Veja um Excerto do Livro - Angelus-Novus
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o f o r m a t o m u l h e r<br />
<strong>do</strong> protagonismo lírico legível na poesia de maria teresa horta (qua<br />
Whitman). em alguns poemas de Minha Senhora de Mim a robustez<br />
afirmativa <strong>do</strong> erotismo triunfante atinge, por via da conjugação entre<br />
o intimismo desinibidamente propaga<strong>do</strong> e a transgressora dimensão<br />
pública (o anti“puritanismo”) incontornavelmente subjacente a este<br />
discurso intimista, <strong>um</strong> fôlego retórico equiparável ao whitmaniano<br />
(por mais que se afaste, a nível estilístico e imagético, <strong>do</strong> exemplo<br />
clássico da escrita whitmaniana em português que se encontra em<br />
álvaro de Campos):<br />
Canto a tua<br />
febre<br />
fechada no meu ventre<br />
canto o teu grito<br />
e canto as tuas veias<br />
Canto o teu gemi<strong>do</strong><br />
teu hálito<br />
teus de<strong>do</strong>s<br />
Canto o teu corpo<br />
amor que me encandeia<br />
(343)<br />
Por sua vez, o sujeito lírico de Minha Senhora de Quê, “relutante em<br />
ass<strong>um</strong>ir a dádiva da propriedade-de-si, oportunamente prometida<br />
por maria teresa horta” (santos, “Prefácio” 10), dickinsonianamente<br />
evade tanto a afirmação <strong>do</strong> protagonismo <strong>do</strong> eu como a revelação<br />
<strong>do</strong>s segre<strong>do</strong>s <strong>do</strong> seu percurso referencial. ainda nas páginas de Mi<br />
nha Senhora de Mim, no magnífico poema intitula<strong>do</strong> precisamente<br />
“segre<strong>do</strong>”, assistimos outra vez à dinâmica de interlocução que se<br />
diria whitmaniana, na medida em que faz confluir o recato discursivo<br />
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