VALEC – Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - Secretaria do ...
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<strong>VALEC</strong> <strong>–</strong> <strong>Engenharia</strong>, <strong>Construções</strong> e <strong>Ferrovias</strong> S.A.<br />
FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE LESTE<br />
PRODUTO 3 <strong>–</strong> RESUMO EXECUTIVO<br />
PARA CONSULTA PÚBLICA<br />
PARQUE ESTADUAL (PE) DAS NASCENTES DO ALMADA E SERRA DO<br />
CORCOVADO; E REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE (RVS) DAS NASCENTES DO<br />
ALMADA<br />
Contrato <strong>VALEC</strong> nº. 047/09 Versão nº. 01<br />
Ordem de Serviço nº. 16 Revisão nº. 00<br />
Elabora<strong>do</strong> por: OIKOS Pesquisa Aplicada Ltda.<br />
Data: Outubro/2012
<strong>VALEC</strong> <strong>–</strong> <strong>Engenharia</strong>, <strong>Construções</strong> e <strong>Ferrovias</strong> S.A.<br />
FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE LESTE<br />
PRODUTO 3 <strong>–</strong> RESUMO EXECUTIVO<br />
PARA CONSULTA PÚBLICA<br />
PARQUE ESTADUAL (PE) DAS NASCENTES DO ALMADA E SERRA DO<br />
CORCOVADO; E REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE (RVS) DAS NASCENTES DO<br />
ALMADA<br />
OUTUBRO/2012
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 1. Mapa de Localização das áreas com potencial de criação de UC na Bacia<br />
Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada - BA ................................................................................ 04<br />
Figura 2. Desenho esquemático <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de amostragem utiliza<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong><br />
MARTINI et al. (2007), modifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> GENTRY (1982 ............................................... 07<br />
Figura 3a. Méto<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> com a linha de 200m estendida e marcada a cada<br />
20m ............................................................................................................................ 07<br />
Figura 3b. Coleta de da<strong>do</strong>s de campo. Medição <strong>do</strong>s indivíduos ................................ 08<br />
Figura 3c. Coleta de da<strong>do</strong>s de campo. Escalada para coleta <strong>do</strong> ramo <strong>do</strong> indivíduo. .. 08<br />
Figura 3d. Coleta de da<strong>do</strong>s de campo. Registro de todas as informações de cada<br />
indivíduo. .................................................................................................................... 08<br />
Figura 4. Imagem da Área 01 modificada para localização das unidades amostrais<br />
(amostra 01 na Serra <strong>do</strong> Sete Paus e amostra 02 na Serra <strong>do</strong> Mato Grosso)............. 08<br />
Figura 5a. Local da Amostra 01. Vista geral da Serra <strong>do</strong> Sete Paus, mostran<strong>do</strong> serras<br />
com áreas de floresta e áreas de pasto (foto acima) e imagens <strong>do</strong>s remanescentes<br />
florestais (fotos abaixo) ............................................................................................... 08<br />
Figura 5b. Local da Amostra 02. Vista geral da Serra <strong>do</strong> Mato Grosso, enfatizan<strong>do</strong> as<br />
serras com remanescentes florestais (foto da esquerda) e imagem da área da floresta<br />
onde foi amostrada (foto da direita) ............................................................................ 09<br />
Figura 6. Imagem da Área 2 modificada para localização da unidade amostral ......... 09<br />
Figura 7a. Vista da Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, imagem geral da Serra com áreas<br />
encobertas por neblina, característica comum de áreas serranas (foto de acima) e<br />
próxima ao local amostra<strong>do</strong> (foto abaixo) ................................................................... 09<br />
Figura 7b. Fotos da mata da Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, com a presença de árvores de<br />
grande porte (foto à esquerda). Destaque também para a espécie de pteridófita<br />
arborescente, conhecida popularmente como samambaiaçu ou xaxim - Cyathea sp.<br />
(foto à direita), típica de floresta Montana. .................................................................. 10<br />
Figura 8. Distribuição agrupada no Nível I das classes de cobertura e uso da terra -<br />
BHRA, APA e Área Estudada ..................................................................................... 14<br />
Figura 9. Distribuição das classes de cobertura e uso da terra para a Área 1. As áreas<br />
de uso foram agrupadas como áreas antrópicas ........................................................ 15<br />
Figura 10. Distribuição das classes de cobertura e uso da terra para a Área 2. As<br />
áreas de uso foram agrupadas como áreas antrópicas. .............................................. 16<br />
Figura 11. Distribuição em percentual da cobertura e uso da terra na Nascente <strong>do</strong> Rio<br />
Almada ....................................................................................................................... 18<br />
Figura 12. Distribuição em percentual da cobertura e uso da terra na Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong> .................................................................................................................. 18<br />
ii
Figura 13. Distribuição da precipitação média mensal ............................................... 19<br />
Figura 14. Detalhe <strong>do</strong> arenito em processo de intemperismo nas nascentes <strong>do</strong> Rio<br />
Almada. Março 2011. Almadina, BA. .......................................................................... 20<br />
Figura 15. Pacote arenoso produto <strong>do</strong> intemperismo <strong>do</strong>s arenitos encontra<strong>do</strong>s nas<br />
serras nas nascentes <strong>do</strong> Rio Almada. Março 2011. Almadina, BA. ............................. 20<br />
Figura 16. Espécies de mamíferos de médio e grande porte ameaçadas de extinção<br />
nas áreas amostradas na BHRA, sul da Bahia. .......................................................... 26<br />
Figura 17. O ouriço-preto (Chaetomys subspinosus), espécie ameaçada de extinção,<br />
registra<strong>do</strong> em todas as áreas amostradas. Foto: Fábio Falcão ................................... 27<br />
Figura 18. Mico-leão-da-cara-<strong>do</strong>urada (Leontopithecus chrysomelas), espécie<br />
ameaçada de extinção registrada nas Áreas 1 e 2, da BHRA. Foto: Carlos Gui<strong>do</strong>rizzi.<br />
................................................................................................................................... 27<br />
Figura 19. Espécies endêmicas da Mata Atlântica da anurofauna registradas nas<br />
áreas amostradas da BHRA. ...................................................................................... 30<br />
Figura 20. Espécies de aves ameaçadas de extinção registradas nas áreas<br />
amostradas da BHRA ................................................................................................. 30<br />
Figura 21. Espécies de aves endêmicas da Mata Atlântica registradas nas áreas<br />
amostradas da BHRA. ................................................................................................ 31<br />
Figura 22. Espécies de mamíferos ameaça<strong>do</strong>s de extinção registradas nas áreas<br />
amostradas da BHRA ................................................................................................. 31<br />
Figura 23. Espécies da flora ameaçadas de extinção registradas nas áreas<br />
amostradas da BHRA. ................................................................................................ 31<br />
Figura 24. Espécies da flora endêmicas da Bahia e Espírito Santo registradas nas<br />
áreas amostradas da BHRA. ......................................................................................... 32<br />
Figura 25. Estações de tratamento de água e principais pontos de captação de água<br />
pela Embasa na região da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada. ................................... 35<br />
Figura 26. Distribuição <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 1 (%). .......................................... 36<br />
Figura 27. Estratificação <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 1 (%). ....................................... 37<br />
Figura 28. Tamanhos mínimo, médio e máximo <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 1 (ha). .. 37<br />
Figura 29. Dependência econômica e intenção de venda <strong>do</strong>s imóveis verifica<strong>do</strong>s na<br />
Área 1, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011 .................................................... 38<br />
Figura 30. Distribuição <strong>do</strong>s imóveis levanta<strong>do</strong>s por município na Área 2 (%) ............. 39<br />
Figura 31. Estratificação <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 2 (%) ........................................ 39<br />
Figura 32. Tamanhos mínimo, médio e máximo <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 2 (ha) .... 40<br />
Figura 33. Dependência econômica e intenção de venda <strong>do</strong>s imóveis verifica<strong>do</strong>s na<br />
Área 2 ......................................................................................................................... 41<br />
iii
Figura 34. IDH <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s nos anos de 1991 e 2000. ....................... 43<br />
Figura 35. Índice de Gini <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s no ano de 2000. ........................ 43<br />
Figura 36. Sistema cacau-cabruca. ............................................................................ 45<br />
Figura 37. Plantio de cacau sob copas de árvores. .................................................... 45<br />
Figura 38. Usos da terra identifica<strong>do</strong>s na Área 1 (%). ................................................ 46<br />
Figura 39. Usos da terra identifica<strong>do</strong>s na Área 2 (%). ................................................ 46<br />
Figura 40. Dependência econômica exclusiva da propriedade (%).. .......................... 47<br />
Figura 41. Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> em Almadina.Fonte: UESC (2010). ........................... 48<br />
Figura 42. Equipe da UESC analisan<strong>do</strong> as artes sacras. Fonte: UESC (2010) .......... 48<br />
Figura 43. Mapa de Localização <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong> Almada e<br />
Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre Nascentes <strong>do</strong> Almada, Bacia<br />
Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada - BA. ............................................................................... 50<br />
iv
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 1 - Distribuição das áreas das classes de cobertura e uso da terra, em 2010. 17<br />
Tabela 2 - Índices de fragilidade ambiental da Área 1- Serras das Nascentes <strong>do</strong><br />
Almada e suas respectivas áreas e percentuais de ocorrência ................................... 21<br />
Tabela 3 <strong>–</strong> Índices de fragilidade ambiental da Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> ........... 22<br />
Tabela 4 - Síntese <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das quatro áreas estudadas. ................................ 24<br />
Tabela 5 - Da<strong>do</strong>s fitossociológicos de cada unidade amostral (UA) e a respectiva área<br />
................................................................................................................................... 29<br />
Tabela 6 - Da<strong>do</strong>s estruturais (valores médios e desvio padrão) de cada área<br />
amostrada no Sul da Bahia ......................................................................................... 29<br />
Tabela 7 - Número total de espécies de cada área amostrada, com a quantidade de<br />
espécies compartilhadas entre elas e seus respectivos valores <strong>do</strong> índice de<br />
similaridade de Sorensen entre parênteses ................................................................ 29<br />
Tabela 8 - Relação entre as informações sobre terras tituladas levantadas em campo<br />
e o levantamento cartorial realiza<strong>do</strong> nas Comarcas de Ibicaraí e de Coaraci, janeiro a<br />
maio de 2011 - Área 1 ................................................................................................ 38<br />
Tabela 9 <strong>–</strong> Relação entre as informações sobre terras tituladas levantadas em campo<br />
e o levantamento cartorial realiza<strong>do</strong> na Comarca de Coaraci, janeiro a maio de 2011 -<br />
Área 2 ......................................................................................................................... 40<br />
Tabela 10 - PIB a preços correntes <strong>do</strong>s municípios da área de estu<strong>do</strong> (mil reais). ..... 42<br />
Tabela 11 - Trabalha<strong>do</strong>res nas áreas analisadas ....................................................... 44<br />
Tabela 12 - Número de estabelecimentos de ensino no ano de 2009. ....................... 44<br />
Tabela 13 - Casos de algumas <strong>do</strong>enças notifica<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> município, 2009 ......... 45<br />
Tabela 14 - Quantidade de pessoas encontradas nas áreas selecionadas ................ 51<br />
Tabela 15 - Distribuição <strong>do</strong>s requerimentos nas áreas selecionadas ......................... 52<br />
Tabela 16 <strong>–</strong> Estimativas <strong>do</strong>s valores necessários para desapropriação de imóveis nas<br />
áreas analisadas. ........................................................................................................ 53<br />
v
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1<br />
2 MÉTODOS DE TRABALHO E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................... 2<br />
2.1 Aquisição e organização <strong>do</strong> banco de da<strong>do</strong>s geográficos ..................................... 2<br />
2.2 Mapeamento da cobertura e uso da terra ............................................................. 3<br />
2.2.1 Trabalho de campo ............................................................................................ 3<br />
2.2.2 Mapeamento da Cobertura e uso da terra.......................................................... 3<br />
2.3 Diagnóstico socioambiental das áreas selecionadas para a criação de unidades de<br />
proteção integral <strong>–</strong> Meio físico .................................................................................... 5<br />
2.4 Diagnóstico socioambiental das áreas selecionadas para a criação de unidades de<br />
proteção integral <strong>–</strong> Meio biótico .................................................................................. 6<br />
2.4.1 Anfíbios e Répteis .............................................................................................. 6<br />
2.4.2 Aves ................................................................................................................... 6<br />
2.4.3 Mamíferos .......................................................................................................... 7<br />
2.4.4 Flora .................................................................................................................. 7<br />
2.5 Meto<strong>do</strong>logia para a caracterização fundiária das áreas selecionadas ................... 11<br />
2.5.1 Área estudada ................................................................................................... 11<br />
2.5.2 Procedimentos utiliza<strong>do</strong>s para a caracterização de estrutura fundiária .............. 11<br />
2.6 Diagnóstico socioambiental das áreas selecionadas para a criação de unidades de<br />
proteção integral <strong>–</strong> Socioeconomia ............................................................................. 12<br />
2.6.1 Procedimentos utiliza<strong>do</strong>s para a caracterização socioeconômica ...................... 12<br />
3 RESULTADOS ........................................................................................................ 13<br />
3.1 Mapeamento da cobertura e uso da terra ............................................................. 13<br />
3.1.1 Quantificação das classes de cobertura e uso da terra (1ª etapa <strong>do</strong> mapeamento)<br />
................................................................................................................................... 13<br />
3.1.2 Áreas potenciais para unidades de proteção integral (1ª etapa <strong>do</strong> mapeamento)<br />
................................................................................................................................... 15<br />
3.1.3 Quantificação das classes de cobertura e uso da terra (2ª etapa <strong>do</strong> mapeamento)<br />
................................................................................................................................... 16<br />
3.2 Meio físico............................................................................................................. 18<br />
3.2.1 Características climáticas das áreas selecionadas ............................................ 18<br />
vi
3.2.2 Características geoambientais da Área 1 <strong>–</strong> Serra das Nascentes <strong>do</strong> Almada .... 19<br />
3.2.3 Características geoambientais da Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> ....................... 21<br />
3.3 Meio biótico ........................................................................................................... 22<br />
3.3.1 Anfíbios e répteis ............................................................................................... 22<br />
3.3.1.1 Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada ..................................................... 22<br />
3.3.1.2 Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> .......................................................................... 23<br />
3.3.2 Aves ................................................................................................................... 23<br />
3.3.2.1 Espécies de “montanhas” no sul da Bahia ...................................................... 24<br />
3.3.2.2 Espécies endêmicas e ameaçadas da Mata Atlântica ..................................... 25<br />
3.3.2.3 Consideração gerais sobre as áreas e respectivas avifaunas ......................... 25<br />
3.3.2.3.1 Área 1 <strong>–</strong> Serras das nascentes <strong>do</strong> Almada .................................................. 25<br />
3.3.2.3.2 Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> ....................................................................... 26<br />
3.3.3 Mamíferos .......................................................................................................... 26<br />
3.3.4 Flora .................................................................................................................. 28<br />
3.3.4.1 Comparação <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de flora entre as quatro áreas Flora ...................... 29<br />
3.3.5 Síntese .............................................................................................................. 30<br />
3.3.5.1 Anfíbios ........................................................................................................... 30<br />
3.3.5.2 Aves ................................................................................................................ 30<br />
3.3.5.3 Mamíferos ....................................................................................................... 31<br />
3.3.5.4 Flora ............................................................................................................... 31<br />
3.3.6 Serviços ambientais das áreas .......................................................................... 32<br />
3.3.6.1 Manutenção da biodiversidade ....................................................................... 32<br />
3.3.6.2 Abrigo de poliniza<strong>do</strong>res ................................................................................... 33<br />
3.3.6.3 Proteção <strong>do</strong> solo ............................................................................................. 34<br />
3.3.6.4 Influência na produção de água ...................................................................... 34<br />
3.3.6.5 Sequestro de Carbono .................................................................................... 35<br />
3.4 Caracterização da Estrutura Fundiária .................................................................. 36<br />
3.4.1 Caracterização da estrutura fundiária da Área 1 <strong>–</strong> Serra das Nascentes <strong>do</strong><br />
Almada ....................................................................................................................... 36<br />
vii
3.4.1 Caracterização da estrutura fundiária da Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> ............. 39<br />
3.5. Caracterização socioeconômica da região sul da Bahia ...................................... 41<br />
3.5.1 Análise das atividades econômicas e indica<strong>do</strong>res de renda, educação,<br />
saneamento, saúde, habitação e trabalho .................................................................. 42<br />
3.5.1.1 Produto interno bruto <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s ............................................ 42<br />
3.5.1.2 Índices de desenvolvimento econômico social humano (IDE, IDS e IDH) e<br />
índice de Gini <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s ................................................................... 42<br />
3.5.1.3 Indica<strong>do</strong>res de trabalho e renda <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s ........................... 43<br />
3.5.1.4 Indica<strong>do</strong>res de educação <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s ...................................... 44<br />
3.5.1.5 Indica<strong>do</strong>res de saúde nos municípios analisa<strong>do</strong>s ........................................... 44<br />
3.5.2 Formas de uso e manejo tradicionais utiliza<strong>do</strong>s pela população local ................ 45<br />
3.5.3 Existência de famílias ou comunidades que usufruem da área na obtenção de<br />
bens e/ou produtos para seu sustento ........................................................................ 47<br />
3.5.5 Análise das oportunidades de uso público ......................................................... 47<br />
3.6 Oficinas técnicas e definição das áreas e categorias de unidades de conservação<br />
de proteção integral .................................................................................................... 48<br />
3.7 Análise <strong>do</strong> impacto econômico potencial de criação <strong>do</strong> Parque Estadual das<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre Nascentes<br />
<strong>do</strong> Almada .................................................................................................................. 51<br />
3.8 Análise <strong>do</strong>s impactos socioambientais sobre os usos alternativos <strong>do</strong> solo............ 52<br />
3.9 Estimativas <strong>do</strong>s valores necessários para desapropriação de imóveis dentro da<br />
área proposta <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> 52<br />
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 53<br />
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 54<br />
viii
1 INTRODUÇÃO<br />
A Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa Encantada e Rio Almada [1] ,<br />
localizada no sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia, desempenha importante papel para a conservação<br />
da biodiversidade. Inserida no Corre<strong>do</strong>r Central da Mata Atlântica forma juntamente com a<br />
APA Costa de Itacaré/Serra Grande e o Parque Estadual da Serra <strong>do</strong> Conduru (Pesc) um<br />
conjunto de unidades de conservação estadual de extrema relevância ambiental. O Pesc,<br />
considera<strong>do</strong> como área núcleo <strong>do</strong> Corre<strong>do</strong>r Central da Mata Atlântica, apresenta recorde<br />
mundial de biodiversidade em espécies vegetais, alto endemismo, espécies raras, grande<br />
riqueza de recursos hídricos (cerca de 30 rios e riachos que abastecem a Lagoa<br />
Encantada e bacias hidrográficas importantes na região), dentre outras peculiaridades.<br />
Na APA da Lagoa Encantada e Rio Almada está em andamento a implantação de<br />
projetos de infraestrutura como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL - EF344),<br />
aeroporto de Ilhéus, o porto Sul e o Terminal Portuário de Uso Privativo da Ponta da<br />
Tulha da Bahia Mineração (Projeto Pedra de Ferro). Por este motivo a <strong>Secretaria</strong> <strong>do</strong> Meio<br />
Ambiente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia (Sema-BA) considerou relevante identificar áreas na Bacia<br />
Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada (BHRA) e na APA para criação de unidades de conservação<br />
de proteção integral com o intuito de aumentar a extensão das áreas protegidas no sul da<br />
Bahia. Esta consideração resultou na Condicionante 2.4 da LP-349/2010 referente ao<br />
empreendimento da EF344, a qual foi expedida pelo Instituto Brasileiro <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
e <strong>do</strong>s Recursos Naturais Renováveis (Ibama).<br />
Atenden<strong>do</strong> tal condicionante, em novembro de 2010 foi apresentada a primeira<br />
versão <strong>do</strong> produto denomina<strong>do</strong> - Mapeamento da cobertura e uso da terra da APA da<br />
Lagoa Encantada e Rio Almada com identificação de áreas potenciais para criação de<br />
unidades de conservação de proteção integral. A segunda versão <strong>do</strong> mapeamento foi<br />
apresentada em junho de 2011 e tratou-se de um relatório com enfoque somente no<br />
mapeamento e complementar ao apresenta<strong>do</strong> na versão anterior. Os resulta<strong>do</strong>s<br />
cartográficos deste mapeamento foram apresenta<strong>do</strong>s consideran<strong>do</strong> os perímetros da área<br />
estudada (217.461,4 ha), da Bacia <strong>do</strong> Rio Almada (156.818,6 ha) e da APA da Lagoa<br />
Encantada e Rio Almada (158.175,9 ha).<br />
Com a aplicação <strong>do</strong>s critérios básicos para determinação ou seleção de áreas<br />
prioritárias para conservação e utilização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mapeamento da cobertura e<br />
uso da terra identificaram-se quatro áreas que se tornaram alvos de levantamentos de<br />
campo. Estas áreas receberam a seguinte denominação: Área 1 - Serras das Nascentes<br />
<strong>do</strong> Almada (9.570 ha); Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> (2.950 ha); Área 3 - Lagoa Encantada<br />
(7.850 ha); e Área 4 - Serra de Inema (1.180 ha).<br />
As quatro áreas identificadas no mapeamento foram caracterizadas e<br />
apresentadas nos produtos denomina<strong>do</strong>s “Caracterização fundiária nas áreas<br />
identificadas como potenciais para a criação de unidades de conservação de proteção<br />
integral” e “Diagnóstico socioambiental das áreas selecionadas para criação de unidades<br />
de proteção integral, consideran<strong>do</strong> os temas <strong>do</strong>s meios físico, biótico e socioeconômico”.<br />
Após a conclusão destes estu<strong>do</strong>s técnicos foram realizadas reuniões e<br />
oficinas técnicas em setembro e outubro de 2012 com o objetivo de definir as propostas<br />
de categorias e limites de unidades de conservação de proteção integral na Bacia <strong>do</strong> Rio<br />
Almada.<br />
[1]<br />
APA criada pelo Decreto Estadual N° 2.217 de 14 de junho de 1993 e ampliada pelo Decreto Estadual N° 8.650 de 22 de<br />
setembro de 2003.
[Digite texto]<br />
Foram definidas as seguintes propostas de unidades de conservação que serão<br />
apresentadas nas consultas públicas em 20 e 21 de novembro de 2012: Parque Estadual<br />
(PE) das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>; e Refúgio de Vida Silvestre (RVS)<br />
das Nascentes <strong>do</strong> Almada; e Refúgio de Vida Silvestre (RVS) da Lagoa Encantada;<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, é apresenta<strong>do</strong> neste <strong>do</strong>cumento uma síntese <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s técnicos<br />
e as propostas de criação <strong>do</strong> Parque Estadual (PE) das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong>.<br />
2 MÉTODOS DE TRABALHO E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS<br />
A área estudada compreende a BHRA e APA da Lagoa Encantada e Rio Almada,<br />
ambas inseridas na macrobacia <strong>do</strong> Atlântico Sul, trecho Leste. Com uma extensão de<br />
2.174,6 km2, a área localiza-se entre as coordenadas 14°26’ e 14°50’ de latitude Sul e<br />
39°03’ e 39º44’ de longitude Oeste, no sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Bahia, na microrregião geográfica<br />
Ilhéus-Itabuna. É cortada pelas ro<strong>do</strong>vias BR-101, BA-262 e BA-001, e abrange parte <strong>do</strong>s<br />
municípios de Almadina, Coaraci, Ibicaraí, Lomanto Júnior, Itajuípe, Uruçuca, Floresta<br />
Azul, Itabuna, Itacaré, Itapitanga e Ilhéus.<br />
2.1 Aquisição e organização <strong>do</strong> banco de da<strong>do</strong>s geográficos<br />
A primeira etapa <strong>do</strong> mapeamento consistiu na aquisição e organização <strong>do</strong> banco<br />
de da<strong>do</strong>s geográficos (BDG) da área estudada. Adquiriram-se imagens de satélites,<br />
fotografias aéreas, mapeamentos existentes e a base cartográfica da Superintendência de<br />
Desenvolvimento <strong>do</strong> Nordeste (Sudene) na escala 1:100.000, conforme lista de da<strong>do</strong>s<br />
apresentadas nos relatórios (imagens <strong>do</strong> satélite Landsat 5; imagens <strong>do</strong> satélite CBERS<br />
2B; fotografias aéreas; dentre outros da<strong>do</strong>s).<br />
Após a aquisição <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, o procedimento seguinte foi a organização da base<br />
de da<strong>do</strong>s geográficos, selecionan<strong>do</strong> as informações de maior relevância para o<br />
mapeamento. Os da<strong>do</strong>s da Sudene referentes às cartas Itabuna, Ibicaraí e Ubaitaba<br />
(sistema viário, hidrografia, localidades e altimetria) foram agrupa<strong>do</strong>s no sistema ArcGIS,<br />
na projeção cartográfica Universal Transversa de Mercator datum Córrego Alegre.<br />
Na sequência georreferenciaram-se as imagens Landsat e CBERS com apoio da<br />
ferramenta de registro <strong>do</strong> sistema Erdas e com base nos da<strong>do</strong>s vetoriais e pontos de<br />
campo coleta<strong>do</strong>s com GPS de navegação. Os pontos de controle foram coleta<strong>do</strong>s ao<br />
longo de estradas e cursos d’água, e o registro finaliza<strong>do</strong> com reamostragem por vizinho<br />
mais próximo.<br />
Nas imagens georreferenciadas aplicou-se o realce linear e posteriormente o<br />
mosaico de imagens. As imagens foram recortadas com base em um polígono retangular<br />
que envolvia toda a bacia <strong>do</strong> Rio Almada e a APA da Lagoa Encantada e Rio Almada. Por<br />
fim, as imagens foram importadas para o BDG para a realização <strong>do</strong> mapeamento da<br />
cobertura e uso da terra. Na primeira etapa <strong>do</strong> mapeamento usaram-se imagens Landsat<br />
e Cbers.<br />
Em uma segunda etapa, o mapeamento detalha<strong>do</strong> da cobertura e uso terra<br />
baseou-se nas imagens de alta resolução <strong>do</strong> satélite Rapideye (sensor RapidEye Earth<br />
Imaging System). Foram usadas as imagens multiespectrais com resolução espacial de 5<br />
metros, obtidas nas datas de 22/06/2010 e 01/10/2010. Da área estudada, as imagens<br />
apresentaram apenas 0,38% de recobrimento por nuvens, permitin<strong>do</strong> uma ampla visão<br />
<strong>do</strong>s alvos mapea<strong>do</strong>s.<br />
2
[Digite texto]<br />
Nas imagens ortorretificadas aplicou-se o realce linear de brilho e contraste, e<br />
posteriormente realizaram-se procedimentos para formação <strong>do</strong>s mosaicos de imagens,<br />
separa<strong>do</strong>s por conjunto de datas de obtenção. Em seguida foi delimitada a área de<br />
mapeamento utilizan<strong>do</strong> os limites pré-defini<strong>do</strong>s como de potencial para criação da<br />
unidade de conservação: 1) Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada; 2) Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>; 3)<br />
Lagoa Encantada e; 4) Serras de Inema. Estas quatro áreas foram selecionadas com a<br />
aplicação <strong>do</strong>s critérios cita<strong>do</strong>s na Seção 2.3.4 Seleção das áreas potenciais para<br />
unidades de proteção integral na primeira etapa <strong>do</strong> mapeamento. Através <strong>do</strong>s polígonos<br />
de indicação foi determina<strong>do</strong> um tampão “buffer” de um quilômetro com objetivo de<br />
ampliar a área <strong>do</strong> mapeamento visan<strong>do</strong> possíveis ajustes na definição da unidade de<br />
conservação (Figura 1).<br />
Na sequência as imagens foram recortadas em quatro cenas baseada em<br />
polígonos retangulares que envolvia cada área indicada. Finalmente, incorporaram-se as<br />
imagens ao BDG para a realização <strong>do</strong> mapeamento da cobertura e uso da terra em<br />
escala de detalhe.<br />
2.2 Mapeamento da cobertura e uso da terra<br />
2.2.1 Trabalhos de campo<br />
Para o levantamento da cobertura e uso da terra utilizou-se as informações das<br />
campanhas de campo realizadas nos meses de setembro e novembro de 2010, na<br />
primeira fase <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s. Para a segunda etapa <strong>do</strong> mapeamento, foram realizadas três<br />
novas campanhas nos meses de fevereiro e março de 2011 com objetivo de reconhecer e<br />
registrar com mais detalhes as características das áreas selecionadas.<br />
Nas duas etapas utilizou-se a mesma meto<strong>do</strong>logia, quan<strong>do</strong> se percorreu a área<br />
em veículo equipa<strong>do</strong> com GPS, notebook e software de navegação conten<strong>do</strong> o BDG e<br />
permitin<strong>do</strong> a associação direta em campo entre as feições de cobertura e uso da terra e<br />
as respostas das imagens.<br />
2.2.2 Mapeamento da cobertura e uso da terra<br />
De posse das informações coletadas em campo, análise das imagens de satélite,<br />
mapas pré-existentes, Manual de Classificação da Vegetação Brasileira (IBGE, 1992) e<br />
Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2006) definiram-se a legenda para o<br />
mapeamento.<br />
Na primeira etapa foi iniciada uma elaboração <strong>do</strong> mapa de cobertura e uso da terra<br />
com a aplicação de segmentação e classificação supervisionada.<br />
Entretanto, os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s não foram satisfatórios, devi<strong>do</strong> às<br />
proximidades das respostas espectrais das classes de florestas e de cultura permanente<br />
(cacau - cabruca[2]), induzin<strong>do</strong> a confusão durante a classificação desses alvos. Para<br />
superar esse problema e dar maior segurança no mapeamento optou-se por realizar a<br />
interpretação visual digital das imagens. Usan<strong>do</strong> o ArcGIS, procedeu-se a interpretação<br />
[2] Sistema de cultivo de cacau sombrea<strong>do</strong> por árvores nativas da Mata Atlântica.<br />
3
8400000<br />
14°30'0"S<br />
8380000<br />
8360000<br />
IBICUÍ<br />
SANTA CRUZ<br />
DA VITÓRIA<br />
Situação no Esta<strong>do</strong> da Bahia<br />
-46° W<br />
-12° S<br />
BAHIA<br />
-12° S<br />
-13° S -13° S<br />
-46° W<br />
FLORESTA AZUL<br />
-44° W<br />
-42° W<br />
-40° W<br />
-38° W<br />
-9° S -9° S<br />
-10° S -10° S<br />
-11° S -11° S<br />
-14° S -14° S<br />
-15° S -15° S<br />
-16° S -16° S<br />
-17° S -17° S<br />
-18° S -18° S<br />
-44° W<br />
-42° W<br />
-40° W<br />
-38° W<br />
1<br />
BA-660<br />
Ri o Almada<br />
LOCALIDADES<br />
P CIDADE<br />
R Vila<br />
! Povoa<strong>do</strong><br />
LIMITES<br />
430000<br />
ALMADINA<br />
BA-262<br />
430000<br />
Municipal<br />
ITAPITANGA<br />
P<br />
ELEMENTOS DE HIDROGRAFIA<br />
Itamutinga<br />
R<br />
Curso d'água permanente de margem simples<br />
Curso d'água permanente de margem dupla<br />
Lagoa, lago permanente<br />
Oceano<br />
Ribeirã o Duas Barras<br />
2<br />
BA-262<br />
Ri o Almada<br />
P<br />
! São Roque<br />
Ribeirã o Uzura<br />
! Ruinha <strong>do</strong>s Três Braços<br />
COARACI<br />
IBICARAÍ<br />
BA-658<br />
Ribeirã o <strong>do</strong>s Mac acos<br />
Ribeirã o d a Lagoa<br />
R<br />
Vila Amélia<br />
39°30'0"W<br />
R<br />
Bandeira <strong>do</strong> Almada<br />
Ribeirã o Pedr a Re<strong>do</strong>nda<br />
39°30'0"W<br />
450000<br />
Inema<br />
R<br />
Ribeirã o Folh a P odre<br />
R<br />
União Queimada<br />
Ribeirã o Braç o d o Norte<br />
Ribeirã o Paiaiá<br />
450000<br />
4<br />
Pimenteira<br />
R<br />
BA-657<br />
Ribeirã o Juçara<br />
Ribeirã o C inc o Porcos<br />
BA-120<br />
Ribeirã o Z é B icho<br />
BA-120<br />
Ribeirã o Braç o d o Sul<br />
P<br />
ITAJUÍPE<br />
VIAS DE CIRCULAÇÃO<br />
Escala 1:250.000<br />
2<br />
Estrada pavimentada<br />
5 0 ,5 0 5 1<br />
Estrada sem pavimentação<br />
OUTROS ELEMENTOS<br />
Projeção Cartográfica UTM - Zona 24S<br />
km<br />
APA da Lagoa Encantada e Rio Almada<br />
Datum Horizontal Córrego Alegre<br />
Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada<br />
Área <strong>do</strong> projeto<br />
Áreas indicadas para estu<strong>do</strong><br />
Áreas indicadas para estu<strong>do</strong> 1km<br />
AURELINO LEAL<br />
BARRO PRETO<br />
ITAPÉ<br />
BA-120<br />
Ribeirã o Limoeiro<br />
BA-120<br />
Ri o Jindiba<br />
BA-120<br />
Ri o Are ia<br />
FONTES:<br />
Base cartográfica<br />
Elementos Hidrográficos, ro<strong>do</strong>vias e localidades:<br />
- Cartas topográficas, escala 1:100.000, Sudene 1977, folhas Itabuna SD24-Y-B-VI e Ibicaraí SD24-Y-B-V<br />
- Mapa da Divisão Político-Administrativa - Esta<strong>do</strong> da Bahia, escala 1:1.500.000, CEI, 1994.<br />
- Rede Ro<strong>do</strong>viária, Sistema Ro<strong>do</strong>viário Estadual, Derba, 2006.<br />
Malha Municipal:<br />
- Divisão Político-Administrativa <strong>do</strong> Brasil <strong>–</strong> DPA, escala 1:2.500.000, IBGE, 2001<br />
Tema<br />
- Unidades de Conservação Estaduais, Diretoria de Unidades de Conservação e<br />
Biodiversidade, Instituto <strong>do</strong> Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia - INEMA, 2011.<br />
Ribeirã o Vai Quem Q uer<br />
Ri o Sã o Jos é<br />
BR-101<br />
BR-101<br />
BA-262<br />
ITABUNA<br />
BA-655<br />
Ri o Paraíso<br />
Elabora<strong>do</strong> Por:<br />
Data:<br />
Versão:<br />
R i o Águ a Pret a d o Macam bo<br />
Mutuns<br />
R<br />
Out/2012<br />
470000<br />
URUÇUCA<br />
P<br />
BA-655<br />
Banco <strong>do</strong> Pedro<br />
!<br />
Ri o d o Braço<br />
470000<br />
R i o M oc ambo<br />
R<br />
Rio <strong>do</strong> Braço<br />
Rib eirã o Retiro<br />
São Longuinho<br />
!<br />
Cachoeirinha<br />
!<br />
Castelo Novo<br />
R<br />
Ri o S et e Voltas<br />
ITACARÉ<br />
Almada<br />
!<br />
BA-262<br />
Ri o Co mprid o<br />
!<br />
Ribeira das Pedras<br />
3<br />
Ri o Inhaúpe<br />
Lagoa<br />
Encantada<br />
Laranjeira<br />
!<br />
Campinho<br />
!<br />
Ri o Tiriri<br />
! Parafuso<br />
! Areias<br />
Ri o Timbuíba<br />
Ri o Caldeira<br />
Rio Almada<br />
ILHÉUS<br />
Ri o Pipite<br />
Manguinhos<br />
!<br />
!<br />
Urutuca<br />
490000<br />
Bela Vista<br />
!<br />
R<br />
Sambaituba<br />
Carvão<br />
!<br />
Banco da Vitória<br />
R<br />
BR-415<br />
Retiro<br />
!<br />
Aritaguá<br />
R<br />
490000<br />
Areial<br />
!<br />
São João<br />
!<br />
Sítio Novo<br />
!<br />
!<br />
Ponta da Tulha<br />
BA-001<br />
Juerana<br />
!<br />
FERROVIA DA INTEGRAÇÃO OESTE - LESTE (FIOL)<br />
MAPEAMENTO DA COBERTURA E USO DA TERRA DA APA DA LAGOA ENCANTADA<br />
E RIO ALMADA COM IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS POTENCIAIS PARA CRIAÇÃO DE<br />
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL<br />
39°0'0"W<br />
39°0'0"W<br />
Escala:<br />
1:250.000<br />
Figura / Página:<br />
Mapa de Localização das Áreas com Potencial de Criação de<br />
01<br />
UC na Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada - BA<br />
1 / 4<br />
OCEANO ATLÂNTICO<br />
8400000<br />
14°30'0"S<br />
8380000<br />
8360000<br />
<strong>VALEC</strong>
[Digite texto]<br />
das imagens em composição colorida por meio <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> das chaves, usan<strong>do</strong> as escalas<br />
entre 1:25.000 e 1:50.000. Na sequência, elaborou-se o mapa final de cobertura e uso<br />
Na segunda etapa <strong>do</strong> mapeamento utilizou-se o mesmo software<br />
procedimentos de interpretação de imagens com as escalas entre 1:10.000 e da<br />
terra em escala 1:50.000 utilizan<strong>do</strong> como cores, aquelas recomendadas nos<br />
manuais técnicos <strong>do</strong> IBGE.1:25.000, sen<strong>do</strong> posteriormente elabora<strong>do</strong> o mapa final<br />
de cobertura e uso da terra em escala 1:25.000 basea<strong>do</strong> nas recomendações de<br />
cores <strong>do</strong> IBGE.<br />
2.3. Diagnóstico socioambiental das áreas selecionadas para criação de<br />
unidades de proteção integral <strong>–</strong> Meio físico<br />
Para caracterização das áreas estabelecidas para subsidiar a criação de unidade<br />
de conservação na região da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada, foram utilizadas<br />
informações da base de da<strong>do</strong>s da Superintendência de Estu<strong>do</strong>s Econômicos e Sociais da<br />
Bahia <strong>–</strong> SEI (2003) sobre os aspectos: geologia (1:500.000), geomorfologia (1:500.000),<br />
hidrografia (escala original 1:100.000). Utilizaram-se também as informações pe<strong>do</strong>lógicas<br />
de Silva (1975), Nacif (2000) e Moreau (2003).<br />
As informações <strong>do</strong> relevo (classes de altitude e modelo digital de elevação) foram<br />
obtidas a partir da interpolação de curvas de nível, digitalizadas a partir das cartas <strong>do</strong><br />
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística <strong>–</strong> IBGE, cujas curvas de nível possuem<br />
eqüidistância de 40 m, numa escala original 1:100.000.<br />
Os mapas de fragilidades ambientais das áreas foram elabora<strong>do</strong>s a partir da<br />
meto<strong>do</strong>logia desenvolvida por Ross (1990, 1994), aprimorada por Kawakubo et al. (2005)<br />
e adaptada por Silva (2010). Na meto<strong>do</strong>logia desenvolvida e adaptada por estes autores,<br />
são atribuí<strong>do</strong>s índices de fragilidades com valores de 1 a 5 que representam as seguintes<br />
fragilidades: 1 (muito baixa), 2 (baixa), 3 (média), 4 (alta) e 5 (muito alta). Na elaboração<br />
<strong>do</strong>s mapas de fragilidades ambientais utilizaram-se três atributos: declividade <strong>do</strong> relevo,<br />
classes de solos e, uso e ocupação das terras e cobertura vegetal.<br />
Num primeiro momento, realizou-se o cruzamento <strong>do</strong> mapa de solos com o mapa<br />
de declividade de cada área, utilizan<strong>do</strong> o ArcGIS 9.3, obedecen<strong>do</strong> as meto<strong>do</strong>logias<br />
preconizadas por ROSS (1994) e Silva (2010), ten<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong>, um mapa de<br />
Fragilidade Potencial. Segun<strong>do</strong> Silva (2010), o mapa de Fragilidade Potencial é o mapa<br />
resultante da delimitação de unidades espaciais que expressam o equilíbrio dinâmico<br />
natural, sem influência das atividades antrópicas. A fragilidade potencial foi obtida<br />
pela média <strong>do</strong>s índices de fragilidade de declividade e de solos, conti<strong>do</strong>s em cada<br />
mapa. Nos resulta<strong>do</strong>s dessa operação, representa<strong>do</strong>s por uma área cujo índice de<br />
fragilidade não era um número inteiro, admitiu-se o número inteiro da classe subseqüente.<br />
No segun<strong>do</strong> momento, elaborou-se o mapa de Fragilidade Emergente ou<br />
Ambiental, resultante da correlação entre as informações da Fragilidade Potencial e as de<br />
cunho antrópico, representadas pelo mapa de uso e ocupação <strong>do</strong> solo. Para sua<br />
obtenção foi realiza<strong>do</strong> o cruzamento entre o mapa de Fragilidade Potencial e o mapa de<br />
Uso e Ocupação <strong>do</strong> Solo, seguin<strong>do</strong> o mesmo procedimento descrito na etapa anterior,<br />
respeitan<strong>do</strong> as meto<strong>do</strong>logias de Ross (1994) e Silva (2010).<br />
5
[Digite texto]<br />
2.4. Diagnóstico socioambiental das áreas selecionadas para criação de<br />
unidades de proteção integral <strong>–</strong> Meio biótico<br />
2.4.1 Anfíbios e répteis<br />
As atividades de campo foram realizadas no perío<strong>do</strong> entre 11/02/2011 a<br />
22/02/2011. Cada área potencial para implantação da unidade de conservação de<br />
proteção integral foi amostrada durante três noites consecutivas. Os méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s<br />
para o levantamento da anurofauna foi a procura ativa visual e acústica (CRUMP; SCOTT<br />
JR., 1994) e a busca em sítios reprodutivos (CRUMP; SCOTT JR., 1994; HEYER et al.,<br />
1994).<br />
Foram utilizadas trilhas encontradas no interior <strong>do</strong>s fragmentos florestais, aonde<br />
foram inspeciona<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os microambientes de potencial ocorrência <strong>do</strong>s anfíbios (e.g.,<br />
serrapilheira, troncos, rochas, bromélia e riachos). Ambientes lênticos e lóticos foram<br />
prioriza<strong>do</strong>s durante a amostragem devi<strong>do</strong> à preferência <strong>do</strong>s anfíbios, por esses locais. As<br />
meto<strong>do</strong>logias usadas foram direcionadas para a amostragem de anfíbios, no entanto, os<br />
répteis encontra<strong>do</strong>s durante as visitas de campo, foram identifica<strong>do</strong>s e serão comenta<strong>do</strong>s<br />
nos resulta<strong>do</strong>s.<br />
Pontos de amostragem na Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada (Serra <strong>do</strong>s<br />
Sete Paus):<br />
1. Entorno da Fazenda Temerosa (FT); Fazenda Vale da Salomeia (VS); Região<br />
<strong>do</strong> Brejão <strong>do</strong> Almada (BA).<br />
Pontos de amostragem na Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>: Ponto 1 (C1); Ponto 2<br />
(C2); Ponto 3 (C3);<br />
2.4.2 Aves<br />
Foram utiliza<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s convencionais de amostragem de avifauna. As<br />
amostragens foram realizadas nos meses de fevereiro e abril de 2011 nos seguintes dias:<br />
• Entre 12 e 15 de fevereiro foi amostrada a Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong><br />
Almada;<br />
• Entre 29 e 31 de março foi amostrada a Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>;<br />
A classificação taxonômica e sequência sistemática deste relatório seguiram a<br />
determinação proposta pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2007),<br />
com algumas modificações taxonômicas recentes, conforme deliberações <strong>do</strong> supracita<strong>do</strong><br />
Comitê. O status de conservação das espécies de aves foi apresenta<strong>do</strong> conforme<br />
MACHADO et al. (2008) e BENCKE et al. (2006). Alguns táxons presentes na lista são<br />
classifica<strong>do</strong>s com base na distribuição da categoria taxonômica “subespécie”.<br />
Adicionalmente, foram anota<strong>do</strong>s os táxons presentes na categoria “Quase<br />
Ameaçada” (NT), presentes em apêndices importantes nas respectivas listas que<br />
chamam a atenção para espécies que podem ter suas populações regionais e globais em<br />
risco se os aspectos causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s efeitos da perda de habitat e perseguição<br />
continuarem operan<strong>do</strong>.<br />
6
[Digite texto]<br />
2.4.3. Mamíferos<br />
As amostragens de mamíferos foram realizadas juntamente com as pesquisas de<br />
anfíbios e répteis. Para a amostragem de mamíferos nas áreas propostas foram<br />
estabeleci<strong>do</strong>s os seguintes méto<strong>do</strong>s:<br />
2.4.4 Flora<br />
• Entrevistas com mora<strong>do</strong>res locais;<br />
• Registro de mamíferos de médio e grande porte por meio de evidências diretas<br />
e/ou indiretas.<br />
Utilizou-se a meto<strong>do</strong>logia de amostragem rápida de GENTRY (1982). Está é<br />
empregada para inventários rápi<strong>do</strong>s da vegetação e para estu<strong>do</strong>s ecológicos de longa<br />
duração, como proposto por MAGNUSSON et al. (2005). Este méto<strong>do</strong> já foi aplica<strong>do</strong><br />
próximo a área de estu<strong>do</strong>, no Parque Estadual da Serra <strong>do</strong> Conduru no sul da Bahia<br />
(MARTINI et al., 2007).<br />
O méto<strong>do</strong> consiste na amostragem de todas as plantas (a partir de um<br />
determina<strong>do</strong> diâmetro) em dez parcelas de 2 x 50 m. As dez parcelas podem ser<br />
distribuídas de forma uniforme ou aleatória, totalizan<strong>do</strong> uma área de 0,1 ha. Na<br />
amostragem deste estu<strong>do</strong> as dez parcelas foram alocadas uniformemente, orientadas de<br />
mo<strong>do</strong> paralelo e distantes entre si de 20 m (Figuras 2 e 3a, b, c e d), e todas as plantas<br />
com diâmetro à altura <strong>do</strong> peito (DAP) > 5 cm (similar ao méto<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> por<br />
MARTINI et al., 2007).<br />
To<strong>do</strong>s os indivíduos amostra<strong>do</strong>s tiveram a altura estimada, o DAP aferi<strong>do</strong> e um<br />
ramo coleta<strong>do</strong> para futura identificação taxonômica, o material coleta<strong>do</strong> foi deposita<strong>do</strong> no<br />
Herbário da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC . As espécies foram<br />
classificadas em famílias de acor<strong>do</strong> com o sistema APG II (APG, 2003).<br />
Figura 2. Desenho esquemático <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de<br />
amostragem utiliza<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> MARTINI et al. (2007),<br />
modifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> GENTRY (1982).<br />
Figura 3a. Méto<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> no campo, com a<br />
linha de 200 m estendida e marcada a cada 20 m<br />
7
[Digite texto]<br />
Figura 3b. Coleta de da<strong>do</strong>s de campo.<br />
Medição <strong>do</strong>s indivíduos.<br />
Figura 3c. Coleta de da<strong>do</strong>s de<br />
campo. Escalada para coleta <strong>do</strong><br />
ramo <strong>do</strong> indivíduo.<br />
Figura 3d. Coleta de da<strong>do</strong>s de<br />
campo. Registro de todas as<br />
informações de cada indivíduo.<br />
Foi feita uma unidade amostral (dez parcelas que totalizam 0,1 ha) a cada<br />
3.000 ha de cobertura vegetal. Sen<strong>do</strong> assim, a Área 1 teve duas unidades amostrais<br />
representadas pelas figuras 4 e 5a, b, e a Área 2 apenas uma unidade amostral<br />
representadas pelas figuras 6 e 7a, b. As unidades amostrais foram alocadas baseadas<br />
nas imagens de satélite das áreas, estas foram distribuídas nos locais mais conserva<strong>do</strong>s<br />
visan<strong>do</strong> abranger as formações florestais mais representativas de cada área. Além da<br />
amostragem sistemática, também foram feitas coletas aleatórias de plantas que estavam<br />
férteis, para se conhecer a flora associada de cada região.<br />
Figura 4. Imagem da Área 01 modificada para<br />
localização das unidades amostrais (amostra 01 na<br />
Serra <strong>do</strong> Sete Paus e amostra 02 na Serra <strong>do</strong> Mato<br />
Grosso).<br />
Figura 5a. Local da Amostra 01. Vista geral da Serra<br />
<strong>do</strong> Sete Paus, mostran<strong>do</strong> serras com áreas de<br />
floresta e áreas de pasto (foto acima) e imagens <strong>do</strong>s<br />
remanescentes florestais (fotos abaixo).<br />
8
[Digite texto]<br />
Figura 5b. Local da Amostra 02. Vista geral da Serra <strong>do</strong> Mato Grosso, enfatizan<strong>do</strong> as serras com<br />
remanescentes florestais (foto da esquerda) e imagem da área da floresta onde foi amostrada (foto da direita).<br />
Na Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada foi feita uma unidade amostral<br />
(amostra 01, indicada na Figura 5a) na Serra <strong>do</strong>s Sete Paus a 350 m de altitude,<br />
localizada na coordenada UTM 24L: 425089 m, 8370868 m, no município de Almadina. A<br />
segunda unidade amostral (amostra 02, indicada na Figura 5b) foi feita no conjunto<br />
conheci<strong>do</strong> como Serra <strong>do</strong> Mato Grosso (UTM 24L: 433520 m, 8364071 m), próximo a<br />
RPPN Estância Manacá localizada no município de Ibicaraí, próxima a divisa <strong>do</strong>s<br />
municípios de Floresta Azul e Almadina. As formações vegetais amostradas foram de<br />
Floresta Ombrófila Montana, com mais de 750 m de altitude.<br />
Figura 6. Imagem da Área 2 modificada para<br />
localização da unidade amostral.<br />
Figura 7a. Vista da Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, imagem<br />
geral da Serra com áreas encobertas por neblina,<br />
característica comum de áreas serranas (foto de<br />
acima) e próxima ao local amostra<strong>do</strong> (foto abaixo).<br />
9
[Digite texto]<br />
Na Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> foi feita apenas uma unidade amostral (amostra<br />
03, indicada na Figura 6), situada a mais de 800 m de altitude, na coordenada UTM 24L:<br />
433520 m, 8364071 m, situada no município de Almadina. A formação vegetal amostrada<br />
foi de Floresta Ombrófila Montana, apresenta muitos afloramentos rochosos e locais com<br />
mais de 1.000 m acima <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar (Figura 7a).<br />
Figura 7b. Fotos da mata da Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, com a presença de árvores de grande porte (foto à<br />
esquerda). Destaque também para a espécie de pteridófita arborescente, conhecida popularmente como<br />
samambaiaçu ou xaxim - Cyathea sp. (foto à direita), típica de floresta Montana.<br />
Para análise da estrutura de cada área, foram estima<strong>do</strong>s os seguintes parâmetros<br />
fitossociológicos:<br />
• Densidade absoluta - DA (número de indivíduos por hectare) e densidade<br />
relativa - DR (DA/∑DA *100);<br />
• Frequência absoluta - FA (número de parcelas com ocorrência da espécie,<br />
dividi<strong>do</strong> pelo número total de parcelas multiplica<strong>do</strong> por 100) e frequência relativa<br />
- FR (FA/∑FA*100);<br />
• Área basal (m²) - AB (da<strong>do</strong> por: 3,14 x (DAP/2)², sen<strong>do</strong> que DAP é diâmetro a<br />
altura <strong>do</strong> peito, medi<strong>do</strong> à 130cm <strong>do</strong> solo);<br />
• Dominância absoluta (m²/ha) - DoA (∑AB da espécie por ha) e <strong>do</strong>minância<br />
relativa - DoR (a AB da espécie por ha, dividi<strong>do</strong> pela somatória da área basal de<br />
todas as espécies por hectare, multiplica<strong>do</strong> por 100);<br />
• Índice de importância - IVI (somatória da FR, DR e DoR).<br />
Para cada área também foram calcula<strong>do</strong>s os valores da riqueza, diversidade de<br />
Shannon (H’ - nats/ind.); equitabilidade de Pielou (J), segun<strong>do</strong> ZAR (1996). A comparação<br />
da composição florística entre as áreas foi feita pelo índice de similaridade de Sorensen<br />
(duas vezes o número de espécies em comum, dividi<strong>do</strong> pela soma <strong>do</strong> número de<br />
espécies de uma área com o número de espécies da outra). Além disso, foram<br />
elaboradas curvas de rarefação com o intuito de se comparar a riqueza de espécies<br />
observadas em cada uma das áreas (ponderadas pelo número de indivíduos amostra<strong>do</strong>s)<br />
e para fins ilustrativos <strong>do</strong> esforço de coleta implementa<strong>do</strong>. As análises foram feitas com o<br />
auxílio <strong>do</strong>s programas Mata Nativa e Past.<br />
10
[Digite texto]<br />
2.5 Meto<strong>do</strong>logia para a caracterização fundiária das áreas selecionadas<br />
2.5.1 Área estudada<br />
Neste <strong>do</strong>cumento será apresenta<strong>do</strong> um resumo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da caracterização<br />
da estrutura fundiária nas áreas de estu<strong>do</strong> Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada e<br />
Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>. Em alguns itens serão menciona<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s comparativos<br />
das Áreas 1 e 2 com as Áreas 3 <strong>–</strong> Lagoa Encantada e Área 4 <strong>–</strong> Serras de Inema,<br />
consideran<strong>do</strong> que os estu<strong>do</strong>s aconteceram simultaneamente.<br />
2.5.2 Procedimentos utiliza<strong>do</strong>s para caracterização da estrutura fundiária<br />
A caracterização fundiária baseou-se em pesquisas bibliográficas e consulta aos<br />
órgãos e instituições com atuação local para levantamento e organização preliminar de<br />
da<strong>do</strong>s e informações sobre a população rural na região alvo. Antes das campanhas de<br />
campo foram identificadas as sedes <strong>do</strong>s imóveis por meio da utilização de imagens<br />
geradas pelo programa Google Earth.<br />
Com posse das imagens das sedes <strong>do</strong>s imóveis a serem visita<strong>do</strong>s, geradas pelo<br />
programa Google Earth, iniciou-se em dezembro de 2010 os trabalhos de campo para a<br />
caracterização da estrutura fundiária <strong>do</strong>s imóveis localiza<strong>do</strong>s na Área 1 - Serras das<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada e Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, encerran<strong>do</strong>-os no início <strong>do</strong> mês de<br />
março de 2011. No perío<strong>do</strong> foram constituídas duas equipes de pesquisa<strong>do</strong>res para a<br />
coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s em campo, estes, sen<strong>do</strong> coleta<strong>do</strong>s por meio de entrevistas com<br />
preenchimento de formulários.<br />
O formulário aplica<strong>do</strong> levantou informações de referência <strong>do</strong> imóvel rural, como<br />
proprietário, nome <strong>do</strong> imóvel, zona <strong>do</strong> município, as coordenadas geográficas, número e<br />
perfil <strong>do</strong>s ocupantes, uso da terra, cobertura vegetal, benfeitorias, distâncias, recursos<br />
hídricos e situação legal.<br />
Os preenchimentos <strong>do</strong>s formulários ocorreram nas sedes das propriedades<br />
durante as entrevistas com os proprietários ou administra<strong>do</strong>res. Em alguns casos, devi<strong>do</strong><br />
à dificuldade de obter informações corretas com os entrevista<strong>do</strong>s, realizou-se até três<br />
visitas à mesma propriedade e efetuou-se a tentativa de localizar os proprietários ou<br />
administra<strong>do</strong>res nas suas residências situadas nos municípios de Almadina, Coaraci,<br />
Floresta Azul, Ibicaraí, Itabuna e Ilhéus. O tempo médio para o preenchimento de cada<br />
formulário foi de 45 minutos, sen<strong>do</strong> que muitos entrevista<strong>do</strong>s demonstraram grande<br />
satisfação no repasse de informações e o diálogo chegou a ser amplia<strong>do</strong> em 1 h e 20 min.<br />
De posse das informações de referência <strong>do</strong>s imóveis rurais obtidas através <strong>do</strong><br />
levantamento de da<strong>do</strong>s nas propriedades, buscou-se levantar as informações cartoriais<br />
<strong>do</strong>s imóveis identifica<strong>do</strong>s, nos cartórios correspondentes, a fim de comparar as<br />
informações levantadas. Para levantamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s em cartório foi utiliza<strong>do</strong><br />
formulários.<br />
11
[Digite texto]<br />
Os levantamentos <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s nos cartórios de Coaraci - Fórum Desembarga<strong>do</strong>r<br />
Mário Albiani, Ofício <strong>do</strong> Registro de imóveis, que atende os municípios de Almadina e<br />
Coaraci; Ibicaraí - J.A. Mace<strong>do</strong>, Ofício <strong>do</strong> Registro de imóveis, títulos e <strong>do</strong>cumentos e<br />
pessoas jurídicas, que cobre Floresta Azul e Ibicaraí. Os levantamentos foram concluí<strong>do</strong>s<br />
ao final <strong>do</strong> mês de maio de 2011.<br />
2.6. Diagnóstico socioambiental das áreas selecionadas para criação de<br />
unidades de proteção integral <strong>–</strong> Socioeconomia<br />
2.6.1 Procedimentos utiliza<strong>do</strong>s para caracterização socioeconômica<br />
Para identificar e analisar as atividades econômicas, incluin<strong>do</strong> as formas de uso e<br />
manejo tradicionais utilizadas pela população local (atuais e tendências), foi realiza<strong>do</strong> um<br />
levantamento de da<strong>do</strong>s e indica<strong>do</strong>res de renda, educação, saneamento, saúde, habitação<br />
e trabalho para subsidiar a criação da unidade de conservação. Foram também utiliza<strong>do</strong>s<br />
da<strong>do</strong>s secundários <strong>do</strong>s municípios que compõem a APA oriun<strong>do</strong>s de fontes como IBGE<br />
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), SEI (Superintendência de Estu<strong>do</strong>s<br />
Econômicos e Sociais da Bahia), CEPLAC (Comissão Executiva para o Plano da Lavoura<br />
Cacaueira) e BNB (Banco <strong>do</strong> Nordeste <strong>do</strong> Brasil).<br />
O levantamento de campo para a caracterização socioeconômica detalhada foi<br />
realiza<strong>do</strong> em conjunto com o levantamento fundiário, através de entrevistas estruturadas<br />
junto às comunidades situadas nas áreas selecionadas (Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong>), a fim de verificar, o valor de existência e valor de opção das localidades, bem<br />
como, o impacto socioeconômico que a criação de uma unidade de conservação gerará<br />
nos seus respectivos municípios e principalmente nas comunidades abrangidas. Esse<br />
trabalho de campo teve inicio em dezembro de 2010 sen<strong>do</strong> finaliza<strong>do</strong> no mês de março<br />
<strong>do</strong> ano seguinte.<br />
Os preenchimentos <strong>do</strong>s formulários ocorreram durante as entrevistas com os<br />
proprietários, administra<strong>do</strong>res e mora<strong>do</strong>res da área de estu<strong>do</strong>. Em alguns casos, realizouse<br />
até três visitas à mesma localidade e efetuou-se a tentativa de localizar responsáveis.<br />
O tempo médio para o preenchimento <strong>do</strong> formulário foi de 45 minutos, sen<strong>do</strong> que muitos<br />
entrevista<strong>do</strong>s demonstraram grande satisfação no repasse de informações e o diálogo<br />
chegou a ser amplia<strong>do</strong> em 1 h e 20 min.<br />
Para realizar esse trabalho de campo foram constituídas duas equipes de<br />
pesquisa<strong>do</strong>res para realização das entrevistas. Foram respondi<strong>do</strong>s 333 formulários sen<strong>do</strong><br />
227 na Área 1- Serra das Nascentes <strong>do</strong> Almada, e 106 na Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>.<br />
Os difíceis acessos aos imóveis localiza<strong>do</strong>s nas regiões com topografia mais acentuada,<br />
em virtude das chuvas intensas e esta<strong>do</strong> precário das estradas, foram venci<strong>do</strong>s por<br />
diferentes recursos, a exemplo da utilização de equinos.<br />
Através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s primários e secundários, os levantamentos visaram:<br />
• Verificar se existiam famílias ou comunidades que usufruem da área na<br />
obtenção de bens e/ou produtos para seu sustento;<br />
• Verificar se existiam comunidades indígenas ou quilombolas na região ou nas<br />
áreas de estu<strong>do</strong>;<br />
• Levantar e analisar as oportunidades de uso público (atrativos naturais,<br />
atividades já realizadas e/ou com potencial ecoturístico, etc);<br />
12
[Digite texto]<br />
• Identificar os grupos sociais que poderiam interferir (de forma positiva ou<br />
negativa) no processo de criação da unidade, bem como suas preocupações e<br />
interesses;<br />
• Identificar áreas naturais e culturais relevantes;<br />
• Analisar o impacto econômico potencial da criação de unidades de conservação<br />
sobre a economia local e sobre as comunidades e municípios afeta<strong>do</strong>s<br />
(impactos positivos, negativos, impacto no PIB <strong>do</strong>s municípios, expectativas das<br />
comunidades, etc);<br />
• Analisar os cenários com diferentes extensões e categorias de unidades;<br />
• Analisar os impactos socioambientais sobre os usos alternativos <strong>do</strong> solo<br />
existentes, que estão em planejamento ou em implementação nas áreas<br />
indicadas, tais como: geração de energia, exploração mineral, instalação de<br />
infraestrutura como estradas, barragens, linhas de transmissão, gasodutos,<br />
zoneamentos ecológico-econômicos, planos diretores.<br />
• Identificar o número de óbitos e ocorrência de <strong>do</strong>enças por município;<br />
• Identificar a quantidade e situação de <strong>do</strong>micílios mora<strong>do</strong>res;<br />
No trabalho, o méto<strong>do</strong> de análise utiliza<strong>do</strong> foi o estatístico descritivo, que é<br />
aplica<strong>do</strong> para coletar, apresentar, descrever, analisar e prever os aspectos <strong>do</strong>s<br />
acontecimentos que puderam se tomar de forma mensurável.<br />
3 RESULTADOS<br />
3.1 Mapeamento da cobertura e uso da terra<br />
3.1.1 Quantificação das classes de cobertura e uso da terra (1ª etapa <strong>do</strong><br />
mapeamento)<br />
Os resulta<strong>do</strong>s cartográficos <strong>do</strong> mapeamento são apresenta<strong>do</strong>s consideran<strong>do</strong> os<br />
perímetros da área estudada, da Bacia <strong>do</strong> Rio Almada e da APA da Lagoa Encantada e<br />
Rio Almada e encontram-se no Apêndice A da versão completa em escala 1:50.000.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s quantitativos estão exibi<strong>do</strong>s na Figura 8 para a área estudada, a<br />
Bacia <strong>do</strong> Rio Almada e a APA da Lagoa Encantada e Rio Almada e para os municípios<br />
que contêm terras dentro da área estudada.<br />
Constatou-se a pre<strong>do</strong>minância da classe Lavoura Permanente (Cacau), nas três<br />
poligonais na seguinte ordem decrescente: área estudada (125.458,4 ha), BHRA<br />
(101.575,70 ha) e APA (91.761,90 ha). Esses da<strong>do</strong>s mostram que atualmente, a BHRA<br />
tem 64,77% de sua área ocupada por lavouras de cacau, enquanto que na APA este uso<br />
da terra atinge 58,01% da área total.<br />
Ao agrupar todas as classes de uso como Áreas Antrópicas, a BHRA exibe um<br />
percentual muito alto de antropismo, qual seja, 86,32% de suas terras. As duas principais<br />
classes que contribuem para esta situação - Lavoura Permanente (Cacau) e Pecuária<br />
juntas cobrem 82,44% da área da bacia <strong>do</strong> Rio Almada. Situação semelhante é<br />
observada na APA, onde o nível de antropismo bate os 83,23% da área da unidade de<br />
conservação, com as classes Lavoura Permanente (Cacau) e Pecuária cravan<strong>do</strong> 78,16%<br />
da área da APA.<br />
13
[Digite texto]<br />
Entre a BRHA e a APA (Figura 8), a APA mostra maior cobertura de Formações<br />
Florestais, 12.853,70 ha (8,13% da área da APA), estan<strong>do</strong> as maiores extensões<br />
representadas pelas formações de Floresta Ombrófila Densa Submontana e Floresta<br />
Ombrófila Densa Montana. As duas formações têm respectivamente, 6.602,20 ha (4,17%<br />
da área da APA) e 3.842,50 ha (2,43% da área da APA). Tais formações florestais<br />
aparecem em vários fragmentos, sen<strong>do</strong> os maiores e em bons esta<strong>do</strong>s de conservação<br />
localiza<strong>do</strong>s nas áreas serranas. Os fragmentos desempenham importantes papéis, ten<strong>do</strong><br />
funções de habitats para diferentes grupos faunísticos.<br />
Figura 8. Distribuição agrupada no Nível I das classes de cobertura e uso da terra - BHRA, APA e Área<br />
Estudada.<br />
14
[Digite texto]<br />
3.1.2 Áreas potenciais para unidades de proteção integral (1ª etapa <strong>do</strong><br />
mapeamento)<br />
Com a aplicação <strong>do</strong>s critérios cita<strong>do</strong>s na Seção 2.3.4 Seleção das áreas potenciais<br />
para unidades de proteção integral (relatório completo da 1ª etapa <strong>do</strong> mapeamento) e<br />
utilização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mapeamento da cobertura e uso da terra identificaram-se<br />
quatro áreas que se tornaram alvos de levantamentos de campo. Neste <strong>do</strong>cumento serão<br />
apresentadas as informações acerca das Áreas 1 e 2 que contemplam as propostas de<br />
criação Parque Estadual (PE) das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, e <strong>do</strong><br />
Refúgio de Vida Silvestre (RVS) das Nascentes <strong>do</strong> Almada.<br />
Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada - Com aproximadamente 9.570 ha possui<br />
grande relevância para conservação, uma vez que possui as principais nascentes <strong>do</strong> Rio<br />
Almada ainda cobertas por fragmentos florestais. Conforme MMA (2007), em termos de<br />
áreas prioritárias para conservação estabelecidas pelo Projeto de Conservação e<br />
Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio/MMA) a Área 1 está<br />
situada no perímetro da área Ma434, com importância biológica “Extremamente alta” e<br />
Prioridade de ação Muito Alta.<br />
Sua forma irregular mostra-se alongada na direção oeste-leste e situa-se nos municípios<br />
de Floresta Azul, Almadina e Ibicaraí. Possui cobertura de 48,00% de áreas florestais<br />
originais e de 38% de áreas antropizadas. Consideran<strong>do</strong> as áreas de vegetação<br />
secundária, 14% da extensão da Área 1, somadas as áreas florestais mais conservadas,<br />
chega-se a 52% cobertura vegetal que funciona como habitats faunísticos (Figura 9).<br />
A principal formação florestal é a Floresta Ombrófila Densa Montana, que contém oito<br />
fragmentos. O tipo mais comum de vegetação secundária é a Capoeira/Capoeirão (quatro<br />
fragmentos) em ambientes de Floresta Ombrófila Densa Submontana, muitas vezes<br />
caracteriza<strong>do</strong> como alteração dessa própria floresta. As matas mais conservadas estão<br />
nos topos da Serra <strong>do</strong>s Sete Paus. Em geral, os fragmentos florestais estão em<br />
ambientes serranos circunda<strong>do</strong>s por pastagens e Lavoura Permanente (Cacau) dispostas<br />
em encostas íngremes.<br />
Ds - Floresta Ombrófila Densa Submontana; Dm - Floresta Ombrófila Densa Montana; Vs1 -<br />
Capoeira/Capoeirão (Floresta Ombrófila Densa Submontana Alterada); Vs2 - Capoeira/Capoeirão (Floresta<br />
Ombrófila Densa Montana Alterada)<br />
Figura 9. Distribuição das classes de cobertura e uso da terra para a Área 1. As áreas de uso foram<br />
agrupadas como áreas antrópicas.<br />
15
[Digite texto]<br />
Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> - situa-se nas proximidades da sede <strong>do</strong> município de<br />
Almadina, com disposição na direção norte-sul e forma alongada. Suas terras pertencem<br />
aos municípios de Almadina e Coaraci. Apesar de ter uma extensão de 2.950 ha, contém<br />
uma boa cobertura florestal. No que se refere às áreas prioritárias para conservação<br />
estabelecidas pelo (Probio/MMA) a Área 2 está situada no perímetro da área Ma434, com<br />
importância biológica “Extremamente alta” e Prioridade de ação Muito Alta.<br />
Apresenta duas formações florestais originais - Floresta Ombrófila Densa Submontana e<br />
Floresta Ombrófila Densa Montana cobrin<strong>do</strong>, respectivamente, 28 e 29% da Área 2, o que<br />
resulta em 57% de ambientes florestais (Figura 10).<br />
Em termos de fragmentação, a Floresta Ombrófila Densa Montana apresenta apenas <strong>do</strong>is<br />
fragmentos, enquanto a Floresta Ombrófila Densa Submontana mostra-se em dez<br />
fragmentos. Os fragmentos sempre ocupam os contrafortes da Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e<br />
estão em bom esta<strong>do</strong> de conservação.<br />
A antropização é observada por meio das classes de Lavoura Permanente (Cacau),<br />
Pecuária e Sistema Agrossilvicultural, cujas áreas agregadas alcançam 43% da extensão<br />
total da Área 2. A pecuária sobressai em relação aos demais tipos de uso da terra. Entre<br />
seus atributos, apresenta um afloramento rochoso com grande potencial para visitação<br />
contemplativa.<br />
Ds - Floresta Ombrófila Densa Submontana; Dm - Floresta Ombrófila Densa Montana; Vs2 -<br />
Capoeira/Capoeirão (Floresta Ombrófila Densa Montana Alterada)<br />
Figura 10. Distribuição das classes de cobertura e uso da terra para a Área 2. As áreas de uso foram<br />
agrupadas como áreas antrópicas.<br />
3.1.3 Quantificação das classes de cobertura e uso da terra (2ª etapa <strong>do</strong><br />
mapeamento)<br />
Os resulta<strong>do</strong>s cartográficos <strong>do</strong> mapeamento são apresenta<strong>do</strong>s consideran<strong>do</strong> as<br />
áreas indicadas para estu<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> a distância de um quilometro <strong>do</strong> perímetro para<br />
cada uma delas, com objetivo de ampliar a área <strong>do</strong> mapeamento visan<strong>do</strong> possíveis<br />
ajustes na definição da unidade de conservação. Este procedimento explica o fato que<br />
sen<strong>do</strong> o perímetro da Área 1 com 9.570 ha, a sua área de estu<strong>do</strong> foi ampliada para<br />
18.525 ha. Estes da<strong>do</strong>s encontram-se no Apêndice A <strong>do</strong> relatório completo da 2ª etapa <strong>do</strong><br />
mapeamento em escala 1:25.000.<br />
16
[Digite texto]<br />
Os resulta<strong>do</strong>s quantitativos estão exibi<strong>do</strong>s na Tabela 1 que discrimina em valores<br />
absoluto e relativo a cobertura e usos da terra, por área estuda.<br />
Tabela 1 - Distribuição das áreas das classes de cobertura e uso da terra, em 2010.<br />
Classe<br />
Área 1 Área 2<br />
Serras das Nascentes<br />
<strong>do</strong> Rio Almada<br />
Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
(ha) (%) (ha) (%)<br />
Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas 0,0 0,00 0,0 0,00<br />
Floresta Ombrófila Densa Submontana 605,7 3,27 222,2 3,93<br />
Floresta Ombrófila Densa Montana 2365,0 12,77 285,6 5,05<br />
Comunidade Aluvial Arbustiva 0,0 0,00 0,0 0,00<br />
Comunidade Aluvial Herbácea 1,0 0,01 0,0 0,00<br />
Capoeirão (Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas Alterada) 0,0 0,00 0,0 0,00<br />
Capoeirão (Floresta Ombrófila Densa Submontana Alterada) 1222,9 6,60 404,0 7,15<br />
Capoeirão (Floresta Ombrófila Densa Montana Alterada) 843,4 4,55 555,2 9,82<br />
Capoeira (Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas Alterada) 0,0 0,00 0,0 0,00<br />
Capoeira (Floresta Ombrófila Densa Submontana Alterada) 1438,1 7,76 383,7 6,79<br />
Capoeira (Floresta Ombrófila Densa Montana Alterada) 592,1 3,20 31,5 0,56<br />
Núcleos Urbanos 56,5 0,31 3,8 0,07<br />
Sistema Viário 41,8 0,23 17,8 0,32<br />
Instalações Rurais 40,0 0,22 10,1 0,18<br />
Mineração 7,5 0,04 2,0 0,04<br />
Lavoura Permanente (Cacau) 5771,3 31,15 1726,0 30,54<br />
Lavoura Permanente (Seringa) 0,0 0,00 0,0 0,00<br />
Lavoura Permanente (Pupunha) 0,0 0,00 0,0 0,00<br />
Pecuária 2040,4 11,01 711,0 12,58<br />
Pecuária + Lavoura de Subsistência 3480,5 18,79 1298,4 22,97<br />
Represas, Lagos e Rios 19,3 0,10 0,8 0,01<br />
Sem da<strong>do</strong>s 0,0 0,00 0,0 0,00<br />
TOTAL 18525,5 100,0 5652,0 100,0<br />
Entre as áreas estudadas constatou-se eleva<strong>do</strong> índice de formação florestal em<br />
estádio sucessional avança<strong>do</strong> ou médio de regeneração, sen<strong>do</strong> 7.068 ha (27,2% da Área<br />
1) e 1.882 ha (26% da Área 2). Espacialmente, os fragmentos florestais mais bem<br />
conserva<strong>do</strong>s e de maior extensão localizam-se em áreas de maior altitude (Floresta<br />
Ombrófila Densa Montana).<br />
As atividades econômicas de maior destaque estão ligadas a produção <strong>do</strong> cacau e<br />
atividades pecuárias. Em valores relativos estas atividades recobrem 60,7% (Área 1) e<br />
65,8% (Área 2). Com uma frequência bastante representativa, os espaços utiliza<strong>do</strong>s no<br />
cultivo <strong>do</strong> cacau apresentam-se em blocos maiores e contíguos, distribuí<strong>do</strong>s em maior<br />
expressão nos vales das áreas serranas ou ao longo <strong>do</strong>s rios, aproveitan<strong>do</strong> o recurso<br />
hídrico e a facilidade de acesso.<br />
Em ordem de aptidão para cacaicultura, verifica-se que a Área 1 apresenta 31%<br />
(5.771,3 ha) da sua extensão com esse tipo de cultivo e que a Área 2 tem 30,5%<br />
(1.726 ha).<br />
17
[Digite texto]<br />
Consideran<strong>do</strong> a extensão territorial com produção pecuária (pastagens), soma<strong>do</strong>s<br />
às lavouras de subsistência (mandioca, milho, etc.), observa-se em ordem de grandeza:<br />
Área 1 apresenta 29,8% (5.520 ha) de toda sua cobertura, e a Área 2 com 35,5% (2.009<br />
ha). Nas atividades de campo foi possível observar que mais de 50% das pastagens<br />
encontram-se pouco manejadas e com baixa densidade na criação de animais. As<br />
pastagens de melhor qualidade e com uso mais intenso localizam-se nos municípios de<br />
Almadina e Floresta Azul, na parte mais oeste da Área 1 que fica na transição entre a<br />
região cacaueira de Ilhéus-Itabuna e região de pecuária de Itapetinga (Figuras 11 e 12).<br />
Figura 11. Distribuição em percentual da cobertura e<br />
uso da terra na Nascente <strong>do</strong> Rio Almada.<br />
3.2. Meio físico<br />
3.2.1 Características climáticas das áreas selecionadas<br />
Figura 12. Distribuição em percentual da cobertura<br />
e uso da terra na Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
As condições climáticas são comuns a todas as áreas de estu<strong>do</strong>, que segun<strong>do</strong> a<br />
classificação de Köppen é um clima Aw - clima tropical com estação seca de inverno. De<br />
acor<strong>do</strong> SRH (2001) ocorre uma variação de 1600 mm no Oeste da bacia hidrográfica até<br />
1800 mm ao Leste próximo ao litoral.<br />
Ainda de acor<strong>do</strong> SRH (2001), o regime pluviométrico tem como perío<strong>do</strong> de maior<br />
precipitação, o <strong>do</strong>s meses de março e abril, sen<strong>do</strong> que a lâmina total anual média<br />
precipitada é de 1.782,2 mm. Na Figura 13 são apresentadas as precipitações médias<br />
mensais da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada. Observa-se que o mês de agosto<br />
caracteriza-se por ser o perío<strong>do</strong> mais seco <strong>do</strong> ano, apresentan<strong>do</strong> uma precipitação média<br />
menor em aproximadamente 56% quan<strong>do</strong> comparada com o mês de dezembro, perío<strong>do</strong><br />
de maior precipitação na bacia hidrográfica.<br />
A temperatura anual apresenta média de 22.9°C, com valores mínimos em julho e<br />
agosto. A umidade relativa é máxima nos meses de maio, junho e julho, coincidin<strong>do</strong> com<br />
os perío<strong>do</strong>s de baixas temperaturas e baixo número de horas de insolação, levan<strong>do</strong> aos<br />
menores valores observa<strong>do</strong>s de evaporação.<br />
A velocidade <strong>do</strong> vento apresenta pouca variação durante o ano, registra uma<br />
média anual de 1.67 m/s.<br />
18
[Digite texto]<br />
Figura 13. Distribuição da precipitação média mensal.<br />
3.2.2 Características geoambientais da Área 1- Serras das Nascentes <strong>do</strong><br />
Almada<br />
A Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada possui uma área de drenagem de<br />
aproximadamente 1.545 km 2 e perímetro de 252 km. Tem como curso principal o Rio<br />
Almada com uma extensão de 138 km, desde sua nascente (na Serra <strong>do</strong> Chuchu, na<br />
região de Sete Paus, município de Almadina) até a sua foz, em barra de Itaípe no norte da<br />
cidade de Ilhéus.<br />
Parte da Área 1 engloba a região das nascentes <strong>do</strong> Rio Almada e também<br />
engloba afluentes <strong>do</strong> Rio Salga<strong>do</strong>, que faz parte <strong>do</strong> complexo das bacias hidrográficas<br />
<strong>do</strong>s rios Cachoeira e Gongogi na região de Itamutinga, ao norte da cidade de Almadina.<br />
Por ser uma área rica em nascentes, ampliar as garantias de conservação favorecerá as<br />
três principais bacias regionais: Almada, Cachoeira e Gongogi.<br />
Segun<strong>do</strong> a classificação de Strahler, observa-se que na Área 1, a maioria <strong>do</strong>s rios<br />
é de ordem 1. Conforme esta classificação, os afluentes que não se ramificam (poden<strong>do</strong><br />
desembocar no rio principal ou em seus ramos) são os de primeira ordem. Os cursos d’<br />
água que somente recebem afluentes que não se subdividem são de segunda ordem. Os<br />
de terceira ordem são forma<strong>do</strong>s pela reunião de <strong>do</strong>is cursos d’ água de segunda ordem, e<br />
assim por diante.<br />
No caso da Área 1, observa-se que a maioria <strong>do</strong>s rios são de primeira ordem,<br />
características das áreas de nascentes como neste caso. Em campo encontrou-se uma<br />
riqueza bem maior de nascentes e pequenos córregos de primeira ordem, consideran<strong>do</strong><br />
os cursos d’água delimita<strong>do</strong>s nas cartas topográficas. Nesta área encontram-se rios com<br />
padrão de drenagem dendrítico e densidade de drenagem de esparsa a média.<br />
As rochas mais antigas na Área 1 foram formadas no Arqueano (perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo<br />
geológico compreendi<strong>do</strong> entre 3.800 e 2.500 milhões de anos atrás) e Proteozóico<br />
inferior(perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre 2,5 bilhões e 542 milhões de anos atrás),<br />
denominadas de Cinturão Itabuna representa<strong>do</strong> pelas seguintes unidades litológicas<br />
(rochas que formaram o solo): Complexo Almadina; Complexo Ibicaraí e Suíte Intrusiva.<br />
De acor<strong>do</strong> com Barbosa et al. (1996), Silva (2010) e Gomes et al. (2010), as<br />
unidades geológicas têm as seguintes características litológicas:<br />
19
[Digite texto]<br />
a) Complexo Almadina (APs) - rochas alumino-magnesianas kinzigíticas com<br />
níveis calcissilicáticos, quartizíticos, carbonáticos e granulitos básicos e áci<strong>do</strong>s.<br />
b) Complexo Ibicaraí (APdt) - tonalitos/dacitos, trondhjemitos/riolitos e gabros,<br />
granulitiza<strong>do</strong>s. São granulitos essencialmente de composição intermediária a ácida,<br />
homogêneos, de cor cinza-esverdea<strong>do</strong> e com textura em geral média. Os granulitos<br />
intermediários (dacitos/tonalitos) e, especialmente, os félsicos (riolitos/trondhjemitos)<br />
distinguem-se <strong>do</strong>s granulitos básicos (basaltos/gabros) devi<strong>do</strong> a mais alta percentagem<br />
de antipertita e quartzo e menor quantidade de piroxênios.<br />
c) Suíte Intrusiva (PSas) - sienitos e nefelinassienitos. São rochas de granulação<br />
grossa, com estrutura isotrópica, poden<strong>do</strong> exibir, nos contatos ou nas proximidades de<br />
falhas, estruturas gnáissica e cataclástica, respectivamente.<br />
Durante os trabalhos de campo, observaram-se mudanças no uso da terra nos<br />
topos das serras no oeste da Área 1, denominada pela população local de Serra Pelada.<br />
Nesses topos encontra-se material rico em quartzo, que intemperiza<strong>do</strong>s formam grandes<br />
pacotes arenosos conforme pode ser observa<strong>do</strong> nas figuras 14 e 15. Esse ambiente<br />
peculiar da Área 1- Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada vem sofren<strong>do</strong> impactos pela<br />
extração de areias em diferentes cavas na região.<br />
Figura 14. Detalhe <strong>do</strong> arenito em processo de<br />
intemperismo nas nascentes <strong>do</strong> Rio Almada. Março<br />
2011. Almadina, BA.<br />
Figura 15. Pacote arenoso produto <strong>do</strong> intemperismo<br />
<strong>do</strong>s arenitos encontra<strong>do</strong>s nas serras nas nascentes <strong>do</strong><br />
Rio Almada. Março 2011. Almadina, BA.<br />
Os pacotes arenosos ocupam uma parte representativa da Área 1 merecen<strong>do</strong><br />
atenção por se tratar de uma região, de nascentes de três principais bacias hidrográficas<br />
e seus afluentes: Almada, Cachoeira e Gongogi (como menciona<strong>do</strong> anteriormente) que<br />
prestam serviços ambientais para as cidades de Ilhéus e Itabuna. Essas cidades utilizam<br />
o Rio Almada como fonte de abastecimento de água e tantos outros municípios das<br />
bacias <strong>do</strong> Cachoeira e Gongogi.<br />
Na Área 1 identificou-se uma Unidade Geomorfológica, as Serras e Maciços Pré-<br />
Litorâneos (SRH, 2001; GOMES et al., 2010). Essa unidade comporta grande amplitude<br />
altimétrica, uma vez que os trechos mais rebaixa<strong>do</strong>s chegam a menos de 100 m de<br />
altitude, enquanto alguns topos residuais podem atingir 1.100 m. No caso da Área 1,<br />
foram identifica<strong>do</strong>s topos com altitude de 1.000 m.<br />
20
[Digite texto]<br />
Os solos identifica<strong>do</strong>s foram LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distróficos<br />
(23,06%), ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos (59,72%) e<br />
CHERNOSSOLOS ARGILÚVICOS Órticos (17,22%).<br />
Em termos de fragilidade ambiental, nessa área foram encontradas os seguintes<br />
índices: baixo (2), médio (3), alto (4) e muito alto (5). A maior parte da Área 1 (70%)<br />
encontra-se classificada como um índice Médio de fragilidade ambiental, ou seja, 6.703<br />
ha (Tabela 2).<br />
Tabela 2 <strong>–</strong> Índices de fragilidade ambiental da Área 1- Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada e suas<br />
respectivas áreas e percentuais de ocorrência.<br />
Índice de Fragilidade Área (ha) Área (%)<br />
Baixo (2) 1.975 20,64<br />
Médio (3) 6.703 70,04<br />
Alto (4) 884 9,24<br />
Muito Alto (5) 8 0,08<br />
Total 9.570 100<br />
O atributo determinante para classificação da fragilidade ambiental foram os usos<br />
da terra Lavoura Permanente de Cacau e Vegetação de Floresta em suas diferentes<br />
classes de regeneração, promoven<strong>do</strong> a proteção principalmente <strong>do</strong>s Argissolos e<br />
Chernossolos. Mesmo com uma cobertura vegetal protetora, o índice de fragilidade<br />
ambiental foi classifica<strong>do</strong> como Médio da<strong>do</strong> às características <strong>do</strong> relevo movimenta<strong>do</strong> da<br />
região.<br />
3.2.3 Características geoambientais da Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
A Área 2 localiza-se totalmente dentro <strong>do</strong>s limites da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio<br />
Almada, sen<strong>do</strong> uma importante área de nascentes <strong>do</strong>s afluentes <strong>do</strong> Rio Almada no terço<br />
superior de sua bacia. Os limites municipais entre Coaraci e Almadina dividem a Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong> no meio, sen<strong>do</strong> que a metade NE da serra pertence ao município de Coaraci e<br />
a metade SE ao município de Almadina.<br />
Como caracteriza um divisor de águas, a Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> apresenta<br />
poucos cursos d’água, sen<strong>do</strong> eles segun<strong>do</strong> a classificação de Strahler, to<strong>do</strong>s de primeira<br />
ordem. A Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> apresenta alguns rios de primeira ordem<br />
nascen<strong>do</strong> nas serras de Inema e circunda<strong>do</strong> por rios de segunda e terceira ordem.<br />
Observa-se um padrão de drenagem dendrítico com densidade de drenagem de esparsa.<br />
As rochas mais antigas na Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> foram formadas no<br />
Arqueano (perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo geológico compreendi<strong>do</strong> entre 3.800 e 2.500 milhões de<br />
anos atrás) e Proteozóico inferior (perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre 2,5 bilhões e 542 milhões<br />
de anos atrás), também é o Cinturão Itabuna representa<strong>do</strong> pelas seguintes unidades<br />
litológicas (rochas que formaram o solo): Complexo Almadina e Complexo Itabuna.<br />
Na Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, da mesma forma que na Área 1 - Nascentes <strong>do</strong><br />
Almada, identificou-se apenas a Unidade Geomorfológica - Serras e Maciços Pré-<br />
Litorâneos. A Unidade comporta grande amplitude altimétrica, com trechos mais<br />
rebaixa<strong>do</strong>s a menos de 100 m de altitude, enquanto alguns topos residuais podem atingir<br />
1.100 m. No caso da Área 2, observaram-se topos, na Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> com altitudes<br />
de 1.040 m.<br />
21
[Digite texto]<br />
Os solos identifica<strong>do</strong>s foram ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutróficos<br />
(99,56%) e CHERNOSSOLOS ARGILÚVICOS Órticos (0,44%). Apesar de não estarem<br />
mapeadas, são encontradas na Área 2 afloramentos de rochas.<br />
Dentro da Área 2 foram encontradas os seguintes índices de fragilidade ambiental:<br />
Baixo (2), Médio (3) e Alto (4), conforme apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 3. Observan<strong>do</strong> a Tabela<br />
3, nota-se que 70,8% (2.089,98 ha da área) possui um índice de fragilidade ambiental<br />
médio. A Área 2, envolve a Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, onde pre<strong>do</strong>minam Argissolos cobertos<br />
pelos usos da terra Floresta em diferentes estádios de regeneração e Lavouras<br />
Permanentes de Cacau, que promovem uma eficiente cobertura <strong>do</strong> solo. Mesmo assim,<br />
pela condição <strong>do</strong> relevo movimenta<strong>do</strong>, o índice de fragilidade ambiental pre<strong>do</strong>minante foi<br />
estabeleci<strong>do</strong> como Médio, alertan<strong>do</strong> para restrições em possíveis alterações no uso da<br />
terra destas áreas.<br />
Tabela 3 <strong>–</strong> Índices de fragilidade ambiental da Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> .<br />
Índice de Fragilidade Área (ha) Área (%)<br />
Baixo (2) 413,19 14,00<br />
Médio (3) 2.089,98 70,80<br />
Alto (4) 448,92 15,20<br />
Total 2.952,09 100<br />
3.3 Meio biótico<br />
3.3.1 Anfíbios e répteis<br />
As quatro áreas investigadas (Área 1- Nascentes <strong>do</strong> Almada; Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong>; Área 3 <strong>–</strong> Lagoa Encantada e Área 4 <strong>–</strong> Serras de Inema) juntas abrigam uma<br />
grande diversidade de anfíbios anuros. Foi registra<strong>do</strong> um total de 58 espécies,<br />
distribuídas em 11 famílias. A família Hylidae foi a que apresentou o maior número de<br />
espécies (38 spp.), resulta<strong>do</strong> espera<strong>do</strong> para inventários realiza<strong>do</strong>s na região neotropical<br />
(DUELLMAN; TRUEB, 1986).<br />
Das espécies registradas em campo, sete são consideradas endêmicas <strong>do</strong> Sul da<br />
Bahia, cinco endêmicas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Bahia, quatro endêmicas da Mata Atlântica<br />
Nordestina e 16 são consideradas endêmicas <strong>do</strong> bioma Mata Atlântica. Das 58 espécies<br />
amostradas 48% delas são restritas a ambientes florestais.<br />
Segun<strong>do</strong> a União Internacional para a Conservação da Natureza e <strong>do</strong>s Recursos Naturais,<br />
IUCN (2010), 37 espécies não estão ameaçadas (LC); dez possuem da<strong>do</strong>s deficientes<br />
para avaliação (DD); e três ainda não foram classificadas. Allobates olfersioides é<br />
considerada vulnerável a extinção.<br />
Entre os répteis, foram encontradas 16 espécies, sen<strong>do</strong> dez serpentes e sete<br />
lagartos, números relativamente altos, consideran<strong>do</strong> o esforço amostral emprega<strong>do</strong>. A<br />
maioria das espécies apresenta uma ampla distribuição, sen<strong>do</strong> uma endêmica da Mata<br />
Atlântica (Enyalius catenatus).<br />
3.3.1.1 Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
Foram encontradas 33 espécies de anfíbios anuros divididas em oito famílias, a<br />
menor riqueza registrada entre as quatro áreas amostradas, no entanto, esse resulta<strong>do</strong><br />
pode ser atribuí<strong>do</strong> a falta de chuvas durante o perío<strong>do</strong> de amostragem. Mesmo assim, a<br />
22
[Digite texto]<br />
riqueza pode ser considerada alta quan<strong>do</strong> comparada a outras áreas inventariadas no sul<br />
da Bahia que tiveram esforço amostral similar (SILVANO; PIMENTA, 2003).<br />
A Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada é a maior entre as quatro áreas<br />
selecionadas e abrange grande variedade de habitats propícios para manutenção de<br />
elevada diversidade de anfíbios. No local, podem ser encontra<strong>do</strong>s fragmentos de mata<br />
nas regiões de baixada, matas de altitude úmidas que chegam a quase 800 m de altitude<br />
com grande quantidade de bromélias e serrapilheira densa, além de uma rica rede<br />
hidrográfica com diversas nascentes e corpos d’água que são fundamentais para<br />
reprodução <strong>do</strong>s anfíbios anuros.<br />
Das espécies encontradas em campo, três são consideradas endêmicas <strong>do</strong> Sul da<br />
Bahia, duas endêmicas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Bahia, três endêmicas da Mata Atlântica Nordestina<br />
e outras sete endêmicas <strong>do</strong> bioma Mata Atlântica. Das 33 espécies encontradas<br />
aproximadamente 17 delas são encontradas exclusivamente em ambientes florestais.<br />
A maioria das espécies encontradas em inventários rápi<strong>do</strong>s é de áreas abertas e<br />
de borda de mata. Essas espécies são consideradas oportunistas e apresentam grande<br />
capacidade de colonizar locais antropiza<strong>do</strong>s, possuin<strong>do</strong> geralmente ampla distribuição<br />
geográfica. No entanto, mais de 50% das espécies registradas são restritas a ambientes<br />
florestais.<br />
3.3.1.2 Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
Na Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> foram encontradas 38 espécies de anfíbios anuros<br />
pertencentes a nove famílias taxonômicas, riqueza bem superior a encontrada em outros<br />
locais próximos da área, como a RPPN Serra <strong>do</strong> Teimoso (24 spp.) e a Serra das Lontras<br />
(16 spp.) que tiveram esforço amostral similar (SILVANO; PIMENTA, 2003). Entre os 21<br />
fragmentos analisa<strong>do</strong>s por esses autores no sul da Bahia, a RPPN Estação Veracel foi o<br />
que apresentou o maior número de espécies totalizan<strong>do</strong> (39).<br />
Dessa forma, a Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> apresenta riqueza similar e pode ser<br />
considerada um <strong>do</strong>s locais com a maior riqueza de anfíbios já amostradas no Sul da<br />
Bahia. Apesar <strong>do</strong> pequeno esforço amostral ela possui grande potencial para estu<strong>do</strong>s de<br />
anfíbios.<br />
Esta área apresenta abruptos gradientes altitudinais, com fragmentos bem<br />
preserva<strong>do</strong>s nas áreas altas. A região de baixada é constituída principalmente por pastos<br />
e cabrucas. Os fragmentos amostra<strong>do</strong>s possuem árvores de grande porte, com densa<br />
serrapilheira e grande quantidade de bromélias, locais bastante úmi<strong>do</strong>s com grande<br />
quantidade de riachos e nascentes que possuem potencial para abrigar uma alta<br />
diversidade de anfíbios, como foi constata<strong>do</strong> nos da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s em campo. To<strong>do</strong>s os<br />
pontos de amostragem apresentaram elevada riqueza de anfíbios anuros.<br />
Entre as espécies registradas em campo, cinco são endêmicas <strong>do</strong> sul da Bahia e<br />
duas são endêmicas da Bahia. Outras duas espécies são endêmicas da Mata Atlântica<br />
Nordestina e nove endêmicas <strong>do</strong> Bioma Mata Atlântica. Das 38 espécies registradas, 20<br />
são restritas à ambientes florestais. Outra vez, mais de 50% das espécies amostradas<br />
são típicas <strong>do</strong> interior de florestas.<br />
3.3.2 Aves<br />
Consideran<strong>do</strong>-se as quatro áreas amostradas Área 1- Nascentes <strong>do</strong> Almada; Área<br />
2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>; Área 3 <strong>–</strong> Lagoa Encantada e Área 4 <strong>–</strong> Serras de Inema), foram<br />
23
[Digite texto]<br />
registradas 244 espécies, com pre<strong>do</strong>mínio da família Tyrannidae (38 espécies), seguida<br />
por Thraupidae (17), Furnariidae (15) e Trochilidae (12). A Tabela 4 sintetiza resulta<strong>do</strong>s<br />
comparativos entre as áreas, com a riqueza de espécies em cada área, número de táxons<br />
endêmicos e em várias categorias de ameaçada de extinção (MACHADO et al., 2008).<br />
Verifica-se que, apesar <strong>do</strong> esforço amostral ser suficiente apenas para uma<br />
listagem preliminar, um razoável número de espécies foi registra<strong>do</strong>, apenas com ressalva<br />
para Área 4 - Serras de Inema, com um menor número de espécies, em função também<br />
de condições desfavoráveis de clima. O alto número de espécies exclusivas da Área 3 -<br />
Lagoa Encantada, nas imediações <strong>do</strong> PESC, reflete a distinta natureza desta em relação<br />
às outras três áreas.<br />
Na região <strong>do</strong> PESC e adjacências da Lagoa Encantada, pode-se verificar uma<br />
composição típica de florestas de tabuleiro, com presença de espécies tipicamente<br />
amazônicas, e alto número de espécies ameaçadas de extinção, como Phaethornis<br />
margarettae, Crax blumenbachii (entrevista) e Glaucis <strong>do</strong>hrnii, este último também<br />
presente na Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada.<br />
Em Almadina e áreas adjacentes (Áreas 1- Nascentes <strong>do</strong> Almada e Área 2 Serra<br />
<strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>), verificou-se no alto das serras uma avifauna característica das montanhas<br />
<strong>do</strong> médio sul da Bahia, tipicamente de influência Atlântica, com elementos tais quais:<br />
Synallaxis whitneyi (cinerea) - ameaça<strong>do</strong> de extinção na categoria vulnerável e endêmico<br />
das porções altas <strong>do</strong> centro leste baiano. Cichlopsis leucogenys cujo subspécie C. l.<br />
leucogenys é ameaçada de extinção, é típica das serras <strong>do</strong> sudeste brasileiro. Da mesma<br />
forma, essa coerência biogeográfica ou ecológica, manifesta preferência por florestas em<br />
avança<strong>do</strong> estádio de conservação em altitudes elevadas na região <strong>do</strong> sul da Bahia.<br />
Tabela 4 - Síntese <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das quatro áreas estudadas.<br />
Total Área 1<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
Área 2<br />
Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong><br />
Área 3<br />
Lagoa Encantada<br />
Área 4<br />
Serras de<br />
Inema<br />
Número de espécies 244 175 141 182 90<br />
Espécies exclusivas - 24 13 32 2<br />
Endêmicas 49 31 33 30 12<br />
Ameaçadas* 24 12 11 16 2<br />
Em perigo 4 3 (Gd, Cl) 1 (Gd) 3 (Cb, Gd, Pm) -<br />
Vulneráveis 11<br />
7 (Pc, Pf, Pl, Sw, Tm,<br />
Pn, St)<br />
5 (Pc, Pf,<br />
Mu,Tm,Cm)<br />
Quase-ameaçadas 6 3 (Aa, Mr, Tb) 4 (Aa, Ds, Tb, Ts)<br />
7 (Pc, Pl, Mu, Hp, Af,<br />
Cm, St)<br />
6 (Aa, Ts, Mr, Dp, Tb,<br />
Tv)<br />
-<br />
2 (Aa, Ts)<br />
* Espécies ameaçadas consideran<strong>do</strong>-se tanto a lista nacional quanto a global de espécies ameaçadas. As demais categorias (em perigo,<br />
vulnerável e quase-ameaçada seguem a lista nacional de fauna ameaçada MACHADO et al. 2008).Legenda: espécies em categorias de<br />
ameaça: Cb - Crax blumenbachii, Gd - Glaucis <strong>do</strong>hrnii, Pm - Phaethornis margarettae, Cl - Cichlopsis leucogenys, Pc - Pyrrhura cruentata, Pl<br />
- Pyrrhura leucotis, Pf - Pyrrhura frontalis, Mu - Myrmotherula urosticta, Hp - Herpsilochmus pileatus, Af - Acrobatornis fonsecai, Cm -<br />
Carpornis melanocephala, St - Schiffornis turdina, Sw - Synallaxis whitneyi (cinerea), Tm - Thripophaga macroura, Pn - Procnias nudicollis, Aa<br />
- Aratinga auricapillus, Ts - Touit surdus, Tm - Touit melanonotus, Mr - Machaeropterus regulus, Dp - Dixiphia pipra, Tb - Tangara brasiliensis,<br />
Tv - Tangara velia cyanomelaena, Ds - Dysithamnus stictothorax.<br />
3.3.2.1 Espécies de “montanhas” no sul da Bahia<br />
Dentre estas espécies citadas como limitadas às áreas altas (Nascentes <strong>do</strong><br />
Almada, Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e Serras de Inema) e não ocorrentes nas áreas de baixada<br />
(Área 3 - Lagoa Encantada), Pyrrhura frontalis, Hypoedaleus guttatus, Dysithamnus<br />
stictothorax, Drymophila ferruginea, Synallaxis whitneyi (cinérea), Cichlocolaptes<br />
leucophrus, Lepi<strong>do</strong>colaptes squamatus, Hemitriccus diops, Chiroxiphia caudata,<br />
24
[Digite texto]<br />
Oxyruncus cristatus, Turdus flavipes, Tangara cyanocephala e Saltator fuliginosus são<br />
consideradas espécies de montanhas na região de Boa Nova (Serra da Ouricana -<br />
GONZAGA et al., 1995). São elementos tipicamente atlânticos compartilha<strong>do</strong>s por áreas<br />
altas, tais como Serra das Lontras e Javi (SILVEIRA et al., 2005) e que requerem um<br />
cuida<strong>do</strong> especial em termos conservacionista, uma vez que áreas de proteção integral<br />
destas montanhas sul baianas, ainda são bem menos representadas em termos de<br />
superfície <strong>do</strong> que matas de tabuleiro de baixada. Exceções é o Parque Nacional da Serra<br />
das Lontras e complexo de Reservas Particulares Serra Bonita.<br />
3.3.2.2 Espécies endêmicas e ameaçadas da Mata Atlântica<br />
Utilizou-se o conceito de BENCKE et al. (2006) para a consideração de<br />
endemismo - neste caso são consideradas endêmicas da Mata Atlântica, as espécies com<br />
distribuição restrita aos esta<strong>do</strong>s brasileiros com ocorrência de Mata Atlântica. Segun<strong>do</strong><br />
este critério, 49 táxons foram registra<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>. De 49 espécies endêmicas<br />
registradas, apenas 9 não o foram nas Áreas 1 e 2 (Almadina e arre<strong>do</strong>res). A grande<br />
maioria das espécies está presente nas áreas de altitude. Por outro la<strong>do</strong>, na área de<br />
tabuleiro ao sul <strong>do</strong> PESC, encontra-se uma série de espécies endêmicas (30) e um ligeiro<br />
maior número de espécies ameaçadas e de alta importância conservacionista. Como<br />
exemplo pode-se citar <strong>do</strong>is beija-flores ameaça<strong>do</strong>s, um deles restrito a esta parte<br />
litorânea (Phaethornis margarettae), que tem distribuição bastante restrita e é considerada<br />
uma das espécies de beija-flor mais ameaçadas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (SILVEIRA, 2008).<br />
Uma espécie endêmica encontrada na área e considerada como “espéciebandeira”<br />
é o mutum Crax blumenbachii, que atualmente é registra<strong>do</strong>s em habitats<br />
restritos, com destaque nas matas de baixadas na região entre Una e Ituberá (obs.<br />
pessoal). Esse espécie é uma das prioridades para a conservação no contexto de<br />
grandes aves de potencial cinegético na costa brasileira.<br />
Outro destaque é o macuquinho baiano Scytalopus psychopompus, criticamente<br />
ameaça<strong>do</strong> em nível mundial (BENCKE et al., 2006) também com distribuição restrita ao<br />
litoral da Bahia, entre Una e Valença (GATTO, relatório não publica<strong>do</strong> para a Save Brasil -<br />
Birdlife International). Outra espécie importante é o acrobata Acrobatornis fonsecai,<br />
gênero monotípico e endêmico da região sul da Bahia descrito por Pacheco et al. (1996).<br />
Neste estu<strong>do</strong> ficou restrito à Área 3 - Lagoa Encantada, e sua distribuição compreende as<br />
Áreas 1, 2 e 4 (Nascentes <strong>do</strong> Almada, Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e Serras de Inema), ten<strong>do</strong><br />
como limite norte, as cabrucas de Ibirataia (obs. pessoal). Sua presença deve ser<br />
constatada com uma pequena ampliação <strong>do</strong> esforço de campo na região.<br />
3.3.2.3 Considerações gerais sobre as áreas e respectivas avifaunas<br />
3.3.2.3.1 Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
Foi considerada como a grande revelação em termos de oportunidade para<br />
conservação. Esta afirmação é justificada pela presença, não esperada, de grandes áreas<br />
de floresta em estádios avança<strong>do</strong>s de regeneração, principalmente nas cristas das<br />
grandes formações montanhosas e também em algumas áreas de encosta, como as<br />
matas encontradas no “Vale <strong>do</strong> Manuelzinho” e no “Vale <strong>do</strong> Sete-Paus”, este último<br />
contíguo ao primeiro.<br />
Algumas afirmações verbais coletadas na Área <strong>do</strong>s Sete-Paus, são realmente<br />
interessantes e dizem respeito à presença de aves já extintas em outras áreas na região,<br />
mas ainda presentes nesta área, como a “capoeira” O<strong>do</strong>ntophorus capueira e o “macuco”<br />
25
[Digite texto]<br />
Tinamus solitarius, muito persegui<strong>do</strong>s por caça predatória. Ciclopsis l. leucogenys,<br />
Procnias nudicollis e Synallaxis whitneyi (cinerea), ameaçadas de extinção e também<br />
Notharchus swainsoni, típica de altitude, foram exclusivamente registradas aqui.<br />
3.3.2.3.2 Área 2- Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
Não possui tanta disponibilidade de mata em avança<strong>do</strong> estádio sucessional quanto<br />
a Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada. Boa parte de sua constituição é de mata<br />
secundária em bom estádio de conservação. Alguns elementos montanos típicos, como<br />
Io<strong>do</strong>pleura pipra e Dysithamnus stictothorax (quase-ameaça<strong>do</strong>s globalmente), Saltator<br />
fuliginosus, Oxyruncus cristatus e Hypoedaleus guttatus foram registra<strong>do</strong>s exclusivamente<br />
aqui e outras importantes aves, como Carpornis melanocephala, vulnerável à extinção,<br />
também foram registradas nas partes mais altas da Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>.<br />
3.3.3 Mamíferos<br />
Ao to<strong>do</strong> foram registradas 31 espécies de mamíferos terrestres de médio e grande<br />
porte. Destas, cinco são da Ordem Rodentia, cinco Primates, uma Didelphimorphia, três<br />
Pilosa, três Cingulata, duas Artiodactyla, 11 Carnivora e uma Lagomorpha.<br />
De forma geral, as quatro áreas amostradas apresentaram números semelhantes<br />
de espécies de mamíferos de médio e grande portes. A Área 4 - Serras de Inema<br />
apresentou o maior número, com 30 espécies, seguida da Área 1 - Serras das Nascentes<br />
<strong>do</strong> Almada com 29, e depois das áreas 3 e 4, com 28 espécies cada.<br />
Dentre as espécies registradas, vale destacar a ocorrência de nove espécies<br />
ameaçadas de extinção, incluídas na Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção<br />
(MACHADO et al., 2008), e destas, seis encontram-se ameaçadas globalmente (IUCN,<br />
2010) (Figura 16).<br />
Núm. espécies ameaçadas<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
Area 1 Area 2 Area 3 Area 4<br />
Nacional<br />
Global<br />
Figura 16. Espécies de mamíferos de médio e grande porte ameaçadas de extinção nas áreas amostradas<br />
na BHRA, sul da Bahia.<br />
O ouriço-preto (Chaetomys subspinosus) encontra-se na categoria “Vulnerável”<br />
pela IUCN. Foi encontra<strong>do</strong> em todas as áreas amostradas (Figura 17). Já o mico-leão-dacara-<strong>do</strong>urada<br />
(Leontopithecus chrysomelas) foi registra<strong>do</strong> apenas nas Áreas 1- Serras<br />
das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, e encontra-se na categoria<br />
“Ameaça<strong>do</strong>” pela IUCN (Figura 18).<br />
26
[Digite texto]<br />
Figura 17. O ouriço-preto (Chaetomys subspinosus),<br />
espécie ameaçada de extinção, registra<strong>do</strong> em todas<br />
as áreas amostradas. Foto: Fábio Falcão.<br />
Figura 18. Mico-leão-da-cara-<strong>do</strong>urada<br />
(Leontopithecus chrysomelas), espécie ameaçada de<br />
extinção registrada nas Áreas 1 e 2, da BHRA. Foto:<br />
Carlos Gui<strong>do</strong>rizzi.<br />
Outra espécie que merece atenção é o macaco-prego-<strong>do</strong>-peito-amarelo (Cebus<br />
xanthosternos), outrora considera<strong>do</strong> uma das 25 espécies mais ameaçadas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
enquadrada na categoria “criticamente em perigo” pela IUCN e pela lista nacional. Teve<br />
ocorrência em todas as áreas amostradas. Apesar de sua distribuição ser maior <strong>do</strong> que se<br />
imaginava até alguns anos atrás, as populações remanescentes são extremamente<br />
pequenas e isoladas, além de ainda serem alvo de caça e não existirem fragmentos<br />
grandes o suficiente para suportar uma população viável desta espécie (MITTERMEIER<br />
et al., 2006).<br />
Os felídeos também ameaça<strong>do</strong>s de extinção Leopardus pardalis, L. wiedii e L.<br />
tigrinus foram relata<strong>do</strong>s por entrevista<strong>do</strong>s em todas as áreas. Já a onça-parda Puma<br />
concolor, também ameaçada de extinção, foi citada apenas por entrevista<strong>do</strong>s na Área 4 -<br />
Serras de Inema. Essas espécies, que são topo da cadeia alimentar, merecem especial<br />
atenção, uma vez que possuem uma grande área de vida e, com isso, necessitam de<br />
grandes fragmentos para manterem suas populações em tamanhos viáveis (CURRIER,<br />
1983; MURRAY; GARDNER, 1997; OLIVEIRA, 1998; MICHALSKI et al., 2006).<br />
A preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), espécie considerada “vulnerável” tanto<br />
na lista nacional como na global, foi citada também em todas as áreas. Esta espécie<br />
herbívora foi citada tanto para fragmentos altera<strong>do</strong>s com bem preserva<strong>do</strong>s e parece se<br />
adaptar bem a fragmentos menores. Foi citada como a espécie de mamífero mais<br />
abundante em fragmentos pequenos em um estu<strong>do</strong> no sudeste <strong>do</strong> Brasil (CHIARELLO,<br />
1999).<br />
Ficou evidente durante as pesquisas que existe uma forte pressão de caça sobre<br />
os mamíferos, além <strong>do</strong> desmatamento, em todas as áreas estudadas. Diversos<br />
entrevista<strong>do</strong>s comentavam sobre a presença constante de caça<strong>do</strong>res nas matas, sen<strong>do</strong><br />
que foi possível avistar alguns deles transitan<strong>do</strong> pelas estradas. Alguns tiros também<br />
foram ouvi<strong>do</strong>s, principalmente à noite, durante o acompanhamento das pesquisas de<br />
anfíbios. Estu<strong>do</strong>s apontam o impacto negativo da caça de subsistência sobre a fauna de<br />
vertebra<strong>do</strong>s, especialmente de mamíferos, sen<strong>do</strong> que em muitos casos leva a alterações<br />
na diversidade e na estrutura populacional dessas espécies, poden<strong>do</strong> chegar à extinção<br />
local (ROBINSON et al., 1999; PERES, 2000; PERES, 2001).<br />
27
[Digite texto]<br />
3.3.4 Flora<br />
O levantamento fitossociológico foi realiza<strong>do</strong> em seis parcelas de 0,1 ha. Nessa<br />
amostra de 0,6 ha, engloban<strong>do</strong> as quatro áreas com potencial de criação de Unidade de<br />
Conservação, foram mensura<strong>do</strong>s 1.334 indivíduos, distribuí<strong>do</strong>s em 309 espécies e 57<br />
famílias. O número de espécies entre as parcelas variou de 72 a 120, ambas da Área 4. A<br />
riqueza das áreas apresentou alta variação de 95 a 165 espécies. Já a oscilação<br />
estrutural, relativas a densidade e área basal, foi baixa entre as áreas, com valores<br />
varian<strong>do</strong> de 1940 a 2420 ind.ha -1 e 58 a 68,43 m².ha -1 , respectivamente (Tabela 5). Baixa<br />
variação também foi verificada entre os valores médios de altura e diâmetro (Tabela 6).<br />
Os valores de riqueza, densidade e área basal coincidem com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em<br />
outras áreas de floresta ombrófila atlântica <strong>do</strong> Nordeste e Sudeste (Tabarelli & Mantovani<br />
1999; Moreno et al. 2003; Alves et al. 2010; Kurtz & Araujo 2000; Oliveira, 2002).<br />
As espécies mais importantes, em termos fitossociológicos, no conjunto de<br />
fragmentos florestais estuda<strong>do</strong>s são Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Rusby,<br />
Euterpe edulis Mart., Vochysia riedeliana Stafleu, Guapira opposita (Vell.) Reitz,<br />
Macrolobium latifolium Vogel, Eriotheca macrophylla (K.Schum.) A.Robyns, Sloanea<br />
guianensis (Aubl.) Benth., Tapirira guianensis Aubl., Virola gardineri (A.DC.) Warb.,<br />
Banara brasiliensis (Schott) Benth. Cecropia pachystachya Trécul.<br />
Das espécies citadas ressalta-se a presença de Euterpe edulis (Palmito-Juçara)<br />
que consta na lista oficial de espécies ameaçadas <strong>do</strong> Brasil (MMA 2008), devi<strong>do</strong> sua<br />
importância econômica, além de ser fonte de recurso para a fauna e da população local. A<br />
maioria <strong>do</strong>s indivíduos amostra<strong>do</strong>s desta espécie foram jovens evidencian<strong>do</strong> que a<br />
espécie está se regeneran<strong>do</strong> na região, apesar de ter si<strong>do</strong> registra<strong>do</strong> o corte ilegal de<br />
indivíduos adultos, para a extração <strong>do</strong> palmito. Além dessa foram registradas outras cinco<br />
espécies que estão na lista oficial de espécies ameaçadas <strong>do</strong> Brasil (Couepia bondarii;<br />
Couepia monteclarensis; Hirtella santosii; Myracrodruon urundeuva; Plinia callosa) e<br />
outras duas que apresentam deficiência de informação para indicar seus status. Foram<br />
encontradas quatro espécies consideradas raras no Brasil, conforme Giulietti et al. (2009):<br />
Couepia bondarii, Couepia monteclarensis Prance; Hirtella santosii; Manilkara longifólia.<br />
O registro de duas novas espécies arbóreas, uma pertencente ao gênero<br />
Kuhlmanniodendron da família Salicaceae e a outras da família Rutaceae, denominada<br />
Neoraputia micrantha, evidenciam o potencial das áreas estudadas em abrigar espécies<br />
novas para a ciência e com distribuição geográfica ainda não registrada na região. Foram<br />
também registradas 29 espécies consideradas endêmicas na região sul da Bahia e norte<br />
<strong>do</strong> Espírito Santo (THOMAS et al., 2003). A forte pressão da matriz antrópica onde estão<br />
inseri<strong>do</strong>s os remanescentes estuda<strong>do</strong>s, pode ser nota<strong>do</strong> pela presença de duas espécies<br />
exóticas: Hevea brasiliensis (Will. Ex A. Juss.) (Seringueira) que é nativa da Amazônia e a<br />
Artocarpus heterophyllus Lam (Jaqueira) que é uma espécie frutífera originária da Índia e<br />
bastante utilizada na arborização e paisagismo das cidades brasileiras.<br />
A alta diversidade alfa foi verificada em todas as áreas com valores <strong>do</strong> Índice de<br />
Shannon alternan<strong>do</strong> de 4,2 a 4,7 nats.ind -1 , ou seja, bem próximo <strong>do</strong> valor máximo que<br />
pode atingir (Maguran 1988). A equabilidade, calculada através <strong>do</strong> Índice de Pielou,<br />
variou de 0,90 a 0,94 e indica que a diversidade das quatro áreas é superior a 90% da<br />
máxima possível.<br />
28
[Digite texto]<br />
Tabela 5 - Da<strong>do</strong>s fitossociológicos de cada unidade amostral (UA) e a respectiva área.<br />
Área 1<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
Área 2<br />
Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
Área 3<br />
Lagoa Encantada<br />
UA 01 UA 02 Total UA 03 UA 04 UA 05 Total<br />
Área 4<br />
Serras<br />
de Inema<br />
UA 06<br />
N° indivíduo 198 251 449 194 261 188 449 242 1334<br />
N° espécie 95 101 165 95 120 72 160 98 309<br />
N° família 34 37 45 37 39 36 46 36 57<br />
Dominância (m².ha -1 ) 60,37 63,83 58 68,43 61<br />
Densidade (ind./ha) - - 2245 1940 - - 2245 2420 2223<br />
Shannon (H’) - - 4,7 4,3 - - 4,6 4,2 5,2<br />
Equitabilidade (J) - - 0,92 0,94 - - 0,91 0,90 0,90<br />
Tabela 6 - Da<strong>do</strong>s estruturais (valores médios e desvio padrão) de cada área amostrada no Sul da<br />
Bahia.<br />
Área 1 Área 2 Área 3 Área 4<br />
Diâmetro médio - DAP (cm) 14,1 (±12,4) 14,5 (±14,5) 13,4 (±11,7) 14,2 (±12,1)<br />
Altura média (m) 13 (±6) 13 (±7) 12 (±6) 14 (±8)<br />
3.3.4.1 Comparação <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de flora entre as quatro áreas (A1 - Serra<br />
das Nascentes <strong>do</strong> Rio Almada; A2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>; A3 - Lagoa Encantada;<br />
A4 - Serra de Inema)<br />
A similaridade florística entre as áreas amostradas foi baixa, varian<strong>do</strong> de 33 a 45%<br />
(Tabela 7), assim como verifica<strong>do</strong> em outras comparações florísticas realizadas ente<br />
florestas ombrófilas da Mata Atlântica (Tabarelli & Mantovani 1999; Moreno et al. 2003;<br />
Alves et al. 2010; Kurtz & Araujo 2000; Oliveira, 2002). Esse resulta<strong>do</strong> revela a existência<br />
de elevada diversidade beta entre os ambientes florestais na paisagem da região. Poucas<br />
espécies são comuns entre as florestas estudadas e a maior parte delas são exclusivas<br />
de uma das áreas, apesar de tratar-se de uma mesma fitofisionomia disposta em<br />
fragmentos dentro da matriz antrópica. Dessa forma, expõem-se a necessidade de<br />
conservação de todas as áreas propostas para criação de UC, ten<strong>do</strong> em vista as elevadas<br />
variações florísticas detectadas entre as florestas estudadas.<br />
Tabela 7 - Número total de espécies de cada área amostrada, com a quantidade de espécies<br />
compartilhadas entre elas e seus respectivos valores <strong>do</strong> índice de similaridade de Sorensen entre<br />
parênteses.<br />
N° espécies A1 A2 A3<br />
A1 165 - - -<br />
A2 95 54 (0,42) - -<br />
A3 159 63 (0,39) 42 (0,33) -<br />
A4 98 59 (0,45) 35 (0,36) 47 (0,37)<br />
A1 - Serra das Nascentes <strong>do</strong> Rio Almada (Serra <strong>do</strong>s Sete Paus); A2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>; A3 - Lagoa<br />
Encantada; A4 - Serra de Inema<br />
Geral<br />
29
[Digite texto]<br />
3.3.5 SÍNTESE<br />
Para efeito de comparação, foi utiliza<strong>do</strong> o número de espécies endêmicas da Mata<br />
Atlântica para os grupos <strong>do</strong>s anfíbios e de aves e para a flora. As espécies ameaçadas de<br />
extinção, seja ao nível global ou nacional, foram utilizadas para os grupos de aves,<br />
mamíferos e para a flora.<br />
3.3.5.1 Anfíbios<br />
Para o grupo <strong>do</strong>s anfíbios, a Área 3 - Lagoa Encantada apresentou o maior<br />
número de espécies endêmicas da Mata Atlântica, seguida pela Área 4 - Serras de Inema<br />
e Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> (Figura 19). Na Área 3 - Lagoa Encantada também foram<br />
registra<strong>do</strong>s o maior número de espécies que não foram encontradas nas outras áreas (7<br />
espécies), entre elas espécies endêmicas, <strong>do</strong> sul da Bahia e da Mata Atlântica<br />
(Agalychnis aspera, Aplastodiscus sibilatus, Dendropsophus bipunctatus, Hypsiboas<br />
semilineatus, Phyllomedusa rohdei) que contribuíram para esse resulta<strong>do</strong>. No entanto, é<br />
importante ressaltar que consideran<strong>do</strong> uma avaliação ecológica rápida, todas as áreas<br />
apresentaram uma grande diversidade e endemismo de espécies.<br />
Núm. de espécies endêmicas da MA<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
Area 1 Area 2 Area 3 Area 4<br />
Figura 19. Espécies endêmicas da Mata Atlântica da anurofauna registradas nas áreas amostradas da<br />
BHRA.<br />
3.3.5.2 Aves<br />
O grupo das aves foi o que apresentou maior diferença entre os números de<br />
espécies endêmicas da Mata Atlântica e ameaçadas de extinção, principalmente com<br />
relação à Área 4 - Serras de Inema (Figuras 20 e 21). Como explica<strong>do</strong> anteriormente no<br />
item <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, esse fato pode estar associa<strong>do</strong> às condições externas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de<br />
amostragem, o que resultou em um baixo número de registros em geral, que se reflete na<br />
quantificação das espécies endêmicas e ameaçadas.<br />
Núm. de espécies ameaçadas<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
Area 1 Area 2 Area 3 Area 4<br />
Figura 20. Espécies de aves ameaçadas de extinção registradas nas áreas amostradas da BHRA.<br />
30
[Digite texto]<br />
Núm. de espécies endêmicas da MA<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
Area 1 Area 2 Area 3 Area 4<br />
Figura 21. Espécies de aves endêmicas da Mata Atlântica registradas nas áreas amostradas da BHRA.<br />
3.3.5.3 Mamíferos<br />
A fauna de mamíferos que se encontra ameaçada de extinção foi bem parecida<br />
dentre as quatro áreas amostradas (Figura 22). Apesar de diferenças na composição de<br />
espécies, o número final de espécies ameaçadas foi inferior apenas na Área 3 - Lagoa<br />
Encantada.<br />
Núm. espécies ameaçadas<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
Area 1 Area 2 Area 3 Area 4<br />
Figura 22. Espécies de mamíferos ameaça<strong>do</strong>s de extinção registradas nas áreas amostradas da BHRA.<br />
3.3.5.4 Flora<br />
A Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada foi a que apresentou um maior<br />
número de espécies da flora ameaçadas de extinção, sen<strong>do</strong> que cinco dentre as seis<br />
registradas no estu<strong>do</strong> foram encontradas nessa área, seguida pela Área 4 - Serras de<br />
Inema (Figura 23).<br />
Núm. de espécies ameaçadas<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
Área 1 Área 2 Área 3 Área 4<br />
Figura 23. Espécies da flora ameaçadas de extinção registradas nas áreas amostradas da BHRA.<br />
Com relação às espécies endêmicas da Bahia e Espírito Santo (segun<strong>do</strong><br />
THOMAS et al., 2003), a Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada apresentou o maior<br />
número, sen<strong>do</strong> que 17 das 29 espécies endêmicas registradas ocorreram nesta área,<br />
seguida pela Área 4 - Serras de Inema (Figura 24).<br />
31
[Digite texto]<br />
Núm. de espécies endêmicas<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
Área 1 Área 2 Área 3 Área 4<br />
Figura 24. Espécies da flora endêmicas da Bahia e Espírito Santo registradas nas áreas amostradas da<br />
BHRA.<br />
3.3.6 Serviços ambientais das áreas<br />
Alguns serviços ambientais podem ser identifica<strong>do</strong>s nas quatro áreas selecionadas<br />
para a criação de unidades de conservação de proteção integral na Bacia Hidrográfica <strong>do</strong><br />
Rio Almada (BHRA), consideran<strong>do</strong> que estas possuem coberturas florestais nativas<br />
representativas que funcionam como habitats faunísticos e estão localizadas em uma<br />
região de fornecimento de água para sedes municipais, distritos e comunidades locais.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, realizou-se uma descrição de alguns <strong>do</strong>s serviços ambientais<br />
identifica<strong>do</strong>s pelas quatro áreas selecionadas: dentre eles: a manutenção da<br />
biodiversidade e das populações vegetais e animais, mediante melhoria nas condições <strong>do</strong><br />
habitat; habitat para poliniza<strong>do</strong>res; proteção <strong>do</strong> solo; e influência das áreas selecionadas<br />
na produção atual de água.<br />
3.3.6.1 Manutenção da biodiversidade<br />
Os estu<strong>do</strong>s de fauna e flora confirmaram o status de áreas prioritárias para a<br />
conservação (MMA, 2007) das quatro áreas selecionadas como potenciais para a criação<br />
de unidades de conservação e manutenção da biodiversidade. Os resulta<strong>do</strong>s a seguir se<br />
referem a estes estu<strong>do</strong>s fazen<strong>do</strong> um comparativo entre as quatro áreas.<br />
As quatro áreas investigadas juntas abrigam uma grande diversidade de anfíbios<br />
anuros. Foi registra<strong>do</strong> um total de 58 espécies, distribuídas em 11 famílias. A Área 3 -<br />
Lagoa Encantada, apresentou o maior número de espécies endêmicas da Mata Atlântica,<br />
seguida pela Área 4 - Serras de Inema e Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>. Na Área 3 - Lagoa<br />
Encantada também foram registra<strong>do</strong>s o maior número de espécies que não foram<br />
encontradas nas outras áreas (7 espécies), entre elas espécies endêmicas, <strong>do</strong> sul da<br />
Bahia e da Mata Atlântica.<br />
Para o grupo das aves se considerarem as quatro áreas amostradas, foram<br />
registradas 244 espécies. Foi o grupo que apresentou maior diferença entre os números<br />
de espécies endêmicas da Mata Atlântica e ameaçadas de extinção, principalmente com<br />
relação à Área 4 - Serras de Inema. Esse fato pode estar associa<strong>do</strong> às condições<br />
externas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de amostragem, o que resultou em um baixo número de registros em<br />
geral, que se reflete na quantificação das espécies endêmicas e ameaçadas.<br />
Com relação aos mamíferos foram registradas 31 espécies terrestres de médio e<br />
grande porte e de maneira geral as quatro áreas amostradas apresentaram números<br />
semelhantes de espécies de mamíferos de médio e grande portes. A Área 4 - Serras de<br />
Inema apresentou o maior número, com 30 espécies, seguida da Área 1 - Serras das<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada com 29, e depois das áreas 3 e 4, com 28 espécies cada. Dentre<br />
32
[Digite texto]<br />
as espécies registradas, vale destacar a ocorrência de nove espécies ameaçadas de<br />
extinção, incluídas na Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção, e destas, seis<br />
encontram-se ameaçadas globalmente.<br />
Nos estu<strong>do</strong>s florísticos foram mensura<strong>do</strong>s 1.334 indivíduos, distribuí<strong>do</strong>s em 309<br />
espécies e 57 famílias engloban<strong>do</strong> as quatro áreas. A Área 1 teve o total de 449<br />
indivíduos em 0,2 ha, e foram registradas 165 espécies e 46 famílias. Esta se destacou<br />
com relação às outras áreas onde apresentou o maior número de espécies raras e<br />
ameaçadas de extinção com cinco registros. Além disso, a sua proteção garante a<br />
conservação de grande parte da diversidade arbóreo-arbustiva das outras três áreas<br />
estudadas, já que a mesma apresentou a maior similaridade florística (representan<strong>do</strong> de<br />
39 a 45% das espécies das outras áreas).<br />
3.3.6.2 Abrigo para poliniza<strong>do</strong>res<br />
Muitas iniciativas estão sen<strong>do</strong> desenvolvidas sobre biodiversidade agrícola<br />
visan<strong>do</strong> promover a ação mundial coordenada para monitorar o declínio de poliniza<strong>do</strong>res,<br />
sua causa e seu impacto sobre os serviços de polinização; avaliar o valor econômico da<br />
polinização e o impacto econômico <strong>do</strong> declínio <strong>do</strong>s serviços de polinização; e promover a<br />
conservação, a restauração e o uso sustentável da diversidade de poliniza<strong>do</strong>res na<br />
agricultura e ecossistemas relaciona<strong>do</strong>s (MMA, 2007).<br />
Dentro deste contexto, é necessário promover a conservação e a diversidade de<br />
poliniza<strong>do</strong>res nativos, além de conservar e restaurar as áreas naturais necessárias para<br />
aperfeiçoar os serviços <strong>do</strong>s poliniza<strong>do</strong>res em ecossistemas agrícolas e em outros<br />
ecossistemas terrestres. A Ceplac desenvolve pesquisas com Meliponas (abelhas<br />
nativas) da Mata Atlântica que demonstram um valor agrega<strong>do</strong> ao mel cinco vezes<br />
superior ao das abelhas com ferrão. A criação de unidades de conservação nas quatro<br />
áreas selecionadas podem favorecer iniciativas para o desenvolvimento da<br />
Meliponicultura nas propriedades de entorno, consideran<strong>do</strong> a o percentual de cobertura<br />
florestal na nativa. A maior de todas as áreas, a Área 1- Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
tem cobertura de 48,00%, ou 4.626 hectares. Quan<strong>do</strong> somadas as formações florestais<br />
nativas com as áreas de vegetação secundária, chega-se a 52% de cobertura florestal.<br />
Para o cacau, a principal cultura agrícola encontrada no entorno das quatro áreas<br />
selecionadas, abre-se espaço para reflexões. Embora sejam incipientes as pesquisas<br />
sobre a importância das áreas de florestas como abrigo para poliniza<strong>do</strong>res de cacaueiros,<br />
as especificidades desta cultura nos remete a algumas indagações.<br />
As flores <strong>do</strong> cacaueiro apresentam caracteres estruturais que limitam sua<br />
polinização quase que exclusivamente a insetos, apesar de hermafroditas e homógamas<br />
(flores que amadurecerem ao mesmo tempo, o que possibilita a autofecundação). Os<br />
principais agentes poliniza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> cacaueiro são constituí<strong>do</strong>s por um pequeno grupo de<br />
insetos, da família Ceratopogonidae, gênero Forcipomya. A sincronização entre os<br />
perío<strong>do</strong>s de floração intensa e o perío<strong>do</strong> de maior população de adultos<br />
Forcipomya é que permitirá o maior ou menor sucesso no processo reprodutivo <strong>do</strong><br />
cacaueiro. Um <strong>do</strong>s locais onde estes insetos se reproduzem são as bromeliáceas,<br />
muito encontra<strong>do</strong> em florestas nativas, portanto a criação de unidades de<br />
conservação podem favorecer a polinização <strong>do</strong>s cacaueiros.<br />
33
[Digite texto]<br />
3.3.6.3 Proteção <strong>do</strong> solo<br />
Um aspecto importante observa<strong>do</strong> na Área 1- Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
são os atuais usos da terra que protegem o solo contra a erosão. Cerca de 70% desta<br />
área foi classificada como um índice Médio de fragilidade ambiental. O atributo<br />
determinante para classificação da fragilidade ambiental nesta área foram os usos da<br />
terra Lavoura Permanente de Cacau e Vegetação de Floresta em suas diferentes classes<br />
de regeneração, promoven<strong>do</strong> a proteção principalmente <strong>do</strong>s Argissolos e Chernossolos.<br />
Mesmo com uma cobertura vegetal protetora, o índice de fragilidade ambiental foi<br />
classifica<strong>do</strong> como Médio da<strong>do</strong> às características <strong>do</strong> relevo movimenta<strong>do</strong> da região.<br />
No que se refere à proteção <strong>do</strong> solo na Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, os índices<br />
de fragilidade ambiental se assemelham a Área 1 - Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada.<br />
Cerca de 70,8% da área possui um índice de fragilidade ambiental médio e pre<strong>do</strong>minam<br />
Argissolos cobertos pelos usos da terra Floresta em diferentes estádios de regeneração e<br />
Lavouras Permanentes de Cacau, que promovem uma eficiente cobertura <strong>do</strong> solo.<br />
Entretanto fica o alerta para restrições em possíveis alterações no uso da terra destas<br />
áreas.<br />
Diferente das demais áreas, a Área 3 <strong>–</strong> Lagoa Encantada possui um relevo suave<br />
ondula<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> ao pre<strong>do</strong>mínio da vegetação natural Floresta e Latossolos, o que<br />
possibilita uma menor propensão a erosão e solos mais protegi<strong>do</strong>s. O Índice de<br />
Fragilidade Ambiental é classifica<strong>do</strong> como Baixo, corresponden<strong>do</strong> a 77,5% da área, ou<br />
6.049,53 ha.<br />
Da mesma forma que as Áreas 1 e 2, pre<strong>do</strong>minou na Área 4, o Índice de<br />
Fragilidade Ambiental médio, representan<strong>do</strong> 69,34% da área. A lavoura <strong>do</strong> cacau que<br />
circunda as serras e Florestas em diferentes estádios de desenvolvimento (topo das<br />
serra) promove a proteção <strong>do</strong> solo. Entretanto, por se tratar de uma área com relevo<br />
movimenta<strong>do</strong> e pre<strong>do</strong>mínio de Argissolos, a cobertura <strong>do</strong> solo não possibilitou índices<br />
mais baixos de fragilidade ambiental.<br />
3.3.6.4 Influência na produção de água<br />
Quanto à captação de água na BHRA, existem muitos pontos de captação de água<br />
em propriedades rurais, comunidades, distritos e nas sedes municipais. Na Figura 25 são<br />
apresenta<strong>do</strong>s os principais pontos de captação de água e estações de tratamento de<br />
água, forneci<strong>do</strong>s pela Embasa.<br />
O relevo movimenta<strong>do</strong> da Área 1- Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada exige atenção<br />
para a sua conservação no que se refere aos recursos hídricos. Trata-se de uma área rica<br />
em nascentes que interfere nas três principais bacias regionais: Almada, Cachoeira e<br />
Gongogi. Parte da Área 1 engloba a região das nascentes <strong>do</strong> Rio Almada e também<br />
engloba afluentes <strong>do</strong> Rio Salga<strong>do</strong>, que faz parte <strong>do</strong> complexo das bacias hidrográficas<br />
<strong>do</strong>s rios Cachoeira e Gongogi na região de Itamutinga, ao norte da cidade de Almadina. A<br />
Área 1 contribui diretamente para a captação de água nos municípios de Almadina e<br />
Coaraci.<br />
A Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> esta área está totalmente localizada dentro <strong>do</strong>s<br />
limites da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada também e se destaca por apresentar<br />
afloramento rochoso. Trata-se de uma importante área de nascentes <strong>do</strong>s afluentes <strong>do</strong> Rio<br />
Almada no terço superior de sua bacia e alimenta a captação de água <strong>do</strong> município de<br />
Coaraci.<br />
34
[Digite texto]<br />
Figura 25. Estações de tratamento de água e principais pontos de captação de água pela Embasa na região<br />
da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada.<br />
3.3.6.5 Sequestro de carbono<br />
O conceito de sequestro de carbono foi consagra<strong>do</strong> pela Conferência de Kyoto,<br />
em 1997, a fim de conter e reverter o acúmulo de CO2 na atmosfera, visan<strong>do</strong> à<br />
diminuição <strong>do</strong> efeito estufa. A conservação de estoques de carbono nos solos, a<br />
preservação de florestas nativas, a implantação de florestas e sistemas agroflorestais e a<br />
recuperação de áreas degradadas são algumas ações que contribuem para a redução da<br />
concentração <strong>do</strong> CO2 na atmosfera.<br />
Dentre as medidas propostas acima para o sequestro e manutenção <strong>do</strong>s estoques<br />
de carbono, o solo tem papel fundamental, pois, ele é a maior reserva de carbono em<br />
sistemas terrestres, conten<strong>do</strong> aproximadamente 2.500 Pentagramas (Pg ou bilhões de<br />
toneladas), menor apenas <strong>do</strong> que os oceanos. Isto pode ser observa<strong>do</strong> nos da<strong>do</strong>s<br />
apresenta<strong>do</strong>s pela EMBRAPA sobre os estoques de carbono em diferentes<br />
compartimentos <strong>do</strong> planeta. Segun<strong>do</strong> essa instituição o estoque de carbono está<br />
distribuí<strong>do</strong> da seguinte forma: atmosfera 760 Pg; vegetação 620 Pg; solos 2.500 Pg e<br />
oceanos 38.000 Pg (EMPRAPA, 2004).<br />
Além disso, de acor<strong>do</strong> com MARKEWICH and BUELL (2007), o solo é o<br />
reservatório terrestre mais estável para estoque de carbono, através <strong>do</strong> qual <strong>do</strong> homem<br />
pode interferir diretamente, diminuin<strong>do</strong> as concentrações <strong>do</strong>s gases de efeito estufa e<br />
mitigan<strong>do</strong> os impactos correlaciona<strong>do</strong>s ao aquecimento global.<br />
35
[Digite texto]<br />
Trabalhos com o de MARKEWICH and BUELL (2007), que elaboraram mapas nas<br />
escalas nacionais, regionais e locais <strong>do</strong>s estoques de carbono nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s; de<br />
BERNOUX et al. (2002) que estimaram e espacializaram o estoque de carbono da<br />
interação solo-vegetação no Brasil, tem contribuí<strong>do</strong> para o conhecimento científico e de<br />
base para novas pesquisas sobre o carbono <strong>do</strong> solo.<br />
Dentre os ambientes brasileiros com solos ricos em estoque de carbono, está a<br />
Região Cacaueira da Bahia conserva<strong>do</strong>ra da parcela mais significativa <strong>do</strong> bioma Mata<br />
Atlântica brasileira, apresentan<strong>do</strong> uma grande riqueza de espécies da fauna e flora, e<br />
considerada por diversos estudiosos como um <strong>do</strong>s principais centros de endemismo da<br />
Mata Atlântica. Somada a essa importância ecológica, a diversidade de classes de solos<br />
ai encontradas onde há um pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> cultivo <strong>do</strong> cacau, cultura conserva<strong>do</strong>ra e<br />
acumula<strong>do</strong>ra de carbono no solo reforça a importância da Região Cacaueira no sequestro<br />
de carbono. Trabalho realiza<strong>do</strong> por COTTA et al. (2010), relata que um consórcio<br />
seringueira-cacau apresentou capacidade para estocagem de carbono, poden<strong>do</strong> trazer<br />
grandes contribuições para a redução <strong>do</strong>s gases de efeito estufa na atmosfera, e isso o<br />
credencia como atividade promissora na geração de projetos candidatos ao recebimento<br />
de créditos de carbono.<br />
3.4 Caracterização da estrutura fundiária<br />
3.4.1 Caracterização da estrutura fundiária da Área 1 - Serras das Nascentes<br />
<strong>do</strong> Almada<br />
Na Área 1, foram identifica<strong>do</strong>s 227 imóveis <strong>do</strong>s quais, 208 cobrem o tamanho da<br />
área. Estima-se que 5% <strong>do</strong>s imóveis não foram identifica<strong>do</strong>s em razão da ausência de<br />
mora<strong>do</strong>res e o desconhecimento por parte <strong>do</strong>s vizinhos, ou por não localizar os<br />
proprietários ou administra<strong>do</strong>res. A Figura 26 demonstra que em Floresta Azul concentrase<br />
o maior número de imóveis (39,42%), entretanto, é em Almadina que há a maior<br />
quantidade de hectares (47,32%).<br />
Figura 26. Distribuição <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 1 (%).<br />
A Figura 27 mostra que a Área 1- Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada caracteriza-se<br />
por possuir imóveis com tamanho entre 20 e 80 ha, apresentan<strong>do</strong> 39,42% <strong>do</strong> total.<br />
36
[Digite texto]<br />
A estratificação <strong>do</strong>s imóveis rurais em minifúndio, pequena, média e grande<br />
propriedades baseia-se nas definições usadas pelo Instituto Nacional de Colonização e<br />
Reforma Agrária (Incra), que estabelece como referência o módulo fiscal. O módulo fiscal<br />
consiste numa unidade de medida, expressa em hectare, fixada para cada município<br />
(Incra, 2002). O minifúndio possui um tamanho de até um módulo fiscal, a pequena<br />
propriedade compreende o tamanho de 1 a 4 módulos fiscais, a média propriedade tem<br />
tamanho de 4 e 15 módulos, e a grande propriedade uma área superior a 15 módulos<br />
fiscais. Nos municípios de abrangência deste estu<strong>do</strong> o módulo fiscal corresponde a 20 ha.<br />
Figura 27. Estratificação <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 1 (%).<br />
Figura 28. Tamanhos mínimo, médio e máximo <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 1 (ha).<br />
Observa-se na Figura 28 que os tamanhos <strong>do</strong>s imóveis identifica<strong>do</strong>s na Área 1,<br />
variam de 1,5 (mínimo) a 560 ha (máximo). Nota-se que o tamanho mínimo identifica<strong>do</strong><br />
nos imóveis rurais, equivale a 7,5% <strong>do</strong> tamanho <strong>do</strong> módulo fiscal da região. Por outro<br />
la<strong>do</strong>, o tamanho máximo encontra<strong>do</strong>, equivale a 28 módulos fiscais.<br />
37
[Digite texto]<br />
Observa-se na Tabela 8 o levantamento cartorário demonstra que das 208<br />
propriedades existentes na Área 1, apenas 48,5%, ou seja, 101 propriedades possuem<br />
registro cartorário nos referi<strong>do</strong>s cartórios pesquisa<strong>do</strong>s. Das 101 propriedades registradas,<br />
76,2% possuem título de posse de propriedade, 14,8% demonstraram ter apenas a<br />
escritura, sem título de posse cedi<strong>do</strong> pelo Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e 4,95% das propriedades<br />
demonstraram possuir título de posse de apenas uma parcela da propriedade<br />
Tabela 8 <strong>–</strong> Relação entre as informações sobre terras tituladas levantadas em campo e o<br />
levantamento cartorial realiza<strong>do</strong> nas Comarcas de Ibicaraí e de Coaraci, janeiro a maio de 2011 -<br />
Área 1.<br />
Área 1 Levantamento<br />
em campo<br />
%(levantamento em<br />
campo)<br />
Levantamento em<br />
cartório<br />
%(levantamento em<br />
cartório)<br />
Terras tituladas 192 92,31 77 76,24<br />
Terras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> 1 0,48 15 14,85<br />
Terras tituladas e<br />
terras <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
- - 5 4,95<br />
NI 15 7,21 4 3,96<br />
TOTAL 208 100 101 100<br />
A Figura 29 exibe duas informações levantadas na pesquisa: dependência<br />
econômica exclusiva e intenção de venda <strong>do</strong> imóvel. Os da<strong>do</strong>s mostraram que 80,18%<br />
<strong>do</strong>s proprietários não obtêm seus rendimentos exclusivamente das receitas geradas em<br />
seus imóveis, contra 19,82% que afirmaram ter a dependência econômica integral das<br />
receitas geradas em seus imóveis. Quanto à intenção de venda de seus imóveis, 73,13%<br />
<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s manifestaram uma resposta negativa, contra 26,87% que aventaram a<br />
intenção de venda.<br />
Figura 29. Dependência econômica e intenção de venda <strong>do</strong>s imóveis verifica<strong>do</strong>s na Área 1, entre dezembro<br />
de 2010 e janeiro de 2011.<br />
3.4.2 Caracterização da estrutura fundiária da Área 2 - Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
Dos 106 imóveis visita<strong>do</strong>s na Área 2, seis não apresentaram informações sobre<br />
tamanho da área. Para os 100 imóveis foram identifica<strong>do</strong>s 4.922,48 ha geran<strong>do</strong> um<br />
38
[Digite texto]<br />
tamanho médio de 49,22 ha, caracterizan<strong>do</strong> a área como pre<strong>do</strong>minantemente composta<br />
por pequenas propriedades. Na Figura 30, verifica-se que a maior área em hectares e<br />
quantidade de imóveis localizam-se no município de Coaraci.<br />
Figura 30. Distribuição <strong>do</strong>s imóveis levanta<strong>do</strong>s por município na Área 2 (%).<br />
Consideran<strong>do</strong> a quantidade de imóveis, pode-se afirmar que a Área 2 caracterizase<br />
por ter a pequena propriedade (44%) como a principal estratificação (Figura 31).<br />
Analisan<strong>do</strong> a estratificação por município de acor<strong>do</strong> com a quantidade de hectares,<br />
observa-se que, no município de Almadina, pre<strong>do</strong>mina o minifúndio, a pequena<br />
propriedade e a média propriedade. Em Coaraci pre<strong>do</strong>mina a grande propriedade<br />
representada por <strong>do</strong>is imóveis.<br />
Figura 31. Estratificação <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 2 (%).<br />
A Figura 32 mostra os tamanhos mínimos, médios e máximos <strong>do</strong>s imóveis<br />
identifica<strong>do</strong>s na Área 2. Observa-se que o tamanho <strong>do</strong>s imóveis variam de 3 (mínimo) a<br />
400 ha (máximo), o que leva a afirmativa de que o tamanho mínimo identifica<strong>do</strong> nos<br />
39
[Digite texto]<br />
imóveis rurais, equivale a 15% <strong>do</strong> tamanho de um módulo fiscal da região e o tamanho<br />
máximo encontra<strong>do</strong>, equivale a 20 módulos fiscais.<br />
Figura 32. Tamanhos mínimo, médio e máximo <strong>do</strong>s imóveis rurais na Área 2 (ha).<br />
O levantamento cartorário demonstrou que das 106 propriedades existentes na<br />
Área 2, 47,2% ou seja, 50 propriedades possuem registro cartorário no referi<strong>do</strong> cartório<br />
pesquisa<strong>do</strong>. Das 50 propriedades registradas, 80% possuem título de posse de<br />
propriedade, 8% demonstraram ter apenas a escritura, sem título de posse cedi<strong>do</strong> pelo<br />
Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e 2% das propriedades demonstraram possuir título de posse de<br />
apenas uma parcela da propriedade (Tabela 9).<br />
Tabela 9 <strong>–</strong> Relação entre as informações sobre terras tituladas levantadas em campo e o<br />
levantamento cartorial realiza<strong>do</strong> na Comarca de Coaraci, janeiro a maio de 2011 -<br />
Área 2 .<br />
Área 2 Levantamento<br />
%(levantamento em Levantamento em %(levantamento em<br />
em campo<br />
campo)<br />
cartório<br />
cartório)<br />
Terras tituladas 90 84,91 40 80<br />
Terras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> 10 9,43 4 8<br />
Terras tituladas e<br />
terras <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
- - 2 4<br />
NI 6 5,66 4 8<br />
TOTAL 106 100 50 100<br />
Os resulta<strong>do</strong>s da Área 2 demonstram uma similaridade com a realidade da<br />
estrutura fundiária <strong>do</strong> sul da Bahia, que apresenta uma maior concentração de imóveis<br />
inferiores a quatro módulos fiscais. Situação diferente para as médias e grandes<br />
propriedades. (Figura 33).<br />
40
[Digite texto]<br />
Figura 33. Dependência econômica e intenção de venda <strong>do</strong>s imóveis verifica<strong>do</strong>s na Área 2.<br />
3.5 Caracterização socioeconômica da região sul da Bahia<br />
As quatro áreas selecionadas estão localizadas em cinco municípios da região Sul<br />
da Bahia: Almadina, Coaraci, Floresta Azul, Ibicaraí e Ilhéus. Sen<strong>do</strong> que destes, Floresta<br />
Azul pertence a Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Cachoeira (BHRC) e os demais à Bacia<br />
Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada (BHRA). De acor<strong>do</strong> com o levantamento <strong>do</strong> meio físico, existe<br />
uma pequena porção da Área 1 que contribui com a Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Gongogi<br />
(BHRG). Os municípios a serem analisa<strong>do</strong>s têm as seguintes características:<br />
• Almadina é um município composto de serras típicas da Mata Atlântica e tem<br />
sua economia baseada na produção de pequenos agricultores e um comércio<br />
mediano, contan<strong>do</strong> também com as movimentações financeiras através <strong>do</strong>s<br />
aposenta<strong>do</strong>s e funcionários <strong>do</strong> município. De acor<strong>do</strong> com o IBGE (2010), sua<br />
população atual é de 6.360 habitantes, equivalente a 0,05% da população da<br />
Bahia.<br />
• Coaraci é um município vizinho de Almadina, tem sua economia centrada na<br />
agricultura e no comércio local, contan<strong>do</strong> também com as movimentações<br />
financeiras através <strong>do</strong>s aposenta<strong>do</strong>s e funcionários <strong>do</strong> município. Sua<br />
população atual é de 20.964 habitantes (IBGE, 2010), equivalente a 0,15% da<br />
população da Bahia.<br />
• Floresta Azul, município vizinho de Almadina tem sua economia baseada no<br />
setor agropecuário e movimentações financeiras através <strong>do</strong>s aposenta<strong>do</strong>s e<br />
funcionários <strong>do</strong> município. Sua população é de 10.660 habitantes (IBGE, 2010),<br />
equivalente a 0,08% da população da Bahia.<br />
• Ibicaraí, município vizinho de Floresta Azul, Almadina e Coaraci, tem sua<br />
economia semelhante aos municípios anteriores, ten<strong>do</strong> maior destaque o setor<br />
de serviços. Sua população é de 24.421 habitantes (IBGE, 2010), equivalente a<br />
0,17% da população da Bahia.<br />
41
[Digite texto]<br />
3.5.1 Análise das atividades econômicas e indica<strong>do</strong>res de renda, educação,<br />
saneamento, saúde, habitação e trabalho<br />
3.5.1.1. Produto Interno Bruto <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s<br />
Dentre os quatro municípios abrangi<strong>do</strong>s pelas áreas selecionadas (Área 1 <strong>–</strong><br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada e Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>), observa-se na Tabela 10 que<br />
to<strong>do</strong>s têm o PIB inferior a 90 milhões de reais. Verifica-se também que os municípios<br />
tiveram variação positiva <strong>do</strong> PIB nos anos de 2006 a 2008, ten<strong>do</strong> 2005, como ano-base<br />
da variação.<br />
Tabela 10 - PIB a preços correntes [3] <strong>do</strong>s municípios da área de estu<strong>do</strong> (mil reais).<br />
Municípios<br />
2005<br />
R$ (mil) %<br />
2006<br />
R$ (mil) %*<br />
2007<br />
2007 %*<br />
2008<br />
R$ (mil) %*<br />
Almadina 16.700 100 19.115 14 21.214 27 23.178 39<br />
Coaraci 71.848 100 67.346 -6 71.217 -1 76.945 7<br />
Floresta Azul 25.961 100 31.289 21 33.838 30 35.509 37<br />
Ibicaraí 65.865 100 73.726 12 78.908 20 81.876 24<br />
Fonte: IBGE, (2010). *Variação com relação ao ano de 2005.<br />
Aprofundan<strong>do</strong> a análise da Tabela 10 associa<strong>do</strong>s a outros da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s na<br />
pesquisa, nota-se que apesar <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s possuírem aspectos agrícolas, a<br />
renda gerada por este setor é inferior ao setor de serviços em to<strong>do</strong>s os municípios.<br />
Analisan<strong>do</strong> os municípios de Almadina, Coaraci, Floresta Azul e Ibicaraí, percebe-se que<br />
a renda média gerada no setor agropecuário no perío<strong>do</strong> 2006/2008, gira em torno de 6,5<br />
milhões de reais, enquanto a média <strong>do</strong> setor de serviços foi de 37,36 milhões. No<br />
município de Ilhéus, a renda média <strong>do</strong> setor agropecuário foi de 48,65 milhões<br />
Dentro <strong>do</strong> contexto agropecuário, ao analisar comparar a renda oriunda <strong>do</strong> cacau<br />
e o PIB de cada município no ano de 2008, verifica-se que nos municípios de Almadina e<br />
Floresta Azul, o cacau tem maior participação no PIB local.<br />
Apesar <strong>do</strong> cacau apresentar uma baixa participação nos PIB municipais, persiste<br />
ainda a expectativa de um retorno triunfante <strong>do</strong> produto. É notório que para os pequenos<br />
municípios como é o caso de Almadina, Coaraci, Floresta Azul e Ibicaraí, a economia<br />
baseada na produção <strong>do</strong> cacau é a que se apresentou como mais dinâmica para a região<br />
sul da Bahia.<br />
3.5.1.2 Índices de desenvolvimento econômico, social, humano (IDE, IDS e<br />
IDH) e índice de Gini <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s<br />
Consideran<strong>do</strong> informações levantadas na SEI (2010), observa-se que na<br />
pontuação e o ranking <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s Ilhéus apresentou o melhor IDE - Índice<br />
de Desenvolvimento Econômico (18º dentre os 417 municípios baianos em 2006) e IDS<br />
(23º dentre os 417 municípios baianos em 2006). Por outro la<strong>do</strong>, Almadina apresentava<br />
os piores indica<strong>do</strong>res no ano de 2006.<br />
Foi verifica<strong>do</strong> também o IDH <strong>–</strong> Índice de Desenvolvimento Humano <strong>do</strong>s municípios<br />
analisa<strong>do</strong>s. No caso <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s, verifica-se na Figura 34 que o IDH no ano<br />
de 2000 situou-se na faixa de IDH alto, não destoan<strong>do</strong> muito entre si e perante o Esta<strong>do</strong><br />
[3] PIB calcula<strong>do</strong> no ano em que o produto foi produzi<strong>do</strong> e comercializa<strong>do</strong> sem eliminação <strong>do</strong> efeito da inflação.<br />
42
[Digite texto]<br />
no perío<strong>do</strong> de 1991 e 2000. O município de Ilhéus apresenta IDH superior enquanto que<br />
Almadina apresenta IDH inferior aos demais municípios nos perío<strong>do</strong>s analisa<strong>do</strong>s.<br />
Figura 34. IDH <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s nos anos de 1991 e 2000.<br />
Foi feita também a análise <strong>do</strong> Índice de Gini o qual mensura o grau de<br />
concentração ou desigualdade. Numericamente, varia de "0 a 1", onde o zero<br />
corresponde a completa igualdade de renda e 1 corresponde à completa desigualdade,<br />
isto é, uma só pessoa detém toda riqueza. Nesse senti<strong>do</strong>, observa-se na Figura 35, que<br />
quatro <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s estão mais próximos de zero, enquanto Ilhéus<br />
apresenta um índice situa<strong>do</strong> exatamente na metade (0,5). No to<strong>do</strong>, pode-se afirmar que<br />
os municípios não apresentam grande concentração de renda.<br />
Figura 35. Índice de Gini <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s no ano de 2000.<br />
3.5.1.3 Indica<strong>do</strong>res de trabalho e renda <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s<br />
Os estabelecimentos com empregos formais nos cinco municípios abrangi<strong>do</strong>s<br />
pelos estu<strong>do</strong>s têm o setor comercial como o mais relevante, apresentan<strong>do</strong> 1.449<br />
estabelecimentos, segui<strong>do</strong>s pelo setor de serviços com 1.082, sen<strong>do</strong> a maior quantidade<br />
43
[Digite texto]<br />
desses estabelecimentos situa<strong>do</strong>s no município de Ilhéus. Os números de<br />
estabelecimentos refletem no rendimento médio <strong>do</strong> emprego formal.<br />
Um fato que merece destaque na relação trabalhista observada a partir <strong>do</strong>s<br />
levantamentos de campo nas áreas estudadas é a utilização <strong>do</strong> meeiro, um tipo de<br />
parceiro que paga a sua estadia nas terras com metade <strong>do</strong> que produz. Trata-se de uma<br />
estratégia a<strong>do</strong>tada pelos proprietários para não deixar o imóvel totalmente aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>.<br />
Na maioria das entrevistas essa era a relação trabalhista pre<strong>do</strong>minante. De acor<strong>do</strong> com a<br />
Tabela 11, em torno de 51% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res em todas as áreas analisadas são<br />
meeiros, segui<strong>do</strong>s pelo número de trabalha<strong>do</strong>res com carteira assinada (24,90%) e<br />
empreiteiros (24,12%). Verifica-se também, que a Área 1- Nascentes <strong>do</strong> Almada detém<br />
49,61% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res identifica<strong>do</strong>s em todas as áreas analisadas e a Área 2 <strong>–</strong> Serra<br />
<strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> 33,85%.<br />
Tabela 11 - Trabalha<strong>do</strong>res nas áreas analisadas.<br />
Áreas<br />
Carteira assinada Empreiteiros Meeiros Total<br />
Qtde % Qtde % Qtde % Qtde %<br />
Área 1 <strong>–</strong> Nascentes <strong>do</strong> Almada 73 57,03 28 22,58 154 58,78 255 49,61<br />
Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> 37 28,91 83 66,94 54 20,61 174 33,85<br />
Área 3 <strong>–</strong> Lagoa Encantada 13 10,16 1 0,81 20 7,63 34 6,61<br />
Área 4 <strong>–</strong>Serras de Inema 5 3,91 12 9,68 34 12,98 51 9,92<br />
TOTAL 128 100 124 100 262 100 514 100<br />
% 24,90 24,12 50,97 100<br />
Fonte: Levantamento de da<strong>do</strong>s<br />
3.5.1.4 Indica<strong>do</strong>res de educação <strong>do</strong>s municípios analisa<strong>do</strong>s<br />
Analisan<strong>do</strong> o nível de educação <strong>do</strong>s cinco municípios, apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 12.<br />
Percebe-se que o município de Coaraci, embora tenha apresenta<strong>do</strong> grande redução no<br />
número de habitantes da zona rural, apresenta a maior quantidade de estabelecimentos<br />
de educação na zona rural.<br />
Tabela 12 - Número de estabelecimentos de ensino no ano de 2009.<br />
Municípios<br />
Rural Urbana<br />
Estadual Municipal Privada Estadual Municipal Privada<br />
Almadina - 8 - 2 7 2<br />
Coaraci - 46 - 4 28 10<br />
Floresta Azul - 24 - 2 17 4<br />
Ibicaraí 2 14 - 8 41 11<br />
Ilhéus 7 40 - 44 62 63<br />
Fonte: Da<strong>do</strong>s elabora<strong>do</strong>s a partir da SEI (2010).<br />
No levantamento de campo foram poucos os estabelecimentos de ensino<br />
identifica<strong>do</strong>s. A maioria não estava em funcionamento em virtude de menor número de<br />
habitantes e também em função da ação municipal que se incumbe de transportar<br />
diariamente os estudantes da zona rural para a urbana.<br />
3.5.1.5 Indica<strong>do</strong>res de saúde nos municípios analisa<strong>do</strong>s<br />
Analisan<strong>do</strong> os aspectos de saúde, verificou-se, que a maioria <strong>do</strong>s cinco municípios<br />
dispõe de leitos hospitalares. A única exceção é o município de Almadina. Verifica-se<br />
também, que o município de Ilhéus dispõe de 2,8 leitos para cada 1.000 habitantes,<br />
44
[Digite texto]<br />
enquanto que Ibicarai dispõe de 1,3 leitos. Porem, não foi encontra<strong>do</strong> nenhum posto de<br />
saúde na zona rural <strong>do</strong>s municípios.<br />
Com relação aos servi<strong>do</strong>res disponíveis na área de saúde, verificou-se com o<br />
levantamento de da<strong>do</strong>s, que os municípios de Coaraci e Ilhéus são os únicos entre os<br />
analisa<strong>do</strong>s que dispõem de atendentes nas zonas rurais, consideran<strong>do</strong> a esfera estadual.<br />
Também se verificou que Almadina e Floresta Azul não dispõem de servi<strong>do</strong>res estaduais<br />
de saúde, caben<strong>do</strong> aos municípios tal responsabilidade.<br />
No que se refere as <strong>do</strong>enças, a de maior destaque no ano de 2009 nos municípios<br />
analisa<strong>do</strong>s foi a dengue, <strong>do</strong>ença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti (Tabela 13).<br />
Tabela 13 - Casos de algumas <strong>do</strong>enças notifica<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> município, 2009.<br />
Doenças Almadina Coaraci Floresta Azul Ibicaraí Ilhéus<br />
Aids - - - - 15<br />
Dengue 28 762 810 906 4.331<br />
Esquistossomose 2 33 33 5 -<br />
Hanseníase - 1 - 4 25<br />
Hepatite Viral 1 5 - - 58<br />
Leishmaniose Tegumentar - 9 1 1 64<br />
Meningites - 1 2 - 36<br />
Tuberculose Pulmonar 2 4 3 9 104<br />
Fonte: Levantamento de da<strong>do</strong>s<br />
No levantamento de campo, constatou-se a situação apresentada na tabela<br />
anterior, onde a dengue foi a <strong>do</strong>ença mais comum e com grandes danos nos<br />
entrevista<strong>do</strong>s, pois os impossibilitavam de trabalhar. Quanto à busca de tratamento, a<br />
informação levantada foi que eles procuram o atendimento nos municípios e depois, a<br />
depender da gravidade, eram encaminha<strong>do</strong>s para as cidades de Itabuna e Ilhéus.<br />
3.5.2 Formas de uso e manejo tradicionais utilizads pela população local<br />
A principal forma de manejo <strong>do</strong> solo das áreas analisadas é denominada de<br />
cacau-cabruca que é o sistema de cultivo de cacau sombrea<strong>do</strong> por árvores nativas<br />
da Mata Atlântica. (Figura 36 e 37).<br />
Figura 36. Sistema cacau-cabruca. Figura 37. Plantio de cacau sob copas de árvores.<br />
45
[Digite texto]<br />
Com o levantamento de campo realiza<strong>do</strong> conjuntamente com o levantamento<br />
fundiário, foi possível verificar os tipos de usos da terra específicos em cada área<br />
analisada. Na Área 1 denominada de Serras das Nascentes <strong>do</strong> Rio Almada, situada nos<br />
municípios de Almadina, Floresta Azul e Ibicaraí, os principais usos da terra são: cacau<br />
juntamente com pecuária [4] (25% de 208 imóveis); cacau (22%); e cacau com banana<br />
(12%) como demonstra a Figura 38. Apesar da crise, o cacau continua sen<strong>do</strong> a principal<br />
forma de uso <strong>do</strong> solo seja isoladamente ou em conjunto com outras atividades<br />
econômicas.<br />
Figura 38. Usos da terra identifica<strong>do</strong>s na Área 1 (%).<br />
Na Área 2 denominada de Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, situada nos municípios de<br />
Almadina e Coaraci, os principais usos da terra identifica<strong>do</strong>s foram: cacau juntamente<br />
com pecuária (45% de 100 imóveis); cacau (7%); e pecuária e cacau (12%) como<br />
demonstra a Figura 39.<br />
[4] A primeira que aparece no texto é a mais relevante para o agricultor.<br />
46
[Digite texto]<br />
Figura 39. Usos da terra identifica<strong>do</strong>s na Área 2 (%).<br />
3.5.3 Existência de famílias ou comunidades que usufruem da área na<br />
obtenção de bens e/ou produtos para seu sustento<br />
No levantamento de campo, verificou-se que a maioria entrevistada, tem outras<br />
fontes de renda, não dependen<strong>do</strong> exclusivamente <strong>do</strong> imóvel como demonstra a Figura 40.<br />
Figura 40. Dependência econômica exclusiva da propriedade (%).<br />
Os da<strong>do</strong>s demosntram que existem cerca de 514 famílias distribuídas nas quatro<br />
áreas analisadas que usufruem das áreas para o sustento das famílias. Verifica-se que a<br />
Área 1, detém 49,61% <strong>do</strong> número de trabalha<strong>do</strong>res segui<strong>do</strong> pela Área 2 com 33,85%.<br />
3.5.4 Análise das oportunidades de uso público<br />
Ampliar o grau de proteção por meio da criação de unidade(s) de proteção integral<br />
nas Áreas 1- Nascentes <strong>do</strong> Almada, Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, ou Área 3 <strong>–</strong> Lagoa<br />
Encantada, contribuirá diretamente com a conservação da Lagoa Encantada<br />
consideran<strong>do</strong> a manutenção <strong>do</strong> fluxo de recursos hídricos que abastecem a lagoa.<br />
Na Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, além <strong>do</strong>s atributos florestais, apresenta atrativos<br />
singulares de beleza cênica. Na Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, os paredões rochosos despontam<br />
como oportunidade de visitação pública de contemplação e religiosa. A criação da UC na<br />
Área 2 contribuirá diretamente com a conservação de parte da história regional, pois uma<br />
equipe de alunos <strong>do</strong> Departamento de Letras da Universidade Estadual de Santa Cruz,<br />
sob a liderança <strong>do</strong> professor Guilherme Albagli, encontraram ex-votos [5] em argila crua e<br />
queimada (Figuras 41 e 42) numa fenda rochosa no topo da Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>,<br />
revelan<strong>do</strong> a existência de um antigo santuário natural em meio à vegetação, que remonta<br />
ao perío<strong>do</strong> de desbravamento das terras <strong>do</strong> Sul da Bahia para a implantação da<br />
cacauicultura.<br />
[5] O termo ex-voto origina-se <strong>do</strong> latim ex-voto suscepto, isto é, “por força de uma promessa” ou “o voto realiza<strong>do</strong>”. Os exvotos<br />
podem ser “um quadro, pintura, objeto, escultura em cera ou madeira, muitas vezes representan<strong>do</strong> partes <strong>do</strong> corpo<br />
com cura atribuída ao milagre.<br />
47
[Digite texto]<br />
Figura 41. Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> em Almadina.<br />
Fonte: UESC (2010).<br />
Figura 42. Equipe da UESC analisan<strong>do</strong> as artes<br />
sacras. Fonte: UESC (2010).<br />
3.6. Oficinas técnicas e definição das áreas e categorias de unidades de<br />
conservação de proteção integral<br />
Após a conclusão <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s técnicos que abrangeram as Área 1 <strong>–</strong> Serra das<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada, Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, Área 3 <strong>–</strong> Lagoa Encantada e Área 4 <strong>–</strong><br />
Serras de Inema aconteceram oficinas técnicas em maio e setembro de 2012 para a<br />
apresentação <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s técnicos, definição das áreas selecionadas e categorias de<br />
unidades de conservação de proteção integral.<br />
A síntese <strong>do</strong>s aspectos importantes que contribuíram nas oficinas e reuniões técnicas<br />
para a definição das áreas e categorias de unidades de conservação de proteção integral na<br />
BHRA será elencada nos parágrafos seguintes.<br />
Conforme resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s no Mapeamento da Cobertura e Uso da Terra<br />
das áreas selecionadas para criação de unidade conservação, a Área 3 -Lagoa<br />
Encantada é a que apresenta - em valores absolutos - a maior cobertura florestal. Por sua<br />
vez, as formações florestais encontradas na Área 3 - de Terras Baixas e Submontana - já<br />
estão representadas na maioria das unidades de conservação existentes na região:<br />
Parque Estadual da Serra <strong>do</strong> Conduru, Parque Municipal da Boa Esperança, Reserva<br />
Biológica de Una, Refúgio de Vida Silvestre de Una e em Reservas Particulares <strong>do</strong><br />
Patrimônio Natural - RPPN da região cacaueira.<br />
Especialmente, as Áreas 1 <strong>–</strong> Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada e a Área 2 <strong>–</strong> Serra<br />
<strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> destacam-se entre as outras por apresentar na sua composição florestal o<br />
tipo Ombrófila Densa Montana, classe pouco resguardada em unidades de conservação<br />
regionais. Ressalta-se que a Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e a Área 3 -Lagoa Encantada<br />
apresentam atrativos singulares de beleza cênica. Na Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, os paredões<br />
rochosos despontam como oportunidade de visitação pública de contemplação e religiosa,<br />
enquanto na Lagoa Encantada, a beleza <strong>do</strong> lago, a vegetação aluvial e cachoeiras que a<br />
circundam <strong>do</strong>tam a área para atividades ecoturísticas.<br />
Dentre os mais varia<strong>do</strong>s serviços ambientais proporciona<strong>do</strong>s destaca-se a<br />
influência das áreas estudadas na produção de água. São muitos os pontos de captação<br />
de água em propriedades rurais, comunidades, distritos de sedes municipais.<br />
48
[Digite texto]<br />
O relevo movimenta<strong>do</strong> da Área 1- Serra das Nascentes <strong>do</strong> Almada exige atenção,<br />
pois trata-se de uma área rica em nascentes que interfere nas três principais bacias<br />
regionais: Almada, Cachoeira e Gongogi. Parte desta área engloba a região das<br />
nascentes <strong>do</strong> Rio Almada e também engloba afluentes <strong>do</strong> Rio Salga<strong>do</strong>, que faz parte <strong>do</strong><br />
complexo das bacias hidrográficas <strong>do</strong>s rios Cachoeira e Gongogi na região de Itamutinga,<br />
ao norte da cidade de Almadina. A Área 1 contribui diretamente para a captação de água<br />
nos municípios de Almadina e Coaraci.<br />
A Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> que está totalmente localizada dentro <strong>do</strong>s limites<br />
da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada trata-se de uma importante área de nascentes <strong>do</strong>s<br />
afluentes <strong>do</strong> Rio Almada no terço superior de sua bacia e alimenta a captação de água <strong>do</strong><br />
município de Coaraci. A Área 3 <strong>–</strong> Lagoa Encantada está totalmente inserida na Bacia<br />
Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Almada, e abriga as principais nascentes e partes <strong>do</strong>s cursos d’água<br />
que mantém o nível das águas da Lagoa Encantada, um <strong>do</strong>s atrativos turísticos da região.<br />
No que se referem aos estu<strong>do</strong>s da fauna e flora, consideran<strong>do</strong> o esforço amostral<br />
emprega<strong>do</strong>, as quatro áreas estudadas apresentou alta diversidade e riqueza. Em todas<br />
as áreas foram registradas espécies raras e espécies ameaçadas de extinção,<br />
evidencian<strong>do</strong> a importância para a conservação, inclusive podem abrigar espécies ainda<br />
desconhecidas. Por outro la<strong>do</strong> às evidências de ameaça à flora e a fauna, encontradas<br />
nas áreas mostram a necessidade de proteção destas, que podem ter sua biodiversidade<br />
gravemente depauperada, se não houver fiscalização e proteção.<br />
Em termos socioeconômicos e fundiários, dentre as áreas estudadas, a Área 2 -<br />
Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> apresentou as melhores características para criação de uma unidade<br />
de conservação de proteção integral com a desapropriação das propriedades particulares<br />
localizadas no seu interior. Embora a Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> possua uma área de<br />
aproximadamente 2.000 ha a recomendação da criação de um parque estadual justificase<br />
pelo conhecimento da categoria junto a sociedade local, por apresentar formações<br />
florestais originais em 57% da sua área, bem como as formações rochosas de expressiva<br />
beleza cênica. Consideran<strong>do</strong> os expressivos remanescentes localiza<strong>do</strong>s na Área 1 <strong>–</strong><br />
Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada, buscou-se integrar a proposta <strong>do</strong> parque estadual que<br />
também englobasse parte desta área.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, a proposta denominada Parque Estadual das Serras das<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> (Figura 43) totaliza 4.221 hectares e<br />
abrange os municípios de Almadina, Coaraci e Ibicaraí. Destes, 2.065 hectares estão<br />
localiza<strong>do</strong>s na Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> com 20 sedes de propriedades dentro <strong>do</strong> seu<br />
perímetro, e 2.356 hectares na Serra das Nascentes <strong>do</strong> Almada com 4 sedes de<br />
propriedades dentro <strong>do</strong> perímetro. Outras 129 propriedades estão localizadas no entorno<br />
consideran<strong>do</strong> um perímetro de 1 km a partir <strong>do</strong> limite da área proposta.<br />
Para resguardar o restante <strong>do</strong> patrimônio natural localiza<strong>do</strong> na Serra das<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada este <strong>do</strong>cumento propõe a criação <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre das<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada com aproximadamente 13.484 hectares e abrange os municípios<br />
de Almadina, Floresta Azul e Ibicaraí. Estima-se a ocorrência de 149 propriedades<br />
inseridas dentro <strong>do</strong>s limites propostos.<br />
49
8380000<br />
14°40'S<br />
8375000<br />
8370000<br />
14°45'S<br />
8365000<br />
8360000<br />
14°50'S<br />
415000<br />
415000<br />
Situação na APA da Lagoa Encantada<br />
39°40'W<br />
Almadina<br />
39°40'W<br />
39°30'W<br />
Coaraci<br />
39°30'W<br />
IBICUÍ<br />
39°20'W<br />
Itajuípe<br />
39°10'W<br />
39°0'W<br />
14°30'S 14°30'S<br />
14°40'S 14°40'S<br />
Ilhéus<br />
14°50'S 14°50'S<br />
39°20'W<br />
39°10'W<br />
39°0'W<br />
39°45'W<br />
39°45'W<br />
420000<br />
76<br />
77<br />
71<br />
66<br />
420000<br />
LOCALIDADES<br />
Cidade<br />
Vila<br />
Povoa<strong>do</strong><br />
67<br />
68<br />
Propriedade Rural (ha)<br />
0,01 ha - 20 ha<br />
20,01 ha - 80 ha<br />
80,01 ha - 300 ha<br />
LIMITES<br />
>300,01 ha<br />
Municipal<br />
98<br />
104<br />
181<br />
99<br />
106<br />
81<br />
38 63<br />
25<br />
22 72<br />
60<br />
61<br />
23<br />
64<br />
62212<br />
73<br />
215<br />
214<br />
218<br />
160<br />
216<br />
42<br />
217<br />
220<br />
219<br />
FLORESTA AZUL<br />
VIAS DE CIRCULAÇÃO<br />
12<br />
11<br />
27<br />
Estrada pavimentada<br />
Estrada sem pavimentação<br />
ELEMENTOS HIDROGRÁFICOS<br />
196<br />
10<br />
14<br />
425000<br />
13<br />
144<br />
222 221<br />
145<br />
146<br />
135136<br />
147<br />
137<br />
32<br />
34<br />
31<br />
35<br />
69<br />
33<br />
36 37<br />
184 29<br />
15<br />
425000<br />
Curso d'água permanente de margem simples<br />
OUTROS ELEMENTOS<br />
20<br />
17<br />
188<br />
45<br />
44<br />
43 101<br />
140<br />
19<br />
111<br />
39<br />
109<br />
108<br />
1<br />
28<br />
18<br />
26<br />
24<br />
30<br />
125<br />
176<br />
175<br />
168<br />
195<br />
210<br />
PE das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
RVS das Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
Área <strong>do</strong> projeto<br />
74<br />
BA-660<br />
209 208<br />
211<br />
40<br />
112<br />
39°40'W<br />
9<br />
166<br />
169<br />
120<br />
199<br />
49<br />
207<br />
8<br />
165<br />
204<br />
131<br />
119<br />
143<br />
141<br />
142<br />
115<br />
194<br />
39°40'W<br />
50<br />
156<br />
200<br />
107<br />
6<br />
7<br />
110<br />
48<br />
5<br />
21<br />
150<br />
113<br />
430000<br />
206<br />
3<br />
154<br />
83<br />
116<br />
118<br />
4<br />
130<br />
117<br />
139<br />
430000<br />
122<br />
87<br />
ALMADINA<br />
BA-262<br />
123<br />
153<br />
86<br />
85<br />
84<br />
121<br />
102<br />
70<br />
56<br />
55<br />
54<br />
53<br />
89<br />
197<br />
92<br />
58<br />
193 57<br />
75<br />
41<br />
82<br />
96 93<br />
97<br />
132<br />
133<br />
91<br />
88<br />
198<br />
1,5 0,75 0<br />
Escala 1:100.000<br />
1,5 3<br />
Projeção Cartográfica UTM - Zona 24S<br />
Datum Horizontal Córrego Alegre<br />
129<br />
124<br />
FONTES:<br />
Base cartográfica<br />
Elementos Hidrográficos, ro<strong>do</strong>vias e localidades:<br />
- Cartas topográficas, escala 1:100.000, Sudene 1977, folhas Itabuna SD24-Y-B-VI e Ibicaraí SD24-Y-B-V<br />
- Mapa da Divisão Político-Administrativa - Esta<strong>do</strong> da Bahia, escala 1:1.500.000, CEI, 1994.<br />
- Rede Ro<strong>do</strong>viária, Sistema Ro<strong>do</strong>viário Estadual, Derba, 2006.<br />
Malha Municipal:<br />
- Divisão Político-Administrativa <strong>do</strong> Brasil <strong>–</strong> DPA, escala 1:2.500.000, IBGE, 2001<br />
Tema<br />
- Unidades de Conservação Estaduais, Diretoria de Unidades de Conservação e<br />
Biodiversidade, Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia - INEMA, 2011.<br />
km<br />
90<br />
47<br />
46<br />
Rio Almada<br />
183<br />
126<br />
127<br />
190128<br />
203<br />
435000<br />
158<br />
161<br />
180<br />
225<br />
226<br />
435000<br />
Elabora<strong>do</strong> Por:<br />
Data:<br />
Versão:<br />
189<br />
191<br />
173<br />
224<br />
94<br />
Ribeirão Duas Barras<br />
182<br />
227 172<br />
171<br />
152 151<br />
Out/2012<br />
162<br />
164<br />
157<br />
201<br />
163<br />
174<br />
95<br />
39°35'W<br />
39°35'W<br />
159<br />
São Roque<br />
BA-262<br />
Ribeirão Uzura<br />
440000<br />
440000<br />
IBICARAÍ<br />
Ribeirão <strong>do</strong>s Macacos<br />
Rio Almada<br />
Vila Amélia<br />
445000<br />
Bandeira <strong>do</strong><br />
Almada<br />
Ribeirão Pedra Re<strong>do</strong>nda<br />
445000<br />
39°30'W<br />
39°30'W<br />
FERROVIA DA INTEGRAÇÃO OESTE - LESTE (FIOL)<br />
União Queimada<br />
MAPEAMENTO DA COBERTURA E USO DA TERRA DA APA DA LAGOA ENCANTADA<br />
E RIO ALMADA COM IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS POTENCIAIS PARA CRIAÇÃO DE<br />
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL<br />
COARACI<br />
Escala:<br />
450000<br />
R i b e i r ã o P a i a i á<br />
450000<br />
1:100.000<br />
Figura / Página:<br />
Mapa de Localização <strong>do</strong> PE das Nascentes <strong>do</strong> Rio Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e<br />
01<br />
RVS das Nascentes <strong>do</strong> Rio Almada<br />
43 / 50<br />
8380000<br />
14°40'S<br />
8375000<br />
8370000<br />
14°45'S<br />
8365000<br />
8360000<br />
14°50'S<br />
<strong>VALEC</strong>
[Digite texto]<br />
3.7 Análise <strong>do</strong> impacto econômico potencial da criação <strong>do</strong> Parque Estadual<br />
das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Refúgio de Vida<br />
Silvestre Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
Dentre as cinco categorias de unidades de conservação <strong>do</strong> Grupo de Proteção<br />
Integral instituídas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Reserva<br />
Biológica, Parque Nacional (ou Estadual ou Natural Municipal) e Estação Ecológica,<br />
necessariamente terão suas terras desapropriadas após a publicação <strong>do</strong> decreto de<br />
criação. Nas categorias Refúgio de Vida Silvestre e Monumento Natural são permitidas<br />
propriedades particulares sem a necessidade de desapropriação, desde que seja<br />
compatível manejá-las de acor<strong>do</strong> com os objetivos da unidade de conservação.<br />
Com relação ao uso da terra em Refúgios de Vida Silvestre, a publicação<br />
denominada “Roteiro para criação de unidades de conservação municipais” <strong>do</strong> Ministério<br />
<strong>do</strong> Meio Ambiente (2010), esclarece que excepcionalmente, poderão ser permiti<strong>do</strong>s em<br />
áreas contempladas por esta categoria de unidade de conservação, a presença de<br />
espécies exóticas da fauna e da flora (ex. criação de bois e plantação de maçãs), desde<br />
que, implantadas antes da criação da unidade, não atrapalhem o objetivo da UC e<br />
estejam previstas no plano de manejo. Caso o proprietário não concorde ou não deseje se<br />
integrar ao Refúgio, a propriedade será desapropriada pelo poder público na forma da lei.<br />
A criação <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e<br />
criação <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre Nascentes <strong>do</strong> Almada irá interferir de maneira<br />
significativa na vida <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da região. De acor<strong>do</strong> com a Tabela 14, extraída <strong>do</strong><br />
levantamento de campo, observa-se o número de habitantes em cada área. Foram<br />
identificadas 804 pessoas na Área 1 <strong>–</strong> Serra das Nascentes <strong>do</strong> Almada e 231 pessoas na<br />
Área 2 <strong>–</strong> Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>.<br />
Tabela 14 - Quantidade de pessoas encontradas nas áreas selecionadas.<br />
Área 1<br />
Área 2<br />
Homens, mulheres e Serras das Nascentes <strong>do</strong> Almada Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
crianças<br />
Almadina<br />
Floresta<br />
Azul<br />
Ibicarai Almadina Coaraci<br />
Homens 186 137 67 53 50<br />
Mulheres 89 96 43 32 35<br />
Crianças 53 95 38 30 31<br />
TOTAL 328 328 148 115 116<br />
Fonte: Levantamento de da<strong>do</strong>s<br />
Com a criação <strong>do</strong> parque estadual acontecerá a desapropriação de terras dentro<br />
<strong>do</strong>s seus limites e poderá desencadear um deslocamento <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da zona rural<br />
rurais para outras localidades. É importante ressaltar que a área São propostos a<br />
desapropriação de 4.221 hectares, sen<strong>do</strong> 2.065 hectares estão localiza<strong>do</strong>s na Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong> com 20 sedes de propriedades dentro <strong>do</strong> seu perímetro, e 2.356 hectares na<br />
Serra das Nascentes <strong>do</strong> Almada com 4 sedes de propriedades dentro <strong>do</strong> perímetro.<br />
Outras 129 propriedades estão localizadas no entorno consideran<strong>do</strong> um perímetro de 1<br />
km a partir <strong>do</strong> limite da área proposta, o que provavelmente ampliará o número de<br />
propriedades que serão desapropriadas.<br />
Embora as áreas particulares dentro <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre Nascentes <strong>do</strong><br />
Almada particulares não terá a necessidade de desapropriação (desde que seja<br />
compatível manejá-las de acor<strong>do</strong> com os objetivos da unidade de conservação), é<br />
51
[Digite texto]<br />
importante ressaltar para os seus mora<strong>do</strong>res que acontecerá maiores restrições de uso<br />
nas atividades produtivas.<br />
3.8 Análise <strong>do</strong>s impactos socioambientais sobre os usos alternativos<br />
<strong>do</strong> solo<br />
Nas áreas selecionadas, não foi identifica<strong>do</strong> nenhum projeto de construção de<br />
estradas ou ro<strong>do</strong>vias que interfira na criação <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong><br />
Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre Nascentes <strong>do</strong> Almada.<br />
Com relação a barragens, a criação <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre Nascentes <strong>do</strong> Almada poderá<br />
beneficiar o aumento <strong>do</strong> fluxo de recursos hídricos para o reservatório situa<strong>do</strong> em Floresta<br />
Azul que abastece pelo menos três municípios: Floresta Azul, Santa Cruz da Vitória e<br />
Firmino Alves. Também poderá beneficiar o município de Almadina, Coaraci e Itabuna<br />
que é uma das mais importantes cidades da região e que depende exclusivamente <strong>do</strong> Rio<br />
Almada na captação de água, a qual é feita na região de Castelo Novo distrito<br />
pertencente ao município de Ilhéus.<br />
O levantamento socioeconômico não identificou nenhum projeto de construção de<br />
barragem nas áreas analisadas. Com relação à exploração mineral, foram identifica<strong>do</strong>s<br />
ações e solicitações de pesquisas.<br />
Foram encontra<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is locais de retiradas de areia: o primeiro no município de<br />
Floresta Azul (Área 1) com grande atividade de exploração feita inclusive pelo DERBA<br />
(Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia) e outro no município de Coaraci (Área<br />
2) com características de desativação.<br />
Utilizan<strong>do</strong> informações <strong>do</strong> Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),<br />
foi possível verificar 33 solicitações para atividades minerais dentro das Áreas<br />
selecionadas. Verifica-se na Tabela 15 que representa um resumo <strong>do</strong>s requerimentos<br />
distribuí<strong>do</strong>s pelas áreas selecionadas.<br />
Tabela 15 - Distribuição <strong>do</strong>s requerimentos nas áreas selecionadas.<br />
Áreas Municípios<br />
Área 1<br />
Área 2<br />
TOTAL<br />
Autorização<br />
de pesquisa<br />
Disponibilidade<br />
Requerimento<br />
de lavra<br />
Requerimento de<br />
pesquisa<br />
TOTAL<br />
Almadina 3 1 0 2 6<br />
Floresta Azul 5 2 1 1 9<br />
Ibicaraí 1 1 0 3 5<br />
Almadina 0 1 0 0 1<br />
Coaraci 9 2 0 1 12<br />
18 7 1 7 33<br />
Fonte: Elaborada a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em DNPM (2011).<br />
3.9 Estimativas <strong>do</strong>s valores necessários para desapropriação de imóveis<br />
dentro da área proposta <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong> Almada e<br />
Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong><br />
Utilizan<strong>do</strong> preço de terra proveniente de informações coletadas em campo de<br />
propriedades comercializadas, estima-se valores monetários necessários para a<br />
desapropriação <strong>do</strong>s imóveis rurais dentro <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong> Almada<br />
e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>. Os preços de terra situaram entre R$ 3.000,00 e R$ 5.000,00,<br />
possibilitan<strong>do</strong> as estimativas expostas na Tabela 16.<br />
52
[Digite texto]<br />
Tabela 16 <strong>–</strong> Estimativas <strong>do</strong>s valores necessários para desapropriação de imóveis nas áreas<br />
analisadas.<br />
Áreas<br />
estudadas<br />
Quantidade<br />
de imóveis<br />
Quantidade<br />
total de<br />
hectares<br />
Preço <strong>do</strong> hectare (R$) Valor Total (R$)<br />
Mínimo Máximo Mínimo Máximo<br />
Nascentes<br />
<strong>do</strong> Almada 4* 2.356 3.000,00 5.000,00 7.068.000,00 11.780.000,00<br />
Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong> 20* 2.065 3.000,00 5.000,00 6.195.000,00 10.325.000,00<br />
*sede de imóveis localizadas dentro <strong>do</strong>s limites propostos para o parque estadual<br />
Consideran<strong>do</strong> a área total de 4.221 hectares, os valores estima<strong>do</strong>s para a<br />
desapropriação <strong>do</strong>s imóveis localiza<strong>do</strong>s dentro <strong>do</strong> parque estadual variam de<br />
R$13.263.000,00 (treze milhões duzentos e sessenta e três mil reais) a R$ 22.105.000,00<br />
(vinte e <strong>do</strong>is milhões cento e cinco mil reais).<br />
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A proximidade da área proposta para a criação <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes<br />
<strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> com a sede municipal de Almadina <strong>–</strong> aproximadamente<br />
5 quilômetros <strong>–</strong> é um fator que amplia as condições para criação de um parque, pela<br />
possibilidade de alavancar o turismo no local, aproveitan<strong>do</strong> serviços que podem ser<br />
cria<strong>do</strong>s com a instalação da unidade <strong>–</strong> hotéis, agência de turismo, serviços de guias,<br />
restaurantes, etc.<br />
Outro fator importante na área está na distribuição espacial das sedes e<br />
instalações rurais que, quase sempre, estão posicionadas na periferia da área indicada,<br />
devi<strong>do</strong> a localização das principais vias de acesso que circundam a unidade, e condições<br />
de precariedade <strong>do</strong> sistema viário em seu interior. A criação <strong>do</strong> parque não representaria<br />
um significativo deslocamento das populações locais, entretanto, salienta-se a<br />
necessidade de planejamento para realocação <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res ali existentes.<br />
A Área 1 destaca-se entre as outras unidades estudadas por concentrar as<br />
principais nascentes <strong>do</strong> Rio Almada e conservar representativos fragmentos de florestas<br />
<strong>do</strong>s tipos Ombrófila Densa Montana e Submontana. Esses tipos florestais estão pouco<br />
resguarda<strong>do</strong>s na região, protegi<strong>do</strong>s em uma pequena porção <strong>do</strong> Parque Nacional de<br />
Serra das Lontras, que fica a aproximadamente 60 quilômetros a sudeste da área<br />
estudada, em região mais próxima <strong>do</strong> oceano.<br />
Como o complexo montanhoso que mantém as nascentes e os importantes<br />
fragmentos florestais apresentam nos sopés e parte das encostas das serras as<br />
atividades da agricultura <strong>do</strong> cacau e pecuária, a criação de uma unidade de conservação<br />
de Proteção Integral que envolvesse a necessidade de desapropriação das áreas poderá<br />
causar um forte impacto negativo na economia local, e consequentemente, na estrutura<br />
da sociedade local. Dessa forma, a sugestão de criação <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre<br />
Nascentes <strong>do</strong> Almada, que não envolverá necessariamente grandes investimentos por<br />
parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em desapropriação de terras e atenua os impactos negativos sobre a<br />
economia local.<br />
Como amenização para os impactos econômicos, tem-se a expectativa de ganhos<br />
por meio <strong>do</strong> imposto sobre circulação de merca<strong>do</strong>rias e serviços ecológico (ICMS-E) que<br />
é um instrumento, cria<strong>do</strong> pelo artigo 158 da Constituição Federal, que permite aos<br />
53
[Digite texto]<br />
governos estaduais estabelecer critérios ambientais para aplicação de até 25% <strong>do</strong>s<br />
repasses devi<strong>do</strong>s aos municípios. Pretende compensar financeiramente os municípios<br />
que se enquadram dentro <strong>do</strong>s parâmetros de preservação ambiental defini<strong>do</strong>s pelo<br />
esta<strong>do</strong> (em especial a criação/manutenção de Unidades de Conservação da Natureza) no<br />
qual estão inseri<strong>do</strong>s.<br />
Até o ano de 2008, os Esta<strong>do</strong>s que possuíam a legislação sobre o ICMS ecológico<br />
eram: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Amapá, Rio Grande <strong>do</strong> Sul, Mato<br />
Grosso, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, Pernambuco, Tocantins, Acre, Rio de Janeiro, Goiás.<br />
Toman<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná como exemplo, verifica-se que foram repassa<strong>do</strong>s à cidade<br />
de Curitiba no ano de 2010, R$ 1.400.781 a título de ICMS-E para uma área conservada<br />
de cerca de 8.000 hectares (TNC, 2011).<br />
O Esta<strong>do</strong> da Bahia ainda não possui legislação sobre ICMS Ecológico, mas o<br />
assunto já é pauta na <strong>Secretaria</strong> Estadual <strong>do</strong> Meio Ambiente que tem mobiliza<strong>do</strong> esforços<br />
para reunir os principais atores <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> mediante criação de Grupo de Trabalho. O<br />
tema já foi aprova<strong>do</strong> por unanimidade, pela Comissão de Meio Ambiente e<br />
Desenvolvimento Sustentável da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s (12/07/2006), deven<strong>do</strong> passar<br />
pela Comissão de Finanças e Tributação, pela Constituição, Justiça e Cidadania, e por<br />
último, pela Plenária. A perspectiva é que a discussão seja efetivada pelas autoridades<br />
competentes e ganhe força com o apoio da sociedade civil, para que a Bahia crie e<br />
regulamente sua normativa e passe a fazer parte <strong>do</strong> rol <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s que incentivam seus<br />
municípios para a boa gestão ambiental de seus recursos naturais.<br />
Têm-se também como possibilidades econômicas para os municípios com as<br />
áreas destinadas a UC, construção de projetos de pagamentos por serviços ambientais,<br />
uma vez que a região disponibiliza recursos hídricos para outros municípios, a exemplo<br />
de Itabuna que capta toda sua água no Rio Almada. Assim, os possíveis paga<strong>do</strong>res<br />
seriam as empresas que fazem a captação (EMBASA - Empresa Baiana de Águas e<br />
Saneamento e a EMASA - Empresa Municipal de Águas e Saneamento de Itabuna).<br />
Somam-se a estas possibilidades, as ações turísticas que poderão surgir com a<br />
criação de UC na região e que demandarão por serviços diversos, a exemplos de<br />
hospedagens e guias para trilhas. Entretanto, essas possibilidades apresentadas<br />
dependerão de diversos fatores com infraestrutura, capacitação, estratégia de marketing,<br />
força política, dentre outros.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, a criação <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong> Almada e Serra <strong>do</strong><br />
Corcova<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Refúgio de Vida Silvestre Nascentes <strong>do</strong> Almada demandará o<br />
deslocamento de ações de conservação da biodiversidade para o interior da região<br />
cacaueira.<br />
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