A Crise oculta: conflitos armados e educação ... - unesdoc - Unesco
A Crise oculta: conflitos armados e educação ... - unesdoc - Unesco
A Crise oculta: conflitos armados e educação ... - unesdoc - Unesco
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
38 RELATÓRIO DE MONITORAMENTO GLOBAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS 2011<br />
RELATÓRIO<br />
CONCISO<br />
A <strong>educação</strong><br />
tem papel vital a<br />
desempenhar na<br />
construção da<br />
resistência<br />
contra <strong>conflitos</strong><br />
violentos<br />
© Sergey Maximishin/Panos<br />
mais ampla de cidadania, com os alunos encorajados<br />
a perceber a variedade de identidades possíveis que<br />
permitem a ideia de que as pessoas podem ser ambos,<br />
irlandeses e britânicos, ou simplesmente irlandeses,<br />
independentemente da sua filiação religiosa. Este é<br />
um bom exemplo do que Amartya Sen descreveu<br />
como mudança direcionada a múltiplas identidades e<br />
distante da “filiação singular” a um grupo.<br />
Delegação da governança educacional.<br />
Descentralização e delegação, assim como a<br />
construção da paz, são muitas vezes vistas como vias<br />
automáticas para maior responsabilidade. Essa<br />
avaliação é exagerada. Em alguns países com<br />
sistemas educacionais altamente descentralizados, o<br />
papel do governo central fraco pode dificultar a<br />
construção dos esforços de paz. Um exemplo<br />
marcante vem da Bósnia e Herzegovina. Sob o Acordo<br />
de Dayton, de 1995, o país de cerca de 3,8 milhões de<br />
pessoas ficou com treze ministérios da <strong>educação</strong> e<br />
um sistema educacional segregado. O governo federal<br />
adotou princípios progressistas para a <strong>educação</strong>. No<br />
entanto, com a presença mínima do governo federal,<br />
as crianças continuam a receber o ensino baseado em<br />
três currículos distintos, que diferem em temas como<br />
história, cultura e idioma, por vezes de maneira que<br />
reforça o preconceito. Além disso, algumas escolas<br />
ainda trazem os nomes de figuras militares que são<br />
vistas por alguns grupos como heróis nacionais e por<br />
outros como símbolos de hostilidade.<br />
Tornar as escolas ambientes não violentos. Uma<br />
estratégia é inequivocamente boa para a <strong>educação</strong>,<br />
para as crianças e para a construção da paz: tornar as<br />
escolas locais de não violência. O desafio à<br />
banalização da violência na sociedade depende, em<br />
parte, da proibição efetiva dos castigos corporais.<br />
Assim como todos os <strong>conflitos</strong> <strong>armados</strong> refletem<br />
diferentes conjuntos de tensões latentes e falhas na<br />
resolução de <strong>conflitos</strong>, cada contexto pós-conflito é<br />
marcado por distintas ameaças e oportunidades para a<br />
<strong>educação</strong> na construção da paz. Entre as abordagens<br />
propostas neste Relatório, estão:<br />
Reconhecer que a <strong>educação</strong> é parte do ambiente pósconflito.<br />
Os governos nacionais e os doadores<br />
precisam perceber que, independentemente da sua<br />
intenção, a política de reforma educacional será<br />
lançada em ambiente político moldado pelo legado do<br />
conflito. Toda política de desenvolvimento deveria<br />
implicar os riscos de avaliação pós-conflito.<br />
Sala de aula na vila de Zartsem, na Ossétia<br />
do Sul, Geórgia, danificada na guerra<br />
de agosto de 2008