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A influência da tradução na formação e na ... - Lenita Esteves

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aos quais as mulheres comparecem ca<strong>da</strong> vez mais, derrubando preconceitos que, em déca<strong>da</strong>s anteriores,<br />

as haviam confi<strong>na</strong>do no aconchego do lar.<br />

Ao mesmo tempo em que recebíamos tantas publicações <strong>da</strong> Europa, os jor<strong>na</strong>is locais<br />

começaram a se multiplicar. Proliferam os jor<strong>na</strong>is, muitos deles tendo uma vi<strong>da</strong> efêmera: aparecem e<br />

desaparecem rapi<strong>da</strong>mente, <strong>da</strong>ndo lugar a tantos outros, num movimento de constante renovação.<br />

Um dos grandes atrativos dos jor<strong>na</strong>is <strong>na</strong> época foi, como se sabe, o romance-folhetim, <strong>na</strong>rrativa<br />

em geral extravagante e apaixo<strong>na</strong><strong>da</strong> que surgia aos pe<strong>da</strong>ços, em publicação seria<strong>da</strong> que arrebatava a<br />

paixão do público e multiplicava, por conta disso, as ven<strong>da</strong>s dos jor<strong>na</strong>is. Grande parte dessas<br />

<strong>na</strong>rrativas era importa<strong>da</strong>, as histórias vindo especialmente <strong>da</strong> França, sendo traduzi<strong>da</strong>s no Brasil para<br />

sua publicação nos jor<strong>na</strong>is locais. Como se pode deduzir, a ativi<strong>da</strong>de tradutória fervilhava, nessa época,<br />

com o mesmo entusiasmo <strong>da</strong> paixão romântica.<br />

Mas antes que se enfoque especificamente o papel <strong>da</strong> <strong>tradução</strong> no século XIX, vale a pe<strong>na</strong><br />

detalhar um pouco mais o contexto, definindo melhor o cenário sócio-cultural em que essa ativi<strong>da</strong>de<br />

floresceu com tanto vigor.<br />

1. Tradução, imprensa, literatura e cultura<br />

Como nos informa Lia Wyler (2001:41-42), no Brasil, antes de 1888, as tentativas de produzir<br />

papel não foram bem-sucedi<strong>da</strong>s. Na área de tipografia, não havia trabalhadores especializados, sendo o<br />

maquinário e a matéria-prima extremamente caros. Era muito mais barato importar livros, revistas e<br />

jor<strong>na</strong>is <strong>da</strong> França, que chegavam quinze dias após seu lançamento <strong>na</strong>quele país. A falta de profissio<strong>na</strong>is<br />

de imprensa em nosso país forçava os editores a recorrer a notícias, artigos e histórias vin<strong>da</strong>s de fora<br />

para encher os jor<strong>na</strong>is. Ao que parece, não faltou trabalho para os tradutores.<br />

A escassez de material produzido aqui no Brasil não se restringia aos campos <strong>da</strong>s artes, do<br />

jor<strong>na</strong>lismo e do entretenimento. Também nos bancos escolares faltavam livros didáticos em português.<br />

Justiniano José <strong>da</strong> Rocha, político, professor, jor<strong>na</strong>lista e tradutor, viu-se obrigado a traduzir livros de<br />

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