Lecionário Ortodoxo Comentado Fevereiro de 2011
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Marcos 11:23-26<br />
<strong>Lecionário</strong> <strong>Ortodoxo</strong> – <strong>Fevereiro</strong> <strong>2011</strong><br />
23 Em verda<strong>de</strong> vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e<br />
lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo<br />
que diz, assim lhe será feito. 24 Por isso vos digo que tudo o que pedir<strong>de</strong>s<br />
em oração, cre<strong>de</strong> que o recebereis, e tê-lo-eis. 25 Quando estiver<strong>de</strong>s<br />
orando, perdoai, se ten<strong>de</strong>s alguma coisa contra alguém, para que também<br />
vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas. 26 Mas, se vós<br />
não perdoar<strong>de</strong>s, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as<br />
vossas ofensas.<br />
COMENTÁRIO<br />
A narrativa <strong>de</strong> São Marcos visa transmitir o ensino <strong>de</strong> Cristo sobre o<br />
po<strong>de</strong>r da fé, mediada por um coração puro e justo. Os verda<strong>de</strong>iros<br />
milagres não têm por finalida<strong>de</strong> o exibicionismo, alimentar a vaida<strong>de</strong><br />
e orgulho daquele que ora, fazendo-o santo e po<strong>de</strong>roso aos olhos dos<br />
homens. Para lançar os montes no mar, é preciso antes fazer<br />
naufragar a fortaleza do ego no mar da justiça e da misericórdia. O<br />
<strong>de</strong>mônio tem levantado muitos falsos profetas que operam<br />
abundantemente sinais e prodígios da mentira com o intuito <strong>de</strong> fazer<br />
tropeçar os homens (mas ainda não vimos nenhum <strong>de</strong>les transportar<br />
sequer uma duna, quanto mais uma montanha).<br />
A oração <strong>de</strong> um coração justo para consigo (posto que reconhece seus<br />
pecados) e para com o próximo (pois transmite para o semelhante a<br />
mesma misericórdia com que Deus lhe trata), eleva aquele que ora à<br />
plena comunhão com Deus, o Qual jamais recusará suas petições.<br />
Os santos dão testemunho <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>monstraram tal<br />
dimensão justa da alma. Abraão não levou em conta a avareza <strong>de</strong> Ló,<br />
provendo-lhe socorro quando <strong>de</strong>le precisara em sua escravidão. José<br />
não guardou ressentimento dos seus irmãos assassinos e mercadores.<br />
Moisés não levou em consi<strong>de</strong>ração a afronta dos seus<br />
contemporâneos, preferindo ser anátema com eles do que se salvar<br />
sem eles. Paulo também <strong>de</strong>monstra essa mesma predisposição.<br />
Estêvão, o primeiro mártir da Igreja, suplica a Deus o perdão para seus<br />
algozes e João se recusa usar o seu po<strong>de</strong>r apostólico para <strong>de</strong>struir os<br />
que se lhe opõem. Assim, São Tiago mostra em sua epístola a causa<br />
da oração inoperante: uma alma dobre.<br />
Temos, pois, a nos ro<strong>de</strong>ar uma tão gran<strong>de</strong> nuvem <strong>de</strong> testemunhas que<br />
nos atestam do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus operando em suas almas justas.<br />
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Padre Mateus (Antonio Eça)