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MEMÓRIA, PATRIMÔNIO E HISTÓRIA: UMA ABORDAGEM PRÁTICA

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<strong>MEMÓRIA</strong>, <strong>PATRIMÔNIO</strong> E <strong>HISTÓRIA</strong>: <strong>UMA</strong> <strong>ABORDAGEM</strong> <strong>PRÁTICA</strong><br />

Resumo<br />

Monica Zanellato Stanger 1<br />

O presente artigo relata a experiência e a pesquisa realizada com alunos da 5ª<br />

série do Colégio Estadual Leonardo da Vinci a partir de referenciais teórico­<br />

metododógicos pertinentes aos trabalhos de História e Memória. O objetivo do<br />

estudo foi a investigação e reelaboração dos conceitos de História, memória e<br />

patrimônio cultural ensinados em sala de aula na série pesquisada. Para isso,<br />

trabalhou­se com os alunos através da coleta e exposição de objetos e<br />

histórias guardadas por suas famílias, e elaboração de um vídeo que serviu e<br />

potencialmente servirá como material didático para novas experiências. Além<br />

do trabalho empírico, fez­se a leitura de vários autores e pesquisadores do<br />

assunto que dissertaram a respeito de como os historiadores escrevem a<br />

história, que não é feita só com documentos escritos, mas com símbolos,<br />

objetos, contos, cantos, costumes. O resultado levou à compreensão da<br />

importância do ensino da história e da memória, bem como dos temas<br />

relacionados, tal como o patrimônio cultural, segundo as perspectivas<br />

renovadas das discussões ocorridas na academia nas últimas décadas..<br />

Palavras­chave: Patrimônio Cultural. Memória. História. Museu. Artes. Cultura.<br />

Exposição. Objetos. Educadores.<br />

ABSTRACT<br />

This article reports the experience and research conducted with students in 5th<br />

grade State School Leonardo da Vinci from methodological alstract relevant<br />

references to the works of history and memory. The objective of this study was<br />

to research and development of concepts of history, memory and cultural<br />

heritage, taught in the classroom in the series studied. For that, i worked with<br />

students through the collection and exhibition of objects and histories kept by<br />

their families, and making a video helped and potentially aull serve as material<br />

1 Professora de História. Formada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas<br />

PR ­ FAFI. Atual Centro Universitário Católico do Sudoeste do Paraná – UNICS.<br />

Especialização em Processos Pedagógicos do Ensino Fundamental e professora integrante do<br />

Programa de Desenvolvimento Educacional do Governo do Estado do Paraná.


for new experiences. Besides the empirical work, there was the reading of<br />

various authors and researchers of the subject who spoke about how the<br />

historians write history, which is not made only with written documents, but with<br />

symbols, objects, stories, songs, costumes. The result led to the understanding<br />

of the teaching of history and memory as well as the themes importance of<br />

related as cultural heritage, according to the prospects of renewed discussions<br />

held at the academy in recent decades.<br />

INTRODUÇÃO<br />

As sociedades nos mais variados tempos buscaram construir sua<br />

identidade, definir seus parâmetros de pertencimento, recorrendo ao passado.<br />

É através da história de nossa vida e das gerações anteriores que são<br />

procuradas as linhas de tradição e as ligações entre presente e passado. Para<br />

traçar essas linhas que dão sentido às histórias cotidianas são necessários<br />

alguns procedimentos ora intencionais e programados, ora espontâneos e<br />

casuais. Os eventos passados se tornam conhecidos somente se alguém<br />

guardou, preservou algum resto, vestígios que possam nos remeter ao<br />

passado e a partir deles escrever e reescrever a História.<br />

Portanto, um povo que não guarda suas histórias, suas memórias, seu<br />

patrimônio, não sabe quem realmente é. Estas memórias estão guardadas em<br />

seu patrimônio cultural que deve ser preservado, restaurado, contado, cantado,<br />

de tal maneira que possa despertar nas pessoas seu real valor para a<br />

construção de sua História.<br />

A questão que norteou a confecção desse estudo é a seguinte: como<br />

conscientizar alunos que a História não é apenas mais uma disciplina que se<br />

estuda na escola, mas que na verdade também é construída por eles, por sua<br />

família e por sua comunidade?<br />

Partindo dessa problemática, buscou­se construir um acervo documental<br />

a partir da coleta de materiais diversos dos alunos, no intuito de elaborar<br />

coletivamente o conhecimento acerca da produção da memória e da História.<br />

2


A concepção de História é diversa; muitos estudantes consideram o<br />

estudo de tal disciplina chata e sem significado. Porém, se construirmos com<br />

eles novos sentidos para a disciplina ela ganha novos significados e pode se<br />

tornar de grande importância e interesse no cotidiano da escola.<br />

Assim, o presente artigo tem por finalidade construir novos conceitos<br />

sobre o sentido de estudar História, bem como a compreensão de memória,<br />

patrimônio, cultura e a relação que se estabelece entre eles.<br />

Neste prisma, as memórias são de suma importância no sentido de<br />

despertar o interesse nos educandos para que desenvolva o gosto de estudar<br />

História, aprendendo sobre o presente, o passado e o futuro de uma forma<br />

dinâmica, diferente, participativa e ao mesmo tempo prazerosa.<br />

Jacques Le Goff em sua obra História e Memória cita as considerações<br />

de Leroi­Gorhan sobre o que seriam as memórias:<br />

Não é uma propriedade da inteligência, mas a base, seja ela<br />

qual for, sobre a qual se inscrevem as concatenações de atos.<br />

Podemos a este título falar de uma “memória específica” para<br />

definir a fixação dos comportamentos de espécies animais de<br />

uma memória “étnica” que assegura a reprodução dos<br />

comportamentos nas sociedades humanas e, no mesmo<br />

sentido, de uma memória “artificial”, eletrônica em sua forma<br />

mais recente, que assegura sem recurso a um instinto ou à<br />

reflexão, a reprodução de atos mecânicos encadeados (LE<br />

GOFF apud GORHAN, 2003, p. 269).<br />

Deste modo, a memória, como propriedade de conservar certas<br />

informações, remete­nos em primeiro lugar a um conjunto de funções<br />

psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações<br />

passadas, ou que ele representa como passadas. (LE GOFF, 2003).<br />

Portanto, o processo da memória no homem faz intervir não só na<br />

ordenação de vestígios, mas também na releitura desses vestígios,<br />

possibilitando uma análise mais concreta e real do que lhe é apresentado,<br />

podendo inclusive tecer questionamentos e fazer novas ponderações sobre as<br />

3


considerações até então efetuadas.<br />

A construção das memórias constitui importante função social, na medida<br />

em que reproduz informações mesmo ante a ausência de dados escritos,<br />

baseando­se no estudo de objetos que marcaram o seu acontecimento. (LE<br />

GOFF, 2003).<br />

A maior parte das informações que constituem um determinado fato,<br />

encontra­se, via de regra, na memória ativa das pessoas. Estas informações,<br />

após imperativa necessidade de estudo, acabam levando a formação de fatos<br />

históricos. (LE GOFF, 2003).<br />

Existe uma distinção no estudo das memórias entre as culturas orais e<br />

culturas escritas, sendo a primeira predominantemente fundada na existência<br />

das etnias ou das famílias, ou seja, dos dados de origem. (LE GOFF, 2003, p.<br />

424).<br />

A segunda por sua vez, busca registrar os acontecimentos mais<br />

relevantes da vida em sociedade, sendo mais exata e concisa, haja vista que<br />

não deixa muitas margens à divagação, produzindo uma constatação mais<br />

precisa no registro da História, armazenando uma maior quantidade de<br />

informações, por tempo considerável. (LE GOFF, 2003, p. 424).<br />

Segundo Jacques Le Goff citando Goody:<br />

[...] a escrita implica também modificações no próprio interior<br />

do psiquismo e que não se trata simplesmente de um novo<br />

saber­fazer técnico, de qualquer coisa comparável, por<br />

exemplo, a um processo mnemotécnico, mas de uma nova<br />

aptidão intelectual. (GOODY, 1977, p. 108­109).<br />

Durante a Idade Média, Tomás de Aquino a partir da doutrina clássica<br />

dos lugares e das imagens, formulou algumas regras mnemônicas, dentre as<br />

quais se destacam:<br />

4


1) É necessário encontrar “simulacros adequados das coisas<br />

que se deseja recordar” e “é necessário segundo esse método,<br />

inventar simulacros e imagens porque as intenções simples e<br />

espirituais facilmente se evolam da alma, a menos que<br />

estejam, por assim dizer, ligadas a qualquer símbolo corpóreo,<br />

porque o conhecimento humano é mais forte em relação aos<br />

sensibiliza; por esta razão, o poder mnemônico reside na parte<br />

sensitiva da alma”. A memória está ligada ao corpo.<br />

2) É necessário, em seguida, dispor “numa ordem calculada as<br />

coisas que se deseja recordar de modo que, de um ponto<br />

recordado, se torne fácil a passagem ao ponto que lhe<br />

sucede”. A memória é razão.<br />

3) É necessário “meditar com freqüência no que se deseja<br />

recordar”. É por isso que Aristóteles diz que “a mediação<br />

preserva a memória, pois “o habito é como a natureza”. (LE<br />

GOFF apud TOMÁS DE AQUINO, 2003, p. 499).<br />

A memória, na qual cresce a História, que por sua vez a alimenta, procura<br />

salvar o passado para servir ao presente e ao futuro. Devemos trabalhar de<br />

forma que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos<br />

homens. (LE GOFF, 2003).<br />

Deste modo, ressalta­se que a construção das memórias constitui uma<br />

excêntrica forma de dominação, tendo em vista que os grupos dominantes<br />

sempre se valeram da manipulação dos dados que formaram a História da<br />

sociedade para perpetuarem­se no poder, fazendo inclusive, desaparecer<br />

importantes fatos e movimentos históricos, capazes de levar o povo a se<br />

organizar contra a forma de domínio a que estão submetidos.<br />

Segundo Peter Burke, o paradigma tradicional da escrita da História<br />

consolidou a necessidade do uso de documentos para a produção do<br />

conhecimento histórico. Uma das grandes contribuições de Leopold von Ranke<br />

foi sua exposição das limitações das fontes narrativas e sua ênfase na<br />

necessidade de basear a História escrita em registros oficiais emanados do<br />

governo e preservados em arquivos. O preço dessa contribuição foi a<br />

negligência de outros tipos de evidência. (BURKE,1992).<br />

Esta afirmação de Ranke enfatiza a necessidade de basear a História em<br />

registros oficiais, e nos leva a refletir sobre “a oficialidade” de tais registros,<br />

5


afinal, muitas vezes a História é feita segundo a conveniência de quem a<br />

escreveu, ou para servir como forma de dominação.<br />

Faz­se necessário, então a compreensão do que é historia, do que é<br />

documento ou registro oficial, enfim, sobre a História de cada um, da família, do<br />

local em que o individuo está inserido e que com sua vivencia, sua<br />

interferência, vai tecendo sua História e colaborando para a formação da<br />

História da sociedade em que vive.<br />

Febvre:<br />

Neste sentido, de grande importância são as colocações de Lucien<br />

A história faz­se com documentos escritos, sem dúvida.<br />

Quando estes existem. Mas pode fazer­se, deve fazer­se sem<br />

documentos escritos, quando não existem. Com tudo o que a<br />

habilidade do historiador lhe permite utilizar para fabricar o seu<br />

mel, na falta das flores habituais. Logo, com palavras. Signos.<br />

Paisagens e telhas. Com as formas do campo e das ervas<br />

daninhas. Com os eclipses da lua e a atrelagem dos cavalos<br />

de tiro. Com os exames de pedras feitos pelos geólogos e com<br />

as análises de metais feitas pelos químicos. Numa palavra,<br />

com tudo o que, pertencendo ao homem, depende do homem,<br />

serve ao homem, exprime o homem, demonstra a presença, a<br />

atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem.<br />

(FEBVRE, 1992, p. 328).<br />

Assim, os historiadores ao se depararem com uma hipótese em que haja<br />

inexistência de documentos escritos, utilizando­se dos monumentos<br />

encontrados, elaborarão pesquisas e estudos sobre eles, conferindo­lhes a<br />

condição de documentos importantes para a construção da História.<br />

Neste aspecto, pode­se perceber a necessidade de lugares próprios e<br />

adequados a fim de se conservar esses documentos, essas memórias, sem<br />

alterar­lhes as características essenciais, para que possam ser apreciados e<br />

analisados pelas futuras gerações, que poderão inclusive, descobrir novas<br />

verdades acerca dos objetos armazenados.<br />

Os museus na atualidade vêm se destacando como um dos locais mais<br />

6


propícios ao armazenamento de acervos culturais, tendo em vista que foram<br />

criados exatamente para esta finalidade, sendo abertos ao público, sem fins<br />

lucrativos, possibilitando crescimento de conhecimento e cultura.<br />

Nas palavras de Janine Ojeda, os museus são uma instituição, sem<br />

finalidade lucrativa, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberto<br />

ao público e que realiza investigações que dizem respeito aos testemunhos<br />

materiais do homem e do seu meio ambiente, adquire os mesmos, conserva­<br />

os, transmite­os e os expõe, especialmente, com intenções de estudo, de<br />

educação e de deleite (OJEDA, 2008).<br />

Deste modo, os museus e demais espaços de cultura representam um<br />

dos lugares responsáveis pela memória de um povo, encarregados pela<br />

preservação das obras produzidas pela humanidade, com suas histórias, com<br />

os meios próprios que dispõe (LEITE apud CHAGAS, 2006).<br />

O que mantém um museu vivo é a sua relação dinâmica com a<br />

sociedade, portanto, museus não são instituições permanentes, mas práticas<br />

sociais colocadas à serviço da sociedade e seu desenvolvimento. (LEITE apud<br />

CHAGAS, 2006).<br />

Para Chagas, os museus não exercem apenas o papel de guarda, mas<br />

têm a vocação de investigar, documentar e comunicar­se. Trabalham<br />

permanentemente com o patrimônio cultural integral, ressaltando sua dimensão<br />

educativa, procurando, assim, desenvolver as identidades locais, regionais,<br />

nacionais e intergovernamentais. (LEITE apud CHAGAS, 2006).<br />

Os museus devem representar a sociedade e sua estruturação, onde sua<br />

função mais premente é ser o espaço de comunicação direta com a<br />

comunidade. Esta dinâmica faz do museu um espaço de diversidade sem, no<br />

entanto, jogar fora o velho – mas debruçando­se criticamente sobre ele,<br />

fornecendo instrumento para o diálogo permanente. (LEITE apud CHAGAS,<br />

2006).<br />

7


Atente­se para o fato de que no contexto da nova museologia, surge a<br />

necessidade de se contextualizar os objetos, todavia, não basta contextualizá­<br />

los, pois, os objetos ao serem preservados, carregam consigo, no mínimo, o<br />

seu significado inaugural, e devem ser pensados criticamente neste contexto.<br />

(LEITE apud CHAGAS, 2006).<br />

Neste prisma, de buscar reconstruir a História, resgatando a arte,<br />

interpretando um dado momento histórico, muitos historiadores buscam<br />

elaborar museus itinerantes, constituindo, desta forma, um espaço reservado à<br />

cultura.<br />

A historiadora Maria Isabel Leite acompanhou sistematicamente a<br />

proposta educativa da construção de um museu itinerante intitulado “O Brasil<br />

de Portinari”, com exposição de réplicas no Solar Grandjean de Montigny, no<br />

Rio de Janeiro, sendo parte constante da pesquisa utilizada em seu<br />

doutoramento sobre museus, educação e cultura.<br />

A pesquisadora relata em seu trabalho que:<br />

[...] a apreciação das obras não é dom inato – nosso olhar é<br />

construído dia­a­dia e essas possibilidades de experiência<br />

estética fazem parte de nossa formação cultural. A formação é<br />

hoje uma das maiores dificuldade que disparam no campo da<br />

educação no Brasil. (LEITE, OSTENTTE, 2006, p.32).<br />

Durante o acompanhamento do projeto, a historiadora ressaltou a<br />

necessidade de um trabalho pedagógico para os monitores, de modo a<br />

envolvê­los, criando uma relação­interação com o projeto, de modo a não<br />

ocorrer apenas repetição de fatos.<br />

Enfatizando ainda, que não só nos museus, mas nas escolas e espaços<br />

da cultura, o desenho tem ficado espremido pelo tempo, pela ordem dada, pelo<br />

material, pelas instalações, visto que o prazer de produzir está diretamente<br />

relacionado ao processo e às condições de produção oferecidas.<br />

Assim, os museus itinerantes auxiliam grandiosamente no<br />

8


desenvolvimento das artes e da cultura, resgatando o gosto pelo estudo da<br />

História, incentivando as pessoas, os alunos e a sociedade como um todo a<br />

redescobrirem fatos históricos importantes. (LEITE, OSTENTTE, 2006).<br />

A arte se dirige a todos para ser sentida e compreendida: por isso é<br />

democrática, é impacto emocional, confronto de idéias, de História e de<br />

imaginação. (LEITE, OSTENTTE, 2006).<br />

Allana Pessanha de Moraes em sua pesquisa final de curso na<br />

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, através de seu<br />

projeto de extensão “Patrimônio Cultural”, também desenvolveu um projeto de<br />

ação pedagógica com alunos de 6ª, 7ª e 8ª séries do ensino fundamental com<br />

escolas públicas no Município de Campos dos Goytacazes.<br />

A autora realizou um estudo junto aos alunos daquela região, tendo<br />

constatado que 43% dos entrevistados afirmaram nunca ter ouvido falar de<br />

Patrimônio Cultural embora se pudesse perceber certa apropriação do conceito<br />

de patrimônio tradicionalmente usado no Brasil. (MORAES, 2006).<br />

A partir dos estudos realizados, a bolsista de pesquisa em extensão pôde<br />

perceber que é crescente a necessidade de promover uma ação pedagógica<br />

para direcionar os estudantes a entender o conceito de Patrimônio e<br />

reconhecer sua importância, enfatizando que é (re)conhecendo a identidade<br />

cultural que se passa a valorizar e preservar aquilo que reconhece como seu,<br />

de modo que a educação patrimonial deve ser incluída nos currículos<br />

escolares, levando à comunidade escolar ao resgate e preservação do<br />

Patrimônio Cultural. (MORAES, 2006).<br />

Assim, percebe­se a crescente necessidade de criação de um espaço<br />

reservado à preservação do Patrimônio cultural, e paralelamente uma ação<br />

pedagógica que integre os estudantes a esse projeto. É nesse contexto que se<br />

inserem os museus itinerantes.<br />

Atualmente ir ao museu não é como assistir a um CD­ROM de obras de<br />

9


arte, assim como ir ao cinema é diferente de ver um vídeo ou ir a um teatro não<br />

é o mesmo que assistir a uma encenação de um grupo teatral na escola, de<br />

forma que a experiência indireta com a obra não substitui a experiência direta.<br />

(LEITE, OSTENTTE, 2006).<br />

Outra experiência aqui narrada é da pedagoga Samantha Fernandes da<br />

Silva onde ela conta sobre seu “encontro com Picasso”:<br />

10<br />

Sai de minha cidade, Biguaçu (SC), para a Oca, no parque<br />

Ibirapurera, me encontrar com Pablo Picasso. O emocionante<br />

entra nas lembranças que me vieram ao entrar na Oca, ao<br />

admirar todas aquelas obras, minha memória me reportou à<br />

infância na escola, às obras dos artistas que contemplava e<br />

namorava nas revistas (em casa), ao sentimento de paixão<br />

pela arte e pelas cores. Eu estava ali deslumbrada, com<br />

sentimentos vivos, apesar da escola. (SILVA, 2006, p.157).<br />

A autora utiliza a expressão “apesar da escola”, devido ao trauma<br />

adquirido na infância, na qual os desenhos vinham de forma mimeografada, e<br />

este era o único tempo em que podiam ter contato com o lápis de cor, e ainda<br />

mal apontado, pois apontador era um artigo de luxo. Ela queria uma caixa<br />

cheia de lápis de todas as cores, mas sua iniciativa, sua vontade de criar foi<br />

podada, devido ao fato de apenas alguns lápis terem ponta, e também o<br />

desenho não ser o que ela queria, uma vez que ele já veio pronto.<br />

Percebe­se então, a necessidade de uma atenção para a arte, para a<br />

cultura de um povo. É relevante que a escola e a sociedade ofereçam<br />

condições para que seja possível o “aprendizado da arte”, estimulando sua<br />

criatividade. Somente assim se formará no educando o respeito pelo patrimônio<br />

cultural, pela memória e pela História de seu povo.<br />

Portanto, o presente estudo, pautado nas discussões e nos trabalhos<br />

acima apresentados, pretendeu colaborar para conscientizar os alunos da<br />

importância da disciplina de História, no que concerne a problematização do<br />

tempo presente e à construção da cidadania.<br />

Dessa forma, o objetivo principal do trabalho foi a apropriação do que


estudaram, e, ao se apropriar destes saberes, considera­se que, o aluno possa<br />

ser capaz de enfrentar novos desafios ampliando suas potencialidades e<br />

posicionando­se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes<br />

situações sociais.<br />

Desafiador é fazê­los diferenciar tempo passado de História produzida e<br />

compreender que os elementos históricos interferem no seu cotidiano e no de<br />

sua comunidade. No intuito de desenvolver o interesse dos alunos pela<br />

disciplina e fazê­los compreender que a História está presente em todos os<br />

acontecimentos e que eles próprios ajudam a construir a História da sociedade<br />

em que vivem, buscou­se constituir com os alunos da 5ª série, um acervo<br />

documental de objetos, moedas, livros, fotos, diários, filmes, fitas, entre outros<br />

objetos e documentos, desenvolvendo desta forma uma experiência entre os<br />

educandos com a produção da memória e da História.<br />

O artigo traz ainda os passos trabalhados durante a pesquisa, que teve<br />

sua culminância na produção de um vídeo didático, que ira servir como<br />

instrumento ou material didático. A produção do vídeo seguiu todos os passos<br />

da Educação Patrimonial, que são: observação, registro, este representado<br />

pelos alunos por meio de desenhos, exploração ou pesquisa, e apropriação,<br />

onde os estudantes apresentaram um teatro para demonstrar o que<br />

aprenderam.<br />

2 ­ O Colégio Estadual Leonardo da Vinci: o local de implantação do<br />

projeto<br />

O Colégio Estadual Leonardo da Vinci está localizado no bairro Centro­<br />

Sul do município de Dois Vizinhos, oferecendo em três turnos (matutino,<br />

vespertino e noturno), as modalidades de: Ensino Fundamental, Ensino Médio,<br />

Ensino Normal e Educação Profissional, com um total de 1.364 alunos.<br />

11


O Colégio tem como proposta uma educação que contemple o<br />

desenvolvimento cognitivo, físico, afetivo, social e ético, tendo em vista uma<br />

formação ampla. Faz parte dessa longa etapa a construção de valores e<br />

atitudes que norteiam as relações interpessoais e intermedeiam o contato do<br />

aluno com o objeto do conhecimento. É imprescindível, nesse processo que<br />

valoriza o aprender contínuo e a troca constante entre aluno­aluno e aluno­<br />

professor, uma postura de trabalho que considera a cooperação, o respeito<br />

mútuo, a persistência e o empenho para superar desafios.<br />

O Colégio é a segunda maior escola do município em número de alunos,<br />

sendo estes provenientes de diferentes espaços, tanto da área urbana quanto<br />

da rural, sendo em sua maior parte da área urbana. Neste contexto existem<br />

várias realidades. Alguns alunos são provenientes de famílias que possuem<br />

certo poder aquisitivo, outros com poder aquisitivo médio e ainda os de famílias<br />

carentes. Independente da realidade social vivida por esses alunos a escola<br />

torna­se ponto de encontro, sendo que para muitos é o local que lhes garante<br />

certa renda familiar com a bolsa escola e o programa leite das crianças.<br />

3 ­ Patrimônio Cultural e História: coletando a memória no Município de<br />

Dois Vizinhos.<br />

O início do presente trabalho foi implantado junto aos alunos da quinta<br />

série do Colégio Estadual Leonardo da Vinci explicando aos mesmos o que é<br />

História, por que estudar História. Após essa introdução, os educandos foram<br />

orientados a fazer uma busca da História de suas famílias, de seus<br />

antepassados. Essa atividade propôs a coleta de objetos da família e da<br />

comunidade que pudessem reavivar a memória por meio de restos guardados<br />

em casa.<br />

Os objetos trazidos pelos alunos foram os mais diversos:<br />

livros e cadernos antigos, lousa, utensílios de cozinha, artigos de cama e mesa<br />

12


como bordados, tecelagem, também, cestos, moedas, ferramentas utilizadas<br />

na agricultura e criação de animais.<br />

Após a realização da tarefa de catalogação dos objetos montou­se uma<br />

pequena exposição em uma das salas de aula do Colégio com os materiais<br />

coletados, de modo que toda a escola pudesse visitar, conhecer e aprender<br />

sobre a História representadas nestes guardados.<br />

O interesse dos visitantes era visível, eles não se cansavam de admirar,<br />

questionar e comentar sobre o que estavam tendo a oportunidade de ver, foi<br />

uma experiência gratificante para os educadores.<br />

O despertar do interesse dos educandos para com o patrimônio<br />

apresentado na exposição reporta às considerações de Luiz A. B. Custodio:<br />

13<br />

A valorização do patrimonio cultural brasileiro depende,<br />

necessariamente, de seu conhecimento. E sua preservação, do<br />

orgulho que possuimos de nossa própria identidade.<br />

(CUSTÓDIO, 2006, p.12)<br />

Depois da exposição dos objetos foi produzido um vídeo didático com o<br />

resultado obtido. O objetivo da confecção do respectivo vídeo foi disponibiliza­<br />

lo como material didático para implementação do projeto por outros<br />

educadores, além de oferecer a oportunidade para que futuramente outras<br />

turmas possam trabalhar com o mesmo conteúdo.<br />

O material didático produzido (vídeo), foi utilizado com os alunos da 6ª<br />

série no ano de 2009 e com os alunos que iniciaram a 5ª série neste mesmo<br />

ano.<br />

Inicialmente as atividades foram implantadas junto às quintas séries do<br />

Colégio Estadual Leonardo da Vinci através de uma enquete sobre o que os<br />

mesmos entendiam por História.<br />

A partir desta primeira enquete chegou­se a distintos conceitos acerca<br />

do tema História, sendo as respostas mais triviais:


“A História é estudar o passado, conhecer o mundo de antigamente, como<br />

eram os países, cidades, enfim o planeta. História conta como era<br />

antigamente” (55%);<br />

“História é como conto de fadas, são coisas que são inventadas” (4%);<br />

“A História estuda o que aconteceu com o passar do tempo. É a relação do<br />

presente e passado da humanidade” (18%);<br />

“História é tudo o que acontece ” (10%);<br />

“Historia é aprender sobre as coisas que aconteceram no pasado e acontecem<br />

no presente” (13%).<br />

A partir deste contexto, passou­se a trabalhar com o texto: “Enterrando<br />

os Mortos, Desenterrando os Vivos” (Brasil uma História em construção, José<br />

Rivair Macedo; Mariley W. Oliveira, p.7, 1986), (livro didático), que aborda de<br />

forma clara e objetiva a concepção de História, relatando o dia­a­dia de um<br />

menino de 11 anos que questionou seu professor sobre o porque de estudar<br />

História.<br />

O autor relata que o garoto ao voltar para sua casa pretende esquecer<br />

da Escola Tiradentes onde estuda, mas passa pela Rua Princesa Izabel, pela<br />

Praça Sete de Setembro, que por sua vez, fica na Rua D. Pedro II.<br />

Desta forma, os alunos foram percebendo que o passado se faz<br />

presente no seu cotidiano, e, que este passado foi construído por pessoas que<br />

já não vivem, mas que deixaram muitos traços como herança e que isto ainda<br />

repercute na vida atual. Compreenderam assim, que nós também estamos<br />

construindo a nossa História aos produzirmos e guardarmos nossos restos de<br />

vida, tais como os objetos trazidos para a exposição.<br />

Após este trabalho, procedeu­se nova enquete junto aos alunos para<br />

que novamente escrevessem o que entendiam por História.<br />

14


Algumas respostas:<br />

“A História é cada dia que passa, ela está com a gente, nós fazemos parte da<br />

história”;<br />

“A História é o resumo das coisas que aconteceram no passado e que tem<br />

influência no presente”.<br />

“Nós gostamos de estudar História. Com ela podemos entender os fatos que<br />

acontecem ao nosso redor”.<br />

Percebeu­se na segunda enquete que mesmo os que não escreveram,<br />

entenderam o significado do ensino de História.<br />

Neste contexto, oportuno destacar as considerações de Fernand Braudel<br />

acerca do que é História:<br />

15<br />

[...] o conhecimento histórico alarga a compreensão do homem<br />

enquanto ser que constrói seu tempo. E a reflexão histórica,<br />

estudando o que os homens foram e fizeram, nos ajuda a<br />

compreeder o que podemos ser e fazer. Assim, a história é a<br />

ciencia do passado e do presente, um e outro inseparáveis.<br />

(BRAUDEL, 1997, p.10)<br />

Denota­se que os conceitos criados pelos alunos após um breve estudo<br />

sobre o que é História assemelha­se ao conceito criado pelo renomado<br />

historiador.<br />

Retomando alguns conceitos de História formulados pelos alunos nas<br />

enquetes, no intuito de inserir os conceitos de patrimônio e memória no mesmo<br />

contexto, passou­se a seguinte pergunta: “Qual a relação das respostas que<br />

vocês deram anteriormente com patrimônio e memória? São a mesma coisa?”<br />

Algumas respostas:<br />

“Eu acho que é a mesma coisa, pois a nossa memória é nossa História”.<br />

“A memória é o que lembramos do passado”.


“História são as coisas que aconteceram, e memória é o que guardamos”.<br />

Novamente se fez necessário trabalhar com os novos conceitos<br />

apresentados, uitlizando­se para tanto o auxílio de textos, vídeos, slides e<br />

também comentando sobre o vídeo produzido com os objetos coletados,<br />

ressaltando que aqueles objetos, documentos, fotos, vestuários, dentre outros,<br />

faziam parte do patrimônio e da memória da nossa comunidade.<br />

Percebeu­se então que os educandos entenderam esses conceitos,<br />

quando convidados a novamente escrever ou falar o que entendiam sobre<br />

patrimônio e memória, proferiram respostas como:<br />

“A História usa a memória, e que é as coisas que fizeram parte de nossa vida,<br />

coisas que nossos antepassados guardaram e preservaram”.<br />

“A História se faz pela memória de nossas famílias, comunidades, pelos<br />

objetos guardados e pelo patrimônio histórico e cultural.<br />

O método utilizado para que os alunos pudessem compreender e<br />

apreender os novos conceitos foi tomado com base no ensinamento de Maria<br />

de Lourdes Parreira Horta:<br />

16<br />

A metodologia da Educação Patrimonial pode levar os<br />

professores a utilizarem os objetos culturais na sala de aula ou<br />

nos próprios locais onde são encontrados, como peçaschaveno<br />

desenvolvimento dos currículos e não simplesmente<br />

como mera ilustração das aulas. (HORTA, 1999, p. 09).<br />

Para dar continuidade aos trabalhos realizados com os educandos,<br />

utilizou­se o texto: “Respeito à nossa História e ao nosso Patrimônio”, (História<br />

em Documento: Imagem e Texto, Joelza Ester Rodrigues, p.23, 2002). O<br />

referido texto relata que a História faz parte de nossa vida, que convivemos<br />

com ela diariamente, mostrando que traços do passado permanecem no<br />

cotidiano, e, conhecê­los a fundo significa criar condições para entendermos<br />

melhor o nosso próprio presente.


Uma pessoa que perde a memória, perde ao mesmo tempo a<br />

consciência de sua identidade, dos vínculos que mantém com outras pessoas,<br />

do sentido de sua vida.<br />

De forma semelhante, uma sociedade que desconhece a sua História<br />

(memória coletiva), desconhece também as suas origens, desenvolvimento e<br />

capacidade de viver coletivamente, podendo ser manipulada com maior<br />

facilidade.<br />

Neste prisma, denota­se a importância da Memória e do patrimônio na<br />

História, na medida em que guardam traços da cultura de um povo, preservam<br />

objetos, guardam reliquias, e ajudam a compreender o processo de construção<br />

da História.<br />

A memória pode ser individual ou coletiva. Individual é quando a pessoa<br />

traz consigo acontecimentos que foram importantes, que interferiram em sua<br />

vida particular. Coletiva, é quando essa memória passa a ser construída<br />

coletivamente, quando é partilhada por uma comunidade, cidade, estado, país,<br />

etc.<br />

Da memória também fazem parte os objetos guardados, festas<br />

populares, danças, folclore, monumentos etc, que por sua vez, representam o<br />

Patrimônio Cultural de uma comunidade.<br />

Pode­se entender como Patrimônio Cultural um bem que seja importante<br />

para uma pessoa ou mesmo para um grupo de pessoas, uma riqueza recebida<br />

como herança, documentos antigos, monumentos, pois relatam a história da<br />

sociedade em que se vive, trazendo recordações do passado, fazendo com<br />

que seu povo possa se sentir unido por um sentimento comum.<br />

Assim, quando se fala em patrimonio, fala­se também de História,<br />

memória e identidade; conceitos estes que estão inter­relacionados, mas que<br />

se modificam com o passar do tempo.<br />

17


No intuito de ressaltar a importância da História, da memória e do<br />

patrimônio no contexto de uma sociedade buscou­se retomar os conceitos<br />

trabalhados inicialmente com os alunos, promovendo­se um novo debate sobre<br />

História, memória e patrimônio.<br />

Constatou­se que, apesar de alguns alunos ainda terem dúvidas sobre<br />

os conceitos que foram amplamente estudados, a maioria foi capaz de<br />

assimilar e abstrair o que representam estes conceitos para eles, assim como a<br />

importância do ensino de História, ademais de ter despertado a consciência da<br />

necessidade de preservação de tudo aquilo que faz parte do Patrimônio<br />

Cultural da sociedade em que vivem.<br />

O projeto realizado também possibilitou aos alunos levar até suas<br />

famílias o valor dos objetos que preservaram e a importância de continuar<br />

preservando e valorizando este material que faz parte de suas histórias,<br />

ressaltando que hoje vivemos em uma época em que tudo tem um período útil<br />

muito curto, sendo descartado, trocado e estes que foram a base dos atuais,<br />

são desprezados com muita velocidade pela sociedade atual que valoriza o<br />

novo, o top de linha.<br />

O conhecimento é uma reconstrução dos fatos a partir das fontes<br />

históricas, ou seja, é o nosso pensamento de hoje tentando alcançar o modo<br />

de pensar e viver de outros tempos e de outros povos.<br />

Tudo o que nos permite perceber alguma coisa a respeito de como era<br />

a vida em uma certa época torna­se um documento histórico. Até a memória<br />

das pessoas pode ser considerada como um documento.<br />

Os documentos e as lembranças de nossa História formam o patrimônio<br />

histórico e artístico nacional. Este representa a maior riqueza de um povo, pois<br />

nele está contida sua memória, sua cultura, seu modo de pensar e de agir,<br />

abrange o patrimônio material e imaterial.<br />

18


O patrimônio material é representado por obras arquitetônicas,<br />

urbanísticas, objetos, artefatos, sítios arqueológicos e outros, já o patrimônio<br />

imaterial são os costumes, saberes, relações sociais e simbólicas.<br />

Denota­se deste modo, que patrimônio abrange bens que de certo modo<br />

são importantes para toda a humanidade, conforme ressalta a historiadora<br />

Lúcia Lippi Oliveira:<br />

19<br />

Ao falarmos de patrimônio, estamos lidando com história,<br />

memória e identidade, conceitos inter­relacionados cujos<br />

conteúdos são definidos e modificados ao longo do tempo. A<br />

noção de patrimônio confunde­se assim com a de propriedade<br />

herdada. O processo pelo qual se forma um patrimônio é o de<br />

colecionar objetos, mantendo­os fora do circuito das atividades<br />

econômicas, sujeitos a uma proteção especial. (OLIVEIRA,<br />

2008, p. 114).<br />

Para Lúcia Lippi Oliveira os chamados patrimônios históricos e artísticos<br />

têm, nas modernas sociedades a função de representar simbolicamente a<br />

identidade e a memória de uma nação. O pertencimento a comunidade<br />

nacional, é produzido a partir da idéia de propriedade sobre um conjunto de<br />

bens: relíquias, monumentos, cidades históricas entre outros.<br />

4 – Patrimônio Cultural e História: implementação pedagógica através das<br />

quatro etapas da educação patrimonial ­ observação, registro, exploração<br />

e apropriação<br />

Buscando uma inovação junto às salas de aula, na tentativa de despertar<br />

o interesse dos alunos nas aulas de História e, sobretudo no que se refere ao<br />

conteúdo patrimônio cultural, História e memória, foi dado prosseguimento ao<br />

projeto de implementação pedagógica no Colégio Estadual Leonardo da Vinci,<br />

através da produção didática de um vídeo que contou com a participação dos<br />

educandos, professores e pela própria comunidade.<br />

O vídeo didático de implementação do projeto PDE, cujo titulo é História e


Educação Patrimonial: coletando a memória do município de Dois Vizinhos, foi<br />

produzido a partir de uma exposição de materiais coletados com alunos de 5ª<br />

séries do Colégio Estadual Leonardo da Vinci, e expostos nos moldes de uma<br />

exposição de museu itinerante.<br />

A confecção do vídeo didático tinha por finalidade fazer com que os<br />

educandos realizassem as quatro etapas da Educação Patrimonial:<br />

observação, registro, exploração e apropriação.<br />

Durante o período em que foi assistido o Vídeo, foram feitas as paradas<br />

necessárias para explicar e comentar com os alunos os fatos que envolviam o<br />

vídeo, em cada uma de suas etapas, ressaltando­se que os alunos ficaram<br />

atentos a todas as etapas do mesmo.<br />

Na primeira etapa que consistente em observação, os educandos<br />

reconheceram colegas que apareceram nas filmagens, identificaram objetos,<br />

momento este em que diziam: “este objeto tem lá na minha casa”, “a minha avó<br />

tem um ferro de passar igual a esse”, e assim por diante. Também<br />

questionavam sobre objetos que não conheciam e que passaram a conhecer.<br />

Aproveitando o momento questionou­se aos educandos, se em suas<br />

famílias se guardava algum objeto antigo ou bens que estes consideravam<br />

importantes. Entre várias respostas a mais relevante foi a de uma aluna que<br />

comentou que em sua família existe um bem (objeto) que eles consideram um<br />

patrimônio para a família e tem quase 70 anos, vai passando de geração em<br />

geração, e consiste em um par de brincos de ouro, que era da bisavó, passou<br />

para a avó, atualmente pertence a mãe da aluna e um dia a mãe passará para<br />

ela.<br />

Segundo a educanda Andressa Dias, o brinco lembra muitas gerações<br />

(parentes antigos), tendo mencionado que a mãe comentou que aquele objeto<br />

vale muito mais que o dinheiro pode pagar: é uma riqueza familiar que guarda<br />

muitas lembranças.<br />

20


As palavras da educanda nos remetem ao ensinamento dos historiadores<br />

Pedro Paulo Funari e Sandra C. A. Pelegrini:<br />

21<br />

Hoje, quando falamos em patrimônio, duas idéias vêm a nossa<br />

mente. Em primeiro lugar pensamos nos bens que<br />

transmitimos aos nossos herdeiros ­ e que podem ser<br />

materiais, como uma casa ou uma jóia, com valor monetário<br />

determinado pelo mercado. Legamos, também, bens de pouco<br />

valor comercial, mas de grande significado emocional, como<br />

uma foto, um livro autografado ou uma imagem religiosa do<br />

nosso altar doméstico. Tudo isso pode ser mencionado em um<br />

testamento e constitui o patrimônio do indivíduo. (FUNARI;<br />

PELEGRINE,, 2006, p. 9).<br />

Assim, os brincos de ouro que pertencem à família de Andressa Dias,<br />

representam um patrimônio familiar com valor inestimável e que foi sendo<br />

passado de geração para geração.<br />

Após a etapa de observação do vídeo, passou­se a próxima etapa que<br />

consiste no Registro. Nesta etapa os educandos representaram o que viram no<br />

vídeo através de desenhos, sendo que estes desenhos foram os mais variados,<br />

alguns fizeram um ou dois desenhos, outros fizeram representações de vários<br />

objetos, e ainda teve aqueles que representaram seguindo praticamente toda a<br />

seqüência do vídeo inclusive com cenas de pessoas utilizando os materiais<br />

utilizados na exposição em seu cotidiano.<br />

A tarefa seguinte era escolher um objeto para a produção de um texto. A<br />

escolha foi bem diversificada, sendo que os objetos mais escolhidos para o<br />

texto foram: ferro de passar; máquina de datilografar; ferramentas agrícolas,<br />

moedas, mas o que despertou o interesse e a curiosidade foi a Lousa que<br />

conta com mais de 70 anos, e era utilizada na escola pelos alunos quando não<br />

existiam cadernos, sendo que as crianças escreviam nos dois lados da lousa e<br />

após apagavam tudo para escrever novamente.<br />

Com a produção do texto concluída, fez­se um circulo com professor e<br />

alunos, comentando­se sobre vários objetos antigos que estes conheciam ou<br />

passaram a conhecer. A discussão contribuiu para a percepção da importância


que esses objetos tinham para o povo da época e também que são importantes<br />

para a História do presente.<br />

Foi possível perceber que o objetivo da atividade foi alcançado, os alunos<br />

comentaram que gostaram muito das aulas de História, pois, conheceram e<br />

aprenderam muitas coisas que desconheciam, mencionando que as aulas<br />

ficaram mais atrativas, podendo­se inclusive constatar que alguns alunos<br />

passaram a ter um sentimento de identidade com essa diversidade cultural.<br />

Com a atividade de Exploração, os alunos pesquisaram sobre os objetos<br />

que haviam escolhido nas atividades anteriores, buscando maiores dados em<br />

livros, internet e outros, sendo que tiveram acesso as mais variadas<br />

informações, prosseguindo­se com a organização de um seminário com a<br />

finalidade de ressaltar as diferenças entre o conhecimento que tinham e o que<br />

passaram a ter após a pesquisa e seminário.<br />

Na aula seguinte passou­se a atividade de Apropriação. Em grupos os<br />

alunos escreveram pequenas encenações das peças de teatro sobre os<br />

objetos estudados, foram escritas e montadas três pequenas encenações<br />

sobre os brinquedos, o uso das moedas e com os materiais envolvendo a<br />

educação.<br />

No momento das encenações sobre os objetos estudados, um grupo<br />

optou pelos brinquedos que apareceram no vídeo, de modo que para a<br />

realização do teatro que envolveu esses brinquedos, precisou­se retomar a<br />

exposição realizada no ano de 2008, quando havia sido iniciado o trabalho de<br />

coleta de objetos antigos, surgindo a oportunidade de realizar­se uma interação<br />

de disciplinas, na medida em que se aproveitou os brinquedos confeccionados<br />

pelos alunos orientados pela professora de Artes.<br />

Os educandos com ajuda dos pais estavam confeccionando brinquedos<br />

antigos para que os pais relembrassem sua infância e para que seus filhos<br />

aprendessem um pouco sobre as brincadeiras, diversões, e infância dos<br />

22


mesmos.<br />

Também foi organizado um teatro de fantoches intitulado “Como<br />

Brincavam Meus Avôs”, onde os alunos fizeram uma pesquisa sobre<br />

brinquedos e brincadeiras da época de avós. Na encenação, os fantoches<br />

(alunos) conversavam com seus avôs sobre os brinquedos antigos,<br />

questionando­os a respeito desses brinquedos: como eram adquiridos? De que<br />

maneira brincavam? Como eram fabricados?<br />

As crianças ficaram maravilhadas com o teatro, pois além de perceber as<br />

diferenças do jeito de brincar, e se divertir de antigamente com o agora,<br />

puderam brincar e experimentar sensações desconhecidas até então.<br />

A outra encenação foi sobre o tema Educação com o título: “A Escola de<br />

Meus Avôs”, onde os alunos representaram como era a escola no tempo de<br />

seus avôs, enfatizando que naquela época não existiam cadernos e os que<br />

tinham eram costurados a mão e usados somente para fazer avaliações.<br />

Os alunos se utilizaram de folhas de cadernos e com o auxilio de seus<br />

pais costuraram as mesmas. Depois levaram para a escola onde encenaram a<br />

“educação brincando de escolinha”; alguns usavam os cadernos costurados,<br />

outros os livros antigos e também a lousa, pequeno objeto do tamanho de uma<br />

folha de papel pequena, onde se escrevia e após apagava­se para que fosse<br />

possível escrever novamente.<br />

O teatro encenando a educação de seus avôs foi o mais admirado pelo<br />

grupo, pois perceberam as dificuldades de se estudar quando não havia livros,<br />

cadernos, canetas, lápis, e outros objetos que são tão familiares aos mesmos,<br />

mas que antepassados não conheceram quando estudaram.<br />

A terceira encenação foi feita por um grupo que optou pelas moedas<br />

antigas, representando a peça “O Comércio”. Na encenação os pais pediram<br />

aos filhos que fossem até o armazém comprar mantimentos para o uso<br />

cotidiano, como alimentos e outros. Destacou­se na apresentação o tempo em<br />

23


que os produtos eram vendidos a granel, e, pesados na hora na presença do<br />

freguês, em balanças muito diferentes das que conheciam. Também se usaram<br />

da matemática fazendo contas do dinheiro que levaram, de quanto gastaram e<br />

o que sobrou.<br />

Depois das apresentações, pediu­se aos alunos que escrevessem o que<br />

aprenderam com as peças teatrais apresentadas, se gostaram e o que<br />

pensavam a respeito dos objetos antigos que conheceram bem como a<br />

maneira que vivia as pessoas que se utilizavam deles.<br />

As respostas foram as mais diversas, porém percebeu­se que todos<br />

entenderam, e aprenderam o sentido e a importância de conhecer e preservar<br />

os objetos antigos que pertenceram às suas famílias, bem como a necessidade<br />

de preservar a cultura e o Patrimônio Cultural de um povo.<br />

Da Educação Patrimonial, ressalta­se que foi possível perceber através<br />

dos relatos dos alunos, o valor que descobriram no ato de estudar História, e<br />

que esta disciplina representa para os mesmos algo de grande significado, pois<br />

é através da História que entendemos a vida.<br />

A seguir transcreve­se o relato do texto da aluna Kamile A. Freitas que<br />

vem representar o que significou este estudo:<br />

24<br />

Antes eu achava que estudar História era a coisa mais chata<br />

que havia, e que todas as coisas velhas deveriam ser jogadas<br />

fora. Agora compreendo e amo estudar História. Conhecer<br />

objetos que eu nem imaginava que existiram foi muito<br />

importante, até pergunto para outras pessoas se eles tem<br />

objetos antigos, pois estou sempre curiosa em conhecer mais,<br />

pena que em nossa cidade não exista museu. Também falo<br />

para estas pessoas que a gente deve guardar estes bens que<br />

são muito valiosos, e que nunca devemos esquecer nossos<br />

costumes e valores. (Kamile A. Freitas).<br />

Seguindo­se com a seqüência de atividades envolvendo o vídeo, chegou­<br />

se a atividade 05, na qual os educandos deveriam responder as seguintes<br />

questões: “Será que o pesquisador da História/o historiador para escrever a


espeito dos temas que estudamos na disciplina de História faz estes<br />

exercícios que fizemos? Como se escreve a História?<br />

As respostas foram unânimes em responder que sim, e muito<br />

responderam que os historiadores fazem, além disso, muito mais, porque eles<br />

precisam ler, analisar, compreender, para realmente saber sobre os<br />

acontecimentos passados.<br />

Com relação à pergunta: “como se escreve a História?”, foram obtidas<br />

respostas como: “com o uso dos documentos escritos, não escritos,<br />

testemunhos orais, pesquisas e outros”.<br />

Usando­se o conteúdo do livro didático procurou­se esclarecer um pouco<br />

mais sobre esse assunto, enfatizando que os historiadores procuram descobrir<br />

o que realmente aconteceu no passado e tentam explicar os motivos que<br />

levaram a vida de homens e mulheres a mudar tantas vezes ao longo dos<br />

séculos.<br />

Os historiadores criam perguntas, indagações para eles mesmos tentaram<br />

responder e assim compreender melhor o passado de uma comunidade,<br />

sociedade e do mundo. Os historiadores precisam trabalhar como um detetive<br />

que precisa através de testemunhos orais e materiais, recontarem uma cena da<br />

qual ele não participou.<br />

Em seu estudo, os historiadores utilizam diferentes tipos de documentos<br />

(fontes históricas), que podem ser escritos, iconográficos, orais e materiais<br />

entre outras. A análise das fontes históricas envolve além do historiador, o<br />

trabalho de arqueólogos e paleontólogos.<br />

Portanto a História está constantemente sendo reelaborada, pois sua<br />

interpretação depende de quem a interpreta, das fontes consultadas e da forma<br />

como a fonte é analisada.<br />

Após análise e compreensão das fontes selecionados os profissionais da<br />

25


pesquisa discutem o significado dessas mudanças e permanências, bem como<br />

suas relações com o modo de vida dos seres humanos atuais, não esquecendo<br />

que as interpretações dos fatos históricos dependem da realidade na qual os<br />

historiadores estão inseridos e de sua visão de mundo.<br />

Para finalizar as atividades referentes ao vídeo didático, utilizou­se<br />

o texto: ”Trecho do Livro Política, século IV a.C.” de Aristóteles extraído do livro<br />

didático: História Hoje, de Oldimar Pontes Cardoso, pg. 100.<br />

No texto, Aristóteles fala da importância do planejamento na construção<br />

das cidades gregas. Segundo ele, a cidade deve estar ligada ao interior, o mar<br />

e todo seu território. Deve ser erguida num local onde seja protegida de ventos<br />

e frio e que dificulte o ataque de inimigos e, antes de tudo, que tenha águas ou<br />

cisternas para armazená­las.<br />

Após a leitura do trecho indagou­se aos alunos: “como você imagina que<br />

alguém tenha escrito tal História?”<br />

As respostas foram praticamente as mesmas da atividade 05: através<br />

observações, de pesquisa, de fatos narrados e escritos, ainda segundo eles,<br />

Aristóteles pesquisou sobre a cidade e fez análise dos lugares para saber<br />

como ela deveria ser construída.<br />

O objetivo dessa atividade era fazê­los perceber que o texto de Aristóteles<br />

é um Documento, ou seja, uma fonte histórica, deixada por esse filósofo que<br />

viveu em tempos passados e que é por meio desses documentos históricos<br />

que o historiador aprende sobre o passado, produz um conhecimento histórico,<br />

e escreve a História sobre um passado que ele investigou, pois uma fonte<br />

histórica torna­se um documento a partir do momento em que o historiador o<br />

estuda.<br />

Precisou­se retomar constantemente com os alunos, como se dá a<br />

produção do conhecimento; ou seja, como ele é produzido a partir do trabalho<br />

de um pesquisador que tem como objeto de estudo, as ações e as relações<br />

26


humanas praticadas no tempo, bem como os sentidos que os sujeitos lhes<br />

deram, de modo consciente ou não.<br />

Para estudar as ações e relações humanas, o historiador adota um<br />

método de pesquisa de forma que possa problematizar o passado e buscar,<br />

por meio de documentos e perguntas, respostas às suas indagações. A partir<br />

disso, o pesquisador produz uma narrativa histórica cujo desafio é contemplar a<br />

diversidade das experiências políticas, econômicas, sociais e culturais.<br />

Para a produção do conhecimento histórico, é essencial que os alunos<br />

compreendam as diferentes interpretações de um mesmo acontecimento, a<br />

necessidade de ampliar o universo de consultas para entender melhor os<br />

diferentes contextos e a importância do trabalho do historiador e da produção<br />

do conhecimento histórico para a compreensão do passado e as interferências<br />

presentes e futuras.<br />

Neste contexto, o projeto conseguiu realizar com êxito seu objetivo, na<br />

medida em que tornou as aulas de História mais atrativas e conseguiu atrair a<br />

atenção dos alunos, fazendo­os compreender o significado de patrimônio<br />

cultural, memória e História.<br />

CONCLUSÃO<br />

Para que os alunos fossem capazes de elaborar um conceito de História,<br />

memória e patrimônio cultural trabalhou­se durante alguns meses, construindo<br />

um acervo documental, partindo da coleta de materiais diversos, feita pelos<br />

educandos juntamente com a professora. Coletaram­se além de objetos,<br />

também testemunhos da História das famílias de Dois Vizinhos.<br />

A seguir montou­se uma exposição nos moldes de um museu itinerante<br />

aberto à visitação e produziu­se um vídeo que foi disponibilizado como material<br />

didático para que educadores e outras turmas possam trabalhar com o mesmo.<br />

27


Os alunos envolveram­se na pesquisa, bem como em todos os passos do<br />

trabalho. O interesse deles foi visível e percebeu­se que ao construírem este<br />

material sentiram­se realizados.<br />

O trabalho foi fundamentado teoricamente em diversos historiadores o<br />

que possibilitou a construção da relação entre a teoria e a prática.<br />

Portanto, o objetivo do trabalho foi alcançado, proporcionando aos<br />

educandos a apropriação dos conceitos tratados nesse artigo. O envolvimento<br />

dos alunos contribuiu para que eles compreendessem a importância do ensino<br />

da disciplina de História, valorizassem as memórias dos antepassados, bem<br />

como seus objetos e a importância que estes tiveram na vida dessas pessoas,<br />

conseqüentemente, proporcionando às crianças a valorização e o respeito pelo<br />

patrimônio cultural, pela memória e pela História.<br />

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30

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