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Instituto Central do Povo - Igreja Metodista de Vila Isabel

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www.metodistavilaisabel.org.br/jornaldavila ■E.mail:cartas.jornaldavila@hotmail.com<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007 - Ano XXVII - Nº 1304<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Central</strong> <strong>do</strong> <strong>Povo</strong>, o ICP,<br />

passou às mãos <strong>do</strong> Bennett por<br />

uma ninharia. O ICP vai acabar?<br />

LEIA NESTA EDIÇÃO:<br />

• “O dólar sagra<strong>do</strong>”. Pastor metodista publica<br />

cartas no Estadão e Folha <strong>de</strong> São Paulo sobre o<br />

caso <strong>do</strong>s dólares <strong>do</strong>s Bispos Estevam e sua esposa<br />

Sônia, da <strong>Igreja</strong> Renascer em Cristo. Veja<br />

na página 2<br />

O <strong>Instituto</strong> <strong>Central</strong> <strong>do</strong> <strong>Povo</strong>, o queri<strong>do</strong><br />

ICP, passou às mãos <strong>do</strong> Bennett. Além <strong>do</strong><br />

pacote, que envolve as instalações no bairro<br />

da Gamboa, uma escola em Duque <strong>de</strong> Caxias<br />

e o Acampamento Clay, em Sacra Família,<br />

que, com ajuda da <strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong> Unida<br />

(EUA) foi muito mo<strong>de</strong>rniza<strong>do</strong>, há um outro<br />

item muito valioso para o Bennett, se o Governo<br />

aceitar essa transferência, o certifica<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> entida<strong>de</strong> filantrópica, que po<strong>de</strong> significar a<br />

dispensa <strong>de</strong> pagamento ao INSS da parte <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>r. Caso isto se confirme, será uma<br />

economia <strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong> milhares<br />

<strong>de</strong> reais por mês. A contrapartida <strong>de</strong> tu<strong>do</strong><br />

isto será a cessão <strong>de</strong>finitiva à <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> um<br />

terreno na Barra, que está sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> pela<br />

<strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong> daquele bairro, lá perto da<br />

Pedra <strong>de</strong> Itaúna e <strong>do</strong> Recreio <strong>do</strong>s Ban<strong>de</strong>irantes.<br />

É, sem dúvida, um troca-troca <strong>de</strong>sigual.<br />

Num tempo em que a chamada Re<strong>de</strong><br />

<strong>Metodista</strong> <strong>de</strong> Educação está sen<strong>do</strong> instituída,<br />

a absorção <strong>de</strong> uma instituição típica <strong>de</strong> ação<br />

social, a mais antiga e <strong>de</strong> maior valor histórico,<br />

com certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> filantropia assina<strong>do</strong><br />

pelo próprio presi<strong>de</strong>nte Getúlio Vargas, po<strong>de</strong><br />

trazer muitas preocupações à comunida<strong>de</strong><br />

metodista que precisa ser melhor informada.<br />

Veja mais <strong>de</strong>talhes da situação na página<br />

3, bem como um resumo histórico da<br />

instituição. Os sites <strong>do</strong> ICP, <strong>do</strong> Bennett e da<br />

própria Região não tocam no assunto. A pergunta<br />

continua válida: Vai acabar o ICP?


“O dólar sagra<strong>do</strong>”. Mais uma vez, pastores<br />

neopentecostais no banco <strong>do</strong>s réus<br />

Ainda repercutem na imprensa <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong> o Brasil a prisão <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is dirigentes<br />

(funda<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>nos) da “<strong>Igreja</strong> Apostólica<br />

Renascer em Cristo”, o casal Sônia Haddad<br />

Moraes Hernan<strong>de</strong>s e Estevam Hernan<strong>de</strong>s<br />

Filho, ocorrida quan<strong>do</strong> chegavam a Miami no<br />

início <strong>de</strong> janeiro que, além <strong>de</strong> não <strong>de</strong>clararem<br />

corretamente o valor em dólares que<br />

carregavam, cinqüenta e seis mil, escon<strong>de</strong>ram<br />

gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>les <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma Bíblia. A<br />

Justiça brasileira já está pedin<strong>do</strong> a extradição<br />

<strong>do</strong> casal <strong>de</strong> “bispos”, que já está sen<strong>do</strong><br />

processa<strong>do</strong> por diversos crimes, como <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> quadrilha e lavagem <strong>de</strong><br />

dinheiro, entre outros. Sua prisão preventiva<br />

já foi <strong>de</strong>cidida pelo Juiz da 1ª Vara Criminal<br />

<strong>de</strong> São Paulo. A fortuna pessoal <strong>do</strong> casal é<br />

estimada em 19 milhões <strong>de</strong> dólares (mais <strong>de</strong><br />

quarenta milhões <strong>de</strong> reais), com mansões<br />

luxuosas em Miami e em São Paulo, além <strong>de</strong><br />

um haras com criação <strong>de</strong> cavalos mangalarga.<br />

O pastor Daniel Rocha, da <strong>Igreja</strong><br />

<strong>Metodista</strong> <strong>de</strong> Itaberaba, enviou aos jornais<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo e para o “Estadão” a carta<br />

abaixo transcrita, que foi publicada por<br />

ambos os jornais em 11 <strong>de</strong> janeiro e<br />

reproduzida no site que é produzi<strong>do</strong> na Se<strong>de</strong><br />

Geral da <strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong>:<br />

“O dólar sagra<strong>do</strong><br />

A prisão <strong>do</strong>s dirigentes da Renascer em<br />

Miami, com a Bíblia recheada <strong>de</strong> dólares,<br />

é apenas a ponta <strong>do</strong> iceberg no atual<br />

cenário evangélico brasileiro, <strong>do</strong>mina<strong>do</strong><br />

pelas chamadas igrejas neopentecostais.<br />

Esse grupo, que pre<strong>do</strong>mina nas rádios e<br />

TVs, nada tem a ver com os protestantes<br />

históricos, que justamente nasceram a<br />

partir da luta contra a mercantilização da<br />

fé. Hoje, essas igrejas transformaram<br />

seus templos em locais <strong>de</strong> barganhas,<br />

on<strong>de</strong> a palavra-chave é a busca da<br />

prosperida<strong>de</strong> por meio <strong>do</strong>s sacrifícios<br />

(leia-se ofertas) e a única ética existente é<br />

a <strong>do</strong> “dan<strong>do</strong> que se recebe”. Pregam o<br />

individualismo, não têm compromisso<br />

social <strong>de</strong> mudança ou transformação,<br />

pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da miséria e da<br />

ignorância <strong>do</strong> povo. Os fiéis são trata<strong>do</strong>s<br />

como clientes que apresentam a “<strong>de</strong>us”<br />

seus caprichos infantis. As mensagens,<br />

recheadas <strong>de</strong> chavões e frases <strong>de</strong> efeito,<br />

imbecilizam os fiéis, transforman<strong>do</strong>-os<br />

em consumi<strong>do</strong>res da fé, clientes que<br />

<strong>de</strong>sejam que Deus satisfaça seus<br />

caprichos. É o evangelho das marchas<br />

inconseqüentes e ufanistas <strong>de</strong> que,<br />

infelizmente, os Hernan<strong>de</strong>s não são os<br />

únicos representantes”.<br />

Esse é mais um evento na sucessão <strong>de</strong><br />

tristes episódios criminosos que envolvem as<br />

principais igrejas “neopentecostais”<br />

brasileiras, como Universal <strong>do</strong> Reino <strong>de</strong> Deus<br />

(com a figura <strong>de</strong> Edir Mace<strong>do</strong> e suas<br />

falcatruas, <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s (bispos) mensaleiros,<br />

compra suspeita da TV Record, etc., etc, e a<br />

Internacional da Graça <strong>do</strong> chama<strong>do</strong><br />

Missionário R. Soares, ambas provenientes<br />

da <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> Nova Vida, uma igreja criada por<br />

Robert McAllister, intitula<strong>do</strong> Bispo Roberto,<br />

um <strong>de</strong>sagrega<strong>do</strong>r <strong>de</strong> diversas <strong>de</strong>nominações,<br />

que foi uma espécie <strong>de</strong> “viveiro” on<strong>de</strong> se<br />

criaram aqueles personagens, mais o<br />

“apóstolo” Miguel Ângelo, Davi Miranda da<br />

igreja “Deus é Amor”, e Valnice Milhomens,<br />

entre outros “<strong>do</strong>nos” <strong>de</strong> “igrejas” <strong>do</strong> mesmo<br />

tipo, todas elas nadan<strong>do</strong> em dinheiro..<br />

O mais triste <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isto é que muitos<br />

metodistas, com uma riquíssima herança <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>utrinas e práticas, estejam abrin<strong>do</strong> mão<br />

<strong>de</strong>las para introduzir em nossa <strong>Igreja</strong> muitas<br />

das práticas, hábitos, músicas com letras<br />

horrorosas, palmas e danças, modismos e<br />

superstições, sem nenhum respal<strong>do</strong> bíblico,<br />

que aquelas “igrejas” têm. (JWD)


Ainda a questão <strong>do</strong> ICP<br />

Pelo pouco que se sabe, porque nada é<br />

publica<strong>do</strong>, já vai começar a ação <strong>do</strong> Bennett<br />

no ICP com a introdução da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Serviços Sociais, com o apoio <strong>do</strong> programa<br />

Pro-Uni, <strong>de</strong>stinada à população <strong>do</strong> Morro da<br />

Favela.<br />

Em compensação, um <strong>do</strong>s programas<br />

mais importantes <strong>do</strong> ICP, a creche, que<br />

abrigava mais <strong>de</strong> 300 crianças carentes, filhas<br />

<strong>de</strong> pessoas que moram no morro e precisam<br />

trabalhar, já teve reduzida as suas<br />

proporções. Antes, eram atendidas crianças<br />

<strong>de</strong> 0 a 6 anos. Agora, só crianças até 4 anos.<br />

As razões são <strong>de</strong> economia, primeiro<br />

na redução <strong>de</strong> refeições. Segun<strong>do</strong> porque<br />

para o atendimento das crianças <strong>de</strong> 4 a 6<br />

anos, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong><br />

professoras formadas. No caso das crianças<br />

menores, não há essa exigência e po<strong>de</strong>m ser<br />

contratadas “agentes educacionais”, sem<br />

formação específica. As professoras serão, ou<br />

já foram, dispensadas.<br />

É claro que as dívidas existentes<br />

<strong>de</strong>verão ser pagas pelo Bennett, o que será<br />

compensa<strong>do</strong> rapidamente pela economia nas<br />

contribuições previ<strong>de</strong>nciárias.<br />

Fala-se também que o Bennett usará as<br />

instalações da Escola Álvaro Alberto, em<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias, para novos cursos.<br />

Também presume-se que o Acampamento<br />

Clay, em Sacra Família, seja usa<strong>do</strong> pelo<br />

Bennett, com alguns aperfeiçoamentos, como<br />

Centro <strong>de</strong> Treinamento.<br />

Há muitas perguntas no ar. Como fica<br />

o Conselho Diretor, vai ser exonera<strong>do</strong>? Se a<br />

instituição foi encampada, para quê Conselho<br />

Diretor? O Bennett, por estar há longo tempo<br />

em intervenção, não tem ainda conselho<br />

diretor. São responsáveis por sua<br />

administração um Interventor, que acumula<br />

com a direção geral <strong>do</strong> <strong>Isabel</strong>a Hendrix, em<br />

Belo Horizonte, e um vice-interventor<br />

recentemente nomea<strong>do</strong>.O ICP vai continuar a<br />

ter um Diretor Geral ou mudar-se-á sua<br />

nomenclatura e o seu status profissional?<br />

Como ficam os emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ICP, serão<br />

transferi<strong>do</strong>s para o Bennett ou continuarão<br />

emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ICP. Para que o tal certifica<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> entida<strong>de</strong> filantrópica seja usa<strong>do</strong> pelo<br />

Bennett, isto po<strong>de</strong> ser feito manten<strong>do</strong>-se a<br />

personalida<strong>de</strong> jurídica atual <strong>do</strong> ICP? Se não<br />

pu<strong>de</strong>r, o quê e como (e quan<strong>do</strong>) será feito.<br />

Essa questão <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> jurídica<br />

é muito importante. A instituição, já<br />

centenária, sempre foi conhecida por <strong>Instituto</strong><br />

<strong>Central</strong> <strong>do</strong> <strong>Povo</strong> e, <strong>de</strong>pois, pela sigla ICP. Na<br />

realida<strong>de</strong>, o nome oficial da instituição é<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Metodista</strong> <strong>de</strong> Ação Social.<br />

Em 1974, as instituições foram<br />

obrigadas a ter em suas razões sociais a<br />

marca metodista. Teria si<strong>do</strong> fácil mudar o<br />

nome para <strong>Instituto</strong> <strong>Metodista</strong> <strong>Central</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Povo</strong> ou <strong>Instituto</strong> <strong>Central</strong> <strong>do</strong> <strong>Povo</strong> da <strong>Igreja</strong><br />

<strong>Metodista</strong>.<br />

Um gaiato que era presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><br />

Conselho Diretor, achan<strong>do</strong> que o nome<br />

antigo era comunista, o que impedia <strong>de</strong> se<br />

conseguirem <strong>do</strong>ações por parte <strong>de</strong> empresas,<br />

propôs e conseguiu a mudança <strong>de</strong> nome, que<br />

na prática não “pegou”. Não se muda<br />

impunemente uma marca <strong>de</strong> 70 anos. E<br />

também o cita<strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte, mesmo com a<br />

mudança <strong>de</strong> nome, jamais conseguiu os<br />

recursos e as <strong>do</strong>ações que prometia receber.<br />

O ICP é uma obra que teve como<br />

funda<strong>do</strong>r, em 1906, o Rev. Hugh Clarence<br />

Tucker, que aqui chegara em 1886 com o<br />

Bispo Granbery. Era também secretário<br />

executivo das Socieda<strong>de</strong>s Bíblicas americanas<br />

e inglesas, que foram as precursoras da<br />

Socieda<strong>de</strong> Bíblica <strong>do</strong> Brasil.<br />

Ele é o gran<strong>de</strong> pioneiro da ação social<br />

no Brasil. Aju<strong>do</strong>u a fundar o Hospital <strong>do</strong>s<br />

Estrangeiros, a ACM, o <strong>Instituto</strong> Brasil<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, a Union Church. Teve<br />

intensa participação nas gran<strong>de</strong>s campanhas<br />

sanitárias pela erradicação da Febre Amarela,<br />

ajudan<strong>do</strong> Oswal<strong>do</strong> Cruz e o prefeito Pereira<br />

Passos. Vale a pensa conhecer sua história,<br />

antes que ela seja totalmente esquecida.


Rei ou Servo? Louvor ou Serviço?<br />

Sergio Duarte<br />

O cristão é humil<strong>de</strong>? Uma das marcas visíveis <strong>do</strong><br />

Cristianismo <strong>de</strong> hoje é a humilda<strong>de</strong>? As manifestações<br />

e expressões naturais <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> um cristão<br />

evi<strong>de</strong>nciam esta virtu<strong>de</strong>? As liturgias praticadas, nossos<br />

rituais <strong>de</strong> louvor e aquilo que cantamos através da<br />

hinologia atual testemunham esta marca in<strong>de</strong>lével com<br />

qual Cristo marcou a si e a seus primeiros segui<strong>do</strong>res?<br />

Penso que antes <strong>de</strong> fazermos qualquer movimento na<br />

direção <strong>de</strong> buscar uma resposta para estas questões,<br />

<strong>de</strong>vemos primeiramente analisá-las para sabermos se<br />

são ou não pertinentes ao nosso contexto. Pois, se por<br />

um la<strong>do</strong> constatamos que a pieda<strong>de</strong> gregoriana e a<br />

humilda<strong>de</strong> franciscana já não são mais consenso nem<br />

mesmo entre os que <strong>de</strong>dicam suas vidas a tais votos,<br />

por outro, enten<strong>de</strong>mos que os momentos <strong>de</strong> reflexão<br />

nas igrejas estão fican<strong>do</strong> cada vez mais escassos e por<br />

este motivo não po<strong>de</strong>mos nos dar ao luxo <strong>de</strong><br />

elucubrações além <strong>do</strong> extremamente necessário. Como<br />

ponto <strong>de</strong> partida para a análise da prática da humilda<strong>de</strong><br />

hoje, <strong>de</strong>vemos buscar na história da salvação as razões<br />

que fizeram com que o movimento inaugura<strong>do</strong> por<br />

Cristo, encontrasse, nessa virtu<strong>de</strong>, fundamentos<br />

condicionais para a sua própria essência e existência.<br />

A mais <strong>de</strong>stacada ênfase dada à humilda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Jesus na Bíblia se encontra em um cântico <strong>de</strong> louvor da<br />

<strong>Igreja</strong> Primitiva, que Paulo, muito sabiamente,<br />

incorporou à Carta aos Filipenses que, em rápidas<br />

palavras, diz: Pois ele sen<strong>do</strong> Deus, não julgou ser<br />

importante ser Deus. Abriu mão da divinda<strong>de</strong> e a si<br />

mesmo se esvaziou, assumin<strong>do</strong> a figura <strong>de</strong> um servo.<br />

Este cântico não somente traça um retrato fiel da<br />

vocação que o envia<strong>do</strong> <strong>de</strong> Deus trazia consigo, como<br />

também estabelece um rompimento <strong>de</strong>finitivo com<br />

expectativa <strong>de</strong> um Messias que se anunciaria pela força,<br />

po<strong>de</strong>r e prestígio. A tão <strong>de</strong>sejada chegada <strong>do</strong> Messias<br />

foi largamente anunciada pelos profetas nos mesmos<br />

mol<strong>de</strong>s que a ansieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> povo o imaginava. Um<br />

Messias nobre, filho legítimo da realeza e que<br />

assumisse pela força o trono da casa <strong>de</strong> Israel. Era,<br />

talvez, este o único ponto em comum entre a mensagem<br />

profética e a expectativa <strong>do</strong> povo. Contu<strong>do</strong>, para que se<br />

tornasse conhecida a verda<strong>de</strong>ira face <strong>do</strong> Ungi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Deus, foi necessário que ele vocacionasse um profeta<br />

oriun<strong>do</strong> da nobreza <strong>de</strong> Israel, alguém que conhecia a<br />

intimida<strong>de</strong> promíscua <strong>de</strong> um rei, alguém que nascera<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um palácio e convivera <strong>de</strong> perto com a<br />

podridão da realeza, para que enxergasse o óbvio. Deus<br />

não enviaria alguém tão ridículo como um rei, para<br />

executar o seu mais maravilhoso propósito. Isaías,<br />

longe <strong>de</strong> imaginar um Messias Rei, pois bem sabia o<br />

que era <strong>de</strong> fato um rei, imagina um Messias inverso ao<br />

rei, um Messias Servo, submisso, sofre<strong>do</strong>r e humil<strong>de</strong>. A<br />

este <strong>de</strong>dica não um, mas quatro cânticos que<br />

radicalmente irão subverter tu<strong>do</strong> o que era espera<strong>do</strong> e<br />

tu<strong>do</strong> o que se havia profetiza<strong>do</strong> até então. Caminhan<strong>do</strong><br />

no senti<strong>do</strong> da fábula A roupa <strong>do</strong> rei, <strong>de</strong> Hans Christian<br />

An<strong>de</strong>rsen, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>scobre que o rei está nu, os<br />

cânticos <strong>de</strong> Isaías vão além. Para Isaías, o Messias não<br />

é um rei <strong>de</strong>spoja<strong>do</strong> e nu, ele simplesmente não é rei. E<br />

o que essa mudança implicaria? Como reagiriam diante<br />

<strong>de</strong>sta novida<strong>de</strong> aqueles que, resguarda<strong>do</strong>s pelas mais<br />

sagradas tradições, esperavam um rei <strong>de</strong> fato? Como o<br />

povo da fábula? Não teria toda Israel contesta<strong>do</strong> o<br />

jovem Isaías? “Menino louco! Menino burro! Não vê a<br />

roupa nova <strong>do</strong> rei?” Po<strong>de</strong>ria ser que alguém<br />

perguntasse: “Por que alguém tão espera<strong>do</strong> e tão<br />

requeri<strong>do</strong> como um rei po<strong>de</strong>roso e que possuísse to<strong>do</strong>s<br />

os atributos e requisitos necessários para tanto,<br />

escolheria voluntariamente ser nada mais que um<br />

humil<strong>de</strong> servo? Não há nenhuma sensatez nisso”. Toda<br />

essa nova visão da ação <strong>de</strong> Deus era algo que se<br />

colocava diretamente na contramão da história, porque<br />

se existe uma relação estabelecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o mun<strong>do</strong> é<br />

mun<strong>do</strong>, é a <strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>r pertence ao mais forte. E<br />

este po<strong>de</strong>r somente troca <strong>de</strong> mãos se e quan<strong>do</strong> surgir<br />

alguém que comprovasse ser mais forte ainda. As<br />

constantes mudanças na or<strong>de</strong>m mundial da nossa<br />

civilização foram conseguidas através <strong>de</strong> um único<br />

artifício: a tomada <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r pelo po<strong>de</strong>r. Mesmo cientes<br />

<strong>de</strong> que sempre que um po<strong>de</strong>r perverso foi <strong>de</strong>stituí<strong>do</strong>,<br />

seu substituto se mostrou ser ainda mais perverso,<br />

quan<strong>do</strong> muito, mais sutil, mas igualmente perverso.<br />

Uma das mais marcantes características <strong>de</strong><br />

Deus, se manifesta claramente através da boca <strong>do</strong><br />

profeta Oséias: “Eu sou um Deus, não sou um homem.<br />

Um santo no meio <strong>de</strong> ti.” Imagino que apenas esta<br />

diferença bastaria para que entendêssemos que Deus<br />

não faria a sua extrema intervenção na história da<br />

humanida<strong>de</strong> com os mesmos <strong>de</strong>sgasta<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s que<br />

nós humanos já sabemos ser ineficientes. Um Deus que<br />

prima pelo seu nome, pelo zelo à sua imagem,<br />

simplesmente não po<strong>de</strong> pensar ou agir como um rei que<br />

usurpa o trono <strong>de</strong> um outro e o conquista. Deus foi<br />

sempre por <strong>de</strong>mais criativo em todas as suas obras, por<br />

que não o seria justamente quan<strong>do</strong> estava para trazer a<br />

novida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finitiva. A novida<strong>de</strong> que o seu envia<strong>do</strong> viria<br />

anunciar, teria que preencher solidamente esta oscilante<br />

coluna sobre a qual a humanida<strong>de</strong> se sustentou até a sua<br />

chegada. É a partir <strong>de</strong>ste conceito que o Messias<br />

profetiza<strong>do</strong> por Isaías começa a fazer senti<strong>do</strong>. Um<br />

Messias que agiria contra os po<strong>de</strong>res estabeleci<strong>do</strong>s,<br />

completamente <strong>de</strong>sarma<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mãos vazias; <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> qualquer prestígio; trazen<strong>do</strong> consigo a repugnância<br />

<strong>de</strong> um mutila<strong>do</strong> e a vergonha <strong>de</strong> um humilha<strong>do</strong>. Um<br />

Messias que veria nas entrelinhas das Escrituras que a<br />

maneira pela qual Deus triunfará, não será combaten<strong>do</strong><br />

o mal com os instrumentos próprios <strong>do</strong> mal, mas<br />

curiosamente permitin<strong>do</strong> que o mal vá ao extremo,<br />

fazen<strong>do</strong> o seu pior, para que através <strong>do</strong> sofrimento <strong>do</strong><br />

seu escolhi<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> mal venha a se exaurir


completa e <strong>de</strong>finitivamente. “On<strong>de</strong> está morte a tua<br />

vitória?” É grito que anuncia que o servo finalmente<br />

venceu: “Eis que o meu servo vence.“<br />

Não bastasse o fundamento histórico, a vida e a<br />

pregação <strong>do</strong> Messias, assim como os seus<br />

mandamentos, não <strong>de</strong>ixaram dúvidas quanto à<br />

importância da humilda<strong>de</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

prática da fé cristã. Os escritos <strong>do</strong> primeiro século<br />

registraram a rígida observação na conduta pessoal e<br />

comunitária, para que o menor sinal <strong>de</strong> orgulho vai<strong>do</strong>so<br />

fosse alvo da <strong>de</strong>vida admoestação. Não são raras as<br />

situações em que Jesus e seus comissiona<strong>do</strong>s diretos,<br />

contun<strong>de</strong>ntemente exaltaram a humilda<strong>de</strong> ante a<br />

soberbia que se expressava no momento. Jesus afirmou<br />

a humilda<strong>de</strong> em suas parábolas, em seus sermões, em<br />

suas conversas íntimas e também nas respostas que<br />

dava aos que o questionavam diretamente. Não há<br />

porque se imaginar que a pratica da humilda<strong>de</strong> seja<br />

circunstancial ou reservada aos momentos <strong>de</strong> culto.<br />

Contu<strong>do</strong>, esta é uma questão da maior complexida<strong>de</strong> e<br />

merece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>sa reflexão, pois, a quem<br />

interessa <strong>de</strong> imediato que o cristão seja uma pessoa<br />

humil<strong>de</strong>: ao progresso da mensagem <strong>do</strong> evangelho<br />

visan<strong>do</strong> a que o mun<strong>do</strong> creia ou a este século em que<br />

cada dia se <strong>de</strong>scre<strong>de</strong>ncia mais a humilda<strong>de</strong> e se i<strong>do</strong>latra<br />

mais a soberba?<br />

Se nos invadir a mente qualquer pensamento no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se levar em conta diferenças contextuais,<br />

lembremo-nos que estamos na fé para sermos<br />

imita<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Cristo e não somente ouvintes da palavra.<br />

É realmente difícil, nos dias <strong>de</strong> hoje, criarmos nossos<br />

filhos com princípios <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong> e altruísmo para os<br />

lançarmos em um mun<strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r e egoísta. Mas<br />

ninguém disse que seria fácil, que se exigiria <strong>de</strong> nós<br />

apenas o básico. Ou acreditamos que o fraco vence o<br />

forte, que o louco confun<strong>de</strong> o sábio e que o vil<br />

envergonha o exalta<strong>do</strong>, ou vamos para casa, porque é<br />

vã a nossa fé e vazia a nossa pregação. Mas como<br />

po<strong>de</strong>mos manifestar a humilda<strong>de</strong> exigida pela<br />

consciência cristã? Quais as suas implicações para<br />

hoje? O que os segui<strong>do</strong>res imediatos <strong>de</strong> Cristo faziam<br />

que nós não fazemos? Po<strong>de</strong>mos começar pela diferença<br />

na mensagem <strong>do</strong>s hinos. Enquanto o que cantamos hoje<br />

o louva pela sua promoção <strong>de</strong> servo a rei, os antigos o<br />

louvavam pelo seu <strong>de</strong>spojamento que <strong>de</strong> único e<br />

soberano Deus o transforma em humil<strong>de</strong> e sofre<strong>do</strong>r<br />

servo. Não se trata <strong>de</strong> uma simples e viável troca na<br />

posição social. A troca se dá entre o sublime e o<br />

<strong>de</strong>spreza<strong>do</strong>, entre o inimaginável e o rejeita<strong>do</strong>.<br />

A <strong>Igreja</strong> Primitiva no confronto com as <strong>de</strong>mais<br />

religiões, inclusive com o judaísmo que lhe era<br />

próximo, não exaltava o seu Deus como po<strong>de</strong>roso<br />

acima <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>uses. A existência e soberania <strong>de</strong><br />

um único Deus não era assunto <strong>de</strong> discussão. Ela<br />

exaltava o seu Deus por uma atitu<strong>de</strong> inconcebível a<br />

qualquer outro Deus. Não pela força, não pelo po<strong>de</strong>r,<br />

mas pelo amor e generosida<strong>de</strong>. Um Deus que não<br />

exigia nem oferendas nem sacrifícios, muito menos<br />

efígies em sua homenagem como condições para se<br />

chegar a ele. Louva um Deus que se antecipa a<br />

qualquer suposição humana <strong>de</strong> se religar a ele, fazen<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> seu próprio corpo o sacrifício e <strong>do</strong> seu próprio<br />

sangue a oferta pelo nosso resgate. Então, não sou eu<br />

quem o louvo, não somos nós que o entronizamos. O<br />

máximo que conseguimos e sermos gratos pelo que ele<br />

já fez. Se nós o amamos, é porque ele nos amou<br />

primeiro. Este é o cerne da mensagem: o mérito é<br />

exclusivamente <strong>de</strong>le e que nós somos apenas servos<br />

inúteis, que nada fazemos além <strong>do</strong> mínimo exigi<strong>do</strong>.<br />

Mas que finalida<strong>de</strong> prática tem isso? On<strong>de</strong> isso<br />

nos leva que os nosso hinos também não o fazem? Em<br />

primeiro lugar nos leva à responsabilida<strong>de</strong> no serviço:<br />

“Vocês <strong>de</strong> chamam <strong>de</strong> Senhor e Mestre, e têm razão, pois<br />

eu sou mesmo. Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés <strong>de</strong><br />

vocês, então vocês <strong>de</strong>vem lavar os pés uns <strong>do</strong>s outros.”<br />

Diante disso, on<strong>de</strong> está o limite <strong>do</strong> nosso serviço? Que<br />

missão estaria acima <strong>de</strong> nossa capacida<strong>de</strong>? Que tarefa<br />

estaria abaixo da nossa dignida<strong>de</strong>? Se Cristo lavou os pés<br />

<strong>de</strong> indignos <strong>de</strong> joelhos, nos resta alguma pretensão <strong>de</strong><br />

servirmos aos outros <strong>de</strong> pé? De igual para igual? Pauloem<br />

ICo 4.11 nos dá as verda<strong>de</strong>iras implicações <strong>de</strong>ste serviço:<br />

“Somos amaldiçoa<strong>do</strong>s e bendizemos, somos persegui<strong>do</strong>s e<br />

suportamos, somos calunia<strong>do</strong>s e consolamos, somos<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s o lixo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e a escória <strong>do</strong> Universo.”<br />

A segunda implicação diz respeito à hierarquia.<br />

Quan<strong>do</strong> nos imaginamos segui<strong>do</strong>res <strong>de</strong> um Deus rei,<br />

imediatamente tomamos sobre nós as vantagens e<br />

prerrogativas <strong>de</strong> amigos <strong>do</strong> rei. É um fator inerente a este<br />

status. Mas quan<strong>do</strong> assumimos que somos servos <strong>de</strong> um<br />

Deus servo, estas prerrogativas <strong>de</strong>saparecem num piscar<br />

<strong>de</strong> olhos. Já não estou mais acima <strong>do</strong> bem e <strong>do</strong> mal, não<br />

sou mais imune às mazelas e atribulações que passam um<br />

humano qualquer. Eu sou sim, o mais indigno e humil<strong>de</strong><br />

servo, e é aí que entra a exaltação à humilda<strong>de</strong>. Sabemos<br />

que é extremamente complica<strong>do</strong> alguém ter a convicção<br />

<strong>de</strong> que a<strong>do</strong>ra o único e verda<strong>de</strong>iro Deus, em toda a sua<br />

onipotência, onipresença e onisciência, e ter como<br />

exigência consi<strong>de</strong>rar o semelhante, por mais miserável<br />

que possa ser, superior a si mesmo na hierarquia cristã, e<br />

ter que apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito ce<strong>do</strong>, que estes nos<br />

prece<strong>de</strong>ramno Reino <strong>do</strong>s Céus.<br />

Em terceiro lugar entra a questão da<br />

matemática divina. A fórmula não é mais a <strong>do</strong><br />

paganismo: quanto mais eu sacrifico, quanto mais eu<br />

louvo, quanto mais eu oferto, tanto mais Deus me<br />

abençoa. A fórmula passa a ser: quanto mais eu o amo<br />

e quanto mais eu lhe sou grato, tanto mais eu tenho<br />

obrigação <strong>de</strong> servir o próximo. É aí que toda a a<strong>do</strong>ração<br />

e to<strong>do</strong> louvor se traduzem <strong>de</strong> repente em serviço.<br />

Uma prévia <strong>do</strong> Juízo Final, po<strong>de</strong> ser observada<br />

no juízo pelo qual Pedro foi submeti<strong>do</strong> por Cristo na<br />

<strong>de</strong>spedida <strong>do</strong> seu ministério terreno. Ela nos sinaliza que<br />

uma única pergunta foi feita neste julgamento: “Pedro tu<br />

me amas?” E uma única sentença foi proferida: “Se tu<br />

me amas, apascenta as minhas ovelhas”.


Inovação, Criativida<strong>de</strong> e<br />

Atitu<strong>de</strong>s Transgressoras<br />

A propósito <strong>do</strong> artigo “É tempo <strong>de</strong><br />

transgredir”, <strong>de</strong> Rute Noemi, publica<strong>do</strong> em<br />

nossa edição 1.300, <strong>de</strong> 31.12.2006, eu quero<br />

dizer que, para mim, não é tempo <strong>de</strong><br />

transgredir. Transgressão, transgredir,<br />

transgressor ou transgressivo não são<br />

palavras <strong>de</strong> que goste. Elas têm implicações<br />

altamente negativas, pelo menos em seus<br />

significa<strong>do</strong>s mais comuns. São esses que o<br />

povo enten<strong>de</strong>. Basta dar uma olhadinha no<br />

Aurélio para se confirmar.<br />

Ao contrario <strong>de</strong>las, eu gosto <strong>de</strong> duas outras<br />

palavras, também fortes, mas com<br />

significa<strong>do</strong>s muito mais positivos, isto é,<br />

criativida<strong>de</strong> e inovação. Empresas, igrejas ou<br />

pessoas que seguem o que essas palavras<br />

significam vão sempre bem. Aliás, Peter<br />

Drucker, recentemente faleci<strong>do</strong>, o chama<strong>do</strong><br />

“pai” da administração mo<strong>de</strong>rna, enfatizava<br />

tanto a inovação que ele achava que, numa<br />

empresa, só havia duas coisas importantes,<br />

marketing e inovação. O cristianismo tomou<br />

conta <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> por seu caráter inovativo.<br />

On<strong>de</strong> havia um Deus vingativo, sempre<br />

disposto a castigar, nós apren<strong>de</strong>mos com<br />

Jesus que ele é amoroso e quer o melhor para<br />

nós. On<strong>de</strong> estava o castigo cruel, Jesus<br />

pregou a graça e a vida abundante que ele<br />

trouxe. Porque “on<strong>de</strong> abun<strong>do</strong>u o peca<strong>do</strong>,<br />

superabun<strong>do</strong>u a graça”. On<strong>de</strong> se pensava<br />

num Deus nas alturas, distante, assenta<strong>do</strong> em<br />

seu trono, Deus se mostrou como homem,<br />

que habitou entre nós e, como homem,<br />

igualzinho a cada <strong>de</strong> um nós, sofreu as coisas<br />

que um ser humano sofre.<br />

Algumas pessoas me disseram, até à guisa <strong>de</strong><br />

elogio, que eu era o que o artigo valorizava,<br />

ou seja, uma pessoa transgressora ou<br />

transgressiva. Devo dizer, com muita ênfase,<br />

João Wesley Dornellas<br />

que não sou assim., não sou uma pessoa<br />

transgressora, pelo contrário.<br />

Para mim, transgressores são, por exemplo,<br />

aqueles que querem mudar em nossa <strong>Igreja</strong> o<br />

que está certo, isto é, mudar para pior.<br />

Inovação é mudar para melhor, naquilo que<br />

po<strong>de</strong> ser melhora<strong>do</strong>. O que já está bom, como<br />

as verda<strong>de</strong>s cristalinas <strong>do</strong> Evangelho <strong>de</strong><br />

Jesus, não precisa ser muda<strong>do</strong>. Há muitas<br />

atitu<strong>de</strong>s transgressoras <strong>de</strong>ntro da <strong>Igreja</strong> e elas<br />

merecem a minha con<strong>de</strong>nação mais<br />

veemente. Não <strong>do</strong>u direito aos que as<br />

praticam <strong>de</strong> achar que estão aprimoran<strong>do</strong> o<br />

que está certo.<br />

Para mim, os que tentam mudar a nossa<br />

<strong>do</strong>utrina, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> <strong>do</strong>utrinas que não são<br />

metodistas, isto é, que não correspon<strong>de</strong>m à<br />

visão <strong>de</strong> João Wesley sobre a Bíblia, estão<br />

sen<strong>do</strong> transgressores, no senti<strong>do</strong> básico da<br />

palavra, isto é, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> cumprir,<br />

<strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cer, violar. Não é o fato <strong>de</strong> que um<br />

grupo forte e numeroso imponha essas<br />

mudanças que as transformam em coisas<br />

certas. O que aconteceu no Concílio Geral, na<br />

qual um grupo <strong>de</strong> pastores <strong>de</strong> tendência<br />

neopentecostal, que obteve a maioria<br />

utilizan<strong>do</strong> <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s absolutamente não<br />

cristãos, aprovou uma atitu<strong>de</strong> não ecumênica<br />

para nossa <strong>Igreja</strong>, contrarian<strong>do</strong> nossa posição<br />

histórica, <strong>de</strong> pioneiros no assunto, para mim<br />

foi transgressão. Como também foi a omissão<br />

<strong>do</strong>s bispos que não <strong>de</strong>clararam a proposta<br />

fora <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, como era <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>ver fazê-lo,<br />

porque a nossa Constituição, nós nos<br />

orientamos pela interpretação da Bíblia feita<br />

por Wesley e o ecumenismo faz parte <strong>do</strong>s<br />

sermões <strong>de</strong> João Wesley, que o acha<br />

imprescindível. Para aprovar aquela afronta<br />

ao i<strong>de</strong>al metodista, há, pela Constituição da


<strong>Igreja</strong>, um quorum to<strong>do</strong> especial, que exigiria<br />

<strong>do</strong>is terços <strong>do</strong> total <strong>de</strong> votos apura<strong>do</strong>s nos<br />

concílios regionais e confirmação <strong>do</strong> Concílio<br />

Geral imediato, também por <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong>s<br />

votos. Ou, por recomendação <strong>de</strong> pelo menos<br />

<strong>do</strong>is terços <strong>do</strong>s votos <strong>de</strong> um concílio geral e<br />

aprovação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong> total <strong>de</strong> votos<br />

apura<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os concílios regionais<br />

(Constituição da <strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong>, arts. 11item<br />

2 e parágrafo único. Toda a nossa<br />

diretriz ecumênica foi, no entanto, revogada<br />

por uma maioria <strong>de</strong> apenas 14 votos.<br />

Além <strong>do</strong> mais, antes <strong>do</strong> encerramento <strong>do</strong><br />

Concílio Geral, que só se <strong>de</strong>u três meses<br />

<strong>de</strong>pois, e por cujo Regimento Interno havia o<br />

direito <strong>de</strong> se pedir reconsi<strong>de</strong>ração, os<br />

“transgressores”, muito afoitos, se<br />

apressaram em oficializar, perante os órgãos<br />

ecumênicos, nossa retirada <strong>de</strong>les. A maioria<br />

foi pequena e, mesmo assim, fruto <strong>de</strong> muitas<br />

atitu<strong>de</strong>s não cristãs. Eles, é certo, cometerem<br />

uma transgressão, não no senti<strong>do</strong> heróico que<br />

Rute Noemi quer dar à palavra. Agora, pelo<br />

que se vê em textos que circulam pela<br />

Internet, alguns daqueles pastores, quase<br />

apopléticos, estão <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a expulsão<br />

sumária da igreja <strong>do</strong>s pastores que reclamam<br />

das medidas. E até prometem, e já lhe dão<br />

apoio, que o Bispo João Carlos vai lhes dar.<br />

Para mim, portanto, que não sou<br />

transgressor, embora ar<strong>do</strong>roso <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong><br />

minhas idéias (e já um pouco cansa<strong>do</strong> disto<br />

tu<strong>do</strong>), acho transgressores to<strong>do</strong>s os<br />

metodistas que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m batismo <strong>de</strong><br />

imersão, proibição <strong>de</strong> batismo infantil, unção<br />

com óleo, que não é prática <strong>do</strong> metodismo<br />

(gostaria que alguém me <strong>de</strong>monstrasse o seu<br />

uso por João Wesley), batismo <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo na visão pentecostal, que Wesley<br />

sempre foi contrário ao uso da expressão, ao<br />

achar que o Batismo <strong>do</strong> Espírito Santo<br />

aconteceu uma vez só e <strong>de</strong> maneira suficiente<br />

para atingir to<strong>do</strong>s os cristãos, conforme nos<br />

ensina o texto paulino: “1 Co 12,13}”.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, o artigo <strong>de</strong> Rute Noemi toca<br />

em outros pontos com os quais concor<strong>do</strong><br />

plenamente. Como aquela parte em que ela<br />

fala da mediocrida<strong>de</strong>, que eu também<br />

abomino, e <strong>do</strong>s pastores e bispos que não<br />

estão cumprin<strong>do</strong> seus <strong>de</strong>veres elementares e<br />

os seus votos, ou seja, que estão<br />

transgredin<strong>do</strong>, e transgredin<strong>do</strong> muito.<br />

Também concor<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> ela diz, ao final <strong>do</strong><br />

seu artigo, que “Deus nos chama para que<br />

resgatemos a nossa história, nos <strong>de</strong>finamos<br />

diante <strong>de</strong>le e sigamos na construção <strong>do</strong><br />

Reino, on<strong>de</strong> a justiça e o amor sejam<br />

corriqueiros”.<br />

A história da <strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong> é linda. É<br />

heróica. Foi escrita por vidas que se <strong>de</strong>ram<br />

totalmente à obra, por mártires, por<br />

visionários, por pessoas que “nunca olharam<br />

para trás” ao pegar o ara<strong>do</strong>, heróis que não<br />

tinham interesses pessoais a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r,<br />

evangelistas que pregavam a tempo e fora <strong>do</strong><br />

tempo, que não tiveram vida boa mas a<br />

consumiram no seu sonho <strong>de</strong> ver instala<strong>do</strong> na<br />

Terra o Reino <strong>do</strong> Céu. Que lutaram para<br />

renovar o mun<strong>do</strong>, especialmente a <strong>Igreja</strong>, e a<br />

espalhar a santida<strong>de</strong> bíblica pela terra, como<br />

<strong>de</strong>sejava João Wesley para o seu povo, o<br />

“<strong>Povo</strong> Chama<strong>do</strong> <strong>Metodista</strong>”.<br />

Com conhecimento, criativida<strong>de</strong> e senso <strong>de</strong><br />

inovação, nós estaremos certamente<br />

capacita<strong>do</strong>s para mudar as coisas. Antes <strong>de</strong><br />

tu<strong>do</strong>, porém, é necessário querer mudá-las e<br />

não ficar, como na velha canção <strong>de</strong> Chico<br />

Buarque, somente “ven<strong>do</strong> a banda passar”.<br />

Porque apreciar a banda passar, sem fazer<br />

nada, po<strong>de</strong> levar ao fim melancólico coloca<strong>do</strong><br />

por Chico ao final da canção: “Mas para meu<br />

<strong>de</strong>sencanto, o que era <strong>do</strong>ce acabou. E cada qual no<br />

seu canto e em cada canto uma <strong>do</strong>r”.<br />

Ainda está em tempo <strong>de</strong> você se inscrever num Ministério.<br />

Faça isto hoje ainda! E colabore com seus planos, suas idéias<br />

e seu trabalho. A obra <strong>de</strong> Cristo precisa ser feita.


O que há pela <strong>Vila</strong> (pelo interino)<br />

Com o regresso hoje<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pastores que<br />

estavam <strong>de</strong> férias,<br />

Ronan e Adilson, a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Vila</strong> <strong>Isabel</strong> retoma as suas<br />

ativida<strong>de</strong>s normais, se bem<br />

que tenhamos ainda uma<br />

interrupção por ocasião <strong>do</strong><br />

Carnaval, no terceiro <strong>do</strong>mingo.<br />

Algumas ativida<strong>de</strong>s<br />

ainda estarão em recesso no<br />

mês <strong>de</strong> fevereiro mas a maioria<br />

<strong>de</strong>las volta nesta semana<br />

à vida normal. Esperamos<br />

que os pastores tenham <strong>de</strong>scansa<strong>do</strong><br />

bem e voltem às<br />

suas ativida<strong>de</strong>s com muita<br />

disposição.<br />

Vale a pena ressaltar<br />

que, na ausência <strong>do</strong>s<br />

pastores Ronan e Adilson,<br />

com a igreja sob responsabilida<strong>de</strong><br />

exclusiva <strong>do</strong><br />

pastor Rubem, tu<strong>do</strong> correu<br />

bem, os cultos foram bem<br />

concorri<strong>do</strong>s, embora algumas<br />

famílias tenham esta<strong>do</strong><br />

ausentes por motivos <strong>de</strong> férias<br />

também. Damos graças<br />

a Deus por tu<strong>do</strong> e, em especial,<br />

pelo trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />

pelo pastor Rubem.<br />

Oplanejamento <strong>de</strong><br />

nossas ativida<strong>de</strong>s<br />

para 2007 está chegan<strong>do</strong><br />

à reta final. To<strong>do</strong>s os<br />

órgãos e, em especial, os ministérios<br />

<strong>de</strong>vem entregar<br />

seus planejamentos, que não<br />

é um trabalho só <strong>do</strong>s coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res<br />

mas <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o<br />

grupo, nesta semana, como<br />

está amplamente noticia<strong>do</strong>.<br />

Depois <strong>de</strong> examina<strong>do</strong>s pela<br />

Mesa da CLAM, eles serão<br />

minuciosamente estuda<strong>do</strong>s<br />

em reunião <strong>de</strong>la que está<br />

marcada para o sába<strong>do</strong> dia<br />

10 <strong>de</strong> fevereiro pela manhã.<br />

Após a reunião, os presentes<br />

terão um almoço <strong>de</strong> congraçamento.<br />

Tomam posse hoje, no<br />

culto matutino, os coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> ministérios<br />

que não estavam presentes<br />

(ou ainda não tinham<br />

si<strong>do</strong> escolhi<strong>do</strong>s) no dia 31 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro. Agora é tempo <strong>de</strong><br />

correr pois,pelo visto, as ativida<strong>de</strong>s<br />

especiais da igreja<br />

só terão início no próximo<br />

mês <strong>de</strong> março.<br />

Retornam, a partir da<br />

próxima edição <strong>do</strong><br />

JORNAL DA VILA,<br />

seu Diretor Roberto Pimenta<br />

e o redator titular <strong>de</strong>sta página,<br />

Luiz Pimenta. Seu<br />

substituto nas duas ativida<strong>de</strong>s<br />

agra<strong>de</strong>ce as atenções<br />

recebidas e <strong>de</strong>volve a eles as<br />

responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> editoração<br />

<strong>do</strong> jornal.<br />

Há planos <strong>de</strong> uma<br />

reestruturação <strong>do</strong><br />

JORNAL DA VILA,<br />

com a introdução <strong>de</strong> nova<br />

diagramação, novas seções e,<br />

em especial novos colabora<strong>do</strong>res.<br />

Também se <strong>de</strong>seja a<br />

ampliação <strong>de</strong> sua circulação,<br />

não só em nossa igreja mas<br />

em to<strong>do</strong> o Brasil., através da<br />

Internet, com remessas nor-<br />

mais. Com sua inserção no<br />

site <strong>de</strong> nossa igreja, certamente<br />

o número <strong>de</strong> leitores<br />

tem aumenta<strong>do</strong> muito.<br />

P<br />

ara favorecer a comunicação<br />

<strong>do</strong>s leitores<br />

com o jornal, foi cria<strong>do</strong><br />

um e.mail especial, indica<strong>do</strong><br />

na primeira página.<br />

Estamos esperan<strong>do</strong> por comentários,<br />

críticas e, principalmente,<br />

colaborações para<br />

o jornal. Tu<strong>do</strong> será muito<br />

bem-vin<strong>do</strong>. Você que está<br />

interessa<strong>do</strong> no JORNAL DA<br />

VILA e em jornalismo em<br />

geral, venha trabalhar conosco.<br />

Para os que não gostam<br />

<strong>de</strong> escrever temos uma<br />

sugestão especial, vir colaborar<br />

com a organização <strong>de</strong><br />

nossa coleção <strong>do</strong>s jornais.<br />

Precisamos tê-la bem organizada,<br />

e enca<strong>de</strong>rnada, para<br />

facilitar as consultas. E, é<br />

claro, termos um índice <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s os artigos publica<strong>do</strong>s<br />

nestes mais <strong>de</strong> 1.300 exemplares.<br />

JORNAL DA VILA<br />

ANO XXVII - Nº 1304<br />

28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007<br />

Publica<strong>do</strong> semanalmente pelo<br />

Ministério <strong>de</strong> Comunicação da<br />

<strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong> <strong>de</strong> <strong>Vila</strong> <strong>Isabel</strong><br />

– Boulevard 28 <strong>de</strong> setembro,<br />

400 - Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ)<br />

Funda<strong>do</strong>r: Carlos Valle Rego;<br />

Diretor: Roberto Pimenta; Redator:<br />

Luiz Pimenta;Xerografia:<br />

Walquírio Mattos;Distribuição:<br />

Élson da Silva. Os artigos são<br />

<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<br />

autores.


<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<br />

autores.

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