MÚSICA ERUDITA BRASILEIRA - Departamento Cultural
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1850 insere-se no amplo movimento migratório<br />
verificado no século XIX. Entretanto, os Oswald nunca<br />
pretenderam trabalhar na lavoura, como era o objetivo<br />
da maior parte deste contingente. O pai, Jean-Jacques,<br />
suiço-alemão, possuía um ofício – era comerciante –<br />
e algum capital. Homem empreendedor, depois de um<br />
início difícil no Brasil, quando teve negócios<br />
malogrados e chegou mesmo, por razões ideológicas,<br />
a ser perseguido por membros da oligarquia cafeeira<br />
paulista, acabou prosperando com seu negócio de<br />
pianos na pacata São Paulo dos anos 1850-60. A mãe,<br />
Carlotta Cantagalli, uma italiana com boa formação<br />
intelectual, era uma mulher de fibra que assumiu,<br />
quando foi preciso, as despesas da casa com suas aulas<br />
de piano, francês e italiano.<br />
O retorno da família à Europa, mais<br />
especificamente a Florença, aconteceu em 1868, e teve<br />
como objetivo principal o aprimoramento musical<br />
de Oswald, que se deu junto aos excelentes mestres do<br />
DISCOGRAFIA<br />
Discos Compactos:<br />
CARDOSO, André, MONTEIRO Eduardo. “En Rêve”; “Andante<br />
con Variazioni para piano e orquestra”. In: Leopoldo Miguez e<br />
Henrique Oswald – Orquestra Sinfônica da Escola de Música da<br />
UFRJ., Rio de Janeiro: UFRJ/Música, 2004<br />
DUARTE, Roberto Ricardo. “Elegia”. In: Música Brasileira Vol. I -<br />
Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ.. Rio de Janeiro:<br />
UFRJ, 1991<br />
KLINCK, Paul, MARTINS, José Eduardo. Henrique Oswald.<br />
Music for violin and piano. Ghent: PKP, 1995<br />
GUIMARÃES, Maria Inês. Henrique Oswald. Piano Music. Munique:<br />
Marco Polo, 1995<br />
RUBIO, Quarteto, MARTINS, José Eduardo. Henrique Oswald –<br />
Quarteto para piano e cordas op. 26; Sonata-Fantasia op. 44;<br />
Concerto para piano e orquestra op. 10. São Paulo: Revista<br />
Concerto, Série Música de Concerto / USP / De Rode Pomp,<br />
2002<br />
Discos de vinil:<br />
DEL CLARO, Antônio, MARTINS, José Eduardo. Henrique Oswald –<br />
Obras para piano e violoncelo e piano. Rio de Janeiro: Funarte,<br />
1982<br />
FUKUDA, Elisa, DEL CLARO, Antônio, MARTINS, José Eduardo.<br />
Henrique Oswald – Trio em sol menor op. 9, Sonata em Mi maior<br />
op. 36. Rio de Janeiro: Funarte, 1988<br />
SILVA, Honorina. Documentos da Música Brasileira Vol. 11 - Honorina<br />
Silva interpreta Henrique Oswald. Rio de Janeiro: Funarte /<br />
Promemus, 1979<br />
Regio Istituto Musicale di Firenze, destacando-se Giuseppe<br />
Buonamici e Reginaldo Grazzini.<br />
Na Itália, Oswald casou-se com Laudomia<br />
Gasperini, teve quatro filhos e por 35 anos atuou como<br />
pianista, professor e compositor de prestígio no meio<br />
musical florentino. Mas os vínculos com a pátria jamais<br />
foram desfeitos. A partir de 1879 foi bolsista do<br />
Imperador D. Pedro II; entre 1896 e 1900 veio quatro<br />
vezes ao Brasil para realizar concertos, obtendo grande<br />
projeção; e finalmente ocupou o cargo de Chanceler<br />
no Consulado Brasileiro no Havre por um curto espaço<br />
de tempo entre 1900 e 1901.<br />
1902 é o ano que marca a grande reviravolta<br />
em sua vida. Contando 50 anos de idade, obtém<br />
o primeiro lugar em um concurso de composição<br />
organizado pelo jornal Le Figaro de Paris. No júri,<br />
ninguém menos que os ilustres compositores Gabriel<br />
Fauré e Camille Saint-Saëns, além do grande pianista<br />
Louis Diémer. Cabe a ressalva que os segundo<br />
e terceiro lugares foram atribuídos aos hoje renomados<br />
Alfredo Casella e Florent Schmitt. Essa premiação abre<br />
uma possibilidade de penetração na vida musical<br />
parisiense, a grande vitrine da época. Por outro lado,<br />
esta vitória também projeta fortemente o nome do<br />
compositor em terras brasileiras. Em conseqüência,<br />
no ano seguinte, Oswald é convidado para ser diretor<br />
do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro,<br />
a instituição musical de maior prestígio da República.<br />
O convite era irresistível e Oswald acaba por aceitá-lo.<br />
No entanto, o compositor foi hostilizado como um<br />
“estrangeiro” na direção da Instituição, cargo político<br />
para o qual não possuía nenhuma vocação. A demissão<br />
é finalmente aceita após 3 longos e sofridos anos.<br />
Entre 1906 e 1911, Oswald passa por um momento<br />
de crise e indecisão, envolvendo seu retorno à Europa,<br />
onde deveria tudo recomeçar, ou sua permanência no<br />
Brasil, onde ainda havia muito por se fazer. Mas, por<br />
fim, sua nomeação para a cátedra de piano no Instituto<br />
e a vinda de toda a família em 1911 deixam claro que<br />
a opção pelo Brasil era irreversível.<br />
Em seus últimos 20 anos no Rio de Janeiro,<br />
Oswald goza de grande reputação e prestígio como<br />
compositor e professor de piano. Sua morte, aos 79<br />
anos de idade, se dá em meio a homenagens e pleno