mtb-27-operacoes-de-mergulho - 4SGBM/I
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MOM – MANUAL DE OPERAÇÕES DE MERGULHO<br />
máquinas infernais providas <strong>de</strong> rodas com afiadas machadinhas que funcionavam na<br />
entrada dos portos e arsenais e que mutilavam horrivelmente os aguerridos<br />
mergulhadores. Diz-se também que os guardiões daquelas instalações estavam providos<br />
com largos tri<strong>de</strong>ntes que espetavam os mergulhadores.<br />
Os “urinatores” tiveram sua primeira atuação nas guerras <strong>de</strong> César contra Pompeo,<br />
no porto <strong>de</strong> Orique, no Mar Adriático; segundo narra Don Casius, no ano <strong>de</strong> 49 a.C.,<br />
estando sitiadas as tropas <strong>de</strong> César pela esquadra <strong>de</strong> Pompeo, seus mergulhadores<br />
nadaram submergidos durante a noite até os barcos inimigos; enganchando potentes garfos<br />
e cortando as amarras, os rebocaram sigilosamente até a terra, on<strong>de</strong> foram atacados e<br />
vencidos pela guarnição sitiada. A partir <strong>de</strong>ste momento, suas ações se suce<strong>de</strong>ram uma<br />
atrás da outra, até ao ano 200 <strong>de</strong> nossa era, quando constam as últimas informações <strong>de</strong><br />
suas operações, as quais tiveram lugar durante o cerco <strong>de</strong> Bizancio pelo general Severo.<br />
Com a queda do Império Romano se per<strong>de</strong>, em parte, a continuida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s<br />
subaquáticas, no campo militar, por parte dos famosos “urinatores” e, ainda quando<br />
seguem existindo ao tempo medieval, sua ativida<strong>de</strong> per<strong>de</strong> a condição guerreira, até que se<br />
<strong>de</strong>dicaram a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> barcos afundados, trabalhos em portos e<br />
arsenais, correio entre ilhas, etc., ativida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>ram lugar à aparição dos primeiros<br />
mergulhadores profissionais da história. A respeito dos correios entre ilhas, o jesuíta<br />
Atanasio Kircher (1601/1680) falou em seus escritos da existência <strong>de</strong> certo personagem<br />
que se <strong>de</strong>dicava a passar mensagens <strong>de</strong> um lugar para outro no estreito <strong>de</strong> Mesina, um tal<br />
<strong>de</strong> Nicolao, que todo mundo conhecia como “O Peixe”; menciona façanhas incríveis,<br />
entre elas que percorria até quinze milhas marinhas (1800m cada uma) e que nesses<br />
percursos abordava as naus para facilitar a seus tripulantes informações daquelas costas<br />
marítimas e, em troca, lhe davam comida e bebida. Diz-se, também, que se <strong>de</strong>dicava a<br />
recuperar barcos e objetos afundados e que, uma vez foi solicitado pelo Rei da Sicília para<br />
que recuperasse uma taça <strong>de</strong> ouro que havia caído no mar, em um lugar <strong>de</strong> bastante<br />
profundida<strong>de</strong> e fortes correntes, operação que terminou com êxito. Joviano Pontanus disse<br />
que ele havia abandonado <strong>de</strong> tal forma os costumes dos homens que chegou a per<strong>de</strong>r sua<br />
aparência humana, pois seu rosto era escamoso e horrível. Consta que o poeta alemão<br />
Friedrich Schiller se inspirou na vida <strong>de</strong>ste personagem para compor a sua balada “O<br />
Mergulhador”.<br />
Na época medieval se per<strong>de</strong>u todo interesse pelas coisas do mar, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> as<br />
pessoas somente viam monstros horríveis em suas profundida<strong>de</strong>s, e daquela antiga<br />
Coletânea Manual Técnico <strong>de</strong> Bombeiros 25<br />
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