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A Crise oculta: conflitos armados e educação ... - unesdoc - Unesco

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RELATÓRIO DE MONITORAMENTO GLOBAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS 2011 RELATÓRIO<br />

CONCISO<br />

Parte 2. A crise <strong>oculta</strong> –<br />

<strong>conflitos</strong> <strong>armados</strong> e <strong>educação</strong><br />

AONU foi criada, acima de tudo, para acabar<br />

com o "flagelo da guerra". Para os arquitetos<br />

do novo sistema, o objetivo era evitar um<br />

retorno ao que a Declaração Universal dos<br />

Direitos Humanos descreveu como<br />

"o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos"<br />

e "atos bárbaros que ultrajaram a consciência da<br />

humanidade". Sessenta e cinco anos depois, o flagelo da<br />

guerra continua. Suas cepas mais virulentas são<br />

encontradas nos países mais pobres do mundo. E isso<br />

está destruindo as possibilidades de <strong>educação</strong> em uma<br />

escala épica.<br />

O impacto dos <strong>conflitos</strong> <strong>armados</strong> sobre a <strong>educação</strong> tem<br />

sido amplamente negligenciado. Essa é uma crise <strong>oculta</strong>,<br />

que reforça a pobreza, prejudicando o crescimento<br />

econômico e travando o progresso das nações. No<br />

coração da crise, estão as generalizadas e sistemáticas<br />

violações aos direitos humanos, que merecem ser<br />

chamadas de "atos bárbaros". Não há assunto que<br />

mereça atenção mais urgente na agenda internacional.<br />

Ao contrário, longe de ultrajar a consciência da<br />

humanidade e estimular uma resposta eficaz, os efeitos<br />

devastadores da guerra sobre a <strong>educação</strong> continuam,<br />

em grande parte, não declarados. E a comunidade<br />

internacional está dando as costas para as vítimas.<br />

O Relatório de Monitoramento Global de EPT 2011<br />

direciona os holofotes para a crise <strong>oculta</strong> da <strong>educação</strong>.<br />

Ele documenta a escala da crise, traça as suas causas<br />

subjacentes e estabelece uma agenda para a mudança.<br />

A mensagem-chave é que as abordagens corriqueiras<br />

sabotam qualquer perspectiva de alcançar tanto os<br />

objetivos de Educação para Todos, como a amplitude dos<br />

ODMs (ver contribuição especial, Basta!).<br />

Nem todas as ligações entre conflito armado e <strong>educação</strong><br />

operam na mesma direção. Ao mesmo tempo em que os<br />

sistemas educacionais têm potencial para agir como<br />

força poderosa de paz, reconciliação e prevenção de<br />

<strong>conflitos</strong>, eles muitas vezes alimentam a violência. Isso<br />

foi algo que os arquitetos da Organização das Nações<br />

Unidas compreenderam. Eles viram que a Segunda<br />

Guerra Mundial, independentemente das suas causas<br />

imediatas, tinha sido possível, sobretudo, devido a falhas<br />

mútuas de compreensão. Desde sua origem, a UNESCO<br />

Contribuição especial: Basta!<br />

Quase setenta anos se passaram desde que uma geração de líderes políticos<br />

se reuniu na sequência de um terrível conflito e fez uma promessa de duas<br />

palavras simples: “Nunca mais”. A Organização das Nações Unidas foi criada<br />

para evitar o retorno a rivalidades, guerras e violações dos direitos humanos,<br />

que ocasionaram o prejuízo de tantas vidas e o desperdício de tamanho<br />

potencial. Ainda assim, o custo humano e os desperdícios continuam<br />

acontecendo — e nós temos de interromper isso agora.<br />

Este Relatório da UNESCO está muito atrasado. Documenta em detalhes a<br />

dura brutalidade da violência contra algumas das pessoas mais vulneráveis<br />

do mundo, incluindo as crianças em idade escolar, — e desafia os líderes de<br />

todos os países, ricos e pobres, a agir de forma decisiva.<br />

Meu apelo aos líderes mundiais é uma simples declaração de intenções:<br />

"Basta!". Como membros de uma única comunidade humana ética, nenhum<br />

de nós deveria estar disposto a tolerar a violação dos direitos humanos, os<br />

ataques às crianças e a destruição de escolas, que vemos em muitos<br />

<strong>conflitos</strong> <strong>armados</strong>. Vamos chamar a atenção para a cultura de impunidade,<br />

que permite que esses atos ocorram; vamos começar a proteger as nossas<br />

crianças e o direito que elas têm à <strong>educação</strong>. Faço um apelo a todos os<br />

líderes políticos, países e grupos <strong>armados</strong> envolvidos em <strong>conflitos</strong> violentos,<br />

para que eles lembrem que não estão acima da lei humanitária internacional.<br />

Faço também um apelo aos líderes do mundo rico, para dar apoio mais eficaz<br />

àqueles que estão na linha de frente. Em minhas viagens ao redor do mundo,<br />

tenho me sentido pequeno diante do extraordinário esforço, do sacrifício e<br />

da determinação que os pais e as crianças demonstram na sua busca de<br />

<strong>educação</strong>. Quando aldeias são atacadas e pessoas são deslocadas, as escolas<br />

improvisadas aparecem do nada. Quando uma escola é destruída, pais e as<br />

crianças fazem tudo para manter abertas as portas para a <strong>educação</strong>. Se pelo<br />

menos os doadores mostrassem a mesma determinação e empenho!<br />

Muito frequentemente, as pessoas em países afetados por <strong>conflitos</strong> recebem<br />

pouco apoio para a <strong>educação</strong>, obtendo, muitas vezes, o tipo de apoio errado.<br />

Como mostra este Relatório, a ajuda em prol do desenvolvimento sofre da<br />

síndrome de muito pouco, tarde demais. O resultado é que as oportunidades<br />

para reconstruir os sistemas educacionais estão sendo desperdiçadas.<br />

tem-se esforçado para lidar com estas falhas. Sua<br />

constituição de 1945 reconheceu que, ao longo da<br />

história, "a ignorância das práticas e das vidas de cada<br />

um" tem levado à violência, e que a paz duradoura só<br />

pode ser construída por meio da <strong>educação</strong>: "Uma vez<br />

que as guerras se iniciam nas mentes dos homens,<br />

Arcebispo Desmond Tutu<br />

Prêmio Nobel da Paz 1984<br />

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