BATISMO POR ASPERSÃO E BATISMO DE CRIANÇAS W. G. SWIFT
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<strong>BATISMO</strong> <strong>POR</strong> <strong>ASPERSÃO</strong><br />
E<br />
<strong>BATISMO</strong> <strong>DE</strong> <strong>CRIANÇAS</strong><br />
W. G. <strong>SWIFT</strong><br />
IMPRENSA METODISTA<br />
PREFÁCIO<br />
Depois de haver estudado a Bíblia e os escritos de homens eruditos por mais de quarenta e<br />
cinco anos sobre o assunto contido neste livreto, tempo esse em que fiz uma excursão pelas terras<br />
da Bíblia, estou completa e claramente convencido de que o derramamento ou aspersão de água<br />
sobre uma pessoa em o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é o modo próprio de batismo,<br />
uma vez que derramamento e aspersão provêm da mesma palavra grega. Para reforçar essa opinião<br />
vou apresentar algumas afirmações de alguns dos mais eruditos mestres do grego. A primeira é do<br />
Léxico Grego e Inglês, de Robinson, considerado um dos melhores sobre o Novo Testamento. Diz<br />
ele: “Nas primeiras versões latinas do Novo Testamento, como, por exemplo, a Itala, que Agostinho<br />
considerava como a melhor de todas e que remonta aparentemente ao segundo século e ao uso<br />
ligado com a era apostólica, o verbo grego baptizo é apresentado uniformemente na forma latina<br />
baptizo, e nunca é traduzido por immergo ou por qualquer outra forma semelhante; demonstrando<br />
com isso que havia alguma coisa no rito do batismo com que a última não correspondia. As fontes<br />
batismais que ainda se encontram entre as ruínas das igrejas gregas mais antigas na Palestina, como<br />
em Técoa e Gofna, e que aparentemente remonta a tempos mui primitivos, não são suficientemente<br />
grandes de modo a admitir o batismo por imersão de pessoas adultas; e òbviamente jamais foram<br />
designadas para aquele uso.”<br />
O Dr. Rice (em sua Polêmica com Campbell) diz: “Já examinei todas as passagens na<br />
Bíblia e nos escritos apócrifos dos judeus, onde a palavra baptizo é usada em sentido literal, sem<br />
referência à ordenança do batismo cristão, e a minha convicção clara é que não há um único<br />
exemplo em que se possa provar signifique imergir; que todos os exemplos, exceto talvez um,<br />
expressam a aplicação de água à pessoa ou coisa por derramamento ou aspersão.”
Extraí o seguinte do The Christian Standard, um dos principais jornais da Igreja Cristã,<br />
datada de 13 de fevereiro de 1932: “Parece-me que a palavra sobre imersão nunca deve ser usada<br />
em uma discussão sobre o batismo cristão. Eis a prova: Em primeiro lugar não é um termo bíblico;<br />
nunca é usada na Versão Americana nem na Edição Revista.” Aqui, na própria fortaleza dos<br />
imersionistas, entre os discípulos de Alexandre Campbell, é admitido o meu ponto de vista.<br />
O Dr. Jacob Ditzler, um dos maiores mestres gregos dos dias modernos, diz enfaticamente<br />
em seus escritos que não existe nenhuma palavra grega para imersão no Novo Testamento.<br />
W. G. Swift.
MOTIVOS <strong>DE</strong>STES ARTIGOS<br />
Escrevi uma série de artigos sobre “Por que Batizar por Aspersão e Batizar crianças”, e foi<br />
tal o número de pedidos desses artigos, que resolvi pô-los em forma de folheto.<br />
Enquanto alguns crêem que a imersão é a forma certa de batizar, a maioria dos protestantes<br />
crê que a afusão é o modo ensinado na Bíblia.<br />
Alguns que não concordam conosco quanto ao modo do batismo com água, perguntam-me<br />
por que não discutimos mais este assunto, se é que temos qualquer base na Bíblia para a nossa<br />
crença.<br />
Nestes artigos procurarei responder a essa pergunta, atendendo assim a esse pedido. Uma<br />
outra razão é que nossos pregadores raramente discutem o batismo de água, porque não crêem seja<br />
essencial para salvação. Por isso a maioria dos nossos irmãos sabe muito pouco sobre qual seja a<br />
nossa crença a esse respeito. Os membros de nossas igrejas estão ansiosos de conhecerem mais<br />
sobre o que nós cremos e porque cremos assim. Estou certo de que nosso povo e outras pessoas que<br />
são sinceras e honestas, apreciarão esta discussão franca. Pregadores de algumas igrejas dão a sua<br />
opinião sobre o batismo quase todas as vezes que pregam, e outros ainda o fazem mui<br />
freqüentemente. Por que não conceder aos demais o nosso privilégio de externar suas opiniões sobre<br />
este assunto?<br />
Quanto eu era rapaz fui batizado por aspersão, e fiquei inteiramente satisfeito. Depois de<br />
ouvir muitas pregações que mandavam para o inferno (bad world) os que não eram imersos, fui<br />
forçado a crer que eu estaria perdido se não mudasse minha opinião sobre o batismo. Ninguém pode<br />
imaginar a tortura inútil que tive de suportar por muito tempo.<br />
Resolvi deixar a Bíblia solucionar o assunto, e não o homem. Fiquei convencido, pelo estudo<br />
do Velho Testamento, a única Bíblia que os profetas, Jesus e os apóstolos possuíam, que no Velho<br />
quer no Novo Testamento, que a imersão não simbolizava o que Deus e o Filho do Homem<br />
pretendiam.<br />
A palavra “imergir” ou “imersão” não se encontra na Tradução do rei Tiago, do Bíblia,<br />
considerada pelas maiores autoridades inglesas como a maior tradução que já foi dada ao mundo.<br />
<strong>POR</strong> QUE HÁ CONFUSÃO SOBRE O <strong>BATISMO</strong> COM ÁGUA<br />
Há milhares de pessoas em nossas igrejas que se sentem confusas a respeito do modo do<br />
batismo. Muitas pessoas se têm filiado às igrejas imersionistas simplesmente porque não
compreenderam o significado pleno do batismo com água. Posso perceber desde logo como se fica<br />
confuso a respeito desta questão. Eu mesmo fui torturado por ela. Toda explicação que ouvia sobre o<br />
assunto provinha das igrejas que batizam por imersão. “Desceram à água”, Jesus “batizado no rio<br />
Jordão”, “sepultados com Cristo”, “muito águas”, e outras expressões tais parecem significar<br />
imersão para aqueles que não estudam a Bíblia em sua verdadeira luz e significado. Eu era novato<br />
no conhecimento da Bíblia e por isso me sentia mui confuso. Não sabia que o batismo tinha sido<br />
administrado 1500 anos por aspersão e derramamento antes de nascer João Batista. Não sabia que<br />
havia outra Bíblia até o ano 100 A. D., exceto a velha Bíblia chamada Escrituras. Não compreendia<br />
que “a lei e os profetas” requeriam aspersão e derramamento como batismo e que a água usada<br />
nessas cerimônias tinha que ser pura e de ribeiros de água corrente. Não sabia que um sacerdote<br />
devia ter trinta anos de idade antes de sua dedicação para o sacerdócio. Não sabia que o lugar em<br />
que o Eunuco foi batizado era deserto, e naquele lugar não havia rio. Não sabia que “sepultado com<br />
Cristo” significa sepultado com Ele “na morte” e não na água. Não sabia que “no Jordão” tinha o<br />
mesmo significado que “na Galiléia”, “em Samaria”, e que “na água” significava a mesma coisa que<br />
“na montanha” e “numa figueira”. Jesus subiu em “um monte” e Zaqueu “trepou em uma figueira”;<br />
e sabemos que Jesus não ficou no pó e nem Zaqueu na casca da árvore. Eu não sabia que “muitas<br />
águas” em grego significavam “muitas fontes”. Mas depois do estudo da Bíblia, feito mui<br />
circunstanciadamente por mais de 45 anos, tudo se esclareceu.<br />
<strong>POR</strong> QUE A MAIORIA DOS PROTESTANTES DIFERE QUANTO AO MODO DO<br />
<strong>BATISMO</strong>, <strong>DE</strong> ALGUNS QUE PRATICAM A IMERSÃO<br />
Os que praticam a imersão crêem que representa o sepultamento e ressurreição de Cristo. Eu<br />
creio que o batismo com água representa o batismo do Espírito Santo e que este foi efetuado por<br />
aspersão.<br />
“O Espírito Santo desceu sobre eles, como no princípio descera sobre nós. Lembrei-me da<br />
palavra do Senhor, como disse: João na verdade batizou com água, mas vós sereis batizados com o<br />
Espírito Santo” (Atos 11:15-16). Pedro, neste passo, lembra-se que o batismo de João foi por
aspersão, porque em Jerusalém o batismo de Espírito Santo foi por aspersão. Como podia “com<br />
água” significar imersão se “com o Espírito Santo” significa aspersão? Atos 1:5, “O Espírito Santo<br />
veio sobre vós”. Isaías 32:15, “Até que sobre nós se derrame o Espírito lá do alto”.<br />
O modo de os judeus se purificarem era por derramamento e aspersão. Ambos significavam<br />
pureza. Eram tão comuns que a Bíblia menciona derramamento e aspersão mais de 200 vezes. Os<br />
judeus aspergiam as pessoas e os vasos. (Vd. Hebreus 9:19-21), e isto era símbolo da purificação do<br />
Espírito Santo. No casamento em Caná da Galiléia, quando Jesus realizou o seu primeiro milagre,<br />
lemos em João 2:6: “Ora estavam ali colocadas seis talhas de pedra, que os judeus usavam nas<br />
purificações”.<br />
Na Bíblia não lemos a respeito de roupas de borracha, nem de batistérios, nem de pessoas<br />
que eram levadas aos rios e arroio como hoje se costuma fazer. São invenções modernas e não<br />
pertencem aos dias apostólicos.<br />
Se a imersão fosse o único modo de batismo, muitas pessoas nas regiões geladas do norte, e<br />
nos desertos como o Saara, onde não se poderia obter água suficiente, não poderiam ser batizadas, e<br />
Deus teria ordenado uma impossibilidade.<br />
ÊNFASE ERRADA SOBRE O <strong>BATISMO</strong> COM ÁGUA<br />
Embora o batismo seja uma ordenança sagrada e represente a coisa mais santa da igreja – o<br />
Espírito Santo – contudo muitas pessoas lhe dão ênfase errada e de tal modo o fazem que por pouco<br />
não o tornam um ídolo.<br />
Tem-se a impressão que muitos dão mais ênfase à ordenança exterior do Espírito Santo.<br />
Muitas pessoas faziam isto nos dias de Paulo e dos apóstolos. Lede cuidadosamente as epístolas de<br />
Paulo e vereis que uma das dificuldades de seu ministério era impedir que os judeus convertidos<br />
dessem excessiva ênfase a ordenanças exteriores tais como a circuncisão, as lavagens, os batismos,<br />
etc. “Porque Cristo não me enviou a batizar mas a pregar o evangelho.” “Deus não permita que eu<br />
me glorie senão na cruz.”
Exceção feita de uma simples referencia ao batismo, Jesus nunca pregou um sermão sobre<br />
esse assunto, nem Paulo, nem os apóstolos. Jesus jamais batizou alguém, nem podemos apelar para<br />
um versículo da Bíblia e demonstrar por ele que um dos doze apóstolos ou dos oito escritores do<br />
Novo Testamento, exceto Paulo, fosse batizado de qualquer modo, ou tivesse batizado qualquer<br />
candidato. Inferimos de certas passagens da Escritura que batizaram alguns, mas prova-lo<br />
cabalmente é outra coisa. Onde Mateus, Marcos, Lucas, João, Pedro, Tiago e Judas foram batizados,<br />
e onde a Bíblia diz positivamente que batizaram alguém? Onde foram batizados os doze apóstolos?<br />
Quem os batizou? Por que Jesus não batizou os doze ou não permitiu que o fizessem?<br />
O <strong>BATISMO</strong> COM ÁGUA, UM SINAL DA REALIDA<strong>DE</strong> ESPIRITUAL<br />
Há dois sacramentos ordenados por Cristo – o Batismo e a Ceia do Senhor. Estes “não são<br />
apenas distintivos ou sinais de profissão dos cristãos, mas antes são sinais certos de graça”. O<br />
batismo é “um sinal da regeneração ou novo nascimento”. Na Ceia do Senhor o pão é o sinal do<br />
corpo quebrado de Cristo, enquanto que o vinho é um sinal do seu sangue derramado.<br />
A oferta de Abel foi aceitável porque ele ofereceu um cordeiro com seu sangue derramado,<br />
um tipo de Cristo, o Cordeiro de Deus, o que Caim não fez. Este tipo teve a sua origem cabal no<br />
Egito quando os israelitas instituíram o cordeiro pascoal ou Páscoa. Depois de haverem matado o<br />
cordeiro e colhido o sangue tomavam o hissopo e, mergulhando-o no sangue, esparziam as<br />
ombreiras da casa em que deveriam comer o cordeiro. Esse cordeiro pascoal tipificava a morte de<br />
Cristo e o seu sangue derramado. Assim como o cordeiro era um tipo de Cristo, assim também o<br />
batismo da água é um tipo de batismo de Espírito Santo.
Lemos em Isaías 44:3: “Derramarei água sobre o sedento”, etc. “Derramarei o meu espírito<br />
sobre a sua semente”, etc. Mateus 3:11 cita João Batista: “Eu na verdade vos batizo com água”. “Ele<br />
vos batizará com o Espírito Santo”. Qual era o sinal? A água derramada. Qual era a realidade ou<br />
substancia? “O Espírito Santo derramado”. João disse: “Pra que Ele seja manifestado a Israel, é que<br />
eu vim batizar com água”. Manifestado como? Pelos tipos familiares aos israelitas. Como deveria<br />
ser aplicado o sangue de Cristo? Pedro diz (1 Pedro 1:2) “...a aspersão do sangue de Jesus<br />
Cristo”. Isaías diz: “Ele borrifará muitas nações”. Isto designava o seu sangue. Qual era o sinal ou<br />
tipo? Aspergindo ou batizando com água. Em I João 5:8 lemos: “Há três que dão testemunho na<br />
terra, o Espírito, a água e o sangue: e estes três concordam”. Concordam em ensinar a lição da<br />
purificação. A água é o símbolo e o Espírito e o sangue, a realidade.<br />
ESCLARECIDO O MODO <strong>DE</strong> <strong>BATISMO</strong><br />
Chamo a vossa atenção para um quadro e para alguns trechos das Escrituras que nele se<br />
encontram. Muitos anos antes de Cristo vir à terra, disse o profeta Joel (Joel 2:28): “E acontecerá<br />
depois que derramarei o meu espírito sobre toda a carne”. Isto, devem admiti-lo todos os estudantes<br />
honestos da Bíblia, se refere ao dia de Petencostes (vd. o quadro). Notai a palavra “derramado”.<br />
Joel 2:28 –<br />
“Derramar.”<br />
Atos 1:5 –<br />
“Com água.”<br />
Pente-<br />
coste<br />
Atos 1:5 –<br />
“Com o<br />
Espírito Santo”<br />
Atos 10:44 –<br />
“Caiu.”<br />
Atos 10:45 -<br />
“Derramado.”<br />
Todas as passagens da Escritura, neste quadro,<br />
apontam para o Petencostes quando o Espírito Santo
foi “derramado”. Duas das afirmações são do Senhor<br />
e a outra é de Pedro referindo-se ao que o Senhor havia dito.<br />
Quando Cristo estava na terra, disse aos seus discípulos (Atos 1:5): “Pois João, na verdade,<br />
batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias”. Que<br />
estudioso da Bíblia haveria de negar que esta afirmação de Jesus se refere ao dia de Petencostes, e a<br />
Joel 2:28 “derramarei”? Ambas as afirmações são de Senhor, e se referem à mesma coisa (vd. O<br />
quadro). Depois que Cristo foi para a glória, Pedro foi para a Cesaréia a fim de pregar, após o que<br />
encontrou alguns dos discípulos e estava lhes contando o que pregava (vd. Atos 10:34-44). Também<br />
Atos 10:44, 45: “Enquanto Pedro ainda falava estas coisas, desceu Espírito Santo sobre todos os que<br />
ouviam a palavra. Admiraram todos os crentes que eram de circuncisão (judeus), quantos vieram<br />
com Pedro, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo”. Agora lede<br />
cuidadosamente Atos 11:1 a 16. Parece que Pedro jamais compreendera o que Jesus queria dizer em<br />
Atos 1:5, até que testemunhou o poder do Espírito Santo em Cesaréia oito anos depois do dia de<br />
Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre o povo. Agora lede cuidadosamente Atos 11:16:<br />
“Lembrei-me da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis<br />
batizados com o Espírito Santo”. Se qualquer dos leitores não puder perceber que a conexão aqui<br />
existente, isto é, com água, com o Espírito Santo, derramarei, e desceu sobre eles, são a mesma<br />
coisa e que o batismo de João não poderia ser imersão, então o escritor destas linhas não sabe como<br />
ajudá-lo a percebê-la.<br />
AS TRADIÇÕES BÍBLICAS, OS COSTUMES JU<strong>DE</strong>US E OS<br />
<strong>BATISMO</strong>S ANTES <strong>DE</strong> CRISTO<br />
Tendo estudado por muitos anos as tradições bíblicas e tendo feito uma viagem pelas terras<br />
bíblicas, posso referir cerca de quarenta tradições e costumes da Palestina que estavam em uso antes<br />
de Cristo, e muitos deles ainda em uso, os quais eu observei quando atravessava aquela região, tais<br />
como duas mulheres moendo num moinho, aração feita com arado de um só cabo, homens<br />
saudando-se mutuamente com ósculo santo, transporte de água e leite em odores de couro,<br />
cambistas, etc. Se tais costumes ainda são vistos hoje em dia como o eram nos dias de Cristo e antes<br />
desse tempo, por que o batismo de água seria indicado por derramamento e aspersão, se fora à<br />
imersão o modo daquela época? O quadro que vedes impresso na capa é reprodução dos mais<br />
antigos existentes. As pinturas ou desenhos dos cristãos primitivos encontravam-se nas catacumbas
de Roma, uma das quais eu mesmo atravessei com uma candeia acesa. A que eu atravessei<br />
completamente tinha oito acres de túneis subterrâneos. Muitos cristãos primitivos viveram e foram<br />
enterrados sob o solo durante aqueles dias terríveis de perseguições, nos primeiros três séculos. Três<br />
dessas pinturas, feitas logo depois dos últimos dias dos apóstolos, foram descobertas quando foram<br />
desobstruídas as cavernas do subterrâneo. João ainda era vivo quando foi feita a primeira. Nas<br />
primeiras duas, feitas pelos cristãos primitivos, vê-se o que mistura o batismo de pé, em terra seca,<br />
derramando água sobre a cabeça do batizando. Na outra, vê-se o batizador de pé com água até junto<br />
dos seus tornozelos, derramando água sobre a cabeça do batizando, como nas duas primeiras cenas.<br />
O quadro que acompanha estes artigos é um dos dois mais antigos encontrados nas catacumbas. Em<br />
um dos primeiros e também no último desses quadros, vê-se a pomba celestial descendo sobre a sua<br />
cabeça. João 1 :32.<br />
Foram tais descobertas na Palestina que levaram o Dr. Whitsit, por muito tempo professor no<br />
Seminário Batista de Lousville, Kentucky, a renunciar à imersão como o verdadeiro modo de<br />
batismo.<br />
assunto.<br />
Fairfield, um outro batista eminente, fez a mesma coisa. Ambos escreveram livros sobre esse<br />
Durante a viagem pela Palestina vi este quadro pendente de algumas das igrejas. E cheguei<br />
mesmo a vê-lo pendurado no viaduto de uma estrada. Na igreja de São Paulo, em Valleta, Capital da<br />
ilha de Malta, vi uma estátua de Paulo e Públio, em tamanho natural, logo no interior da porta da<br />
igreja. Paulo estava batizando Públio, derramando água na cabeça. O quadro do batismo de Cristo<br />
estava dependurado nos fundos da mesma igreja. Trouxe comigo das margens do rio Jordão para<br />
casa, uma pedra em que este quadro estava reproduzido. Em todas as terras da Bíblia por onde<br />
andei, não vi um só quadro que indicasse imersão.<br />
Deus mandou Moisés que esparzisse água como símbolo da purificação e por toda a era<br />
profética os profetas ensinaram e praticaram a aspersão e o derramamento como ritos religiosos.<br />
O QUE REQUERIA A LEI JUDAICA<br />
Visto que João Batista batizou a Cristo, examinemos a lei mosaica sob a qual Ele viveu para<br />
que viesse a cumpri-la. Que exigia a lei? Exigia a circuncisão (vd. Gên. 17:12, Lev. 12:3) Cristo foi<br />
circuncidado com oito dias de idade, conforme a lei (vd. Luc. 2:21). Exigia a apresentação da<br />
criança no templo. Ele foi apresentado (vd. Luc. 2:22). Exigia o tornar-se sujeito a à lei aos doze
anos de idade. Eis porque ele se encontrava no templo, com seus pais, aos doze anos (vd. Luc. 2:42).<br />
Exigia que os sacerdotes fossem dedicados desde os trinta anos de idade para cima (vd. Núm. 4:47;<br />
Núm. 8:8 e Luc. 3:23).<br />
Cristo era sacerdote. Lede Hebreus 3:1: “Considerai atentamente o apóstolo e o sumo-<br />
sacerdote de nossa confissão,Jesus.” “Cristo não se glorificou a si mesmo para se tornar sumo-<br />
sacerdote.” “És sacerdote eternamente conforme a ordem de Melquisedeque.” Jesus disse quando foi<br />
a João, para ser dedicado: “Deixa por agora, pois nos convém cumprir toda justiça”.<br />
João Batista havia sido instruído na lei e ele próprio a conhecia. Sabia que um sacerdote<br />
nunca era imergido. Ele dedicou Jesus para a sua obra sacerdotal. Como fez isso? Por<br />
derramamento, conforme a lei. Quando Jesus foi a João para ser batizado, este último hesitou, mas<br />
Jesus insistiu sobre as exigências da lei. Que exigências eram essas? Os sacerdotes deveriam ter<br />
trinta anos de idade quando dedicados para aquele ofício (vd. Núm. 4:47). Como se fazia<br />
isso? Aspergindo ou derramando água. Quando Jesus purificou o templo e os judeus perguntaram<br />
com que autoridade fazia isso, referiu-se ele ao seu batismo por João, Revestindo-o da autoridade de<br />
um sacerdote para ministrar as coisas do templo.<br />
Constituía violação da lei se qualquer pessoa assumisse o ofício e deveres de sumo-sacerdote<br />
sem que primeiro fosse dedicado. Jesus jamais pregou um sermão, jamais escolheu seus discípulos,<br />
jamais pronunciou uma parábola, jamais curou um doente nem fez qualquer outra coisa semelhante<br />
antes de ser dedicado, porque Ele respeitava a lei rigorosamente, a lei do Velho Testamento, a lei<br />
mosaica. Jesus disse aos seus discípulos obsecados: “Devem-se cumprir todas as coisas que estão<br />
escritas na lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos, a meu respeito”. Como alguém poderá<br />
redargüir que Cristo foi imergido, quando não havia lei para isso, está muito além da pobre<br />
imaginação deste escritor.<br />
<strong>DE</strong> QUE MODO <strong>DE</strong>US BATIZOU O POVO<br />
Determinamo-nos um momento e vejamos como Deus batizou o povo. Cristo batizou por<br />
derramamento porque a Bíblia diz: “Ele vos batizará com o Espírito Santo”. Sabemos que isto se<br />
deu (no dia de Pentecostes) por derramamento (vd. Joel 2:28 e Atos 2:17). Antes de Cristo<br />
nascer Deus batizou os israelitas. Lede cuidadosamente a seguinte passagem: “Não quero, irmãos,<br />
que ignoreis que nossos pais todos estiveram debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar, e todos<br />
em Moisés foram batizados na nuvem e no mar” (I Cor. 10:1, 2). Qual é a diferença entre “no mar” e
“no rio Jordão”? Quem pode explicar a diferença? Eles estiveram “no mar” e “foram batizados” pelo<br />
Senhor. Como se deu isso? Se o batismo significa imersão, então Deus imergiu os israelitas.<br />
Vejamos os fatos. Invoquemos Davi por testemunha. Eis o que ele diz a respeito deste batismo:<br />
“Viram-te as águas ó Deus, viram-te as águas... As nuvens derramaram águas” (desfizeram-se em<br />
água – Almeida). Este batismo, embora “no mar”, foi realizado “em terra enxuta”. Lede Êx. 14:29:<br />
“Porém os filhos de Israel caminharam a pé enxuto no meio do mar”. Eles estiveram “no mar” e na<br />
“terra enxuta” e “as nuvens derramaram água”. A palavra de Deus chama a isso “batismo”, pois diz<br />
“e todos passaram pelo mar e foram batizados”. Não nos ensina a razão, neste passo, que Deus<br />
batizou por derramamento? Não poderá entender isso uma criança de doze anos? Não façais um<br />
deus do vosso preconceito. Sede coerente com o vosso próprio bom senso. Permiti que a verdade<br />
realize a sua obra perfeita. Os israelitas estiveram “debaixo da nuvem” (I Cor. 10:2) e “as nuvens<br />
derramaram água”. Ora, os egípcios que o seguiram foram imersos e morreram devido aos efeitos<br />
dessa imersão. Nossos amigos imersionistas não falam muito a respeito deste batismo e de alguns<br />
outros, tal como o de Paulo “levantando-se foi batizado”, etc. mas recorrem a “na terra de Enom – a<br />
terra de muitas águas” – e “no rio Jordão”. Por que não experimentam inferir imersão de “no mar”,<br />
“na terra enxuta” onde “as nuvens derramaram água” sobre os israelitas, o que foi pelo próprio<br />
Deus?<br />
JOÃO BATISTA BATIZAVA <strong>POR</strong> <strong>DE</strong>RRAMAMENTO E<br />
<strong>ASPERSÃO</strong><br />
A razão por que João Batista ou João “o purificador” batizava por aspersão e por<br />
derramamento é que era a lei dada por Deus, e a única a cujo respeito ele conhecia alguma coisa. Ele<br />
jamais ouvira de imersão. Todas as purificações e cerimônias eram feitas por afusão. Se Naamã se<br />
mergulhou no Jordão, desobedeceu à lei. Adam Clark, um dos maiores conhecedores do Grego, do<br />
mundo, diz que a palavra grega que é dada por mergulhar é traduzida por lavar, e que espargir e<br />
purificar são preferidas pelas maiores autoridades modernas. A única desculpa para Naamã<br />
mergulhar-se era, quiçá, a sua ignorância da lei. O mandamento foi para levar-se. Ver II Reis 5: 10:<br />
“Vai e lava-te sete vezes no rio Jordão”. No versículo 14 diz que ele “mergulhou-se sete vezes”. Eis<br />
o que diz a lei de Deus acerca da lepra, Levíticos 14: 7: “Aspergirá sete vezes sobre aquele que se há<br />
de purificar da lepra, e declará-lo-á limpo”. O salmista Davi diz: “Purifica-me com hissopo, e ficarei<br />
puro: lava-me e ficarei mais alvo do que a neve” (Salmo 51:7). Como se fazia isso? Qual era a lei?<br />
Núm. 19:18, 19: “E um homem limpo tomará hissopo, e o molhará naquela água, e a espargirá sobre
aquela tenda, e sobre todo o fato, e sobre as almas que ali estiverem: como também aquele que tocar<br />
os ossos, ou a algum que foi morto, ou que faleceu, ou uma sepultura. E o limpo ao terceiro e sétimo<br />
dia espargirá sobre o imundo”. Em Núm. 19:13 lemos: “... porque a água da separação não espargida<br />
sobre ele, imundo será”.<br />
Moisés espargia com água para limpar, purificar,santificar, etc. As palavras purgar, limpar,<br />
lavar e santificar são usadas interpoladamente na Bíblia, com a significação de batismo. A tradução<br />
escriturística da palavra batizar em um sentido literal significa limpar, cerimonialmente com água.<br />
Os escritores dos evangelhos entenderam as palavras “batizar” e “purificar” como tendo o mesmo<br />
significado. A lei judaica requeria a aspersão para a purificação. Os escritores do Novo Testamento<br />
chamam a aspersão judaica: batismo. João Batista, que era judeu, entendeu os costumes judeus da<br />
purificação da impureza física.<br />
Filo, que vivia naquela ocasião, diz: “Era costume os judeus se espargirem com água do rio”.<br />
JOÃO BATISTA BATIZANDO NO RIO JORDÃO<br />
João era um sacerdote regular da mesma tribo de Levi, Moisés e Arão. Seu predecessor<br />
Moisés batizara uma grande multidão: “E depois de Moisés haver dado todos os preceitos a todo o<br />
povo conforme a lei... espargiu o livro e todo o povo”. Lede a este respeito I Cor. 10:1-2.<br />
Agora lede Mateus 3:5-6: “Então9 iam ter com ele o povo de Jerusalém, e toda a Judéia, e de<br />
toda a circunvizinhança do Jordão. E eram por ele batizados no rio Jordão”. Calcula-se que ele<br />
esteve no deserto de nove a dezoito meses batizando esta grande multidão de um a seis milhões de<br />
pessoas. Ele era o único batizador. Alguns dizem apenas seis meses, mas nós aceitamos o cálculo<br />
maior. Se ele tivesse imergido 300 por dia durante dezoito meses teria havido apenas 162000<br />
batizados e 5838000 seriam deixados por batizar. Ninguém poderia ter suportado o esforço físico de<br />
batizar 300 diariamente durante dezoito meses a fim de chegar a esse número, 162000. pois teria<br />
ficado paralítico ou teria morrido antes de haver batizado a metade daquele número.<br />
O modo de João batizar aquela grande multidão fez com que muitos acreditassem ser ele o<br />
Cristo porque o próprio livro da Lei e das profecias dizia que Cristo “borrifará muitas nações”<br />
(Isaías 52:15). Chegaram mesmo a enviar judeus, sacerdotes e levitas de Jerusalém a fim de lhe<br />
perguntarem se seria ele o Cristo. João 1:25: “Por que batizas então, se não és o Cristo?”<br />
perguntaram. Ele respondeu: “Eu batizo com água”. Assim fez Moisés. Como? Tomou “lã escarlate<br />
e hissopo e espargiu o livro e todo o povo”. Eis o mandamento de Deus a todos os sacerdotes, Núm.
8:7: “Asperge sobre eles a água da purificação”. E’ o que fez João “o purificador”, usando sem<br />
duvida a cana de hissopo. Era mandamento usar aquela cana.<br />
“No Jordão”<br />
“N o Jordão” não tem significação especial. O Jordão é uma região. Tem três encostas.<br />
Descendo-se por uma encosta no caminho de Jerusalém a Jericó, estaremos “no Jordão”, cerca de<br />
meia milha ou mais das águas do rio Jordão. Eu desci uma outra encosta e ainda estava “no Jordão”.<br />
“No rio Jordão” não significa mais que a primeira frase. Lavei minhas mãos “no Jordão” e no “Mar<br />
Vermelho”, mas não fiquei sob a água. Jesus “assentou-se no mar” mas não debaixo d’água. O navio<br />
estava no meio do mar mas não debaixo d’água. Eu moro no Tennessee mas não sob o pó. “Paulo<br />
ficou de pé no meio da colina de Marte”, mas não debaixo daquela grande rocha. “João batizava no<br />
deserto” mas não debaixo do solo. Jesus “ficou” no lugar “onde João batizava no princípio” (João<br />
10:40) Morou Jesus debaixo da água?<br />
O <strong>BATISMO</strong> <strong>DE</strong> JESUS NO JORDÃO<br />
Jesus não foi para nosso exemplo, pois não solicitou o batismo antes de todos terem sido<br />
batizados (vd. Luc. 3:21). E, além do mais, tinha trinta anos de idade quando se deu esse fato. Não<br />
queria esperássemos até essa idade para sermos batizados. Então, por que Jesus foi batizado? Foi<br />
dedicado ao seu oficio sacerdotal como Sumo Pontífice de Deus. Quando os sacerdotes judeus eram<br />
consagrados aspergia-se água sobre as suas cabeças, e eram ungidos com óleo. João derramou ou<br />
aspergiu água sobre a cabeça do Filho de Deus como sinal ou passo preliminar para a unção do<br />
Espírito santo. Deus o ungiu com o espírito Santo. Cristo estava cumprindo a lei que se encontra em<br />
Núm. 4:3: “desde a idade de trinta anos e daí para cima até à idade de cinqüenta anos, de todos os<br />
que entram no serviço para executarem a obra na tenda da revelação”. Ver também I Crôn. 23:3.<br />
Cristo veio “não para destruir a lei, mas para cumpri-la”, e por este motivo respondeu a João:<br />
“Deixe por agora, porque nos convém cumprir toda a justiça” – toda a lei. Subordinou-se à lei que<br />
requeria esperar até trinta anos de idade; por que não havia Ele de sujeitar-se à forma de dedicação
de um sacerdote, a qual era por aspersão ou derramamento de água sobre a cabeça? O propósito<br />
principal de batismo de Cristo era o de ser dedicado ao9 seu oficio sacerdotal porque Ele era o<br />
Sumo-sacerdote de Deus. Quase imediatamente entrou no templo e expulsou os que vendiam<br />
mercadorias e quando lhe perguntaram a respeito de sua autoridade, referiu-se à dedicação por João,<br />
o que lhe dava autoridade absoluta sob a lei. (vd. Mat. 21:25). Aceitavam a sua autoridade. Quem<br />
ousaria dizer que Jesus fora imerso? Onde a autoridade para isso? Por que ficou Ele de pé no rio<br />
Jordão para ser batizado por João? Vd. Josué 3:8: “Tu ordenarás aos sacerdotes que a arca da<br />
aliança, dizendo: Quando chegardes à beira do rio Jordão, parareis aí”.<br />
JESUS “SAIU LOGO DA ÁGUA”<br />
A palavra “logo” (*) significa imediatamente e não verticalmente. E’ chocante ouvir algumas<br />
pessoas usarem esta palavra no afã de provar que Cristo saiu verticalmente debaixo da água, ao<br />
passo significa apenas que logo depois de terminarem a dedicação, desapareceu da cena.<br />
Ele “saiu logo para fora da água”, após realizada a cerimônia. As duas palavrinhas “fora da”<br />
em Mat. 3:16 são da palavra grega “Apo”, e todas as autoridades do grego que temos compulsado<br />
traduzem “de” ou “fora de”. Os tradutores da Bíblia inglesa traduzem-na, trezentos e setenta e duas<br />
ou trezentos e setenta e três vezes “de” em vez de “fora de”, em outras frases bíblicas. Alexandre<br />
Campbell traduz esta palavra “de”, em vez de “fora de” em seu Novo Testamento. A União Bíblica<br />
Americana, de convicção batista fez a mesma coisa. Os conhecedores do grego dizem que “fora de”<br />
em Mat. 3:16 é tradução incorreta, e deveria ser “de”. O Dr. Carson, que foi um dos maiores<br />
imersionistas destes últimos tempos, diz: - “A tradução própria de “Apo” é “de”. “Ele subiu da<br />
água”. Ver Carson, sobre o Batismo, págs. 126-140.<br />
“Muitas águas”<br />
Os imersionistas fazem celeuma a respeito destas duas palavras (João 3:23). Enom é<br />
uma terra de fontes. Podereis manusear qualquer dicionário bíblico que seja bom, e<br />
descobrireis que a palavra Enom significa “fontes”, e a palavra “muitas” é de uma palavra<br />
grega que tem esse sentido. Enom, uma terra de muitas fontes. A lei requeria que a água
para o batismo fosse retirada de água corrente. Enom preenchia facilmente as exigências<br />
para que João batizasse. Se pedirdes a alguém indique o nome de um rio em Enom,<br />
havereis de ver quão difícil tarefa é a sua.<br />
(*) Em inglês “logo” é “straightway” – uma palavra composta em que o radical “straight” significa reto, direito, - ou então,<br />
como advérbio, imediatamente, no tempo mais breve. Alguns imersionistas de língua inglesa dizem que Jesus saiu straigth up<br />
(straigth=reto+up=para cima, - ou completamente, inteiramente) = verticalmente da água, isto é, saiu debaixo da água, de pé. – Nota<br />
do tradutor.<br />
<strong>DE</strong>SCERAM À ÁGUA<br />
Estudemos agora o batismo do Eunuco. E’ este um caso de batismo ao qual os imersionistas<br />
dão muita ênfase. Entretanto é um dos casos mais claros de não imersão. Em primeiro lugar o<br />
caminho por onde viajavam era um “deserto” (vd. Atos 8:26). Não há muita água num deserto e o<br />
Eunuco ficou surpreendido por ver água (Atos 8:36). Em segundo lugar a crosta da terra é tal que<br />
não há nenhum sinal de jamais ter havido um rio naquela região. Solicitai a qualquer autoridade<br />
sobre o assunto que mencione o nome de um rio naquela parte da Palestina. Os viandantes que<br />
passaram por esse caminho dir-vos-ão que, onde Filipe batizou o Eunuco há um veio de água que sai<br />
do lado da montanha e que, em um buraco, há regularmente água bastante que dá para dessedentar<br />
um cavalo.<br />
Em terceiro lugar o Eunuco estava lendo no livro de Isaías, onde se diz: “Ele borrifará muitas<br />
nações”. Ele estava lendo a respeito da aspersão, o modo pelo qual os judeus realizavam as<br />
cerimônias exteriores. Naquele tempo não se praticava a imersão. A única que possuíam (a Velha<br />
Bíblia) estava cheia de aspersão e derramamento, e nada mais era ensinado nem se sabia. O eunuco<br />
havia estado em Jerusalém para adorar. Sem dúvida bem versado nas Escrituras. Filipe encontrou-o<br />
e “subiu” na carruagem. Esta possuía degraus. Quando o Eunuco viu água detiveram-se e o original<br />
grego diz: “Eles desceram para fora da carruagem para a água”. Os conhecedores do grego nos<br />
dizem que a palavra grega eis, que aqui se traduz “into”, é traduzida “to” mais vezes do que “into”.<br />
Se é traduzida “into” isso não quer dizer que signifique da água.<br />
Ainda mais, se o inglês em Atos 8:38 é correto, nesta passagem “into” significa imersão.<br />
Então Filipe e Eunuco, ambos, foram para debaixo da água, cabeça e orelhas inclusive, e Filipe<br />
realizou a cerimônia debaixo d’água, e ninguém viu a sua realização. Lede cuidadosamente a<br />
declaração: “Eles (plural) desceram ambos (pl.) para dentro d’água, Filipe e Eunuco (ambos)”.
SEPULTADOS COM CRISTO PELO <strong>BATISMO</strong><br />
Em Rom. 6:4 lemos: “Fomos, pois, sepultados com Cristo na morte pelo batismo”. E em<br />
Col. 2:12 lemos ainda: “Sepultados com Ele no batismo”. Nestas passagens encontramos as<br />
fortalezas (cidadelas) de nossos amigos imersionistas. Nenhuma dessas passagens contém uma gota<br />
d’água sequer. È “sepultados na morte” e não na água. Ambas as passagens tem a mesma<br />
significação. Em Col. 2:12, no mesmo versículo citado vemos que a alma é ressuscitada pela<br />
“operação de Deus”. Não que nossos corpos sejam levantados para fora da água pela força física do<br />
homem. Est5as passagens significam a obra profundíssima da graça – separação do pecado e<br />
vivificado para Deus. Estas passagens são figuradas.Não tem mais sentido literal de ser mergulhado<br />
na água do que outras passagens da escritura tais como “crucificados com Cristo”, significam que<br />
devemos ser pregados a uma cruz literal de madeira ou que “ressurreição” e “ressuscitados dos<br />
mortos” em Rom.6:4-5 significam uma ressurreição literal do corpo. Paulo diz: “Somos sepultados<br />
com Cristo”, não que tenhamos sido sepultados na água. Para representar realmente seu<br />
sepultamento, o corpo de candidato batizado teria de ser deixado sob a água três dias e três noites.<br />
Há muita diferença entre ser sepultado com Cristo na morte pelo batismo e sepultados sob a<br />
água por um pregador. O batismo de que Paulo está falando aqui é o mesmo de S. Lucas 12:50, que<br />
é o batismo do sofrimento e morte. Jesus já havia sido batizado quando pronunciou aquelas palavras.<br />
S. Paulo, em todos os seus escritos, usa a palavra batismo quinze vezes. O batismo judeu<br />
uma vez, o batismo da morte três vezes, o batismo espiritual três vezes, o batismo pelos mortos duas<br />
vezes, o batismo dos filhos de Israel em Moisés na nuvem uma vez, e o batismo com água cinco<br />
vezes.<br />
<strong>BATISMO</strong> NO DIA <strong>DE</strong> PENTECOSTES<br />
Em um só dia, o dia de Pentecostes, três mil (3000) pessoas foram batizadas. Esta notável<br />
reunião começou às nove horas da manhã e certamente as exclamações e o júbilo dos salvos não<br />
cessaram antes do meio-dia. Se foram imersos desde o meio dia até às sete da noite, então foram<br />
batizados sete por minuto. Não é razoável crer que naquela época do ano houvesse água em<br />
Jerusalém, exceto nos tanques públicos, e quem poderia crer que os inimigos daquele movimento,<br />
autoridades de Jerusalém, cedessem os tanques para serem contaminados? As multidões da cidade<br />
tinham de usar aquela água para cozinhar e beber. Em Ez. 36:24-25a: “Pois vos tirarei dentre as<br />
nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra. Então espalharei água
pura sobre vós.” Conforme esta profecia, Deus reunia o seu povo de “todos os países” para a sua<br />
própria terra. (vd. Atos 2:5). Lucas, que escreveu o livro de Atos, chama a isto batismo. O que Isaías<br />
chama aspersão Jesus chama batismo. Jesus disse: “Porque na verdade João batizou com água mas<br />
vós sereis batizados com o Espírito Santo”. Joel 2:28 disse: “Com o Espírito Santo” seria pelo<br />
derramamento no dia de Pentecostes, e Pedro em Cesaréia disse “o Espírito Santo caiu sobre eles<br />
como a princípio sobre nós”, o que foi feito por “derramamento”, disseram Joel e Pedro. (Vd. Joel<br />
2:28 e Luc. 3:16).<br />
A definição principal de Webster, a respeito da palavra “batismo” é “a aplicação da água ao<br />
corpo como cerimônia religiosa”. Como aplicaríeis cataplasma ao corpo? Como aplicaríeis qualquer<br />
coisa ao corpo? Como aplicaríeis água?<br />
Henry Alford, um dos grandes conhecedores do grego, do mundo, diz: “Quase certamente<br />
este primeiro batismo deveria ter sido administrado, como o foi o dos primeiros gentios convertidos,<br />
por aspersão – não por imersão de três mil pessoas, em uma cidade tão esparsamente abastecida de<br />
água, como Jerusalém, é tão inconcebível como uma profissão além dos muros até Cedron ou Siloé,<br />
para esse propósito”.<br />
O <strong>BATISMO</strong> DO CARCEREIRO<br />
Paulo e Silas foram a Filipos, uma cidade pagã, para pregarem a Cristo. Esta nova doutrina<br />
produziu grande tumulto. Foram presos e condenados. “E depois de os haverem açoitado muito,<br />
lançaram-nos na prisão ordenando ao carcereiro para guardá-los com segurança: o qual, tendo<br />
recebido tal ordem, lançou-os na prisão interior, e prendeu os seus pés a um cepo”. Notemos<br />
cuidadosamente aqui que eles foram lançados no “cárcere interior”. Era um cárcere romano e o<br />
carcereiro morava dentro de suas paredes. As prisões romanas não possuíam banheiros nem tanques<br />
de água. Onde há, em nossa civilização moderna, prisões com tanques de banho para os presos?<br />
Muito menos supomos que então tivessem tal coisa. À meia-noite Paulo e Silas oravam e um<br />
terremoto sacudiu as portas da prisão e abriu-as. Era a morte para um carcereiro romano se um<br />
prisioneiro escapasse. O carcereiro vendo abertas as portas da prisão, sacou de sua espada para se<br />
suicidar, pois sabia que morreria se os prisioneiros saíssem e fugissem. Paulo vendo o carcereiro<br />
prestes a se suicidar “clamou com grande voz”: “não te faça nenhum mal: todos nós estamos aqui”.<br />
Nenhum escapou. Então o carcereiro “pediu luz e se lançou para dentro, e tremendo caiu diante de<br />
Paulo e Silas e tirou-os para fora”. Tirou-os para fora de onde? Da “prisão interior” onde os havia<br />
colocado. Fora da prisão principal o carcereiro perguntou o que devia fazer para ser salvo.
Disseram-lhe: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. E o carcereiro “tomou-os na mesma hora<br />
da noite (meia-noite) e lavou as suas feridas; e foi batizado, imediatamente, com toda a sua casa”.<br />
Onde estão agora? Em um aposento onde a família lavava o rosto e as mãos, sem duvida alguma.<br />
Ali lavaram o sangue das costas dos prisioneiros, e ali foram batizados. Não saíram da prisão. Teria<br />
sido a morte para o carcereiro se assim houvesse procedido. Após o almoço “Os magistrados<br />
enviaram os soldados dizendo: soltai esses homens”. Paulo recusou sair da prisão mas disse:<br />
“Venham eles mesmos e nos soltem”. Então os magistrados vieram “e tiraram-os para fora e<br />
pediram-lhes para saírem da cidade”. Teriam saído para um rio a meia-noite, ainda que a pena de<br />
morte não fosse lei?<br />
<strong>BATISMO</strong> <strong>DE</strong> FAMÍLIA INCLUSIVA O<br />
<strong>BATISMO</strong> <strong>DE</strong> PAULO<br />
Há cerca de cinqüenta casos de conversões individuais no Novo Testamento, sete dos quais<br />
foram batizados e quatro destes dizem respeito a famílias. Notareis na Bíblia que quando e onde<br />
pessoas se convertiam no mesmo lugar e na mesma ocasião eram batizadas. Não há um só exemplo<br />
no Novo Testamento em que uma congregação ou pessoa tivessem deixado o lugar onde se deu a<br />
conversão para irem procurar ansiosamente uma corrente de água para o batismo. Ouvis anúncios de<br />
púlpitos, hoje, que o batismo será realizado em certa baía ou no tanque em uma certa igreja. Isto é<br />
modernismo. Não encontrais nada na Bíblia, um único exemplo dessa espécie. Na Palavra de Deus<br />
não há.<br />
Paulo se converteu em uma casa em Damasco no lar de um certo Judas na rua chamada<br />
Direita. Imediatamente após a sua conversão “levantando-se foi batizado”. O grego confirma a<br />
afirmação que “levantando-se ele foi batizado”. Ananias disse a Paulo: “Levanta-te, se batizado, e<br />
purifica os teus pecados, invocando o nome do Senhor”. Ananias era “um varão piedoso segundo a<br />
lei”. (Atos 22:12). Qual era a “lei” entre os judeus acerca da “lavagem” dos pecados ou a respeito de<br />
um símbolo da purificação? Lede Núm. 8:7: “Espargi a água da purificação sobre eles”.<br />
O carcereiro de Filipos foi batizado no cárcere. Cornélio que morava em Cesaréia chamou<br />
seus “parentes e amigos íntimos” e enquanto Pedro lhes pregava, o Espírito Santo “caiu” sobre eles<br />
como sobre o povo de Jerusalém no dia de Pentecostes. “Respondeu então Pedro: pode alguém<br />
impedir água para que não sejam batizados, estes que também já receberam como nós o Espírito<br />
Santo?” O significado lógico é: “Quem pode proibir que se traga água para batizar estes que<br />
receberam O Espírito Santo?” Pedro, mais tarde, encontrando os discípulos, e falando a respeito de<br />
seu sermão e de como o Espírito Santo “caiu” sobre o povo em Cesaréia, como acontecera ao povo
no dia de Pentecostes, disse: “E lembrei-me do dito de Senhor, quando disse: João certamente<br />
batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”.<br />
NASCER DA ÁGUA<br />
As palavras acima se encontram em João 3:5, quando Jesus disse a Nicodemos: “Se alguém<br />
não nascer da água e do espírito não pode ver o reino de Deus”. Esta é a cidadela de alguns dos<br />
nossos amigos imersionistas, e no entanto não há uma só gota de água neste texto no que diz<br />
respeito ao batismo de água. Não há três nascimentos mencionados nesta conversa de Jesus, apenas<br />
dois. Se houvesse três nascimentos então a sentença seria: “Se alguém não nascer mais de duas<br />
vezes, etc”. “Nascer de novo” significa outra vez. “Nascer da água” é uma frase enfermiça para o<br />
nascimento natural. O nascimento de uma criança, quando ela não “nasce da água”, mas do outro<br />
modo, chama-se “nascimento seco”, e é quase morte para mãe. Nicodemos fez duas perguntas para<br />
Jesus: “Como pode um homem nascer sendo velho?”, e “Pode ele entrar outra vez no ventre de mãe<br />
e nascer?” Jesus respondeu imediatamente com estas palavras: “Se alguém não nascer da água e do<br />
espírito não pode ver o reino de Deus”. Então, para explicar mais claramente o que queria dizer,<br />
acrescentou: “O que é nascido da carne”, mulher ou ventre, é carne. Uma casa publicadora batista<br />
pediu ao Dr. Edmund B. Fairfield, que por um quarto de século fora um forte Batista e um dos<br />
melhores conhecedores do grego de seu tempo, que escrevesse um livro em defesa da posição<br />
batista quanto ao batismo, etc., trabalho esse que ele empreendeu em boa fé, mas, disse ele, torreão<br />
após torreão da sua fortaleza batista, ruíram por terra, embora houvesse trabalho por dois longos<br />
anos para sustentar a sua antiga convicção. Disse não mais poder continuar como ministro batista.<br />
Ele Diz: “nascido da água” não pode ser interpretado como se referido a qualquer outra coisa senão<br />
ao nascimento natural. Mais adiante afirma: “Ora, no meu entender, não há mais alusão ao batismo<br />
neste versículo do que ao planeta Marte ou à revolução Francesa. Fala-se apenas a respeito do<br />
nascimento natural. Ser “nascido da água” era sem dúvida uma forma de expressar-se que Cristo<br />
usava com este sentido”. Em defesa de sua interpretação cita Is. 48:1: “Ouve isto, casa de Jacó, vós<br />
os que vos chamais do nome de Israel, e saístes das águas de Judá”. Isto se refere, diz ele, aos<br />
descendentes nacionais de Judá.<br />
OITO ALMAS SALVAS PELA ÁGUA
O texto deste artigo é registrado em I Ped. 3:20-21. Ei-lo: “...a longanimidade de Deus<br />
esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucas, (isto é, oito) almas, se<br />
salvaram pela água: Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, batismo não do<br />
despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus,<br />
pela ressurreição de Jesus Cristo”.<br />
Verdadeiramente é de estranhar como pode alguém inferir destas palavras a imersão. Os<br />
antediluvianos (gente ímpia) foram os únicos afogados ou imersos. As “oito almas foram salvas”,<br />
por se conservarem fora da água. Se tomaram alguma coisa sobre si, deve ter chovido sobre elas –<br />
espargidos ou derramados. Isto é claro. “Como uma verdadeira figura” – dizem as autoridades do<br />
grego – deve ser traduzida “o antítipo para o qual”. O mundo era mau, estava contaminado,<br />
mergulhado no pecado. Os antediluvianos não quiseram obedecer ao Senhor, e pereceram afogados.<br />
Noé e sua família entraram na Arca e se salvara – tinham uma consciência pura. Se nos<br />
arrependermos e procedermos como Noé e sua família entraremos na Arca – o Espírito Santo dá<br />
testemunho a uma consciência pura de que somos salvos. Heb. 10:22 diz: “Tendo os nossos<br />
corações purificados (em inglês: espargidos) de uma consciência má e levados os nossos corpos com<br />
água pura. Noé e sua família não foram imersos”.<br />
“Salvaram-se pela água”. Por meio de uma Arca que foi construída para flutuar sobre a água.<br />
Por este método foram salvos, não em um dilúvio ou por serem imersos. Noé creu em Deus e<br />
obedeceu a Deus e foi salvo sobre a água, não por submergir nela.<br />
RECAPITULANDO O ASSUNTO DO <strong>BATISMO</strong><br />
Certamente que o Senhor não haveria de requerer um modo de batismo que não pudesse ser<br />
realizado em todas as estações do ano, em todos os climas e para todas as pessoas, em quaisquer<br />
circunstâncias. O batismo por afusão pode ser feito em todos os tempos, e em todos os lugares, para<br />
todas as pessoas, em todas as condições e circunstâncias. Isto não é verdade quanto à imersão.<br />
Muitas pessoas têm crido em Cristo para a salvação na hora da morte como o ladrão na cruz, que<br />
não podiam ser imersas. Muitas pessoas na história do mundo têm morrido devido aos efeitos da<br />
imersão em água extremamente fria. Conta-se que em um município de Kentucky dois pregadores<br />
morreram por se exporem imprudentemente à intempérie do inverno ao imergirem pessoas na água.<br />
Em grandes desertos como o Saara, só se encontra água em poços profundos. Nas regiões<br />
extremamente frias no Norte, seria impossível a imersão. João Batista era Judeu, e foi criado na<br />
igreja judaica com Jesus; e os judeus eram muito aferrados à lei (great sticklers) (*).
Todos os batismos feitos pelos judeus eram por aspersão, derramamento e lavagem. A aspersão e o<br />
derramamento são termos familiares na única Bíblia que João e Jesus viram. Nada sabiam a respeito<br />
de cerimônias ministradas por imersão. Toda evidência que se pode obter demonstra o fato de que<br />
João batizava o povo por afusão. Um novo modo exigiria explicação. Jesus observou a lei em todos<br />
os seus pormenores. Veio para cumprir a lei.<br />
Canaã era um tipo do céu, e Jerusalém um tipo de Nova Jerusalém. O sacrifício era um tipo<br />
de outro sacrifício, e a Páscoa o era da Ceia do Senhor. O batismo de água é um tipo de outro<br />
batismo – o batismo do Espírito Santo que todos devem reconhecer era pela aspersão, e o sinal<br />
compararia com a substância. Vejam-se Núm. 8:7; Is. 4:3, 52:15; Ezeq. 36:25, 39:29; Joel 2:28;<br />
Atos 2:17.<br />
MINHA PRÓPRIA ATITU<strong>DE</strong> PARA COM O<br />
<strong>BATISMO</strong> <strong>DE</strong> ÁGUA<br />
Vou escrever o que segue para que eu seja claramente compreendido quanto à minha atitude<br />
para com o batismo de água. Eu sei que há apenas uma Igreja real, e essa é a Igreja de Cristo,<br />
constituída de todos os salvos, pouco importando a que denominação eclesiástica pertençam. Desejo<br />
que todos os cristão sejam um só corpo e todos possamos ser companheiros. Não estou clamando<br />
porque alguns lavam pés, alguns não usam instrumentos de música em suas igrejas, alguns batizam<br />
por imersão e não crêem no batismo infantil. Mas eu estou insistindo em que o batismo não é<br />
essencial para a salvação e que não deve ser elemento primário na pregação. Além disso não<br />
concordo com o ridicularizarem constantemente o nosso modo de batizar. Recentemente um irmão<br />
imersionista fincou uma vara na areia junto a um rio, quando ia batizar alguns candidatos ao batismo<br />
por imersão, e espargiu um pouco de areia no topo da vara e disse: “Parece isso com o ser sepultado<br />
na água?” Em nenhum lugar a Bíblia diz que alguém já fora sepultado na água. Isso tudo se faz ler<br />
na Escritura, porque não está lá. E’ sepultado na morte, o que tem um significado diferente de água.<br />
Por toda a nossa igreja o nosso povo tem sido insultado por meio de labéus ao nosso modo de<br />
batismo e ao nosso modo de batizar crianças. Estou perfeitamente pronto a conceder sinceridade e<br />
honestidade aos irmãos que não concordam comigo e respeito-os quanto à sua crença; e o mesmo<br />
espero da parte deles. Mas ser mantidos no ridículo como se fôramos um bando de ignorantões e<br />
como se nada conhecêssemos de melhor, é ir demasiado longe neste século de luz quando se tem<br />
livre acesso à história da igreja e do estado. Isso pode ir tão longe a ponto de perder meu respeito<br />
próprio e de não permanecer calado, pois eu creio seja caridade o permitir que o povo permaneça na
ignorância. Não queremos tomar opiniões pelo que a Bíblia ensina. Temos a Bíblia (V. T.) sobre que<br />
se baseavam Cristo e os apóstolos.<br />
Estudemos essa velha Bíblia, e vejamos o que diz a respeito do batismo. Não havia outra<br />
Bíblia durante uma centena de anos depois do nascimento de Cristo. Certamente que podemos obter<br />
dela alguma idéia sobre o batismo. Não mais nos firmemos sobre opiniões de homens. Podemos ler<br />
por nós mesmos, e assim o façamos. E’ o que fez o escritor, e encontrou verdadeira luz em assim o<br />
fazendo.<br />
<strong>POR</strong> QUE BATIZAR <strong>CRIANÇAS</strong><br />
O Pacto da Igreja incluía crianças<br />
Quando deus fez um pacto de igreja com Abrão para as gerações futuras, fez um concerto<br />
eterno, e nele incluiu as crianças. Esse concerto deveria perdurar tanto quanto a raça humana. Leia<br />
Gên. 17:7: “Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua semente depois de ti nas suas<br />
gerações por uma aliança eterna”. A circuncisão era o sinal ou “Selo do pacto”. Leia Gên. 17:10-11.<br />
Enquanto que outros concertos que Deus fizera com o povo foram locais e efêmeros, como o<br />
feito com Noé (Gên. 9:9), e o feito no Sinai (Êx. 34:28) etc., este concerto era universal e eterno, do<br />
mesmo modo que a expiação. Deus organizou a Igreja para perdurar até o fim dos séculos, e este<br />
concerto foi feito com Abrão 1911 anos antes que Cristo nascesse. Outro concerto foi feito com<br />
Moisés 1481 anos antes de Cristo ou 430 anos após o concerto feito com Abrão. Lede Gál. 3:17,<br />
também Atos 3:25.<br />
A respeito deste pacto, diz Alexandre Campbell: “Este concerto, então, foi ratificado com<br />
Abrão a respeito do Messias e inalteravelmente estabelecido. Conseqüentemente a lei, ou concerto<br />
com toda a nação de Israel, 430 depois deste tempo, não poderia anular a promessa em outro<br />
concerto, a respeito das pessoas não presentes, e , portanto, não tomando parte naquele concerto”.<br />
O <strong>BATISMO</strong> INFANTIL NO LUGAR DA<br />
CIRCUNCISÃO<br />
A circuncisão era o rito iniciatório na igreja visível antes da vinda de Cristo. Era o sinal ou<br />
“Selo desse pacto”. Antes que Cristo viesse o sinal ou selo da Páscoa era o cordeiro pascoal, pão<br />
asmo, ervas amargas e vinho. Sob a nova economia Cristo abandonou o cordeiro pascoal e as ervas<br />
amargas e perpetuou o sacramento da Ceia do Senhor com apenas dois desses elementos – o pão e o<br />
vinho. Semelhantemente o batismo da água, sozinho, substituiu toda a cerimônia. Tanto n primeira
como na segunda economia, quando uma família gentia ingressava na igreja judaica, a única igreja<br />
visível e a igreja que continha o pacto acima mencionado, os homens eram circuncidados e<br />
batizados com água e as mulheres idosas e jovens, até mesmo as crianças eram apenas batizadas<br />
com água. Crisóstomo, um dos mais antigos escritores cristãos dos primeiros séculos depois dos<br />
apóstolos, diz: “Havia dificuldade e empecilho na prática da circuncisão judaica; mas nossa<br />
circuncisão, quero dizer, a graça do batismo, dá cura sem dificuldade pois é tanto para crianças<br />
quanto para adultos”.<br />
Nenhum conhecedor da Bíblia poderá apresentar uma única passagem de escritura<br />
inconfundível a fim de provar que João Batista, qualquer dos doze apóstolos ou mesmo dos oito<br />
escritores do Novo Testamento, salvo S. Paulo, foram batizados por qualquer modo depois de<br />
adultos. Onde foram batizados Mateus, Marcos, Lucas, João, Pedro, etc., senão na infância? Cremos<br />
está aqui a solução para esta questão. Se algum dia foram batizados deve ter sido isso quando<br />
crianças, aos oito dias de idade.<br />
A IGREJA NO <strong>DE</strong>SERTO E A IGREJA<br />
<strong>DE</strong> HOJE SÃO AS MESMAS – AMBAS SOB O<br />
MESMO PACTO<br />
Os que se opõem ao batismo infantil como regra negam o fato de que houve uma<br />
organização de igreja visível antes da vinda de Cristo. Quando Cristo esteve na terra não organizou<br />
uma igreja visível, nem sugeriu qualquer nome para uma igreja visível. Por quê? Porque já existia<br />
uma. Era a igreja do “concerto eterno”.<br />
“The Cristian Standard”, de 1 de janeiro de 1932, sustentando a crença de Alexandre<br />
Campbell, trouxe a seguinte afirmação:<br />
“Aos oito dias de idade entrava-se no antigo concerto pela circuncisão. Isto é, entrava-se<br />
antes que pudessem mesmo “conhecer o Senhor” em cujo concerto estava se ingressando.<br />
Conseqüentemente cada um e todos tinham de ser ensinados, subseqüentemente, nas coisas mais<br />
elementares a fim de “conhecerem o Senhor”.<br />
Vivemos hoje sob a forma de governo, da igreja que Deus deu aos judeus, e sob a qual Cristo<br />
também viveu. As leis morais que Deus deu a Abrão e Moisés estão em vigor hoje para nós quanto<br />
naquele tempo para eles. Certas leis sacrificiais foram encravadas na cruz, mas uma lei moral jamais<br />
foi revogada. A igreja visível de hoje é a igreja que Deus iniciou com Abrão (vd. Gên. 17:7 e Sal.<br />
105:8-10). Alguns dos nossos amigos não gostam de reconhecer este fato porque aquela igreja<br />
incluía crianças. Jesus disse que esta igreja seria tomada dos judeus e dada aos gentios (vd. e lede
cuidadosamente Mat. 21:33-43). A “vinha” que Deus plantou era a igreja visível. Ele “entregou sua<br />
vinha a outros lavradores”. (Vd. Rom. 11:13-25).<br />
Não era uma nova igreja visível. Paulo escrevendo aos Efésios (Ef. 2:20), diz que foram<br />
“edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de<br />
esquina”. A mensagem do evangelho estava na “igreja no deserto” como está na igreja hoje. Pedro,<br />
discursando à multidão de judeus no dia de Pentecostes, disse (At. 2:39): “Porque a promessa é para<br />
vós e vossos filhos”. Aqueles judeus tinham sido ensinados a receber crianças e a dar-lhes o selo do<br />
concerto abrâmico. Os judeus não tinham de aprender isso. Eles já haviam sido educados ao longo<br />
desta linha. Gên. 17:7 e Atos 2:39 se harmonizam: “a ti e à tua semente”, e “para vós e para vossos<br />
filhos”. (Vd. também Gên. 12:3 e Atos 3:25).<br />
Quando os discípulos perguntaram a Jesus “Quem é o maior no reino dos céus?” – a igreja<br />
visível – Ele “chamou um menino” e “o pôs no meio deles” e disse: “quem receber um menino tal<br />
como este, em meu nome, a mim recebe” (Mat. 18:5). Digam-me, por favor, como as igrejas<br />
recebem os pequeninos em nome de Jesus? Levam-nos à Escola Dominical e registram os seus<br />
nomes e os contam, mas não os levam à igreja. Levam as velhas ovelhas, para o morno aprisco, mas<br />
os cordeirinhos devem ficar fora, junto ao portão, ou sob a umidade até crescerem. Nem Deus nem<br />
Jesus os tratam assim. Deus os incluiu no seu pacto com Abrão e disse que deveria ser um “concerto<br />
eterno”. Jesus disse (Mat. 19:14): “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque dos<br />
tais é o reino dos céus” – a igreja visível.<br />
O <strong>BATISMO</strong> INFANTIL, UM MANDAMENTO<br />
DO SENHOR<br />
Os que se opõem ao batismo infantil pretendem não haver mandamento específico para faze-<br />
lo. Também não há um mandamento específico na Bíblia para dar a Ceia do Senhor às mulheres.<br />
Nada se diz a respeito do sexo ou idade. Se nossos amigos forem honestos quanto ao não batizar<br />
crianças porque não há mandamento específico para faze-lo, por que não deixam de dar a Ceia do<br />
Senhor às mulheres?<br />
As mulheres pertencem a uma classe que Jesus tinha em mente quando disse: “Fazei isto em<br />
memória de mim”. Há um axioma que “tudo que se manda a uma classe, manda-se a cada indivíduo<br />
dessa classe”. Quando Deus disse: “E ensiná-los-ás diligentemente a teus filhos” incluía tanto os<br />
homens quanto as mulheres. Quando Cristo disse: “Ide, pois, e ensinai todas as nações batizando-as<br />
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, incluiu as crianças. Não são as crianças parte de<br />
todas as nações? Cristo queria dizer, de fato, todos os que eram e deveriam ser súditos do seu reino.
Cristo disse das crianças, “Porque dos tais é o reino céus”. As crianças estão em estado de salvas<br />
pelos méritos expiadores do sangue de Cristo até que cheguem à idade da responsabilidade. Exige-se<br />
a fé somente daqueles que podem exerce-la. Todos os outros são salvos sem fé. Os idiotas que o tem<br />
sido durante a sua vida estão de salvos pelos méritos do sangue de Cristo. As criancinhas estão em<br />
estado de salvas e Deus mandou que recebessem o seu sinal. Atos 3:25 diz: “Vós sois os filhos dos<br />
profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abrão: Na tua descendência<br />
serão abençoadas todas as famílias da terra”.<br />
O <strong>BATISMO</strong> INFANTIL <strong>DE</strong>VE PERMANECER<br />
PARA SEMPRE<br />
Lê-se no Sal. 105:8-10: “Lembra-se perpetuamente do seu concerto, da palavra que mandou<br />
até milhares de gerações; do concerto que fez com Abrão e do seu juramento a Isaque; o qual ele<br />
confirmou a Jacó por estatuto, e a Israel por concerto eterno”. Até Cristo houve apenas quarenta e<br />
uma gerações (vd. Mat. 1:17). Vedes, pois, que esta aliança de “mil gerações” não cessou quanto<br />
Cristo veio.<br />
Jesus primeiro ordenou aos seus discípulos para “irem às ovelhas perdidas da casa de Israel”.<br />
Aqueles discípulos sabiam, e todos os que estão familiarizados com a história judaica sabem, que,<br />
quando uma família gentia ingressava na igreja judaica, todos eram batizados (sinal de pureza, para<br />
o que se fazia toda a aspersão e derramamento de água nos tempos antigos), homens, mulheres e<br />
crianças.<br />
Quando mais tarde, cerca de dois anos, Cristo disse novamente a seus discípulos: “Ide,<br />
portanto, e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”,<br />
aqueles homens que estavam familiarizados com as crianças batizadas, certamente não entenderam<br />
que esta prática teria de cessar. Cristo não lhes disse para abandoná-la. A razão por que alguns não o<br />
percebem claramente é que isso era um costume familiar entre os judeus, e por que Cristo haveria de<br />
dizer mais alguma coisa a respeito?<br />
CASOS BIBLICOS QUE PROVAM O<br />
<strong>BATISMO</strong> INFANTIL<br />
Como prova desta prática estamos dando uma vista panorâmica de casos de batismo de<br />
criança na Bíblia.<br />
Ao estabelecer-se a igreja visível Deus ordenou que as crianças nela se iniciassem. Era<br />
imposto um castigo se não se iniciassem: “Essa alma será excluída do meu povo; quebrou o meu<br />
concerto”. (Gên.17:14).
O Senhor ordenou a circuncisão e o batismo toma o lugar da circuncisão – um sinal de<br />
pureza espiritual. Cristo instituiu o batismo com água somente, abandonando a cerimônia<br />
relacionada com a circuncisão ou com o cortar da carne. A circuncisão, instituída por Deus, teve o<br />
seu lugar antes de Cristo, do mesmo modo que as leis de sacrifício. Cristo instituiu o batismo infantil<br />
e de adultos com água somente nestas palavras: “Ide, portanto, e ensinai todas as nações, batizando-<br />
as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Agora vejamos o que Deus diz a respeito do<br />
assunto. Joel 2:16: E’ “diz o Senhor”; “Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os<br />
anciãos, congregai os filhinhos e os que mamam”. Não abrange todos – grandes, pequenos, velhos e<br />
moços? Que significa, nesta passagem, a palavra santificar? Uma única passagem basta para as<br />
pessoas inteligentes. Heb. 9:19: “Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os<br />
mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes com água e lã purpúrea e<br />
hissopo e espargiu o livro, e todo o povo”. Não esqueçais que o batismo de água era usado mil e<br />
quinhentos anos antes de Cristo. Abri I Cor. 10:1-2. O vs. 2, diz: “E todos foram batizados em<br />
Moisés na nuvem e no mar”. Havia pelo menos 100.000 crianças naquela multidão. Deus realizou o<br />
batismo. Paulo chama a isto batismo, e Davi diz que a água foi “derramada” sobre eles. Agora, que<br />
condenação lançarão contra Deus os nossos amigos que se opõem ao batismo infantil, por haver Ele<br />
batizado 100.000 crianças? Por que condenar por seguirmos não só o mandamento do Senhor mas o<br />
próprio Senhor?<br />
O NOVO TESTAMENTO E O <strong>BATISMO</strong><br />
INFANTIL<br />
Agora chegamos ao Novo Testamento, mas este livro não existia nos dias terrenos de Jesus<br />
Cristo. Quando foi escrito, porém, continha certos registros. Eis um dos primeiros: João Batista foi<br />
iniciado na igreja – a única do mundo, a igreja visível de Deus – aos oito dias de idade. Se ele teve<br />
qualquer outro batismo exceto o batismo infantil, nunca se registrou esse fato. O mesmo é verdade<br />
de todos os apóstolos e de todos escritores do Novo testamento, menos Paulo. Paulo era considerado<br />
um prosélito, do contrario o seu batismo infantil teria sido aceito, sem dúvida alguma. Maria iniciou<br />
Jesus na mesma igreja aos oito dias. Este foi o seu batismo eclesiástico.
Pedro, um judeu, educado naquela igreja que batizava crianças, igreja à qual Deus ordenou<br />
batizasse crianças, pregou no dia de Pentecostes estas palavras: “Porque a promessa é para vós e<br />
para vossos filhos”. Se Moisés naquela mesma igreja e sob o mesmo concerto, tomou uma vara de<br />
hissopo e a mergulhou na água e batizou todo o povo, homens, mulheres e crianças; e se Deus<br />
batizou 100.000 crianças com os seus pais no Mar Vermelho, por que duvidaríamos nós do fato de<br />
que Pedro, que bem conhecia as Escrituras, batizou crianças entre os 3.000 no dia de Pentecostes?<br />
Certamente não ignorava os costumes de sua igreja.<br />
Os apóstolos batizavam famílias inteiras. John Wesley, comentando sobre Lídia, que foi<br />
“batizada e sua casa”, diz: “Quem pode crer que em tantas famílias não havia crianças? Ou que os<br />
judeus que fazia tanto tempo estavam acostumados a circuncidar seus filhos não o consagrassem a<br />
Deus pelo batismo?” Paulo batizou “a família de Estefânia” e o carcereiro e toda “a sua casa”. As<br />
palavras “casa” e “família” significam que há crianças nelas. Um manuscrito sério do Novo<br />
Testamento, que se supõe ser a mais antiga versão do mundo, relatando o batismo de Lídia “e sua<br />
família” e o carcereiro e “sua casa”, Atos 16:15 e Atos 16:33-34, traz: “Lídia e seus filhos” e o<br />
carcereiro e “seus filhos” foram batizados.<br />
OS APÓSTOLOS E A IGREJA PRIMITIVA<br />
BATIZAVAM <strong>CRIANÇAS</strong><br />
Os que sucederam aos apóstolos deixaram atrás de si registros escritos que provam<br />
claramente o costume do batismo infantil entre os apóstolos e entre as igrejas primitivas de nossa era<br />
cristã. Orígenes, nascido na Grécia no ano 185 A.D., cujo pai, avô e bisavô eram cristãos, que se<br />
remontavam ao tempo dos apóstolos, diz que receberam dos apóstolos o costume de batizar crianças<br />
e diz que era costume universal das igrejas. Diz ele: “Conforme os usos da igreja, o batismo é<br />
ministrado até mesmo às crianças”. Conta que ele próprio fora batizado na infância.<br />
Justino Mártir, que nasceu na Palestina, em Siquém, que provavelmente vira o apóstolo João,<br />
escreveu em 138 A.D., que havia então “Cristãos de ambos os sexos, alguns de sessenta, outros de<br />
setenta anos de idade, que haviam se tornado discípulos desde a sua infância”. O que significa<br />
“haviam se tornado discípulos desde a sua infância?” Simplesmente que foram batizados na<br />
infância. Diz mais: “Somos circuncidados pelo batismo com a circuncisão de Cristo”.<br />
Leia-se ainda de Justino Mártir: “Nós também que por Ele tivemos acesso a Deus, não temos<br />
recebido a circuncisão carnal, que Enoque e os que como ele observaram, mas a circuncisão<br />
espiritual; e todos a receberam pelo batismo”.
Em 250 A.D., Cipriano e outros estiveram em um concilio eclesiástico, e Fido, um dos<br />
antigos pais, escreveu-lhes que as crianças não deveriam ser batizadas antes dos 8 dias de idade “e<br />
que se deveria observar a lei da antiga circuncisão”; ao que eles responderam: “A nosso irmão Fido,<br />
saúde: Como somos de opinião contrária ao que pensas que a regra da circuncisão deve ser<br />
observada, e que as crianças não devem ser batizadas antes dos oito dias de idade; e como a graça do<br />
batismo não deve ser apartada de ninguém e especialmente das crianças, a nossa decisão é que, não<br />
apenas podem ser batizadas antes dos oito dias de idade, como também imediatamente após terem<br />
nascido”.<br />
Hermas (vd. Rom. 16:14), contemporâneo do apóstolo Paulo, fala de crianças que receberam<br />
o selo do batismo, nestas palavras: “Ora, esse selo é a água do batismo”.<br />
Clemente, a quem Paulo menciona em Fil. 4:3, aconselhava os pais: “Batizai os vossos filhos<br />
e criai-os na disciplina e correção do Senhor”. Ele não aconselhou a “circuncisão carnal”. Por quê?<br />
Cristo aboliu essa parte do antigo cerimonial.<br />
Ireneu, nascido em 97 A.D., um discípulo de Policarpo, que foi convertido do apóstolo João,<br />
diz: “A igreja aprendeu dos apóstolos a ministrar o batismo a crianças”. Ele diz ainda: “Porque Ele<br />
(Cristo) veio salvar a todos por Ele mesmo – todos, quero dizer, os que são regenerados (batizados)<br />
para Deus; criancinha e pequeninos, meninos e jovens e pessoas adultas”. Isto lança luz sobre os<br />
costumes judeus a respeito dos prosélitos – todos eram batizados, pais, moços e crianças.<br />
Agostinho diz ainda: “desde a Antigüidade a igreja tem observado o batismo infantil”.<br />
Pelágio, contemporâneo de Agostinho e um dos mais sábios da igreja do seu tempo, em uma<br />
carta a Inocêncio, dizia: “Difamam-me como se eu negasse o sacramento do batismo às crianças.<br />
Jamais ouvi dizer, nem mesmo de um herético ímpio, que não devem ser batizadas”. Ele continua:<br />
“Pois não há ninguém tão ignorante do escrito evangélico a ponto de ter essa opinião”.<br />
Jerônimo dizia: “O batismo era ministrado às crianças conforme a prática da igreja”. Tanto<br />
Ambrósio quanto Crisóstomo nos dizem que “o batismo infantil pode ser traçado até os tempos<br />
apostólicos”.<br />
ORIGEM DA OPOSIÇÃO AO <strong>BATISMO</strong><br />
INFANTIL<br />
Os nossos amigos que se opõem ao batismo infantil afirmam que é uma doutrina Romana<br />
originária da Igreja Católica Romana – “uma filha do papismo”, dizem.<br />
A história refuta tal idéia. Decorreram centenas de anos depois do nascimento de Cristo antes<br />
de nascer a Igreja Católica Romana. Temos apresentado esmagadora evidência de que os apóstolos e
os primeiros pais da igreja batizavam crianças. Temos os escritores de uma boa porção deles, e<br />
todos concordaram. Nenhuma evidência é mais clara do que a da igreja primitiva confirmando o<br />
batismo de crianças.<br />
Agostinho, um dos líderes cristãos mais antigos dizia: “O costume de nossa igreja mãe de<br />
batizar crianças não deve ser desconsiderado nem tido como desnecessário; nem se deve crer que<br />
seja algo mais do que uma ordenança que nos foi entregue pelos apóstolos”. Diz ainda: “Não foi<br />
instituído por concílios mas sempre em uso”.<br />
Romana.<br />
Tais afirmações de Agostinho e de outros foram feitas antes de jamais haver Igreja Católica<br />
Agora nos propomos a demonstrar como e quando se originou a oposição ao batismo<br />
infantil. Citamos do Dr. Wall, conhecido como uma das maiores autoridades mundiais sobre o<br />
batismo infantil: “Nos primeiros quatro séculos depois de Cristo, aparece um único homem<br />
(Tertuliano) que aconselha o adiamento do batismo infantil em alguns casos; um Gregório, que,<br />
talvez, praticou tal demora no caso de seus próprios filhos; mas nenhuma sociedade de homens<br />
assim pensava, ou nenhum homem dizia que era ilícito batizar crianças; assim, nos setecentos anos<br />
seguintes, não se encontra nem um único homem que se referisse a tal demora, ou a praticasse – mas<br />
justamente pelo contrário. E, quando pelo ano 1130, uma seita entre os Valdenses, ou Albigenses, se<br />
declarava contra o batismo de crianças por ser incapaz de salvar, a parte principal daquele povo<br />
rejeitou esta opinião, e os que de entre eles sustentavam essa opinião diminuíram rapidamente e<br />
desapareceram; não havendo mais ninguém que sustentasse tal afirmação até surgir o Anabatista<br />
Alemão no ano de 1522.” Na declaração acima tendes a origem da oposição em uma casca de noz.<br />
Tertuliano, nascido em 145 A.D., e morto em 220 A.D., era um crente no batismo infantil, mas cria<br />
na regeneração batismal, e a sua idéia era procrastinar o batismo até pouco antes da morte, pois ele<br />
cria que purificava o pecado. Aconselhava o batismo infantil no caso de uma criança moribunda.<br />
Mil anos ou mais depois da era apostólica, é o único que ainda aconselhava a demora no batizar<br />
crianças.<br />
Hoje 5% dos cristãos nominais do mundo se opõem ao batismo infantil. Há trezentos anos<br />
um por cento a ele se opunham e cerca de seiscentos anos atrás não havia, podeis afirma-lo,<br />
oposição absoluta.<br />
OBJEÇÕES FEITAS AO <strong>BATISMO</strong> INFANTIL
Eu já mostrei que não havia objeção ao batismo infantil durante centenas de anos, após o<br />
nascimento de Cristo. Chego agora às objeções modernas ao batismo infantil, sendo todas elas,<br />
relativamente, entre as objeções imersionistas.<br />
Afirmam que não há mandamento na Bíblia para o batismo de crianças. Tendo apresentado<br />
evidencias bastante, para provar pela Bíblia que Deus o ordenou em suas direções para a<br />
organização de uma igreja visível. O próprio Deus batizou cerca de 100.000 crianças, de uma só<br />
vez. (I Cor. 10:1-2).<br />
Cristo ordenou-o quando disse: “Portanto ide e ensinai (fazei discípulos) todas as nações,<br />
batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O próprio Cristo ordenou que as<br />
crianças fossem recebidas em seu nome(Marc. 9:37).<br />
Pretende-se que as crianças não podem compreender o significado do batismo. Nem as<br />
crianças judias podiam entender o significado da circuncisão e a outra parte da cerimônia que dizia<br />
respeito ao batismo de água, apesar de o Senhor exigir que os pais desse modo dedicassem os filhos.<br />
Pretende-se ainda, que as crianças não exercem o direito de escolherem por si mesmas. Escolhem as<br />
crianças por si mesmas em outros assuntos, tais como lavar o rosto, a qualidade de comida que<br />
comem, sair ao tempo, chuva, frio e neve, ir a escola? Os pais cuidam de seus filhos quanto às coisas<br />
materiais, e por que não quanto às religiosas? Por que se deveria deixar as crianças ao acaso no que<br />
diz respeito ao bem-estar de suas almas? Deus tê-las-ia deixado à mercê da sorte? Deixou claro em<br />
seu pacto com Abrão que os filhos deveriam ter a proteção da igreja.<br />
Pergunta-se: “Que bem faz à criança o batismo de água?” Que bem fará ao adulto?<br />
Respondam a esta pergunta e ajudá-los-ei a responder à primeira.<br />
Dizem os objetores que as crianças não podem guardar os mandamentos, portanto não<br />
podem ser batizadas. Lemos em Atos 15:24: “Pensais circuncidar-vos, e observar a lei”. Podia uma<br />
criança daquele tempo guardar a lei? De fato, não. Não se pode esperar hoje que as crianças dessa<br />
idade guardem os mandamentos mais que se esperava das crianças judias observassem a lei.<br />
Deveriam ser criadas na disciplina e correção do Senhor, e levadas a “conhecer o Senhor”. Isto é o<br />
que o Senhor espera de nós hoje – dediquemos a Ele os nossos filhos, criemo-los no caminho do<br />
Senhor e levemo-los a “conhecer o Senhor”.<br />
Concluindo, citamos de “O Batismo Infantil”, pelo Ver. C. W. Miller: “Perece, pois, que a<br />
igreja fundada sobre o pacto com Abrão, e que por 1900 anos, em administrando a lei daquele pacto,<br />
recebia crianças como seus membros e lhes aplicava o selo dessa recepção, é a Igreja de Deus hoje,<br />
não tendo sofrido nenhuma mudança nem em sua grande lei constitucional, nem em seus membros.<br />
Isto sendo verdade, segue-se inevitavelmente que o batismo infantil é a lei de atual igreja de Deus”.
BENEFÍCIO DO <strong>BATISMO</strong> INFANTIL<br />
Uma pergunta que freqüentemente ouvimos a respeito do batismo infantil é esta: “Que<br />
beneficio traz?” Isto é, substancialmente, indagar a atitude de Deus para com as crianças, porque<br />
qualquer pessoa pode perceber que estava Ele tão interessado pelas crianças que as incluiu no pacto<br />
com Abrão no começo da igreja visível organizada.<br />
Por que edificar um templo a Deus? por que dedicar um navio, um monumento de pedra, ou<br />
qualquer outra coisa? Não tem as crianças mais valor do que pedra e edifícios? O tabernáculo e os<br />
vasos sagrados do tabernáculo eram dedicados, tanto quanto o altar. Jacó estabeleceu uma pedra em<br />
Betel e a dedicou. Saul, Davi, Salomão, Eliseu, Jacó e Moisés foram todos dedicados, e tudo isto foi<br />
feito por meio de aspersão e derramamento. Ide à Bíblia e procurai, vós mesmos, e vereis com os<br />
vossos próprios olhos. Maria dedicou o pequeno Jesus. Não nos pergunteis a respeito destas coisas,<br />
perguntai a Deus e à Bíblia. Nos anos passados, penitenciárias foram visitadas e fizeram-se<br />
pesquisas a respeito de influência do batismo infantil sobre os indivíduos. Visitaram-se as<br />
penitenciárias do Tennessee e do Kentuchy, e não se encontrou nenhum protestante que houvesse<br />
sido batizado na infância. Eis a afirmação de um pregador:<br />
“Afirmou-se que não havia na penitenciária um protestante que houvesse sido batizado na<br />
infância. Meu filho era guarda na penitenciária de Frankfort, e pedi-lhe para ver se havia. Investigou<br />
o assunto, e jamais encontrou ali um protestante que houvesse sido batizado na infância, durante os<br />
muitos anos em que ali trabalhou como guarda.”<br />
O próprio fato de que uma criança se lembra de que seus pais a dedicaram ao Senhor, exerce<br />
grande influência para levá-la a Deus. O Dr. J. A. Burrow, quando editor do Midland Methodist<br />
contou de uma Igreja Batista em Chicago que dedicava crianças a Deus mas não usava água.<br />
Prossegue o depoimento: “Duas mães foram chamadas a frente para a oração de consagração dos<br />
seus filhinhos”. Que mal faz usar a água? Deus, Cristo, e a Igreja Primitiva não viam nenhum mal,<br />
senão bem.