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Lecionário Ortodoxo Comentado Fevereiro de 2011

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<strong>Lecionário</strong> <strong>Ortodoxo</strong> – <strong>Fevereiro</strong> <strong>2011</strong><br />

31 Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é<br />

teu; 32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu<br />

irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.<br />

COMENTÁRIO<br />

Esta é uma das parábolas <strong>de</strong> Cristo mais conhecidas, pois o cenário<br />

on<strong>de</strong> ela se <strong>de</strong>senrola é o <strong>de</strong> um ambiente familiar retratando um<br />

drama que quase todas, senão todas as famílias enfrentam: a ruptura<br />

dos filhos adolescentes com o Pai.<br />

A crise do jovem caçula é um ícone dos sentimentos e mentalida<strong>de</strong>s<br />

que governam a humanida<strong>de</strong>: o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> uma autonomia precoce<br />

baseando numa avaliação presunçosa e equivocada <strong>de</strong> si mesma.<br />

Presunçosa, porque à semelhança <strong>de</strong> um adolescente que presume<br />

que a maturida<strong>de</strong> biológica do seu corpo e seu acesso a informação<br />

lhe garante a autonomia, assim também a humanida<strong>de</strong> concebe que<br />

seu avanço científico e tecnológico não lhe permite mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

Deus e <strong>de</strong> leituras teológicas da realida<strong>de</strong>. Equivocada porque, assim<br />

como a adolescência não se apercebe que sua maturida<strong>de</strong> biológica e<br />

capacida<strong>de</strong> mental <strong>de</strong> raciocinar ―logicamente‖ são mediadas por uma<br />

estrutura subjetiva conflituosa e por forças passionais coercitivas,<br />

assim também a humanida<strong>de</strong> ignora sua estrutura ontológica: corpo,<br />

alma e espírito, os quais se encontram fragmentados e incapazes <strong>de</strong><br />

interagir harmonicamente, incapacitando-nos, assim <strong>de</strong> atingirmos<br />

uma “maior ida<strong>de</strong>”.<br />

Este filho caçula, nosso ícone pessoal, ao se apartar do Pai conhece<br />

em primeira estância os prazeres que advém <strong>de</strong>sta ―liberda<strong>de</strong>‖, mas<br />

logo, logo, <strong>de</strong>scobre o quanto são passageiros e passa a provar os<br />

amargos dissabores <strong>de</strong>sta postura <strong>de</strong> vida. Em seu abismo existencial,<br />

um raio <strong>de</strong> luz alcança sua alma e ele avaliando as realida<strong>de</strong>s<br />

presentes e as que vivia na casa do Pai, é levado a tomar uma <strong>de</strong>cisão:<br />

“Levantar-me-ei e irei ter com meu Pai”. Esta luz que brilhou em seu<br />

ser transforma radicalmente a sua alma, levando-o a trilhar a mesma<br />

estrada que liga a casa paterna, mas, agora <strong>de</strong> forma totalmente<br />

inversa. O caminho que outrora vira passar um jovem altivo, cheio <strong>de</strong><br />

perspectivas ilusórias, sentindo-se senhor <strong>de</strong> todo saber, assiste agora<br />

os passos <strong>de</strong> um homem humilhado, <strong>de</strong> olhar e expectativas incertas,<br />

cheio <strong>de</strong> temores, a mendigar a aceitação do Pai em condições<br />

humilhantes. Uma surpresa põe termo a toda esta atmosfera sombria:<br />

o Pai o aguardava <strong>de</strong> braços abertos e lhe <strong>de</strong>volvendo a honra que um<br />

dia tão tolamente <strong>de</strong>sprezara. A história <strong>de</strong>ste jovem é a nossa<br />

história pessoal. Todos nós a ele nos igualamos em sua primeira<br />

<strong>de</strong>cisão: a <strong>de</strong> romper com o Pai, tomar a nossa herança e gerenciá-la<br />

como nos aprouver. Também, assim como ele, experimentamos o<br />

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