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A Rosa do curu

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PAPI JUNIOR<br />

as moléculas resistentes <strong>do</strong> espaço, o timbre l·ongínquo de<br />

u1n t;lno toca<strong>do</strong> nas alturas, plangente e duvi<strong>do</strong>so, acaste­<br />

laclo talvez na fímbria de uma nuvem, ou saí<strong>do</strong> talvez da<br />

111isteriosa ogiva de uma tôrre .<br />

De potlc,o em pouco·, foi, então, arrastan<strong>do</strong> o ouvi<strong>do</strong><br />

ill'eressa<strong>do</strong> no ·tanger daquelas notas contínuas e vibran­<br />

tes, que cresciam, que cresciam, até se definirem com cla­<br />

reza, caclét ·vez n1ais fortes, cada vez mais lím·pidas, e ouviu,<br />

agora por completo, aparta<strong>do</strong> das inverossin1ilhanças de<br />

um sonho pressuposto, o bater daquele chocallfo conheci­<br />

<strong>do</strong>, inapartável <strong>do</strong> seu coração desventura<strong>do</strong> . Vozes se<br />

cletalharam Logo empós, pragas e acúleos:<br />

- Eh! burro ! . ... Avança, maçarico ! . ..<br />

E ela, de olhos ávi<strong>do</strong>s no escô.rço de uma esp·erança<br />

redentora, atirou-os febrilmente para o la<strong>do</strong> da vereda das<br />

Três-Cruzes. Ergueu para o alto os braços já desfaleci<strong>do</strong>s<br />

e gritou tantas vêzes, quantas lhe permitiam as fôrç.as<br />

csgotrtdas. O é-Cl1aas emergiu; q1.1ase de stlbitJ, e po:-<br />

sa<strong>do</strong> diante da <strong>Rosa</strong>-<strong>do</strong>-Curu, estarreci<strong>do</strong> no asombro,<br />

'\/ergastad() na surprêsa, ouviu-lhe a história breve solu­<br />

: 2 da em três palavras .<br />

- Ampare-me . . . que morro! . . .<br />

E êle amparou-a., quem sabe? com lágrimas nos<br />

olh.s. Envolvetl-a no seu capote amplo de baeta e to­<br />

l11ou-a ao colo aperta.nclo-a de encontro ao coração com<br />

os carinhos <strong>do</strong> amor nêle acrisola<strong>do</strong>, e levou-a consigo,<br />

para casa, como se levasse as arcas desbordantes de um<br />

tesoiro .<br />

•<br />

I<br />

·

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