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Avaliação Ergonômica dos Operadores de Torno CNC (Controle ...

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<strong>Avaliação</strong> <strong>Ergonômica</strong> <strong>dos</strong> <strong>Operadores</strong> <strong>de</strong> <strong>Torno</strong> <strong>CNC</strong> (<strong>Controle</strong> Numérico<br />

Computadorizado): Algias e Desconfortos Provenientes <strong>de</strong>sta Ativida<strong>de</strong> Laboral<br />

Ângela Sirena Andretta<br />

a.sirena@terra.com.br<br />

RESUMO: Atualmente, a ergonomia está sendo inserida nos programas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />

segurança, saú<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> das empresas, mudando o sistema <strong>de</strong> trabalho, a<strong>de</strong>quando as<br />

ativida<strong>de</strong>s às características, habilida<strong>de</strong>s e limitações humanas, <strong>de</strong> forma segura e eficiente. O<br />

operador <strong>de</strong> torno <strong>CNC</strong>, é um exemplo <strong>de</strong>ntro da indústria metalúrgica, <strong>de</strong> um trabalho<br />

se<strong>de</strong>ntário e especializado, o qual impõe posturas paradoxais. O operado trabalha a jornada<br />

diária na posição em pé e muitas vezes, apenas aguardando o trabalho da máquina. Este é o<br />

período critico, on<strong>de</strong> o operador fica submetido a posturas ainda mais prejudiciais. Desta<br />

forma, os mesmos acabam adaptando sua postura, porém ina<strong>de</strong>quadamente, sentando em<br />

locais impróprios, apoiando-se na máquina, escorando-se na bancada, etc. Conforme NR 17,<br />

sempre que o trabalho for realizado em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis,<br />

<strong>de</strong>vem proporcionar ao trabalhador, condições <strong>de</strong> boa postura, visualização, operação e <strong>de</strong>ve<br />

existir assento para <strong>de</strong>scanso. To<strong>dos</strong> os equipamentos que compõe um posto <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>de</strong>vem estar a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> às características psicofisiológicas <strong>dos</strong> trabalhadores e a natureza do<br />

trabalho a ser executado.<br />

Palavras-chave: Ergonomia, torno <strong>CNC</strong>, postura.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A saú<strong>de</strong> e o bem estar do trabalhador, nas últimas décadas, vem sendo prejudicada<br />

<strong>de</strong>vido às modificações nos processos laborais, sejam elas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m tecnológica ou da<br />

organização do trabalho. As exigências <strong>de</strong> aumento da produtivida<strong>de</strong> além da diminuição do<br />

número <strong>de</strong> emprega<strong>dos</strong>, em função <strong>de</strong> sucessivas crises econômicas, fazem com que nas<br />

ativida<strong>de</strong>s estejam implica<strong>dos</strong> custos humanos que acabam por resultar em <strong>de</strong>sgaste físico e<br />

mental do trabalhador, dando margem à instalação <strong>de</strong> dores e <strong>de</strong>sconfortos. Neste contexto, a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida no trabalho é uma constante preocupação do homem com o objetivo <strong>de</strong><br />

facilitar ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução da sua ativida<strong>de</strong><br />

profissional (Rodrigues, 1994).<br />

Cada vez mais, a ergonomia vem entrando nos ambientes <strong>de</strong> trabalho. Ela insere-se nos<br />

programas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> segurança, saú<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> das empresas, tendo como objetivo<br />

a modificação <strong>dos</strong> sistemas <strong>de</strong> trabalho, a<strong>de</strong>quando as ativida<strong>de</strong>s às características,<br />

habilida<strong>de</strong>s e limitações humanas, consi<strong>de</strong>rando o <strong>de</strong>sempenho eficiente, confortável e seguro<br />

<strong>de</strong>stes sistemas.


Silveira (2004) <strong>de</strong>fine ergonomia como “uma disciplina voltada para o entendimento<br />

das condições da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção e construção <strong>de</strong> dispositivos e recursos <strong>de</strong><br />

intervenção que permitam uma estrutura <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> natureza participativa, tecnicamente<br />

gerenciada e suportada.” A ergonomia enfoca três elementos: o ser humano, estudando as<br />

características físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais; a máquina, analisando<br />

equipamentos, ferramentas, mobiliários e instalações; e o ambiente, a<strong>de</strong>quando temperatura,<br />

ruí<strong>dos</strong>, vibração e iluminação. O estudo e a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>stes três elementos permitem<br />

organizar o trabalho <strong>de</strong> forma favorável ao ser humano e ao sistema produtivo.<br />

Hoje em dia, é comum encontrarmos nas indústrias, postos <strong>de</strong> trabalho ina<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> à<br />

realida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> seus colaboradores. Nos setores da produção, prevalece a postura <strong>de</strong> pé, que é<br />

adotada pelos trabalhadores por longos perío<strong>dos</strong>, durante a sua jornada <strong>de</strong> trabalho. Ficar em<br />

pé por tempo prolongado não só causa fadiga da musculatura responsável pelo trabalho<br />

estático, mas também <strong>de</strong>sconforto, causado pelas condições adversas do fluxo <strong>de</strong> retorno<br />

venoso. Esta postura exige um trabalho estático para a imobilização prolongada das<br />

articulações <strong>dos</strong> pés, joelhos e quadris, aumentando a pressão hidrostática do sangue nos<br />

vasos sangüíneos <strong>dos</strong> membros inferiores e a restrição geral da circulação linfática nas<br />

extremida<strong>de</strong>s inferiores (Grandjean, 2005).<br />

As lesões <strong>de</strong> evolução insidiosa, embora representem comumente as formas mais graves<br />

<strong>de</strong> adoecimento da coluna, nem sempre têm a sua relação com o trabalho reconhecida.<br />

Segundo Possas (1989), a dificulda<strong>de</strong> da percepção da relação <strong>de</strong> causa e efeito entre o<br />

trabalho e a doença po<strong>de</strong> ser explicada, pelo caráter cumulativo e <strong>de</strong>morado <strong>dos</strong> efeitos; sendo<br />

muito mais clara no caso do aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho, dado o seu caráter súbito e traumático.<br />

O trabalho se<strong>de</strong>ntário e especializado, o qual é a ativida<strong>de</strong> que mais cresce em países<br />

industrializa<strong>dos</strong>, requer concentração em sua execução (por mais simples que o trabalho seja).<br />

Isto impõe ao corpo posturas paradoxais: enquanto segmentos corporais permanecem<br />

estáticos por longos perío<strong>dos</strong> <strong>de</strong> tempo, como a coluna vertebral, outros como os membros<br />

superiores precisam realizar movimentos altamente repetitivos; tal condição predispõe ao<br />

aparecimento <strong>de</strong> lesões (Coury,1993).<br />

Um bom exemplo <strong>de</strong>stas situações é torno <strong>de</strong> comando numérico computadorizado<br />

(<strong>CNC</strong>), uma máquina utilizada em indústrias metalúrgicas para o torneamento <strong>de</strong> peças <strong>de</strong><br />

pequeno a gran<strong>de</strong> porte, <strong>de</strong> forma programada conforme especificações. Desta forma,<br />

operador <strong>de</strong> <strong>CNC</strong>, sofre intensamente com os problemas oriun<strong>dos</strong> da postura em pé. Assim,<br />

após programar a máquina que é computadorizada, o torneiro fica aguardando o final do<br />

trabalho da mesma. Neste período, ele apenas observa o trabalho da máquina, permanecendo


em pé, ociosamente. Este é, sem dúvida, o período mais crítico para o operador, pois fica<br />

submetido a posturas ainda mais prejudiciais. Em vista disto, é comum que os próprios<br />

trabalhadores procurem adaptar as suas posturas, entretanto nem sempre o fazem <strong>de</strong> forma<br />

a<strong>de</strong>quada, po<strong>de</strong>ndo levar a mais problemas. Neste caso, os trabalhadores alternam a sua<br />

postura, sentando em locais impróprios, apoiando-se na própria máquina, escorando-se nas<br />

bancadas etc, a fim <strong>de</strong> tentar amenizar a sua dor e/ou <strong>de</strong>sconforto. Muitos permanecem<br />

senta<strong>dos</strong> em banquetas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, sem assento acolchoado, o que proporciona uma postura<br />

estática em flexão <strong>de</strong> tronco, membros inferiores fleti<strong>dos</strong> e membros superiores apoia<strong>dos</strong> nas<br />

pernas, provocando tensão excessiva na musculatura das costas e gerando pressão não<br />

uniforme <strong>dos</strong> discos intervertebrais.<br />

A postura sentada, mesmo seguindo todas as orientações posturais, acarreta uma carga<br />

biomecânica significativa sobre os discos intervertebrais principalmente na região lombar, e<br />

quando o trabalho possibilita pouca margem para movimentação, tem como conseqüência,<br />

carga estática sobre certos segmentos corporais, que embora não intensa, mas contínua, e<br />

associada à inércia músculo-ligamentar, po<strong>de</strong> provocar fadiga. Além <strong>de</strong> o colaborador<br />

adquirir uma postura correta <strong>de</strong> trabalho, ele <strong>de</strong>ve também realizar as pausas durante o<br />

trabalho para a <strong>de</strong>scompressão das articulações e quebra da monotonia, melhorando o<br />

rendimento intelectual (Rio, 1999).<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista ortopédico e fisiológico, é altamente recomendável um local <strong>de</strong><br />

trabalho que permita ao operador alternar o trabalho sentado com a postura em pé, pois ficar<br />

em pé e sentar geram cargas em diferentes músculos e, portanto, a alternância permite relaxar<br />

alguns grupos musculares, enquanto outros estão sobrecarrega<strong>dos</strong> (Grandjean, 2005).<br />

Neste sentido, o objetivo do presente estudo, foi analisar os aspectos ergonômicos <strong>de</strong><br />

operadores <strong>de</strong> torno <strong>CNC</strong> e <strong>de</strong>screver as algias e os <strong>de</strong>sconfortos provenientes <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong><br />

profissional.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Este trabalho foi realizado com da<strong>dos</strong> coleta<strong>dos</strong> em uma empresa metalúrgica,<br />

localizada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias do Sul, que produz ferramentas para perfuração e extração <strong>de</strong><br />

petróleo. A empresa possui 20 postos <strong>de</strong> trabalho com torno <strong>CNC</strong>.<br />

Casuística<br />

Foram avalia<strong>dos</strong> 37 trabalhadores, operadores <strong>de</strong> torno <strong>CNC</strong>, com ida<strong>de</strong>s variando<br />

entre 18,5 e 50,7 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (31,7 + 7,4), e com tempo <strong>de</strong> serviço na ativida<strong>de</strong> variando <strong>de</strong><br />

0,3 a 24,0 anos.


Procedimentos<br />

Num primeiro momento, foi aplicado um questionário para i<strong>de</strong>ntificar o perfil do<br />

operador e a incidência <strong>de</strong> dor e <strong>de</strong>sconforto do mesmo. Em seguida, foi realizada uma<br />

avaliação antropométrica do operador e medidas do posto <strong>de</strong> trabalho. Foram medi<strong>dos</strong> no<br />

operador: massa, estatura, altura do cotovelo ao chão, comprimento do braço. Foram medi<strong>dos</strong><br />

no torno: altura do chão até o primeiro botão, chão até o último botão, altura da bancada,<br />

altura e largura do estrado. Foram utilizadas para as medições: uma trena metálica da marca<br />

Sanny, uma balança digital da marca Plenna.<br />

Tratamento Estatístico<br />

Foi utilizada a estatística <strong>de</strong>scritiva unidimensional para apresentação <strong>dos</strong> valores<br />

mínimos, máximos, média e <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> todas as variáveis estudadas. Os locais <strong>de</strong> dor e<br />

<strong>de</strong>sconforto, referi<strong>dos</strong> pelos colaboradores, foram apresenta<strong>dos</strong> na forma <strong>de</strong> porcentagem <strong>de</strong><br />

ocorrência e <strong>de</strong> valores médios <strong>de</strong> uma escala subjetiva que varia <strong>de</strong> 0 a 10 para i<strong>de</strong>ntificar a<br />

intensida<strong>de</strong> da dor.<br />

RESULTADOS<br />

A análise <strong>de</strong>scritiva das variáveis antropométricas é apresentada na tabela 1, por meio<br />

<strong>de</strong> seus valores máximos, mínimos, médias e <strong>de</strong>svios padrão.<br />

Tabela 1. Características antropométricas <strong>dos</strong> sujeitos do estudo.<br />

Mínimo Máximo Média DP<br />

Massa 57,0 110,0 77,6 10,1<br />

Estatura 163,0 195,0 174,6 7,3<br />

IMC 20,2 32,2 25,5 2,9<br />

Altura Radial 97,0 122,0 106,8 5,8<br />

Compr. ABr 44,0 54,0 48,4 2,6<br />

Compr. MS 67,1 91,2 78,9 5,1<br />

Fonte: o autor, 2006.<br />

O valor médio da massa corporal <strong>dos</strong> sujeitos do estudo é <strong>de</strong> 77,6kg, com estatura<br />

média <strong>de</strong> 174,0cm. O índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC) médio é <strong>de</strong> 25,5kg/m 2 revelando<br />

sobrepeso na população avaliada. A altura radial média é <strong>de</strong> 106,8cm e o comprimento médio<br />

do antebraço e membro superior é <strong>de</strong> 48,4cm e 78,9cm sucessivamente. A diferença entre os


valores mínimos e máximos <strong>de</strong> estatura e comprimento do membro superior <strong>dos</strong> avalia<strong>dos</strong> é<br />

bastante significativa, o que sugere possíveis ina<strong>de</strong>quações posturais <strong>dos</strong> colaboradores, nos<br />

seus postos <strong>de</strong> trabalho.<br />

O conhecimento <strong>dos</strong> fatores humanos e condições <strong>de</strong> trabalho nas empresas e a busca<br />

constante <strong>de</strong> melhorias, influencia diretamente a satisfação do trabalhador, levando ao<br />

aumento da produtivida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong> do trabalho. O conhecimento <strong>de</strong>sses fatores é<br />

fundamental para que a área <strong>de</strong> trabalho, o seu arranjo, os equipamentos e as ferramentas<br />

sejam bem adapta<strong>dos</strong> às capacida<strong>de</strong>s psicofisiológicas, antropométricas e biomecânicas do<br />

trabalhador. Para atingir um bom <strong>de</strong>sempenho, <strong>de</strong>ve-se procurar adaptar o trabalho às<br />

características do trabalhador, buscando reduzir a sobrecarga física, a fadiga, o absenteísmo,<br />

os erros, os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho e propiciando maior conforto, satisfação no trabalho e bem-<br />

estar social (Sant`Anna, 2002).<br />

As lesões por esforços repetitivos (LER), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m não apenas <strong>dos</strong> indivíduos e das<br />

ativida<strong>de</strong>s que exercem, mas também das condições ambientais em termos ergonômicos e <strong>de</strong><br />

tensões psíquicas (Teixeira, 2001). Desta forma, percebe-se a importância <strong>de</strong> uma avaliação<br />

ou intervenção ergonômica neste ambiente industrial, como meio preventivo no combate a<br />

tais lesões ocupacionais.<br />

A análise <strong>de</strong>scritiva das variáveis relacionadas ao posto <strong>de</strong> trabalho é apresentada na<br />

tabela 2, por meio <strong>de</strong> seus valores máximos, mínimos, médias e <strong>de</strong>svios padrão.<br />

Tabela 2. Características do posto <strong>de</strong> trabalho.<br />

Mínimo Máximo Média DP<br />

Altura 1 o Botão 100,0 140,0 118,1 12,9<br />

Altura ult. Bot. 175,0 200,0 187,2 6,9<br />

Altura Bancada 89,0 124,0 106,0 12,1<br />

Altura Estrado 0,0 30,0 10,6 8,0<br />

Largura Estrado 0,0 120,0 87,8 27,4<br />

Fonte: o autor, 2006.<br />

A altura média do primeiro botão até o solo é <strong>de</strong> 118,1cm e do último botão até o solo<br />

é <strong>de</strong> 187,2cm. A bancada tem altura média <strong>de</strong> 106,0cm e o estrado tem altura e largura médias<br />

<strong>de</strong> 10,6cm e 87,8cm sucessivamente.<br />

Conforme a Norma Regulamentadora 17, sempre que o trabalho for realizado na<br />

posição sentada, ou em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis <strong>de</strong>vem


proporcionar ao trabalhador, condições <strong>de</strong> boa postura, visualização e operação. Para as<br />

ativida<strong>de</strong>s em que os trabalhadores permanecem em pé, <strong>de</strong>vem ser coloca<strong>dos</strong> assentos para<br />

<strong>de</strong>scanso, em locais em que possam ser utiliza<strong>dos</strong> por to<strong>dos</strong> os trabalhadores durante as<br />

pausas.<br />

To<strong>dos</strong> os equipamentos que compõem um posto <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>vem estar a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> às<br />

características psicofisiológicas <strong>dos</strong> trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.<br />

Na Tabela 3, são relacionadas as porcentagens <strong>de</strong> sujeitos, que apresentaram dor ou<br />

<strong>de</strong>sconforto nos membros e os valores médios e <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão para a classificação<br />

subjetiva da dor em uma escala <strong>de</strong> 0 a 10.<br />

Tabela 3. Ocorrência (%) e classificação (X + DP) <strong>de</strong> dor nos membros.<br />

Lado Esq. Ocorrência<br />

%<br />

Classific.<br />

X + DP<br />

Lado Dir. Ocorrência<br />

%<br />

Classific.<br />

X + DP<br />

Ombro 54,0 2,30 + 2,67 Ombro 54,0 2,73 + 3,10<br />

Braço 40,5 1,38 + 1,86 Braço 43,2 1,68 + 2,40<br />

Cotovelo 40,5 1,16 + 1,69 Cotovelo 45,9 1,73 + 2,21<br />

Antebraço 43,2 1,38 + 1,64 Antebraço 45,9 1,86 + 2,35<br />

Punho 54,0 2,19 + 2,64 Punho 51,3 2,27 + 2,67<br />

Mão 45,9 1,78 + 2,35 Mão 48,6 2,11 + 2,64<br />

Coxa 56,7 2,35 + 2,49 Coxa 62,2 2,81 + 2,86<br />

Joelho 67,6 3,97 + 3,35 Joelho 67,6 3,59 + 3,27<br />

Perna 89,2 5,08 + 2,68 Perna 83,8 4,84 + 2,99<br />

<strong>Torno</strong>zelo 73,0 4,00 + 3,14 <strong>Torno</strong>zelo 75,7 4,41 + 3,17<br />

Pé 86,5 5,03 + 3,18 Pé 86,5 5,49 + 3,09<br />

Fonte: o autor, 2006.<br />

A ocorrência <strong>de</strong> dores nos ombros é a mesma, tanto no lado esquerdo, como direito. A<br />

ocorrência <strong>de</strong> dores no braço direito (43,2%), mostrou-se maior que no esquerdo (40,5%),<br />

assim como no cotovelo direito (40,5%) e esquerdo (45,9%) e antebraço direito (43,2%) e<br />

esquerdo (45,9%). A ocorrência <strong>de</strong> dores no punho direito (51,3%), é menor do que no<br />

esquerdo (54%). Já, na mão direita a dor é maior (48,6%) que na esquerda (45,9%). A<br />

ocorrência <strong>de</strong> dor é maior na cocha direita (62,2%). Joelhos e pés, tem uma ocorrência igual<br />

em relação aos la<strong>dos</strong> direito e esquerdo, 67,6% em ambos joelhos e 86,5% nos pés. Os


avalia<strong>dos</strong> apresentaram maior ocorrência <strong>de</strong> dor na perna esquerda (89,2%) e tornozelo direito<br />

(75,7%).<br />

A freqüência <strong>de</strong> dores nos pés e nas pernas aumenta acentuadamente com o progredir<br />

da ida<strong>de</strong>. O pico <strong>de</strong> prevalência da dor nos indivíduos com 45 a 64 anos, em alguns estu<strong>dos</strong>, é<br />

<strong>de</strong>vido provavelmente, à maior ocorrência nestas faixas etárias, <strong>de</strong> afecções cervicais ou nos<br />

ombros, membros superiores e região lombar. A lombalgia é a causa mais comum <strong>de</strong> dor na<br />

região da coluna vertebral, sendo responsável por 70% a 80% das queixas álgicas nessa<br />

região. Nos EUA, aproximadamente 10 milhões <strong>de</strong> indivíduos, apresentam incapacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>vido à lombalgia. Neste país ela é responsável pela perda <strong>de</strong> 250 milhões <strong>de</strong> dias <strong>de</strong><br />

trabalho, por 19 milhões <strong>de</strong> visitas aos médicos, por meta<strong>de</strong> <strong>dos</strong> gastos com compensações<br />

trabalhistas e pelo consumo <strong>de</strong> 14 bilhões <strong>de</strong> dólares ao ano para o tratamento médico para<br />

compensações. As lombalgias manifestam-se em aproximadamente 70% <strong>dos</strong> brasileiros e tem<br />

seu pico <strong>de</strong> manifestação nos indivíduos com 30 a 39 anos. (Teixeira, 2001).<br />

Na Tabela 4 são relacionadas as porcentagens <strong>de</strong> sujeitos que apresentaram dor ou<br />

<strong>de</strong>sconforto no pescoço, coluna e quadril, e os valores médios e <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão para a<br />

classificação subjetiva da dor em uma escala <strong>de</strong> 0 a 10.<br />

Tabela 4. Ocorrência e classificação <strong>de</strong> dor no pescoço, coluna e quadril.<br />

Local Ocorrência (%) Classificação (X + DP)<br />

Pescoço 78,8 3,76 + 3,16<br />

Cervical 72,8 3,68 + 3,10<br />

Coluna – Superior 78,4 4,16 + 2,98<br />

Coluna – Média 78,4 4,04 + 3,04<br />

Coluna – Inferior 78,4 4,14 + 3,03<br />

Fonte: o autor, 2006.<br />

Quadril 62,2 3,19 + 3,20<br />

A dor no pescoço foi relatada por 78,8% <strong>dos</strong> sujeitos avalia<strong>dos</strong>, seguida pela dor na<br />

coluna-superior, coluna-média e coluna-inferior, por 78,4% <strong>dos</strong> mesmos. Em seguida, a dor<br />

cervical apareceu com ocorrência <strong>de</strong> 72,8% e por ultimo a dor no quadril, aparecendo em<br />

62,2% <strong>dos</strong> avalia<strong>dos</strong>.<br />

Indivíduos com dor crônica tornam-se importante ônus para serviços médicos,<br />

institutos <strong>de</strong> previdência e companhias <strong>de</strong> seguro. Nos EUA, aproximadamente 89 bilhões <strong>de</strong><br />

dólares são <strong>de</strong>stina<strong>dos</strong> anualmente ao tratamento, compensações trabalhistas e litígios<br />

envolvendo doentes com dor crônica. Segundo inquérito populacional realizado no Brasil,


mais <strong>de</strong> 1/3 do nosso povo julga que a dor crônica compromete as ativida<strong>de</strong>s habituais e mais<br />

<strong>de</strong> ¾ consi<strong>de</strong>ra que a dor crônica limita as ativida<strong>de</strong>s recreacionais, relações sociais e<br />

familiares. Devido à dor, cerca <strong>de</strong> 50% a 60% <strong>dos</strong> doentes torna-se parcial ou totalmente<br />

incapacitado, transitória ou permanentemente (Teixeira, 2001).<br />

O sofrimento físico e psíquico <strong>de</strong> trabalhadores vitima<strong>dos</strong> pela doença crônica da<br />

coluna lombar, o alto custo financeiro da assistência a estes trabalhadores e o alto custo social<br />

causado pela saída precoce <strong>de</strong>stes trabalhadores do mercado <strong>de</strong> trabalho ou das ativida<strong>de</strong>s<br />

para as quais foram qualifica<strong>dos</strong>, bem como a carga previ<strong>de</strong>nciária provocada pelos<br />

afastamentos do trabalho em função da doença, <strong>de</strong>terminam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> política voltada<br />

à intervenção nos processos, meios e ambientes <strong>de</strong> trabalho, subordinando-os a rea<strong>de</strong>quação<br />

ergonômica. Este aspecto é reforçado pela ausência <strong>de</strong> evidências <strong>de</strong> maior eficácia das<br />

medidas <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> lombalgias ocupacionais voltadas para o indivíduo, a exemplo do<br />

uso <strong>de</strong> cinto ou suporte para o dorso, a seleção <strong>de</strong> indivíduos com melhor compleição física, a<br />

prática <strong>de</strong> exercícios físicos, o treinamento para levantamento <strong>de</strong> cargas, sobretudo quando<br />

adotadas isoladamente (Fernan<strong>de</strong>s, 2000).<br />

A reeducação postural é uma das principais medidas preventivas para evitar novas<br />

crises <strong>de</strong> dor lombar. O indivíduo <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r a melhor postura em suas ativida<strong>de</strong>s<br />

rotineiras para, <strong>de</strong>sse modo, evitar movimentos que possam <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar uma nova crise <strong>de</strong><br />

dor. O combate ao se<strong>de</strong>ntarismo por meio da prática <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física regular, mantém a<br />

musculatura ao redor da coluna mais preparada para a realização <strong>de</strong> movimentos mais amplos<br />

sem que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ie dor. O exercício auxilia também no combate ao estresse, fator<br />

importante no <strong>de</strong>senvolvimento da lombalgia crônica.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O se<strong>de</strong>ntarismo e o estresse ocupacional, ocasionado pelas más condições <strong>de</strong> trabalho,<br />

são fatores <strong>de</strong> risco no ambiente <strong>de</strong> trabalho e juntos são responsáveis pela diminuição da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>dos</strong> trabalhadores. A realida<strong>de</strong> em que vivemos exige mudanças<br />

comportamentais, provocando alterações e adaptações aos conceitos existentes. As principais<br />

causas <strong>de</strong> doenças ocupacionais são os procedimentos rígi<strong>dos</strong> <strong>de</strong> trabalho com pouca<br />

autonomia do trabalhador no <strong>de</strong>senvolvimento das tarefas, postura rígida, ritmos acelera<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> trabalho, muitas vezes impostos pelas máquinas, exigindo esforços exagera<strong>dos</strong>, pressão das<br />

chefias, ambiente ina<strong>de</strong>quado, ausência <strong>de</strong> pausas e não cumprimento das normas ou leis<br />

trabalhistas. Durante o trabalho, certos grupos musculares são solicita<strong>dos</strong> para a execução <strong>dos</strong>


movimentos, enquanto outros permanecem completamente relaxa<strong>dos</strong>, ocasionando<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio muscular e diminuição da mobilida<strong>de</strong> das articulações.<br />

O operador <strong>de</strong> torno <strong>CNC</strong> sofre diariamente com a ina<strong>de</strong>quação do seu posto <strong>de</strong><br />

trabalho. Existe a necessida<strong>de</strong> imediata <strong>de</strong> uma adaptação ergonômica neste ambiente, a fim<br />

<strong>de</strong> amenizar ou até mesmo sanar, as queixas <strong>de</strong> dor e <strong>de</strong>sconforto, prevenindo futuras lesões<br />

laborais. A prevalência da postura em pé, <strong>de</strong>monstrou ser a principal causa das algias, nesta<br />

amostragem. Em vista disto, sugere-se que neste posto <strong>de</strong> trabalho seja implantado um banco,<br />

a fim <strong>de</strong> possibilitar a alternância <strong>de</strong> postura <strong>de</strong>stes operadores.<br />

Atualmente, apenas uma minoria das empresas e instituições está preocupada em<br />

oferecer aos seus colaboradores condições i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a preocupação<br />

com o investimento inicial e levando em conta somente o que po<strong>de</strong>rão representar <strong>de</strong><br />

economia para a empresa no futuro. O i<strong>de</strong>al é que se <strong>de</strong>senvolva uma política <strong>de</strong> benefícios<br />

físicos e psicológicos ao colaborador, por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s complementares e reestruturação<br />

do ambiente <strong>de</strong> trabalho. Com isso, a empresa estará incentivando e motivando o seu<br />

funcionário e principalmente diminuindo e prevenindo a incidência das doenças ocupacionais.<br />

“Todas as informações contidas nesta obra são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do autor.”<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />

GRANDJEAN, Etienne. Manual <strong>de</strong> ergonomia. São Paulo: Manole, 2005.<br />

RIO, Rodrigues Pires; PIRES, Licínia. Ergonomia- fundamentos da prática ergonômica. Belo<br />

Horizonte: Health, 1999.<br />

COURY, H.J.C. Perspectivas e Requisitos para a Atuação Preventiva da Fisioterapia nas<br />

Lesões Músculo Esqueléticas. Fisioterapia em Movimento, vol. V, Out 1992/Mar 1993, p.63.<br />

RODRIGUES, M.V.C. Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida no trabalho: evolução e análise no nível gerencial.<br />

Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.<br />

POSSAS, C. Saú<strong>de</strong> e Trabalho: A Crise da Previdência Social. São Paulo: Editora Hucitec,<br />

1989.<br />

FERNANDES, Rita <strong>de</strong> Cássia Pereira e CARVALHO, Fernando Martins. Doença do disco<br />

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