13.04.2013 Views

Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo ... - Ibpan.com.br

Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo ... - Ibpan.com.br

Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo ... - Ibpan.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Experimentando</strong> <strong>as</strong> Profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong><<strong>br</strong> />

Através da Oração<<strong>br</strong> />

Madame Guyon<<strong>br</strong> />

Reeditado por SusanaCap<<strong>br</strong> />

HTTP://SUSANACAP.PHPBB.INSTANT-FORUM.COM


Editora dos Clássicos, 2002<<strong>br</strong> />

Série: Riquez<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong><<strong>br</strong> />

ISBN: 85-87832-35-2<<strong>br</strong> />

Título do original em inglês:<<strong>br</strong> />

Experiencing the <strong>de</strong>pths of <strong>Jesus</strong> Christ<<strong>br</strong> />

Tradução: Moisés Cavalheiro <strong>de</strong> Moraes<<strong>br</strong> />

Capa: Marcelo da Cruz<<strong>br</strong> />

S u m á r i o :<<strong>br</strong> />

PREFÁCIO À EDIÇÃO EM PORTUGUÊS<<strong>br</strong> />

PREFÁCIO ORIGINAL<<strong>br</strong> />

1. DO LUGAR RASO PARA AS PROFUNDEZAS<<strong>br</strong> />

3. AS PROFUNDEZAS – MESMO PARA OS ILETRADOS<<strong>br</strong> />

4. O SEGUNDO NÍVEL<<strong>br</strong> />

5. PERÍODOS DE SEQUIDÃO<<strong>br</strong> />

6. ABANDONO<<strong>br</strong> />

7. ABANDONO E SOFRIMENTO<<strong>br</strong> />

8. ABANDONO E REVELAÇÃO<<strong>br</strong> />

9. O ABANDONO E A VIDA SANTA<<strong>br</strong> />

10. PORTAS ADENTRO<<strong>br</strong> />

11. EM DIREÇÃO AO CENTRO<<strong>br</strong> />

12. ORAÇÃO CONTÍNUA<<strong>br</strong> />

13. ABUNDÂNCIA<<strong>br</strong> />

14. SILÊNCIO<<strong>br</strong> />

15. UMA NOVA VISÃO DA CONFISSÃO DE PECADOS<<strong>br</strong> />

16. A ESCRITURA<<strong>br</strong> />

17. ORAÇÃO DE PEDIDOS?<<strong>br</strong> />

18. DISTRAÇÕES<<strong>br</strong> />

19. TENTAÇÃO<<strong>br</strong> />

20. CONSUMIDO<<strong>br</strong> />

21. SILÊNCIO – NAS PROFUNDEZAS<<strong>br</strong> />

22. O ESTADO CONSTANTE<<strong>br</strong> />

23. AOS OBREIROS CRISTÃOS<<strong>br</strong> />

24. A REALIZAÇÃO FINAL DO CRISTÃO<<strong>br</strong> />

SOBRE A AUTORA<<strong>br</strong> />

Este e-book foi montado a partir <strong>de</strong> 2 fontes diferentes, o que po<strong>de</strong>rá<<strong>br</strong> />

ser notado claramente durante a leitura:<<strong>br</strong> />

Prefácios, Capítulos 1, 2 e 23: do original da edição <strong>br</strong><strong>as</strong>ileira;<<strong>br</strong> />

Capítulos 3 a 22, 24 e 25: a partir <strong>de</strong> uma tradução resumida que<<strong>br</strong> />

circulou <strong>com</strong> o nome "Um método <strong>de</strong> oração curto e simples".<<strong>br</strong> />

Como este livro está esgotado e não se encontra mais à venda,<<strong>br</strong> />

espero que o leitor possa apreciá-lo, apesar d<strong>as</strong> óbvi<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

SusanaCap


Prefácio à Edição em Português<<strong>br</strong> />

Já há muito tempo a EDITORA DOS CLÁSSICOS buscava em Deus<<strong>br</strong> />

publicar o<strong>br</strong><strong>as</strong> para ajudar os se<strong>de</strong>ntos por <strong>Jesus</strong> a trilharem o caminho da<<strong>br</strong> />

oração. No entanto, nosso encargo é publicar o<strong>br</strong><strong>as</strong> gerad<strong>as</strong> por pesso<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

que andaram <strong>com</strong> Deus, cujo objetivo não era escrever livros, m<strong>as</strong> sim<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>partilhar os segredos que experimentaram <strong>com</strong> Ele através da oração.<<strong>br</strong> />

Quando o foco é ajudar espiritualmente <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> a conhecer e a se<<strong>br</strong> />

relacionar <strong>com</strong> Deus, a doutrina tem pouco proveito se não for<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhada do testemunho da experiência.<<strong>br</strong> />

Por estes motivos, apresentamos aos leitores <strong>de</strong> língua portuguesa<<strong>br</strong> />

esta maravilhosa o<strong>br</strong>a <strong>de</strong> Madame Guyon em sua versão original e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pleta, que tem sido mundialmente reconhecida <strong>com</strong>o um dos maiores<<strong>br</strong> />

clássicos cristãos so<strong>br</strong>e oração.<<strong>br</strong> />

Ela foi conhecida por volta <strong>de</strong> 1685, quando provocou tremenda<<strong>br</strong> />

revolução espiritual na França, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então vem sendo usada por Deus<<strong>br</strong> />

para gerar avivamento em muit<strong>as</strong> partes do mundo.<<strong>br</strong> />

Em minha pequena carreira no Senhor, algum<strong>as</strong> o<strong>br</strong><strong>as</strong> foram usad<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

por Ele <strong>de</strong> forma especial para me ajudar a conhecê-Lo melhor e a Sua<<strong>br</strong> />

Palavra. No entanto, confesso que jamais experimentei algo tão<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>enatural quando, anos atrás, li pela primeira vez este livro.<<strong>br</strong> />

Como uma d<strong>as</strong> responsabilida<strong>de</strong>s que o Senhor tem nos dado<<strong>br</strong> />

ultimamente é produzir alimento saudável para os novos cristãos, esta<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>a é <strong>com</strong>ida essencial para os novos na fé e remédio eficaz para os que já<<strong>br</strong> />

caminham há mais tempo, mesmo para os o<strong>br</strong>eiros, visto que uma d<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

piores doenç<strong>as</strong> dos últimos tempos é a perda da <strong>com</strong>unhão profunda <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Deus através da oração. Como dizia Andrew Murray:<<strong>br</strong> />

“Como a Igreja <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong> e a vida espiritual <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os sofrem da ´doença da raiz´, da negligência <strong>de</strong> uma <strong>com</strong>unhão<<strong>br</strong> />

secreta <strong>com</strong> Deus!”<<strong>br</strong> />

E Madame Guyon ressalta, no capítulo 23, “Aos O<strong>br</strong>eiros”:


“Que tremendo dano os novos cristãos – <strong>de</strong> fato, a maioria dos<<strong>br</strong> />

cristãos – sofrem por causa da perda <strong>de</strong> uma relação espiritual, interior,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

Vocês que estão em autorida<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e crentes novos, um dia darão<<strong>br</strong> />

cont<strong>as</strong> a Deus por aqueles que lhes foram confiados pelo Senhor. Terão<<strong>br</strong> />

que dar cont<strong>as</strong> do fato <strong>de</strong> não terem <strong>de</strong>scoberto para vocês mesmos este<<strong>br</strong> />

tesouro oculto – esta relação interior <strong>com</strong> <strong>Cristo</strong> – e também serão<<strong>br</strong> />

avaliados por não terem dado esse tesouro àqueles que estão sob seu<<strong>br</strong> />

encargo.”<<strong>br</strong> />

Ao Senhor, para quem vivemos e trabalhamos, en<strong>com</strong>endamos esta<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>a <strong>com</strong> a oração <strong>de</strong> que seja usada pelo Espírito Santo para ajudar os<<strong>br</strong> />

santos a experimentarem <strong>as</strong> profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> e a viverem a<<strong>br</strong> />

vida abundante <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

Pelos interesses <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>,<<strong>br</strong> />

Gerson Lima<<strong>br</strong> />

Editor<<strong>br</strong> />

São Paulo, setem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2005.<<strong>br</strong> />

Escrito no final do século XVII<<strong>br</strong> />

Prefácio Original<<strong>br</strong> />

Este pequeno livro, concebido em gran<strong>de</strong> simplicida<strong>de</strong>, não foi<<strong>br</strong> />

escrito para ser publicado. Eu o escrevi para pouc<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>, que<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sejavam amar a Deus <strong>com</strong> todo o seu coração. M<strong>as</strong>, por causa do<<strong>br</strong> />

proveito que tiveram ao ler o manuscrito, muitos pediram uma cópia para<<strong>br</strong> />

si. Por causa <strong>de</strong> tais pedidos este livrinho foi entregue ao prelo.<<strong>br</strong> />

Deixei o livro em sua simplicida<strong>de</strong> original. Não contém qualquer<<strong>br</strong> />

crítica aos ensinos <strong>de</strong> outros que já escreveram a respeito <strong>de</strong> cois<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

espirituais. Pelo contrário, reforça tais ensinos.<<strong>br</strong> />

Agora submeto o livro inteiro ao julgamento dos homens eruditos e<<strong>br</strong> />

experientes, <strong>com</strong> apen<strong>as</strong> um pedido: por favor, não parem na superfície,


m<strong>as</strong> entrem no meu principal propósito ao escrevê-lo. Esse propósito é<<strong>br</strong> />

levar todo o mundo a amar a Deus e servi-Lo <strong>de</strong> um modo mais fácil e<<strong>br</strong> />

mais simples do que qualquer pessoa po<strong>de</strong> imaginá-lo.<<strong>br</strong> />

Tenho escrito este livro, intencionalmente, voltado para aqueles<<strong>br</strong> />

queridos e simples seguidores <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> que não estão qualificados<<strong>br</strong> />

para a pesquisa intensiva, m<strong>as</strong>, todavia, <strong>de</strong>sejam dar-se <strong>com</strong>pletamente a<<strong>br</strong> />

Deus.<<strong>br</strong> />

O leitor que vem a este livro – sem preconceito – encontrará,<<strong>br</strong> />

escondida <strong>de</strong>baixo d<strong>as</strong> mais simples expressões, uma secreta unção. Essa<<strong>br</strong> />

unção o excitará a procurar aquela felicida<strong>de</strong> interior que todos os<<strong>br</strong> />

discípulos do Senhor <strong>de</strong>veriam ter o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> possuir e gozar.<<strong>br</strong> />

Tenho afirmado que a perfeição po<strong>de</strong> ser facilmente adquirida, e<<strong>br</strong> />

isso é verda<strong>de</strong>iro. <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> é a perfeição, e quando O procuramos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós mesmos, Ele é facilmente encontrado.<<strong>br</strong> />

Talvez, porém, você responda: “M<strong>as</strong> o Senhor não disse: ‘Haveis <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

procurar-me, e não me achareis; também aon<strong>de</strong> eu estou, vós não po<strong>de</strong>is<<strong>br</strong> />

ir’”? (Jo 7.34). Ah! M<strong>as</strong> o Senhor, que não po<strong>de</strong> contradizer-Se, também<<strong>br</strong> />

disse a todos: “Buscai e encontrareis” (Mt 7.7).<<strong>br</strong> />

Sim é verda<strong>de</strong>: se você procura o Senhor e, todavia, não quer parar<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> pecar, não O encontrará. Por quê? Porque você O procura em um lugar<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> Ele não está. Por isso está dito:<<strong>br</strong> />

“Morrereis em vossos pecados”.<<strong>br</strong> />

M<strong>as</strong> se você aceitar a tarefa <strong>de</strong> procurar Deus em seu próprio<<strong>br</strong> />

coração, e se sinceramente abandonar seus pecados, <strong>de</strong> modo que possa<<strong>br</strong> />

aproximar-se Dele, você infalivelmente O encontrará.<<strong>br</strong> />

Eu percebo que a perspectiva <strong>de</strong> viver uma “vida <strong>de</strong> pieda<strong>de</strong>” seja<<strong>br</strong> />

perturbadora para a maioria dos cristãos! E a oração seja vista <strong>com</strong>o uma<<strong>br</strong> />

realização muito difícil. Conseqüentemente, muitos crentes ficam<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sencorajados logo no <strong>com</strong>eço, mesmo para dar os primeiros p<strong>as</strong>sos<<strong>br</strong> />

nessa direção. É verda<strong>de</strong> que, se você consi<strong>de</strong>ra a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

nova a<strong>com</strong>etida, isso po<strong>de</strong> seguramente levá-lo ao <strong>de</strong>sespero e fazê-lo<<strong>br</strong> />

relutar em <strong>com</strong>eçar. Por outro lado, o <strong>de</strong>sejável <strong>de</strong> tal aventura – e a idéia<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser facilmente realizada – po<strong>de</strong> fazer <strong>com</strong> que você se<<strong>br</strong> />

arremeta <strong>com</strong> todo o vigor.


Este livro, portanto, ilumina o caminho do <strong>de</strong>sejável, do prazer, d<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

vantagens e do fácil <strong>de</strong>stes dois <strong>as</strong>suntos: a oração e a pieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Oh, se somente por uma vez pudéssemos ser convencidos da<<strong>br</strong> />

bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus para <strong>com</strong> todos os Seus filhos e do Seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

revelar-Se a eles! Não mais buscaríamos realizar nossos próprios <strong>de</strong>sejos<<strong>br</strong> />

egoíst<strong>as</strong>. Não seríamos tão rapidamente <strong>de</strong>sencorajados <strong>de</strong> seguir atrás do<<strong>br</strong> />

que Ele está suspirando por dar-nos.<<strong>br</strong> />

“Aquele que não poupou seu próprio Filho, antes o entregou por<<strong>br</strong> />

nós todos, <strong>com</strong>o não nos dará também <strong>com</strong> ele tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong>?”<<strong>br</strong> />

(Romanos 8.32).<<strong>br</strong> />

Precisamos somente <strong>de</strong> um pouco <strong>de</strong> coragem e perseverança.<<strong>br</strong> />

Realmente, temos o b<strong>as</strong>tante <strong>de</strong> ambos em nossos afazeres terrestres,<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong> não totalmente na única coisa que realmente interessa (Lc 10.42).<<strong>br</strong> />

Alguns <strong>de</strong> vocês po<strong>de</strong>m duvidar <strong>de</strong> que Deus possa realmente ser<<strong>br</strong> />

encontrado facilmente. Se é <strong>as</strong>sim, não apen<strong>as</strong> tomem minha palavra. Ao<<strong>br</strong> />

invés disso, tentem por si mesmos o que estou propondo. Pois estou<<strong>br</strong> />

segura <strong>de</strong> que sua própria experiência o convencerá <strong>de</strong> que essa realida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

é bem maior do que lhe tenho dito.<<strong>br</strong> />

Amado leitor, leia este pequeno livro <strong>com</strong> um espírito sincero e<<strong>br</strong> />

honesto. Leia-o em humilda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mente, sem a inclinação à crítica. Se<<strong>br</strong> />

você o fizer, não frac<strong>as</strong>sará em ter lucro nisso. Escrevi este livro <strong>com</strong> um<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> que você possa dar-se inteiramente a Deus.<<strong>br</strong> />

Por favor, receba este livro <strong>com</strong> o mesmo <strong>de</strong>sejo em seu coração. Ele<<strong>br</strong> />

não tem outro propósito além <strong>de</strong>ste: convidar os simples e os que são<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o crianç<strong>as</strong> a se aproximarem <strong>de</strong> seu Pai… um Pai que se <strong>de</strong>licia em<<strong>br</strong> />

ver a humil<strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> Seus filhos e é entristecido pela <strong>de</strong>sconfiança<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>les.<<strong>br</strong> />

Portanto, <strong>com</strong> um sincero <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> alcançar sua própria salvação,<<strong>br</strong> />

nada procure neste livro a não ser o amor <strong>de</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

Com tal expectativa, você seguramente obterá esse amor.<<strong>br</strong> />

Não estou dizendo que este caminho é melhor do que qualquer<<strong>br</strong> />

outro. Estou <strong>de</strong>clarando, honestamente, por minha própria experiência, e<<strong>br</strong> />

também <strong>de</strong> outros, a alegria encontrada em seguir o Senhor <strong>de</strong>sta maneira.


Há muitos outros <strong>as</strong>suntos que po<strong>de</strong>ríamos abordar, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

significado espiritual, m<strong>as</strong> foram omitidos porque não se relacionam ao<<strong>br</strong> />

nosso pensamento principal: experiência <strong>com</strong> o Senhor <strong>Jesus</strong>.<<strong>br</strong> />

Sem dúvida, nada se achará aqui que venha a ofen<strong>de</strong>r se o livro for<<strong>br</strong> />

lido apen<strong>as</strong> no mesmo espírito em que foi escrito.<<strong>br</strong> />

Mais ainda, aqueles que honestamente provarem este meio,<<strong>br</strong> />

seguramente acharão que escrevi a verda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

“Oh, Senhor <strong>Jesus</strong>, és Tu somente Quem am<strong>as</strong> o simples e o inocente.<<strong>br</strong> />

É Teu ‘prazer morar <strong>com</strong> os filhos dos homens’ (Pv 8.31), <strong>com</strong> aqueles que<<strong>br</strong> />

estão dispostos a se tornarem ‘<strong>com</strong>o crianç<strong>as</strong>’ (Mt 18.3). Tu és o Único que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> fazer <strong>com</strong> que este pequeno livro seja <strong>de</strong> algum valor. Amado<<strong>br</strong> />

Senhor, escreve-o no coração daqueles que o lerem e leva-os a Te<<strong>br</strong> />

procurarem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>les mesmos. É lá que Tu repous<strong>as</strong>, <strong>com</strong>o na<<strong>br</strong> />

manjedoura, esperando receber <strong>as</strong> prov<strong>as</strong> <strong>de</strong> amor <strong>de</strong>les e dar-lhes, em<<strong>br</strong> />

troca, testemunho <strong>de</strong> Teu amor. Oh! É verda<strong>de</strong> que a falha é <strong>de</strong>les, por não<<strong>br</strong> />

experimentarem tudo que estás tão <strong>de</strong>sejoso <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r. E, contudo, oh,<<strong>br</strong> />

Filho Todo-po<strong>de</strong>roso, Amor não-criado, Palavra Silenciosa e<<strong>br</strong> />

Onia<strong>br</strong>angente, está em Tu<strong>as</strong> mãos fazer-Te amado, <strong>de</strong>sfrutado e<<strong>br</strong> />

entendido. Po<strong>de</strong>s fazê-lo, e sei que Tu o farás neste pequeno livro, pois ele<<strong>br</strong> />

Te pertence inteiramente. Saiu <strong>com</strong>pletamente <strong>de</strong> Ti; e ele aponta somente<<strong>br</strong> />

para Ti!”<<strong>br</strong> />

Jeanne Guyon<<strong>br</strong> />

Grenoble, França<<strong>br</strong> />

Cerca <strong>de</strong> 1685<<strong>br</strong> />

1. Do Lugar R<strong>as</strong>o para <strong>as</strong> Profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

Enquanto você lê este livro, po<strong>de</strong> sentir que simplesmente não é<<strong>br</strong> />

uma daquel<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> capazes <strong>de</strong> uma profunda experiência <strong>com</strong> <strong>Jesus</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Cristo</strong>. A maioria dos cristãos não percebe que é chamada para uma<<strong>br</strong> />

relação mais profunda, interior, <strong>com</strong> o seu Senhor. M<strong>as</strong> todos nós fomos<<strong>br</strong> />

chamados às profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>, tão certo <strong>com</strong>o fomos chamados para<<strong>br</strong> />

a salvação.


Que quero dizer quando falo <strong>de</strong>sta profunda e interior relação <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Cristo</strong> <strong>Jesus</strong>? De fato, é algo muito simples. É apen<strong>as</strong> voltar-se e ren<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

seu coração ao Senhor. É a expressão <strong>de</strong> amor por Ele, <strong>de</strong>ntro do seu<<strong>br</strong> />

coração.<<strong>br</strong> />

Você há <strong>de</strong> estar lem<strong>br</strong>ado <strong>de</strong> que Paulo nos encoraja a “orar sem<<strong>br</strong> />

cessar’ (1 Ts 5.17). O Senhor também nos convida a “vigiar e orar” (Mc<<strong>br</strong> />

13.33, 37). É claro, por estes dois versículos, bem <strong>com</strong>o por muitos outros,<<strong>br</strong> />

que todos nós vivemos <strong>de</strong>sta espécie <strong>de</strong> experiência, esta oração, <strong>as</strong>sim<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o vivemos pelo amor.<<strong>br</strong> />

Certa vez, o Senhor disse: “Aconselho-te que <strong>de</strong> mim <strong>com</strong>pres ouro<<strong>br</strong> />

refinado pelo fogo para te enriqueceres” (Ap 3.18).<<strong>br</strong> />

Querido leitor, há ouro disponível para você. Este ouro é muito mais<<strong>br</strong> />

facilmente obtido do que você jamais po<strong>de</strong>ria imaginar.<<strong>br</strong> />

Esta à sua disposição. O propósito <strong>de</strong>ste livro é lançar você nesta<<strong>br</strong> />

exploração e nesta <strong>de</strong>scoberta.<<strong>br</strong> />

Faço-lhe um convite: se você tem se<strong>de</strong>, venha às águ<strong>as</strong> viv<strong>as</strong>. Não<<strong>br</strong> />

g<strong>as</strong>te seu precioso tempo cavando poços que não têm águ<strong>as</strong> (Jo 7.37; Jr<<strong>br</strong> />

2.13).<<strong>br</strong> />

Se você está faminto e nada po<strong>de</strong> achar para satisfazer a sua fome,<<strong>br</strong> />

então venha. Venha e ficará satisfeito.<<strong>br</strong> />

Você que é po<strong>br</strong>e, venha! Você que está aflito, venha!<<strong>br</strong> />

Você que está abatido <strong>com</strong> seu fardo <strong>de</strong> miséria e <strong>de</strong> dor, venha!<<strong>br</strong> />

Você será confortado!<<strong>br</strong> />

Você que está enfermo e precisa <strong>de</strong> um médico, venha! Não hesite<<strong>br</strong> />

por causa d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> enfermida<strong>de</strong>s. Venha ao seu Senhor e mostre-Lhe<<strong>br</strong> />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> doenç<strong>as</strong>, e el<strong>as</strong> serão curad<strong>as</strong>!<<strong>br</strong> />

Querido filho <strong>de</strong> Deus, seu Pai tem Seus <strong>br</strong>aços <strong>de</strong> amor, largamente,<<strong>br</strong> />

abertos para você. Atire-se em Seus <strong>br</strong>aços. Você que tem andado errante<<strong>br</strong> />

e <strong>de</strong>sgarrado <strong>com</strong>o uma ovelha, volte-se ao seu P<strong>as</strong>tor. Vocês que andam<<strong>br</strong> />

em pecado, venham ao seu Salvador.<<strong>br</strong> />

Dirijo-me, especialmente, àqueles que são muito simples e incultos,<<strong>br</strong> />

mesmo a você que não po<strong>de</strong> ler e escrever. Você po<strong>de</strong> pensar que é a<<strong>br</strong> />

pessoa mais incapaz para esta experiência permanente <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>, para esta<<strong>br</strong> />

oração <strong>de</strong> simplicida<strong>de</strong>.


Você po<strong>de</strong> pensar <strong>de</strong> si mesmo <strong>com</strong>o o mais distante <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

profunda experiência <strong>com</strong> o Senhor; m<strong>as</strong>, <strong>de</strong> fato, o Senhor tem escolhido<<strong>br</strong> />

especialmente você! Você é o mais ajustado para conhecê-Lo bem.<<strong>br</strong> />

Que ninguém se sinta <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> fora. <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> chama a todos.<<strong>br</strong> />

Oh, suponho que há um grupo que é <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> fora!<<strong>br</strong> />

Não venha, se você não tem um coração. Veja: antes <strong>de</strong> vir, há uma<<strong>br</strong> />

coisa que você precisa fazer. Primeiro, precisa dar seu coração ao Senhor.<<strong>br</strong> />

“M<strong>as</strong> não sei <strong>com</strong>o dar meu coração ao Senhor!”<<strong>br</strong> />

Bem, neste livrinho você apren<strong>de</strong>rá o que significa dar seu coração<<strong>br</strong> />

ao Senhor, e <strong>com</strong>o fazer esta dádiva a Ele. Deixe-me perguntar-lhe, então:<<strong>br</strong> />

você <strong>de</strong>seja conhecer o Senhor <strong>de</strong> uma maneira profunda? Deus fez que<<strong>br</strong> />

tal experiência, tal caminhar, seja possível para você. Fez <strong>com</strong> que isso<<strong>br</strong> />

fosse possível, através da graça que tem dado a todos os Seus filhos<<strong>br</strong> />

remidos. Ele o fez por meio <strong>de</strong> Seu Santo Espírito.<<strong>br</strong> />

Como, então, você irá ao Senhor para conhecê-Lo <strong>de</strong> um modo<<strong>br</strong> />

profundo? A oração é a chave. M<strong>as</strong> tenho em mente certo tipo <strong>de</strong> oração.<<strong>br</strong> />

É um tipo <strong>de</strong> oração que é muito simples e, contudo, <strong>as</strong>segura a chave<<strong>br</strong> />

para a perfeição e para a bonda<strong>de</strong> – cois<strong>as</strong> que são achad<strong>as</strong> somente em<<strong>br</strong> />

Deus mesmo. O tipo <strong>de</strong> oração que tenho em mente libertará você da<<strong>br</strong> />

escravidão <strong>de</strong> todo o pecado. É uma oração que o libertará para cada<<strong>br</strong> />

virtu<strong>de</strong> da pieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Você vê: o único caminho para ser perfeito e andar na presença <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Deus. O único modo pelo qual você po<strong>de</strong> viver na Sua presença, em<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unhão ininterrupta, é por meio da oração, m<strong>as</strong> um tipo muito especial<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> oração. É uma oração que o leva à presença <strong>de</strong> Deus e o conserva aí por<<strong>br</strong> />

todo o tempo; é uma oração que po<strong>de</strong> ser experimentada sob qualquer<<strong>br</strong> />

condição, em qualquer lugar, a qualquer tempo.<<strong>br</strong> />

Há mesmo tal tipo <strong>de</strong> oração? Existe realmente tal experiência <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Cristo</strong>? Sim, há tal oração! É uma oração que não interfere n<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

exteriores <strong>de</strong> sua rotina diária, que po<strong>de</strong> ser praticada por reis, sacerdotes,<<strong>br</strong> />

soldados, operários, crianç<strong>as</strong>, mulheres e também pelos enfermos.<<strong>br</strong> />

Permita-me apressar-me em dizer que esta espécie <strong>de</strong> oração a que<<strong>br</strong> />

me refiro não é uma oração que vem da mente. É uma oração que <strong>com</strong>eça<<strong>br</strong> />

no coração. Não vem do seu entendimento ou <strong>de</strong> seus pensamentos.<<strong>br</strong> />

Oração oferecida ao Senhor, que sai da sua mente, simplesmente não será


a<strong>de</strong>quada. Por quê? Porque sua mente é muito limitada. A mente po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

dar atenção a somente uma coisa <strong>de</strong> cada vez. A oração que <strong>br</strong>ota do<<strong>br</strong> />

coração não é interrompida pelo pensamento! Vou tão longe, a ponto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

dizer que nada po<strong>de</strong> interromper a oração!<<strong>br</strong> />

É a oração da simplicida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Oh, sim, há uma coisa que a po<strong>de</strong> interromper. Desejos egoíst<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m fazer <strong>com</strong> que esta oração cesse. M<strong>as</strong>, mesmo <strong>as</strong>sim, há<<strong>br</strong> />

encorajamento, pois uma vez que você <strong>com</strong>eça a se alegrar no seu Senhor<<strong>br</strong> />

e a provar a doçura <strong>de</strong> Seu amor, verá que mesmo seus <strong>de</strong>sejos egoíst<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

não terão qualquer po<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />

Você verá que é impossível ter prazer em qualquer outra coisa,<<strong>br</strong> />

exceto Nele!<<strong>br</strong> />

Compreendo que alguns <strong>de</strong> vocês po<strong>de</strong>m sentir que são muito<<strong>br</strong> />

vagarosos, que têm uma <strong>com</strong>preensão po<strong>br</strong>e e que são pouco espirituais.<<strong>br</strong> />

Caro leitor, nada há neste universo que seja mais fácil <strong>de</strong> obter do que o<<strong>br</strong> />

gozo <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong> <strong>Jesus</strong>! Seu Senhor é mais presente a você do que você<<strong>br</strong> />

mesmo! Mais ainda, Seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> dar-Se a você é maior do que seu <strong>de</strong>sejo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>as</strong>segurar-se Dele.<<strong>br</strong> />

Como, então, você <strong>com</strong>eça? Precisa somente <strong>de</strong> uma coisa.<<strong>br</strong> />

Precisa somente saber <strong>com</strong>o procurá-Lo. Quando achar o modo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

buscá-Lo, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>irá que este caminho para Deus é mais natural e mais<<strong>br</strong> />

fácil do que <strong>as</strong>pirar o ar.<<strong>br</strong> />

Por esta oração <strong>de</strong> simplicida<strong>de</strong>, este experimentar <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>,<<strong>br</strong> />

profundamente, você po<strong>de</strong>rá viver pelo próprio Deus, <strong>com</strong> menor<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong> e <strong>com</strong> menos interrupção do que viver pelo ar que respira. Se<<strong>br</strong> />

isto é verda<strong>de</strong>, então pergunto: não será pecado não orar? Sim, seria um<<strong>br</strong> />

pecado. M<strong>as</strong> uma vez que você tenha aprendido <strong>com</strong>o buscar <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong><<strong>br</strong> />

e <strong>com</strong>o <strong>as</strong>segurar-se Dele, você O achará tão facilmente que não mais<<strong>br</strong> />

negligenciará esta relação <strong>com</strong> seu Senhor.<<strong>br</strong> />

Vamos adiante, portanto, e aprendamos esse modo simples <strong>de</strong> orar.


2. Iniciando-se<<strong>br</strong> />

Gostaria <strong>de</strong> dirigir-me a você <strong>com</strong>o se você fosse um iniciante em<<strong>br</strong> />

<strong>Cristo</strong>, procurando conhecê-Lo. Assim fazendo, <strong>de</strong>ixe-me sugerir dois<<strong>br</strong> />

modos <strong>de</strong> você ir ao Senhor. Ao primeiro chamarei <strong>de</strong> “orar a Escritura”;<<strong>br</strong> />

ao segundo chamarei <strong>de</strong> “contemplar o Senhor” ou <strong>de</strong> “esperar em Sua<<strong>br</strong> />

Presença”.<<strong>br</strong> />

“Orar a Escritura” é um modo especial <strong>de</strong> lidar <strong>com</strong> a Escritura;<<strong>br</strong> />

envolve tanto a leitura <strong>com</strong>o a oração. Eis aqui <strong>com</strong>o <strong>com</strong>eçar.<<strong>br</strong> />

A<strong>br</strong>a a Escritura; escolha alguma p<strong>as</strong>sagem que seja simples e<<strong>br</strong> />

suficientemente prática. A seguir, vá ao Senhor, quieto e humil<strong>de</strong>mente.<<strong>br</strong> />

Aí, diante Dele, leia uma pequena parte da p<strong>as</strong>sagem que você escolheu.<<strong>br</strong> />

Seja cuidadoso enquanto lê. Tome o que está lendo <strong>de</strong> modo <strong>com</strong>pleto e<<strong>br</strong> />

gentil. Prove-o e digira-o à medida que lê.<<strong>br</strong> />

No p<strong>as</strong>sado, po<strong>de</strong> ter sido seu hábito <strong>de</strong>, enquanto lia, mover-se<<strong>br</strong> />

rapidamente <strong>de</strong> um versículo para outro, até que lesse toda a p<strong>as</strong>sagem.<<strong>br</strong> />

Talvez estivesse procurando o ponto principal do texto. Ao chegar ao<<strong>br</strong> />

Senhor, porém, por meio <strong>de</strong> “orar a Escritura”, você não lerá <strong>as</strong>sim rápido;<<strong>br</strong> />

fará isso bem <strong>de</strong>vagar. Não se moverá <strong>de</strong> uma p<strong>as</strong>sagem para outra até<<strong>br</strong> />

que tenha sentido o verda<strong>de</strong>iro coração daquilo que está lendo. Po<strong>de</strong>rá<<strong>br</strong> />

então tomar a parte da Escritura que o tocou e transformá-la em oração.<<strong>br</strong> />

Depois <strong>de</strong> ter sentido algo da p<strong>as</strong>sagem, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> saber que a sua<<strong>br</strong> />

essência já foi extraída e que todo o sentido mais profundo <strong>de</strong>la já saiu,<<strong>br</strong> />

então, bem <strong>de</strong>vagar, suavemente, e <strong>de</strong> modo tranqüilo, <strong>com</strong>ece a ler a<<strong>br</strong> />

próxima parte do texto. Você ficará surpreso por ver que seu tempo <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

Senhor terminou, e que terá lido muito pouco, provavelmente não mais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

meia página.<<strong>br</strong> />

“Orar a Escritura” não se julga pelo quanto você lê, m<strong>as</strong> pela<<strong>br</strong> />

maneira que lê.<<strong>br</strong> />

Se você ler rapidamente, isso lhe trará pouco benefício.<<strong>br</strong> />

Você será <strong>com</strong>o uma abelha que apen<strong>as</strong> <strong>de</strong>sliza na superfície <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

flor. Ao invés disso, nesta nova maneira <strong>de</strong> ler, <strong>com</strong> oração, você precisa<<strong>br</strong> />

tornar-se <strong>com</strong>o a abelha que penetra n<strong>as</strong> profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong> da flor,<<strong>br</strong> />

mergulhando muito nela para retirar seu néctar mais profundo.


Naturalmente, há um tipo <strong>de</strong> leitura da Escritura para a erudição e<<strong>br</strong> />

para o estudo – m<strong>as</strong> não agora. O tipo <strong>de</strong> leitura erudita não o ajudará,<<strong>br</strong> />

quando se tratar <strong>de</strong> <strong>as</strong>suntos que são divinos! Para receber qualquer<<strong>br</strong> />

proveito ulterior e profundo da Escritura, você precisa ler <strong>com</strong>o acabei <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>screver. Mergulhe n<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong> d<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> que lê, até<<strong>br</strong> />

que a revelação, <strong>com</strong>o um doce aroma, se <strong>de</strong>rrame so<strong>br</strong>e você.<<strong>br</strong> />

Estou certa <strong>de</strong> que, se você seguir esta linha <strong>de</strong> conduta, pouco a<<strong>br</strong> />

pouco chegará à experiência <strong>de</strong> oração muito rica, que fluirá do seu<<strong>br</strong> />

interior.<<strong>br</strong> />

Vamos agora à segunda espécie <strong>de</strong> oração que mencionei.<<strong>br</strong> />

O segundo tipo <strong>de</strong> oração que <strong>de</strong>signei <strong>com</strong>o “contemplar o Senhor”<<strong>br</strong> />

ou “esperar no Senhor” também faz uso da Escritura, m<strong>as</strong> realmente não<<strong>br</strong> />

se trata <strong>de</strong> um tempo <strong>de</strong> leitura.<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>e-se: dirijo-me a você <strong>com</strong>o se você fosse um novo convertido.<<strong>br</strong> />

Eis aqui seu segundo modo <strong>de</strong> encontrar a <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

E este segundo caminho para <strong>Cristo</strong>, embora você use a Escritura,<<strong>br</strong> />

tem um propósito diferente do outro que chamei <strong>de</strong> “orar a Escritura”.<<strong>br</strong> />

Por isso você <strong>de</strong>ve separar tempo para apen<strong>as</strong> esperar Nele.<<strong>br</strong> />

No “orar a Escritura”, você procura encontrar o Senhor naquilo que<<strong>br</strong> />

está lendo, n<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>. Agora, neste outro caminho o conteúdo<<strong>br</strong> />

da Escritura não é o ponto focal <strong>com</strong>o naquele, cujo propósito é tomar<<strong>br</strong> />

tudo que, na p<strong>as</strong>sagem, revela o Senhor a você. E neste outro caminho?<<strong>br</strong> />

Ao “olhar para o Senhor”, você vai ao Senhor <strong>de</strong> um modo<<strong>br</strong> />

totalmente diferente. Talvez, neste ponto, eu preciso partilhar <strong>com</strong> você a<<strong>br</strong> />

maior dificulda<strong>de</strong> que terá em “esperar no Senhor”.<<strong>br</strong> />

E tem a ver <strong>com</strong> sua mente. A mente tem uma tendência muito forte<<strong>br</strong> />

a af<strong>as</strong>tar-se do Senhor. Portanto, quando você for diante do seu Senhor,<<strong>br</strong> />

para sentar-se em Sua presença, contemplando-O, use a Escritura para<<strong>br</strong> />

aquietar a sua mente.<<strong>br</strong> />

A maneira <strong>de</strong> executar isso é muito simples. Primeiro, leia uma<<strong>br</strong> />

p<strong>as</strong>sagem da Escritura. Uma vez que sinta a presença do Senhor, o<<strong>br</strong> />

conteúdo do que você leu não é o mais importante.<<strong>br</strong> />

A Escritura já serviu a seu propósito; acalmou sua mente; trouxe<<strong>br</strong> />

você para Ele.


Para que você possa ver isso mais claramente, <strong>de</strong>ixe-me <strong>de</strong>screverlhe<<strong>br</strong> />

o modo <strong>com</strong>o você chega ao Senhor pelo simples ato <strong>de</strong> contemplá-Lo<<strong>br</strong> />

e esperá-Lo.<<strong>br</strong> />

Você <strong>com</strong>eça separando tempo para estar <strong>com</strong> o Senhor.<<strong>br</strong> />

Quando for a Ele, vá calmamente. Volte seu coração à presença <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Deus. Como fará isso? Pela fé. Você crê que foi à Sua presença.<<strong>br</strong> />

Depois, enquanto está diante do Senhor, <strong>com</strong>ece a ler alguma parte<<strong>br</strong> />

da Escritura. À medida que lê, faça uma pausa. A pausa <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletamente em calma. Você pára, <strong>de</strong> modo a colocar sua mente,<<strong>br</strong> />

interiormente, em <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

(Você <strong>de</strong>ve sempre lem<strong>br</strong>ar que não está fazendo isso para obter<<strong>br</strong> />

algum entendimento do que está lendo; ao contrário, você está lendo a fim<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> voltar sua mente d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> exteriores para <strong>as</strong> regiões profund<strong>as</strong> <strong>de</strong> seu<<strong>br</strong> />

ser. Não o está fazendo, na realida<strong>de</strong>, para apren<strong>de</strong>r ou para ler, m<strong>as</strong> sim<<strong>br</strong> />

para experimentar a presença <strong>de</strong> seu Senhor.)<<strong>br</strong> />

Enquanto você está diante do Senhor, mantenha seu coração na Sua<<strong>br</strong> />

presença. Como? Isso também é pela fé. Sim, pela fé você po<strong>de</strong> manter seu<<strong>br</strong> />

coração na presença do Senhor. Agora, esperando diante Dele, volte toda<<strong>br</strong> />

sua atenção para seu espírito.<<strong>br</strong> />

Não permita que sua mente vagueie. Se sua mente <strong>com</strong>eçar a<<strong>br</strong> />

p<strong>as</strong>sear, volte sua atenção para <strong>as</strong> partes interiores <strong>de</strong> seu ser.<<strong>br</strong> />

Você ficará livre <strong>de</strong> andar dispersivamente – livre <strong>de</strong> qualquer<<strong>br</strong> />

distração exterior – e será levado para perto <strong>de</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

(O Senhor é encontrado somente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu espírito, no recesso<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> seu ser, no Santo dos Santos; é ai que Ele habita.<<strong>br</strong> />

O Senhor certa vez prometeu que viria morar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> você [Jo<<strong>br</strong> />

14.23]. Prometeu aí encontrar aqueles que O adoram e fazem Sua vonta<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

O Senhor encontrará você no seu espírito.<<strong>br</strong> />

Foi Santo Agostinho quem, certa vez, disse que havia perdido muito<<strong>br</strong> />

tempo, no <strong>com</strong>eço <strong>de</strong> sua experiência cristã, tentando encontrar o Senhor,<<strong>br</strong> />

externamente, ao invés <strong>de</strong> voltar-se para o interior.)<<strong>br</strong> />

Uma vez que seu coração se tenha voltado, interiormente, para o<<strong>br</strong> />

Senhor, você terá uma noção <strong>de</strong> Sua presença. Será capaz <strong>de</strong> notar Sua


presença mais agudamente, porque seus sentidos exteriores se tornaram<<strong>br</strong> />

agora muito calmos e tranqüilos.<<strong>br</strong> />

Sua atenção não está mais em cois<strong>as</strong> exteriores ou nos pensamentos<<strong>br</strong> />

superficiais <strong>de</strong> sua mente; ao invés disso, doce e silenciosamente, sua<<strong>br</strong> />

mente se torna ocupada <strong>com</strong> o que leu e pelo toque <strong>de</strong> Sua presença.<<strong>br</strong> />

Oh, não se trata do que você há <strong>de</strong> pensar so<strong>br</strong>e o que leu, m<strong>as</strong> você<<strong>br</strong> />

se alimentará do que leu. Por causa do amor ao Senhor, você exercitará<<strong>br</strong> />

sua vonta<strong>de</strong> para manter sua mente quieta diante Dele. Quando chegar a<<strong>br</strong> />

este estado, você <strong>de</strong>ve permitir que sua mente repouse. Como <strong>de</strong>screverei<<strong>br</strong> />

o que virá a seguir?<<strong>br</strong> />

Neste estado muito cheio <strong>de</strong> paz, engula o que você já provou. No<<strong>br</strong> />

princípio, isso po<strong>de</strong> parecer difícil, m<strong>as</strong> talvez eu lhe possa mostrar quão<<strong>br</strong> />

simples é. Você não tem, por vezes, gostado do sabor <strong>de</strong> uma <strong>com</strong>ida<<strong>br</strong> />

muito gostosa? M<strong>as</strong> a menos que esteja disposto a engolir a <strong>com</strong>ida, não<<strong>br</strong> />

receberá qualquer nutrição. É a mesma coisa <strong>com</strong> sua alma. Neste estado<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> calma, paz e simplicida<strong>de</strong>, apen<strong>as</strong> tome o que lhe é oferecido <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

nutrição.<<strong>br</strong> />

E quanto às distrações: digamos que sua mente <strong>com</strong>ece a ficar<<strong>br</strong> />

errante. Uma vez que você tenha sido profundamente tocado pelo Espírito<<strong>br</strong> />

do Senhor e se distraia, seja diligente em trazer sua mente errante <strong>de</strong> volta<<strong>br</strong> />

ao Senhor. Este é o modo mais simples do mundo <strong>de</strong> so<strong>br</strong>epujar <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

distrações extern<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

Quando sua mente vagueia, não tente forçá-la a mudar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

pensamento. Veja: se você concentra-se no que está pensando, apen<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

irritará sua mente e instigá-la-á ainda mais. Ao invés disso, retire-se <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

sua mente! Retorne interiormente para a presença do Senhor. Fazendo<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong>sim, você vencerá <strong>as</strong> guerr<strong>as</strong> contra sua mente errante e, todavia, nunca<<strong>br</strong> />

se envolverá diretamente na batalha!<<strong>br</strong> />

Antes <strong>de</strong> encerrarmos este capítulo, gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar mais um ou<<strong>br</strong> />

dois pontos.<<strong>br</strong> />

Vamos falar so<strong>br</strong>e revelação divina. No p<strong>as</strong>sado, seu hábito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

leitura po<strong>de</strong> ter sido o <strong>de</strong> saltar <strong>de</strong> um <strong>as</strong>sunto para outro.<<strong>br</strong> />

M<strong>as</strong> o melhor meio <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r os mistérios que estão ocultos na<<strong>br</strong> />

revelação <strong>de</strong> Deus e gozá-los, <strong>com</strong>pletamente, é <strong>de</strong>ixá-los ser impressos<<strong>br</strong> />

profundamente em seu coração. Como? Você po<strong>de</strong> fazer isso ao


permanecer nessa revelação por tanto tempo quanto lhe dê o senso da<<strong>br</strong> />

presença do Senhor. Não se apresse em ir <strong>de</strong> um pensamento a outro.<<strong>br</strong> />

Permaneça <strong>com</strong> o que o SENHOR lhe tenha revelado; permaneça aí tanto<<strong>br</strong> />

tempo quanto o senso do Senhor também aí estiver.<<strong>br</strong> />

Ao <strong>com</strong>eçar esta nova aventura, você <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>irá, é claro, que é difícil<<strong>br</strong> />

manter sua mente sob controle.<<strong>br</strong> />

Por que é <strong>as</strong>sim? Porque por longos anos <strong>de</strong> hábito sua mente<<strong>br</strong> />

adquiriu a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> errar por toda parte, <strong>com</strong>o lhe agrada; <strong>as</strong>sim, o<<strong>br</strong> />

que falo aqui é algo que serve para disciplinar sua mente.<<strong>br</strong> />

Esteja certo <strong>de</strong> que, à medida que sua alma se acostumar a fixar-se<<strong>br</strong> />

em cois<strong>as</strong> mais interiores, este processo se tornará muito mais fácil.<<strong>br</strong> />

Há du<strong>as</strong> razões pel<strong>as</strong> quais você O encontrará mais facilmente a<<strong>br</strong> />

cada vez que trouxer sua mente sob sujeição ao Senhor. Uma é que a<<strong>br</strong> />

mente, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muita prática, formará novo hábito, o <strong>de</strong> voltar-se<<strong>br</strong> />

profunda- mente para <strong>de</strong>ntro. A segunda é que você tem um gracioso<<strong>br</strong> />

Senhor!<<strong>br</strong> />

O principal <strong>de</strong>sejo do Senhor é revelar-se a você e, a fim <strong>de</strong> fazer isso,<<strong>br</strong> />

Ele lhe dá abundante graça. O Senhor lhe dá a experiência <strong>de</strong> gozar <strong>de</strong> Sua<<strong>br</strong> />

presença. Ele lhe toca, e Seu toque é tão <strong>de</strong>licioso que, mais do que nunca,<<strong>br</strong> />

você é atraído interiormente para Ele.<<strong>br</strong> />

3. As Profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong> – Mesmo Para os Iletrados<<strong>br</strong> />

Aqueles que não po<strong>de</strong>m ler, não estão excluídos da oração. O<<strong>br</strong> />

gran<strong>de</strong> livro que ensina tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, escrito por toda sua extensão, por<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ntro e por fora, é o próprio <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

O método que <strong>de</strong>vem praticar é o seguinte: Em primeiro lugar,<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong>similem esta verda<strong>de</strong> fundamental: "O Reino <strong>de</strong> Deus está no meio <strong>de</strong> vós"<<strong>br</strong> />

(Lc 17.21) e somente ali <strong>de</strong>ve ser procurado.<<strong>br</strong> />

O clero foi encarregado <strong>de</strong> transmitir esta verda<strong>de</strong> aos fiéis, tanto no<<strong>br</strong> />

catecismo <strong>com</strong>o na oração. É bem verda<strong>de</strong> que pregam so<strong>br</strong>e a finalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

da criação do homem, m<strong>as</strong> não fornecem instruções suficientes <strong>de</strong> <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

alcançá-la.


Os fiéis <strong>de</strong>vem ser ensinados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio, por um ato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

profunda adoração e anulação diante <strong>de</strong> Deus: fechem os olhos corporais<<strong>br</strong> />

e a<strong>br</strong>am os da alma; reconheçam interiormente, através <strong>de</strong> uma fé viva, o<<strong>br</strong> />

Deus que habita ali; penetrem na presença Divina, sem permitir que os<<strong>br</strong> />

sentidos se <strong>de</strong>sviem, m<strong>as</strong> mantendo-os submissos o quanto possível.<<strong>br</strong> />

Repitam a oração do Senhor, na língua materna, pon<strong>de</strong>rando so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

os significados d<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> e so<strong>br</strong>e o infinito <strong>de</strong>sejo do Deus interior <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tornar-Se, <strong>de</strong> fato, SEU PAI. Neste estado, <strong>de</strong>rramem su<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

diante Dele e ao pronunciarem a palavra Pai, permaneçam por alguns<<strong>br</strong> />

minutos em silêncio reverenciai, esperando surgir aquele <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> que o<<strong>br</strong> />

Pai celestial seja manifestado.<<strong>br</strong> />

Mais uma vez, o Cristão, num estado <strong>de</strong> frágil criança, endurecida e<<strong>br</strong> />

machucada por repetid<strong>as</strong> falt<strong>as</strong>, sem forç<strong>as</strong> para resistir, ou sem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

purificar a si próprio, <strong>de</strong>ve colocar sua <strong>de</strong>plorável situação diante dos<<strong>br</strong> />

olhos do Pai, em humil<strong>de</strong> vergonha, inserindo algum<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> <strong>de</strong> amor<<strong>br</strong> />

e pesar; mergulhando novamente no silêncio diante Dele. Continuem<<strong>br</strong> />

então a oração do Senhor, implorando a este Rei da Glória para que reine<<strong>br</strong> />

em cada um <strong>de</strong> vocês; abandonem-se em Deus, a fim <strong>de</strong> que Ele possa<<strong>br</strong> />

habitar em vocês e reconhecer seu Direito <strong>de</strong> governar.<<strong>br</strong> />

Se sentirem uma inclinação à paz e ao silêncio, não continuem <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> da oração enquanto perdurar esta sensação; quando ela<<strong>br</strong> />

diminuir continuem <strong>com</strong> a segunda petição: "SEJA FEITA A VOSSA<<strong>br</strong> />

VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU"; permitam <strong>as</strong>sim,<<strong>br</strong> />

humil<strong>de</strong>s suplicantes, que Deus realize em vocês e através <strong>de</strong> vocês a Sua<<strong>br</strong> />

vonta<strong>de</strong>, entreguem os corações e a liberda<strong>de</strong> n<strong>as</strong> mãos <strong>de</strong> Deus, para<<strong>br</strong> />

serem dispostos <strong>com</strong>o Lhe aprouver. Quando <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>irem que a vonta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve ser empregada amorosamente, <strong>de</strong>sejarão amar e implorarão a Deus<<strong>br</strong> />

pelo seu AMOR; tudo isso ocorrerá doce e tranqüilamente; o mesmo se<<strong>br</strong> />

aplica ao resto da oração.<<strong>br</strong> />

Não se so<strong>br</strong>ecarreguem <strong>com</strong> repetições freqüentes <strong>de</strong> fórmul<strong>as</strong> ou<<strong>br</strong> />

orações <strong>de</strong>corad<strong>as</strong>, pois a oração que o Senhor nos ensinou, uma vez<<strong>br</strong> />

realizada <strong>com</strong>o acabo <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver, produzirá frutos abundantes.<<strong>br</strong> />

Em outros momentos, po<strong>de</strong>rão se colocar <strong>com</strong>o ovelh<strong>as</strong> diante <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

seu P<strong>as</strong>tor, buscando o verda<strong>de</strong>iro alimento: "Oh, divino P<strong>as</strong>tor, tu<<strong>br</strong> />

aliment<strong>as</strong> teu rebanho <strong>de</strong> ti mesmo, sendo, <strong>de</strong> fato, o pão diário". Mostrem<<strong>br</strong> />

a Ele <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus familiares: m<strong>as</strong> que tudo seja feito a partir<<strong>br</strong> />

do princípio e da gran<strong>de</strong> visão <strong>de</strong> fé, <strong>de</strong> que Deus está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada


um.Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> imaginações so<strong>br</strong>e Deus não levam a nada; uma fé viva em<<strong>br</strong> />

sua presença, b<strong>as</strong>ta. Pois, não <strong>de</strong>vemos formar nenhuma imagem da<<strong>br</strong> />

Divinda<strong>de</strong>, embora possamos formar uma imagem <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>,<<strong>br</strong> />

observando seu n<strong>as</strong>cimento, crucificação ou algum outro estado ou<<strong>br</strong> />

mistério, fazendo <strong>com</strong> que a alma O busque sempre em seu próprio centro.<<strong>br</strong> />

Em outra oportunida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mos buscá-Lo <strong>com</strong>o a um Terapeuta,<<strong>br</strong> />

apresentando à Sua virtu<strong>de</strong> curadora, tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> doenç<strong>as</strong>, m<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

sempre sem perturbações e <strong>com</strong> paus<strong>as</strong> <strong>de</strong> tempo, a fim <strong>de</strong> que o silêncio<<strong>br</strong> />

seja intercalado <strong>com</strong> a ação e gradualmente estendido; para que nosso<<strong>br</strong> />

próprio esforço seja ouvido, até que pelo contínuo apelo pel<strong>as</strong> operações<<strong>br</strong> />

divin<strong>as</strong>, <strong>com</strong> o tempo, Ele obtenha a <strong>com</strong>pleta <strong>as</strong>cendência, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

explicaremos mais adiante.<<strong>br</strong> />

Quando a presença divina nos é confiada e gradualmente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçamos a apreciar o silêncio e o repouso, este <strong>de</strong>sfrutar experimental da<<strong>br</strong> />

presença <strong>de</strong> Deus introduz a alma no segundo grau da oração, que realizada<<strong>br</strong> />

pelos procedimentos <strong>de</strong>scritos acima, é alcançada tanto por analfabetos,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o por eruditos; algum<strong>as</strong> alm<strong>as</strong> privilegiad<strong>as</strong>, <strong>de</strong> fato, são favorecid<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

por esta presença, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início.<<strong>br</strong> />

4. O Segundo Nível<<strong>br</strong> />

Alguns chamam o segundo nível da oração <strong>de</strong> CONTEMPLAÇÃO, a<<strong>br</strong> />

oração da fé e da quietu<strong>de</strong>; outros o chamam <strong>de</strong> ORAÇÃO DA<<strong>br</strong> />

SIMPLICIDADE. Devo usar aqui esta segunda <strong>de</strong>nominação, por ser mais<<strong>br</strong> />

justa que a primeira, a qual implica num estado mais avançado do que<<strong>br</strong> />

aquele que tratando agora.<<strong>br</strong> />

Quando a alma é exercitada por algum tempo no caminho<<strong>br</strong> />

mencionado, gradualmente <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>e ser capaz <strong>de</strong> abordar a Deus <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

facilida<strong>de</strong>, que o recolhimento é conseguido <strong>com</strong> menos dificulda<strong>de</strong>s e<<strong>br</strong> />

que a oração torna-se fácil, doce e prazerosa; reconhece que este é o<<strong>br</strong> />

verda<strong>de</strong>iro caminho para encontrar a Deus e sente que "teu nome é <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

um óleo escorrendo" (Ct. 1.3). O método <strong>de</strong>ve ser alterado neste momento, e<<strong>br</strong> />

o que aqui <strong>de</strong>screvo <strong>de</strong>ve ser buscado <strong>com</strong> coragem e fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, sem<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ixar se abater pel<strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s do caminho.<<strong>br</strong> />

Primeiro, uma vez que a alma, através da fé se coloque na presença<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Deus e se alinhe diante Dele, <strong>de</strong>ve permanecer <strong>as</strong>sim por alguns


instantes, em respeitoso silêncio. M<strong>as</strong>, se no <strong>com</strong>eço, ao formar o ato <strong>de</strong> fé,<<strong>br</strong> />

sentir uma pequena e agradável sensação da presença Divina, permaneça<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong>sim, sem perturbação, nutrindo esta sensação pelo tempo que pu<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />

Quando ela diminuir, estimule a vonta<strong>de</strong> através <strong>de</strong> algum sentimento<<strong>br</strong> />

carinhoso; c<strong>as</strong>o a doce paz seja restabelecida, que <strong>as</strong>sim permaneça; o fogo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve ser ventilado gentilmente, m<strong>as</strong> uma vez aceso, é preciso diminuir os<<strong>br</strong> />

esforços, ou o extinguiremos <strong>com</strong> a nossa ativida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Re<strong>com</strong>endo que nunca terminem a oração sem permanecer um<<strong>br</strong> />

tempo em respeitoso silêncio. É muito importante para a alma dirigir-se à<<strong>br</strong> />

oração <strong>com</strong> coragem e trazer consigo um amor puro e <strong>de</strong>sinteressado, que<<strong>br</strong> />

não busca nada <strong>de</strong> Deus, senão agradá-Lo e fazer a Sua vonta<strong>de</strong>; pois um<<strong>br</strong> />

servo que me<strong>de</strong> seus esforços apen<strong>as</strong> pela re<strong>com</strong>pensa, não é digno <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

re<strong>com</strong>pensa alguma. Dirija-se à oração, não esperando <strong>de</strong>sfrutar dos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>leites espirituais, m<strong>as</strong> para estar exatamente da forma que agrada a<<strong>br</strong> />

Deus. Isto irá preservar seu espírito tranqüilo tanto na ari<strong>de</strong>z <strong>com</strong>o na<<strong>br</strong> />

consolação, evitando que seu ser seja surpreendido <strong>com</strong> a aparente<<strong>br</strong> />

ausência ou rejeição <strong>de</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

5. Períodos <strong>de</strong> Sequidão<<strong>br</strong> />

Ainda que Deus não tenha outro <strong>de</strong>sejo além <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r-Se à alma<<strong>br</strong> />

amorosa que O busca, Ele freqüentemente Se oculta <strong>de</strong>la, a fim <strong>de</strong> que a<<strong>br</strong> />

alma seja <strong>de</strong>spertada da lentidão e impelida a buscá-Lo <strong>com</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />

amor. M<strong>as</strong> <strong>com</strong> que imensa bonda<strong>de</strong> re<strong>com</strong>pensa a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />

bem-amados! E quão freqüente Su<strong>as</strong> aparentes retirad<strong>as</strong> são sucedid<strong>as</strong> por<<strong>br</strong> />

caríci<strong>as</strong> <strong>de</strong> amor.<<strong>br</strong> />

Nestes momentos, temos a tendência <strong>de</strong> acreditar que ele prova a<<strong>br</strong> />

nossa fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e mostra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior ardor <strong>de</strong> sentimento ao<<strong>br</strong> />

buscá-Lo, através <strong>de</strong> noss<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> forç<strong>as</strong> e ativida<strong>de</strong> e que isso O<<strong>br</strong> />

induzirá a nos revisitar mais rapidamente. Não, querid<strong>as</strong> alm<strong>as</strong>, acreditem,<<strong>br</strong> />

este não é o melhor caminho neste estágio da oração. Espere o retorno do<<strong>br</strong> />

Amado <strong>com</strong> amor paciente, autonegação e humilda<strong>de</strong>; <strong>com</strong> o fôlego<<strong>br</strong> />

renovado <strong>de</strong> um sentimento ar<strong>de</strong>nte, m<strong>as</strong> pacífico e <strong>com</strong> um silêncio<<strong>br</strong> />

repleto <strong>de</strong> veneração.<<strong>br</strong> />

Demonstre <strong>as</strong>sim, que procura somente a Ele e seu júbilo, não os<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>leites egoíst<strong>as</strong> <strong>de</strong> noss<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> sensações ao amá-Lo. É dito:


"Endireita teu coração e sê constante, não te apavores no tempo da adversida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Une-te a ele e não te separes, afim <strong>de</strong> seres exaltado no teu último dia". (Eclo 2<<strong>br</strong> />

2,3).<<strong>br</strong> />

Seja paciente na oração, embora durante todo o período <strong>de</strong> tua vida<<strong>br</strong> />

não tenh<strong>as</strong> outra coisa a fazer que esperar o retorno do Amado num<<strong>br</strong> />

espírito <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong>, abandono, contentamento e resignação. Mais que<<strong>br</strong> />

tudo, em perfeita oração! A vida será intercalada <strong>com</strong> sinais <strong>de</strong> amor<<strong>br</strong> />

pleno! Esta conduta é mais agradável ao coração <strong>de</strong> Deus e irá, acima <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

outr<strong>as</strong>, forçar O seu retorno.<<strong>br</strong> />

6. Abandono<<strong>br</strong> />

Neste ponto, <strong>de</strong>vemos <strong>com</strong>eçar a ABANDONAR e a ENTREGAR toda a<<strong>br</strong> />

nossa existência a Deus, <strong>com</strong> a forte e positiva convicção, que <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

ocorrênci<strong>as</strong> momentâne<strong>as</strong> resultam <strong>de</strong> sua vonta<strong>de</strong> imediata e permissão,<<strong>br</strong> />

e são exatamente o que o nosso estado necessita. Tal convicção nos fará<<strong>br</strong> />

sentir felizes <strong>com</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong>; nos fará consi<strong>de</strong>rar tudo o que acontece,<<strong>br</strong> />

não do ponto <strong>de</strong> vista da criatura, m<strong>as</strong> do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

M<strong>as</strong>, queridos e amados, quem quer que queira se entregar<<strong>br</strong> />

sinceramente a Deus, eu vos imploro a não se retirarem após terem feito a<<strong>br</strong> />

doação; lem<strong>br</strong>em-se: um presente dado não mais está à disposição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

quem o <strong>de</strong>u.<<strong>br</strong> />

O abandono é uma questão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para o progresso;<<strong>br</strong> />

é a chave para a corte interior, <strong>de</strong> modo que aquele que sabe<<strong>br</strong> />

verda<strong>de</strong>iramente se abandonar, rapidamente atinge a perfeição. Devemos,<<strong>br</strong> />

portanto, continuar firmes e imóveis, sem dar ouvidos à razão natural.<<strong>br</strong> />

Uma gran<strong>de</strong> fé produz gran<strong>de</strong> abandono; <strong>de</strong>vemos confiar em Deus,<<strong>br</strong> />

"esperando contra toda esperança" (Rm 4,18).<<strong>br</strong> />

Abandono é per<strong>de</strong>r os cuidados egoíst<strong>as</strong>, para que possamos estar<<strong>br</strong> />

todos ao dispor divino. Todos os cristãos são exortados ao abandono, pois<<strong>br</strong> />

é dito: "De fato, são os gentios que estão à procura <strong>de</strong> tudo isso: o vosso Pai<<strong>br</strong> />

celeste sabe que ten<strong>de</strong>s necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>." (Mt 6,32). "em<<strong>br</strong> />

todos os teus caminhos, reconhece-o, e ele endireitará <strong>as</strong> tu<strong>as</strong> vered<strong>as</strong>" (Pr<<strong>br</strong> />

3,6). "Re<strong>com</strong>enda a Iahweh tu<strong>as</strong> o<strong>br</strong><strong>as</strong>, e teus projetos irão se realizar" (Pr<<strong>br</strong> />

16,3). "Entrega teu caminho a Iahweh, confia nele, e ele agirá" (SI 37,5).


Portanto, o abandono <strong>de</strong>ve ser tanto ao que diz respeito <strong>as</strong> cois<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

intern<strong>as</strong> <strong>com</strong>o extern<strong>as</strong>; abandonar absolutamente tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> preocupações<<strong>br</strong> />

n<strong>as</strong> mãos <strong>de</strong> Deus, esquecendo <strong>de</strong> nós e lem<strong>br</strong>ando somente Dele, por<<strong>br</strong> />

quem o coração permanecerá sempre <strong>de</strong>simpedido, livre e em paz.O<<strong>br</strong> />

abandono é praticado <strong>com</strong> o contínuo abandonar da vonta<strong>de</strong> própria na<<strong>br</strong> />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus; renunciando toda inclinação particular, tão logo surja e<<strong>br</strong> />

por melhor que possa parecer, a fim <strong>de</strong> permanecermos indiferentes <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

relação a nós mesmos, <strong>de</strong>sejando apen<strong>as</strong> aquilo que Deus tem <strong>de</strong>sejado<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> toda eternida<strong>de</strong>; nos resignando em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, tanto do corpo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o da alma, temporária ou eternamente; esquecendo o p<strong>as</strong>sado,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ixando o futuro para a Providência e <strong>de</strong>votando o presente a Deus;<<strong>br</strong> />

estejamos satisfeitos <strong>com</strong> o momento presente, que traz consigo a or<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

eterna <strong>de</strong> Deus; trata-se <strong>de</strong> uma infalível <strong>de</strong>claração da Sua vonta<strong>de</strong>, na<<strong>br</strong> />

medida em que é inevitável e <strong>com</strong>um a todos; que nada do que nos<<strong>br</strong> />

aconteça seja atribuído à criatura, m<strong>as</strong> a Deus; vejam tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong>,<<strong>br</strong> />

exceto os nossos pecados, <strong>com</strong>o infalivelmente proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

Entreguem-se, então, à orientação e a disposição <strong>de</strong> Deus, tanto no<<strong>br</strong> />

que se refere ao estado exterior, <strong>com</strong>o interior.<<strong>br</strong> />

7. Abandono e Sofrimento<<strong>br</strong> />

Sejam pacientes diante <strong>de</strong> todo sofrimento; se o amor por Deus é<<strong>br</strong> />

puro, não irão procurá-Lo menos no calvário do que no Tabor; certamente<<strong>br</strong> />

Ele <strong>de</strong>ve ser mais amado nos momentos difíceis do que em outros, já que<<strong>br</strong> />

foi no Calvário que <strong>de</strong>u a maior <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> amor.<<strong>br</strong> />

Não sejam <strong>com</strong>o aqueles que se doam em um momento e se retiram<<strong>br</strong> />

em outro. Estes se doam apen<strong>as</strong> para serem acariciados e se arrancam<<strong>br</strong> />

quando são crucificados, ou buscam o consolo d<strong>as</strong> criatur<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

Não, querid<strong>as</strong> alm<strong>as</strong>, não há consolo em nada senão no amor da<<strong>br</strong> />

cruz e no total abandono;quem não experimenta a cruz, não experimenta<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> <strong>de</strong> Deus (veja Mt 16,23). É impossível amar a Deus sem amar a<<strong>br</strong> />

cruz; um coração que experimenta a cruz, consi<strong>de</strong>ra <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> mais<<strong>br</strong> />

amarg<strong>as</strong> uma doçura: "Garganta saciada <strong>de</strong>spreza o favo <strong>de</strong> mel, garganta<<strong>br</strong> />

faminta acha doce todo amargo'" (Pr 27,7); pois, ela tem fome <strong>de</strong> Deus, na<<strong>br</strong> />

proporção <strong>de</strong> sua fome pela cruz. Deus nos dá a cruz e a cruz nos dá Deus.


É preciso ter a convicção <strong>de</strong> que há um avanço interno, quando há<<strong>br</strong> />

um progresso no caminho da cruz; o abandono e a cruz andam <strong>de</strong> mãos<<strong>br</strong> />

dad<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

Tão logo lhe seja apresentado algo na forma <strong>de</strong> sofrimento,<<strong>br</strong> />

provocando uma certa repugnância, resigne-se a Deus imediatamente,<<strong>br</strong> />

oferecendo-se a Ele em sacrifício: você irá <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir então que quando a<<strong>br</strong> />

cruz chegar, não será tão difícil <strong>de</strong> carregar, pois você a <strong>de</strong>sejou. Isso não<<strong>br</strong> />

nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentir o seu peso, <strong>com</strong>o alguns acreditam; pois quando não<<strong>br</strong> />

sentimos a cruz, não sofremos. A sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sofrer é uma d<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

principais partes do sofrimento em si. <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> escolheu enfrentar seu<<strong>br</strong> />

maior rigor. Normalmente suportamos a cruz na fraqueza, às vezes na<<strong>br</strong> />

força; tudo <strong>de</strong>ve ser semelhante para nós na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

8. Abandono e Revelação<<strong>br</strong> />

O objetivo <strong>de</strong>ste método é o <strong>de</strong> eliminar a existência <strong>de</strong> mistérios<<strong>br</strong> />

gravados na mente; m<strong>as</strong>, c<strong>as</strong>o isso ocorra, que seja um meio peculiar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>partilhá-los <strong>com</strong> a alma. <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>, a quem nos abandonamos e a<<strong>br</strong> />

quem seguimos <strong>com</strong>o sendo o Caminho, a quem ouvimos <strong>com</strong>o sendo a<<strong>br</strong> />

Verda<strong>de</strong> e sendo aquele que nos anima <strong>com</strong>o a Vida (Jo 14,6), ao se<<strong>br</strong> />

impregnar na alma, imprimi ali <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> <strong>de</strong>stes diferentes estados.<<strong>br</strong> />

Carregar todos os estados <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>, é algo muito maior do que<<strong>br</strong> />

simplesmente meditar so<strong>br</strong>e eles. São Paulo carregou em seu corpo os<<strong>br</strong> />

estados <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>, "Doravante ninguém mais me moleste; Pois eu trago<<strong>br</strong> />

em meu corpo <strong>as</strong> marc<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong>" (Gl 6,17), m<strong>as</strong> ele não diz imaginar tais<<strong>br</strong> />

estados.<<strong>br</strong> />

Neste estado <strong>de</strong> abandono, <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> freqüentemente <strong>com</strong>unica<<strong>br</strong> />

algum<strong>as</strong> visões peculiares ou revelações <strong>de</strong> seus estados, o que se <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

aceitar agra<strong>de</strong>cidamente; é preciso se colocar à disposição daquilo que<<strong>br</strong> />

parece ser a Sua vonta<strong>de</strong>; receber igualmente qualquer forma que Ele<<strong>br</strong> />

possa usar e não ter outra escolha senão a <strong>de</strong> buscá-Lo ar<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

habitar sempre <strong>com</strong> Ele e <strong>de</strong> mergulhar no nada diante Dele; aceitar<<strong>br</strong> />

indiscriminadamente tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> dádiv<strong>as</strong>, sejam el<strong>as</strong> obscurida<strong>de</strong>s ou<<strong>br</strong> />

iluminação; fecundida<strong>de</strong> ou infertilida<strong>de</strong>; fraqueza ou força; doçura ou<<strong>br</strong> />

amargor; tentações, distrações, dores, exaustão ou incerteza, e que nada<<strong>br</strong> />

disso retar<strong>de</strong> o nosso curso, nem por um minuto.


Deus <strong>com</strong>promete alguns, por vários anos, na contemplação e na<<strong>br</strong> />

experimentação <strong>de</strong> um único mistério; sua simples visão ou contemplação<<strong>br</strong> />

recolhe a alma; que sejam fiéis a este momento; m<strong>as</strong>, tão logo Deus queira<<strong>br</strong> />

retirar esta visão da alma, aceitem livremente a privação. Algum<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

privações são penos<strong>as</strong> diante da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> meditar so<strong>br</strong>e certos<<strong>br</strong> />

mistérios; m<strong>as</strong> não há motivos para tal dificulda<strong>de</strong>, já que um apego<<strong>br</strong> />

amoroso a Deus inclui todo tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>voção e aquele que se encontra<<strong>br</strong> />

tranqüilamente unido a Deus, está, <strong>de</strong> fato, perfeita e efetivamente<<strong>br</strong> />

aplicado a cada mistério divino. Quem ama a Deus, ama a tudo o que lhe<<strong>br</strong> />

pertence.<<strong>br</strong> />

9. O Abandono e a Vida Santa<<strong>br</strong> />

É <strong>as</strong>sim que adquirimos virtu<strong>de</strong>s <strong>com</strong> facilida<strong>de</strong> e segurança; pois<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o Deus é o princípio <strong>de</strong> toda virtu<strong>de</strong>, tudo herda quem O possui; na<<strong>br</strong> />

mesma proporção em que avançamos em direção à sua posse, recebemos<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong> mais eminentes virtu<strong>de</strong>s. Pois, toda virtu<strong>de</strong> é <strong>com</strong>o uma máscara, uma<<strong>br</strong> />

aparência externa, mutável <strong>com</strong>o <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> vestes, se não forem<<strong>br</strong> />

concedid<strong>as</strong> do interior; só <strong>as</strong>sim é que se po<strong>de</strong> dizer <strong>de</strong> forma genuína,<<strong>br</strong> />

essencial e permanente: "A filha <strong>de</strong> Tiro alegrará teu rosto <strong>com</strong> seus presentes,<<strong>br</strong> />

e os povos mais ricos <strong>com</strong> muit<strong>as</strong> jói<strong>as</strong> cravejad<strong>as</strong> <strong>de</strong> ouro" (Sl 45,13). Est<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

alm<strong>as</strong>, acima <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> outr<strong>as</strong>, praticam a virtu<strong>de</strong> nos graus mais<<strong>br</strong> />

elevados, embora não chamem à atenção para nenhuma virtu<strong>de</strong> em<<strong>br</strong> />

particular. Deus, a quem estão unid<strong>as</strong>, <strong>as</strong> conduz a sua prática mais<<strong>br</strong> />

extensiva; Ele é extremamente ciumento e não lhes permiti o menor prazer.<<strong>br</strong> />

Que ânsia pelo sofrimento possui est<strong>as</strong> alm<strong>as</strong>, que <strong>as</strong>sim ar<strong>de</strong>m em<<strong>br</strong> />

amor divino! Como se precipitariam em austerida<strong>de</strong>s excessiv<strong>as</strong>, se<<strong>br</strong> />

tivessem permissão <strong>de</strong> seguir a própria inclinação! Não pensam em nada<<strong>br</strong> />

senão <strong>com</strong>o agradar o Amado; <strong>com</strong>eçam a negligenciar e a esquecer <strong>de</strong> si<<strong>br</strong> />

mesm<strong>as</strong>, e na medida em que cresce o amor a Deus, aumenta também o<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sinteresse pela criatura.<<strong>br</strong> />

Uma vez que se atinja esse método, um caminho que serve a todos,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o mais ignorante ao mais erudito, toda a Igreja <strong>de</strong> Deus é facilmente<<strong>br</strong> />

reformada! Somente o AMOR é requisitado: "AMEM", diz Santo<<strong>br</strong> />

Agostinho, "e então façam o que quiserem". Pois, quando amamos


verda<strong>de</strong>iramente, não po<strong>de</strong>mos fazer nada que possa ofen<strong>de</strong>r o objeto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

nossos sentimentos.<<strong>br</strong> />

10. Port<strong>as</strong> A<strong>de</strong>ntro<<strong>br</strong> />

Digo que é praticamente impossível alcançar a perfeita mortificação<<strong>br</strong> />

dos sentidos e d<strong>as</strong> paixões. A razão é óbvia: a alma dá vigor e energia aos<<strong>br</strong> />

sentidos; os sentidos surgem e estimulam <strong>as</strong> paixões; um corpo morto não<<strong>br</strong> />

tem sensações, nem paixões, porque sua conexão <strong>com</strong> a alma está<<strong>br</strong> />

dissolvida. Todos os esforços para simplesmente retificar o exterior<<strong>br</strong> />

impelem a alma a se af<strong>as</strong>tar ainda mais daquilo <strong>com</strong> que está tenra e<<strong>br</strong> />

zelosamente <strong>com</strong>prometida. Seus po<strong>de</strong>res tornam-se difusos e<<strong>br</strong> />

dispersados; pois, sendo sua atenção imediatamente direcionada a<<strong>br</strong> />

austerida<strong>de</strong> e a outr<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> extern<strong>as</strong>, ela dá vigor a esses mesmos<<strong>br</strong> />

sentidos que <strong>de</strong>seja subjugar. Pois os sentidos não têm outra origem, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>riva seu vigor, do que a aplicação da alma a eles; o grau <strong>de</strong> sua<<strong>br</strong> />

vida e ativida<strong>de</strong> é proporcional ao grau <strong>de</strong> atenção que a alma presta a<<strong>br</strong> />

eles. Esta vida dos sentidos se agita e provoca <strong>as</strong> paixões, ao invés <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

suprimi-l<strong>as</strong> ou subjugá-l<strong>as</strong>; a austerida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> fato, enfraquecer o<<strong>br</strong> />

corpo, m<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> razões já mencionad<strong>as</strong>, nunca po<strong>de</strong> tirar a vitalida<strong>de</strong> dos<<strong>br</strong> />

sentidos, muito menos sua ativida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

O único método para efetivar a mortificação é o recolhimento<<strong>br</strong> />

interior, através do qual a alma se volta totalmente e por inteiro para o<<strong>br</strong> />

interior, para possuir um Deus presente. Se direcionar todo seu vigor e<<strong>br</strong> />

energia a isso, esse ato simples a separa dos sentidos e, empregando todos<<strong>br</strong> />

os seus po<strong>de</strong>res internamente, faz <strong>com</strong> que eles enfraqueçam; quanto mais<<strong>br</strong> />

perto <strong>de</strong> Deus, mais separada estará do EU. Assim, naqueles em quem <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

atrações da graça são muito po<strong>de</strong>ros<strong>as</strong>, geralmente o homem exterior é<<strong>br</strong> />

fraco e débil, inclusive sujeitos a <strong>de</strong>smaios.<<strong>br</strong> />

Não quero <strong>com</strong> isso, <strong>de</strong>sencorajar a mortificação; ela <strong>de</strong>ve sempre<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhar a oração, segundo o estado e a força individual ou <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

obediência <strong>de</strong>manda. M<strong>as</strong>, digo que a mortificação não <strong>de</strong>ve ser nossa<<strong>br</strong> />

prática principal, nem <strong>de</strong>vemos nos prescrever austerida<strong>de</strong>s, m<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

simplesmente seguir <strong>as</strong> atrações intern<strong>as</strong> da graça e nos preocupar <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

divina presença; sem pensar particularmente na mortificação, Deus nos<<strong>br</strong> />

permitirá realizar vári<strong>as</strong> espécies <strong>de</strong> mortificações. Aqueles que


sinceramente se abandonam em Deus, Ele não dá <strong>de</strong>scanso até ter<<strong>br</strong> />

subjugado neles tudo o que precisa ser mortificado.<<strong>br</strong> />

Portanto, sigamos firmes na <strong>de</strong>dicação a Deus, e tudo será feito<<strong>br</strong> />

perfeitamente. Nem todos são capazes <strong>de</strong> austerida<strong>de</strong>s extern<strong>as</strong>, m<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

todos são capazes <strong>de</strong>sta firmeza <strong>de</strong> atenção; na mortificação <strong>de</strong> olhos e<<strong>br</strong> />

ouvidos, que bombar<strong>de</strong>iam continuamente a ocupada imaginação <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

novos <strong>as</strong>suntos, há pouco perigo <strong>de</strong> se cair no excesso; m<strong>as</strong> Deus irá nos<<strong>br</strong> />

ensinar isso também, só precisamos seguir Seu Espírito.<<strong>br</strong> />

A alma tem uma dupla vantagem proce<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>sta maneira; pois,<<strong>br</strong> />

se retirando <strong>de</strong> objetivos exteriores, estará se aproximando cada vez<<strong>br</strong> />

mais <strong>de</strong> Deus; além disso, os po<strong>de</strong>res e virtu<strong>de</strong>s sustentadores e<<strong>br</strong> />

preservadores secretos que a alma recebe, af<strong>as</strong>ta o homem do pecado,<<strong>br</strong> />

enquanto esse se aproxima <strong>de</strong> Deus; <strong>de</strong>sta forma, a conversão da alma<<strong>br</strong> />

torna-se firmemente estabelecida por uma questão <strong>de</strong> hábito.<<strong>br</strong> />

11. Em Direção Ao Centro<<strong>br</strong> />

"Voltai para aquele contra o qual se rebelaram tão profundamente os<<strong>br</strong> />

filhos <strong>de</strong> Israel" (Is 31,6). A conversão nada mais é do que um af<strong>as</strong>tar-se da<<strong>br</strong> />

criatura para retornar à Deus.<<strong>br</strong> />

Ela não é perfeita quando consiste simplesmente em af<strong>as</strong>tar-se do<<strong>br</strong> />

pecado para voltar-se à graça (embora isso seja bom e essencial para a<<strong>br</strong> />

salvação).<<strong>br</strong> />

Quando a alma se volta para Deus uma única vez, encontra uma<<strong>br</strong> />

maravilhosa facilida<strong>de</strong> em continuar firme na conversão; quanto mais ela<<strong>br</strong> />

permanece convertida, mais perto <strong>de</strong> Deus se aproxima e mais firmemente<<strong>br</strong> />

a Ele se a<strong>de</strong>re; quanto mais é atraída para Ele, se faz necessário que o pai a<<strong>br</strong> />

remova da criatura, que Lhe é tão contrária; isso está tão estabelecido na<<strong>br</strong> />

conversão, que o estado torna-se habitual e natural.Ora, não pensemos<<strong>br</strong> />

que isto ocorre através do violento exercício <strong>de</strong> seus próprios po<strong>de</strong>res;<<strong>br</strong> />

pois a alma não é capaz <strong>de</strong> realizar tal o<strong>br</strong>a, nem buscaria outra<<strong>br</strong> />

cooperação junto à graça divina do que auxiliá-la a se retirar <strong>de</strong> <strong>as</strong>suntos<<strong>br</strong> />

externos, a fim <strong>de</strong> que se volte para o interior; <strong>as</strong>sim sendo, a alma nada<<strong>br</strong> />

mais tem a fazer além <strong>de</strong> continuar firme em sua a<strong>de</strong>rência à Deus.


Deus possui uma virtu<strong>de</strong> atrativa que atrai a alma para Si <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />

cada vez mais po<strong>de</strong>rosa, ao atrair, Ele purifica; o mesmo ocorre <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

vapor grosseiro que emana do sol; enquanto <strong>as</strong>cen<strong>de</strong> gradualmente, ele é<<strong>br</strong> />

rarefeito e se torna puro; <strong>de</strong> fato, o vapor contribui para sua <strong>as</strong>censão<<strong>br</strong> />

apen<strong>as</strong> por ser p<strong>as</strong>sivo; m<strong>as</strong> a alma coopera livre e voluntariamente.<<strong>br</strong> />

Este tipo <strong>de</strong> introversão é muito fácil e faz <strong>com</strong> que a alma avance<<strong>br</strong> />

naturalmente, sem esforço, porque Deus é o nosso centro. O centro<<strong>br</strong> />

sempre exerce uma virtu<strong>de</strong> atrativa b<strong>as</strong>tante po<strong>de</strong>rosa; quanto mais a<<strong>br</strong> />

alma for espiritual e exaltada, mais violenta e irresistível são <strong>as</strong> su<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

atrações.<<strong>br</strong> />

Além da virtu<strong>de</strong> atrativa do centro, há, em cada criatura, uma forte<<strong>br</strong> />

tendência à reunião <strong>com</strong> seu centro, que é vigorosa e ativa na proporção da<<strong>br</strong> />

espiritualida<strong>de</strong> e perfeição do sujeito.<<strong>br</strong> />

C<strong>as</strong>o algo não se volte para seu centro, é precipitado nesta direção<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> extrema rapi<strong>de</strong>z, a menos que esteja impedido por algum obstáculo<<strong>br</strong> />

invencível. Uma pedra segura na mão não se encontra <strong>de</strong>simpedida a<<strong>br</strong> />

ponto <strong>de</strong> cair na terra, <strong>com</strong>o sendo seu centro, pelo próprio peso. Quando<<strong>br</strong> />

a alma, pelo próprio esforço, recolhe-se, traz consigo a influência da<<strong>br</strong> />

tendência central, ela cai gradualmente para seu próprio centro, sem<<strong>br</strong> />

qualquer outra força além do peso do amor. Quanto mais p<strong>as</strong>siva e<<strong>br</strong> />

tranqüila permanecer e quanto mais livre da p<strong>as</strong>sionalida<strong>de</strong>, mais rápido<<strong>br</strong> />

a alma avança, porque a energia da virtu<strong>de</strong> atrativa central está<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sobstruída, po<strong>de</strong>ndo agir <strong>com</strong> total liberda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Toda nossa preocupação <strong>de</strong>ve estar direcionada em conquistar o<<strong>br</strong> />

maior grau <strong>de</strong> recolhimento interior possível; que não sejamos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sencorajados pel<strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s encontrad<strong>as</strong> neste exercício; logo<<strong>br</strong> />

seremos re<strong>com</strong>pensados por Deus <strong>com</strong> abundantes suprimentos da graça;<<strong>br</strong> />

o trabalho se tornará fácil se sincera e humil<strong>de</strong>mente retirarmos nossos<<strong>br</strong> />

corações d<strong>as</strong> distrações e ocupações exteriores, retornando ao nosso centro,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> sentimentos repletos <strong>de</strong> ternura e serenida<strong>de</strong>. Quando, em qualquer<<strong>br</strong> />

momento, <strong>as</strong> paixões estão turbulent<strong>as</strong>, uma gentil retratação interior para<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> um Deus presente, b<strong>as</strong>ta para extingui-l<strong>as</strong>; quaisquer outr<strong>as</strong> form<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> se opor às paixões mais <strong>as</strong> irritam do que <strong>as</strong> apaziguam.


12. Oração Contínua<<strong>br</strong> />

A alma fiel ao exercício <strong>de</strong> amor e a<strong>de</strong>rência a Deus, <strong>de</strong>scrita acima,<<strong>br</strong> />

fica surpresa ao senti-Lo gradualmente tomar posse <strong>de</strong> todo o seu ser; ela<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sfruta <strong>de</strong> uma contínua sensação da presença, que vai se tornando<<strong>br</strong> />

natural; <strong>as</strong>sim <strong>com</strong>o a oração, a presença divina torna-se uma questão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

hábito. A alma sente uma serenida<strong>de</strong> in<strong>com</strong>um penetrando gradualmente<<strong>br</strong> />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> faculda<strong>de</strong>s. O Silêncio constitui agora todo a sua oração;<<strong>br</strong> />

enquanto Deus <strong>com</strong>unica um amor infundido, que é o princípio da benção<<strong>br</strong> />

inefável.<<strong>br</strong> />

Ah, se me fosse permitido continuar <strong>com</strong> este <strong>as</strong>sunto e <strong>de</strong>screver<<strong>br</strong> />

alguns graus da progressão infinita dos estados subseqüentes? M<strong>as</strong>, no<<strong>br</strong> />

momento, escrevo para os principiantes e não <strong>de</strong>vo ir além, m<strong>as</strong> aguardar<<strong>br</strong> />

o tempo <strong>de</strong> nosso Senhor para <strong>de</strong>senvolver o que po<strong>de</strong> ser aplicado a cada<<strong>br</strong> />

estado.<<strong>br</strong> />

No entanto, é preciso interromper urgentemente toda auto-ação e<<strong>br</strong> />

auto-aplicação, a fim <strong>de</strong> que Deus unicamente possa atuar: Ele disse<<strong>br</strong> />

através do profeta Davi: "Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus" (Sl 46,10).<<strong>br</strong> />

M<strong>as</strong> a criatura está tão <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> amor e tão apegada a seu próprio<<strong>br</strong> />

trabalho, que não acredita que isso possa funcionar, a menos que sentir,<<strong>br</strong> />

conhecer e distinguir tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> operações. Ignora que a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

observar seu movimento, é oc<strong>as</strong>ionada pela velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu progresso;<<strong>br</strong> />

e que <strong>as</strong> operações <strong>de</strong> Deus absorvem aquel<strong>as</strong> da criatura, na medida em<<strong>br</strong> />

que aumenta mais e mais; <strong>as</strong> estrel<strong>as</strong> <strong>br</strong>ilham antes do n<strong>as</strong>cer do sol, m<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

gradualmente vão <strong>de</strong>saparecendo <strong>com</strong> o avanço <strong>de</strong> sua luz e tornam-se<<strong>br</strong> />

invisíveis, não por falta <strong>de</strong> luz em si, m<strong>as</strong> pelo excesso <strong>de</strong> luz no sol.<<strong>br</strong> />

O mesmo ocorre aqui, pois há uma luz forte e universal que absorve<<strong>br</strong> />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pequen<strong>as</strong> luzes distint<strong>as</strong> da alma; el<strong>as</strong> vão diminuindo e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>saparecem sob sua po<strong>de</strong>rosa influência; a ativida<strong>de</strong> própria não mais é<<strong>br</strong> />

distinta.<<strong>br</strong> />

Aqueles que acusam esta oração <strong>de</strong> inativida<strong>de</strong>, carregam um peso<<strong>br</strong> />

que só po<strong>de</strong> ser atribuído a falta <strong>de</strong> experiência. Ah, se pu<strong>de</strong>ssem ao<<strong>br</strong> />

menos fazer alguns esforços para alcançá-la, rapidamente ficariam cheio<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> luzes e conhecimento so<strong>br</strong>e ela!<<strong>br</strong> />

A aparente inação é, <strong>de</strong> fato, não uma conseqüência da esterilida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong> <strong>de</strong> abundância, <strong>com</strong>o será facilmente percebido pela alma experiente;


ela irá reconhecer que o silêncio está repleto e cheio <strong>de</strong> unção por causa da<<strong>br</strong> />

plenitu<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Há dois tipos <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> que guardam silêncio: aqueles que não tem<<strong>br</strong> />

nada a dizer e aqueles que tem muito a dizer. Este é o c<strong>as</strong>o neste estado; o<<strong>br</strong> />

silêncio é oc<strong>as</strong>ionado pelo excesso e não pela falta.<<strong>br</strong> />

Afogar-se e morrer <strong>de</strong> se<strong>de</strong> são mortes muito diferentes; ainda <strong>as</strong>sim<<strong>br</strong> />

se po<strong>de</strong> dizer que a água foi a causa <strong>de</strong> amb<strong>as</strong>; em um c<strong>as</strong>o o que <strong>de</strong>strói é<<strong>br</strong> />

a abundância, no outro, a falta. Assim, a plenitu<strong>de</strong> da graça paralisa a<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong> do ser; portanto, é <strong>de</strong> extrema importância manter o máximo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

silêncio.<<strong>br</strong> />

A criança pendurada no seio <strong>de</strong> sua mãe, é uma ilustração viva do<<strong>br</strong> />

nosso <strong>as</strong>sunto; ela <strong>com</strong>eça a extrair o leite ao movimentar seus pequenos<<strong>br</strong> />

lábios; m<strong>as</strong> quando seu alimento flui abundantemente, contenta-se em<<strong>br</strong> />

engolir sem esforços; qualquer outra atitu<strong>de</strong> iria machucá-la, <strong>de</strong>rramar o<<strong>br</strong> />

leite e a forçaria a largar o peito.<<strong>br</strong> />

Devemos atuar da mesma forma no início da oração, ao movimentar<<strong>br</strong> />

os lábios dos sentimentos; m<strong>as</strong>, tão logo o leite da graça divina flua<<strong>br</strong> />

livremente, nada <strong>de</strong>vemos fazer senão ingeri-la docemente, em quietu<strong>de</strong>;<<strong>br</strong> />

quando ela <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fluir, movimentar novamente os sentimentos, <strong>as</strong>sim<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a criança movimenta seus lábios. Quem atua <strong>de</strong> outra forma, não<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> fazer melhor uso da graça, que é concedida para levar a alma ao<<strong>br</strong> />

repouso do Amor, e não para empurrá-la para a multiplicida<strong>de</strong> do ser.<<strong>br</strong> />

M<strong>as</strong> o que ocorre <strong>com</strong> o bebê que gentilmente e sem esforço bebe o<<strong>br</strong> />

leite? Quem acreditaria que <strong>as</strong>sim receberia a nutrição? Quanto mais<<strong>br</strong> />

pacificamente se alimentar, melhor se <strong>de</strong>senvolve. O que se torna essa<<strong>br</strong> />

criança? Ela adormece no seio <strong>de</strong> sua mãe. Assim, a alma tranqüila e<<strong>br</strong> />

pacífica na oração, mergulha freqüentemente num adormecer místico,<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> todos os seus po<strong>de</strong>res ficam em repouso, até que esteja totalmente<<strong>br</strong> />

preparada para este estado, do qual <strong>de</strong>sfruta est<strong>as</strong> antecipações<<strong>br</strong> />

transitóri<strong>as</strong>. Vejam que nesse processo a alma é guiada naturalmente, sem<<strong>br</strong> />

problem<strong>as</strong>, esforços, ciência ou estudo.<<strong>br</strong> />

O interior não é uma fortaleza, para ser tomado <strong>com</strong> força e<<strong>br</strong> />

violência; m<strong>as</strong> um reino <strong>de</strong> paz, que <strong>de</strong>ve ser conquistado unicamente<<strong>br</strong> />

pelo amor. Se alguém preten<strong>de</strong> seguir o pequeno caminho que apontei,<<strong>br</strong> />

será guiado à oração infundida. Deus não necessita <strong>de</strong> nada extraordinário e


nem muito difícil; pelo contrário, Ele se agrada enormemente pela<<strong>br</strong> />

conduta simples e pueril.<<strong>br</strong> />

As mais sublimes conquist<strong>as</strong> na religião, são aquel<strong>as</strong> facilmente<<strong>br</strong> />

alcançad<strong>as</strong>; <strong>as</strong> mais necessári<strong>as</strong> or<strong>de</strong>nações são <strong>as</strong> menos difíceis. O<<strong>br</strong> />

mesmo ocorre para <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> naturais; se alguém preten<strong>de</strong> alcançaro mar,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve embarcar num rio, e irá ser conduzido a ele, sem sentir e sem erro. Se<<strong>br</strong> />

quiser ir até Deus, siga este caminho doce e simples, e chegará ao objeto<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sejado, <strong>com</strong> uma jornada tão fácil que causará surpresa.<<strong>br</strong> />

Que possam ao menos tomar o caminho uma vez! Rapidamente irão<<strong>br</strong> />

perceber que tudo o que disse é pequeno, e que a experiência própria os<<strong>br</strong> />

conduzirão muito mais longe! O que temem? Por que não se lançam<<strong>br</strong> />

imediatamente nos <strong>br</strong>aços do AMOR, esten<strong>de</strong>ndo-se na cruz para que Ele<<strong>br</strong> />

possa a<strong>br</strong>açá-los? Que riscos correm ao <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem unicamente <strong>de</strong> Deus<<strong>br</strong> />

e ao abandonar-se inteiramente a Ele? Ah, ele não irá <strong>de</strong>cepcionar, m<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

conce<strong>de</strong>r uma abundância além <strong>de</strong> su<strong>as</strong> maiores expectativ<strong>as</strong>; m<strong>as</strong> aqueles<<strong>br</strong> />

que esperam tudo <strong>de</strong> si mesmos, <strong>de</strong>vem ouvir esta repreensão <strong>de</strong> Deus ao<<strong>br</strong> />

profeta Isai<strong>as</strong>: "De tanto andar fic<strong>as</strong>te cansada, m<strong>as</strong> nem por isso disseste:<<strong>br</strong> />

Isso é <strong>de</strong> <strong>de</strong>sanimar!" (Is. 57,10 Vulg).<<strong>br</strong> />

13. Abundância<<strong>br</strong> />

A alma que já avançou a este ponto, não precisa <strong>de</strong> outra preparação<<strong>br</strong> />

além da quietu<strong>de</strong>: pois, a presença <strong>de</strong> Deus durante o dia, que é o gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

efeito, ou melhor, a continuação da oração, <strong>com</strong>eça a ser infundida e é<<strong>br</strong> />

qu<strong>as</strong>e ininterrupta. A alma certamente <strong>de</strong>sfruta <strong>de</strong> bênçãos transcen<strong>de</strong>ntes<<strong>br</strong> />

e <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>e que Deus está mais intimamente presente a ela do que ela está<<strong>br</strong> />

para si mesma.<<strong>br</strong> />

O único caminho <strong>de</strong> encontrá-lo é pela introversão. Tão logo os<<strong>br</strong> />

olhos do corpo se fecham, a alma se entrega à oração: ela se surpreen<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diante <strong>de</strong> tão gran<strong>de</strong> graça e <strong>de</strong>sfruta <strong>de</strong> uma conversa interna, que os<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong>suntos exteriores não po<strong>de</strong>m interromper.<<strong>br</strong> />

O mesmo po<strong>de</strong> ser dito so<strong>br</strong>e <strong>as</strong> orações da sabedoria: "<strong>com</strong> ela me<<strong>br</strong> />

vieram todos os bens" (Sb 7,11). Pois, <strong>as</strong> virtu<strong>de</strong>s fluem da alma para o<<strong>br</strong> />

exercício <strong>com</strong> tanta doçura e facilida<strong>de</strong>, que lhe parece natural, e a


primavera viva <strong>de</strong>sa<strong>br</strong>ocha abundante e facilmente para todo o bem e<<strong>br</strong> />

numa insensibilida<strong>de</strong> para todo mal.<<strong>br</strong> />

Que ela permaneça então fiel a este estado; e cuidado na escolha ou<<strong>br</strong> />

busca <strong>de</strong> outra disposição que não seja este simples repouso, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

preparação tanto para a confissão <strong>com</strong>o para a <strong>com</strong>unhão, para a ação ou<<strong>br</strong> />

oração; pois sua única vocação é ser preenchida por esta expansão divina.<<strong>br</strong> />

Eu não seria <strong>com</strong>preendida se fal<strong>as</strong>se so<strong>br</strong>e <strong>as</strong> preparações necessári<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

para <strong>as</strong> or<strong>de</strong>nações, m<strong>as</strong> sim so<strong>br</strong>e a mais perfeita disposição interior on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m ser recebid<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

14. Silêncio<<strong>br</strong> />

"M<strong>as</strong> Iahweh está em Seu santuário sagrado: Silêncio em sua<<strong>br</strong> />

presença, terra inteira!" (Hab 2,20).<<strong>br</strong> />

O motivo pelo qual o silêncio interior se faz indispensável é a<<strong>br</strong> />

natureza essencial e eterna do Verbo; ele necessariamente requer<<strong>br</strong> />

disposições na alma correspon<strong>de</strong>ntes, em certo grau, à Sua natureza, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

uma espécie <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para a Sua própria recepção. A audição é um<<strong>br</strong> />

sentido formado para receber sons e é mais p<strong>as</strong>sivo do que ativo; ela<<strong>br</strong> />

recebe, m<strong>as</strong> não <strong>com</strong>unica sensações; se quisermos ouvir <strong>de</strong>vemos prestar<<strong>br</strong> />

o ouvido para este fim. <strong>Cristo</strong>, o Verbo eterno, que <strong>de</strong>ve ser <strong>com</strong>unicado a<<strong>br</strong> />

alma, a fim <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r-lhe vida nova, requer a mais intensa atenção à sua<<strong>br</strong> />

voz, <strong>as</strong>sim que nos falar interiormente.<<strong>br</strong> />

As Sagrad<strong>as</strong> Escritur<strong>as</strong> freqüentemente nos alerta a ouvir e a estar<<strong>br</strong> />

atento à voz <strong>de</strong> Deus; Aponto algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> numeros<strong>as</strong> exortações a este<<strong>br</strong> />

respeito: "Aten<strong>de</strong>-me, povo meu, dá-me ouvidos, gente minha! Porque <strong>de</strong> mim<<strong>br</strong> />

sairá uma lei, farei <strong>br</strong>ilhar o meu direito <strong>com</strong>o uma luz entre os povos"<<strong>br</strong> />

(Is.51,4); novamente: "Ouvi-me, vós, da c<strong>as</strong>a <strong>de</strong> Jacó, tudo o que resta da<<strong>br</strong> />

c<strong>as</strong>a <strong>de</strong> Israel, vós, a quem carreguei <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seio materno, a quem levei<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o berço" (Is 46,3); também nos Salmos: "Ouve, filha; vê, dá<<strong>br</strong> />

atenção; esquece o teu povo e a c<strong>as</strong>a <strong>de</strong> teu pai. Então o rei cobiçará a tua<<strong>br</strong> />

formosura; pois ele é o teu Senhor" (Sl. 45,10,11).<<strong>br</strong> />

Devemos esquecer <strong>de</strong> nós mesmos e <strong>de</strong> todo interesse próprio para<<strong>br</strong> />

escutar e estar atento a Deus; est<strong>as</strong> du<strong>as</strong> ações simples, ou melhor,


disposições p<strong>as</strong>siv<strong>as</strong>, produzem o amor <strong>de</strong> extrema beleza, que Ele<<strong>br</strong> />

mesmo <strong>com</strong>unica.<<strong>br</strong> />

O silêncio exterior é b<strong>as</strong>tante requisitado para o cultivo e<<strong>br</strong> />

melhoramento do interior; <strong>de</strong> fato, é impossível nos voltarmos<<strong>br</strong> />

verda<strong>de</strong>iramente ao interior, sem amar o silêncio e o retiro. Deus disse<<strong>br</strong> />

pela boca <strong>de</strong> seu profeta: "Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para<<strong>br</strong> />

o <strong>de</strong>serto, e lhe falarei ao coração", sem dúvid<strong>as</strong>, o ser engajado a Deus<<strong>br</strong> />

internamente é in<strong>com</strong>patível <strong>com</strong> o ser exterior guiado por milhares <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

insignificânci<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

Quando, por conta da fraqueza, nos encontramos <strong>de</strong>scentrados,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vemos voltar imediatamente para o interior; esse processo <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

repetido tão logo ocorra a distração. Não é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia estar recolhido<<strong>br</strong> />

e <strong>de</strong>votado por uma ou meia hora, se a unção e o espírito da oração não<<strong>br</strong> />

continua conosco durante todo o dia.<<strong>br</strong> />

15. Uma Nova Visão da Confissão <strong>de</strong> Pecados<<strong>br</strong> />

O auto-exame <strong>de</strong>ve sempre prece<strong>de</strong>r a confissão, m<strong>as</strong> a sua forma<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve ser <strong>com</strong>patível <strong>com</strong> a alma. O trabalho daqueles que já avançaram ao<<strong>br</strong> />

grau que agora tratamos é a<strong>br</strong>ir totalmente sua alma a Deus; Ele não<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> iluminá4<strong>as</strong> e permitir que vejam a natureza peculiar <strong>de</strong> su<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

falt<strong>as</strong>. Este exame, contudo, <strong>de</strong>ve ser pacífico e tranqüilo; <strong>de</strong>vemos contar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> Deus, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir e conhecer nossos pecados, muito mais do<<strong>br</strong> />

que <strong>com</strong> a diligência <strong>de</strong> nossa própria inspeção.<<strong>br</strong> />

Quando forçamos o auto-exame, freqüentemente somos traídos e<<strong>br</strong> />

enganados pelo amor próprio, o que conduz ao erro: "Ai dos que ao mal<<strong>br</strong> />

chamam bem e ao bem mal" (Is. 5,20); m<strong>as</strong> quando mentimos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scaradamente diante do Sol da retidão, seus raios divinos tornam os<<strong>br</strong> />

menores átomos visíveis. Devemos, então, perdoar o eu, e abandonar<<strong>br</strong> />

noss<strong>as</strong> alm<strong>as</strong> em Deus, <strong>as</strong>sim <strong>com</strong>o no exame da confissão.<<strong>br</strong> />

Quando <strong>as</strong> alm<strong>as</strong> atingem este tipo <strong>de</strong> oração, nenhuma falta escapa<<strong>br</strong> />

da repreensão <strong>de</strong> Deus; <strong>as</strong>sim que <strong>com</strong>etid<strong>as</strong>, são imediatamente<<strong>br</strong> />

reprovad<strong>as</strong> por uma queimação interna e uma dolorosa confusão. Tais são<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong> inspeções Daquele que não possui mal algum a ser consolado; o único


caminho é simplesmente se voltar a Deus e suportar a dor e <strong>as</strong> correções<<strong>br</strong> />

que Ele inflige.<<strong>br</strong> />

Na medida em que Ele se torna o examinador incansável da alma,<<strong>br</strong> />

esta não po<strong>de</strong> mais se examinar; se for fiel ao seu abandono, a experiência<<strong>br</strong> />

provará que é muito mais efetivamente sondada por esta luz divina, do<<strong>br</strong> />

que por seu empenho próprio.<<strong>br</strong> />

Aqueles que trilham o caminho <strong>de</strong>vem ser orientados na questão da<<strong>br</strong> />

confissão, na qual po<strong>de</strong>m se enganar. Quando <strong>com</strong>eçam a prestar cont<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> seus pecados, ao invés <strong>de</strong> arrependimento e contrição, <strong>de</strong>vem <strong>com</strong>eçar<<strong>br</strong> />

a sentir; <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>em então, que o amor e a tranqüilida<strong>de</strong> penetram a alma<<strong>br</strong> />

docemente: m<strong>as</strong>, aqueles que não são propriamente instruídos resistem à<<strong>br</strong> />

esta sensação, e formam um ato <strong>de</strong> contrição; isso porque ouviram falar, e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> verda<strong>de</strong>, que ela é um requisito. M<strong>as</strong> não se dão conta que agindo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sta forma per<strong>de</strong>m a contrição genuína ou o amor infundido, que supera<<strong>br</strong> />

infinitamente qualquer efeito produzido pela auto-correção; a contrição<<strong>br</strong> />

genuína permite a <strong>com</strong>preensão <strong>de</strong> outros atos <strong>com</strong>o parte <strong>de</strong> um ato<<strong>br</strong> />

principal, em uma perfeição muito mais elevada, do que se fossem<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rados distintamente. Não se preocupem em atuar <strong>de</strong> outra forma,<<strong>br</strong> />

sendo que Deus atua tão perfeitamente em neles e por eles. Desprezar o<<strong>br</strong> />

pecado <strong>de</strong>sta forma, é <strong>de</strong>sprezá-lo da mesma forma que Deus o faz. O<<strong>br</strong> />

amor mais puro é aquele que é <strong>de</strong> imediata operação na alma; por que<<strong>br</strong> />

então <strong>de</strong>vemos ficar tão ansiosos pela ação? Permaneçamos no estado que<<strong>br</strong> />

ele nos <strong>de</strong>signa, concordando <strong>com</strong> <strong>as</strong> instruções do homem sábio: "Não<<strong>br</strong> />

admires a conduta do pecador, m<strong>as</strong> confia no Senhor e permanece no teu<<strong>br</strong> />

trabalho" (Ec 11,22).<<strong>br</strong> />

A alma se surpreen<strong>de</strong>rá também diante da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> lem<strong>br</strong>ar<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> su<strong>as</strong> falt<strong>as</strong>. Isso, porém não <strong>de</strong>ve causar <strong>de</strong>sconforto, primeiro porque<<strong>br</strong> />

o esquecimento <strong>de</strong> noss<strong>as</strong> falt<strong>as</strong> é uma prova <strong>de</strong> nossa purificação <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

relação a el<strong>as</strong>; neste grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, é melhor esquecer todo<<strong>br</strong> />

tipo <strong>de</strong> preocupação, a fim <strong>de</strong> que possamos nos lem<strong>br</strong>ar unicamente <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Deus. Em segundo lugar, porque, quando a confissão é um <strong>de</strong>ver, Deus<<strong>br</strong> />

não <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> mostrar noss<strong>as</strong> maiores falt<strong>as</strong>, já que Ele próprio nos<<strong>br</strong> />

examina; a alma sentirá o fim do exame mais bem realizado, do que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>ria ser através <strong>de</strong> nossos próprios esforços.<<strong>br</strong> />

Est<strong>as</strong> instruções, contudo, seriam tod<strong>as</strong> incabíveis aos graus<<strong>br</strong> />

prece<strong>de</strong>ntes, enquanto a alma continua em seu estado ativo, quando é<<strong>br</strong> />

certo e necessário que em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> <strong>de</strong>ve se exercer, na proporção <strong>de</strong>


seu avanço. Eu exorto aqueles que chegaram a este estado mais avançado,<<strong>br</strong> />

que sigam est<strong>as</strong> instruções, e não variem su<strong>as</strong> ocupações simples, mesmo<<strong>br</strong> />

ao aproximarem-se da <strong>com</strong>unhão; que permaneçam em silêncio, e<<strong>br</strong> />

permitam que Deus atue livremente. Ele não po<strong>de</strong> ser mais bem recebido<<strong>br</strong> />

do que por Ele mesmo.<<strong>br</strong> />

16. A Escritura<<strong>br</strong> />

Neste estado, o método da leitura <strong>de</strong>ve ser interrompido quando<<strong>br</strong> />

nos sentirmos recolhidos; permaneçamos então, quietos, lendo pouco e<<strong>br</strong> />

sempre <strong>de</strong>ixando a leitura quando atraídos internamente.<<strong>br</strong> />

A alma chamada a um estado <strong>de</strong> silêncio interior, não <strong>de</strong>ve se<<strong>br</strong> />

ocupar <strong>de</strong> orações vocais; sempre que fizer uso <strong>de</strong>l<strong>as</strong> e encontrar ali uma<<strong>br</strong> />

dificulda<strong>de</strong> e uma atração ao silêncio, que não faça uso da <strong>com</strong>pulsão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

perseverar, m<strong>as</strong> que se entregue aos impulsos internos, a não ser que a<<strong>br</strong> />

repetição <strong>de</strong>st<strong>as</strong> orações seja uma o<strong>br</strong>igação. Em qualquer outro c<strong>as</strong>o, é<<strong>br</strong> />

muito melhor não se queimar <strong>com</strong> nenhum apego à repetição <strong>de</strong> fórmul<strong>as</strong>,<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong> se <strong>de</strong>ixar conduzir pelo Espírito Santo; <strong>de</strong>sta forma, toda espécie <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>voção é alcançada num grau mais eminente.<<strong>br</strong> />

17. Oração <strong>de</strong> Pedidos?<<strong>br</strong> />

A alma não <strong>de</strong>veria se surpreen<strong>de</strong>r ao se sentir incapaz <strong>de</strong> oferecer a<<strong>br</strong> />

Deus <strong>as</strong> petições que tem formalizado <strong>com</strong> facilida<strong>de</strong>; pois, neste estado, o<<strong>br</strong> />

Espírito interce<strong>de</strong> por ela <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus; é esse<<strong>br</strong> />

Espírito que auxilia noss<strong>as</strong> enfermida<strong>de</strong>s; "Assim também o Espírito socorre<<strong>br</strong> />

a nossa fraqueza, Pois não sabemos o que pedir <strong>com</strong>o convém; m<strong>as</strong> o próprio<<strong>br</strong> />

Espírito interce<strong>de</strong> por nós <strong>com</strong> gemidos inefáveis" (Rm 8,26). Devemos<<strong>br</strong> />

seguir os projetos <strong>de</strong> Deus, que ten<strong>de</strong>m a nos <strong>de</strong>svestir <strong>de</strong> toda operação<<strong>br</strong> />

própria, para que <strong>as</strong> Su<strong>as</strong> possam substituí-l<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

Que <strong>as</strong>sim seja então em cada um <strong>de</strong> nós; não estejamos atados a<<strong>br</strong> />

nada, por melhor que possa parecer; nada é válido, se <strong>de</strong> alguma forma<<strong>br</strong> />

nos af<strong>as</strong>ta daquilo que Deus <strong>de</strong>seja para cada um <strong>de</strong> nós. A vonta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

divina é mais valiosa que qualquer outro bem. Af<strong>as</strong>temos então todo


interesse próprio e vivamos pela fé e pelo abandono; é neste ponto que<<strong>br</strong> />

aquela fé genuína <strong>com</strong>eça a operar.<<strong>br</strong> />

18. Distrações<<strong>br</strong> />

Em c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> nos <strong>de</strong>sviarmos por cois<strong>as</strong> extern<strong>as</strong> ou <strong>com</strong>etermos uma<<strong>br</strong> />

falta, <strong>de</strong>vemos nos voltar para o interior imediatamente; pois tendo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

isso nos af<strong>as</strong>tado <strong>de</strong> Deus, é preciso voltar para Ele o mais rápido possível,<<strong>br</strong> />

sofrendo a pena que Ele inflige.<<strong>br</strong> />

É muito importante evitar a inquietação por conta <strong>de</strong> noss<strong>as</strong> falt<strong>as</strong>;<<strong>br</strong> />

ela surge <strong>de</strong> uma raiz secreta do orgulho, e <strong>de</strong> um amor pela nossa<<strong>br</strong> />

própria excelência; somos feridos ao sentirmos o que somos.<<strong>br</strong> />

Se nos <strong>de</strong>sencorajamos, enfraquecemos ainda mais; e d<strong>as</strong> reflexões<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e noss<strong>as</strong> imperfeições, surge uma mortificação, que normalmente é<<strong>br</strong> />

pior do que <strong>as</strong> própri<strong>as</strong> imperfeições.<<strong>br</strong> />

A alma verda<strong>de</strong>iramente humil<strong>de</strong> não se surpreen<strong>de</strong> diante <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>feitos e falt<strong>as</strong>; quanto mais miserável se consi<strong>de</strong>ra, mais se abandona a<<strong>br</strong> />

Deus, forçando uma aliança mais íntima <strong>com</strong> Ele, diante da necessida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

que sente <strong>de</strong> seu auxílio. Devemos preferir a indução <strong>de</strong>sta atuação, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

o próprio Deus disse: "Vou instruir-te, indicando o caminho a seguir, <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

olhos so<strong>br</strong>e ti, eu serei teu conselho". (Sl, 32,8).<<strong>br</strong> />

19. Tentação<<strong>br</strong> />

Um confronto direto <strong>com</strong> <strong>as</strong> distrações e <strong>as</strong> tentações só serve para<<strong>br</strong> />

aumentá-l<strong>as</strong> e extrair a alma da a<strong>de</strong>rência a Deus, que <strong>de</strong>veria ser sua<<strong>br</strong> />

única ocupação. Deveríamos simplesmente nos voltar contra o mal, e nos<<strong>br</strong> />

aproximar cada vez mais <strong>de</strong> Deus. Uma criancinha, ao perceber um<<strong>br</strong> />

monstro, não espera para lutar <strong>com</strong> ele, e dificilmente volta seus olhos<<strong>br</strong> />

para ele, m<strong>as</strong> rapidamente se encolhe no seio <strong>de</strong> sua mãe, garantindo sua<<strong>br</strong> />

segurança. "Deus está no meio <strong>de</strong>la", diz o Salmista, "jamais será abalada.<<strong>br</strong> />

Deus a ajudará <strong>de</strong>s<strong>de</strong> antemanhã.". (Sl. 46,5).<<strong>br</strong> />

Se atuarmos <strong>de</strong> outra forma, tentarmos atacar os inimigos <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

nossa fraqueza, fatalmente iremos nos ferir, quando não totalmente


<strong>de</strong>rrotados; m<strong>as</strong>, permanecendo simplesmente na presença <strong>de</strong> Deus,<<strong>br</strong> />

encontraremos suplementos <strong>de</strong> força a nos apoiar. Esta era a fonte <strong>de</strong> Davi:<<strong>br</strong> />

"Coloco Iahweh à minha frente sem cessar, <strong>com</strong> ele à minha direita eu nunca<<strong>br</strong> />

vacilo. Por isso meu coração se alegra, minh<strong>as</strong> entranh<strong>as</strong> exultam e minha carne<<strong>br</strong> />

repousa em segurança" (Sl 16 8,9). No Êxodo é dito: "O Senhor pelejará por vós,<<strong>br</strong> />

e vós vos calareis" (Ex. 14,14).<<strong>br</strong> />

20. Consumido<<strong>br</strong> />

A <strong>de</strong>voção e o sacrifício fazem parte da oração, a qual, segundo São<<strong>br</strong> />

João, é um incenso cuja fumaça <strong>as</strong>cen<strong>de</strong> a Deus; portanto, é dito no<<strong>br</strong> />

Apocalipse: "Veio outro anjo e ficou <strong>de</strong> pé junto ao altar, <strong>com</strong> um incensório <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo <strong>com</strong> <strong>as</strong> orações <strong>de</strong> todos os<<strong>br</strong> />

santos" (Ap. 8,3).<<strong>br</strong> />

A oração é a efusão do coração na presença <strong>de</strong> Deus: "venho<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>rramando a minha alma perante o Senhor", disse a mãe <strong>de</strong> Samuel (1 Sm.<<strong>br</strong> />

1,15). A oração dos Reis Magos aos pés <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong> no estábulo <strong>de</strong> Belém, foi<<strong>br</strong> />

indicada pelo incenso que ofereceram.A oração é um certo calor <strong>de</strong> amor<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>rretendo, dissolvendo e sublimando a alma, fazendo <strong>com</strong> que <strong>as</strong>cenda a<<strong>br</strong> />

Deus; <strong>com</strong>o a alma encontra-se dissolvida, o odor <strong>de</strong>la emana; est<strong>as</strong> doces<<strong>br</strong> />

exalações proce<strong>de</strong>m do fogo do amor consumidor.<<strong>br</strong> />

Isso está ilustrado nos Cânticos (Ct 1,12), on<strong>de</strong> a esposa diz:<<strong>br</strong> />

"Enquanto o rei está <strong>as</strong>sentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume". A<<strong>br</strong> />

mesa é o centro da alma; quando Deus está ali e sabemos <strong>com</strong>o habitar<<strong>br</strong> />

por perto e nos manter <strong>com</strong> Ele, a sagrada presença gradualmente<<strong>br</strong> />

dissolve a dureza da alma; ao se <strong>de</strong>rreter, uma fragrância é exalada; É<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong>sim que o Amado fala so<strong>br</strong>e sua esposa, ao ver sua alma <strong>de</strong>rreter<<strong>br</strong> />

enquanto fala: "Que é isso que sobe ao <strong>de</strong>serto, <strong>com</strong>o colun<strong>as</strong> <strong>de</strong> fumo,<<strong>br</strong> />

perfumado <strong>de</strong> mirra e <strong>de</strong> incenso?" (Ct. 3,6).<<strong>br</strong> />

A alma <strong>as</strong>cen<strong>de</strong> a Deus ao entregar o EU ao po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>struidor e<<strong>br</strong> />

aniquilador do amor divino. Esse é um estado <strong>de</strong> sacrifício essencial à<<strong>br</strong> />

religião Cristã, no qual a alma permite ser <strong>de</strong>struída e aniquilada, a fim <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

prestar reverência à soberania <strong>de</strong> Deus; é <strong>com</strong>o está escrito: "O po<strong>de</strong>r do<<strong>br</strong> />

Senhor é gran<strong>de</strong> e Ele só é honrado pelos humil<strong>de</strong>s" (Ec 3,21). Pela <strong>de</strong>struição<<strong>br</strong> />

do EU, reconhecemos a suprema existência <strong>de</strong> Deus. Devemos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

existir no EU, a fim <strong>de</strong> que o Espírito do Verbo Eterno possa existir em nós:


é <strong>de</strong>sistindo da própria vida, que damos lugar à sua chegada; ao morrer<<strong>br</strong> />

para nós, fazemos <strong>com</strong> que Ele viva em nós.<<strong>br</strong> />

Devemos entregar todo o nosso ser a <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> e <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> viver<<strong>br</strong> />

em nós mesmos, para que Ele se torne a nossa vida; "porque morrestes, e a<<strong>br</strong> />

vossa vida está oculta juntamente <strong>com</strong> <strong>Cristo</strong>, em Deus" (Col.3,3). "P<strong>as</strong>sem para<<strong>br</strong> />

mim", diz Deus, "todos vós que buscam a mim <strong>com</strong> sincerida<strong>de</strong>" (Ec.24,16).<<strong>br</strong> />

M<strong>as</strong> <strong>com</strong>o é este p<strong>as</strong>sar para Deus? Não é outra coisa senão nos <strong>de</strong>ixar e<<strong>br</strong> />

nos abandonar, para que possamos estar perdidos em Deus; isso só po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ser efetivado pela aniquilação, a qual constituindo-se na verda<strong>de</strong>ira<<strong>br</strong> />

oração <strong>de</strong> adoração, <strong>de</strong>vota unicamente à Deus todo louvor, honra, glória<<strong>br</strong> />

e domínio, pelos séculos dos séculos "(Ap. 5,13).<<strong>br</strong> />

Esta oração da verda<strong>de</strong> é "adorar a Deus em Espírito e em Verda<strong>de</strong>"<<strong>br</strong> />

(Jo 4,23). "Em Espírito", porque penetramos a pureza daquele Espírito que<<strong>br</strong> />

ora em nosso interior e somos retirados <strong>de</strong> nosso próprio método carnal e<<strong>br</strong> />

humano; "Em Verda<strong>de</strong>", porque somos <strong>as</strong>sim, situados na verda<strong>de</strong> do todo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Deus, e do nada da criatura.<<strong>br</strong> />

Não há mais nada do que est<strong>as</strong> du<strong>as</strong> verda<strong>de</strong>s, o TODO e o NADA;<<strong>br</strong> />

tudo o mais é falsida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos prestar homenagem ao TODO <strong>de</strong> Deus,<<strong>br</strong> />

somente em nossa própria aniquilação; esta não é alcançada antes que Ele,<<strong>br</strong> />

que nunca sofreu qualquer anulação na natureza, nos preencha<<strong>br</strong> />

instantaneamente <strong>de</strong> Si mesmo.<<strong>br</strong> />

Ah, se pelo menos conhecêssemos <strong>as</strong> virtu<strong>de</strong>s e <strong>as</strong> bênçãos que a<<strong>br</strong> />

alma extrai <strong>de</strong>sta oração, não teríamos vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer qualquer outra<<strong>br</strong> />

coisa; Trata-se da pérola <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor; o tesouro oculto, (Mt. 13 44,45);<<strong>br</strong> />

aquele que a encontra, ven<strong>de</strong>ria livremente todos os seus bens para<<strong>br</strong> />

possuí-la; é a roda da água viva, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>br</strong>ota toda vida. É a adoração <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Deus "em espírito e em verda<strong>de</strong>" (Jo 4 14,23); é a <strong>com</strong>pleta atuação dos mais<<strong>br</strong> />

puros preceitos evangélicos.<<strong>br</strong> />

<strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> nos <strong>as</strong>segura <strong>de</strong> que "o reino <strong>de</strong> Deus está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós".<<strong>br</strong> />

(Lc 17,21) o que é verda<strong>de</strong> em dois sentidos: primeiro, quando Deus torn<strong>as</strong>e<<strong>br</strong> />

o Mestre e o Senhor pleno em nós; quando nada resiste ao seu domínio<<strong>br</strong> />

e nosso interior transforma-se em seu reino; quando possuímos a Deus,<<strong>br</strong> />

que é o Bem Supremo, também possuímos seu reino, on<strong>de</strong> há plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

alegria e on<strong>de</strong> alcançamos o fim <strong>de</strong> nossa criação. Assim, é dito: "servir a<<strong>br</strong> />

Deus é reinar". O fim <strong>de</strong> nossa criação, <strong>de</strong> fato, é <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> Deus, até<<strong>br</strong> />

mesmo nesta vida; m<strong>as</strong>, quem pensa <strong>as</strong>sim?


21. Silêncio – N<strong>as</strong> Profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

Algum<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> quando ouvem falar da oração do silêncio,<<strong>br</strong> />

imaginam erroneamente que a alma permanece obtusa, morta e inativa;<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong>, inquestionavelmente, ela age <strong>de</strong> forma mais no<strong>br</strong>e e extensiva do que<<strong>br</strong> />

jamais tenha agido anteriormente; pois, o próprio Deus é seu motor e ela<<strong>br</strong> />

se movimenta pela ação <strong>de</strong> Seu Espírito. São Paulo nos teria "guiado pelo<<strong>br</strong> />

Espírito <strong>de</strong> Deus". (Rm 8,14).<<strong>br</strong> />

Não significa que <strong>de</strong>vemos interromper a ação, m<strong>as</strong> sim atuar<<strong>br</strong> />

através da intermediação interna <strong>de</strong> sua graça. Isso está muito bem<<strong>br</strong> />

representado pela visão d<strong>as</strong> rod<strong>as</strong> do profeta Ezequiel, que possuíam um<<strong>br</strong> />

Espírito vivo; on<strong>de</strong> fosse o Espírito el<strong>as</strong> o a<strong>com</strong>panhavam; el<strong>as</strong> subiam e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sciam, pois o Espírito da vida estava nel<strong>as</strong>, e quando iam não<<strong>br</strong> />

retornavam. (Ez 1 18,21). Da mesma forma, a alma po<strong>de</strong>ria servir a<<strong>br</strong> />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste espírito vivificante, que nela se encontra, seguindo<<strong>br</strong> />

voluntariamente apen<strong>as</strong> o seu movimento. Estes movimentos nunca<<strong>br</strong> />

ten<strong>de</strong>m ao retorno n<strong>as</strong> reflexões so<strong>br</strong>e <strong>as</strong> criatur<strong>as</strong> ou so<strong>br</strong>e o EU; ao<<strong>br</strong> />

contrário, vão sempre adiante, num incessante aproximar-se do fim.<<strong>br</strong> />

Esta ativida<strong>de</strong> da alma se apresenta <strong>com</strong> a maior tranqüilida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Quando ela age por si só, o ato é forçado e contrariado e, portanto, mais<<strong>br</strong> />

facilmente distinguível; m<strong>as</strong> quando a ação está sob a influência do<<strong>br</strong> />

Espírito da Graça, ela é tão livre, fácil e natural, que parece <strong>com</strong>o que se<<strong>br</strong> />

não agisse. "Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me porque ele se agradou<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> mim" (Sl. 18,19).<<strong>br</strong> />

Quando a alma está centrada ou, em outr<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>, volta ao<<strong>br</strong> />

recolhimento, a atração central dá início a mais potente ativida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

superando infinitamente em energia qualquer outra espécie. Nada, <strong>de</strong> fato,<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> igualar a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta tendência ao centro; e ainda que seja uma<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong>, ela é tão no<strong>br</strong>e, pacífica e cheia <strong>de</strong> tranqüilida<strong>de</strong>, tão natural e<<strong>br</strong> />

espontânea, que aparece para a alma <strong>com</strong>o se não fosse nada.<<strong>br</strong> />

Quando uma roda gira lentamente é possível perceber su<strong>as</strong> partes;<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong>, quando seu movimento é rápido não se distingue nada. Então, a<<strong>br</strong> />

alma que repousa em Deus, possui uma ativida<strong>de</strong> muito mais no<strong>br</strong>e e<<strong>br</strong> />

elevada, ainda que amb<strong>as</strong> sejam pacífic<strong>as</strong>; quanto mais pacífica ela for,


mais rápido é o seu curso; porque está se entregando àquele Espírito pelo<<strong>br</strong> />

qual é movida e direcionada.<<strong>br</strong> />

Este Espírito que atrai não é outro senão o próprio Deus, que ao nos<<strong>br</strong> />

atrair, nos faz correr para Ele. Como <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> isso a esposa, quando<<strong>br</strong> />

diz: "Leva-me após ti, apressemos-nos" (Ct. 1,4). Atraia-me para Ti, O meu<<strong>br</strong> />

centro divino, pelo secreto surgimento da minha existência, e todos os<<strong>br</strong> />

meus po<strong>de</strong>res e sentidos Te seguirão! Esta simples atração é tanto um<<strong>br</strong> />

ungüento para cura <strong>com</strong>o um perfume para o encantamento: nós<<strong>br</strong> />

seguimos, ela diz, a fragrância <strong>de</strong> teus perfumes; embora a atração seja tão<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>rosa, é seguida pela alma livremente, sem constrangimento; pois é<<strong>br</strong> />

igualmente <strong>de</strong>leitoso e impetuoso; e enquanto atrai pelo seu po<strong>de</strong>r, nos<<strong>br</strong> />

carrega por sua doçura. "Atraia-me", diz a esposa, "e iremos correr atrás<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Ti". Ela fala <strong>de</strong> si e para si: "atraia-me" - manteve a unida<strong>de</strong> do centro<<strong>br</strong> />

que é atraído! "iremos correr" - manteve a correspondência e o curso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

todos os sentidos e po<strong>de</strong>res em seguir a atração do centro!<<strong>br</strong> />

Ao invés <strong>de</strong> uma animadora lentidão, promovemos uma alta<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong> ao incorporar uma total <strong>de</strong>pendência do Espírito <strong>de</strong> Deus, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

o princípio que nos move; pois Nele vivemos, nos movemos e existimos (At.<<strong>br</strong> />

17,28). Esta humil<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência do Espírito <strong>de</strong> Deus é<<strong>br</strong> />

indispensavelmente necessária, e faz <strong>com</strong> que a alma logo se atenha à<<strong>br</strong> />

unida<strong>de</strong> e simplicida<strong>de</strong> na qual foi criada.<<strong>br</strong> />

Devemos, portanto, abandonar noss<strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s, para<<strong>br</strong> />

penetrar a simplicida<strong>de</strong> e a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, em cuja imagem fomos<<strong>br</strong> />

originalmente formados (Gn 1,27). "O Espírito é um em múltiplo" (Sab. 7,22);<<strong>br</strong> />

sua unida<strong>de</strong> não impe<strong>de</strong> sua multiplicida<strong>de</strong>. Entramos em sua unida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

quando estamos unidos ao seu Espírito, e <strong>de</strong>sta forma temos um e o<<strong>br</strong> />

mesmo espírito <strong>com</strong> Ele; somos múltiplos <strong>com</strong> relação a execução exterior<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> sua vonta<strong>de</strong>, sem abandonar nosso estado <strong>de</strong> união.<<strong>br</strong> />

Assim, quando somos totalmente movidos pelo Espírito Divino, que<<strong>br</strong> />

é infinitamente ativo, nossa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve, <strong>de</strong> fato, ser mais energética do<<strong>br</strong> />

que aquela que nos é própria. Devemos nos ren<strong>de</strong>r à orientação da<<strong>br</strong> />

sabedoria, "A sabedoria é mais móvel que qualquer movimento e, por sua<<strong>br</strong> />

pureza, tudo atravessa e penetra" (Sb. 7,24) e abdicando da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

sua ação, nossa ativida<strong>de</strong> será verda<strong>de</strong>iramente eficiente.<<strong>br</strong> />

"Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> foram feit<strong>as</strong> por intermédio <strong>de</strong>le, e sem ele nada do<<strong>br</strong> />

que foi feito se fez" (Jo 1,3). Deus nos formou originalmente em sua


própria imagem e semelhança. Ele soprou em nós o Espírito <strong>de</strong> seu Verbo,<<strong>br</strong> />

aquele Sopro <strong>de</strong> Vida (Gn 2,7) que nos <strong>de</strong>u no momento da criação, que<<strong>br</strong> />

consiste na participação da imagem <strong>de</strong> Deus. Ora, esta VIDA é uma,<<strong>br</strong> />

simples, pura, íntima e sempre fecunda.<<strong>br</strong> />

Tendo o <strong>de</strong>mônio que<strong>br</strong>ado e <strong>de</strong>formado a imagem divina na alma<<strong>br</strong> />

através do pecado, a intersessão daquele mesmo Verbo soprado no<<strong>br</strong> />

momento <strong>de</strong> nossa criação, torna-se absolutamente necessária para a<<strong>br</strong> />

renovação. Era necessário que fosse Ele, porque Ele é a imagem expressa<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> seu Pai; nenhuma imagem po<strong>de</strong> ser reparada por seu próprio esforço,<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong> <strong>de</strong>ve permanecer p<strong>as</strong>siva para este fim, n<strong>as</strong> mãos daquele que labora.<<strong>br</strong> />

Nossa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve consistir em nos colocarmos num estado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

suscetibilida<strong>de</strong> às impressões divin<strong>as</strong> e ter flexibilida<strong>de</strong> <strong>com</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

operações do Verbo Eterno. Enquanto uma tela não está fixa, o pintor não<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> produzir uma pintura correta so<strong>br</strong>e ela; cada movimento do EU<<strong>br</strong> />

produz contornos errôneos; isso interrompe a o<strong>br</strong>a e <strong>de</strong>forma o projeto<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ste adorável Pintor. Devemos então, permanecer em paz, e nos<<strong>br</strong> />

movimentarmos apen<strong>as</strong> quando Ele se movimenta em nós. "Porque <strong>as</strong>sim<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o Pai tem vida em si mesmo, também conce<strong>de</strong>u ao Filho ter vida em si<<strong>br</strong> />

mesmo" (Jo 5,26) e Ele <strong>de</strong>ve dar vida a cada forma vivente.<<strong>br</strong> />

O espírito da Igreja <strong>de</strong> Deus é o espírito do divino movimento. Seria<<strong>br</strong> />

ela idólatra, estéril ou infrutífera? Não; ela atua, m<strong>as</strong> sua ativida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do Espírito <strong>de</strong> Deus, que a move e a governa. O mesmo <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

acontecer <strong>com</strong> seus mem<strong>br</strong>os; para que sejam filhos espirituais da Igreja,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vem ser movimentados pelo Espírito.<<strong>br</strong> />

Como toda ação só po<strong>de</strong> ser estimada na proporção da gran<strong>de</strong>za e<<strong>br</strong> />

dignida<strong>de</strong> do princípio eficiente, esta ação é incontestavelmente mais<<strong>br</strong> />

NOBRE do que qualquer outra. Ações produzid<strong>as</strong> por um princípio<<strong>br</strong> />

divino, são DIVINAS; m<strong>as</strong>, ações da criatura, por melhor que possam<<strong>br</strong> />

parecer, são apen<strong>as</strong> HUMANAS, ou pelo menos virtuos<strong>as</strong>, mesmo que<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhad<strong>as</strong> pela graça.<<strong>br</strong> />

<strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> diz que Ele tem a Vida em Si: todos os outros seres<<strong>br</strong> />

possuem apen<strong>as</strong> uma vida emprestada; m<strong>as</strong> o Verbo possui a Vida em Si;<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicando a sua natureza, <strong>de</strong>seja concedê-la ao homem. Devemos fazer<<strong>br</strong> />

um espaço para os influxos <strong>de</strong>sta vida, o que só ocorre pela expulsão e<<strong>br</strong> />

perda da vida Adâmica e da supressão da ativida<strong>de</strong> do ser. Isto está <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

acordo <strong>com</strong> a afirmação <strong>de</strong> São Paulo: "E <strong>as</strong>sim, se alguém está em <strong>Cristo</strong>,


é nova criatura; <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> antig<strong>as</strong> já p<strong>as</strong>saram; eis que se fizeram nov<strong>as</strong>" (2<<strong>br</strong> />

Cor 5, 17), m<strong>as</strong> este estado só po<strong>de</strong> ser conquistado morrendo para nós<<strong>br</strong> />

mesmos e para tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s própri<strong>as</strong>, para que possam ser<<strong>br</strong> />

substituíd<strong>as</strong> pela ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

<strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> exemplificou no Evangelho. Marta fez o que era correto;<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong>, <strong>com</strong>o fez em seu próprio espírito, <strong>Cristo</strong> a reprovou. O espírito do<<strong>br</strong> />

homem é inquieto e turbulento; por esta razão ele realiza pouco, embora<<strong>br</strong> />

pareça fazer gran<strong>de</strong> coisa. "Marta", diz o <strong>Cristo</strong>, "and<strong>as</strong> inquieta e te<<strong>br</strong> />

preocupa <strong>com</strong> muit<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>;. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo<<strong>br</strong> />

uma só coisa; Maria pois escolheu aboa parte e esta não lhe será tirada".<<strong>br</strong> />

(Lc 10 41,42). E o que fez <strong>de</strong> Maria a escolhida? Repouso,<<strong>br</strong> />

tranqüilida<strong>de</strong> e paz. Ela aparentemente havia parado <strong>de</strong> agir, para<<strong>br</strong> />

que o Espírito <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong> agisse nela; ela parou <strong>de</strong> viver, para que<<strong>br</strong> />

<strong>Cristo</strong> pu<strong>de</strong>sse ser a sua vida.<<strong>br</strong> />

Isso mostra quão necessário é a renúncia <strong>de</strong> nós mesmos e <strong>de</strong> toda<<strong>br</strong> />

nossa ativida<strong>de</strong>, para seguir o <strong>Cristo</strong>; pois não po<strong>de</strong>mos segui-lo, se não<<strong>br</strong> />

formos animados pelo seu Espírito. Para que seu espírito possa ser<<strong>br</strong> />

admitido, é preciso que o nosso seja banido: "M<strong>as</strong> aquele que se une ao<<strong>br</strong> />

Senhor é um espírito <strong>com</strong> ele" (1 Cor. 6,17). Davi disse que era bom estar junto<<strong>br</strong> />

a Deus e Nele colocar o seu refúgio (Sl 73,28). O que é estar junto a Deus? É o<<strong>br</strong> />

princípio da união.<<strong>br</strong> />

A união divina tem o seu <strong>com</strong>eço, seu progresso, su<strong>as</strong> conquist<strong>as</strong> e<<strong>br</strong> />

sua consumação. A princípio, ela é uma inclinação para <strong>com</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

Quando a alma se encontra introvertida, do modo já <strong>de</strong>scrito, adquire a<<strong>br</strong> />

influência da atração central, e um ar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> união; este é o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eço. A alma se a<strong>de</strong>re a Ele na medida em que mais se aproxima e<<strong>br</strong> />

finalmente se torna um, ou seja, um espírito <strong>com</strong> Ele; então aquele espírito<<strong>br</strong> />

que se af<strong>as</strong>tou <strong>de</strong> Deus, retorna ao seu fim.<<strong>br</strong> />

Neste caminho, se faz necessário que penetremos o que é<<strong>br</strong> />

movimento divino e espírito <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>. São Paulo diz: "Se alguém não<<strong>br</strong> />

tem o espírito <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>, não pertence a ele" (Rm 8,9); portanto, para ser <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Cristo</strong>, é preciso estar preenchido do seu Espírito, e vazio do nosso<<strong>br</strong> />

próprio. O Apóstolo, na mesma p<strong>as</strong>sagem, prova a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<<strong>br</strong> />

divina influência: "Pois todos os que são guiados pelo Espírito <strong>de</strong> Deus são filhos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Deus" (Rm 8,14).


O espírito da filiação divina é, então, o espírito do movimento<<strong>br</strong> />

divino: ele acrescenta "Porque não recebestes o espírito <strong>de</strong> escravidão para<<strong>br</strong> />

viver<strong>de</strong>s outra vez atemorizados, m<strong>as</strong> recebestes o espírito <strong>de</strong> adoção,<<strong>br</strong> />

b<strong>as</strong>eados no qual clamamos: Aba, Pai (Rm 8, 15). Este espírito é o espírito<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>, através do qual participamos <strong>de</strong> sua filiação; "O próprio Espírito<<strong>br</strong> />

testifica <strong>com</strong> o nosso espírito que somos filhos <strong>de</strong> Deus" (Rm 8,16).<<strong>br</strong> />

Quando a alma se entrega à influência <strong>de</strong>ste Espírito abençoado,<<strong>br</strong> />

percebe o testemunho <strong>de</strong> sua divina filiação; ela sente também, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

redo<strong>br</strong>ada satisfação, que recebeu, não o espírito da escravidão, m<strong>as</strong> o da<<strong>br</strong> />

liberda<strong>de</strong>, a liberda<strong>de</strong> dos filhos <strong>de</strong> Deus; <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>e que age livre e<<strong>br</strong> />

docemente, ainda que <strong>com</strong> vigor e infalibilida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

O espírito da ação divina é tão necessário em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, que<<strong>br</strong> />

São Paulo, na mesma p<strong>as</strong>sagem <strong>com</strong>enta so<strong>br</strong>e a dificulda<strong>de</strong> em saber o<<strong>br</strong> />

que pedir quando oramos: "O Espírito socorre a nossa fraqueza. Pois não<<strong>br</strong> />

sabemos o que pedir <strong>com</strong>o convém; m<strong>as</strong> o próprio Espírito interce<strong>de</strong> por nós <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

gemidos inefáveis" (Rm 8,26): Isso b<strong>as</strong>ta. Se não sabemos o que precisamos e<<strong>br</strong> />

nem orar <strong>com</strong>o convém, e se o Espírito que está em nós, e ao qual nos<<strong>br</strong> />

resignamos, <strong>de</strong>ve pedir por nós, não <strong>de</strong>veríamos permitir que Ele dê<<strong>br</strong> />

abertura aos inefáveis gemidos à nosso favor?<<strong>br</strong> />

Este Espírito é o Espírito do Verbo, que é sempre ouvido, enquanto<<strong>br</strong> />

diz a Si mesmo: "Eu sabia que sempre me ouves" (Jo 11,42); se admitirmos<<strong>br</strong> />

livremente que este Espírito ore e interceda por nós, também seremos<<strong>br</strong> />

sempre ouvidos. Por que? Aprendamos do mesmo gran<strong>de</strong> Apóstolo, o<<strong>br</strong> />

Místico habilidoso e Mestre da vida interior, quando acrescenta: "e aquele<<strong>br</strong> />

que perscruta os corações sabe qual o <strong>de</strong>sejo do Espírito; pois, é segundo Deus que<<strong>br</strong> />

ele interce<strong>de</strong> pelos santos" (Rm 8,27); ou seja, o Espírito <strong>de</strong>manda apen<strong>as</strong> o<<strong>br</strong> />

que está em conformida<strong>de</strong> <strong>com</strong> a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é<<strong>br</strong> />

que sejamos salvos e que nos tornemos perfeitos. Ele, portanto, interce<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

para que seja feito todo o necessário para a nossa perfeição.<<strong>br</strong> />

Por que então, <strong>de</strong>veríamos per<strong>de</strong>r tempo <strong>com</strong> cois<strong>as</strong> supérflu<strong>as</strong>, e<<strong>br</strong> />

nos per<strong>de</strong>r na multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos caminhos, sem ao menos dizer,<<strong>br</strong> />

vamos <strong>de</strong>scansar em paz. O próprio Deus nos convida a <strong>de</strong>ixar tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

preocupações por Ele; Ele reclama em Isai<strong>as</strong>, <strong>com</strong> inefável bonda<strong>de</strong>, que a<<strong>br</strong> />

alma tem <strong>de</strong>sperdiçado seus po<strong>de</strong>res e seus tesouros <strong>com</strong> milhares <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

questões exteriores, quando há tão pouco a fazer para obter tudo o que<<strong>br</strong> />

precisa e <strong>de</strong>seja: "Por que g<strong>as</strong>tais dinheiro <strong>com</strong> aquilo que não é pão, e o produto


do vosso trabalho <strong>com</strong> aquilo que não po<strong>de</strong> satisfazer? Ouvi-me <strong>com</strong> toda atenção<<strong>br</strong> />

e <strong>com</strong>ei o que é bom: haveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>leitar-vos <strong>com</strong> manjares revigorantes" (Is. 55,2).<<strong>br</strong> />

O se ao menos conhecêssemos <strong>as</strong> benções <strong>de</strong> ouvir a Deus, e <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

alma se fortalece <strong>com</strong> isso! "Silêncio, toda carne, diante do Senhor" (Zc 2,13);<<strong>br</strong> />

tudo <strong>de</strong>ve parar tão logo Ele apareça. M<strong>as</strong> para nos <strong>com</strong>prometermos<<strong>br</strong> />

ainda mais a um abandono, sem reserv<strong>as</strong>, Deus nos <strong>as</strong>segura, através do<<strong>br</strong> />

mesmo profeta, <strong>de</strong> que nada <strong>de</strong>vemos temer, porque ele cuida<<strong>br</strong> />

especialmente <strong>de</strong> nós: "Por ac<strong>as</strong>o uma mulher se esquecerá da sua criancinha <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

peito? Não se <strong>com</strong>pa<strong>de</strong>cerá ela do filho do seu ventre? Ainda que <strong>as</strong> mulheres se<<strong>br</strong> />

esquecessem eu não me esqueceria <strong>de</strong> ti" (Is. 49,15). Ó, palavr<strong>as</strong> replet<strong>as</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

consolo! Quem então temeria abandonar-se totalmente à orientação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Deus?<<strong>br</strong> />

22. O Estado Constante<<strong>br</strong> />

Os atos são distintos em interiores e exteriores. Exteriores são os que<<strong>br</strong> />

aparecem externamente, têm relação <strong>com</strong> algum <strong>as</strong>sunto perceptível e não<<strong>br</strong> />

tem caráter moral, exceto aqueles <strong>de</strong>rivados do princípio do qual<<strong>br</strong> />

proce<strong>de</strong>m. Pretendo tratar aqui unicamente dos atos interiores, <strong>as</strong> energi<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

da alma, através d<strong>as</strong> quais ela se volta internamente para alguns <strong>as</strong>suntos<<strong>br</strong> />

e se af<strong>as</strong>ta <strong>de</strong> outros.<<strong>br</strong> />

Se durante minha <strong>de</strong>voção a Deus, tivesse que formar uma vonta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

para transformar a natureza <strong>de</strong> meu ato, <strong>de</strong>veria me af<strong>as</strong>tar <strong>de</strong> Deus e me<<strong>br</strong> />

voltar para <strong>as</strong>suntos criados, num maior ou menor grau, segundo a força<<strong>br</strong> />

do ato: e se, quando estiver voltada para a criatura, quisesse retornar a<<strong>br</strong> />

Deus, <strong>de</strong>veria necessariamente formar um ato para este propósito; quanto<<strong>br</strong> />

mais perfeito for este ato, mais <strong>com</strong>pleta é a conversão.<<strong>br</strong> />

Até que esta conversão seja perfeita, muitos atos reiterados são<<strong>br</strong> />

necessários; pois a conversão ocorre <strong>de</strong> forma progressiva, embora para<<strong>br</strong> />

alguns seja instantânea. Meu ato, contudo, <strong>de</strong>ve se constituir num<<strong>br</strong> />

contínuo voltar-se para Deus, um exercício <strong>de</strong> cada faculda<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r da<<strong>br</strong> />

alma puramente por Ele, <strong>de</strong> acordo às instruções do filho <strong>de</strong> Sirac: "Ilu<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tu<strong>as</strong> inquietações, consola teu coração, af<strong>as</strong>ta para longe a tristeza" (Ec 30,24); e<<strong>br</strong> />

ao exemplo <strong>de</strong> Davi: "Vou manter toda minha força por ti" (SI 59,9, vulg.);<<strong>br</strong> />

isso se faz através do reentrar em nós mesmos; é <strong>com</strong>o diz Isai<strong>as</strong>: "Volte-se<<strong>br</strong> />

para o seu coração" (Is 46,8 vulg.). Pois, nos <strong>de</strong>sviamos <strong>de</strong> nossos corações


através do pecado, e é unicamente o nosso coração o que Deus requer:<<strong>br</strong> />

"Meu filho, dá-me o teu coração, e que teus olhos gostem dos meus caminhos" (Pr.<<strong>br</strong> />

23,26). Entregar o coração a Deus, é ter toda a energia da alma centrada<<strong>br</strong> />

Nele, sempre, a fim <strong>de</strong> estarmos <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> Sua vonta<strong>de</strong>. Devemos,<<strong>br</strong> />

portanto, continuar invariavelmente voltados a Deus, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> nossa<<strong>br</strong> />

primeira petição.<<strong>br</strong> />

M<strong>as</strong>, sendo o espírito instável, e a alma acostumada a se voltar para<<strong>br</strong> />

o exterior, distrair-se é muito fácil. Este mal po<strong>de</strong> ser contido se nos<<strong>br</strong> />

recolocarmos instantaneamente Nele, tão logo percebamos o <strong>de</strong>svio, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

um ato puro <strong>de</strong> retorno a Deus; tal ato <strong>de</strong>ve ser mantido enquanto durar a<<strong>br</strong> />

conversão, pela po<strong>de</strong>rosa influência <strong>de</strong> um simples e sincero retorno a<<strong>br</strong> />

Deus.<<strong>br</strong> />

Como muitos atos reiterados formam um hábito, a alma adquire o<<strong>br</strong> />

hábito da conversão; e aquele ato distinto e anteriormente interrompido<<strong>br</strong> />

torna-se habitual.<<strong>br</strong> />

A alma não precisa ficar perplexa, então, so<strong>br</strong>e formar um ato já<<strong>br</strong> />

mantido, e que, <strong>de</strong> fato, não se po<strong>de</strong> tentar formar sem gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>;<<strong>br</strong> />

ela até <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>e que é retirada <strong>de</strong> seu próprio estado, <strong>com</strong> a pretensão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

buscar aquilo que é, na realida<strong>de</strong>, adquirido, tendo em vista o hábito já<<strong>br</strong> />

formado, e que é confirmado na conversão e no amor habitual. Trata-se <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

buscar um ato <strong>com</strong> o auxílio <strong>de</strong> muitos, ao invés <strong>de</strong> se apegar a Deus por<<strong>br</strong> />

um único ato simples.<<strong>br</strong> />

Devemos frisar, que às vezes formamos muitos atos distintos porém,<<strong>br</strong> />

simples; o que mostra que estivemos perdidos, e que reentramos em nosso<<strong>br</strong> />

coração após ter <strong>de</strong>le se af<strong>as</strong>tado; <strong>as</strong>sim que reentramos ali, <strong>de</strong>vemos<<strong>br</strong> />

permanecer em paz. Erramos, portanto, ao supor que não <strong>de</strong>vemos formar<<strong>br</strong> />

atos; os formamos continuamente: m<strong>as</strong> que estejam <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o grau <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

nosso avanço espiritual.<<strong>br</strong> />

A gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> da maioria d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> espiritualizad<strong>as</strong> surge<<strong>br</strong> />

da não <strong>com</strong>preensão <strong>de</strong>ste <strong>as</strong>sunto. Alguns atos são transitórios e distintos,<<strong>br</strong> />

outros são contínuos; alguns são diretos, outros reflexivos. Nossos atos não<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m ser todos <strong>br</strong>eves e distintos; nem todos estão num estado<<strong>br</strong> />

apropriado para serem contínuos. Os primeiros são próprios daquele que<<strong>br</strong> />

se extraviou; este precisa se esforçar mais, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a extensão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

seu <strong>de</strong>svio; se o <strong>de</strong>svio é irrelevante, um ato simples é suficiente.


Ato contínuo é aquele pelo qual a alma se encontra totalmente<<strong>br</strong> />

voltada para Deus por um ato direto, que é sempre permanente e que<<strong>br</strong> />

nunca é renovado, a menos que interrompido. Quando a alma se encontra<<strong>br</strong> />

neste estado ela está em carida<strong>de</strong> e habita na carida<strong>de</strong>; "E nós temos<<strong>br</strong> />

reconhecido o amor <strong>de</strong> Deus por nós, e nele acreditamos. Deus é Amor:<<strong>br</strong> />

aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele"<<strong>br</strong> />

(1 Jo 4, 16). A alma, então, existe e repousa neste ato habitual. Ela está livre<<strong>br</strong> />

da lentidão pois, ainda há um ato ininterrupto e permanente, que é um<<strong>br</strong> />

doce mergulhar na Divinda<strong>de</strong>, cuja atração se torna mais e mais po<strong>de</strong>rosa.<<strong>br</strong> />

Seguindo está potente atração e habitando no amor e na carida<strong>de</strong>, a alma<<strong>br</strong> />

mergulha continuamente e mais profundo naquele Amor, mantendo uma<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong> infinitamente mais po<strong>de</strong>rosa, vigorosa e efetiva do que aquela<<strong>br</strong> />

que serviu para alcançar seu primeiro retorno.<<strong>br</strong> />

Ora, a alma profunda e vigorosamente ativa, totalmente entregue a<<strong>br</strong> />

Deus, não percebe este ato, porque se trata <strong>de</strong> um ato direto e não<<strong>br</strong> />

reflexivo. Esta é a razão pela qual alguns, não se expressando<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quadamente, afirmam não atuar; isso é um engano, pois nunca<<strong>br</strong> />

estiveram mais verda<strong>de</strong>ira e no<strong>br</strong>emente ativos; <strong>de</strong>veriam dizer que não<<strong>br</strong> />

distingue seus atos, e não que não agem. Garanto que não agem por eles<<strong>br</strong> />

mesmos; m<strong>as</strong>, são atraídos e seguem a atração. O Amor é o peso que os<<strong>br</strong> />

fazem mergulhar. Como alguém que cai no mar, mergulhariam mais e<<strong>br</strong> />

mais fundo por toda eternida<strong>de</strong>, se o mar fosse infinito, para que<<strong>br</strong> />

pu<strong>de</strong>ssem, sem perceber a <strong>de</strong>scida, gotejar <strong>com</strong> inconcebível rapi<strong>de</strong>z n<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

maiores profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

É portanto, impróprio dizer que não atuamos; todos formamos atos,<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong> a maneira que o formamos não é a mesma para todos. O erro ocorre<<strong>br</strong> />

aqui: todos os que sabem que <strong>de</strong>vem atuar <strong>de</strong>sejam fazê-lo <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />

distinta e perceptível; isso não é possível; atos sensíveis são para<<strong>br</strong> />

principiantes; há outros para aqueles num estado mais avançado. Parar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os primeiros, que são fracos e pouco benéficos, é nos privar dos<<strong>br</strong> />

segundos; da mesma forma, tentar alcançar o segundo, sem p<strong>as</strong>sar pelo<<strong>br</strong> />

primeiro não é um erro menor.<<strong>br</strong> />

"Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito <strong>de</strong>baixo<<strong>br</strong> />

do céu"(Ec 3,1): todo estado tem seu início, seu progresso e sua<<strong>br</strong> />

consumação; trata-se <strong>de</strong> um erro infeliz parar no princípio. Não há ciência<<strong>br</strong> />

senão on<strong>de</strong> houver progresso; primeiro, trabalhamos pesado, m<strong>as</strong> no final,<<strong>br</strong> />

colhemos o fruto do nosso esforço.


Quando uma caravela está no porto, os marinheiros são o<strong>br</strong>igados a<<strong>br</strong> />

empregar toda força, a fim <strong>de</strong> limpá-la a tempo e colocá-la ao mar; <strong>de</strong>pois<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m diminuir o ritmo. Da mesma forma, enquanto a alma permanece<<strong>br</strong> />

no pecado e na criatura, muitos esforços são requisitados para efetivar sua<<strong>br</strong> />

liberda<strong>de</strong>; os cabos que a pren<strong>de</strong>m <strong>de</strong>vem ser soltos; <strong>com</strong> gran<strong>de</strong>s e<<strong>br</strong> />

vigorosos esforços a alma concentra-se no interior, sendo dragada<<strong>br</strong> />

gradualmente do velho porto do Eu; <strong>de</strong>ixando-o para trás, prossegue,<<strong>br</strong> />

mais e mais, ao interior ou ao céu tão <strong>de</strong>sejado.<<strong>br</strong> />

Quando a caravela inicia viagem <strong>de</strong>ixa a praia ao longe; quanto mais<<strong>br</strong> />

longe está da terra, menor trabalho é requisitado para avançar. Aos<<strong>br</strong> />

poucos ela se torna fácil <strong>de</strong> navegar, e segue rapidamente seu curso, a<<strong>br</strong> />

ponto <strong>de</strong> se colocar os esforços <strong>de</strong> lado. Com que se ocupa então o capitão?<<strong>br</strong> />

Contenta-se em espalhar <strong>as</strong> vel<strong>as</strong> e segurar o leme. Espalhar <strong>as</strong> vel<strong>as</strong> é<<strong>br</strong> />

curvar-se diante <strong>de</strong> Deus, na oração da simples exposição, a fim <strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

movimentado por seu Espírito; segurar o leme é impedir que o coração se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>svie do verda<strong>de</strong>iro curso, chamando-o novamente e <strong>de</strong> forma gentil<<strong>br</strong> />

para que seja guiado <strong>com</strong> firmeza pelos ditames do Espírito <strong>de</strong> Deus, que<<strong>br</strong> />

gradualmente ganha posse do coração, <strong>as</strong>sim <strong>com</strong>o a <strong>br</strong>isa empurra <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

vel<strong>as</strong> e movimenta o barco. Enquanto os ventos são calmos, os<<strong>br</strong> />

marinheiros e o capitão <strong>de</strong>scansam do trabalho. Que progresso eles<<strong>br</strong> />

garantem agora, sem gran<strong>de</strong>s esforços! Avançam mais em uma hora,<<strong>br</strong> />

enquanto <strong>de</strong>scansam e <strong>de</strong>ixam a caravela ao vento, do que avançavam em<<strong>br</strong> />

um longo período <strong>de</strong> tempo e por seus próprios esforços; mesmo que<<strong>br</strong> />

quisessem se esforçar mais, neste momento, além <strong>de</strong> se cansarem iriam<<strong>br</strong> />

apen<strong>as</strong> retardar a caravela <strong>com</strong> esforços inúteis.<<strong>br</strong> />

Assim é o nosso próprio curso interior; avançamos mais pelo<<strong>br</strong> />

impulso divino, num curto espaço <strong>de</strong> tempo, do que através <strong>de</strong> muitos<<strong>br</strong> />

atos reiterados <strong>de</strong> auto-esforço. Quem se arriscar neste caminho, verá que<<strong>br</strong> />

é o mais fácil do mundo.<<strong>br</strong> />

Se o vento for contrário e trazer uma tempesta<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vemos lançar<<strong>br</strong> />

âncora ao mar, para segurar o barco. Esta âncora é simplesmente a<<strong>br</strong> />

confiança em Deus e a esperança em sua bonda<strong>de</strong>, aguardando<<strong>br</strong> />

pacientemente o acalmar da tempesta<strong>de</strong> e o retorno <strong>de</strong> um vento<<strong>br</strong> />

favorável; <strong>as</strong>sim fez Davi: "Esperei ansiosamente por Iahweh: ele se<<strong>br</strong> />

inclinou para mim e ouviu o meu grito" (Sl. 40,1). Devemos nos resignar<<strong>br</strong> />

ao Espírito <strong>de</strong> Deus, nos entregando totalmente à Sua orientação.


23. Aos O<strong>br</strong>eiros Cristãos<<strong>br</strong> />

Ao chegarmos perto do fim <strong>de</strong>ste pequeno livro, gostaria <strong>de</strong> dirigirme,<<strong>br</strong> />

numa palavra <strong>de</strong> exortação, aos o<strong>br</strong>eiros cristãos que estão<<strong>br</strong> />

encarregados <strong>de</strong> novos convertidos.<<strong>br</strong> />

Consi<strong>de</strong>remos a presente situação. Ao nosso <strong>de</strong>rredor, muitos<<strong>br</strong> />

cristãos estão procurando converter os perdidos a <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>. Qual a<<strong>br</strong> />

melhor maneira <strong>de</strong> fazê-lo? E, uma vez que se tenham convertido, qual a<<strong>br</strong> />

melhor maneira <strong>de</strong> ajudá-los para que alcancem plena perfeição em <strong>Cristo</strong>?<<strong>br</strong> />

O modo <strong>de</strong> alcançar os perdidos é pelo coração. Se um novo<<strong>br</strong> />

convertido for introduzido à verda<strong>de</strong>ira oração e à verda<strong>de</strong>ira experiência<<strong>br</strong> />

interior <strong>com</strong> <strong>Cristo</strong>, tão logo seja convertido, você verá um incontável<<strong>br</strong> />

número <strong>de</strong> convertidos tornando-se verda<strong>de</strong>iros discípulos.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, po<strong>de</strong>-se ver que a maneira usada para tratar <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

eles, isto é, lidando <strong>com</strong> os <strong>as</strong>suntos externos <strong>de</strong> su<strong>as</strong> vid<strong>as</strong>, traz pouco<<strong>br</strong> />

fruto. So<strong>br</strong>ecarregando os novos convertidos <strong>com</strong> incontáveis regr<strong>as</strong> e<<strong>br</strong> />

toda sorte <strong>de</strong> padrões, não os ajudamos a crescerem em <strong>Cristo</strong>. Eis aqui o<<strong>br</strong> />

que <strong>de</strong>ve ser feito: o novo cristão <strong>de</strong>ve ser conduzido a Deus! Como?<<strong>br</strong> />

Apren<strong>de</strong>ndo a voltar-se interiormente para <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> e dando ao<<strong>br</strong> />

Senhor todo seu coração.<<strong>br</strong> />

Se você é um dos encarregados <strong>de</strong> novos convertidos, guie-os a um<<strong>br</strong> />

real conhecimento interior <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong> <strong>Jesus</strong>. Oh, que diferença haveria n<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

vid<strong>as</strong> <strong>de</strong>sses novos cristãos! Consi<strong>de</strong>re os resultados! Veríamos o simples<<strong>br</strong> />

agricultor, g<strong>as</strong>tando os seus di<strong>as</strong> na bênção da presença <strong>de</strong> Deus,<<strong>br</strong> />

enquanto ara seu campo. O p<strong>as</strong>tor, enquanto vigia seus rebanhos, teria o<<strong>br</strong> />

mesmo <strong>de</strong>sprendido amor pelo Senhor que marcou os cristãos primitivos.<<strong>br</strong> />

O operário, enquanto a trabalhar <strong>com</strong> seu homem exterior, seria removido<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> fortalecimento em seu homem interior.<<strong>br</strong> />

Veríamos cada uma <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> a retirar <strong>de</strong> sua vida cada tipo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

pecado; todos se tornariam homens e mulheres espirituais, <strong>com</strong> seus<<strong>br</strong> />

corações postos no conhecimento e na experiência <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

Para o novo convertido – <strong>de</strong> fato, para todos nós – o coração é <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

todo importante, se quisermos avançar em <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

Uma vez que o coração seja conquistado por Deus, tudo o mais se<<strong>br</strong> />

acertará, oportunamente. Esta é a razão pela qual Ele requer o coração<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e tudo o mais.


Querido leitor, é ganhando seu coração, e não por outro meio<<strong>br</strong> />

qualquer, que seus pecados po<strong>de</strong>m ser abandonados. Se o coração pu<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

ser ganho, <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> reinará em paz, e toda a Igreja será renovada.<<strong>br</strong> />

De fato, estamos discutindo a própria coisa que fez <strong>com</strong> que a Igreja<<strong>br</strong> />

Primitiva per<strong>de</strong>sse sua vida e sua beleza. Foi a perda <strong>de</strong> uma relação<<strong>br</strong> />

profunda, interior, espiritual, <strong>com</strong> <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

Contrariamente, a Igreja po<strong>de</strong>ria ser restaurada logo se essa relação<<strong>br</strong> />

interior fosse recuperada!<<strong>br</strong> />

Isso não é tudo! Exatamente agora, lí<strong>de</strong>res cristãos estão muito<<strong>br</strong> />

preocupados, <strong>com</strong> medo <strong>de</strong> que o povo do Senhor venha a cair em algum<<strong>br</strong> />

erro doutrinário. Oh, m<strong>as</strong> quando os cristãos crêem em <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> e se<<strong>br</strong> />

aproximam Dele, não há o menor perigo <strong>de</strong> que tal coisa venha a<<strong>br</strong> />

acontecer!<<strong>br</strong> />

Você po<strong>de</strong> estar certo <strong>de</strong> que se um cristão af<strong>as</strong>tar-se do Senhor,<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> discutir doutrina e envolver-se em argumentos durante o dia todo,<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong> nada disso o ajudará! Discussões sem fim apen<strong>as</strong> trazem mais<<strong>br</strong> />

confusão. O que cada crente necessita é <strong>de</strong> alguém que o dirija para a<<strong>br</strong> />

simples fé em <strong>Cristo</strong> <strong>Jesus</strong> e a voltar-se intimamente para Ele. Se qualquer<<strong>br</strong> />

crente <strong>as</strong>sim o fizer, logo será levado à <strong>com</strong>unhão <strong>com</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

Que tremendo dano os novos cristãos – <strong>de</strong> fato, a maioria dos<<strong>br</strong> />

cristãos – sofrem por causa da perda <strong>de</strong> uma relação espiritual, interior,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

Vocês que estão em autorida<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e crentes novos, um dia darão<<strong>br</strong> />

cont<strong>as</strong> a Deus por aqueles que lhes foram confiados pelo Senhor. Terão<<strong>br</strong> />

que dar cont<strong>as</strong> do fato <strong>de</strong> não terem <strong>de</strong>scoberto para vocês mesmos este<<strong>br</strong> />

tesouro oculto – esta relação interior <strong>com</strong> <strong>Cristo</strong> – e também serão<<strong>br</strong> />

avaliados por não terem dado esse tesouro àqueles que estão sob seu<<strong>br</strong> />

encargo. Naquele dia, vocês não serão <strong>de</strong>sculpados, por dizerem que este<<strong>br</strong> />

caminhar <strong>com</strong> o Senhor é muito perigoso, ou que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> simples, sem<<strong>br</strong> />

instrução, são incapazes <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> espirituais. A Escritura<<strong>br</strong> />

simplesmente não valida tais excus<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

E a respeito <strong>de</strong> perigos <strong>de</strong>ste andar, há algum? Que perigo po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

haver no único verda<strong>de</strong>iro caminho: em <strong>Cristo</strong> <strong>Jesus</strong>? Que perigo há em<<strong>br</strong> />

dar-se <strong>com</strong>pletamente ao Senhor <strong>Jesus</strong> e em fixar toda sua atenção<<strong>br</strong> />

continuamente Nele? Po<strong>de</strong> advir qualquer ameaça pelo fato <strong>de</strong> você


colocar toda sua confiança em Sua graça e em amá-Lo puramente <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

todo o amor e paixão <strong>de</strong> que seu coração for capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramar?<<strong>br</strong> />

Quanto aos simples e não instruídos, não é verda<strong>de</strong> que sejam<<strong>br</strong> />

incapazes <strong>de</strong>sta relação interior <strong>com</strong> <strong>Cristo</strong>. O contrário é que é verda<strong>de</strong>iro.<<strong>br</strong> />

São estes, <strong>de</strong> fato, os mais dispostos a isso.<<strong>br</strong> />

O Senhor ama os que andam <strong>de</strong> modo simples (Pv 12.22). Sua<<strong>br</strong> />

humilda<strong>de</strong>, sua natural confiança em Deus, e sua obediência, tornam mais<<strong>br</strong> />

fácil o voltarem-se para <strong>de</strong>ntro e seguirem o Espírito do Senhor. Para isso,<<strong>br</strong> />

estão mais qualificados do que a maioria! Veja: esses crentes simples não<<strong>br</strong> />

estão acostumados a análises, não têm o hábito <strong>de</strong> discutir pontos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>bate <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, estão prontos a abandonar su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

opiniões.<<strong>br</strong> />

Sim, falta-lhes uma parcela consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> instrução e <strong>de</strong> treino<<strong>br</strong> />

religioso; portanto, estão mais livres e prontos a seguirem a direção do<<strong>br</strong> />

Espírito. Outr<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> – mais dotad<strong>as</strong>, melhor educad<strong>as</strong> e treinad<strong>as</strong> em<<strong>br</strong> />

teologia – são freqüentemente limitad<strong>as</strong> e mesmo ceg<strong>as</strong> por sua riqueza<<strong>br</strong> />

espiritual! Tais pesso<strong>as</strong> seguidamente oferecem gran<strong>de</strong> resistência à unção<<strong>br</strong> />

interior e à li<strong>de</strong>rança do Espírito do Senhor. O salmista nos diz:<<strong>br</strong> />

“A revelação d<strong>as</strong> tu<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> esclarece, e dá entendimento aos<<strong>br</strong> />

simples” (Sl 119.130).<<strong>br</strong> />

Mais ainda, temos recebido a segurança <strong>de</strong> que o Senhor ama dar-Se<<strong>br</strong> />

àqueles que Dele necessitam: “O Senhor vela pelos simples; achava-me<<strong>br</strong> />

prostrado e ele me salvou” (Sl 116.6).<<strong>br</strong> />

Se você é alguém que tem novos crentes sob seu cuidado, seja<<strong>br</strong> />

cuidadoso para não impedir est<strong>as</strong> “crianç<strong>as</strong>” <strong>de</strong> irem a <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>e-se <strong>de</strong> que Ele disse aos Seus primeiros discípulos: “Deixai os<<strong>br</strong> />

pequeninos, não os embaraceis <strong>de</strong> vir a mim, porque <strong>de</strong>les é o reino dos<<strong>br</strong> />

céus” (Mt 19.14). (Foi dos discípulos a tentativa <strong>de</strong> impedir <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

irem a <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>, a qual provocou esta afirmação Sua.)<<strong>br</strong> />

Tem sido o hábito do homem, através dos tempos, curar pesso<strong>as</strong>,<<strong>br</strong> />

aplicando algum remédio ao corpo exterior, quando, <strong>de</strong> fato, o mal está<<strong>br</strong> />

profundamente enraizado. Por que tantos convertidos permanecem<<strong>br</strong> />

b<strong>as</strong>icamente os mesmos, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> tanto esforço? É porque os que<<strong>br</strong> />

estão so<strong>br</strong>e eles lidam apen<strong>as</strong> <strong>com</strong> <strong>as</strong>suntos exteriores <strong>de</strong> su<strong>as</strong> vid<strong>as</strong>. Há<<strong>br</strong> />

um caminho melhor: vá direto ao seu coração!


Estabelecendo regr<strong>as</strong> e tentando mudar o <strong>com</strong>portamento exterior,<<strong>br</strong> />

não produziremos uma o<strong>br</strong>a que permaneça na vida <strong>de</strong> um cristão.<<strong>br</strong> />

Qual a resposta, então? Dê ao novo convertido a chave <strong>de</strong> seu<<strong>br</strong> />

espírito, para entrar n<strong>as</strong> partes mais profund<strong>as</strong> <strong>de</strong> seu ser!<<strong>br</strong> />

Dê-lhe este segredo primeiro, e você <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>irá que sua vida<<strong>br</strong> />

exterior será mudada natural e facilmente.<<strong>br</strong> />

A realização <strong>de</strong> tudo isso é muito fácil. Como? Simplesmente ensine<<strong>br</strong> />

os crentes a procurarem Deus <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu próprio coração. Mostre aos<<strong>br</strong> />

novos crentes que eles po<strong>de</strong>m fixar sua mente em <strong>Cristo</strong> <strong>Jesus</strong> e que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m se voltar para Ele, sempre que se distraírem ou se dispersarem.<<strong>br</strong> />

Mais ainda, mostre-lhes que tudo <strong>de</strong>veriam fazer e suportar <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

simplicida<strong>de</strong>, para agradar a Deus. Que diferença isso fará! O novo<<strong>br</strong> />

convertido será levado a <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>; <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>irá que o Senhor <strong>Jesus</strong> é a<<strong>br</strong> />

fonte <strong>de</strong> toda a graça, e verá que Nele está tudo que é necessário à vida e à<<strong>br</strong> />

pieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

A você, <strong>de</strong>spenseiro d<strong>as</strong> alm<strong>as</strong> dos homens, exorto-o a guiar os<<strong>br</strong> />

jovens em <strong>Cristo</strong> <strong>de</strong>sta maneira. Por quê? Porque esta maneira é <strong>Jesus</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Cristo</strong>. Não eu, m<strong>as</strong> é o próprio <strong>Cristo</strong> quem insiste <strong>com</strong> você, pelo Seu<<strong>br</strong> />

sangue que foi <strong>de</strong>rramado por esses crentes.<<strong>br</strong> />

“Falai ao coração <strong>de</strong> Jerusalém” (Is 40.2).<<strong>br</strong> />

Pregadores <strong>de</strong> Sua Palavra! Despenseiros <strong>de</strong> Sua graça!<<strong>br</strong> />

Ministros <strong>de</strong> Sua Vida! Vocês precisam estabelecer o Seu reino.<<strong>br</strong> />

A fim <strong>de</strong> o fazerem, tornem-No o Soberano so<strong>br</strong>e o coração.<<strong>br</strong> />

Enfatizarei novamente: o coração é a chave. Somente o coração se<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> opor à Sua soberania. M<strong>as</strong>, por outro lado, ganhando-se o coração, a<<strong>br</strong> />

soberania do Senhor na vida do crente é confessada e altamente honrada.<<strong>br</strong> />

“Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; seja ele o vosso temor;<<strong>br</strong> />

seja ele o vosso <strong>as</strong>som<strong>br</strong>o” (Is 8.13).<<strong>br</strong> />

Ensine esta simples experiência, esta oração do coração.<<strong>br</strong> />

Não ensine métodos; não ensine algum meio soberbo, elevado, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

orar. Ensine a oração do Espírito <strong>de</strong> Deus, não a da invenção humana.<<strong>br</strong> />

Tomem nota! Vocês que ensinam os crentes a orar em form<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

elaborad<strong>as</strong> e repetições sem sentido! Vocês realmente criam o maior


problema que os novos cristãos têm. Os filhos têm sido af<strong>as</strong>tados pelos<<strong>br</strong> />

melhores pais. O crente novo tem se tornado <strong>de</strong>m<strong>as</strong>iado consciente <strong>de</strong> seu<<strong>br</strong> />

estilo <strong>de</strong> oração, preocupado <strong>de</strong>mais em <strong>com</strong>o orar. Mais ainda, tem<<strong>br</strong> />

aprendido uma linguagem muito refinada e <strong>de</strong>m<strong>as</strong>iado elevada.<<strong>br</strong> />

O caminho simples para Deus tem sido escondido. Você é um novo<<strong>br</strong> />

cristão? Vá, então, po<strong>br</strong>e criança, ao seu amoroso Pai. Fale-Lhe<<strong>br</strong> />

honestamente em su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>. Não importa quão ru<strong>de</strong>s e<<strong>br</strong> />

simples el<strong>as</strong> sejam, não o serão para Ele!<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>rá parecer que su<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> são obscur<strong>as</strong> e confus<strong>as</strong>.<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong>rá acontecer que, às vezes, você esteja tão cheio <strong>de</strong> amor e tão<<strong>br</strong> />

atemorizado na Sua presença, que você não saiba <strong>com</strong>o falar. Está tudo<<strong>br</strong> />

certo! Seu Pai fica muito mais feliz <strong>com</strong> est<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>, palavr<strong>as</strong> que Ele vê<<strong>br</strong> />

que se <strong>de</strong>rramam do coração cheio <strong>de</strong> amor, do que po<strong>de</strong>ria ficar por<<strong>br</strong> />

palavr<strong>as</strong> <strong>de</strong> efeito elaborado que são sec<strong>as</strong> e sem vida.<<strong>br</strong> />

As emoções simples, não disfarçad<strong>as</strong>, <strong>de</strong> amor, expressam<<strong>br</strong> />

infinitamente mais para Ele do que <strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> <strong>de</strong> qualquer linguagem.<<strong>br</strong> />

Por alguma razão, os homens tentam amar a Deus por form<strong>as</strong> e<<strong>br</strong> />

regr<strong>as</strong>. Você po<strong>de</strong> perceber que foi por ess<strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> form<strong>as</strong> e regr<strong>as</strong> que<<strong>br</strong> />

você tem perdido tanto daquele amor.<<strong>br</strong> />

Como é necessário ensinar a arte <strong>de</strong> amar! A linguagem do amor é<<strong>br</strong> />

estranha e artificial ao homem que não ama. Oh, m<strong>as</strong> é perfeitamente<<strong>br</strong> />

natural a quem ama. E <strong>com</strong>o O amará você?<<strong>br</strong> />

É <strong>as</strong>som<strong>br</strong>oso e <strong>de</strong>licioso perceber que os mais simples dos cristãos<<strong>br</strong> />

são os que mais freqüentemente e mais rapidamente progri<strong>de</strong>m em uma<<strong>br</strong> />

relação interior <strong>com</strong> <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>! Por quê? Porque o Espírito <strong>de</strong> Deus<<strong>br</strong> />

simplesmente não precisa <strong>de</strong> noss<strong>as</strong> <strong>de</strong>corações!<<strong>br</strong> />

Os mais simples po<strong>de</strong>m conhecê-Lo e do modo mais profundo, sem<<strong>br</strong> />

qualquer ajuda <strong>de</strong> rituais, fórmul<strong>as</strong> ou instruções teológic<strong>as</strong>! Quando isso<<strong>br</strong> />

Lhe agrada, Ele transforma operários em profet<strong>as</strong>! Não, Ele não retira o<<strong>br</strong> />

homem do templo interior da oração. Ao contrário! Ele a<strong>br</strong>e largamente <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

port<strong>as</strong> para que todos entrem nele!<<strong>br</strong> />

“Quem é simples, volte-se para aqui. Aos faltos <strong>de</strong> senso diz: Vin<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ei do meu pão, e bebei do vinho que misturei” (Pv 9.4-5).<<strong>br</strong> />

O Senhor <strong>Jesus</strong> agra<strong>de</strong>ceu ao Pai por ter ocultado “est<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> aos<<strong>br</strong> />

sábios e entendidos” e <strong>as</strong> ter revelado “aos pequeninos” (Mt 11.25).


24. A Realização Final do Cristão<<strong>br</strong> />

É impossível atingir a União Divina somente pela meditação, através<<strong>br</strong> />

dos sentimentos ou por qualquer <strong>de</strong>voção, não importa o quanto seja<<strong>br</strong> />

iluminada. Há muit<strong>as</strong> razões para isso, a principal é a que se segue:<<strong>br</strong> />

Segundo <strong>as</strong> Escritur<strong>as</strong>, "não po<strong>de</strong>rás ver a minha face, porque o<<strong>br</strong> />

homem não po<strong>de</strong> ver-me e continuar vivendo" (Ex. 33,20). Ora, todo<<strong>br</strong> />

exercício <strong>de</strong> orações discursiv<strong>as</strong> e mesmo <strong>de</strong> contemplação ativa,<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rada <strong>com</strong>o um fim e não <strong>com</strong>o uma simples preparação para a<<strong>br</strong> />

contemplação p<strong>as</strong>siva, ainda são exercícios vivos, que não nos levam a ver<<strong>br</strong> />

a Deus, ou seja, estar unido a Ele. Tudo o que é do homem e do seu fazer,<<strong>br</strong> />

por mais no<strong>br</strong>e e exaltado que seja, <strong>de</strong>ve ser primeiramente <strong>de</strong>struído.<<strong>br</strong> />

São João relata que havia silêncio no céu. (Ap. 8,1). O céu representa<<strong>br</strong> />

a região e o centro da alma, on<strong>de</strong> tudo <strong>de</strong>ve ser reduzido ao silêncio<<strong>br</strong> />

quando a majesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus aparece. Todos os esforços e a própria<<strong>br</strong> />

existência do eu <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>struídos; pois, nada é oposto a Deus, senão o<<strong>br</strong> />

EU; toda malda<strong>de</strong> do homem encontra-se na apropriação do EU <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

fonte <strong>de</strong> sua natureza má; a pureza da alma cresce na proporção em que<<strong>br</strong> />

per<strong>de</strong> a posse do EU; e aquilo que era uma falta enquanto a alma vivia na<<strong>br</strong> />

possessão do EU, não é mais falta, após ter adquirido pureza e inocência,<<strong>br</strong> />

abandonando o apego ao EU, o que causou a diferença entre ela e Deus.<<strong>br</strong> />

Para unir du<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> tão opost<strong>as</strong> <strong>com</strong>o a pureza <strong>de</strong> Deus e a<<strong>br</strong> />

impureza da criatura, a simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus e a multiplicida<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />

homem, é preciso muito mais do que os esforços da criatura. Nada menos<<strong>br</strong> />

do que uma operação eficaz do Altíssimo po<strong>de</strong> realizá-la; pois est<strong>as</strong> du<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

cois<strong>as</strong> <strong>de</strong>vem ter alguma relação ou similarida<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> se tornarem um,<<strong>br</strong> />

já que a impureza do metal não po<strong>de</strong> se unir à pureza do ouro.<<strong>br</strong> />

O que Deus faz então? Ele envia sua própria Sabedoria antes Dele,<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong>sim <strong>com</strong>o o fogo será enviado so<strong>br</strong>e a terra para <strong>de</strong>struir tudo o que é<<strong>br</strong> />

impuro, através <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>; nada po<strong>de</strong> resistir ao po<strong>de</strong>r daquele<<strong>br</strong> />

fogo; ele tudo consome; da mesma forma, a Sabedoria <strong>de</strong>strói tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

impurez<strong>as</strong> da criatura, a fim <strong>de</strong> prepará-la para a união divina.<<strong>br</strong> />

A impureza, tão fatal para a união, consiste na auto-apropriação e<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong>. Auto-apropriação, porque é a fonte e origem <strong>de</strong> todo <strong>de</strong>svio


que não po<strong>de</strong> ser ajustado à pureza essencial; <strong>com</strong>o os raios <strong>de</strong>sol po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilhar so<strong>br</strong>e a lama, m<strong>as</strong> nunca po<strong>de</strong> se unir a ela. Ativida<strong>de</strong>, pois Deus<<strong>br</strong> />

sendo a quietu<strong>de</strong> infinita, a alma, <strong>de</strong>ve participar <strong>de</strong>sta quietu<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

se unir a Ele; a contrarieda<strong>de</strong> entre quietu<strong>de</strong> e ativida<strong>de</strong> impe<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />

<strong>as</strong>similação.<<strong>br</strong> />

Portanto, a alma nunca po<strong>de</strong>rá chegar à união divina senão no<<strong>br</strong> />

repouso <strong>de</strong> sua vonta<strong>de</strong>; nem po<strong>de</strong>rá se tornar uma <strong>com</strong> Deus, sem ser<<strong>br</strong> />

restabelecida no repouso central e na pureza <strong>de</strong> sua primeira criação.<<strong>br</strong> />

Deus purifica a alma através <strong>de</strong> sua Sabedoria, <strong>as</strong>sim <strong>com</strong>o os<<strong>br</strong> />

refinadores produzem metais na fornalha. O ouro não po<strong>de</strong> ser purificado<<strong>br</strong> />

senão pelo fogo, que gradualmente consome tudo o que é terrestre e<<strong>br</strong> />

estranho, separando-o do metal. Não é suficiente usar <strong>de</strong>ste processo, para<<strong>br</strong> />

que a parte terrestre seja transformada em ouro. É preciso que <strong>de</strong>rreta e<<strong>br</strong> />

seja dissolvida pela força do fogo, a fim <strong>de</strong> separar da m<strong>as</strong>sa tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

partícul<strong>as</strong> <strong>de</strong> metal ou estranh<strong>as</strong>; <strong>de</strong>ve ser lançada novamente e<<strong>br</strong> />

novamente a fornalha, até que tenha perdido todos os traços <strong>de</strong> poluição e<<strong>br</strong> />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ser ainda mais purificada.<<strong>br</strong> />

Os ourives não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>tectar agora nenhuma mistura adulterada,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vido a sua pureza perfeita e simplicida<strong>de</strong>. O fogo não a toca mais; e<<strong>br</strong> />

mesmo que permanecesse por mais tempo na fornalha, sua pureza não<<strong>br</strong> />

seria maior,nem sua substância diminuiria. Serve então para os trabalhos<<strong>br</strong> />

mais raros; <strong>de</strong>pois disso, se este ouro parecer obscuro ou danificado, seria<<strong>br</strong> />

apen<strong>as</strong> em sua superfície; não há obstáculos para o seu emprego e ele se<<strong>br</strong> />

encontra <strong>com</strong>pletamente diferente <strong>de</strong> sua corrupção anterior, oculta no<<strong>br</strong> />

âmbito <strong>de</strong> sua natureza. Contudo, os não instruídos, que contêm o ouro<<strong>br</strong> />

puro coberto pela poluição externa, preferem um metal grosseiro e<<strong>br</strong> />

impuro, que superficialmente seja <strong>br</strong>ilhante e polido.<<strong>br</strong> />

Além do mais, o ouro puro e o impuro não se misturam; antes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>rem estar unidos, <strong>de</strong>vem ser igualmente refinados; os ourives não<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m misturar metal <strong>com</strong> ouro. O que fazer então? Com certeza, extrair<<strong>br</strong> />

o metal pelo fogo, para que o inferior possa se tornar tão puro quanto o<<strong>br</strong> />

outro, então po<strong>de</strong>rão se unir. É isso o que queria dizer São Paulo: "a o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> cada um será posta em evidência. O dia torná-la-á conhecida, pois ele se<<strong>br</strong> />

manifestará pelo fogo e o fogo provará o que vale a o<strong>br</strong>a <strong>de</strong> cada um". (1 Cor.<<strong>br</strong> />

3,13); acrescenta: "aquele, porém, cuja o<strong>br</strong>a for queimada per<strong>de</strong>rá a re<strong>com</strong>pensa.<<strong>br</strong> />

Ele mesmo, entretanto, será salvo, m<strong>as</strong> <strong>com</strong>o que através do fogo" (1 Cor. 3, 15).<<strong>br</strong> />

Ele afirma aqui que há o<strong>br</strong><strong>as</strong> tão <strong>de</strong>gradad<strong>as</strong> por mistur<strong>as</strong> impur<strong>as</strong>, que


mesmo que fossem aceit<strong>as</strong> pela Misericórdia <strong>de</strong> Deus, p<strong>as</strong>sariam pelo fogo,<<strong>br</strong> />

a fim <strong>de</strong> serem purgad<strong>as</strong> do EU; é neste sentido que é dito que Deus<<strong>br</strong> />

examina e julga nossa retidão, porque pel<strong>as</strong> o<strong>br</strong><strong>as</strong> da Lei nenhuma carne<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve ser justificada, m<strong>as</strong> pela retidão <strong>de</strong> Deus, que é a fé em <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong>.<<strong>br</strong> />

(Rm. 3,20, etc).<<strong>br</strong> />

Vemos <strong>as</strong>sim, que a justiça e a sabedoria divina, <strong>com</strong>o um fogo<<strong>br</strong> />

impiedoso e <strong>de</strong>vorador, <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>struir tudo o que seja terrestre, carnal, ou<<strong>br</strong> />

sensual e ainda qualquer ativida<strong>de</strong> do EU, antes que a alma possa estar<<strong>br</strong> />

unida <strong>com</strong> seu Deus. Ora, isso nunca po<strong>de</strong>rá ocorrer pela industria da<<strong>br</strong> />

criatura; ao contrário, ela sempre impõe relutância, porque, <strong>com</strong>o já disse,<<strong>br</strong> />

ela está tão enamorada do EU e tão temerosa da sua <strong>de</strong>struição, que se<<strong>br</strong> />

Deus não atu<strong>as</strong>se so<strong>br</strong>e ela <strong>com</strong> po<strong>de</strong>r e autorida<strong>de</strong>, ela nunca consentiria.<<strong>br</strong> />

Talvez haja aqui uma objeção, a que Deus nunca rouba o homem <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

seu livre arbítrio e que ele po<strong>de</strong> sempre resistir <strong>as</strong> operações divin<strong>as</strong>; e que<<strong>br</strong> />

eu, portanto, erro ao afirmar que Deus age absolutamente e sem o<<strong>br</strong> />

consentimento do homem.<<strong>br</strong> />

Deixe-me explicar. Tendo o homem dado um consentimento p<strong>as</strong>sivo,<<strong>br</strong> />

Deus po<strong>de</strong>, sem usurpação, <strong>as</strong>sumir total po<strong>de</strong>r e <strong>com</strong>pleta orientação;<<strong>br</strong> />

por ter feito, no início <strong>de</strong> sua conversão, uma entrega sem reserv<strong>as</strong> <strong>de</strong> si<<strong>br</strong> />

mesmo a toda vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, ele dá um consentimento ativo a o que<<strong>br</strong> />

quer que Deus possa requisitar a partir <strong>de</strong> então. M<strong>as</strong> quando Deus<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eça a queimar, <strong>de</strong>struir e purificar, a alma não percebe que est<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

operações ocorrem para o seu bem, m<strong>as</strong> supõe o contrário; o mesmo<<strong>br</strong> />

ocorre <strong>com</strong> o ouro que parece escurecer, no princípio, e então <strong>br</strong>ilha no<<strong>br</strong> />

fogo, ela imagina que sua pureza foi perdida; se um consentimento ativo e<<strong>br</strong> />

explícito fosse então requerido, a alma mal po<strong>de</strong>ria dá-lo, nem po<strong>de</strong>ria<<strong>br</strong> />

mantê-lo. Tudo o que faz é se manter firme em seu consentimento p<strong>as</strong>sivo,<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>evivendo o mais pacientemente possível a tod<strong>as</strong> est<strong>as</strong> operações<<strong>br</strong> />

divin<strong>as</strong>, <strong>as</strong> quais não é capaz e nem <strong>de</strong>sejosa <strong>de</strong> obstruir.<<strong>br</strong> />

Desta forma, a alma é purificada <strong>de</strong> todo seu eu-originado, distinto,<<strong>br</strong> />

perceptível e d<strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> operações, que constituem uma gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diferença entre ela e Deus, ela é rendida por graus <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong>; a capacida<strong>de</strong> p<strong>as</strong>siva da criatura é elevada,<<strong>br</strong> />

eno<strong>br</strong>ecida e alargada, ainda que <strong>de</strong> forma oculta e secreta, também<<strong>br</strong> />

chamada mística; m<strong>as</strong> em tod<strong>as</strong> est<strong>as</strong> operações a alma <strong>de</strong>ve manter-se<<strong>br</strong> />

p<strong>as</strong>siva. De fato é verda<strong>de</strong>, que no <strong>com</strong>eço a ativida<strong>de</strong> da alma é<<strong>br</strong> />

requisitada; no entanto, na medida em que <strong>as</strong> operações divin<strong>as</strong> se


intensificam, ela <strong>de</strong>ve diminuir gradualmente; a alma <strong>de</strong>ve se entregar aos<<strong>br</strong> />

impulsos do Espírito divino, até ser totalmente absorvida em Nele. M<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

este é um processo que leva um longo tempo.<<strong>br</strong> />

Não dizemos, <strong>com</strong>o alguns supõem, que não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong>; ao contrário, ela é o portão diante do qual não <strong>de</strong>vemos nos <strong>de</strong>ter<<strong>br</strong> />

para sempre, já que é preciso prosseguir em direção à melhor perfeição, que<<strong>br</strong> />

é impraticável a menos que tenhamos ao lado os primeiros auxílios; pois,<<strong>br</strong> />

por mais necessária que tenha sido no princípio da jornada, tornam-se<<strong>br</strong> />

altamente prejudicial àqueles que a ela a<strong>de</strong>rem obstinadamente, sempre<<strong>br</strong> />

impedindo a alma <strong>de</strong> alcançar o final. Isso fez <strong>com</strong> que São Paulo<<strong>br</strong> />

afirm<strong>as</strong>se: "Irmãos, eu não julgo que eu mesmo o tenha alcançado, m<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

uma coisa faço:esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que<<strong>br</strong> />

está adiante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que<<strong>br</strong> />

vem <strong>de</strong> Deus em <strong>Cristo</strong> <strong>Jesus</strong>" (Fl. 3,13, 14).<<strong>br</strong> />

Não po<strong>de</strong>mos dizer que é insensato aquele que inicia uma jornada e<<strong>br</strong> />

fixa sua morada no primeiro a<strong>br</strong>igo, só por ter ouvido falar que muitos<<strong>br</strong> />

viajantes se hospedaram ali e que os mestres da c<strong>as</strong>a ali resi<strong>de</strong>m? Tudo o<<strong>br</strong> />

que <strong>de</strong>sejamos é que <strong>as</strong> alm<strong>as</strong> sejam impelid<strong>as</strong> ao final, tomando o<<strong>br</strong> />

caminho mais curto e fácil, sem parar na primeira estação. Que sigam o<<strong>br</strong> />

conselho e o exemplo <strong>de</strong> São Paulo, e que permitam serem guiad<strong>as</strong> pelo<<strong>br</strong> />

Espírito <strong>de</strong> Deus (Rm. 8,14), que irá conduzi-l<strong>as</strong> infalivelmente ao fim da<<strong>br</strong> />

criação, o <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> Deus.<<strong>br</strong> />

M<strong>as</strong> enquanto confessamos que o <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> Deus é o fim único<<strong>br</strong> />

para o qual fomos criados, e que cada alma que não alcança a união divina<<strong>br</strong> />

e a pureza <strong>de</strong> sua criação nesta vida, só po<strong>de</strong> ser salva pelo fogo,<<strong>br</strong> />

estranhamos todo temor e tentativa <strong>de</strong> evitar o processo, <strong>com</strong>o se pu<strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />

ser a causa do mal e da imperfeição na vida presente; o processo <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

produzir a perfeição da glória na vida futura.<<strong>br</strong> />

Ninguém po<strong>de</strong> ignorar que Deus é o Bem Supremo; que a benção<<strong>br</strong> />

essencial consiste na união <strong>com</strong> Ele; que os santos diferem em glória,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau da perfeição <strong>de</strong> sua união; e que a alma não po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

atingir esta união pela mera ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus próprios po<strong>de</strong>res, já que<<strong>br</strong> />

Deus Se <strong>com</strong>unica <strong>com</strong> a alma, na proporção em que sua capacida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

p<strong>as</strong>siva seja gran<strong>de</strong>, no<strong>br</strong>e e extensiva. Só po<strong>de</strong>mos estar unidos a Deus<<strong>br</strong> />

em simplicida<strong>de</strong> e p<strong>as</strong>sivida<strong>de</strong>, e se esta união consistir na própria<<strong>br</strong> />

beatitu<strong>de</strong>; o caminho que nos conduz a esta p<strong>as</strong>sivida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> ser mal,<<strong>br</strong> />

m<strong>as</strong> o melhor e o mais livre <strong>de</strong> perigo possível.


Este caminho não é perigoso. Teria <strong>Jesus</strong> <strong>Cristo</strong> feito o mais perfeito e<<strong>br</strong> />

necessário <strong>de</strong> todos os caminhos, perigoso? Não! Todos po<strong>de</strong>m trilhá-lo; e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o todos fomos chamados para a felicida<strong>de</strong>, todos são igualmente<<strong>br</strong> />

chamados para <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> Deus, tanto nesta vida, <strong>com</strong>o na próxima,<<strong>br</strong> />

pois só isso é felicida<strong>de</strong>. Falo do <strong>de</strong>sfrutar do próprio Deus e não <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />

dons; os dons não constituem beatitu<strong>de</strong> essencial, já que não po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

contentar <strong>com</strong>pletamente a alma; ela é tão no<strong>br</strong>e e tão gran<strong>de</strong>, que nem o<<strong>br</strong> />

mais exaltado dom <strong>de</strong> Deus po<strong>de</strong> torná-la feliz, a menos que o Doador<<strong>br</strong> />

também Se entregue. Ora, todo o <strong>de</strong>sejo do Ser Divino é Se entregar a cada<<strong>br</strong> />

criatura, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>com</strong> a qual é dotada; no entanto, o<<strong>br</strong> />

homem reluta em ser atraído por Deus! Quanto medo tem o homem <strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />

preparar para a divina união!Alguns dizem, que não <strong>de</strong>vemos nos colocar<<strong>br</strong> />

neste estado. Eu o garanto; m<strong>as</strong>, digo também que nenhuma criatura po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

fazê-lo, já que não é possível para ninguém, através <strong>de</strong> seus próprios<<strong>br</strong> />

esforços se unir à Deus; somente Ele po<strong>de</strong> fazê-lo. É totalmente inútil<<strong>br</strong> />

contrariar aqueles auto-unidos, isso não po<strong>de</strong> ocorrer.<<strong>br</strong> />

Alguns tentam fingir ter alcançado este estado. Ninguém po<strong>de</strong> fingir<<strong>br</strong> />

tal estado senão os miseráveis que estão a ponto <strong>de</strong> perecerem famintos;<<strong>br</strong> />

pois, qualquer duração parece, no mínimo, ser plena e satisfatória. Algum<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sejo ou palavra, suspiro ou sinal, irá inevitavelmente escapar <strong>de</strong>le e<<strong>br</strong> />

entregar que está muito longe da satisfação.<<strong>br</strong> />

Como ninguém po<strong>de</strong> atingir este estado pelo próprio trabalho, não<<strong>br</strong> />

preten<strong>de</strong>mos introduzir ninguém a ele, m<strong>as</strong> simplesmente apontar o<<strong>br</strong> />

caminho que leva até ele: imploramos a todos que não parem n<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>odações do caminho, prátic<strong>as</strong> e extern<strong>as</strong>, <strong>as</strong> quais <strong>de</strong>vem ser<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ixad<strong>as</strong> para trás quando o sinal é dado. O instrutor experiente sabe<<strong>br</strong> />

disso, aponta para a água da vida e dá o seu auxílio para obtê-la. Não<<strong>br</strong> />

seria uma cruelda<strong>de</strong> injustificável mostrar uma fonte a um homem<<strong>br</strong> />

se<strong>de</strong>nto e <strong>de</strong>pois amarrá-lo para que não a alcanç<strong>as</strong>se, <strong>de</strong>ixando-o morrer<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> se<strong>de</strong>?<<strong>br</strong> />

É exatamente isso o que é feito todos os di<strong>as</strong>. Que todos<<strong>br</strong> />

concor<strong>de</strong>mos <strong>com</strong> o CAMINHO, <strong>com</strong>o todos estão <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o final,<<strong>br</strong> />

que é evi<strong>de</strong>nte e incontrovertível. O Caminho tem seu <strong>com</strong>eço, progresso<<strong>br</strong> />

e fim e quanto mais nos aproximamos da consumação, mais longe fica o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eço atrás <strong>de</strong> nós; é só <strong>de</strong>ixando um que po<strong>de</strong>mos alcançar o outro.<<strong>br</strong> />

Não se po<strong>de</strong> da entrada alcançar um ponto distante, sem p<strong>as</strong>sar pelo<<strong>br</strong> />

espaço intermediário; se o fim for bom, santo e necessário e a entrada


também for boa, por que a necessária p<strong>as</strong>sagem entre uma e outra seria<<strong>br</strong> />

má?<<strong>br</strong> />

O humanida<strong>de</strong> cega, que se orgulha da ciência e da sabedoria! Que<<strong>br</strong> />

gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, Ó meu Deus, que tu tens ocultado est<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> do sábio e<<strong>br</strong> />

do pru<strong>de</strong>nte, e <strong>as</strong> tenha revelado aos pequeninos!<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e a Autora<<strong>br</strong> />

"Pouc<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> atingiram um alto<<strong>br</strong> />

grau <strong>de</strong> espiritualida<strong>de</strong> <strong>com</strong>o o<<strong>br</strong> />

alcançado por Madame Guyon. N<strong>as</strong>cida<<strong>br</strong> />

em uma época corrupta, ela cresceu e<<strong>br</strong> />

criou-se em uma igreja tão <strong>de</strong>v<strong>as</strong>sa<<strong>br</strong> />

quanto o mundo em que estava inserida.<<strong>br</strong> />

Perseguida a cada p<strong>as</strong>so <strong>de</strong> sua carreira,<<strong>br</strong> />

pa<strong>de</strong>ceu maus-tratos, aflições, sofreu<<strong>br</strong> />

abusos e foi presa durante anos pel<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

autorida<strong>de</strong>s da igreja católica. Seu único<<strong>br</strong> />

crime foi amar a Deus; sua culpa foi a<<strong>br</strong> />

suprema <strong>de</strong>voção e afeição a <strong>Cristo</strong>. Ela<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preen<strong>de</strong>u <strong>com</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>as</strong><<strong>br</strong> />

verda<strong>de</strong>s mais profund<strong>as</strong> d<strong>as</strong> Sagrad<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

Escritur<strong>as</strong>. Os mais distintos lí<strong>de</strong>res<<strong>br</strong> />

espirituais foram tremendamente influenciados por seus escritos, que têm<<strong>br</strong> />

por objetivo realizar algo bem maior nesses di<strong>as</strong> do que realizou no<<strong>br</strong> />

p<strong>as</strong>sado. Na realida<strong>de</strong>, o mundo cristão está apen<strong>as</strong> <strong>com</strong>eçando a<<strong>br</strong> />

entendê-los e a apreciá-los. Por meio <strong>de</strong> sua o<strong>br</strong>a, milhares <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m chegar à mesma relação e <strong>com</strong>unhão íntima <strong>com</strong> Deus."<<strong>br</strong> />

Jeanne Marie Bouvier <strong>de</strong> La Motte (1648-1717), mais conhecida <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

Madame Guyon, foi levantada por Deus num contexto católico, em pleno<<strong>br</strong> />

século XVII, quando <strong>as</strong> nuvens da apost<strong>as</strong>ia ainda eram <strong>de</strong>ns<strong>as</strong>, apesar da<<strong>br</strong> />

fresta <strong>de</strong> luz da Reforma. Deus a usou <strong>de</strong> forma especial para a<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />

caminho para a restauração da vida interior, da <strong>com</strong>unhão profunda <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Ele, através da oração, da consagração plena, da santificação e do operar<<strong>br</strong> />

da cruz. Seus inspirados escritos, especialmente gerados na prisão,


influenciaram a muitos ao redor do mundo e a notáveis lí<strong>de</strong>res, tais <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

o Arcebispo Fenelon, os Quacres, John Wesley, Zinzendorf, Jessie Penn-<<strong>br</strong> />

Lewis, Andrew Murray e Watchman Nee. Eles foram tão marcados por<<strong>br</strong> />

Deus através <strong>de</strong>la que muit<strong>as</strong> d<strong>as</strong> verda<strong>de</strong>s <strong>com</strong>entad<strong>as</strong> e vivid<strong>as</strong> por eles<<strong>br</strong> />

tiveram origem, <strong>de</strong> alguma maneira, no que herdaram <strong>de</strong> Madame Guyon;<<strong>br</strong> />

em nossos di<strong>as</strong>, estamos apen<strong>as</strong> <strong>com</strong>eçando a tocar no fluir d<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> da<<strong>br</strong> />

verda<strong>de</strong>ira espiritualida<strong>de</strong> que Deus fez jorrar através <strong>de</strong>la.<<strong>br</strong> />

F I M

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!