12.04.2013 Views

Umberto Eco e O Nome da Rosa - Portal da História do Ceará

Umberto Eco e O Nome da Rosa - Portal da História do Ceará

Umberto Eco e O Nome da Rosa - Portal da História do Ceará

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

cronista <strong>da</strong> época. ( ... ). Cotnecei a ler ou reler os cronistas medievais,<br />

para adquirir seu rittno e sua candura. Eles falariam por mim e eu<br />

ficava livre de suspeitas ... , tnas não <strong>do</strong>s ecos <strong>da</strong> intertextuali<strong>da</strong>de.<br />

Redescobri a.rsi111 aq11ilo que os escritores sen;pre souberan1 (e tantas vezes disseram).·<br />

os livros falan1 sempre de oz1tros livros e to<strong>da</strong> história conta uma<br />

história já conta<strong>da</strong>. Isso ;a sabia Homero, já sabia Ariosto, para não falar<br />

de Rahelai.r ou de Cervantes. l)or essa razão, minha história só podia começar com<br />

o 1nant1.rcrito encontra<strong>do</strong>, e essa seria 11111a citação (naturalmente).)><br />

J\ essa altura, diz <strong>Eco</strong>, livre de qualquer temor, parou de escrever<br />

por un1 ano, porque descobriu outra coisa que já sabia, mas que<br />

cotnpreendeu tnelhor ao trabalhar: ((Descobri então que um romance, em<br />

pnl11eira instância, não tem_ na<strong>da</strong> a ver com as palavras. Escrever um romance<br />

é um fa to cosmológico, con1o o que é conta<strong>do</strong> pelo Génese ... Enten<strong>do</strong> que<br />

para contar é necessário primeiro construir um mun<strong>do</strong>, o mais mobilia<strong>do</strong><br />

possível, até o últitno pormenor. ( ... ). O problema é construir o mun<strong>do</strong>,<br />

as palavras virão quase por si sós. Rem Iene, verba seqttentur. Ao contrário,<br />

suponho, <strong>do</strong> que ocorre em poesia ... ( ... ) Do meu mun<strong>do</strong> fazia parte<br />

tatnbétn a <strong>História</strong>, razão por que li e reli tantas crônicas medievais, e<br />

len<strong>do</strong>-as dei-me conta de que deveriam entrar no romance outras coisas<br />

que, de início, netn sequer me tinham aflora<strong>do</strong> à imaginação, como as<br />

lutas pela pobreza ou a Inquisição contra os fraticelli. ( ... ). Mas por que<br />

tu<strong>do</strong> se passa em fins de novembro de 1327? Porque em dezembro<br />

Michele de Cesena já está em Avignon (eis ai o que significa n1obiliar um<br />

n1un<strong>do</strong> n"''' roJJJance histón'co: alguns elementos ... dependem <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real, que,<br />

por .acaJo) 11esse tipo de romance, coincide com o ntttn<strong>do</strong> possível <strong>da</strong> narração) ... E<br />

o JJJun<strong>do</strong> con.rtruí<strong>do</strong> que dirá como a histón'a det'e avançar depoiS>><br />

Finalmente, <strong>Eco</strong> ain<strong>da</strong> discute vários outros problemas relativos<br />

à estruturação <strong>do</strong> seu livro: ele escolhera um lugar fecha<strong>do</strong> (a .abadia) e<br />

as conversações e as falas deveriam se ajustar ao contexto histórico;<br />

quem fala? - problema <strong>da</strong> narrativa feita em primeira pessoa por Adso,<br />

que conta aos 80 anos aquilo que viu aos 18, mas são os <strong>do</strong>is que<br />

fa laan, visto que há um jogo que consiste etn colocar etn cena<br />

continuamente Adso velho a refletir sobre o que recor<strong>da</strong> ter visto (

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!