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Compreensão dos problemas de aprendizagem na formação ...

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<strong>Compreensão</strong> <strong>dos</strong> <strong>problemas</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> <strong>na</strong> <strong>formação</strong> docente:<br />

uma questão em aberto. 1<br />

RESUMO<br />

Joice Estacheski 2<br />

Marjorie Bittencourt Emílio Men<strong>de</strong>s 3<br />

Este artigo visa refletir a respeito <strong>de</strong> uma questão essencial <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong><br />

<strong>formação</strong> <strong>de</strong> docentes: como tem se dado a compreensão por parte <strong>dos</strong> futuros educadores a<br />

respeito das dificulda<strong>de</strong>s apresentadas pelos alunos <strong>na</strong>s salas <strong>de</strong> aula, da primeira etapa do<br />

Ensino Fundamental. Percebendo que esta <strong>de</strong>ve ser uma preocupação presente em tais<br />

núcleos formadores, abordamos questões fundamentais sobre o Estágio Supervisio<strong>na</strong>do, que<br />

<strong>de</strong>ve estar comprometido efetivamente com a articulação entre teoria e prática, as concepções<br />

que <strong>de</strong>vem se fazer presentes nesses espaços, a realida<strong>de</strong> da escola pública em termos <strong>de</strong><br />

clientela, as quais irão exigir <strong>dos</strong> professores comprometimento e compreensão frente às suas<br />

dificulda<strong>de</strong>s e diferentes visões. Frente a esta problemática, apontamos as contribuições da<br />

psicopedagogia, que fundamentarão o trabalho docente <strong>na</strong> superação das dificulda<strong>de</strong>s<br />

encontradas em sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> forma científica.<br />

Palavras chave: Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>. Formação <strong>de</strong> professores.<br />

ABSTRACT<br />

This article report aims to reflect about an essential question of the courses of teacher’s<br />

improvement: how is being the un<strong>de</strong>rstanding on the part of the future educators regarding the<br />

difficulties presented by the stu<strong>de</strong>nts in the classrooms, of the first stage of Basic Gra<strong>de</strong>.<br />

Perceiving that this must be a present concern in such formation nucleus, we approach basic<br />

questions on the Supervised Training, that must be engaged effectively with the union between<br />

theory and practice, the conceptions that must be in these spaces, the public school’s reality in<br />

clientele terms, which will <strong>de</strong>mand of the teachers engagement and un<strong>de</strong>rstanding in front of its<br />

difficulties and different sights. In Front of this problem , we point the psycopedagogy<br />

contributions, that will base the teaching work on the overcoming of the difficulties found in<br />

classroom of scientific form.<br />

Key words: Difficulties of learning. Teacher’s training<br />

1 Artigo apresentado como trabalho <strong>de</strong> conclusão do Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento Educacio<strong>na</strong>l<br />

– PDE - Promovido pela Secretaria <strong>de</strong> Estado da Educação do Paraná – 2008.<br />

2 Professora da Re<strong>de</strong> Pública Estadual <strong>de</strong> Ensino do Estado do Paraná – SEED e participante do<br />

Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento Educacio<strong>na</strong>l PDE 2008. Especialista e Psicopedagogia Clínica e<br />

Institucio<strong>na</strong>l. Professora Colaboradora do Departamento <strong>de</strong> Méto<strong>dos</strong> e Técnicas <strong>de</strong> Ensino da<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa.<br />

Contato: joiceestacheski@gmail.com<br />

3 Professora orientadora da produção do artigo. Professora <strong>na</strong> Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Ponta<br />

Grossa no Departamento <strong>de</strong> Méto<strong>dos</strong> e Técnicas <strong>de</strong> Ensino. Mestre em Educação. Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>dora do<br />

colegiado do Curso <strong>de</strong> Pedagogia da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa.<br />

Contato: colegiadopedagogia@uepg.br


INTRODUÇÃO:<br />

Atualmente existe uma preocupação muito gran<strong>de</strong> com a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ensino <strong>na</strong>s nossas escolas, principalmente no que tange à primeira etapa<br />

da, educação básica, ou seja, no que diz respeito aos anos iniciais. Não<br />

po<strong>de</strong>mos esquecer que os principais agentes <strong>de</strong> mediação conhecimento-<br />

aprendizado nesse processo <strong>de</strong> escolarização são os professores. Sendo<br />

assim, nossa preocupação maior é refleti,r através do presente trabalho, a<br />

respeito da necessida<strong>de</strong> em explicitarmos tal discussão no curso <strong>de</strong> <strong>formação</strong><br />

<strong>de</strong> professores em nível médio.<br />

Sara Pain (1987) nos fornece algumas contribuições para que o<br />

futuro professor compreenda as problemáticas relacio<strong>na</strong>das à construção do<br />

conhecimento quando salienta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se pensar a <strong>aprendizagem</strong>,<br />

não só como um processo, mas também como uma função, que vai além da<br />

<strong>aprendizagem</strong> escolar que envolve tanto um sujeito que apren<strong>de</strong>, como um<br />

outro que ensi<strong>na</strong>. Portanto, aquele que ensi<strong>na</strong> <strong>de</strong>ve se comprometer em<br />

transmitir o conhecimento para que o sujeito possa transformá-lo, não sendo<br />

outra função da <strong>aprendizagem</strong>. Há que se consi<strong>de</strong>rar, porém, para que essa<br />

relação se processe, existir confiança <strong>na</strong>quele que ensi<strong>na</strong>, uma vez que o<br />

apren<strong>de</strong>nte precisa reconhecer o ensi<strong>na</strong>nte e autorizá-lo, para que haja <strong>de</strong> fato<br />

a construção do conhecimento.<br />

Sabe-se que o ensino é centrado num processo transferência, <strong>na</strong><br />

i<strong>de</strong>alização que se presentifica numa suposição <strong>de</strong> saber, tendo, portanto, o<br />

educador um papel psicopedagógico importante a <strong>de</strong>senvolver no cotidiano <strong>de</strong><br />

suas práticas; no dia a dia com seus alunos. Trata-se <strong>de</strong> trabalhar a<br />

transferência, compreen<strong>de</strong>ndo que o que se revela <strong>na</strong> queixa relacio<strong>na</strong>da a um<br />

não-saber, ou seja, o que se atualiza nesse sintoma é a representação da<br />

angústia <strong>de</strong> castração. Assim, ao vincular-se transferencialmente ao professor,<br />

o aluno proce<strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>alização, condição necessária fundamental para que<br />

se dê, segundo Lacan, citado por Parga (2001), o início <strong>de</strong> qualquer<br />

possibilida<strong>de</strong> terapêutica. Tal se caracteriza pelo crédito ao outro, <strong>de</strong> um saber<br />

específico, fundando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer um vínculo transferencial<br />

positivo, que se fundamenta <strong>na</strong> atribuição ao professor do lugar do sujeito do<br />

2


suposto saber. No entanto, dialeticamente, o que se constitui como uma<br />

possibilida<strong>de</strong>, ao mesmo tempo, po<strong>de</strong> representar um impasse, <strong>na</strong> medida em<br />

que, muitas vezes, ao encar<strong>na</strong>r o lugar fálico do saber, o professor reforça, por<br />

i<strong>de</strong>ntificação, a impossibilida<strong>de</strong> do aluno <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r.<br />

Márcia Parga (2001) coloca-nos que o caminho terapêutico <strong>na</strong><br />

prática pedagógica resi<strong>de</strong> no oferecimento ao aluno <strong>na</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scobrir que, <strong>de</strong> fato, esse saber do professor é só suposto, para que, assim,<br />

este possa <strong>de</strong>smistificar o lugar imaginário da completu<strong>de</strong>. Objetiva-se,<br />

portanto, fazer o aluno superar essa i<strong>de</strong>ntificação para que possa ter um<br />

mo<strong>de</strong>lo próprio. Nesse sentido, o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> ajuda às crianças com<br />

<strong>problemas</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> resi<strong>de</strong> numa orientação aos professores e futuros<br />

professores para que possam aceitar o seu próprio não-saber. Trata-se da<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se oferecer, enquanto educador, como um espelho, on<strong>de</strong> o<br />

outro, a partir da imagem refletida, po<strong>de</strong> suportar, <strong>de</strong> uma forma tranqüila, a dor<br />

da falta, assim como ratifica Madale<strong>na</strong> Freire (1992), nesse pensamento:<br />

“Educar a falta é a fonte do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r” (p.11).<br />

Com vistas a <strong>de</strong>senvolver ações que propiciem a superação <strong>dos</strong><br />

<strong>problemas</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, o educador <strong>de</strong>ve contribuir para que a criança<br />

integre seu passado, vivenciando o presente e projetando o futuro, elaborando<br />

seus lutos e a partir da recordação <strong>de</strong>vem ressignificar suas perdas. De outro<br />

lado, o educador <strong>de</strong>ve ajudar a família a <strong>de</strong>smistificar o problema <strong>de</strong> seus<br />

filhos, reintegrando a imagem que se tem <strong>de</strong>les. É, portanto, <strong>de</strong> primordial<br />

importância saber o porquê em reforçar os aspectos positivos que a criança<br />

possui, não centralizando <strong>na</strong> problemática, mas, ao contrário, apontando seus<br />

recursos disponíveis, caracterizando <strong>de</strong> forma clara uma aliança com as futuras<br />

possibilida<strong>de</strong>s. O educador <strong>de</strong>ve, portanto, ser uma testemunha da<br />

possibilida<strong>de</strong> do conhecimento.<br />

É tarefa do educador ainda, fazer com que a criança construa a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se auto-avaliar, para que se aproprie <strong>de</strong> seu potencial e<br />

busque o si<strong>na</strong>l interno da satisfação lógica, condição essencial no “processo <strong>de</strong><br />

metacognição” (Parga, 2001). Sob essa ótica, um olhar psicopedagógico do<br />

processo educativo <strong>de</strong>ve se comprometer com o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

3


satisfação inter<strong>na</strong> da criança <strong>na</strong> realização <strong>de</strong> tarefas, buscando a construção e<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia, objetivando que esta realize uma passagem<br />

<strong>de</strong> um funcio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong>sorganizado, para uma organização; superando a<br />

simbiose <strong>na</strong> direção da in<strong>de</strong>pendência; ultrapassando a diferenciação para se<br />

diferenciar; caminhando da dissociação para a síntese e do realismo à<br />

representação.<br />

A relação professor-aluno se constitui numa possibilida<strong>de</strong> para que a<br />

criança se recoloque e, a partir do outro, ressignifique suas posições e<br />

dificulda<strong>de</strong>s. Nesse sentido, o professor <strong>de</strong>ve se preocupar com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento integral da criança, propiciando a aproximação escola-família,<br />

vinculando sempre o aluno ao prazer <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, permitindo, assim um<br />

mecanismo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sta com o processo <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>. No<br />

entanto o professor <strong>de</strong>ve ter consciência ple<strong>na</strong> <strong>de</strong>sta função bem como <strong>de</strong>ve<br />

rever o seu próprio gozo ao apren<strong>de</strong>r.<br />

O professor <strong>de</strong>ve funcio<strong>na</strong>r como o indivíduo que nutre, alimenta,<br />

aceita ataques e possibilita a reparação, coloca limites e, principalmente, se<br />

conscientiza tranqüilamente <strong>de</strong> seus próprios erros e falhas, se <strong>de</strong>scartando do<br />

discurso militante, on<strong>de</strong> se finca como um porta-ban<strong>de</strong>ira do saber.<br />

Qualquer que seja a interferência psicopedagógica <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

caráter institucio<strong>na</strong>l e preventivo <strong>de</strong>ve incluir permanentemente a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> submeter o docente a um processo corretor <strong>de</strong> sua própria <strong>aprendizagem</strong>,<br />

para que possa inter<strong>na</strong>lizar e concluir que para apren<strong>de</strong>r é preciso não saber.<br />

Enten<strong>de</strong>mos que, tais concepções são fundamentais no Curso <strong>de</strong><br />

Formação, visto que é nesse espaço que o professor <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>senvolver as<br />

análises do fazer pedagógico e da reconstrução da prática, conscientizando <strong>de</strong><br />

que precisa encontrar diferentes formas <strong>de</strong> garantir o conhecimento a to<strong>dos</strong> os<br />

seus alunos.<br />

O professor po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>senvolver sua prática <strong>de</strong> forma mais completa<br />

se possuir conhecimentos que se voltem às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, pois<br />

será somente assim que saberá da necessida<strong>de</strong> em ser um construtor <strong>de</strong><br />

vínculos positivos, o que lhe fornecerá um olhar diferente para sua prática.<br />

Através <strong>de</strong> vínculos positivos, po<strong>de</strong>rá perceber, por meio das si<strong>na</strong>lizações <strong>dos</strong><br />

4


alunos, como o fenômeno da comunicação está acontecendo em sala <strong>de</strong> aula.<br />

Pichon Rivière, gran<strong>de</strong> colaborador da psicopedagogia e citado por<br />

Soares (2003), com sua teoria do vínculo, dá uma contribuição notável para a<br />

educação que permite a<strong>na</strong>lisar a relação professor-aluno em três dimensões:<br />

corpo, mente e mundo exterior. Tais dimensões se integram dialeticamente,<br />

levando em consi<strong>de</strong>ração a dimensão mais importante: a huma<strong>na</strong>. Estudam,<br />

portanto, o ser humano <strong>na</strong> sua totalida<strong>de</strong>, configurando uma Gestalt própria<br />

para cada sujeito.<br />

Assim, a teoria do vínculo e Pichon Rivière nos permite perceber a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ações e reações que põem acontecer numa sala <strong>de</strong> aula. Se o professor não tiver<br />

conhecimento para lidar com tais situações, po<strong>de</strong>rá contribuir, sem <strong>de</strong>sejar, para a<br />

construção <strong>de</strong> vínculos negativos com ele, com a matéria. (Soares, 2003:17).<br />

São imensas as contribuições da psicopedagogia para a prática <strong>de</strong><br />

sala <strong>de</strong> aula, sendo que o olhar, o ver o ouvir e escutar, soma<strong>dos</strong> com o pensar<br />

sem julgar e sentir para agir, configuram uma atuação suficientemente boa do<br />

professor que almeja construir uma prática psicopedagógica preventiva.<br />

Mas, voltando ao binômio pensar sem julgar, o que queremos dizer<br />

com isso? Quando estamos vendo, ouvindo e escutando uma criança,<br />

conseguimos perceber como este ser está pensando, e às vezes po<strong>de</strong>mos nos<br />

<strong>de</strong>parar com uma situação imprópria, como a <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> 8 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> que atua mentalmente como uma <strong>de</strong> 5 anos. O que fazer? Julgar?<br />

Cobrar da criança uma conduta a<strong>de</strong>quada? Ou seria melhor rotulá-la?<br />

Borges (1994) assi<strong>na</strong>la que o gran<strong>de</strong> salto para o trabalho efetivo,<br />

eficiente e eficaz é o professor <strong>de</strong>scentrar, ou seja, sair <strong>de</strong> si mesmo para<br />

enten<strong>de</strong>r e agir com a lógica do outro e, a partir disso, reconstruir a história do<br />

sujeito, respeitando a sua singularida<strong>de</strong>; é perceber em que movimentos este<br />

ser está (indiferenciado, diferenciado, separado ou integrado) frente do<br />

conhecimento para o início do resgate. A parceria i<strong>de</strong>al seria: pensar x<br />

cooperar.<br />

E as teoria? Seriam bons indicadores? Várias <strong>de</strong>las são trabalhadas<br />

nos Cursos <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Docentes, porém não apontam os enfoques<br />

psicopedagógicos.<br />

5


O construtivismo interacionista é um excelente indicador. Tal<br />

abordagem, apesar <strong>de</strong> trabalhosa pelo professor (requer muito estudo), é muito<br />

saudável para as crianças, porque respeita o seu funcio<strong>na</strong>mento mental, sua<br />

lógica operatória, e permite a construção <strong>de</strong> novas aprendizagens por meio do<br />

lúdico – configurando um espaço <strong>de</strong> prazer e busca do conhecimento.<br />

Soares (2003) apresenta uma leitura psicopedagógica da escola, do<br />

aluno e do professor, on<strong>de</strong> pontua indicadores que permearam toda a ação<br />

educativa o professor. Eis a síntese da história:<br />

Uma professora solicita aos alunos que tragam para a escola algo<br />

que gostem. Nesse momento, o indicador é a observação. Ela quer observar o<br />

que a s crianças trarão para, posteriormente, construir uma ação docente,<br />

abrindo um espaço <strong>de</strong> respeito e criação para as crianças. O segundo<br />

indicador foram os princípios liga<strong>dos</strong> ao ato <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r (ativida<strong>de</strong>,<br />

criativida<strong>de</strong>, autorida<strong>de</strong> e liberda<strong>de</strong>), os quais, <strong>de</strong>vido ao convite feito pela<br />

professora, pu<strong>de</strong>ram transitar e espiralar <strong>na</strong>s crianças. Outro indicador foi a<br />

escuta psicopedagógica da professora, quando percebeu o interesse da turma<br />

pela biologia, propondo então uma pesquisa e proporcio<strong>na</strong>ndo novas<br />

mobilizações frente ao conhecimento. Esses indicadores foram presentes e<br />

fundamentais no <strong>de</strong>senrolar da aula, <strong>na</strong> construção <strong>de</strong> vínculos positivos com o<br />

conhecimento e <strong>na</strong> relação vincular com a professora.<br />

Assim, a observação, os vínculos, os princípios liga<strong>dos</strong> ao ato <strong>de</strong><br />

apren<strong>de</strong>r, a lógica operatória <strong>dos</strong> alunos, os movimentos frente ao novo, as<br />

teorias que fundamentam a nossa prática, a escuta psicopedagógica, os<br />

nossos objetivos educacio<strong>na</strong>is como ensi<strong>na</strong>ntes (promover sujeitos<br />

socioculturais), os níveis <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> - organismo, corpo, inteligência,<br />

<strong>de</strong>sejo – que as crianças pu<strong>de</strong>ram acio<strong>na</strong>r <strong>na</strong>s ativida<strong>de</strong>s propostas, a<br />

avaliação processual e a auto-avaliação constante do professor se constituíram<br />

em exemplos <strong>de</strong> indicadores retira<strong>dos</strong> da história, que funcio<strong>na</strong>ram <strong>na</strong><br />

construção <strong>de</strong> uma prática psicopedagógica do professor.<br />

Essa aula ficou rica <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, tanto para as crianças como<br />

para o professor. A participação do conhecimento sobre biologia reforçou a<br />

auto-estima <strong>dos</strong> alunos e do professor.<br />

6


Através <strong>de</strong>sta experiência, percebemos claramente que os<br />

conhecimentos psicopedagógicos auxiliam inclusive a organização do<br />

planejamento. Através <strong>dos</strong> mesmos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prever as ações<br />

pedagógicas, bem como os encaminhamentos a serem da<strong>dos</strong> tor<strong>na</strong>m-se<br />

constantes, visto que propicia ao professor estabelecer vínculos <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizagem</strong> coerentes ao processo, e conseqüentemente atingindo os<br />

objetivos que se propõe. Normalmente a ação <strong>de</strong> planejar é vista como uma<br />

mera ativida<strong>de</strong> burocrática a ser cumprida <strong>de</strong>vido à exigência administrativa e<br />

não como uma referência, tanto para a ação no cotidiano como também para a<br />

avaliação <strong>de</strong>ssas ações.<br />

Nos Cursos <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Docentes a preocupação pelo processo<br />

<strong>de</strong> escolarização <strong>dos</strong> alunos é constante. O estudo <strong>dos</strong> diferentes projetos<br />

existentes ilustra isso: Plano Escolar, Projeto Político Pedagógico, bem como<br />

elaboração <strong>de</strong> diferentes projetos <strong>na</strong>s escolas campo <strong>de</strong> estágio envolvendo os<br />

temas transversais e diferentes discipli<strong>na</strong>s.<br />

No contato com os alunos do Curso <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Docentes, em<br />

geral, seus discursos condizem com as propostas, no entanto no momento <strong>de</strong><br />

executá-las possuem uma dificulda<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> em colocá-las em prática.<br />

Daí surgem as questões relativas à dicotomia entre teoria e prática, o que<br />

fortalece a divisão artificial entre o que se consi<strong>de</strong>ra como conhecimento<br />

teórico ou teórico <strong>de</strong>mais e conhecimentos que se po<strong>de</strong>riam aplicar à prática,<br />

com sucesso.<br />

Isto me leva a pensar sobre a <strong>formação</strong> dada em tais cursos, no sentido <strong>de</strong> que se<br />

aquilo que se ensi<strong>na</strong>, se discute, visando a “preparação” ou “aperfeiçoamento<br />

pedagógico”, acaba sendo mero adorno, algo inútil e i<strong>na</strong><strong>de</strong>quado. (Shirahige, 2004:<br />

96).<br />

A falta <strong>de</strong> fundamentação teórica que norteia o trabalho do educador<br />

ocorre com freqüência, embora o conhecimento <strong>de</strong>va ser o alicerce <strong>de</strong> sua<br />

<strong>formação</strong> para que haja compreensão do ato <strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r e do ato <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r.<br />

7


A REALIDADE DO CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES EM NÍVEL<br />

Análise da função docente<br />

MÉDIO: DA FUNÇÃO À REALIDADE.<br />

A docência é uma profissão cada vez mais complexa, orientada por<br />

fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s que, além <strong>de</strong> nem sempre serem claras, são muitas vezes também<br />

retóricas: “<strong>formação</strong> integral do indivíduo”, “<strong>de</strong>senvolvimento das capacida<strong>de</strong>s<br />

básicas”, “transmissão do conhecimento”, “ensino <strong>de</strong> conhecimentos”,<br />

“atitu<strong>de</strong>s”, “valores”, “habilida<strong>de</strong>s”. De maneira geral, existe uma resistência em<br />

introduzir <strong>na</strong> <strong>de</strong>finição o fator institucio<strong>na</strong>l que re<strong>de</strong>fine e com certeza <strong>de</strong>limita a<br />

profissão docente: a <strong>formação</strong> integral do indivíduo (aceitando a <strong>de</strong>finição mais<br />

genérica) não se reduz à relação professor-aluno. É uma ativida<strong>de</strong> que se<br />

realiza em grupo, no contexto <strong>de</strong> uma instituição escolar <strong>de</strong> interesse <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l,<br />

que <strong>de</strong>fine <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os gran<strong>de</strong>s objetivos da relação até o uso cotidiano do tempo<br />

e do espaço escolares.<br />

Segundo Ibarrola (1998, p. 72), esta conceitualização leva-nos a<br />

encarar a docência <strong>de</strong> um ângulo pouco a<strong>na</strong>lisado, que permite vê-la como<br />

uma profissão que <strong>de</strong>ve articular, <strong>de</strong> forma consistente e congruente, para<br />

grupos heterogêneos <strong>de</strong> alunos, uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lógicas, que nem<br />

sempre coinci<strong>de</strong>m e muitas vezes se contradizem, por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

concretas reiteradas em tempos e espaços <strong>de</strong>limita<strong>dos</strong> institucio<strong>na</strong>lmente.<br />

a) A lógica do conhecimento. Organizado por discipli<strong>na</strong>s como a<br />

melhor forma <strong>de</strong> propiciar o conhecimento e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do saber, <strong>de</strong>ve focalizar o ensino em outras lógicas: a da<br />

pertinência e a da relevância para os alunos, ou a da relação<br />

entre diferentes grupos <strong>de</strong> conhecimento.<br />

b) A lógica da <strong>aprendizagem</strong>, que por seu lado não está nem<br />

teórica nem metodologicamente resolvida e propõe novas<br />

formas <strong>de</strong> olhar. Para mencio<strong>na</strong>r os extremos, o <strong>de</strong>terminismo<br />

ou a psicologia genética.<br />

8


c) A lógica do ensino que respon<strong>de</strong>, da mesma forma, a<br />

diferentes teorias, a distintas focalizações. Novamente, só para<br />

mencio<strong>na</strong>r alguns, a tecnologia educativa e a didática crítica.<br />

d) A lógica <strong>dos</strong> recursos disponíveis para o ensino, quase sempre<br />

reduzi<strong>dos</strong> e inferiores aos necessários.<br />

e) A lógica da organização institucio<strong>na</strong>l, as normas semelhantes<br />

para todo o país, o uso do tempo, o tamanho <strong>dos</strong> grupos, a<br />

administração oportu<strong>na</strong> <strong>dos</strong> recursos, a direção e supervisão<br />

do trabalho docente.<br />

f) Por último, a lógica da avaliação e da certificação do<br />

conhecimento. Esta última, regularmente <strong>de</strong>scuidada ao se<br />

programar mudanças educacio<strong>na</strong>is, acaba por ser<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>nte da ativida<strong>de</strong> cotidia<strong>na</strong> das ativida<strong>de</strong>s <strong>dos</strong><br />

professores.<br />

Todas essas observações se dão <strong>na</strong> moldura das <strong>de</strong>finições<br />

implícitas ou explícitas <strong>dos</strong> valores que a escola <strong>de</strong>ve promover e que se<br />

enfrentam continuamente com tudo aquilo que os alunos e professores vivem<br />

no dia a dia.<br />

O ensino como ativida<strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>l fundamental é uma síntese<br />

complexa: incorpora no ato <strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r, num pequeno e aparente<br />

microcosmos, toda a vida política, econômica, social, local, <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Mas não é to somente uma ativida<strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>l complexa. Possui<br />

também uma forte i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> histórica, que em cada país tem diferentes<br />

razões.<br />

Não há dúvida <strong>de</strong> que o trabalho docente oferece importantes<br />

motivos <strong>de</strong> satisfação intrínseca. Os professores costumam <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o seu<br />

trabalho como eminentemente criativo, o que se tor<strong>na</strong>ria um traço a mais da<br />

sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>l.<br />

Nas décadas mais recentes, especialmente <strong>na</strong> última, esta tríplice<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pareceu per<strong>de</strong>r tanto a sua eficiência histórica quanto, e em<br />

9


particular, a sua eficiência cultural. Os <strong>problemas</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> <strong>de</strong><br />

numerosos grupos <strong>de</strong> população, aparentemente não resolvi<strong>dos</strong> pelos<br />

professores – e certamente não pelo sistema escolar -, e a falta da presença<br />

institucio<strong>na</strong>l expressa <strong>na</strong> ausência <strong>dos</strong> professores – pelas péssimas condições<br />

salariais e <strong>de</strong> trabalho que lhes impôs o sistema -, traduziram-se <strong>na</strong><br />

<strong>de</strong>svalorização <strong>dos</strong> professores, que foram em gran<strong>de</strong> medida<br />

responsabiliza<strong>dos</strong> pela baixa qualida<strong>de</strong> da educação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. A<br />

<strong>de</strong>svalorização aconteceu <strong>de</strong> fato no aspecto salarial, <strong>na</strong> atenção dada às suas<br />

condições <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> <strong>formação</strong> e <strong>de</strong> atualização. Per<strong>de</strong>ram não só a<br />

criativida<strong>de</strong>, mas também a profissio<strong>na</strong>lização mais elementar, ao se<br />

converterem muitas vezes em meras correntes <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> normas,<br />

planos e programas elabora<strong>dos</strong> em outros lugares e sujeitos as<br />

regulamentações cada vez mais burocráticas. Esta última talvez tenha sido a<br />

maior <strong>de</strong>svalorização causada a profissio<strong>na</strong>lização docente <strong>na</strong>s últimas<br />

décadas. Por fim, a docência é também uma vocação básica e é certamente<br />

esta dimensão <strong>de</strong> vocação que explica que, apesar <strong>de</strong> todas as dificulda<strong>de</strong>s<br />

pelas que passou o magistério <strong>na</strong> última década, ainda existam tantas pessoas<br />

interessadas em tor<strong>na</strong>rem-se educadoras.<br />

Muitas mudanças caracterizam hoje a ação docente e<br />

conseqüentemente surgem novas exigências à profissão docente, refletindo<br />

também alguns <strong>problemas</strong> <strong>de</strong>correntes.<br />

Po<strong>de</strong>mos afirmar que a revolução tecnológica que vivemos, a<br />

globalização da economia, o fim das fronteiras causado pelo avanço do setor<br />

das telecomunicações mudaram radicalmente a razão e o conteúdo <strong>dos</strong><br />

conteú<strong>dos</strong> das <strong>de</strong>mandas sociais da educação e das discipli<strong>na</strong>s básicas do<br />

ensino: a alfabetização, para dar um exemplo, exige a compreensão <strong>de</strong><br />

diferentes formas <strong>de</strong> linguagem – a <strong>dos</strong> computadores, a da televisão – além<br />

da escrita. Cada vez mais se fala <strong>de</strong> uma necessária alfabetização científica e<br />

tecnológica, que por sua vez, só será possível quando os professores<br />

estiverem sendo prepara<strong>dos</strong> <strong>de</strong> forma consciente <strong>de</strong>ste novo papel.<br />

Os sistemas educacio<strong>na</strong>is, lugar em que se realiza a profissão<br />

docente, passaram por três gran<strong>de</strong>s mudanças que são impossíveis ignorar.<br />

10


“Massificaram-se’ por causa do crescimento das matrículas a números<br />

extraordinários, mas utilizando as mesmas práticas <strong>de</strong> gestão pedagógica e<br />

acadêmica; converteram-se em sistemas claramente heterogêneos, dada a<br />

heterogeneida<strong>de</strong> cultural, étnica, socioeconômica <strong>de</strong> alunos e professores;<br />

empobreceram-se porque, paradoxalmente, o crescimento <strong>dos</strong> sistemas fez-se<br />

acompanhar <strong>de</strong> uma diminuição do orçamento <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>do à educação.<br />

Como conseqüência <strong>de</strong>stas tendências contrárias, da dinâmica<br />

crescente da matrícula à diminuição do fi<strong>na</strong>nciamento, não só a questão da<br />

abrangência insuficiente que se <strong>de</strong>staca entre os resulta<strong>dos</strong> da educação.<br />

Da<strong>dos</strong> que têm sido enfatiza<strong>dos</strong> pela pesquisa educacio<strong>na</strong>l referem-se a<br />

<strong>problemas</strong> <strong>de</strong> evasão e, em especial, <strong>de</strong> reprovação. Por um lado, a população<br />

escolar vai à escola durante muitos mais anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> do que seria<br />

necessário pra obter uma certificação; por outro, a população com maior<br />

certificação escolar não <strong>de</strong>monstra domínio do conhecimento certificado. Estes<br />

resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ficientes são ti<strong>dos</strong> como <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do professor,<br />

ignorando-se a influência <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>nte da organização institucio<strong>na</strong>l que está<br />

neles implícita bem como os déficits <strong>na</strong> <strong>formação</strong> do professor.<br />

Outra mudança crucial, diz respeito ao avanço do conhecimento, a<br />

complexida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento mundial, as transformações do sistema<br />

escolar que conduziram à perda da hegemonia da pedagogia e da didática<br />

como focalizações capazes <strong>de</strong> explicar o que ocorria e encarar <strong>de</strong> forma<br />

profissio<strong>na</strong>l a educação necessária. Assim, as ciências da educação vêm a<br />

campo explicando a “massificação”, a heterogeneida<strong>de</strong>, o empobrecimento.<br />

Trazem enfoques explicativos <strong>de</strong>cisivos para os estu<strong>dos</strong> da educação – como a<br />

teoria da reprodução – e <strong>de</strong>slocam a pedagogia e até mesmo a didática. Mas<br />

quando é hora <strong>de</strong> trabalhar diante do grupo, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula, <strong>na</strong> escola,<br />

esgotam a sua capacida<strong>de</strong> explicativa, per<strong>de</strong>m a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encarar o<br />

problema e, sobretudo, <strong>de</strong> oferecer linhas <strong>de</strong> solução e <strong>de</strong> ação. Estamos<br />

também numa difícil crise <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> e síntese <strong>dos</strong> conhecimentos específicos<br />

para tor<strong>na</strong>r a docência uma profissão socialmente eficiente, buscando<br />

<strong>de</strong>senvolver mecanismos que venham a superar as dificulda<strong>de</strong>s emergentes no<br />

interior <strong>de</strong> nossas salas <strong>de</strong> aula.<br />

11


A partir <strong>de</strong>stas mudanças, é possível afirmarmos que as estratégias<br />

institucio<strong>na</strong>is para a <strong>formação</strong> <strong>dos</strong> docentes são bastante complexas. De<br />

maneira geral, a docência exige uma <strong>formação</strong> especializada, apesar da<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> professores que não cumprem este requisito.<br />

A maioria <strong>dos</strong> alunos reconhece que só terão verda<strong>de</strong>ira <strong>formação</strong><br />

quando iniciarem a vida profissio<strong>na</strong>l propriamente dita, quando começarem a<br />

ter a experiência direta, a observar, a comparar-se com outros colegas, quando<br />

trocarem idéias e experiências <strong>na</strong>s instituições, quando encontrarem um<br />

professor para dar-lhes apoio, ânimo, ensino.<br />

Mas se a<strong>na</strong>lisarmos quais são as condições <strong>de</strong> trabalho no ensino<br />

fundamental, perguntar-nos-emos em que momento po<strong>de</strong> haver uma atenção<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento profissio<strong>na</strong>l <strong>dos</strong> professores que estão encarrega<strong>dos</strong> <strong>dos</strong><br />

centros escolares.<br />

Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> centralizar a <strong>formação</strong> no período em que<br />

se dá especificamente, pois não temos garantia do aprendizado posterior <strong>de</strong><br />

forma comprometida com a prática social que caracteriza a profissão <strong>de</strong><br />

docente.<br />

Devemos garantir critérios <strong>na</strong> <strong>formação</strong> docente que estarão<br />

colaborando para a atualização e aprimoramento do magistério. Devemos<br />

focalizar a <strong>formação</strong> docente no domínio do trabalho diante do grupo e propor<br />

como objetivo evitar o fracasso escolar. Para isso, colocamo-nos diante <strong>de</strong> dois<br />

<strong>problemas</strong>, como aponta Ibarrola (1998. p. 82):<br />

a) Revisão substancial <strong>dos</strong> programas e planos <strong>de</strong><br />

estudo, que não parecem aten<strong>de</strong>r à diversida<strong>de</strong> da<br />

população e insistem que as crianças vão apren<strong>de</strong>r<br />

em seis anos o que ali está dito, enquanto a evidência<br />

nos indica que a maioria requer um ou dois anos a<br />

mais para acabar e que muitos, durante anos, não<br />

conseguem apren<strong>de</strong>r;<br />

b) Análise do processo <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> uma criança do<br />

ponto <strong>de</strong> vista do processo <strong>de</strong> resistência em ficar <strong>na</strong><br />

escola anos e anos até que fi<strong>na</strong>lmente a<br />

12


escola consegue mandá-la embora sem compreen<strong>de</strong>r<br />

as suas necessida<strong>de</strong>s concretas <strong>de</strong> aprendizado.<br />

Faz-se pertinente também, ampliar o domínio <strong>de</strong> diferentes méto<strong>dos</strong>,<br />

técnicas e estratégias, com base <strong>na</strong> premissa <strong>de</strong> que a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

grupo escolar concreto não está impressa em nenhum manual e a seleção <strong>dos</strong><br />

que correspon<strong>de</strong>m ao momento específico <strong>dos</strong> alunos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da capacida<strong>de</strong><br />

profissio<strong>na</strong>l do professor <strong>de</strong> grupo.<br />

Além disso, parece pertinente oferecer uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

materiais <strong>de</strong> apoio. O professor parece ser o único profissio<strong>na</strong>l obrigado a<br />

trabalhar sem instrumental “profissio<strong>na</strong>l” básico.<br />

É necessário, ainda, integrar a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> conteúdo e método<br />

como coisas ligadas e articuladas <strong>de</strong> maneira muito próximas. A mudança nos<br />

campos do conhecimento – as matemáticas, a geografia, a história, o civismo -<br />

tor<strong>na</strong> evi<strong>de</strong>nte que a didática geral neste momento volta a ser insuficiente,<br />

embora em alguma época o avanço conceitual mais importante tenha sido<br />

passar as didáticas específicas à didática geral. Nestes tempos, a situação do<br />

conhecimento coloca mais uma vez a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acoplamento <strong>de</strong><br />

diferente didáticas , relacio<strong>na</strong>ndo sempre o conteúdo com a sua forma<br />

específica <strong>de</strong> ensino.<br />

Por outro lado, aquele slogan que diz que é preciso partir das<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>dos</strong> professores, já soa antigo, embora toda prática institucio<strong>na</strong>l<br />

<strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> docentes pareça ter se distanciado enquanto propunha cursos<br />

genéricos que pu<strong>de</strong>ssem replicar-se, multiplicar-se, generalizar-se,<br />

esquecendo as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada escola. Não foi pensado que a<br />

massificação, a heterogeneida<strong>de</strong>, o empobrecimento do sistema exigiriam<br />

novas formulações concretas <strong>de</strong>sse princípio e, sobretudo, novas estratégias<br />

<strong>de</strong> aproximação <strong>dos</strong> professores. Mas acaba por ser também indispensável<br />

articular e unificar a capacitação em torno do trabalho cotidiano, ou seja, fazer<br />

da escola também o ponto <strong>de</strong> chegada da capacitação.<br />

Além disso, é preciso que se propiciem aos professores as mesmas<br />

formas profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> atualização e capacitação <strong>de</strong> outras<br />

profissões, especialmente a profissão acadêmica: encontros com especialistas,<br />

13


com acadêmicos <strong>de</strong> outros níveis do sistema educacio<strong>na</strong>l e <strong>de</strong> outras áreas do<br />

conhecimento, congressos, etc.<br />

Fica claro que as mudanças <strong>de</strong> atualização e superação do<br />

magistério não requerem só novos programas, novos conteú<strong>dos</strong>, lógicas<br />

diferentes <strong>de</strong> articulação do conhecimento, priorizar em méto<strong>dos</strong> em vez <strong>de</strong><br />

discipli<strong>na</strong>s científicas, mas exigem uma reorganização do trabalho <strong>na</strong> escola,<br />

uma reorganização <strong>dos</strong> programa <strong>de</strong> atualização e aprimoramento e um bom<br />

fi<strong>na</strong>nciamento.<br />

A realida<strong>de</strong> do curso <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> docentes em nível médio<br />

Tendo em vista a preocupação <strong>de</strong> que há uma necessida<strong>de</strong> emergente<br />

<strong>na</strong> compreensão das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> por parte <strong>dos</strong> futuros<br />

professores, <strong>de</strong>senvolvemos uma pesquisa para investigar como essa questão<br />

vem sendo <strong>de</strong>batida, a<strong>na</strong>lisada e encaminhada no Curso <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong><br />

Docentes, e quais são as expectativas <strong>dos</strong> futuros professores com relação à<br />

sua prática profissio<strong>na</strong>l.<br />

Embora a amostra da pesquisa fosse peque<strong>na</strong>, os resulta<strong>dos</strong><br />

confirmaram nossa suspeita <strong>de</strong> que tais profissio<strong>na</strong>is acabam por concluírem o<br />

curso sem os <strong>de</strong>vi<strong>dos</strong> conhecimentos <strong>de</strong> como i<strong>de</strong>ntificar as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizagem</strong> e, menos ainda, <strong>de</strong> como proce<strong>de</strong>r assim que sejam <strong>de</strong>tectadas.<br />

O profissio<strong>na</strong>l não possui, portanto, condições <strong>de</strong> auxiliar <strong>na</strong> superação <strong>de</strong>ssas<br />

dificulda<strong>de</strong>s apresentadas por seus alunos.<br />

Ao longo <strong>de</strong> nossa experiência <strong>de</strong> pesquisa, vínhamos nos <strong>de</strong>parando<br />

com aspectos relativos à <strong>formação</strong> e à prática <strong>dos</strong> professores, tangenciais à<br />

questão do trato com as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> e <strong>de</strong> certa forma<br />

convergindo para um estudo mais sistemático <strong>de</strong>ssa questão. O Curso <strong>de</strong><br />

Formação <strong>de</strong> Docentes propicia a compreensão suficiente sobre as<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>? Qual o entendimento por parte das alu<strong>na</strong>s<br />

sobre o tema “dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>”? No entendimento das alu<strong>na</strong>s o<br />

que se consi<strong>de</strong>ram <strong>problemas</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>? Qual ou quais as discipli<strong>na</strong>s<br />

14


que propiciam melhores reflexões sobre o assunto? O futuro professor sente-se<br />

seguro para atuar em sala <strong>de</strong> aula com pleno conhecimento das dificulda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> que irá <strong>de</strong>parar-se? Quais as experiências sobre as quais<br />

houve reflexão e discussão para estabelecimento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do<br />

encaminhamento?<br />

Atentando para essa série <strong>de</strong> interrogações, propusemos nosso estudo<br />

sobre o conhecimento das dificulda<strong>de</strong>s por parte <strong>dos</strong> futuros professores em<br />

uma etapa básica, contemplando nossas indagações. Aplicamos um<br />

questionário com as indagações apresentadas, estabelecendo sempre a<br />

justificativa <strong>de</strong> cada resposta e percebemos claramente que as alu<strong>na</strong>s têm<br />

consciência <strong>de</strong> que o curso <strong>de</strong>veria ir muito mais além.<br />

A escola não po<strong>de</strong> limitar-se à função <strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r. Exige-se-lhe, cada vez mais, a<br />

função <strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r e a ocupação educativa <strong>dos</strong> tempos livres com ações pedagógicas.<br />

A escola <strong>de</strong>ve estar cada vez mais próxima da realida<strong>de</strong>. Muitos <strong>dos</strong> <strong>problemas</strong><br />

enfrenta<strong>dos</strong> por ela relacio<strong>na</strong>m-se com a crescente diversida<strong>de</strong> cultural e social <strong>dos</strong><br />

alunos. (Veiga 2002:68).<br />

A concepção <strong>de</strong> escola é outra. É preciso refletir sobre o processo <strong>de</strong><br />

<strong>formação</strong> para colocar à disposição <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os alunos o acesso aos bens<br />

culturais. O aprimoramento do processo <strong>de</strong> <strong>formação</strong> requer muita ousadia e<br />

criativida<strong>de</strong>. Dada a importância do trabalho do professor para a melhoria do<br />

atendimento escolar, fica evi<strong>de</strong>nciada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investir <strong>na</strong> qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>formação</strong> profissio<strong>na</strong>l para o magistério e no aperfeiçoamento das<br />

condições <strong>de</strong> trabalho <strong>na</strong>s escolas.<br />

A amostra da pesquisa <strong>de</strong>monstra a consciência das alu<strong>na</strong>s quanto ao<br />

déficit com relação à sua <strong>formação</strong>, consi<strong>de</strong>rando-a <strong>de</strong>ficitária e não<br />

contemplativa à compreensão a respeito das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> que<br />

po<strong>de</strong>rão vir a enfrentar em sua atuação profissio<strong>na</strong>l. Vejamos algumas<br />

<strong>de</strong>clarações com relação à questão sobre a suficiente compreensão a respeito<br />

das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>:<br />

“O assunto não é tratado com a <strong>de</strong>vida importância.”<br />

“Não existe uma matéria específica e os professores das outras matérias<br />

acabam não nos orientando com relação a essas questões.”<br />

15


“Os professores colocam o futuro como perfeito, <strong>de</strong>ixando a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fora. Muitos professores <strong>de</strong>ixam a <strong>de</strong>sejar.”<br />

“Em nenhum momento da <strong>formação</strong> o curso se volta para as<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>.”<br />

Através <strong>de</strong>stes exemplos percebemos que as alu<strong>na</strong>s sentem uma<br />

lacu<strong>na</strong> <strong>na</strong> <strong>formação</strong> e <strong>de</strong>tectam inclusive on<strong>de</strong> estão as falhas.<br />

Algumas simplesmente não conseguem explicar o que são as<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, incapazes ainda <strong>de</strong> citar algumas que<br />

porventura pu<strong>de</strong>ssem ter ouvido comentários a respeito. Eis algumas respostas<br />

quanto à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> e respectivamente alguns<br />

exemplos:<br />

“Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> pra mim é o <strong>de</strong>scomprometimento das<br />

pessoas que trabalham <strong>na</strong> área da educação.” A mesma alu<strong>na</strong> cita como<br />

exemplos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>: “Com certeza são: trabalhar por<br />

dinheiro, <strong>de</strong>scaso, falta <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>, acomodação e principalmente falta <strong>de</strong><br />

amor pelo que faz.”<br />

Percebemos que a alu<strong>na</strong> <strong>de</strong>sconhece os <strong>problemas</strong> específicos<br />

apresenta<strong>dos</strong> pelo aluno em sala <strong>de</strong> aula, acreditando que o professor é capaz<br />

<strong>de</strong> evitar todo e qualquer problema, o que não é verda<strong>de</strong>, pois muitas<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> não são <strong>de</strong> cunho metodológico e pedagógico,<br />

necessitando o professor <strong>de</strong>ter conhecimentos para i<strong>de</strong>ntificá-los para uma<br />

possível superação.<br />

A maioria das alu<strong>na</strong>s apresenta entendimento do que sejam as<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, porém não têm clareza <strong>de</strong> como i<strong>de</strong>ntificá-las e<br />

até que ponto <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser simplesmente um problema metodológico para<br />

tor<strong>na</strong>r-se um problema orgânico que merece a atenção <strong>de</strong> outros profissio<strong>na</strong>is.<br />

“Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> são as dificulda<strong>de</strong>s em apren<strong>de</strong>r,<br />

po<strong>de</strong>ndo ocorrer por diversas razões (falta <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong>, atraso no seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, ou <strong>de</strong>vido às condições em que a relação <strong>de</strong> ensino é<br />

produzida. Segundo a abordagem maturacionista as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizagem</strong> se dão pela imaturida<strong>de</strong> ou atraso no <strong>de</strong>senvolvimento, já a<br />

16


histórico-cultural <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a relação com as condições <strong>de</strong>ficientes do ensino”. A<br />

mesma alu<strong>na</strong> respon<strong>de</strong> da seguinte a forma a questão para cite e comente as<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> que tem conhecimento: “Na maioria <strong>dos</strong> casos é<br />

<strong>de</strong>tectado que o aluno não acompanha o <strong>de</strong>senvolvimento da aula <strong>de</strong>vido ás<br />

falhas <strong>na</strong>s metodologias aplicadas pelo educador.”<br />

Ou seja, a visão <strong>de</strong> que a metodologia é <strong>na</strong> maioria <strong>dos</strong> casos o<br />

fantasma das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>. Muita vezes é isso mesmo que<br />

acontece, porém não são casos exclusivos e nossa preocupação recai sobre o<br />

fato <strong>de</strong> que, tal alu<strong>na</strong> quando profissio<strong>na</strong>l, estará preocupada em diagnosticar<br />

falhas em sua metodologia, única e exclusivamente <strong>de</strong>sconhecendo as<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> que envolvem o trabalho conjunto com outros<br />

profissio<strong>na</strong>is. Esta mesma alu<strong>na</strong> não consi<strong>de</strong>ra-se suficientemente preparada<br />

para encarar o problema.<br />

Algumas alu<strong>na</strong>s afirmam que “O curso propicia a compreensão<br />

suficiente sobre as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, pois temos mestres<br />

competentes e a <strong>aprendizagem</strong> é ótima.” Porém quando indagada a respeito<br />

<strong>de</strong> que enten<strong>de</strong> ser as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, quais suas causas e para<br />

citá-las e comentá-las, a resposta é a seguinte: “Dificulda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser falta <strong>de</strong><br />

conhecimento. As causas po<strong>de</strong>m ser falta <strong>de</strong> leitura, <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> assistir o<br />

jor<strong>na</strong>l, <strong>de</strong> ler revistas. As dificulda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser <strong>na</strong> oratória, a timi<strong>de</strong>z, a voz.”<br />

Embora a alu<strong>na</strong> afirme que se garante o domínio das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizagem</strong>, a mesma não tem o mínimo <strong>de</strong> entendimento o que realmente<br />

são e quais são estas dificulda<strong>de</strong>s.<br />

É o que afirma uma outra questio<strong>na</strong>da: “Não recebemos as informações<br />

suficientes sobre as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>. Os conteú<strong>dos</strong> são<br />

passa<strong>dos</strong> muito rápido. Quando termi<strong>na</strong>do o conteúdo o assunto passa<br />

<strong>de</strong>sapercebido ou até nem é explicado a seu tempo. As próprias alu<strong>na</strong>s têm<br />

gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>. Os professores faltam muito e assim<br />

dão o conteúdo incompleto ou sem planejamento correto.”<br />

O que percebemos é que dificilmente se coloca às alu<strong>na</strong>s a realida<strong>de</strong><br />

com a qual irão se <strong>de</strong>parar enquanto profissio<strong>na</strong>is.<br />

[...] algumas das mais sérias dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas <strong>na</strong> educação brasileira estão<br />

17


diretamente relacio<strong>na</strong>das ao fracasso das INSTITUIÇÕES FORMADORAS em educar<br />

e preparar professores para “realida<strong>de</strong>s” e “culturas” com as quais <strong>de</strong>verão lidar, cujo<br />

caráter é essencialmente dinâmico, e que não lhes são <strong>de</strong>sveladas ao longo <strong>de</strong> sua<br />

<strong>formação</strong> profissio<strong>na</strong>l.” (Fel<strong>de</strong>ns,1998:129).<br />

Ao não preparar as alu<strong>na</strong>s para a realida<strong>de</strong> <strong>na</strong> qual precisarão<br />

reconhecer as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus alunos, bem como as formas possíveis <strong>de</strong><br />

auxiliá-los <strong>na</strong> superação das mesmas, corre-se o risco <strong>de</strong> estarmos preparando<br />

profissio<strong>na</strong>is para um “mundo do trabalho”, no qual suas habilida<strong>de</strong>s e<br />

compreensões são i<strong>na</strong><strong>de</strong>quadas, tendo em vista as complexas, múltiplas e<br />

variáveis tarefas <strong>na</strong>s quais <strong>de</strong>vem se engajar e pelas quais terão<br />

responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Assim, a ausência do respeito e atenção efetivos ao “mundo real das coisas escolares”<br />

e sociais, característica <strong>dos</strong> programas <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> educadores, tem tido como<br />

resultado um professor <strong>de</strong>spreparado, <strong>de</strong>sarmado para lidar e trabalhar com a<br />

irredutível heterogeneida<strong>de</strong> das classes, a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estágios <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> herança e vivências culturais, <strong>de</strong><br />

relações com a linguagem e o saber <strong>dos</strong> alunos e suas comunida<strong>de</strong>s. (Fel<strong>de</strong>ns,<br />

1998:130).<br />

O Curso <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Docentes em nível médio, <strong>de</strong>veria oferecer<br />

aos futuros professores a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r alguma coisa diferente<br />

daquilo que professores <strong>na</strong>s escolas po<strong>de</strong>m oferecer: uma perspectiva que<br />

revele e <strong>de</strong>svele a conscientização <strong>na</strong>s escolas e salas <strong>de</strong> aula e que permita<br />

aos estudantes “aprendizes” conhecer e experienciar uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

referenciais que dêem significado ao que se passa no cotidiano escolar tanto<br />

do ponto <strong>de</strong> vista da <strong>formação</strong> teórica como prática. Como po<strong>de</strong>mos esperar e<br />

buscar nos professores e futuros professores uma postura crítica com relação<br />

às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> sem que tenham vivenciado experiências<br />

nessa área?<br />

As alu<strong>na</strong>s colocam situações como:<br />

“Poucas discipli<strong>na</strong>s levantaram questões sobre as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizagem</strong>. Entre elas a que mais enfocou o problema foi o Estágio<br />

Supervisio<strong>na</strong>do”<br />

“O Estágio Supervisio<strong>na</strong>do colaborou para que observássemos algumas<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>dos</strong> alunos. Mas era assim, víamos <strong>na</strong> escola o problema,<br />

comentávamos <strong>na</strong> aula <strong>de</strong> estágio e pronto. Nunca houve um trabalho para que<br />

18


compreendêssemos essas dificulda<strong>de</strong>s.”<br />

“O Estágio Supervisio<strong>na</strong>do proporcionou reflexões em condições reais<br />

<strong>de</strong> ensino, no campo <strong>de</strong> atuação. As metodologias colaboraram vagamente<br />

pois os estu<strong>dos</strong> foram dirigi<strong>dos</strong> pelos colegas <strong>de</strong> turma, que realizavam os<br />

trabalhos ape<strong>na</strong>s para serem avalia<strong>dos</strong>, gerando assim uma gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência.”<br />

“Não po<strong>de</strong>ria citar nenhuma discipli<strong>na</strong> que tenha efetivamente<br />

colaborado para a compreensão das dificulda<strong>de</strong>s normalmente <strong>de</strong>tectadas em<br />

nossa escolas, uma vez que todas as mencio<strong>na</strong>ram superficialmente sem<br />

enumerá-las e menos ainda sem efetivar um levantamento <strong>dos</strong> procedimentos<br />

para as possíveis soluções.”<br />

A pesquisa mostrou ainda que 94% das futuras professoras não<br />

sentem-se preparadas para a atuação em sala <strong>de</strong> aula quando o assunto<br />

reporta-se às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>. Como dito anteriormente, embora<br />

a amostra seja peque<strong>na</strong>, o percentual apontado é bastante preocupante,<br />

havendo necessida<strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> repensarmos o problema <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong> Cursos<br />

<strong>de</strong> Formação em nível médio.<br />

Se nossa intenção é autêntica no que diz respeito à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que escolas<br />

públicas eduquem, encorajem e ampliem os horizontes das crianças que, pelo menos,<br />

a elas têm acesso, temos que nos conscientizar <strong>de</strong> que é admissível que as<br />

instituições formadoras <strong>de</strong> educadores estejam a restringir ou mesmo retardar o<br />

crescimento ou <strong>de</strong>senvolvimento das aprendizagens <strong>de</strong> competências percebidas e<br />

assumidas como pertinentes para profissio<strong>na</strong>is da área no contexto da educação<br />

escolar contemporânea. (Fel<strong>de</strong>ns, 1998:130).<br />

A falta <strong>de</strong> preparo <strong>dos</strong> educadores, bem como propostas sem nenhuma<br />

sistematização (pensar sistematização como possibilida<strong>de</strong>s e não como<br />

amarras) po<strong>de</strong> recair em outro engodo educacio<strong>na</strong>l, a falta <strong>de</strong> conhecimentos<br />

básicos que permitam ao sujeito trilhar seu próprio caminho.<br />

Como po<strong>de</strong>mos perceber, não é um caminho fácil compatibilizar os<br />

percursos pessoais à <strong>formação</strong> efetiva <strong>dos</strong> sujeitos sem recair em um<br />

esvaziamento <strong>dos</strong> conhecimentos, é algo a ser criado, que não tem regras<br />

claras, mas exige sobretudo um gran<strong>de</strong> preparo por parte <strong>dos</strong> futuros<br />

educadores.<br />

19


Estes <strong>de</strong>vem rever a sua <strong>formação</strong> profissio<strong>na</strong>l, adquirindo também<br />

novas habilida<strong>de</strong>s e saberes menos ortodoxos e sobretudo apren<strong>de</strong>r a<br />

trabalhar em equipe, algo muito falado mas pouco efetivo nos espaços<br />

escolares em geral.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O TEMPO DA ESCOLA E O TEMPO DA SOCIEDADE<br />

Atualmente aponta-se que o tempo da escola e o tempo da socieda<strong>de</strong><br />

são conceitualmente distintos, que o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a educação é pôr em<br />

prática hoje o que servirá para o amanhã, que sua lentidão em se transformar,<br />

em se adaptar às necessida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> e assim fazer ante os<br />

<strong>de</strong>safios do futuro e que a escola funcio<strong>na</strong> <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> hoje com efeitos <strong>na</strong><br />

socieda<strong>de</strong> do futuro.<br />

Discordamos <strong>de</strong> tais consi<strong>de</strong>rações e enten<strong>de</strong>mos que a maior<br />

dificulda<strong>de</strong> da escola é garantir a apropriação do saber para que os indivíduos<br />

tenham a consciência da trans<strong>formação</strong> coletiva, que dominem os<br />

conhecimentos historicamente acumula<strong>dos</strong> em prol do bem comum: a<br />

superação das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s.<br />

Assim sendo, percebemos que a educação enfrenta em geral gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>problemas</strong>. O problema mais crítico se refere ao professor, sob vários<br />

aspectos. Embora reconhecendo que o salário e a condição social são<br />

prelimi<strong>na</strong>res para que se possa atacar o essencial, que é a sua <strong>formação</strong><br />

profissio<strong>na</strong>l.<br />

As gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s da educação são centradas <strong>na</strong> <strong>formação</strong><br />

i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada do professor. Essa i<strong>na</strong><strong>de</strong>quação resi<strong>de</strong> sobretudo em dois setores:<br />

falta <strong>de</strong> capacitação para conhecer o aluno e obsolescência <strong>dos</strong> conteú<strong>dos</strong><br />

adquiri<strong>dos</strong> nos Cursos <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Docentes em nível médio.<br />

Conhecer os alunos vai muito além daquilo que é proporcio<strong>na</strong>do pela<br />

discipli<strong>na</strong> <strong>de</strong> Psicologia <strong>de</strong> Aprendizagem e do Desenvolvimento, ou ainda pelo<br />

20


contato rápido com as crianças em campo <strong>de</strong> estágio. Há uma distância<br />

enorme entre aquilo que se consi<strong>de</strong>ra fronteira em cognição e aquilo que se<br />

ensi<strong>na</strong> <strong>na</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores.<br />

É i<strong>na</strong>dmissível que os Cursos <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Professores em nível<br />

médio estejam ministrando conteú<strong>dos</strong> fundamenta<strong>dos</strong> em uma ciência<br />

acabada, morta e <strong>de</strong>satualizada focada <strong>na</strong> mecanicida<strong>de</strong> do processo docente.<br />

Será cada vez mais difícil motivar professores, e conseqüentemente alunos, a<br />

estudar uma ciência que <strong>na</strong>sceu com o intuito <strong>de</strong> manter a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e o<br />

status quo. Argumentos com base em práticas ultrapassadas, que apóiam a<br />

<strong>na</strong>tureza linear do conhecimento, amparadas numa história distorcida, com<br />

argumentações para justificá-la, não bastam para apontar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

programas com uma di<strong>na</strong>micida<strong>de</strong> crítica.<br />

O perfil do bom professor mudou, não <strong>de</strong>ve ser mais em função do lado<br />

do quadro que inicia suas observações, tampouco como apaga o quadro <strong>de</strong><br />

giz. O professor hoje <strong>de</strong>ve saber como garantir os conhecimentos a TODOS os<br />

seus alunos e como agir para que isso se efetive. Deve ter pleno conhecimento<br />

das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> e as formas <strong>de</strong> superá-las.<br />

Para tanto, os Cursos <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Docentes em nível médio<br />

<strong>de</strong>verão reformular seus currículos, reorientando-o para que seus alunos<br />

sejam forma<strong>dos</strong> como pesquisadores. O aluno investiga e se revela <strong>na</strong> medida<br />

em que o curso vai se <strong>de</strong>senvolvendo. Assim, como sujeito <strong>de</strong> pesquisa, tendo<br />

como fundamentá-la, é não menos que essencial para que um professor possa<br />

dizer que conhece seu aluno e isso só ocorrerá quando o professor, como<br />

pesquisador, efetivamente pesquisar seu aluno. Não se conhecem alunos sem<br />

que se criem condições <strong>de</strong> contato/comunicação aluno-professor, com to<strong>dos</strong><br />

equivalentes e <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> da etnografia, e isso só se dá a partir da aula.<br />

Qualquer outra tentativa é falsificadora e abstrata.<br />

O professor- pesquisador é a solução para conhecer a classe, seus<br />

<strong>problemas</strong> e dificulda<strong>de</strong>s, ou seja, sua heterogeneida<strong>de</strong>. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

investigar cada dificulda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> dar aos alunos um tratamento diferenciado –<br />

questões <strong>de</strong> diferentes graus <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>, leituras variadas e recurso a<br />

experiências <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza distinta – exige do professor uma <strong>formação</strong> com<br />

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outras características.<br />

O conhecimento sem dúvida é essencial. O futuro professor <strong>de</strong>verá<br />

receber uma <strong>dos</strong>e <strong>de</strong> conhecimentos básicos essenciais, enormemente<br />

reduzida ao que se faz atualmente. A maioria do que se ensi<strong>na</strong> não é básico e<br />

está no currículo única e exclusivamente por tradição (ou muitas vezes nem<br />

está, mas os professores continuam a reproduzir práticas passadas).<br />

Além <strong>dos</strong> conhecimentos básicos, o professor <strong>dos</strong> anos iniciais tem que<br />

ser competente como pesquisador. O curso <strong>de</strong>ve prepará-lo a um buscar<br />

constante para que perceba on<strong>de</strong>, quando e como <strong>de</strong>verá utilizar-se <strong>dos</strong><br />

conhecimentos construí<strong>dos</strong>. O que acontece normalmente é algo semelhante<br />

ao seguinte poema divulgado por René Thom:<br />

Havia um homem<br />

Que apren<strong>de</strong>u a matar dragões<br />

E <strong>de</strong>u tudo que possuía<br />

Para se aperfeiçoar <strong>na</strong> arte.<br />

Depois <strong>de</strong> três anos<br />

Ele se achava perfeitamente preparado mas,<br />

Que frustração, não encontrou oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> praticar sua habilida<strong>de</strong>.<br />

Como resultado ele resolveu<br />

ensi<strong>na</strong>r como matar dragões.<br />

O que queremos ilustrar com tal exemplo? Que muitos <strong>dos</strong><br />

conhecimentos trabalha<strong>dos</strong> no interior <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professores<br />

não terão utilida<strong>de</strong> alguma, e o que realmente é necessário acaba passando<br />

<strong>de</strong>sapercebido, não recebendo a <strong>de</strong>vida atenção ou nem mesmo sendo<br />

cogitado, como é o caso das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>.<br />

Os alunos <strong>dos</strong> Cursos <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Docentes em nível médio,<br />

necessitam <strong>de</strong> um mínimo <strong>de</strong> conhecimento básico e <strong>de</strong>vem ser expostos à<br />

pesquisa, <strong>de</strong>vem ser capazes <strong>de</strong> produzir alguma coisa, por mo<strong>de</strong>sta que seja<br />

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com relação à <strong>aprendizagem</strong> <strong>dos</strong> alunos e às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>correntes.<br />

Nenhum curso é capaz <strong>de</strong> preparar o professor para ensi<strong>na</strong>r bem o<br />

conhecimento científico mo<strong>de</strong>rno, aquilo que está em construção. A evolução é<br />

tão rápida que em pouco tempo o conhecimento tor<strong>na</strong>r-se-á obsoleto. Mas os<br />

Cursos <strong>de</strong> Formação po<strong>de</strong>rão dar a ele a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao<br />

conhecimento, ao questio<strong>na</strong>r constante e ao buscar respostas à suas<br />

indagações e, conseqüentemente, por qual ou quais motivos seus alunos não<br />

apren<strong>de</strong>m.<br />

Faz-se necessário dar um basta <strong>na</strong> manutenção do status-quo, <strong>na</strong><br />

tentativa <strong>de</strong> se enga<strong>na</strong>r e enga<strong>na</strong>r o povo, ao investir no velho e no<br />

ultrapassado. Ao construir um número <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> aula com ape<strong>na</strong>s quadro <strong>de</strong><br />

escrever e giz, e enviar para lecio<strong>na</strong>r nessas escolas professores recebendo<br />

um péssimo salário, após ter recebido uma <strong>formação</strong> <strong>de</strong>ficitária, o governo<br />

estará ape<strong>na</strong>s enga<strong>na</strong>ndo a toda população.<br />

Os próprios professores <strong>dos</strong> futuros professores <strong>de</strong>vem assumir-se<br />

como protagonistas do seu trabalho exigindo até mesmo das instituições em<br />

que atuam condições <strong>de</strong> preparar e formar conscientemente seus alunos. É<br />

preciso <strong>de</strong>senvolver a competência pela investigação do processo <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizagem</strong> e também da não-<strong>aprendizagem</strong>.<br />

Devemos enten<strong>de</strong>r que os professores <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os níveis são sujeitos<br />

<strong>de</strong> seu tempo, mas também contra esse tempo. Na medida em que transgri<strong>de</strong><br />

as normas abre novos espaços <strong>de</strong> expressão se estes forem acolhi<strong>dos</strong> como<br />

caminho, os que não forem <strong>de</strong>saparecem da mesma forma que surgiram. Só<br />

se mantêm, mesmo que contrariando a maioria das tendências<br />

contemporâneas, as propostas a que forem <strong>de</strong>feri<strong>dos</strong> valores em si.<br />

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ARCO-VERDE. In: PARANÁ. Proposta Curricular para o Curso <strong>de</strong> Formação<br />

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buscando compreensões e parcerias institucio<strong>na</strong>is. In: SERBINO, Raquel<br />

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contínua <strong>de</strong> professores. In: SERBINO, Raquel V.et al. Formação <strong>de</strong><br />

Professores. São Paulo: UNESP,1998.<br />

MELLO, Guiomar Namo <strong>de</strong>. Magistério <strong>de</strong> primeiro Grau: da competência<br />

técnica ao compromisso político. São Paulo: Cortez, 2003.<br />

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políticas e <strong>de</strong>bates. Campi<strong>na</strong>s: Papirus, 2002.<br />

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