Cobras em compota - Ministério da Educação
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52<br />
Que não é<br />
lógico;<br />
disparatado;<br />
incoerente.<br />
O pintinho e o analista<br />
Um dos motivos por que não faço terapia<br />
é por saber que lá pelas tantas o analista<br />
vai perguntar:<br />
“Qual é a sua primeira m<strong>em</strong>ória de infância?”<br />
E como estarei pagando os olhos <strong>da</strong> cara,<br />
vou me sentir na obrigação de dizer a ver<strong>da</strong>de.<br />
Mas como é que se diz: “sou eu correndo<br />
atrás de um pinto”, s<strong>em</strong> abrir espaço<br />
para as interpretações mais estapafúrdias?<br />
Era um desses pintinhos amarelos de<br />
feira. Naquela época crianças ganhavam<br />
pintos quando iam à feira com suas mães.<br />
Seu nome era José, e quando busco a mais<br />
r<strong>em</strong>ota <strong>da</strong>s l<strong>em</strong>branças, é esse pinto que<br />
encontro. José correndo pela esca<strong>da</strong> de incêndio,<br />
e eu atrás, chamando por ele. José<br />
some e eu volto para casa s<strong>em</strong> o pinto.<br />
Dito isto, o analista vai tossir e fazer um<br />
barulhinho do tipo:<br />
“A-hã...”<br />
Isto me irritará profun<strong>da</strong>mente e eu começarei<br />
a me explicar melhor, o que apenas<br />
piora a situação.