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AFASIA – COMO INTERVIR?

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www.psicologia.com.pt<br />

leitura labial (para os surdos), re-ensino da leitura (para os que se tornaram aléxicos sem agrafia),<br />

escrita (pode ser um modo alternativo à leitura) e leitura letra a letra.<br />

Behrmann, et al. (1990, in Lesser & Milroy, 1993) apresentam um caso clínico em que a<br />

recuperação foi pautada mais pelo aumento da eficiência no processamento das letras, do que<br />

pela recuperação da automatização do acesso à semântica. Por seu turno, Beauvois e Derouesné<br />

(1982 in Lesser & Milroy, 1993) descreveram um processo de substituição cognitiva baseado no<br />

ensino de um código gestual distinto das formas das letras que, posteriormente, foi associado aos<br />

nomes visuais das letras.<br />

Outra estratégia que é referida é o ensino de estratégias mnemónicas para auxiliar a recordar<br />

palavras e listas de frases. Os computadores também têm vindo a ser um parceiro muito<br />

importante no que concerne a estas estratégias terapêuticas.<br />

3.2. Aplicação da psicolinguística<br />

Segundo Lesser e Milroy a “(…) psicolinguística preocupa-se com a linguagem como um<br />

processo mental (…)” enquanto que a pragmática inquieta-se “(…) com o uso e interpretação de<br />

frases específicas pelos emissores e receptores em contextos situacionais particulares.” (1993,<br />

p.29). Estes autores referem que a sua aplicação à afasiologia não é totalmente dissociada, pelo<br />

que o estudo da afasia beneficiaria de uma abordagem conjunta destes aspectos. Particularmente<br />

destacam o facto das abordagens observacionais e naturalistas das estruturas da conversação<br />

contrastarem com os vários procedimentos (como o controlo de variáveis, codificação e<br />

quantificação) que caracterizam a psicolinguística.<br />

Na década de 1980, já haveria uma prática bem estabelecida na pesquisa da afasia usando<br />

modelos psicolinguísticos para interpretar os efeitos das lesões cerebrais na linguagem. Para tal<br />

recorreu-se à performance linguística de indivíduos afásicos para testar esses modelos. O<br />

cruzamento entre os modelos psicolinguísticos funcionais e os défices de linguagem contribuíram<br />

significativamente para o conhecimento e compreensão dos componentes cognitivos do sistema<br />

de linguagem (Martin, Laine & Harley, 2002).<br />

As abordagens linguísticas no tratamento da afasia partem da premissa que os problemas do<br />

indivíduo são meramente do domínio da linguagem, algo que foi bastante contestado por alguns<br />

afasiologistas que defenderam que a linguagem não podia ser isolada de outros aspectos<br />

cognitivos (Helm-Estabrooks, 1998). Assim, os indivíduos com perturbação das capacidades<br />

Pedro Miguel Lopes de Sousa 21

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