do ponto P aparecem na Janela de Álgebra.<br />
• Para obter P para valores específicos, por exemplo, t = −2, digite no Campo de<br />
Entrada:“t=-2”.<br />
Obs: Por omissão, o seletor é definido no intervalo [−5, 5]. Ou seja, esse intervalo é<br />
onde t pode variar. Digitando um valor maior, será utilizado t = 5, que é o máximo<br />
possível estabelecido pelo seletor. Você pode alterar esse intervalo, modificando as<br />
propriedades do seletor.<br />
• Experimente trocar o vetor v e o ponto A (com o mouse, por exemplo) e repita a<br />
experiência de movimentar o seletor.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Analogamente, para <strong>uma</strong> reta no espaço que passa por dois pontos distintos A =<br />
(x0, y0, z0) e B = (x1, y1, z1), temos que o vetor direção é dado pot v = B − A =<br />
(x1 − x0, y1 − y0, z1 − z0) = (0, 0, 0). Então, a equação da reta r(A, B) é dada por<br />
r : (x, y, z) = (x0, y0, z0) + λ(x1 − x0, y1 − y0, z1 − z0), λ ∈ R,<br />
98
⎧<br />
x = x0 + λ(x1 − x0)<br />
⎪⎨<br />
donde y = y0 + λ(y1 − y0)<br />
r<br />
v <br />
<br />
⎪⎩ z = z0 + λ(z1 − z0)<br />
x<br />
<br />
<br />
<br />
v <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
z<br />
<br />
O<br />
, λ ∈ R.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
A<br />
<br />
<br />
Reta por A e v, no Octave<br />
y<br />
Ilustração da reta r de-<br />
terminada por<br />
A = (1, 3, 4)<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
e<br />
v = (3, −2, 1),<br />
obtida no GeoGebra,<br />
utilizando perspectiva<br />
cavaleira.<br />
A = [2 -3 4]; v = [2,3,-1]; % ponto e vetor dados<br />
t = linspace(-5,5,51) % lista de 51 t’s de -5 a 5<br />
x = A(1)+t*v(1); % lista das coordenadas x<br />
y = A(2)+t*v(2); % lista das coordenadas y<br />
z = A(3)+t*v(3); % lista das coordenadas z<br />
plot3(x,y,z) % curva poligonal ligando os 51 pontos<br />
% = segmento de P=A-5v até Q=A+5v<br />
...<br />
Dada <strong>uma</strong> reta de equação vetorial r : X = A + λv, λ ∈ R, v = 0, se P é um<br />
ponto fora de r podemos considerar a reta s que passa pot P e tem a direção dada por<br />
v, s : X = P + tv, t ∈ R.<br />
99
Geometricamente, s é <strong>uma</strong> reta paralela a r, que passa por P e não possui pontos em<br />
comum com r.<br />
v<br />
• A<br />
v<br />
Se duas retas r e s com mesma direção de v = 0 possuirem um ponto em comum,<br />
elas serão coincidentes.<br />
Exemplos e exercícios<br />
v<br />
v<br />
• •<br />
A P<br />
r = s<br />
1. Dados A = (−1, 3) e v = (3, 7), verificar se P = (68, 164) pertence à reta que<br />
passa por A e tem a direção de v.<br />
A equação da reta é r : (x, y) = (−1, 3) + t(3, 7), t ∈ R.<br />
O ponto P pertence à reta se for possível encontrar um parâmetro t de modo que<br />
a equação vetorial (68, 164) = (−1, 3) + t(3, 7) seja satisfeita.<br />
⎧<br />
Logo, devemos ter (68, 164) = (−1 + 3t, 3 + 7t), donde<br />
⎪⎨ 68 = −1 + 3t =⇒ t = 68+1 = 23<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
⎪⎩ 164 = 3 + 7t =⇒ t = 164−3+1 = 23<br />
3<br />
7<br />
O número real t = 23 satisfaz o sistema de equações acima, dada pela equação<br />
vetorial. Portanto, P pertence à reta dada.<br />
r<br />
• P<br />
v<br />
100<br />
s
Observamos que −→<br />
AP = 23v, isto é, −→<br />
AP e v são linearmente dependentes. Na<br />
verdade, bastava mostrar esta condição diretamente, para concluir que P está na<br />
reta.<br />
É <strong>uma</strong> questão de interpretação: P ∈ r : X = A+tv se, e somente se, existe<br />
t tal que P = A + tv ou, equivalentemente, existe t com P − A = tv.<br />
2. Verificar que B = (3, 1) não pertence à reta r do exemplo anterior e obter a equação<br />
vetorial da reta s que passa por B e é paralela a r.<br />
Solução 1: Vamos verificar se existe um parâmetro λ que satisfaça a equação:<br />
(3, 1) = (−1, 3) + λ(3, 7).<br />
⎧<br />
⎪⎨ 3 = −1 + 3λ =⇒ λ = 3−(−1) 4 =<br />
⎪⎩ 1 = 3 + 7λ =⇒ λ = 1−3 −2 =<br />
7<br />
3<br />
7<br />
3<br />
Contradição!<br />
Como não existe um parâmetro λ da equação da reta r que corresponda a B, este<br />
ponto não pertence à reta.<br />
A equação s : (x, y) = (3, 1)+λ(3, 7), λ ∈ R é da reta que contém B e é paralela<br />
à reta r, por possuir a mesma direção da reta r.<br />
Solução 2 (para verificação de B /∈ r):<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
101<br />
É óbvio que B − A = (3, 1) − (−1, 3) =<br />
(4, −2) não é paralelo ao vetor (3, 7) da reta, e portanto, B não pertence à reta. Se<br />
pertencesse, B −A e (3, 7) deveriam ser paralelos. (Obs: Demonstrar que (4, −2) e<br />
(3, 7) não são paralelos equivale a mostrar que não existe t tal que (4, −2) = t(3, 7),<br />
que recai nos mesmos cálculos algébricos da solução 1. Mas o argumento geométrico<br />
é igualmente importante.)<br />
3. Verique se o ponto P = (20, 30) pertence à reta r que passa por A = (1, −2) e<br />
B = (4, 7).<br />
Lembramos que a direção da reta que passa por dois pontos A e B é v = B − A.<br />
4. Verifique se os pontos A = (1, 0, 2), B = (−3, 4, 0) e C = (−1, 2, 1) são colineares<br />
ou não.
Basta verificar se −→<br />
AB e −→<br />
AC são paralelos.<br />
5. Invente outros pontos e retas e repita os exercícios acima.<br />
Vimos portanto que a multiplicação de um vetor v = 0 por um escalar produz vetores<br />
λv que com v formam um conjunto l.d.<br />
Dizemos que dois (somente dois!) vetores v e w são linearmente independentes (l.i.)<br />
se eles não são l.d., isto é, não é possível encontrar λ ∈ R que satisfaça w = λv ou<br />
v = λw.<br />
Como consequência imediata deste conceito, se v ou w for o vetor nulo, eles são l.d.<br />
(se v = 0, por exemplo, v = 0.w.)<br />
Consideremos então dois vetores não nulos v e w de modo que v e w não sejam l.d.<br />
(logo, linearmente independentes <strong>—</strong> l.i.)<br />
A).<br />
Sejam v = −→<br />
AB e w = −→<br />
AC (representados por segmentos orientados com origem em<br />
w<br />
C<br />
A v B<br />
Os pontos A, B e C não são colineares<br />
pois w = λv para qualquer λ ∈ R.<br />
Então existe um plano π determinado por estes pontos.<br />
<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
✚<br />
π<br />
X<br />
•<br />
C<br />
w •<br />
•<br />
• •<br />
A v B X ′<br />
X ′′<br />
Um ponto X deste plano determina o vetor −−→<br />
AX. Traçando por X a reta paralela à<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
reta r(A, B), o ponto de encontro desta com a reta r(A, w) existe e será denotado por<br />
102
X ′′ . Analogamente, traçando por X a reta paralela à reta r(A, C), esta encontra a reta<br />
r(A,v) no ponto X ′ . Confira na figura.<br />
Pela regra do paralelogramo, vemos que −−→<br />
AX = −−→<br />
AX ′ + −−→<br />
AX ′′ . Como X ′ é um ponto<br />
da reta r(A,v) e X ′′ é um ponto da reta r(A, w), existem escalares λ e µ que satisfazem<br />
a equação vetorial<br />
.<br />
π : X = A + λv + µw, onde λ e µ são parâmetros reais.<br />
Quando escrevemos −−→<br />
AX = λv + µw, estamos dizendo que o vetor −−→<br />
AX é <strong>uma</strong><br />
combinação linear (abreviadamente, c.l.) de v e w, com coeficientes λ e µ. Também<br />
dizemos, por motivos óbvios, que −−→<br />
AX é coplanar com v e w.<br />
Em coordenadas, temos a seguinte situação: se A = (x0, y0, z0), v = (a, b, c), w =<br />
(d, e, f) com {v, w} l.i., então X = (x, y, z) pertence ao plano que passa por A e tem a<br />
direção dos vetores l.i. {v, w} quando −−→<br />
AX = X − A é <strong>uma</strong> combinação linear de v e w,<br />
isto é,<br />
Dizemos que π :<br />
(x, y, z) − (x0, y0, z0) = λ(a, b, c) + µ(d, e, f), para λ, µ ∈ R.<br />
⎧<br />
x = x0 + λa + µd<br />
⎪⎨<br />
y = y0 + λb + µe<br />
⎪⎩ z = z0 + λc + µf<br />
plano π, com parâmetros λ e µ.<br />
Exemplos e exercícios<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
103<br />
, λ, µ ∈ R são as equações paramétricas do<br />
• A equação vetorial do plano coordenado Oyz no espaço cartesiano pode ser dada<br />
por X = (x, y, z) = (0, y, z) = (0, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1), y, z ∈ R,
x<br />
ı<br />
z<br />
k pois o plano coordenado yz<br />
O<br />
j<br />
• X<br />
y<br />
passa pela origem O = (0, 0, 0)<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
104<br />
e é gerado pelos vetores j = (0, 1, 0)<br />
e k = (0, 0, 1).<br />
Observe que as próprias coordenadas y e z são os parâmetros desta equação. Ob-<br />
serve também que podemos escrever as equações paramétricas deste plano como:<br />
⎧<br />
x = 0<br />
⎪⎨<br />
y = 0 + 1y + 0z<br />
⎪⎩ z = 0 + 0y + 1z<br />
, y, z ∈ R.<br />
Como exercício, descreva os demais planos coordenados de R 3 , os planos xy e xz.<br />
• A equação de um plano que passa pelo ponto A = (1, 2, 0) e é paralelo ao plano<br />
yz é portanto dada por:<br />
π : X = A + λ(0, 1, 0) + µ(0, 0, 1), λ, µ ∈ R.<br />
(x, y, z) = (1, 2, 0) + λ(0, 1, 0) + µ(0, 0, 1), λ, µ ∈ R.
10<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4 1<br />
x<br />
ı<br />
z<br />
k<br />
O<br />
j<br />
•<br />
A<br />
2<br />
y<br />
Parametricamente,<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
⎧<br />
x = 1<br />
⎪⎨<br />
y = 2 + λ<br />
⎪⎩ z = µ<br />
, y, z ∈ R.<br />
• Mais geralmente, vamos apresentar um desenho de plano passando por um ponto<br />
A = (x0, y0, z0) e direção dada pelos vetores v = (a1, b1, c1) e w = (a2, b2, c2), e<br />
os comandos para sua obtenção, no Octave.<br />
Veja as miniaturas das ilustrações do paralelogramo (x, y, z) = (3, −3, 4)+t (0, 2, 3)+<br />
s (1, 2, 3), t, s ∈ [0, 1] geradas na sessão abaixo, com os comandos “mesh”, “meshz”<br />
e “surf”, respectivamente.<br />
0.5<br />
0<br />
-0.5<br />
-1<br />
-1.5<br />
-2<br />
-2.5<br />
-3 3<br />
3.2<br />
3.4<br />
3.6<br />
3.8<br />
4<br />
10<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4 1<br />
0.5<br />
0<br />
-0.5<br />
-1<br />
-1.5<br />
-2<br />
-2.5<br />
-3 3<br />
3.2<br />
3.4<br />
3.6<br />
3.8<br />
4<br />
4 1<br />
0.5<br />
0<br />
-0.5<br />
-1<br />
-1.5<br />
-2<br />
-2.5<br />
-3 3<br />
Sess~ao de Octave - Plano parametrizado<br />
octave:2> A = [3,-3,4]; % ponto do plano<br />
octave:3> v = [0,2,3]; w = [1,2,3]; % vetores do plano<br />
octave:4> t = s = linspace(0,1,11); % t e s no intervalo [0,1]<br />
10<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
3.2<br />
3.4<br />
3.6<br />
3.8<br />
4<br />
105
octave:5> [tt,ss]=meshgrid(t,s); % help meshgrid para ajuda<br />
octave:6> xx = A(1)+tt*v(1)+ss*w(1);<br />
octave:7> yy = A(2)+tt*v(2)+ss*w(2);<br />
octave:8> zz = A(3)+tt*v(3)+ss*w(3);<br />
octave:9> mesh(xx,yy,zz) % criando a figura com mesh<br />
octave:10> print(’plano-octave-mesh.eps’,’-deps’)<br />
% salvando a figura no arquivo e formato dados.<br />
% Pode-se utilizar também PNG<br />
octave:11> meshz(xx,yy,zz) % criando figura com meshz<br />
octave:12> surf(xx,yy,zz) % criando figura com surf<br />
...<br />
Agora vamos ao GeoGebra, utilizando a parametrização X = A + tu + sv do plano,<br />
no caso de pontos e vetores no plano R 2 . Isto define um referencial no plano, onde a<br />
origem é o ponto A e os eixos têm a direção e unidades definidas pelos vetores u e v.<br />
Neste referencial, X = (t, s).<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
106
Atividades com GeoGebra (8): Plano descrito na forma X = A + tu + sv<br />
e sua dinâmica.<br />
• Entre com três pontos A, B e C na Área de Trabalho, através da ferramenta de<br />
criação de ponto, formando um triângulo não degenerado.<br />
• Construa os vetores u = B − A e v = CA.<br />
• Selecione o seletor na Barra de Ferramentas e crie dois seletores, um para o<br />
parâmetro t e outra para o parâmetro s. Por omissão, serão criados no intervalo<br />
[−5, 5].<br />
• Construa o ponto X = A + tu + sv.<br />
Basta digitar no Campo de Entrada: “X = A + t*u + s* v”.<br />
Para melhor visualização do ponto, modifique suas propriedades, aumentando de<br />
tamanho e mudando a cor.<br />
• Para melhor localização dos pontos, construa as retas a = r(A, B), b = r(A, C),<br />
c = r(B,v) e d = r(C,u). Marque a intersecção D = c ∩ d e construa também<br />
e = r(A, D) e f = r(B, C).<br />
• Com o apontador, modifique os valores de t e s.<br />
1. Onde está X quando se fixa t = 0 e varia s? E para t = 1?<br />
2. E quando se fixa s = 0 e varia t? E para s = 1?<br />
3. E quando 0 ≤ t ≤ 1? E 0 ≤ s ≤ 1?<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
4. Coloque X sobre a diagonal AD do paralelogramo ABDC. Verifique que<br />
t = s.<br />
5. Coloque X sobre a diagonal BC do paralelogramo. Verifique que t + s = 1.<br />
107
6. Escolha um ponto qualquer P no plano e leve X sobre P.<br />
Lembre-se que o seletor trabalha com um passo que por omissão é 0.1. Por<br />
isso, é possível que não consiga exatamente o ponto P.<br />
• Construa a parametrização da reta e = r(A, D) baseado na observação acima,<br />
utilizando o ponto A e os vetores u e v, e implemente a reta escolhendo outro<br />
seletor.<br />
Como t = s, vamos utilizar um seletor m para parâmetro. Depois, é só digitar “Y =<br />
A + m*u + m*v”. Movimentando Y através do seletor m, verá que Y percorrerá<br />
os pontos da reta diagonal e = r(A, D).<br />
• Faça o mesmo para a reta f = r(B, C).<br />
• Agora experimente modificar A, B e C.<br />
Em particular, o que ocorre quando A, B e C são colineares? Você consegue t e<br />
s para localizar X fora da reta dos pontos dados? Obtenha pares distintos de t e<br />
s para um mesmo ponto X sobre a reta. (marque um ponto P e movimente t e s<br />
até que X fique sobre P.)<br />
Apresentaremos a seguir alg<strong>uma</strong>s definições e resultados que precisamos ter em mente,<br />
quando trabalhamos com vetores, sobre dependência e independência linear, alg<strong>uma</strong>s<br />
reescritas. Para cada definição ou resultado, os vetores devem que ser do mesmo tipo<br />
(todos do plano ou todos do espaço).<br />
1. Dois vetores v e w são linearmente dependentes (l.d.) se existem escalares x e<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
y não ambos nulos que satisfazem xv + yw = 0.<br />
Observação 1: Esta condição é equivalente à definição utilizada anteriormente,<br />
de que v e w são l.d. se um deles é múltiplo do outro.<br />
De fato, se xv +yw = 0 com x = 0, então v = − y<br />
x<br />
108<br />
w. Se y = 0, podemos escrever
w = − x<br />
y v. Reciprocamente, se v = λw, então 1 v − λw = 0 e se w = µv,<br />
−µv + 1 w = 0.<br />
Observação 2: Dados v = −→<br />
AB e w = −→<br />
AC, então v e w são l.d. se, e só se,<br />
A,B e C são colineares (estão sobre <strong>uma</strong> mesma reta).<br />
De fato:<br />
Inicialmente suponha que v e w sejam l.d. e, sem perda de generalidade, que<br />
w = λv. Então temos duas possibilidades para B = A + v e C = A + λv: (1) se<br />
v = 0, os pontos estão na reta definida por A e v, e (2) se v = 0, B = C = A.<br />
Em ambos os casos, A, B e C são colineares.<br />
Reciprocamente, suponha que A, B e C sejam colineares. Se coincidirem, então<br />
v = w = 0 e portanto são l.d. Suponha que A = B, determinando <strong>uma</strong> reta<br />
r = r(A, B) = r(A,v). Como C ∈ r, C = A + λv. Logo w = λv e portanto, v e<br />
w são l.d.<br />
2. Dois vetores v e w são linearmente independentes (l.i.) se <strong>uma</strong> combinação<br />
linear nula xv + yw = 0 só é possível para x = y = 0.<br />
Observação 1: Se v ou w for nulo então eles não podem ser l.i.<br />
De fato, se v = 0, temos v = 0 w e se w = 0, w = 0v.<br />
Observação 2: Se v = −→<br />
AB e w = −→<br />
AC são l.i., então A, B e C determinam um<br />
plano.<br />
Isto segue do fato que A, B e C não são colineares, como foi demonstrado acima.<br />
Observação 3: Serem l.i. é a negação de serem l.d.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
3. Três vetores u, v e w são linearmente dependentes (l.d.) se existem escalares<br />
não todos nulos x, y e z que satisfazem xu + yv + z w = 0.<br />
Observação 1: Se um dos vetores for nulo, então o conjunto de vetores é l.d.<br />
Por exemplo, se u = 0, temos 1u + 0v + 0w = 0, já que 1u = 10 = 0.<br />
109
Observação 2: Se {u,v} é l.i. e {u,v, w} é l.d. então w é combinação linear<br />
de u e v.<br />
Dem: Suponha que xu + yv + z w = 0 com algum dos escalares x, y e z não<br />
nulo. Podemos afirmar com certeza que z = 0 pois, caso contrário, teríamos<br />
xu+yv+0w = xu+yv = 0 e como {u,v} é l.i., x = y = 0, ou seja, x = y = z = 0!<br />
Então w = −x y<br />
u − z zv. Observação 3: Em geral, 3 vetores u, v e w são l.d. se, e somente se, um deles<br />
(não necessariamente w) é c.l. dos demais. Esta é a versão mais utilizada como<br />
definição, nos diversos textos.<br />
De fato, suponha inicialmente que xu+yv +zw = 0, com um dos coeficientes não<br />
nulo. Suponhamos, sem perda de generalidade, que x = 0. Então, u = − y<br />
A recíproca fica como exercício.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
x<br />
110<br />
v − z<br />
x w.<br />
Observação 4: Já vimos que se u = −→<br />
AB e v = −→<br />
AC forem l.i. podemos considerar<br />
o plano que passa por A e é gerado pelos vetores −→<br />
AB e −→<br />
AC. Dizer que w é<br />
combinação linear de u e w significa que o ponto D = A + w pertence ao plano<br />
considerado.<br />
u<br />
v<br />
vetores livres l.d.<br />
w<br />
❚ ❚<br />
❚❚❚❚❚❚❚❚❚❚❚❚❚❚ ❚<br />
u<br />
•B ❚<br />
❚<br />
❚<br />
❚<br />
w ❚<br />
•<br />
•D<br />
❚<br />
A<br />
❚<br />
v •C<br />
❚<br />
❚<br />
❚<br />
❚<br />
π<br />
❚<br />
❚<br />
Por isso dizemos que três vetores u, v e w são l.d. quando são coplanares.<br />
4. Três vetores u, v e w são linearmente independentes (l.i.) se <strong>uma</strong> combinação
linear xu + yv + z w = 0 for possível somente quando x = y = z = 0.<br />
Observação 1: Neste caso, nenhum dos vetores pode ser nulo e os segmentos<br />
orientados que representam os vetores não são coplanares.<br />
Observação 2: Mais geralmente, nenhum dos vetores pode ser c.l. dos demais.<br />
Observação 3: É óbvio que no plano cartesiano R2 três vetores são sempre l.d.,<br />
pois já estão contidos no plano.<br />
Observação 4: Serem l.i. é a negação de serem l.d.<br />
Então existem no máximo dois vetores linearmente independentes no plano.<br />
Por exemplo, sejam ı = (1, 0) e j = (0, 1) que são respectivamente vetores unitários<br />
nos sentidos positivos dos eixos Ox e Oy.<br />
Temos que qualquer vetor v = (a, b) do plano se escreve como v = (a, b) = a(1, 0) +<br />
b(0, 1) = aı + bj, isto é, como <strong>uma</strong> combinação linear de ı e j.<br />
Vemos que C = {ı,j} é um conjunto l.i. pois xı + yj = 0 ⇐⇒ x(1, 0) + y(0, 1) =<br />
(0, 0) ⇐⇒ (x, y) = (0, 0) ⇐⇒ x = y = 0<br />
Dizemos que C é a base canônica de R 2 .<br />
Em geral B = {u,v} l.i. no plano R 2 é <strong>uma</strong> base de R 2 , sendo que qualquer vetor w<br />
se escreve de maneira única como combinação linear de u e v.<br />
Exemplo: Mostrar que u = (2, 1) e v = (3, 5) são l.i. e escrever w = (1, −1) como<br />
<strong>uma</strong> combinação linear de u e v.<br />
Como<br />
⎧<br />
⎪⎨ 2x + 3y = 0<br />
x(2, 1) + y(3, 5) = (0, 0) ⇐⇒<br />
⎪⎩ x + 5y = 0<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
temos que {u,v} é l.i. e é <strong>uma</strong> base de R 2 .<br />
⋆<br />
⇐⇒ x = y = 0<br />
111
Agora, como<br />
⎧<br />
⎪⎨ 2α + 3β = 1<br />
w = (1, −1) = α(2, 1) + β(3, 5) ⇐⇒<br />
⎪⎩ α + 5β = −1<br />
⇐⇒ α = 8<br />
, β = −3<br />
7 7<br />
temos que w = 8 3<br />
u − v. Essa combinação é única, pois o sistema acima tem solução<br />
7 7<br />
única.<br />
y<br />
(3, 5)<br />
u<br />
v<br />
w(1, −1)<br />
− 3<br />
7 v ✟ ✟✟✟✟✟✟✔✔✔✔✔✔✔<br />
8<br />
7 u<br />
x<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
112<br />
Ilustração do exemplo obtido com<br />
GeoGebra.<br />
Observe a regra do paralelogramo.<br />
A unicidade da c.l. de w n<strong>uma</strong> base {u,v} do plano segue da independência linear<br />
dos vetores da base. De fato, suponha que w = xu + yv = x ′ u + y ′ v. Então w − w =<br />
0 = (x − x ′ )u + (y − y ′ )v, donde x − x ′ = 0 = y − y ′ e, portanto, x = x ′ e y = y ′ .<br />
Na mesma linha de raciocínio, no espaço euclidiano R 3 , quatro vetores são sempre<br />
contidos no próprio espaço, onde existem no máximo três vetores l.i. Exemplo: ı =<br />
(1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1) são respectivamente os vetores unitários no sentido<br />
positivo dos eixos cartesianos Ox, Oy e Oz. O conjunto C = {ı,j, k} é claramente<br />
l.i. e a grande vantagem é que qualquer vetor v = (x, y, z) do espaço se escreve como<br />
combinação linear dos vetores de C de forma natural: v = (x, y, z) = xı + yj + z k, onde<br />
os coeficientes da combinação linear são exatamente as coordenadas de v.
Dizemos que C = {ı,j, k} é a base canônica de R 3 .<br />
Em geral, um conjunto de três vetores B = {u,v, w} no espaço R 3 é chamado base<br />
se for um conjunto l.i. e, neste caso, dado um vetor t qualquer no espaço, podemos<br />
encontrar escalares a, b e c tais que t = au+bv +cw. Além disso, os escalares são únicos<br />
(demonstração análoga ao caso plano <strong>—</strong> exercício!).<br />
Geometricamente, podemos obter estes escalares da seguinte forma:<br />
Represente os vetores a partir de um<br />
ponto A: u = −→<br />
AB, v = −→<br />
AC, w = −→<br />
AD e<br />
t = −→<br />
AP.<br />
Sejam α o plano determinado por<br />
ABC e ℓ a reta determinada por P e w.<br />
Encontre ¯ P como intersecção de ℓ com α.<br />
Temos que −→<br />
w<br />
D<br />
<br />
t<br />
cw<br />
P<br />
C ℓ<br />
v<br />
bv<br />
<br />
<br />
A<br />
au + bv ¯P<br />
au<br />
<br />
¯PP<br />
P<br />
= cw.<br />
u B<br />
′<br />
P<br />
<br />
α<br />
′′<br />
P ′′′<br />
Aplique o caso plano para obter −→<br />
A ¯ P = au + bv. Assim, t = −→<br />
AP = −→<br />
A ¯ P + −→<br />
¯PP =<br />
au + bv + cw.<br />
Quando os vetores são dados em coordenadas, podemos obter os escalares acima<br />
utilizando sistemas lineares, como podemos ver no exemplo a seguir:<br />
Sejam u = (1, 2, 3), v = (−2, 3, 4), w = (0, 2, −2). Estes vetores serão l.i. se<br />
xu + yv + zv = 0 só for possível com x = y = z = ⎧0.<br />
⎪⎨<br />
x −2y = 0<br />
Isto é equivalente a dizer que o sistema linear (∗) 2x +3y +2z = 0 tem somente<br />
⎪⎩ 3x +4y −2z = 0<br />
a solução nula x = y = z = 0 (que é equivalente ao posto da matriz dos coeficientes ser<br />
3).<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Escrever o vetor t = (−3, 4, 10) como c.l. de u, v e w é obter x, y e z com t ⎧<br />
=<br />
⎪⎨<br />
x −2y = −3<br />
xu + yv + z w, ou seja, resolver o sistema (∗∗) 2x +3y +2z = 4 .<br />
⎪⎩ 3x +4y −2z = 10<br />
113
octave:1> u=[1 2 3];<br />
octave:2> v= [-2 3 4];<br />
octave:3> w = [0 2 -2];<br />
Resolvendo com Octave ...<br />
octave:4> M = [u;v;w]’ % M é a matriz dos coeficientes de (*) e de (**)<br />
M =<br />
1 -2 0<br />
2 3 2<br />
3 4 -2<br />
octave:5> t=[-3 4 10]<br />
t =<br />
-3 4 10<br />
octave:6> rank(M) % rank(M) = posto(M)<br />
ans = 3 % logo u,v,w é l.i.<br />
octave:7> M\zeros(3,1) % resolvendo (*)<br />
ans =<br />
0<br />
0<br />
0<br />
octave:8> X=M \ t’ % resolvendo (**)<br />
X =<br />
0.41176<br />
1.70588<br />
-0.97059<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
octave:9> X(1)*u+X(2)*v+X(3)*w % escrevendo a c.l.<br />
ans =<br />
114
-3.0000 4.0000 10.0000<br />
No próximo capítulo detalharemos a aplicação de técnicas matriciais para a resolução<br />
deste e outros problemas com vetores, retas e planos.<br />
Apresentamos a seguir um belo exemplo de aplicação das propriedades de operações<br />
vetoriais e dependência linear, para demonstrar um resultado clássico de Geometria Eu-<br />
clidiana:<br />
Teorema: As medianas de um triângulo<br />
se encontram num único ponto, situado a<br />
2/3 de cada mediana, a partir do vértice.<br />
Mb<br />
OA<br />
OMa<br />
= OB<br />
OMb<br />
= OC<br />
OMc<br />
= 2<br />
1<br />
AO = 2<br />
3 AMa<br />
A <br />
<br />
B<br />
Dem: Seja ABC o triângulo. Sejam Ma, Mb e Mc os pontos médios dos lados opostos aos<br />
vértices A, B e C, respectivamente.<br />
Para u = −→<br />
AB e v = −→<br />
AC, temos que Ma = A + 1<br />
2 (u + v), Mb = A + 1<br />
2 v e Mc = A + 1<br />
2 u.<br />
Logo, as equações vetoriais das medianas são:<br />
AMa: X = A + t −−→<br />
AMa = A + t<br />
2 (u + v),<br />
BMb: X = B + s −−→<br />
BMb = (A + u) + s(A + 1<br />
s<br />
v − (A + u)) = A + (1 − s)u +<br />
CMc: X = C + λ −−→<br />
CMc = (A + v) + λ(A + 1<br />
λ<br />
u − (A + v)) = A + u + (1 − λ)v,<br />
com t,s,λ ∈ [0,1]. Devemos mostrar que O = AMa ∩ BMb ∩ CMc com t = s = λ = 2<br />
3 .<br />
Vamos inicialmente encontrar O = AMa ∩ BMb e mostrar depois que O ∈ CMc.<br />
Como O = A + t<br />
s<br />
t<br />
t<br />
2 (u + v) = A + (1 − s)u + 2v, temos que ( 2 + s − 1)u + ( 2<br />
E como u e v são l.i. (lados de um triângulo), t<br />
t s<br />
2 + s − 1 = 0 e 2 − 2<br />
(exercício!) que t = 2 = s.<br />
t<br />
3<br />
2<br />
2<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
<br />
C<br />
<br />
O<br />
<br />
Ma<br />
Mc<br />
2<br />
2 v,<br />
− s<br />
2 )v = 0.<br />
115<br />
= 0, donde concluímos<br />
Logo O = A +<br />
<br />
2<br />
3<br />
1<br />
1<br />
2 (u + v) = A + 3 (u + v).<br />
Para ver que O ∈ MMc, basta ver se O = A + 1<br />
λ<br />
3 (u + v) = A + 2u + (1 − λ)v para algum<br />
λ ∈ [0,1]. Equacionando, devemos ter 1 λ<br />
3 (u + v) = 2u + (1 − λ)v, e pelo fato de u e v serem
l.i., concluímos que λ<br />
2<br />
= 1<br />
3<br />
1<br />
2<br />
e (1 − λ) = 3 , satisfeito para λ = 3 , como queríamos.<br />
2.4 Uma introdução ao GeoGebra<br />
O GeoGebra é um software de Geometria Dinâmica, criado originalmente por Markus<br />
Hohenwarter, para trabalhar com Geometria e Álgebra. É um programa implementado em<br />
Java, que permite mover com o mouse (ou outro dispositivo correspodente) os objetos<br />
construídos, sem perda das propriedades <strong>geométrica</strong>s e algébricas utilizadas.<br />
É apresentado n<strong>uma</strong> planilha contendo <strong>uma</strong> Janela de Álgebra e <strong>uma</strong> Área de Trabalho,<br />
entre a Barra de Ferramentas acima e o Campo de Entrada abaixo.<br />
Observe que cada elemento da Área de Trabalho(desenho plano) é descrito algebri-<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
camente na Janela de Álgebra ao lado. A Janela de Álgebra pode ser escondida quando<br />
desejar, mas é automaticamente atualizada a cada modificação da Área de Trabalho. Re-<br />
ciprocamente, cada alteração na Janela de Álgebra é repassada para a Área de Trabalho.<br />
As entradas dos objetos (pontos, retas, vetores, cônicas, ...), com as propriedades<br />
116
desejadas podem ser na forma de comandos no Campo de Entrada, ou através da Barra<br />
de Ferramentas na Área de Trabalho. Alterações das propriedades das construções podem<br />
ser feitas posteriormente, clicando com o botão direito do mouse sobre o objeto, tanto<br />
na Janela de Álgebra, quanto na Área de Trabalho.<br />
Mais sobre manipulação do GeoGebra pode ser obtido emhttp://www.geogebra.at.<br />
Não deixe de consultar o GeoGebra QuickStart.<br />
Agora vamos nos concentrar no uso do GeoGebra como <strong>uma</strong> ferramenta para estudar<br />
Geometria Analítica Plana. O GeoGebra trabalha com o plano munido de um sistema de<br />
coordenadas cartesianas.<br />
1. Definindo pontos: Podemos entrar com um ponto através do Campo de Entrada,<br />
através de suas coordenadas.<br />
Por exemplo, para definir P = (2, 3), basta digitar “P = (2,3)” no Campo de<br />
Entrada.<br />
Podemos também selecionar (ponto) na Barra de Ferramentas e clicar no<br />
lugar desejado da Área de Trabalho. Porém, como o objetivo inicial é trabalhar as<br />
coordenadas, vamos utilizar o Campo de Entrada.<br />
Como exercício, crie também O = (0, 0).<br />
Observação 1: O GeoGebra não aceita qualquer letra como nome de ponto.<br />
Em geral são letras maiúsculas, tipo A, B, C, P, .... Pode ter alg<strong>uma</strong>s variações<br />
como P1 (escreve-se t 1), P ′ , P ′′ . Problemas com X. Se utilizar letra minúscula,<br />
entenderá que é um vetor.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Observação 2: Um ponto assim criado é um objeto livre (pois não dependeu<br />
de outros objetos para ser criado) e pode ser movimentado com o mouse, com<br />
a ferramenta (Mover). Mas, se na hora de criar o ponto, tivesse escolhido<br />
um ponto de alg<strong>uma</strong> reta, ou curva, ou segmento, ..., este ponto deve aparecer<br />
117
na categoria de Objeto dependente, e só pode ser movimentado sobre o objeto<br />
escolhido.<br />
Observação 3: Pode-se esconder o rótulo, renomear, aumentar o tamanho do<br />
círculo que o representa, a cor, etc (suas Propriedades) clicando com o botão<br />
direito do mouse sobre o objeto e seguindo as instruções. Experimente! Obs: Pode-<br />
se escolher fixar objeto sobre um ponto que não quer que seja movimentado, como<br />
O = (0, 0). O objeto, mesmo classificado como livre, ficará fixo.<br />
Observação 4: As coordenadas do ponto P são referidas no GeoGebra como<br />
“x(P)” e “y(P)”.<br />
Por exemplo, para obter as projeções Px e Py de P nos eixos Ox e Oy, respecti-<br />
vamente, digitamos “P x = (x(P), 0)” e “P y = (0, y(P))”. Observe que os<br />
pontos Px e Py são classificados na Janela de<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
118<br />
Álgebra como objetos dependentes.<br />
Como exercício de dinâmica, experimente mover o ponto P de lugar, com o mouse<br />
(selecione a ferramenta de mover na Barra de Ferramentas, clique no ponto P e<br />
movimente). Os objetos dependentes do ponto P como Px e Py seguem o movi-<br />
mento. Além disso (importante!), se apagar um objeto do qual eles dependem<br />
(no caso, o ponto P), serão automaticamente apagados.<br />
2. Definindo vetores: Temos formas distintas de definir vetores, dependendo das si-<br />
tuações:<br />
• Vetor v = −→<br />
AB, onde A e B já estão definidos e desenhados:<br />
No Campo de Entrada, digite “v=Vetor[A,B]” ou “v=B-A”. No primeiro<br />
caso, o desenho do vetor será como o segmento orientado −→<br />
AB, de A até B.<br />
No segundo caso, a origem do vetor será em (0, 0).<br />
Na Barra de Ferramentas, selecione (vetor definido por dois pontos) e<br />
clique sobre os pontos A e B. O nome do vetor será escolhido pelo probrama,<br />
mas você pode renomear. Se o nome que você escolher já estiver sendo usado
para outro objeto, o programa renomeará o outro objeto, para que sua escolha<br />
atual seja respeitada (nem sempre).<br />
• Vetor v = (a, b), com as coordenadas a e b já definidos.<br />
No Campo de Entrada, digite “v=(a,b)”.<br />
• Vetor v = (a, b), com as coordenadas a e b definidas no momento.<br />
No Campo de Entrada, digite “v = (2,3)”, por exemplo, para criar o vetor<br />
v = (2, 3).<br />
Observação 1: Se digitar “B-A” em vez de “v=B-A”, será criado um ponto,<br />
digamos, C, tal que C − O = B − A.<br />
Observação 2: Se digitar “(a,b)” em vez de “v=(a,b)”, será criado o ponto<br />
(a, b).<br />
Observação 3: O vetor criado utilizando “v=(a,b)” com a e b anteriormente<br />
definidos é um objeto dependente de a e b.<br />
3. Operando com pontos e vetores:<br />
No Campo de Entrada, supondo que os objetos relacionados no lado direito de “=”<br />
estejam pré-definidos.<br />
• “B = A+v” (com A e v pré-definidos) cria (e desenha) o ponto B = A + v.<br />
• “w = u+v” (com u e v pré-definidos) cria o vetor w = u + v e desenha-o a<br />
partir de O.<br />
• “z= 5v” ou “z= 5*v” cria o vetor z = 5v.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
• “m = 3 u - 5v” cria o vetor m = 3u − 5v (combinações lineares)<br />
• “u*v” calcula o chamado produto escalar entre u e v, a ser definido mais<br />
tarde: (a, b) ∗ (c, d) = ac + db.<br />
• “B = Transladar[A,v]” cria o ponto B = A + v.<br />
119
Com a Barra de Ferramentas, temos a ferramenta (vetor a partir de um<br />
ponto) que, clicando sobre um ponto A e um vetor v cria o ponto B = A + v<br />
e desenha-o junto com o segmento orientado −→<br />
AB, que terá outro nome (não será<br />
v). Além disso, existe outra ferramenta com ícone semelhante, Transladar por um<br />
vetor, que só desenha o ponto B. Obs: O nome B para o ponto é fictício, mas<br />
pode ser renomeado!<br />
4. Segmentos de retas:<br />
5. Retas<br />
• Para criar um segmento de A até B, basta selecionar (segmento defi-<br />
nido por 2 pontos) e clicar sobre os pontos. Ou então, digitar “Segmento[A,B]”.<br />
Há várias propriedades que podem ser modificadas, como estilo, cor, espessura,<br />
nome, etc.<br />
• Um segmento CD pode ser obtido de AB, através de <strong>uma</strong> translação por um<br />
vetor v, utilizando a ferramenta (Transladar por um vetor) e clicando<br />
sobre o segmento AB e o vetor v. Ou então, digitando “Transladar[Segmento[A,B],v]”.<br />
• Para segmento parametrizado, veja mais adiante.<br />
• Para criar <strong>uma</strong> reta por A e B, o mais simples é utilizar a ferramenta<br />
(Reta definida por dois pontos) ou digitar “Reta[A,B]”.<br />
• Retas paralelas ou perpendiculares a <strong>uma</strong> reta ou vetor e passando por um<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
ponto, podem ser traçadas com as ferramentas do mesmo nome. Estão no<br />
mesmo grupo de ferramentas, na Barra de Ferramentas. Fica como exercício<br />
explorá-las e procurar os comandos correspondentes.<br />
• Para retas parametrizadas, veja mais adiante.<br />
120
6. Criando novas ferramentas Podemos criar novas ferramentas, popularmente conhe-<br />
cidas como macros, quando trabalhamos num projeto onde alguns procedimentos<br />
se repetem em diversas ocasiões. Por exemplo, se quizermos trabalhar com Geo-<br />
metria Espacial através de Perpectiva Cavaleira, definimos novas ferramentas para<br />
desenhar os elementos do espaço em perspectiva.<br />
Vamos apresentar aqui, no caso plano, a<br />
criação do macro para representar o ponto<br />
com suas projeções nos eixos coordenados,<br />
todos ligados com segmentos tracejados,<br />
para melhor visualização, como aparecem nos<br />
livros didáticos.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
3<br />
2<br />
1<br />
1 2<br />
• Primeiro crie um modelo de ponto com suas projeções e segmentos:<br />
(i) Crie um ponto P.<br />
−1<br />
(ii) Obtenha as projeções P ′ = (x(P), 0) e P ′′ = (0, y(P)).<br />
(iii) Desenhe os segmentos P ′ P e P ′′ P. Depois modifique o Estilo em Pro-<br />
priedade, para que apareçam tracejados, e mais finos do que o default. Além<br />
disso, esconda os rótulos (nomes) dos segmentos e dos pontos, exceto o P.<br />
• No menu acima da barra de ferramentas, selecione Ferramentas e depois,<br />
Criar <strong>uma</strong> nova ferramenta. Então,<br />
(i) abrir-se-á <strong>uma</strong> nova janela, onde, pede-se primeiro para escolher todos os<br />
objetos de saída, isto é, que serão criados automaticamente sempre que se<br />
utilizar a ferramenta. No caso, escolha os pontos P ′ , P ′′ e os segmentos P ′ P<br />
e P ′′ P, como é sugerido.<br />
(ii) Depois de concluída estas entradas, será pedido para selecionar os objetos<br />
de entrada. No caso, somente o ponto P. (Se houvesse mais que <strong>uma</strong> entrada,<br />
é muito importante colocá-los n<strong>uma</strong> certa ordem, pois toda vez que for utilizar<br />
<br />
<br />
A<br />
<br />
B<br />
<br />
121
a ferramenta, será sempre a ordem escolhida.).<br />
(iii) Concluída esta etapa anterior, será pedido para nomear a ferramenta e o<br />
comando, e para definir o que aparecerá como ajuda. Entende-se por nome<br />
de comando aquele que será utilizado no Campo de Entrada.<br />
Pronto!<br />
• A nova ferramenta aparecerá na Barra de Ferramentas. Teste! Clique na<br />
Área de Trabalho, onde se quer criar um ponto. Ou, no Campo de Entrada,<br />
digitando o nome do comando com as coordenadas do ponto.<br />
• Se tudo estiver funcionando como desejado, pode salvar a ferramenta com<br />
extensão .ggt, entrando novamente no menu Ferramentas, em Ferramentas<br />
de Controle. Aparecerá a ferramenta criada e a opção para gravar ou apa-<br />
gar. Pode-se também aproveitar para trocar o nome e o ícone, mas não dá<br />
para modificar o conteúdo. Se não estiver certo, pode selecionar apagar, ou<br />
simplesmente, sair do programa.<br />
• Uma vez salvado a ferramenta em arquivo .ggt, quando quiser utilizá-la basta<br />
escolher para abrir o arquivo, após abrir o GeoGebra. Ou então, salvar <strong>uma</strong><br />
versão com a ferramenta já na Barra de Ferramentas.<br />
7. Reta parametrizada<br />
• Para criar a reta parametrizada X = A+tv, vamos utilizar a ferramenta<br />
(Lugar Geométrico).<br />
Vamos escolher o parâmetro t como sendo x(T), onde T = (t, 0) é um ponto<br />
do eixo Ox.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Para começar, escolha um ponto sobre o eixo Ox (espere aparecer o ponteiro<br />
indicando o eixo) e chame-o de T. Confirme que o ponto T só se movimenta<br />
sobre o eixo Ox.<br />
Digite “P = (x(A)+x(T)*x(v), y(A)+x(T)*y(v)” (x(T) = t, lembre-se).<br />
122
Selecione (lugar geométrico) na Barra de Ferramentas e clique primeiro<br />
no ponto P e depois no ponto T.<br />
Pronto! Está criada a reta r(A,v). Movimente o ponto T sobre o eixo Ox e<br />
veja como varia o ponto P.<br />
• Para desenhar o segmento AB com o Lugar Geométrico, no lugar do eixo Ox<br />
para colocar T, escolha, por exemplo, o segmento de O = (0, 0) a U = (1, 0).<br />
Assim, t = x(T) ∈ [0, 1] para todo T ∈ OU. Além disso, v = −→<br />
AB. Como<br />
exercício, repita a construção do LG para este caso.<br />
• Também é possível utilizar o Seletor para movimentar os pontos sobre a reta,<br />
utilizando a parametrização. A ferramenta (seletor) cria um número<br />
(escalar) que pode variar num certo intervalo [a, b] a escolher. Por default,<br />
é o intervalo [−5, 5], com passo .1. Utilizando este escalar como parâmetro<br />
da reta, como nos casos anteriores, ao se mover o seletor, o ponto criado<br />
acompanhará o movimento.<br />
Para que um ponto P possa ser movimentado de A − 5v a A + 5v, crie um<br />
seletor, digamos, t, com variação em [−5, 5], e digite: “P = (x(A)+t* x(v),<br />
y(A)+t*y(v))”.<br />
2.5 Introdução ao Octave - um pouco de gráficos<br />
O programa Octave possui implementações gráficas 2D e 3D, que permitem traçar<br />
gráficos de funções de duas e três variáveis, curvas e superfícies parametrizadas, e curvas<br />
de contorno de funções de 2 variáveis.<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
Vamos trabalhar aqui com o que existe de mais básico em gráficos para o Octave, uti-<br />
lizando o GNUplot. Mas existem ambientes mais sofisticados, que exigem implementação<br />
extra. Os interessados poderão procurar na rede mundial de computadores, tanto os<br />
123
programas, como os manuais para utilização dos mesmos.<br />
No momento, estamos interessados somente em retas e planos.<br />
1. Para traçar <strong>uma</strong> reta no plano, gráfico de função y = mx+c no plano, basta escolher<br />
o intervalo [a, b] de variação de x, escolher o passo da variação, por exemplo .1, ou<br />
o número de pontos no intervalo a serem utilizados, e utilizar o comando plot.<br />
y<br />
3<br />
2.5<br />
2<br />
1.5<br />
1<br />
0.5<br />
Reta y=2x+1, em [0,1]<br />
0<br />
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1<br />
x<br />
x = 0:.2:1 % lista das abscissas dos pontos<br />
y = 2*x + 1 % lista das ordenadas dos pontos<br />
plot(x,y) % comando básico para traçar o gráfico<br />
title(’Reta y = 2x+1’) % acrescentando o título<br />
r<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
124<br />
Por exemplo, para obter<br />
este gráfico de y = 2x + 1<br />
no intervalo [0, 1], utiliza-<br />
mos os comandos abaixo:<br />
legend(’r’) % acrescentando a legenda (útil para mais funç~oes)<br />
xlabel(’x’) % rótulo para o eixo Ox<br />
ylabel(’y’) % rótulo para o eixo Oy<br />
hold on % mantendo o atual desenho, para acrescentar mais<br />
plot(x,y,’ro’) % traçando novamente, agora com opç~oes:<br />
% em vermelho(r), estilo ’o’ nos pontos<br />
% veja mais opç~oes, nos manuais<br />
grid on % desenhando o grid (quadriculado)<br />
axis([0 1 0 3]) % escolhendo manualmente a variaç~ao dos eixos<br />
% Ox: [0 1]; Oy: [0 3]
% sem o qual o Octave desenha o segmento na diagonal<br />
print(’graf.eps’,’-deps’)<br />
% salvando no arquivo graf.eps (formato eps)<br />
print(’graf.png’,’-dpng’) % para salvar em PNG<br />
Todos os gráficos do Octave no GNUplot tem saída nesta proporção do exemplo.<br />
A definição dos eixos, com axis altera as escalas dos eixos. Caso não especificado,<br />
o Octave procura utiliza os eixos otimizados, isto é, de forma que a janela gráfica<br />
seja o menor retângulo contendo o seu gráfico.<br />
2. Reta (segmento) parametrizado: Como se pode ver acima, o comando plot pede<br />
como entradas as listas das abscissas x e das ordenadas y dos pontos (x, y). Se não<br />
especificado em contrário, um ponto é ligado ao próximo da sequência. Logo as<br />
listas têm que ser dadas na ordem certa. As parametrizações ordenam naturalmente<br />
os pontos. Vamos parametrizar o segmento de reta com origem em A = (2, 1),<br />
direção dada por v = (−3, −2) e de comprimento 5, como exemplo.<br />
2<br />
1.5<br />
1<br />
0.5<br />
0<br />
-0.5<br />
-3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1<br />
A = [1 2]<br />
v = [-3 -2]<br />
u = 1/norm(v)*v<br />
t = linspace(0,5,6)<br />
x = A(1)+t*u(1)<br />
y = A(2)+t*u(2)<br />
plot(x,y, ’ks-’)<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
No exemplo acima, u é o versor do vetor u. Assim, 5u é um vetor de comprimento<br />
5, donde variamos o parâmetro t de 0 a 5, para obter o segmento de comprimento<br />
5. A opção ’s’ do comando plot(x,y,’ks-’), é para representar os pontos dados<br />
com quadrados (square), ’k’ para desenho na cor preta, e ’-’ para unir os pontos<br />
125
com segmentos.<br />
3. Paralelogramo de arestas dadas pelos vetores u = −→<br />
AB = (3, 1) e v = −→<br />
AC = (−3, 4),<br />
onde A = (1, 1).<br />
Como o comando plot, com a opção ’-’, traça os segmentos entre os pontos, pode-<br />
mos traçar o paralelogramo ABDC utilizando a sequência de pontos A, B, D, C, A<br />
( −→<br />
AD é a diagonal).<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
-2 -1 0 1 2 3 4<br />
A = [1 1]<br />
u = [3 1], v = [-3 4]<br />
B = A+u, C = A+v<br />
D = A + (u+v)<br />
XY = [A;B;D;C;A]<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
126<br />
x =XY(:,1), y =XY(:,2)<br />
plot(x,y,’ko-’),grid on<br />
Observe que a XY é a matriz cujas linhas são os pontos A, B, D, C e A, donde a<br />
primeira coluna é a lista das abscissas e a segunda, das ordenadas dos pontos. No<br />
comando plot(x,y,’ko-’), as opção ’k’ é para desenhar na cor preta, ’o’ para<br />
colocar <strong>uma</strong> circunfer?ncia nos pontos dados, ’-’ para ligar os pontos.<br />
4. Dada <strong>uma</strong> sequência de pontos P1, P2, ..., Pn no espaço, podemos traçar a<br />
poligonal determinada por esses pontos, através do comando plot3(x,y,z), onde<br />
x, y e z são as listas das coordenadas x, y e z dos pontos. Isto generaliza a<br />
construção do paralelogramo acima.<br />
Exemplo: paralelogramo com vértice A = (1, 2, −1) e arestas dadas pelos vetores<br />
u = (1, 0, 0), v = (0, 1, −1).
A = [1 2 -1]<br />
u = [1,0,0], v=[0,1,-1]<br />
B = A+u, C=A+v, D=B+v<br />
XYZ = [A;B;D;C;A]<br />
x=XYZ(:,1)<br />
y=XYZ(:,2)<br />
z=XYZ(:,3)<br />
plot3(x,y,z)<br />
grid on<br />
-1<br />
-1.2<br />
-1.4<br />
-1.6<br />
-1.8<br />
-2 3<br />
2.8<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
2.6<br />
2.4<br />
2.2<br />
2 1<br />
Este paralelogramo está sendo dado somente<br />
pelas arestas. Por isso é “vazado”.<br />
Se os pontos da poligonal são dadas por <strong>uma</strong> parametrização, é mais natural obter<br />
as listas x, y e z. Por exemplo, no caso da reta no espaço dada por X = A + tu,<br />
onde A = (1, 2, −1), u = (2, 3, 1), basta fazer<br />
A = [1 2 -1], u = [2,3,1]<br />
t = linspace(0,2,11); % definindo 11 pontos de 0 a 2 (inclusive)<br />
x = A(1) + t*u(1);<br />
y = A(2) + t*u(2);<br />
z = A(3) + t*u(3);<br />
plot3(x,y,z)<br />
5. O paralelogramo ABDC do ítem anterior poderia ser desenhado com os pontos<br />
interiores da região plana.<br />
Isto pode ser representado como um “patch” único, que pode ser desenhado com um<br />
dos seguintes comandos: “mesh(xx,yy,zz)”, “meshz(xx,yy,zz)” ou “surf(xx,yy,zz)”,<br />
onde ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤<br />
A(1) B(1) A(2) B(2) A(3) B(3)<br />
xx = ⎣ ⎦, yy = ⎣ ⎦ e zz = ⎣ ⎦.<br />
C(1) D(1) C(2) D(2) C(3) D(3)<br />
1.2<br />
1.4<br />
1.6<br />
1.8<br />
127<br />
2
A = [1 2 -1]<br />
u = [1,0,0], v=[0,1,-1]<br />
xx= [ A(1) B(1); C(1) D(1)]<br />
yy= [ A(2) B(2); C(2) D(2)]<br />
zz= [ A(3) B(3); C(3) D(3)]<br />
surf(xx,yy,zz)<br />
Se optarmos por subdividir o paralelogramo, dividindo o lado AB em, digamos, 3<br />
partes, e o lado AC, em 4 partes, as matrizes xx, yy e zz teriam (3 + 1) × (4 + 1)<br />
entradas, correspondentes aos pontos do grid.<br />
Para entender os comandos, poderíamos renomear os pontos do lado AB de P11 =<br />
A, P12, P1,3, P14 = B, e os do lado AC de P11 = A, P21, P31, P41, P51 = C.<br />
Nomeando os pontos de Pi,j conforme a posição no grid, teríamos <strong>uma</strong> matriz de<br />
pontos (Pij)5×4 e, as matrizes xx, yy e zz seriam constituídas das correspondentes<br />
coordenadas.<br />
Para entender esse processo, vamos construir esta matriz de pontos com a parame-<br />
trização do paralelogramo. Ou seja, usando a parametrização X(t, s) = A+tu+sv,<br />
fazendo t1 = 0, t2, t3, t4 = 1 e s0 = 0, s1, s2, s3, s4, s5 = 1 os parâmetros corres-<br />
pondentes às subdivisões, temos Pi,j = A + tiu + sjv.<br />
A primeira linha desta matriz de pontos tem como constante t1, na segunda linha<br />
t2, ...<br />
A primeira coluna da matriz de pontos tem com constante s1, a segunda, s2, ...<br />
Logo, analisando (Pij) em termos de t’s e s’s, estaremos trabalhando com<br />
⎡ ⎤ ⎡<br />
⎤<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
⎢<br />
tt = ⎢<br />
⎣<br />
t1 t1 t1 t1<br />
t2 t2 t2 t2<br />
t3 t3 t3 t3<br />
t4 t4 t4 t4<br />
t5 t5 t5 t5<br />
⎥ ⎢<br />
⎥ ⎢<br />
⎥ ⎢<br />
⎥ ⎢<br />
⎥ ⎢<br />
⎥ e ss = ⎢<br />
⎥ ⎢<br />
⎥ ⎢<br />
⎥ ⎢<br />
⎦ ⎣<br />
s1 s2 s3 s4 s5<br />
s1 s2 s3 s4 s5<br />
s1 s2 s3 s4 s5<br />
s1 s2 s3 s4 s5<br />
s1 s2 s3 s4 s5<br />
⎥<br />
⎥.<br />
⎥<br />
⎦<br />
128
Estas matrizes são geradas com o comando “[tt,ss]=meshgrid(t,s)”. Assim, as<br />
matrizes xx, yy e zz procuradas são dadas por xx = A(1) + tt ∗ u(1) + ss ∗ v(1),<br />
yy = A(2) + tt ∗ u(2) + ss ∗ v(2) e zz = A(3) + tt ∗ u(3) + ss ∗ v(3).<br />
Assim, segue o código Octave para a figura ao lado:<br />
A = [1 2 -1]<br />
u = [1,0,0], v=[0,1,-1]<br />
t = linspace(0,1,4);<br />
s = linspace(0,1,5);<br />
[tt,ss] = meshgrid(t,s);<br />
xx = A(1)+tt*u(1)+ss*v(1);<br />
yy = A(2)+tt*u(2)+ss*v(2);<br />
zz = A(3)+tt*u(3)+ss*v(3);<br />
surf(xx,yy,zz)<br />
-1<br />
-1.2<br />
-1.4<br />
-1.6<br />
-1.8<br />
-2 3<br />
2.8<br />
DM-<strong>UFSCar</strong><br />
2.6<br />
2.4<br />
2.2<br />
2 1<br />
1.2<br />
1.4<br />
1.6<br />
1.8<br />
129<br />
2