12.04.2013 Views

A Rosa do curu

A Rosa do curu

A Rosa do curu

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

•<br />

- - -<br />

- --<br />

PAPI JUNIOR<br />

.,.,.._<br />

A <strong>Rosa</strong> dilatou a vista adelgaçada no núcleo escure­<br />

ci<strong>do</strong> onde aquela sombra se esculpia nos relevos de uma<br />

estatuária muito amada, simplesmente porque aquefla<br />

voz ll1e era de sobra conhecida,) e entrara-lhe p·ara a alma<br />

co1n to <strong>do</strong>s os lances mortificantes de uma recordação<br />

atroz, indesviável, naquele momento, sobretu<strong>do</strong>, em que,<br />

ao re<strong>do</strong>r dela, caíam como as fôlhas de uma árvore resse­<br />

quida, tôdas as surprêsas de um mal estar sombrio, pin-<br />

• L. , t .. ll<br />

d · · t r·<br />

lll C!C-Lle nus<br />

-<br />

sen tJlG·Gs 1r ( a,3 esq·u1s1 · as . l·,jn 1m, era o<br />

, ·<br />

Zé-Cl1agas qu e por ali souja atrás da sua tropilha car­<br />

reg-;.c1a c;111 proctlra <strong>do</strong> rancho das Três-c·ruzes, duas lé­<br />

gtias a.baixo desta n1arg·em . E a <strong>Rosa</strong>, de braços cruza­<br />

<strong>do</strong>s, encostada ao tronco tl mid,J de tlm arbusto, com os<br />

cJl1cs fecha<strong>do</strong>s e a.lma fericla por mais esta punctura, o<br />

·vitl Slln1ir-se 11ovame11te embrulha<strong>do</strong> com as trevas, apa­<br />

g·a,d() como o escôrço vago, muito vago, de uma fantasia<br />

riscacla a neg·ro no ambiente azul <strong>do</strong>s seus senti<strong>do</strong>s, o<br />

sonho <strong>do</strong> seu primeiro amor, bran<strong>do</strong> como um armi11.ho,<br />

exalviça<strong>do</strong> nas iiu1ninosidades castas de um afeto são,<br />

in1pulsivo e natural, êsse com que a.s almas se procu­<br />

ram ein vô·os fortes de luz espirituB.J . E, como uma noa<br />

irritante à sua angítstia, ficava-ll1e (linda nos ou;i<strong>do</strong>s o<br />

tili11t.ar d a.quele chocalho impie<strong>do</strong>so} a fremir paliSa,da-<br />

111ente, a se esvair de pouco em pouco con1 vi.brações som­<br />

brias, melancólicas, tais se fôssem as sonoridades con­<br />

frangíveis de uma campa, em noite feia, rompen<strong>do</strong> a<br />

!narcha à frente de um viático que levasse a extrema-un­<br />

4 ão t llffi moriblln<strong>do</strong>_, impenitente .<br />

Com as hesitações <strong>do</strong> João-das-Luzes, o temp·o corria<br />

velozmente . A n.oite começava a espraiar uma claridade<br />

difusa e muito vaga . Pelo alto, un1a ou outra estrêla<br />

medrosamente entreabria a janela misteriosa de seus bri-<br />

I<br />

t ...,<br />

· )

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!