“<strong>de</strong>senho”, que ocupasse outros espaços, que pu<strong>de</strong>sse, inclusive, correr, movimentar-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le e não apenas nos espaços <strong>de</strong>lineados pela linguagem das artes plásticas/visuais. No seu memorial, Memórias recentes <strong>de</strong> um velho doido por <strong>de</strong>senho, escrito em 1981, o artista <strong>de</strong>põe sobre a linguagem do <strong>de</strong>senho, dizendo: “o estudo do espaço, por sua importância, ocupava um tópico especial, on<strong>de</strong> todo esforço era pouco para se obter o entendimento <strong>de</strong> que, antes <strong>de</strong> ser um vazio inerte era, ao contrário, um fator expressivo <strong>de</strong> relevância. Começamos por admitir que o espaço age sobre a forma e esta sobre ele” (APOCALYPSE, 1981, p. 60). O espaço foi uma trilha na poética <strong>de</strong> Álvaro, “Além do aprimoramento na concepção e construção dos bonecos, conseqüência do estágio na França, investimos um tempo consi<strong>de</strong>rável no estudo do espaço, conseguindo, por fim, romper a tradicional estrutura [...] criando um outro espaço, este, digamos, mais ‘mental’” (APOCALYPSE, 1981, p. 76). Isto <strong>de</strong>monstra que Álvaro também rompeu com a tenda, embora este espaço transcenda a percepção física. O conflito com o espaço o perseguiu no teatro <strong>de</strong> animação, <strong>de</strong>monstrando a relação <strong>entre</strong> as artes plásticas/visuais e o teatro <strong>de</strong> animação. Quando se conta um pouco a história <strong>de</strong> um “Gepeto”, vamos rubricando a história do teatro <strong>de</strong> animação e <strong>de</strong> alguns Gepetos..., só aqui, além <strong>de</strong> Álvaro, Madu, Tereza, Marcos Malafaia e Beatriz Apocalypse, temos pontos intermitentes. Entre o teatro <strong>de</strong> animação e as artes plásticas/visuais, existem pontos <strong>de</strong> contatos visíveis e invisíveis, bem como, pontos <strong>de</strong> divergência, que vem ao encontro <strong>de</strong> suas especificida<strong>de</strong>s. No <strong>de</strong>correr da pesquisa surgiram muitas perguntas, talvez, influenciado pela leitura <strong>de</strong> Nestor Garcia Canclini e pela arte contemporânea. Mas minhas perguntas são apenas perguntas, não apenas minhas, mas sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta, pois a resposta é individual. Não seria esta também uma característica da arte contemporânea? Será que não é inerente ao teatro <strong>de</strong> animação faces múltiplas? Perguntas medrosas? E afirmações corajosas? O termo e conceito híbrido é o mais usado e o mais dúctil, pois dá conta <strong>de</strong> perceber mescla, mistura e dizer que gera uma nova forma, mas não diz que forma é essa, pois as características ora oscilam, ora se sobrepõem e ora se subvertem 148
<strong>entre</strong> si. Antropofagia, hibridismo e polifonia são conceitos ambíguos e mutáveis como o pensamento contemporâneo. Se Gordon Craig estivesse vivendo o avanço tecnológico, talvez relacionasse o corpo do ator a corpos robóticos, “ciborgues”, em vez <strong>de</strong> relacioná-lo à marionete. Álvaro, se estivesse também assistindo o barateamento dos avanços tecnológicos, talvez estivesse fazendo o que hoje o Giramundo faz, usando meios como o ví<strong>de</strong>o, cinema <strong>de</strong> animação e linguagens afins, ou seja, imbricando linguagens e gerando novas formas. Numa noite fantástica, sonhando acordado, Álvaro resolveu tirar seus quadros da inércia, da pare<strong>de</strong> fria. E assim fez sua mala e foi para o teatro <strong>de</strong> animação. E <strong>de</strong>scobriu que o teatro <strong>de</strong> animação GIRA-MUNDOS. 149
- Page 1 and 2:
FÁBIO HENRIQUE NUNES MEDEIROS FRON
- Page 3 and 4:
FÁBIO HENRIQUE NUNES MEDEIROS FRON
- Page 5 and 6:
RESUMO Partindo da premissa que o t
- Page 7 and 8:
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - M
- Page 9 and 10:
SUMÁRIO INTRODUÇÃO..............
- Page 11 and 12:
INTRODUÇÃO 11 “Em arte é difí
- Page 13 and 14:
Atualmente, acho que algumas pergun
- Page 15 and 16:
Sendo assim, faz-se necessário alg
- Page 17 and 18:
contemporânea; Discute-se o cruzam
- Page 19 and 20:
1.1 - ANTECEDENTES: ENGATINHANDO NO
- Page 21 and 22:
segundo palavras do próprio Álvar
- Page 23 and 24:
alguns pintores e aponta justamente
- Page 25 and 26:
uma montagem teatral propriamente d
- Page 27 and 28:
oneco: Álvaro cria o desenho e as
- Page 29 and 30:
gênero. “A música foi do Lindem
- Page 31 and 32:
A experiência foi de grande aprend
- Page 33 and 34:
A concepção da montagem de Antolo
- Page 35 and 36:
personagens mais conhecidos como Em
- Page 37 and 38:
econstruída por cada espectador na
- Page 39 and 40:
É importante distinguir que a ling
- Page 41 and 42:
O teatro de bonecos no Brasil, nos
- Page 43 and 44:
grande paixão por esse espetáculo
- Page 45 and 46:
contas de água, luz e telefone / R
- Page 47 and 48:
com voz gravada por atores profissi
- Page 49 and 50:
Conforme Bakhtin (2002b, p. 86), A
- Page 51 and 52:
o âmago das representações simb
- Page 53 and 54:
Período Barroco que a polifonia te
- Page 55 and 56:
Desamarrados do cinturão do paradi
- Page 57 and 58:
espetáculo ganha as característic
- Page 59 and 60:
As esculturas de Michelangelo, expo
- Page 61 and 62:
L’Oeuvre. Repropuseram “uma id
- Page 63 and 64:
Para Dempsey (2003), o movimento qu
- Page 65 and 66:
Simplificando, podemos dizer que pa
- Page 67 and 68:
epresenta Giz 36 . Espetáculo expe
- Page 69 and 70:
frente a uma obra: plástica ou tea
- Page 71 and 72:
próprias pinturas, pelas história
- Page 73 and 74:
Para Álvaro: A nossa proposta é a
- Page 75 and 76:
A etimologia da palavra drama vem d
- Page 77 and 78:
deles, que assumem uma espécie de
- Page 79 and 80:
importante ressaltar que essa anál
- Page 81 and 82:
Os adultos reprimem, balançando a
- Page 83 and 84:
Oitava cena (Ratos no guarda-roupa)
- Page 85 and 86:
O diálogo se constrói com vozes q
- Page 87 and 88:
do mar, gaivota, Davi de Michelange
- Page 89 and 90:
Para Cascudo, um dos maiores observ
- Page 91 and 92:
E assim, brincando de ventríloquo
- Page 93 and 94:
maravilhosamente para descrição d
- Page 95 and 96:
Essa circunstância demonstra o imb
- Page 97 and 98: Mesmo na sombra do texto, os boneco
- Page 99 and 100: Isto demonstra as vozes autorais do
- Page 101 and 102: A crítica do artista, também auto
- Page 103 and 104: Fig. 27, 28 e 29 - Bonecos do espet
- Page 105 and 106: necessariamente, sobretudo, porque
- Page 107 and 108: Imagens do espetáculo Le Journal:
- Page 109 and 110: do story board, desenhos e poema es
- Page 111 and 112: Boerwinckel: 111 las se movimentare
- Page 113 and 114: Alguns dos elementos compositivos b
- Page 115 and 116: 3. CAPÍTULO - TUDO SE HERDA, INCLU
- Page 117 and 118: legado do Álvaro. O desenho que es
- Page 119 and 120: Pinocchio (2003) é a primeira mont
- Page 121 and 122: objetos são deslocados da sua fun
- Page 123 and 124: 123 depois de passar por aquelas av
- Page 125 and 126: de linguagens. A combinação das l
- Page 127 and 128: 3.1.1 - A vida do boneco está na m
- Page 129 and 130: E a isso, soma-se outras caracterí
- Page 131 and 132: ou em uma pintura, e mesmo em um bo
- Page 133 and 134: Entre Picasso, o Cubismo e Álvaro
- Page 135 and 136: Entre desenhos infantis do seu neto
- Page 137 and 138: Fig. 94 e 95 - Cenografia e bonecos
- Page 139 and 140: Entre Barroco, Velásquez e Rembran
- Page 141 and 142: desenho animado e estilos artístic
- Page 143 and 144: fazem a festa. Dito de outra forma
- Page 145 and 146: Uma das crises da arte contemporân
- Page 147: sonhos, suas poesias, em quatro dim
- Page 151 and 152: BAUMAN, Zygmunt. O mal estar da pó
- Page 153 and 154: MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenolog
- Page 155 and 156: APÊNDICE 01 - Cronologia artístic
- Page 157 and 158: Apresenta no V Festival Mondial des
- Page 159 and 160: APÊNDICE 02 Entrevista com Weracy
- Page 161 and 162: apresentava no final, ou seja, era
- Page 163 and 164: exemplo, nós fizemos a primeira e
- Page 165 and 166: Weracy - É, lógico, eu acho que s
- Page 167 and 168: Weracy - Em Cherleville, a gente es
- Page 169 and 170: APÊNDICE 03 Entrevista com Marcos
- Page 171 and 172: adicalização dentro de um diapas
- Page 173 and 174: uso dos elementos de um modo não c
- Page 175 and 176: ponto de vista técnico. Entendemos
- Page 177 and 178: diferente. A questão de que o bone
- Page 179 and 180: esse tipo de simulação da relaç
- Page 181 and 182: APÊNDICE 04 Entrevista com Madu, c
- Page 183 and 184: infantil. Até pode existir uma div
- Page 185 and 186: Madu - Nós começamos como todo mu
- Page 187 and 188: Semana de Arte Moderna. Mas ele era
- Page 189 and 190: nós tivemos coragem de mostrar os
- Page 191 and 192: pagava, não tínhamos como pagar a
- Page 193 and 194: Humberto foi o responsável pela gr