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Cobras em compota - Ministério da Educação

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42<br />

para a aula de Português, coisa que eu já<br />

havia feito. A minha e <strong>da</strong> Débora, que era<br />

péssima <strong>em</strong> re<strong>da</strong>ção. Acrescentei mais três<br />

colheres de açúcar ao meu Nescau já açucarado.<br />

Ela tirou o copo <strong>da</strong> minha frente.<br />

“Que loucura é essa?”, perguntou.<br />

“Eu é que pergunto. Neurose?”<br />

“Eu vou ligar para a sua mãe agora<br />

mesmo”, disse a psiquiatra.<br />

Os olhos de Débora se encheram de<br />

lágrimas, os meus também. Choramos<br />

juntas. Foi comovente. Aos onze anos de<br />

i<strong>da</strong>de eu tinha o fantástico dom de conseguir<br />

chorar quando b<strong>em</strong> quisesse. Era tão<br />

simples quanto virar uma pirueta.<br />

“Par<strong>em</strong> já com isso!”<br />

Estávamos aos prantos, agarra<strong>da</strong>s uma<br />

à outra. A psiquiatra atrasa<strong>da</strong> não encontrava<br />

a agen<strong>da</strong> com o telefone <strong>da</strong> minha<br />

mãe. Eu sabia de casos de pacientes doidos<br />

que, por fi car<strong>em</strong> esperando na salinha de<br />

recepção por muito t<strong>em</strong>po, começavam a<br />

se sentir rejeitados e zupt – voavam pela<br />

janela.<br />

“Qual o seu telefone?”<br />

Dei o telefone errado, mas por um número<br />

apenas. O seis pelo três. A psiquiatra

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